IDENTIDADE
Goiânia, estado de Goiás
Yara estava reunida com seus colegas em um Colegiado na sede do Partido Comuna.
--Assim como foi em 95, esse ano de 1997 tem que ser marcado por grandes lutas se não quisermos ver o país escorrendo por entre nossos dedos! – Celeste anunciava em tom de alerta – O governo se prepara pra privatizar a Vale do Rio Foice além de vários bancos estaduais, também abrindo caminho pra iniciar a privatização do setor de telefonia! – olhava para os demais – O ministro Casé Terra trabalha com eficiência inédita pra fazer tudo isso acontecer, então nós também temos que ter uma eficiência fora do comum pra mobilizar as massas!
--É isso que me preocupa, camarada Celeste! – Omar fez uma intervenção rápida – Desde os fortes movimentos populares de 95 parece que o povo esmoreceu!
--Então é sinal de que nós não temos militado o suficiente, camarada! – Eduardo acusou – Nossa obrigação é manter a chama da luta acesa no seio da população em qualquer tempo!
“Obrigação cada vez mais difícil de se cumprir!” – Yara pensava preocupada
--Vamos definir um calendário de lutas e atribuir responsabilidades a cada um dos membros do Comuna! – Celeste decidiu – Fica para a próxima reunião a conclusão dessa tarefa. – pegou um papel e leu brevemente – Vejo que temos alguns informes a serem dados. – olhou para os jovens – Camarada Yara, camarada Paulo, venham à frente e tomem a palavra. – acenou para os dois, que prontamente obedeceram
--Boa noite, camaradas. – a jovem cumprimentou os demais – Camarada Paulo e eu estamos representando também os camaradas Maria, João e Jurema, que não puderam comparecer hoje. – informou – Todos aqui sabem que fazemos parte do Movimento dos Povos Originários do Brasil e quinta passada tivemos a oportunidade de conhecer o companheiro Galdino Ixamã, que é articulador do Conselho dos Originários da Capital e conselheiro do Centro da Cultura Indígena no Brasil. – olhava para os presentes – Ele nos disse que a comunidade indígena na capital planeja realizar uma série de movimentos e protestos em frente à Esplanada dos Despautérios em abril, por ocasião das comemorações do dia do Índio, que é também o dia do Exército. Articulam igualmente a participação do Movimento dos Sem Posses!
--Mas isso é maravilhoso! – Omar exclamou empolgado
--Nós gostaríamos de pedir o apoio do Partido Comuna em todo país pra se somar nessas manifestações. – Yara concluía sua fala
--Aprovado por unanimidade! – Celeste afirmou convicta – Alguém se opõe? – olhou para os demais percebendo que todos concordavam
--Boa noite, camaradas. – Paulo começava sua fala – Em nossas interações com a comunidade indígena, ouvimos dizer que um mateiro, de nome José Tibúrcio, residente na região do baixo Alalaê no estado do Amazonas, teria informações sobre o genocídio de 1979 que pretendemos documentar e noticiar. – olhava para os demais – Camarada Yara e eu pedimos recursos do Partido pra viajar até aquela região por ocasião do feriado de carnaval, quando não teremos aulas. – pausou brevemente – Precisamos entrevista-lo.
Só de ouvir o colega falar, Yara sentia-se tomada de angústia.
--É justo. – Celeste concordou com brandura – Alguma objeção, camaradas? – ninguém respondeu – Aprovado por unanimidade. – decidiu
***
--E então ficou decidido que nós iremos pro Amazonas no carnaval, entrevistar o tal mateiro. – Yara dizia à Kedima – Meu coração disparou naquela hora e parece que nunca mais vai voltar ao normal! – gesticulava – Eu saí do Amazonas ainda criancinha e não mais voltei. Nem sei o que esperar! – olhava para a idosa – Também sinto uma gastura imensa só de pensar sobre o que vamos ouvir desse homem. – segurou uma das mãos dela – Dona Kedima, por favor, ore por nós e me dê sua bênção? – pediu humildemente – A senhora não sabe o peso que uma coisa dessas tem na minha vida!
--Own, meu bebê, deite aqui no meu colo. – abriu os braços com carinho para receber a jovem – Claro que lhe dou minha bênção e orar por você é coisa que faço todos os dias! – acariciava os cabelos dela
As duas conversavam no quarto de Kedima.
--Você é moça de religião e do tanto que viveu no meio de Igreja deve conhecer a Bíblia de cor, então lembre-se: -- aconselhou – deixe que o dia de amanhã cuide de si mesmo. Nada de ansiedade!
A moça apenas concordou balançando a cabeça.
--Não vá alarmada e nem de prevenção com o homem. – continuava aconselhando – Ouça primeiro e faça seus julgamentos depois. Não inverta essa ordem! – falava com carinho
--A senhora me dá uma paz tão grande! – fechou os olhos e sorriu – Aposto que sua filha a achava uma mãe maravilhosa!
Kedima ficou triste com o que ouviu e nada respondeu. “Quisera...” – pensou com pesar – “Quisera...”
São Paulo, estado de São Paulo
--Eu tô tão feliz que depois de tanto tempo sem se ver a gente conseguiu se encontrar pra colocar a fofoca em dia! – Alessandra dizia empolgada – Bendita hora que a Prefeitura de São Paulo convocou minha tia pra ressuscitar problemas pendentes do finado salão! – brincou e elas riram brevemente
--Também tô feliz, mas deixa tia Malu te ouvir dizendo isso! – deu-lhe um tapinha no braço – Além do mais, parece até trote! Prefeitura convocando alguém pra resolver problema assim tão perto do carnaval!
--Pois é, menina, vai entender? – gesticulou – Ela se aborreceu tanto hoje que preferiu ficar no hotel pra descansar um pouco ao invés de vir te ver. Pediu mil perdões por isso.
--Relaxa e manda um beijão pra ela! – fez um gesto despreocupado – Mas infelizmente não vai dar pra conversar muito. Vou ter que voltar pra São José ainda hoje. – informou – Dessa vez é bate e volta, amiga.
As duas jovens acabavam de tomar um açaí em uma lanchonete próxima à estação Brigadeiro.
--Que pena... – lamentou – Mas a gente também já volta pro Rio amanhã no primeiro horário. – olhava para a outra – Aliás, cê tá me devendo uma visita lá no Rio, hein? Nunca foi me ver!
--Não por falta de vontade! – respondeu com a verdade – Mas a grana é curta e não tenho condições. – passou a mão nos cabelos – No futuro próximo, tenha certeza que eu vou! – prometeu – Se Deus quiser vou ganhar uma bolsa de iniciação científica esse ano e vou juntar um dinheirinho. – sorriu
--Como se sente livre do ciclo básico? – perguntou bem humorada – É a glória, né? – riu
--Nem me fale! – revirou os olhos – E você, como vão as coisas na vida, na faculdade? – queria saber
--Faculdade tá indo. Perdi duas matérias, mas... ossos do ofício! – gesticulou – Ainda é possível que eu me forme sem atraso, vamos ver. – esclareceu – E no mais, família passando perrengue, porém unida! – sorriu – O babado forte foi que eu comecei a namorar um carinha amigo da Alana bem no réveillon. – contava a novidade – Estudante de Direito, militante dos direitos das minorias, super culto, fofo... – elogiava – Tá bem no começo de namoro mas tô amando! – comentou empolgada – O nome dele é Jonas!
--Não acredito que você tá namorando um comunista, Alê! – retrucou de imediato – Ah, não, pelo amor de Deus! – franziu o cenho
--Gente, mas você com essa psicose de comunista é uma coisa, viu? – reclamou mas acabou achando graça – Eu hein, Elza, se liga, ow! – deu um tapinha na testa dela
--Humpf! – fez um bico
--Agora você, pegadora de São Carlos! – brincou com a amiga – Conta suas novidades, com direito às partes mais tórridas! -- pediu
Achou graça. – Hum! – balançou a cabeça – Graças a Deus, até agora reprovei nada na faculdade e não tô namorando ninguém, só pegando aqui e ali, quando possível. – as duas riram – Infelizmente meu tio Goulart e cabo Fernandão continuam em Porto Velho e Santa Maria, respectivamente, e nunca conseguem folga pra viajar pra São José nas festas de fim de ano. – lamentou –Estive presencialmente com ele só por três vezes desde a transferência e com ela por uma vez.
--Que foda! – Alessandra lamentou também
--Não sei se te contei, mas ano passado mudaram o serviço do meu pai. Acho que por retaliação também por causa daquela história toda que você conhece. Ordens que vêm de cima e o pessoal do Instituto luta pra contornar mas não consegue! – Alessandra balançou a cabeça concordando – Agora ele trabalha cuidando do rancho, o que é uma tremenda chatice. – gesticulou – E morre de saudades do tio Goulart, da Fernandão...
--E de você, né, amiga? – complementou a fala da outra – Lógico!
--É... – concordou – Mas eu tenho feito um esforço maior pra voltar pra São José e... tenho buscado conversar mais com ele. – pausou brevemente – Embora por vezes perca a paciência porque meu pai vive no mundo da lua! – revirou os olhos
--Ele é maluquinho mas é muito gente boa! – sorria para a amiga – Curta a companhia dele! – aconselhou – Eu adoraria ter um pai presente, então, se você tem, dê valor!
--Eu tenho feito um esforço, é verdade! – pegou um guardanapo e ficou mexendo nele – E tenho refletido sobre várias coisas na minha vida... – comentou pensativa – Várias coisas...
Baixo Alalaê Canã, estado do Amazonas
Após muito esforço e uma dose de aparente sorte, Yara, Paulo e Matias Iberê, este último um dirigente do Conselho dos Originários da Capital, conversavam com o mateiro José Tibúrcio no pobre barraco de madeira que lhe servia de moradia, junto com esposa, três filhas, genros e sete netos. A casa erguia-se sobre as águas do rio Alalaê.
Com um pequeno gravador ligado mediante a permissão do mateiro, os indígenas o entrevistavam sobre fatos de um passado distante. O grupo se encontrava do lado de fora da casa, todos sentados em uma pequena rampa que comunicava a moradia ao rio.
--Eles chegaro mais ou meno quando as obra grande começou. – o homem rememorava – Aí veio uma conversa de que as terra dos índio lá do alto Alalaê era rica dos minério. Dizia inté que a pedra sagrada de Alalaê Canã era toda ela uma riqueza, num sabe? – gesticulava – Intão eles buscaro nóis, os matêro, modi levá pra ver aqui e ali. – olhava para os indígenas – Dipois abriru uma clarera num terrenão imenso aqui perto, adonde os avião se avoava. – balançou a cabeça – E eles trazia praquele lugar uns troço, umas arma, uns pó...
--Pó? – Yara perguntou de imediato – O senhor sabe dizer se era um pó que queimava? – olhava para ele com ansiedade
--Num sei, mas boa coisa num era! Os homi tinha o maió cuidado em mexer naqueles pó! – lembrava – Quandu eles discarregava esses troço, tratava de mandá nóis simbora. Divia de ser pra nóis num sabê do que se passava. -- concluiu
--E o que o senhor se lembra exatamente do dia do massacre? – Paulo perguntou curioso – Ou o senhor testemunhou mais de um massacre?
O homem deu um sorriso triste. – Inquanto houvé índio, seu moço, sempri vai tê massacre... purque o que os homi qué é as terras docês! – os indígenas ficaram tristes com o que ouviram – Mais nunca qui vi coisa igual ao que aconteceu em 79! – novamente lembrou – Eles vieru de todo cantu, fizeru do baixo Alalaê um banhado de sangue e no alto Alalaê... – balançou a cabeça entristecido – Usaru os avião e mataru foi todo mundo! – gesticulou
--Será que o senhor nos levaria pra onde abriram a clareira pra receber os aviões? – Matias pediu – Seria bom que tirássemos umas fotos de lá! – olhou para os demais
--Posso, seu moço. – concordou – Dá inté pra í amanhã cedo.
--E pro alto Alalaê, o senhor nos levaria? – Yara perguntou de súbito
--Yara?! – os outros homens se surpreenderam – A gente tem que voltar na data combinada! – Matias lembrou – A viagem de retorno é complicada, lembra?
--Eu também adoraria, mas vamos acabar perdendo as passagens de avião pra Brasília, dias de aula e... – Paulo argumentava
--Estamos falando das terras que são dos Kenko Wiwa! – a indígena afirmou emocionada – Das minhas terras! – olhava para os homens – Vocês não entendem, mas eu preciso rever o lugar em que nasci! – derramou uma lágrima – O lugar em que minha vida acabou pra recomeçar de outro jeito! – secou os olhos com as mãos – Pra mim isso é como se fosse o próprio resgate da minha identidade! – pausou brevemente -- Vocês nunca sentiram falta disso?
Os indígenas abaixaram a cabeça.
--Vossas terra já passaru de impresa em impresa, moça. – José respondeu mansamente – Eles procura as riqueza e só acha prejuízo ou morte por causo de doença. – olhava para ela – Eu posso inté levá, mas vô tê que cobrá, porque é um estirão rio acima! – explicou
Yara olhou para os colegas como se implorasse.
--A gente dá um jeito, seu José... – Matias respondeu – E vamos, sim! – olhou para Paulo, que balançou a cabeça concordando – Precisamos ir!
A indígena sentiu-se tomada por uma emoção intraduzível.
Goiânia, estado de Goiás
--Muito bonito, né, menina? – Kedima ralhava enquanto acomodava a jovem na cama – Muito bonito! – ajeitou o frasco de soro na cabeceira – A senhora some pela selva adentro, não dá satisfação a ninguém, volta dias depois do combinado e ainda toda calambiada! – pôs as mãos na cintura – Quando os camaradas do Partido chegaram aqui querendo saber de você e dos outros doidos que viajaram contigo, quase tive um treco! – gesticulou – Eu já tô velha, não dou conta dessas estripulia não! – falava de cara feia – Cinco dias internada em hospital e ainda volta pra casa com esse trem da cor de vinho enfiado na veia! – estranhava a medicação – Gostou de passar esses dias sendo futicada por médico? – perguntou revoltada – E ainda tá perdendo aula, viu, fi?
--Não briga, dona Kedima... – pediu com fraqueza
--Brigo! – gesticulou – Ô, e como brigo! Você nem parece uma moça que tá pra fazer 21 anos, porque age como se tivesse 15! – continuava reclamando – E os outros dois bestas que te seguiram ainda tão piores! – pensava nos indígenas – Parece que só levam alta amanhã ou depois! – balançou a cabeça contrariada – Índio que urbanizou dá nisso! Se volta pro meio do mato se dana!
Acabou achando graça. – De certa forma é verdade... – sorriu cansada – Mas a gente se lascou porque não viajou preparado pra tudo que tivemos que encarar. – respirou fundo -- Não briga mais comigo, por favor... me perdoe! – pediu com humildade -- Eu precisava ir... era muito importante pra mim... – olhava para a idosa – Foi como rever alguém que eu não via há quase vinte anos...
A mulher respirou fundo e pensou no que ouviu. – Eu enfrentaria o inferno pra rever minha filha... – respondeu pensativa – Tá bom, menina... Eu entendo. – olhava para a jovem com carinho – Mas que seja a última vez que você me dá um cuidado desses! – advertiu com o dedo em riste
--Nunca mais vou sumir assim. – prometeu com olhos cansados – Tem minha palavra!
--Acho bom! – cruzou os braços – Eu não aguentaria perder mais uma filha! -- sorriu
Yara sorriu feliz com o que ouviu.
São Carlos, estado de São Paulo
Elza entrava em sala para assistir a primeira aula do dia. Mal acomodou seu material foi abordada por dois rapazes brutamontes.
--Então quer dizer que tu é bi? – um deles perguntou com um sorriso malicioso – Você não teria uma amiguinha pra curtir com a gente, neguinha? – falava de modo desrespeitoso
--Se tiver solteira também não tem problema! – o outro complementou – Um ménage também é uma boa!
A negra ficou furiosa ao ouvir aquilo. – Posso saber o que significa isso? – encarou os dois – Nunca nem tive papo com vocês e já chegam aqui pra cima de mim com essa conversa?
--E quem tá falando em ter papo? – deu um esbarrão no braço do outro – A gente tá falando ter foda, né, Marcão? – riu brevemente
--Pois é, Klebão! – reparava em Elza de cima a baixo – Quer descobrir por que me chamam de Marcão? – apertou entre as pernas – Sempre ouvir dizer que as pretas adoram uma rola grande!
Os demais alunos da turma ouviam o que se falava sem interferir. Alguns riam e outros fingiam-se de surdos.
Elza continha as emoções para não chorar ou explodir. – Eu acho bom os dois se sentarem nos seus lugares e me deixarem em paz, porque senão vou dar queixa de vocês na Reitoria! – ameaçou de cara feia – Não admito esse tipo de abuso comigo! – colocou o dedo em riste
--Reitoria merd* nenhuma! – Kleber respondeu ao dar-lhe um tapa no dedo – Todo mundo sabe que tu é a mó vadia e agora quer pousar de boa moça? – franziu o cenho – Qual é, macaca?
--Ô, meu, deixa a garota! – um colega de sala pediu timidamente
--Para com essas merd*, mulé! – Marcos protestou – Tua fama de preta vadia é conhecida!
--Não me interessa que porr* de fama é essa! – gesticulou enfurecida – Só quero que me deixem em paz! – exigiu. As mãos tremiam
--Senão você vai fazer o que? – Kleber perguntou debochado – Chorar ou gritar batendo nos peito chamando a macacada? – os rapazes riram
--Eu não sei o que ela vai fazer, mas eu certamente já me decidi. – uma voz de mulher se fez ouvir – Os dois se retirem de sala de aula! – ordenou com elegância – Agora mesmo!
Todos olharam na direção da voz. Elza se chocou com o que viu. “Meu Deus!” – pensou admirada – “Mas quem é essa?”
--Eu sou a professora de Aerodinâmica I. – colocou os livros sobre a mesa – E os senhores não assistem minha aula hoje! Informo que ambos acabam de perder um ponto na primeira prova. – olhava para os rapazes – Quero os dois na Reitoria comigo assim que a aula acabar. – olhou para Elza – E você também, a menos que tenha desistido de denunciar esse episódio de machismo racista que aconteceu aqui.
--Desistido? – respondeu abobalhada – Não... – sentou-se lentamente
--Mas o professor dessa matéria sempre foi o Assis! – Marcos respondeu sem entender – Ele deu aula pra gente no período passado e...
--E agora quem assumiu essa cadeira fui eu! – interrompeu a fala do jovem – Preciso mandar os dois saírem daqui de novo ou vou precisar tirar cinco pontos de cada um pra ficar mais claro? – falava com firmeza – Pelo seu comentário percebi que é repetente do período passado. Quer repetir de novo? -- sorriu
Os rapazes pegaram suas coisas e se retiraram.
--Isso posto, -- a mulher se dirigiu aos demais – meu nome é Ângela Gomes. – apresentou-se – E a partir de hoje serei sua professora de Aerodinâmica I. – caminhou até o quadro – Vamos ao que interessa? – puxou a tela de projeção – Temos um conteúdo imenso pela frente e não podemos perder tempo.
Elza mantinha-se ainda boquiaberta. “Gente, nunca vi uma mulher negra tão poderosa quanto essa!” – pensou surpreendida
***
--Eu não esperava da Reitoria nenhuma ação impactante. – Ângela dizia enquanto caminhavam – Mas foi bom pra dar uma estremecida naqueles homens das cavernas. – referia-se a Marcos e Kleber – De minha parte, não posso tirar mais que um ponto de cada um, mas eles não precisam saber disso. – sorriu – E quanto a você fique atenta e qualquer repetição de coisas tão ridículas quanto o que aconteceu hoje, denuncie! – olhou rapidamente para a jovem – Quando a Reitoria despachar a nota de repúdio à conduta machista e racista, você também trate de divulgar. -- aconselhou
--Com certeza! – concordou de imediato – Eu lhe agradeço muito, professora! – sorriu para a mulher
--Não precisa. – fez um gesto despreocupado – Somos mulheres, somos negras. Temos que nos unir. – continuavam caminhando – Lamento que com tudo isso você perdeu a aula das dez. – olhou rapidamente para o relógio – Minha próxima aula de hoje é só às três, então ainda tenho tempo de almoçar sossegada.
“E quem se importa em ter perdido aula com essa deusa por perto?” – pensou -- Eu... seria muito inconveniente se pedisse pra almoçar junto com a senhora? – sentiu as bochechas queimarem
--Não tá querendo ganhar ponto com isso, né? – brincou e elas riram – Vem, vamos almoçar. – convidou
Elza suspirou embevecida.
***
--E como eu era a única negra do curso inteiro, isso foi muito emblemático pra mim. – Ângela dizia – Fui a primeira da família a conseguir ingressar numa faculdade e sou muito grata por todo apoio que recebi. – olhava para a jovem – Até hoje mãínha diz: minha filha mostrou pra esse povo todo que as negras também podem ser doutoras! – sorriu – Ela tem o maior orgulho em pensar que eu, a tataraneta de uma escrava, finalmente fui a pessoa a romper as correntes que aprisionaram tantas gerações em nossa família! – deu uma garfada
--Certo que a senhora é jovem, mas da sua graduação pra cá pouca coisa mudou. – Elza limpou os lábios com o guardanapo – Minha amiga Alessandra e eu éramos as únicas pessoas negras no curso de Eletrônica do CEFET. Se pensasse na Escola inteira, não chegávamos nem a vinte negros. – olhava para a professora – E aqui no campus eu sou a única negra até agora. – comentou – Fabio e Gabriel são os únicos negros dentre os rapazes. – falava de jovens do sétimo período
--O Brasil mantém uma dívida histórica com as populações negras. – esclareceu – A alforria dos escravos foi algo que aconteceu de qualquer jeito, sem planejamento, sem apoio ou qualquer suporte à massa de miseráveis que migrou das senzalas pras favelas e guetos. – limpou os lábios com o guardanapo também – Não é à toa que nós, negros, somos a minoria em tudo que não se refira à violência e vulnerabilidade social.
--É revoltante! Eu não gosto nem de pensar... – pausou brevemente – Mas... será que posso lhe fazer uma pergunta nesses últimos minutos que sobraram do almoço? – sorriu timidamente
--Pois não. – olhava para a jovem
--Esse seu visual... – gesticulou brevemente – A senhora usa essas trancinhas, se veste de um jeito... – pensava em como dizer – É tão... Eu nunca vi uma negra tão poderosa quanto a senhora! – afirmou com admiração – Já vi outras mulheres com seu visual, mas... – sorriu – A senhora tem uma firmeza, uma convicção! É até difícil de explicar!
--Em primeiro lugar, eu me aceito como sou! – respondeu gentilmente – Nunca tive a menor vergonha de ser negra e nem desgosto, por mais preconceitos que experimentasse. – Elza se constrangeu ao ouvir aquilo – E em segundo lugar, desde menina vejo o cabelo afro como um símbolo de identidade, força e resistência. – explicava – Aliás, devo confessar que aprendi isso com mãínha.
--Como assim? – perguntou interessada
--Os negros na África usavam seus cabelos como parte integrante da identidade. O corte e os adereços adotados mostravam a origem, etnia, religião ou status de uma pessoa. – explicava – Essa tradição começou a ser brutalmente rompida por conta do tráfico negreiro e da vida sob a escravidão nas colônias da América. – cruzou as pernas – Tudo isso pra desmantelar a sensação de pertencimento e companheirismo entre os clãs negros.
Elza não sabia disso. – E a gente sempre aprende que o cabelo crespo é feio... Ouvi isso a vida inteira! – refletia sobre o fato – “E sempre concordei...” – pensou envergonhada
--Como diria a grande socióloga da UFPE, Anita Pequeno Soares, que pesquisa a relação entre o cabelo e a negritude: a beleza é parte da humanidade e ser considerado belo é parte de ser considerado gente. Esse preconceito faz parte do mesmo enredo que associou negros e negras à animalidade, sendo mais comparados a macacos que a seres humanos. – bebeu o último gole de suco
“E quantas vezes fui chamada de macaca?” – Elza pensou – E sua mãe sabia de tudo isso? – perguntou interessada – Como conseguiu adquirir essa consciência de resistência contra uma imposição estética tão presente e tão forte na vida da gente?
--É uma história longa e curiosa mas acho que dá tempo de resumir sem te fazer perder a aula de uma da tarde. – olhou brevemente para o relógio – Em meados da década de 60 estourou o movimento Black Power nos Estados Unidos, o qual, no esforço de luta pelos direitos civis dos negros, deu ao cabelo afro um papel central no estabelecimento da identidade coletiva que se afirmava. – contava – E nesse contexto surgem os Panteras Negras, que se pegaram em armas nos bairros negros como forma de resistência. – olhava para a jovem – Acontece que uma militante negra que namorava um dos principais líderes dos Pantera era filha de uma brasileira de Salvador e acabou fugindo pra lá depois de quase ter sido presa nos Estados Unidos. – gesticulava – Resumindo, por não ter recebido pouso na casa dos parentes, essa garota foi parar lá em casa! Eu tinha três anos.
--Nossa, que da hora! – empolgou-se – E aí, o que aconteceu?
Achou graça daquela empolgação. – Naquela época vivíamos os primeiros anos de governo militar, mas o Brasil não passou imune aos efeitos do Black Power. – explicou – Pelo menos em Salvador pipocavam os chamados salões étnicos, focados em atender as pessoas com cabelos crespos. Então a Sarah, a jovem que comentei, incentivou mãínha a investir num salãozinho desses junto com ela e acabou dando certo. Por quase 25 anos as duas trabalharam juntas cuidando dos cabelos afro de uma mulherada só! – concluiu a história – E devo dizer que fizeram disso um verdadeiro ato contínuo de militância estética.
(NOTA DA AUTORA: inspirado em Por que o cabelo é tão importante no movimento negro - BBC News Brasil)
Elza estava impressionada. – E eu que nunca pensei... – raciocinava sobre tudo que ouviu – Nossa, como me deixei reduzir e controlar por tantos padrões da branquitude... – confessou – A senhora deve olhar pra mim, com essa pele pálida e meus cabelos alisados e me achar ridícula... – abaixou a cabeça envergonhada
--Ei, nada disso! – fez um carinho breve em uma das mãos dela – Eu não sou do tipo que condena o alisamento. – dizia a verdade -- Cada pessoa tem o seu estilo, o seu momento. Não acho que alguém nega sua negritude simplesmente por causa de uma preferência estética mais convencional.
--Mas eu nego! – admitiu sem levantar a cabeça – Neguei a vida inteira... – pausou brevemente – Há uns anos atrás uma pessoa jogou isso na minha cara e foi como um balde de gelo em cima de mim. – lembrava das palavras de Yara – Fiz terapia ao longo do ano passado e não consegui superar essa questão de identidade. Daí quando esse ano começou, não fui mais no HU... – suspirou -- E depois dessa conversa com a senhora... – levantou a cabeça devagar – Eu me sinto uma farsa! – confessou com tristeza
--Não, por favor! – pediu com carinho – Cada coisa a seu tempo. – falava com brandura – Você hoje é uma jovem mulher, está amadurecendo e aprendendo com a vida. Se no passado negava sua essência, sua identidade, isso pode mudar quando você quiser. – sorriu – Sem auto condenações, meu bem! É simplesmente fazer diferente a partir daqui.
Elza ficou pensando e ao mesmo tempo cada vez mais fascinada pela mulher que acabava de conhecer. “Tomara que ela também me dê aula de Aerodinâmica II no período que vem!” -- desejou
Brasília, Distrito Federal
--Camaradas, o dia de hoje entrará pra História! – Celeste exclamou empolgada – Os atos convocados pelo Movimento dos Povos Originários do Brasil e pelo Conselho dos Originários da Capital foram maravilhosos! – sentia-se feliz – Nunca vi tantos indígenas reunidos na minha vida! – gesticulava – E o Movimento dos Sem Posses? Lotou a capital!
--Sem dúvida, os indígenas fizeram bonito na militância e os Sem Posses vieram pra somar com muita personalidade! – Rodrigo concordava – Excelentes falas e camarada Yara detonou com aquele rap! – olhou para a jovem – Nota dez pra você! – sorria – Vi um monte de gente cantando teu refrão!
--Que é isso, camarada? – agradeceu envergonhada – Fui só mais uma. – respondeu com humildade – E senti muito orgulho dos irmãos indígenas! – olhou para os outros jovens – Camaradas Maria, Jurema, Paulo e João, vocês estão de parabéns! – cumprimentou os colegas
--E estão mesmo! – Celeste concordou – Essa juventude do Comuna só me dá orgulho!
Os jovens indígenas sentiram-se valorizados e se entreolharam sorrindo.
--Que tal aproveitarmos que nem apanhamos dos policiais pra comemorar um pouco? – João propôs entusiasmado – Tá cedo, quem precisa dormir a essa hora?
--Não exageremos! – Matias advertiu – Lembremos que amanhã temos a reunião sobre demarcação de terras com o pessoal do gabinete do ministro da Agricultura. – estava preocupado – Foi muito difícil conseguir e não podemos perder a oportunidade!
--Ora, Matias, por favor! – Paulo insistiu – Que mal há? – sorria – A gente comemora e volta pra dormir antes da meia noite, que tal?
--Ah, vamos! – Maria insistiu
--Vai todo mundo, pronto! – Celeste concordou bem humorada – E quero ver que boteco nessa cidade vai nos recusar! – gesticulou animada
Yara sorria achando graça dos colegas, mas estranhamente não conseguia se sentir animada. “Deve ser porque esses dias têm sido muito cansativos.” – pensava – “Mas eles têm razão. É bom comemorar!”
***
Um pequeno tumulto que se formou durante a comemoração do Comuna atraiu a polícia e Paulo acabou se perdendo dos demais quando fugiu para escapar da violência policial. Sem dinheiro para pagar condução e cansado, decidiu dormir no primeiro ponto de ônibus que encontrou. “Sem condições de caminhar até a Casa.” – pensava no alojamento – “Durmo aqui e no primeiro horário vou embora.” – sentou-se no chão – “Ninguém nem vai perceber que eu existo.” – encostou-se na proteção do ponto de ônibus e fechou os olhos
Não muito longe dali, quase quatro horas mais tarde, quatro rapazes saíam de uma festa decididos a barbarizar. Fazendo manobras arriscadas com o carro, o grupo ria escandalosamente e arremessava garrafas vazias contra propriedades alheias.
--Aí, tem um candango dormindo no ponto 700 da Sul! – o jovem que dirigia observou – Vamos lá antecipar o bom dia dele? – riu
--Agora! – o jovem no banco do carona respondeu – Vamos deixar ele aceso! – olhou para os colegas sentados no banco de trás e riram
Pararam o carro a pouca distância e desceram sem fazer barulho. Carregando três garrafas de álcool e quatro caixas de fósforos, os rapazes caminharam até o ponto e cercaram Paulo sem que ele percebesse.
--Mas o que é aquilo ali? – um homem que madrugava para trabalhar estranhou o movimento – Eu vou ver o que aqueles boyzinhos tão tramando! – decidiu
Após sinalizarem uns para os outros, os rapazes jogaram todo o conteúdo das garrafas sobre o Paulo, que acordou sobressaltado. – Mas o que é isso? – perguntou apavorado – Quem são vocês?? – sentia os olhos arderem
Os rapazes riscaram fósforos e os jogaram no chão. Sem que esperassem, o fogo começou a queimar rapidamente e tomou o corpo do indígena.
--AHAHAHAHA!!!! – Paulo berrou ao se levantar – AHAHAH!!! – andava em círculos
--Simbora, rapaziada, simbora! – um dos rapazes gritou antes do grupo correr de volta para o carro
--AHAHAHAHAH!!! – Paulo caiu no chão se contorcendo
--Meu Deus, que miséria é essa??? – o homem que testemunhou a agressão correu na direção do indígena – Meu Deus, como eu vou ajudar esse pobre?? – começou a chorar – Socorro, alguém ajuda aqui! – gritou nervosamente
Os rapazes partiram com o carro em disparada.
--AHAHAH!! – Paulo continuava gritando – Me ajuda, me ajuda, pelo amor de Deus!! - -suplicou
--Eu não sei... – tirou a camisa e tentou abafar o fogo com ela – Meu Deus, me ajude a salvar essa criatura, Pai! – clamou aos céus enquanto tentava apagar as chamas – Socorro!! – olhava para todos os lados
Outras pessoas que estavam próximas também correram para ajudar. Um homem que passava de carro e percebeu a situação seguiu os rapazes que fugiram.
Paulo fechou os olhos ao sentir que suas forças se esvaíam e dedicou seus últimos pensamentos aos indígenas do Brasil.
São Carlos, estado de São Paulo
Elza acabava de chegar no alojamento naquele domingo e após se acomodar ligou a TV. -- Esquisito que as meninas não tão aqui. – falava consigo mesma – Não gosto de ver televisão mas esse silêncio todo me incomoda.
--Em Brasília, quatro jovens de classe média alta, dentre eles um menor de idade, acabam de ser detidos pela Polícia Federal por terem incendiado o corpo do indígena Paulo Curimatã, que dormia em um ponto de ônibus da 700 Sul. – o repórter anunciava – Segundo os jovens, tudo não passou de um engano, pois pensavam que Paulo se tratava de um mendigo e por isso foram brincar com ele. – falava em tom de crítica
--Mas que absurdo! – Elza protestou – Então se fosse mendigo tava liberado queimar? – estava revoltada – Desde quando praticar psicopatia é brincadeira?
--Paulo teve 95% de seu corpo consumido por queimaduras de 2º e 3 º graus – mostravam-se imagens do ponto de ônibus -- e morreu no próprio local da agressão, antes de receber atendimento médico. – Elza derramou uma lágrima enquanto ouvia a história – As testemunhas que buscaram socorrer o indígena reconheceram os quatro jovens que praticaram o crime, os quais haviam sido seguidos por um homem que circulava de carro no local. – imagens dos jovens eram exibidas
--Aí nessa hora tampa a cara! – Elza mais se revoltava – Canalhas!
–Membros de comunidades e movimentos indígenas presentes em Brasília se manifestaram em revolta. – apresentavam-se flashes de manifestações pela capital -- No nordeste do país, grupos indígenas ocuparam sete fazendas privadas. – o repórter continuava a narrativa – O sentimento geral é de indignação. – o homem afirmou antes de uma jovem aparecer na TV -- Isso não vai ficar assim! – a moça falava emocionada diante das câmeras – O assassinato brutal do nosso querido amigo e camarada Paulo não vai passar em branco! – prometeu convicta – Esse dia, 20 de abril de 1997, vai ficar pra sempre como um marco da resistência indígena contra a violência que há séculos é cometida contra nós! – mantinha o olhar firme – E será um marco da luta pela retomada de todas as terras que nos pertencem!
--Aquela MC comunista! – Elza reconheceu Yara – Então ela é de Brasília? – perguntou-se
--Paulo Curimatã, 20 anos, era indígena de origem Tikaya, estudante de Jornalismo da UnB e filiado ao Partido Comuna. – a reportagem se encerrava mostrando imagens do jovem em fotografias
--Esse maldito Partido tá em todas! – Elza reclamou ao desligar a TV – Mas isso tudo é uma tristeza muito grande... – secou os olhos com as mãos – A vida humana não pode ser tratada como se valesse tão pouco!
Minutos depois, as três colegas de quarto de Elza entravam no apartamento. – Boa noite. – cumprimentaram em coro
--Boa noite. – olhou para as jovens – Que foi? Que caras são essas? – estranhava a atitude delas – Vocês também ficaram chocadas com o que aqueles vândalos fizeram com o pobre indígena?
--A gente queria falar contigo... – Patrícia começou o assunto – Ficamos um tempão lá fora discutindo como fazer, mas... – abriu os braços brevemente – Vamos conversar, né? – deu um sorriso sem graça
--E sobre o que seria essa conversa? – perguntou desconfiada
--Então... – Gisela se sentou na cama – É assunto da Pat, mas a gente concorda.
--E no final das contas, pega nada pra ninguém. – Juliane se sentou ao lado da colega
A negra não entendia aquele mistério todo. – E vocês vão falar logo ou o que? – cruzou os braços desconfiada
--Sabe o Romão? – Patrícia gesticulou brevemente – Ele me pediu em namoro hoje, a gente conversou, ficou e tal... – não sabia como falar – E ele me pediu pra falar com você...
Achou graça. – Não acredito! – balançou a cabeça indignada – Você tá namorando o ogro burro, amigo dos outros ogros mor – falava de Marcos e Kleber – e o cara te pediu pra falar comigo? – não entendia – Ele quer o que? Minha bênção? – riu brevemente
--Eu sei que teve uns rolos entre você e os amigos dele, mas não é isso... – Patrícia continuava falando – É que ele me pediu pra falar com você pra trocar de quarto. – desviou o olhar envergonhada
--O que?? – perguntou indignada – Eu trocar de quarto?? – não aceitava
--É que o cara não quer a namorada dele dividindo quarto com uma mina mal falada! – Juliane esclareceu de uma vez – Normal, né, Elza? Homem é assim mesmo!
--A gente não liga, mas tem quem se importe... – Gisela falou de cabeça baixa
Elza não acreditava no que estava ouvindo. – Gente, tô boba com tanto absurdo! – olhava para as colegas – Eu tenho má fama?! – estava indignada – Uma é a maior maconheira, -- apontou para Gisela – outra é a maior pinguça – apontou para Juliane – e a outra só se pega com carinha que não presta, – apontou para Patrícia -- mas o problema das moralistas sou eu? – riu da situação – Isso é ridículo! – protestou
--Mas só você tem fama de bi! – Juliane protestou – E de vagabunda... – não encarava a outra – Você pode falar o que quiser, mas só você tem essa fama no meio de nós! – acusou
Ficou magoada com o que ouviu. – Bi, que nunca fui e vagabunda tampouco! – olhava para as demais – E se fosse, ninguém teria nada com isso! Não vejo as madames aí se indignando com a má fama do Romão, que sempre foi galinha, burro e bruto! – gesticulou – Aliás, falando em bi, -- olhou para Patrícia – por que você não explica pro seu ogrinho como é isso, hein, queridinha? – provocou
Patrícia sentiu o sangue gelar e não respondeu. “Pelo amor de Deus, Elza, não me entrega!” -- pensou apavorada
Juliane e Gisela se entreolharam desconfiadas.
--E essa conversa termina aqui! – Elza afirmou furiosa – Eu não vou sair desse quarto e se tem alguém incomodada, que se mude! – decidiu – Agora dá licença, que eu vou tomar um ar e depois volto pra dormir! - -caminhou até a porta – Acho bom que ao voltar todas as minhas coisas estejam no lugar, senão vai ter! – ameaçou antes de partir – Entendeu, Pat? – sorriu debochadamente para a outra e foi embora
--Puta merd*... – Juliane desabafou – Essa mina é foda!
--Por isso que dizem que preto quando não caga na entrada, caga na saída! – Gisela comentou
--Deixa pra lá. – Patrícia tremia de nervosa – Não quero problema com Elza. – decidiu – Deixa que eu mesma vou buscar trocar com alguma garota do outro quarto e vocês ficam aqui. – passou a mão nos cabelos – Elza também agora anda muito com aquela professora Ângela, passou a se interessar por esse negócio de negritude e não quero ser taxada de racista igual aconteceu com Marcão e Klebão. Essas merd*s rendem processo na Justiça e eu tô fora disso!
--Por mim... – Gisela deu de ombros – Fico aqui com ela sem mais.
--E o que ela quis dizer com aquele papo cifrado de você explicar pro ogrinho como é ser bi? – Juliane perguntou desconfiada – Pensei que você fosse até desmaiar na hora!
--Ah, e eu sei? – respondeu impaciente – Vai entender, né? – ficou desorientada e foi para o banheiro
“Hum... aí tem!” – Gisela pensou desconfiada
Goiânia, estado de Goiás
Dezembro estava em seus primeiros dias. Yara caminhava em direção ao abrigo. Era o final de uma tarde de sexta-feira e ela havia acabado de chegar de Brasília. Pensando na vida, nem notou que uma pessoa conhecida estava prestes a abordá-la.
--Yara? – gentilmente chamou
--Gil? – sentiu o coração disparar ao dar de cara com a ex namorada – “E ela tá mais perfeita do que nunca, ô, glória!” – pensou – “Aleluia!” – sorriu timidamente -- Oi... – não sabia o que dizer
--Oi... – aproximou-se devagar – Há quanto tempo, né? – sorriu
--É... quanto tempo... – colocou a malinha no chão – Coincidência a gente se encontrar aqui. – não sabia o que fazer com as mãos
--Nem tanto. – cruzou os braços – Eu tava indo pro abrigo pra te procurar. – reparava na outra – Queria me despedir de você e de dona Kedima.
--Despedir? – surpreendeu-se – Por que? – perguntou alarmada
--Tô indo morar no Rio com minha mãe. – respondeu ao gesticular – Aqui em Goiás eu não vou conseguir evoluir na carreira mais do que o pouco que conquistei. Aqui é a terra do sertanejo, o rap não tem muito espaço... – pausou brevemente – Recebi uma proposta e decidi aceitar. Custa nada, né? – sorriu
Sentiu uma certa tristeza com a notícia. – Você não tem o que te prenda aqui... – sorriu também – Se tem a chance de tentar no Rio, então vá e invista nisso! – passou a mão nos cabelos – Desejo de coração que encontre o que deseja e precisa. – falava com sinceridade
--Obrigada. – gastou uns segundos observando a outra – Queria também que soubesse que eu nunca te esqueci. – confessou
--Nem eu! – admitiu de pronto – E muito refleti sobre nós, chegando à conclusão que fui a culpada de tudo! – gesticulou brevemente – Eu me envolvi demais com o Partido, tinha um monte de coisas pra fazer e mais a dificuldade pra voltar pra Goiânia... – os olhos marejaram – Sobrou muito pouco de mim pra te dar! – derramou uma lágrima
--Você não foi a única que refletiu. – emocionou-se também – E cheguei a conclusão que você me deu tudo que podia dar. – discordava da leitura da ex – Eu é que queria mais...
--Você merecia mais! – respondeu de imediato – Muito mais! Pena que eu não percebi isso no momento certo! -- lamentou
--Mas foi como tinha que ser, Yara! – secou os olhos com as mãos – Você se tornou uma grande e respeitada militante, representa os indígenas com louvor e pratica ciências sociais como ninguém naquela faculdade! – expressou sua opinião
--Às vezes me pergunto até que ponto tudo isso vale a pena! – confessou com tristeza – A cada vitória que conseguimos, se acumulam dezenas de derrotas! – balançou a cabeça contrariada -- Não conseguimos impedir a privatização da Vale, nem a dos bancos estaduais, o desemprego aumenta, a reforma agrária é sempre adiada, a auditoria da Dívida Pública nunca acontece, as pessoas continuam sem entender o que é o Comunismo e o pior de tudo: um grande amigo e companheiro foi assassinado por brincadeira! – despejou suas frustrações de uma vez só – A morte de indígenas continua sendo rotina nesse país! – derramou mais uma lágrima
--Oh, meu bem, não fale assim! – secou os olhos da ex com a ponta dos dedos – Hoje eu vejo que nenhuma luta é em vão! Mas a missão é que é muito difícil... – acariciou o rosto da outra – Não desista de lutar, por favor. – pediu com carinho – Você precisa continuar! – recolheu a mão – E continuar na luta com alguém que seja desse tamanho todo que você é... – suspirou -- Infelizmente eu não sou! – admitiu
--Sempre te achei muito maior! – discordou de pronto
--Não... – retrucou gentilmente – Gil do Beco segue anos luz atrás de Yara Saraíba. – aproximou-se mais e beijou-lhe a bochecha com muito carinho – Te amo! – sussurrou antes de partir andando apressadamente
--Gil, espera! – pediu em vão – Gil! – derramou uma lágrima – Também te amo... – acompanhou o vulto da mulher até que se perdesse de suas vistas
***
--Visita pra você! – Ítala anunciou ao entrar no quarto – Desce lá pra sala que cê vai gostar. – sorriu – E demora não, viu, fi? – advertiu brincalhona
--Visita? A essa hora? – Yara perguntou desconfiada – Quem será? – saiu do quarto em direção às escadas – “Tomara que não seja ninguém do Comuna pra discutir a militância, porque hoje não tô dando conta!” – pensou enquanto caminhava – “Esse encontro de hoje com a Gil me abalou as estruturas...” – pensava na ex
Chegando na sala, a indígena reparou que uma mulher conversava animadamente com alguns moradores da casa. Reparou também em uma pequena mala encostada perto de uma das poltronas.
--E digam se não é massa? – a mulher interrompeu a conversa ao perceber que Yara se aproximava – Dê licença, pessoal. – pediu sorridente ao se levantar – Minha camarada chegou! – abriu os braços e correu para abraçá-la
--Natália? – surpreendeu-se e sorriu – Você aqui? – abraçou-a com força – Aconteceu alguma coisa? – perguntou ao romperem o abraço
--Sim. Tô de férias! – respondeu simplesmente – E decidi vir curtir aqui no coração do Brasil! Com você! – beijou a indígena demoradamente nos lábios
--Aêêêê!!! – as pessoas que estavam na sala aplaudiram animadas – Uhu!
--Ah... – sorriu encabulada ao finalizarem o beijo – Primeira vez que te ouço dizer que tá de férias... – estava pasma
--Porque de fato, nem lembro da última vez que tirei! – envolveu o pescoço da outra com os braços – Mas, decidi decretar minha alforria e vim! – sorria – O jornal do Comuna não vai se danar porque ficarei 30 dias aqui.
--Trinta?? – perguntou surpreendida – Uau! – ficou feliz com a notícia – Mas você vai ficar aqui, como vai ser isso? – queria saber – As minhas férias na faculdade só começam no dia 19. Enquanto eu tiver que ir pra lá, como é que vai ser? – olhava para a outra
Achou graças de tantas perguntas. – Antes da Ítala te chamar eu já tava no trololó com dona Kedima e ela bem disse que eu posso ficar... – brincava com uma mecha do cabelo da índia – A condição é não resfolegar debaixo do teto dela! – riram juntas – E daqui pra dia 19 falta pouco. – respondeu tranquilamente – Mas enquanto você tiver lá, eu fico aqui e ajudo nossa fofa Kedima, que tal? – perguntou brincalhona
--Amei! – puxou-a pela cintura e a beijou com vontade – “Que bela forma de terminar o dia!” – pensou satisfeita – “Ô, glória! Aleluia, Pai!”
--Olha o pré resfulengo! – Sidney brincou – Dona Kedima, vem ver isso!! – riu
São Carlos, estado de São Paulo
Elza entrava em um salão de cabeleireiro. – Boa tarde. – cumprimentou a atendente – Tem alguma cabeleireira disponível pra me atender agora, por favor? – perguntou gentilmente
--Boa tarde. – respondeu com simpatia – Sim, temos. – acenou para uma loura que se aproximou – Fátima, por favor. – indicou a jovem – Atende essa cliente?
--Oi, boa tarde. – cumprimentou sorrindo – Deseja fazer o que, meu bem? – perguntou interessada
--Cortar. – Elza respondeu simplesmente
--Aparar as pontas ou mudar o corte? – queria saber
--Cortar tudo! – gesticulou enfática – Não quero que passe máquina, mas corte no máximo que conseguir. – pediu
Fátima e a atende se entreolharam desconfiadas. – Cortar um cabelão desses a ponto de sobrar nada, é isso mesmo? – a cabeleireira não acreditava
--Exatamente isso! – concordou resoluta
São José dos Campos, estado de São Paulo
Elza pegava suas bagagens e se preparava para cruzar a roleta quando viu algo que a deixou muito feliz. – AHAH, NÃO ACREDITO!! – gritou e correu em direção aos que lhe esperavam
--Elzinha! – Goulart a abraçou com força – Que saudade, meu bem!! – fechou os olhos
--Gente! – rompeu o abraço emocionada – Ai, meu Deus, você também veio! – abraçou a mulher
--Saudade, garota! – Fernandão afirmou sorridente – Demorei mas abalei! -- brincou
--Pai, olha que coisa maravilhosa! – foi até o homem e o abraçou também – A família reunida pro natal depois de dois anos! – beijou o rosto de Machado – Ai, que 97 não poderia acabar melhor!
O sargento sentia a mesma felicidade. – Uni-vos, abraçai-vos, comemorai-vos! – declamava em voz alta – Quando os sinos natalinos soarem as doze badaladas angelicais, nossos corações ajuntar-se-ão numa mesma emoção!
“Sinos?” – Fernandão pensava intrigada – “Agora dá pra ouvir sino lá da vila?” – perguntou-se
--Vamos indo? – Goulart convocou os demais e pegou a mala da jovem – Temos muito o que conversar! – sorria para ela
--Com certeza! – concordou ao começarem a andar – Vocês tão dormindo lá em casa, né? – perguntou a eles -- Né, pai? – olhou para o homem
--E como não, minha filha? – Machado respondeu de imediato – Vosso pai jamais deixaria o prestimoso tenente-coronel e a garbosa cabo desprovidos de um teto sobre os respectivos crânios! – seguia marchando – Não se turbe o vosso coração pois estaremos todos juntos! Não vos arreceie!
--Elza, não queria ser eu a perguntar, mas... – Fernandão estava curiosa – O que houve? Você praticamente pelou a cabeça! – os homens também ansiavam saber – “E até parece mais negra!” – reparava na pele da outra
--Muitas coisas aconteceram, garbosa! – respondeu bem humorada – Mas eu resumiria dizendo que encontrei minha verdadeira identidade! – passou a mão na cabeça – E nunca mais pretendo alisar o cabelo na vida!
--Hum... – Machado balançou a cabeça concordando – Sábia decisão, meu rebentinho! – continuava marchando – Encrespai vossos cabelos e assumi-vos a negritude que nos abunda n’alma!
Goulart achou graça do que o amigo falou mas não comentou a respeito. – O importante é ser você mesma, querida. – deu força – E só!
(NOTA DA AUTORA: 25 anos após a dolorosa morte do cacique da tribo Pataxó, Galdino Jesus dos Santos, a situação do indígena brasileiro é ainda lastimável. A morte da personagem fictícia, Paulo Curimatã, foi baseada nesse infeliz episódio que cobriu a capital do país de vergonha e chocou pessoas no mundo inteiro. Não apresentei a história como realmente aconteceu, os fatos aqui são fictícios. Meus objetivos foram mostrar os riscos aos quais estão expostas as populações indígenas e as milhares de pessoas que vivem em condição de vulnerabilidade social além de, não menos importante, não deixar que uma tragédia tão brutal caísse no esquecimento.
Galdino Jesus dos Santos, presente!)
Caso Galdino: o que aconteceu com os envolvidos? (jornaldebrasilia.com.br)
Fim do capítulo
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Minh@linda!
Em: 27/01/2025
Tive uma uma sensação de "saudade" quando li este capítulo. Se não fosse uma obra fechada, acharia que já estava se aproximando o fim. Lendo, com mais tranquilidade, tenho o mesmo sentimento. Elas estão amadurecendo, se reconhecendo.
A ida de Yara ao Amazonas, desejosa por esclarecimentos do massacre de 79, só confirmou a guerreira que há dentro dela. Mas, acredito que a aceitação da própria identidade, começou quando ela subiu no caminhão, saindo de Olinda, depois de ter sido injustiçada. Ou, todas às vezes que subiu no palco para cantar ou protestar. A natureza dela é resiliente. Tão resiliente quanto a própria natureza, que dá mais do que recebe.
A relação que ela tem com Dona Kedima é muito gostosinha!!! Uma relação de cuidado e respeito.
A morte de Paulo, remete ao assassinato de Galdino Pataxó. Nunca esqueci este nome. E olhe, que esqueço nomes com muita facilidade! Não tem como esquecer tamanha atrocidade. O sentimento de revolta e incredulidade, é o mesmo.
Quanto a Gil... Acho que Gil preparou Yara pra algo maior. Vise e versa. Espero que minha conterrânea faça o mesmo.
Agora, Elza em transição!? Estou boba!!!
Representatividade é tudo! Ainda mais para Elza tão carente de uma presença feminina, preta e empoderada. A professora Ângela chegou no momento certo!
A vingança de Ana Maria foi fomentada pelo machismo, que ataca a moral de uma mulher. Sendo ela uma mulher preta, com palavras racistas. E independente da sua sexualidade, como se estivesse pra satisfazer os desejos e fantasias masculinas.
E essas "amigas," em?! Difícil... Foi tanta merda dita nesse diálogo... Mas Elza não se abateu e deu a volta por cima.
Quando você admira alguém, de alguma forma você se espelha nela. Acredito que, foi também, este sentimento que Elza teve ao conhecer Ângela, permeado por um encantamento. Uma mulher preta, entre poucas no seu convívio.
Ela cortar o cabelo demonstra a transição de pensamentos, conceitos e atitudes, já que o racismo faz com que a gente não se enxergue ou tenha atitudes preconceituosas. Já, com o Comuna, nem tanto kkk. Yara que lute!
Lembrando que, em um tempo não tão distante, não havia maquiagem para a pele preta, e nem tampouco, produtos direcionados para o cabelo Afro, como temos agora. As pretinhas e pretinhos, de hoje, já são ensinados a valorizar as suas características, por mais que tentem nos animalizar. Isso tudo, prestando reverência a quem já lutou e luta pra que a sociedade evolua.
Tenho que admitir que as palavras de Yara não afetaram só a Elza, quando rolou a treta entre elas, afetou a mim também. Foi por isso que fiquei chateada! Quando ela disse que Elza foge do sol...bem! Eu fujo do sol a anos e não é por prevenção. O meu ton de pele não é o retinto, mas tenho melanina o suficiente pra ficar pretinha. Mas como diz Machado: Assumi-vos a negritude que nos abunda n’alma!
Solitudine
Em: 29/01/2025
Autora da história
Elza e Yara estão saindo da década de 90 neste capítulo e seguem sua longa jornada de luta, buscas e auto conhecimento. Muito está por vir. Continue aqui para descobrir ;P
Solitudine
Em: 29/01/2025
Autora da história
Beijos,Sol
Solitudine
Em: 29/01/2025
Autora da história
Doideira no site. Tive que escrever a prestação
Solitudine
Em: 29/01/2025
Autora da história
Doideira no site. Tive que escrever a prestação
Minh@linda!
Em: 29/01/2025
Eu te mandei duas mensagens, mas resolvi apagar as duas. Fiquei na dúvida se vc iria entender a zoação kkkk
Na dúvida achei melhor apagar
Solitudine
Em: 29/01/2025
Autora da história
Olha só que bonito! Já ia fazendo troça das fucinhas caipirescas, não é, fi?
E do jeito que ando pomba lesa era capaz de entender nadica de nada desse trem! kkk
Minh@linda!
Em: 30/01/2025
Dona Minha Linda, deseja melhoras pra Senhora, Autora!
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Sem cadastro
Em: 29/06/2024
Isso é pura história do Brasil por olhos lésbicos!!! TOPÍSSIMA!!!
Solitudine
Em: 10/07/2024
Autora da história
Olá querida,
Por olhos lésbicos caipirescos. rs
Obrigada por seu carinho!
Beijos,
Sol
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Ontracksea
Em: 16/01/2024
Paulo fechou os olhos ao sentir que suas forças se esvaíam e dedicou seus últimos pensamentos aos indígenas do Brasil.
Tô impressionadíssimma contigo! Você trabalha os temas de um jeito... Uma Angela Davis na vida da Elza pra ela romper com a dinastia do cabelo, o resgate ao caso Galdino, a hipocrisia no Campus, Gil se despedindo e Elza vendo Yara na televisão... é muito foda esse conto! E com uma aula de história econômica do Brasil ao fundo, muito show!
Solitudine
Em: 16/01/2024
Autora da história
Olá querida,
O que dizer? Que fico lisonjeada e lhe agradeço! rs
Beijos e muito obrigada pelo carinho!
Sol
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Femines666
Em: 31/03/2023
Que capítulo forte! Lindo e emocionante! Amanda as trilhas que vão uni-las nessa construção da identidade!
#Galdino Jesus dos Santos PRESENTE!
Solitudine
Em: 31/03/2023
Autora da história
Obrigada, querida!
Galdino Jesus dos Santos, PRESENTE!!!
Beijos,
Sol
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mtereza
Em: 03/01/2023
Capítulo emocionante para as duas e principalmente para Yara . Esse episódio do assassinato cruel do indígena Galdino até hoje é uma ferida aberta na nossa história,visto a leniência da justiça com o criminosos que nunca realmente pagaram pelos seus crimes provavelmente por serem brancos e ricos. Você como sempre perfeita Sol me emocionei muito.
Resposta do autor:
Olá querida!
Triste episódio que eu não poderia deixar de resgatar, de alguma forma. Ainda que ficcional!
Obrigada pelo carinho de sempre!
Não suma! Ainda temos vários capítulos esperando por você!
Beijos,
Sol
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Joabreu
Em: 20/12/2022
Boa tarde,
Capítulo muito emocionante. Yara é muito foda mas coube à Elza le grand finalle. No poser anymore, don't ya? Lacrou total!
BBL
Jo Abreu {}
Resposta do autor:
Olá querida!
Foram momentos muito importantes de grandes conquistas de cada uma, individualmente. Que bom que você gostou!
Beijos,
Sol
PS: Esse trem de lacrou eu já conhecia rs
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Vanderly
Em: 02/12/2022
Bom dia!
Acetar-se é o primeiro passo para se ser respeitado ante uma sociedade cheia padrões
Eu sou mulata, morena clara, uma mestiça descendente de uma mistura entre um português branco e uma negra angolana. Uma descendente afro e a minha cor parda nas classificações. O racismo por vezes parte dos nossos próprios parentes negros que não assumem a sua identidade, e tratam os brancos com desprezo por vê neles um dono de senzala, mas esquecem que nem todo branco é racista e tem o pensamento escravocrata. O meu bisavô que o diga. Pois teve coragem de largar uma fazenda próspera, e um casamento arranjado e infeliz para fugir com uma negra porquem se apaixonou.
Infelizmente ainda temos muito que aprender e também ensinar; que a cor da pele não determina que tipo de caráter nós temos. Mas si as nossas atitudes.
Amei essa aceitação da Elza, só falta ela deixar de preconceito contra a ideologia política da Yara.
Eu vou para o próximo.
Abraço!
Vanderly
Resposta do autor:
Boa noite,
Sim, aceitar-se é o primeiro passo. É algo que busco fazer comigo mesma de corpo e alma, pois quando o fizer, deixarei de ser uma "lésbica anônima". rs
Achei muito bacana a história da sua família. E concordo com o que você diz. É preciso desconstruir essa máxima que o negro é feio, exótico, fora do padrão, pois daí derivam-se muitos preconceitos e estigmas. O mundo é plural em absoluto; é preciso que nós paremos de procurar espelhos para aceitar alguém. O outro não precisa ser igual a mim e nem pensar como eu; só precisa existir. E que entre nós sempre haja respeito.
Elza está em seu caminho consigo mesma e Yara também. É que as trilhas são muito diferentes e ao mesmo tempo muito iguais.
Beijos,
Sol
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Zaha
Em: 27/11/2022
Oiee!
Falamos de Elza:
Esse capítulo foi importante para vermos uma Elza mais aberta a sua relacao com o pai, tem sido difícil, mas ela ter aceitado mais as peculiaridades do pai e tá passando tempo, acho que colaborará pra que ela no futuro, possa entender, aceitar e amá-lo mais que qualquer outra pessoa e sinta orgulho dele como ele sente dela!!!Que bom que ela tem refletido suas atitudes....
Vimos que ela ainda tinha problema com o partido de Yara, vai levar um tempo pra ver as coisas de outra forma...nenhuma ideia é mantida dessa forma tao rigorosa, aprendemos a ver os dois lados, pois tudo tem seu lado bom, sempre quando nao haja fanatismo...usar o lado bom para construir mudancas positivas...
Elza sofreu mais um abuso, preconceito, nao? O machismo que tem visao que mulher que fica sem compromisso e só quer se divertir é galinha, já eles sao garnhoes, fodoes, aí, isso já leva a falar sobre ela ser negra e por aí vai, mas paree que se deram mal, chegou uma professora de atitude, ua negra que tem orgulho do que é, aceitando sua identidade negra, desde cor de sua pele, até seu cabelo crespo. Mas é uma construcao que leva seu tempo para algumas pessoas, como Elza. Sao fases que deve passar. Se vissemos nas escolas melhores exemplos,as próprias criancas poderiam se aceitar e sofrer menos..mas n vemos nos livros criancas negras, nas bonecas, nos desenhos, porém vivemos numa sociedade onde só o branco e sua cultura sao importantes, entao o que passa com quem é diferente? Querem ser inseridos tb nessa cultura, nao aceitam ou querem ver quem sao e como sao. Sao oprimidos por toda uma cultura onde só o branco tem direitos, poder, só eles saqo lindos, fazendo o negro achar-se feio.
Elza fez isso, ela se negou, se rejeitou e passou a se comportar totalmente contrária a sua origem. Cresce com essa visao da branquitude, alisando o cabelo, nao aceitando seu cabelo crespo pq se o outro me ver como alguém feio, se eu só vejo pessoas brancas sendo elogiadas, claro que me sentirei horrível e abominarei essa parte de mim....
Porém, passou algo maravilhoso, ela conheceu essa professora que é empoderada e que mostrou para ela outro lado da cultura negra, do que é a identidade negra. Isso é muito importante, conhecer alguém que já passou por essa construcao da su identidade, tb facilitando por como foi criada, apesar dde ter passado por racismo, ela teve mt ajud.. agora, temos uma pessoa que ajudará Elza a construir-se como negra, a aprender a n se rejeitar mais, a nao ser racista com ela mesmo, comportamento que a sociedade incucou nela e ela nem percebeu odiado-se por muitos anos.
Como a professora falou, a identidade negra faz parte de um processo histórico,de dominacao desde a escravitude e nao paqssou depois que se terminou, pois nao houve só dominacao da cor, houve controles físicos e emocionais,materiais onde eram tratados como animais, sendo visto como tais por anos, ainda hj...
Como li por aí, a identidade negra é uma identidade e nao identificacao...que forte nao?! Mas ela foi crianda nao é certo, até mesmo a serem visto de forma animalesca, isso quer dizer que se vem de forma inferior, mas isso foi imposto ao longo dos anos como nao querer que uma sociedade os veja assim, como nao querer que um negro nao se identifique da forma como se ve...nao posso aceitar minha identidade pq ela é considerada inferior. Nao quero me extender mt...
Assim que Elza está em um processo de trnasformacao. O cabelo realmente é o símbolo mais importante na sua identidade, n é atoa que a primeira coisa que se faz é alisar o cabelo!!!! Pois tem cada cabelo que eu fico:n posso fazer isso...posso trancar, apesar que dizem que isso é roubar a apropriacao cultural, mesmo eu sendo morena/mulataou como queira chamar....ainda n sou considerada negra...apenas uma variacao...mas nao sei. Porém tem cortes que relamente nao poderia fazer ao ter cabelo enrolado...acho lindo os cortes black power...será que se pode falar isso???!! Nem sei....
Olhe aí, Elza falando que a chamavam de " macaca" falei acima sobre serem visto dde forma animalesca, devido a toda uma história do tempo dos escravos.
Verdade, em Salvador tem saloes específicos pra cabelo enrolado, crespos ! Mas digo que é caro visse....
Algumas tribus(vou chamar assim pq ainda existem) da África ainda usam aderecos, cortes para mostrar de onde vem...gosto mt disso, por isso sempre quis ir conhecer e ver suas tradicoes, dos mais diversos lugares d Africa...tive um amigo que passeou por toda África de bici e fou recebido com mt carinho...até pegou malária...foi forte!!!
Me alegro que com o tempo Elza vá incorporando sua cultura, identidade e nada como comecar com o corte de cabelo para deixar crescer esse cabelo e se empoderar!!! Mas a bicha ainda implica com os comunistas...rs. Vamos simbora...nasceu uma nova Elza se orgulhando se quem é!!! Assim como Yara, aceitou e encontrou, vamos ver como reagirá a próxima vez que a enfrentarem!!!
Mas esse preconceito n acaba nunca e vem de onde a gente menos pensa que virá, agora vem Pati, hétero hitérica fazendo isso, sério??! E as meninas...nao ligamos pra isso,mas tem gente que sim...se n ligasse, ficariam!!! Trocar ainda por um namorado mané....se já é assim, pra que namorar uma criatura dessas...
Claro qaue tem fama, pq Pati esconde, né?! Má fama..aiaia.td bem que n concordo com ela ficar com muitas, mas só pq acho que ela faz por outras razoes...ela tá solteira, entao fica com quem quiser, n é que ela ta fazendo orgia...pelo amor ded Deus!! Sabe que...melhor se afastae desse povo!!!
Acho ótimo, de novo, digo, que vc ama aguém, é só brigar q na primeira vem o racismo, homofobia..já joga coisas nada a ver como essa Gisela falando do negro...e a própria Pati falando que n quer ser tajada de racista...é cada uma que ouvimos...mas Gisela n vai deixar essa estória assim nem mais...qr ver Pati, o que fará...
Olha que lindo, todos reunidos, finalmente, Goulart, Fernandao, papi e Elza!!!
Machado foi o único que me fez rir até agora nesse caps....essas frases dele....
Essas falas...a última foi ótimo " Encrespai vossos cabelos e assumi-vos a negritude que nos abunda n´alma"
Beijos
Resposta do autor:
Olá Lailesca principesca!
Elza é uma pessoa muito disciplinada, séria, apesar de gostar de sair, dançar e coisas do tipo. A personalidade dela é mais pela ordem, pela objetividade e Machado é um homem dito por muitos como sendo "louco", mas ele carrega seus dramas com a leveza que essa "loucura" proporciona. Elza tem dificuldade em aceitar isso, além do fato de culpá-lo, de uma forma ou de outra, pela morte da mãe. São vários fatores...
O racismo não passou, ao contrário do que muitos dizem, e se mostra diariamente sob muitas formas, desde o padrão de beleza ainda dominante até uma série de brincadeiras e ditos populares que carregam um si um ranço contra os negros. Elza sofreu muito com tudo isso ao longo da vida, por sempre ser uma minoria no meio de "brancos" e lidar também com jovens desrespeitosos. As escolas falham muito na formação de uma cultura de respeito às diferenças e as famílias falham ainda mais em não repreender certos comportamentos de seus filhos e jovens.
No espectro político, Elza e Yara estão diametralmente opostas no entendimento da realidade e ambas têm preconceito com as opiniões desse oposto. Não é apenas discordar.
Existem muitas pessoas que se dizem hetero e saem com outras do mesmo sexo às escondidas e depois ficam aí falando mal. Comportamento que eu particularmente não gosto!
Esse capítulo era mais tenso, mais denso, Machado tinha que dar uma quebrada no final!
Beijos caipirescos,
Sol
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Zaha
Em: 27/11/2022
Olá,
Vim hoje porque nao queria que esperasse....
O título muito tem a ver com esse capítulo!! Identidade...todos buscamos construir nossa identidade, pricipalmente na adolescencia, onde comecamos a nos identificar como pessoa, sobre nosso prórprio olhar do mundo e nao dos nossos pais ou da sociedade...leva seu tempo. Agora falar da identidade indígina é complicado, ela esta ligada a onde vivem, como vivem, a preservacao da sua cultura, como vem seu mundo ali, pe uma sociedade a parte. O genocídio desses povos tem difriculdado e apartado a muitos de sua identidade, inclusive a ter consciencia que ela existe, o que representa nao só pra eles mesmos, mas pra seu povo. Caso se perda toda essa riqueza vindo das tribos, nao restará nada,nem o idioma que tb faz parte de sua origem.
Yara tem lutado para a nao destruicao do modo de vida das populacoes indíginas e que nossa sociedade nao imponha nossos constumes fazendo perder o que sao!! Yara já tá nessa etapa e tem sido implacável na luta. Pois perder sua prórpia identidade, é faltar um pouco de si. Ao n viver nesse meio ficou mt tempo apartada, a saber quem era. A igreja lhe deu a forca que necessitava, mesmo ela n sabendo o que lhe faltava...
Yara e Paulo puderam se enterer do que passou naquele fatídico dia...que horror...tudo pela riqueza que tem esses lugares, mas essa regiao é deles, mais pessoas devem se importar e entrar nessa luta...ele tb faz parte do que poderíamos ser, ainda que perdemos esse lado pelos genocídio só pq eram uma minória étnica, entao nao tiveram nem chance contra a expancao colonial, e tampouco agora.....
Yara n esperava por onde ia passar, né, sde danou toda e deixou Kedima preocupada, mas como disse....faz parte!!!
Bem, aqo menos comecou a aumentarr as pessoas nas passeatas, acompanhando e apoiando ou ao menos algo disso....
Terrível o que se passou com Paulo, nada justifica o que fizeram...sendo mendigo, indígina,, negro, gay, mulheres...nada!!! Mas é o que passa na nossa realidaded né?! Masacres como esses....mais uma perda pra Yara...
Bem, Gil sed foi, mas sabemos que nada dura para sempre...quem sabe possam se ver no futuro ou nao, mas deixaram uma linda marca uma na outra....esse amor lindo e inesquecível, saudável!!!
Perde-se uma, chega outra...Natália chegou!!!!
Yara, está mais perto de si como nunca e tem Kedima aí com ela, Natália e vamos ver se Elza e Yara se encontram e agora com a nova visao de Elza e menos raiva dela e do mundo, possam ter um melhor encontro
Resolvi, falar primeiro de Yara, já que meu cérebro nao tá mt claro....tentarei ler sobre Elza, já tenho mais ou menos na minha cabeca, mas confesso que nao sei bem como colar...
Bem...espero que ao menos isso conte por hj!!
Bj
Resposta do autor:
Olá queridíssima Lailikii!
Espero que esteja bem.
Adorei o que escreveu sobre identidade e a questão indígena. O modo como os povos originários são desconstruídos diariamente. Eu já vi cada coisa no norte do Brasil que é de chocar. Pensei em colocar na história, mas vou ficar devendo, pois não terei tempo de desenvolver como gostaria.
Yara e a mãe adotiva viviam com medo de serem descobertas pelos genocidas e esse medo constante, as fugas, tantas mudanças de endereço, fizeram com que a jovem tivesse uma certa repulsa ao que e a quem ela era. Só a partir da conversa com Alice no leito de morte foi que Yara começou a se despertar e as atividades com o Partido, além dos indígenas que conheceu, foram ajudando para que ela, dentro dos limites da urbanidade, fosse reconstruindo a si mesma.
A morte de Paulo, por "brincadeira", além de representar uma perda foi mais uma agressão sofrida no seio dos povos originários. Eles todos sentiram muito.
Yara e Gil se amam, porém não se encontram. Sabe como é isso? Vamos ver o que o futuro reservará para elas, juntas ou separadas. Camarada Natália é uma companheira de luta e os ideais em comum as unem, mas até que ponto?
Adorei seu comentário, pena que você tenha apagado outros, pois sumiu um que eu havia respondido.
Beijos!
Sol
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 26/11/2022
Olá, Solitudine, tudo bem?
Identidade: objetiva ou subjetiva? Física ou pessoal? O interessante é que nós estamos acostumadas a ''ligar'' identidade com um pedaço retangular plastificado e que, quando interpeladas pelas ''forças de seguranças'' e solicitado o tal ''documento'' você fica toda ressabiada com o temor de que o ''dito cujo'' esteja em uma lista não autorizada e que, por isso, pode, inclusive, puni-la.
É claro que a identidade mais importante é a pessoal, afinal é ela que dá-nos a consciência que temos de nós mesmas e é dela que falamos aqui, não é querida Autora?.
No capítulo, Kasvattaja acha que para Elza o corte de cabelo pode ser um principio. Um princípio — veja bem e só, por enquanto — por que para ela aceitar a ''identidade'' comuna de Yara é inaceitável, ou não digerível.
Com Yara, aparentemente, sua ''identidade'' parece resolvida.
Kasvattaja só acha!
Falando em ''identidade'', Kasvattaja não poderia deixar esse belo capítulo sem uma trilha sonora. Cantor e canção — simplesmente deliciosa naquela batida meio bossa nova, meio samba-canção — dispensam comentários: vamos de Jorge Ben, ''Negro É Lindo''...
''Negro é lindo
Negro é lindo
Negro é amigo
Negro também é
Filho de Deus
Eu só quero que
Deus me ajude
A ver meu filho
Nascer e crescer
E ser um campeão
Sem prejudicar
Ninguém porque
Negro é lindo
Negro é amor
Negro é amigo
Negro também é
Filho de Deus
Negro também é
Filho Deus
Preto velho tem
Tanta canjira
Que todo o povo
De Angola
Que todo o povo
De Angola
Mandou preto velho
Chamar eu quero ver
Preto velho dizer
Eu quero ver preto
Velho cantar e dizer
Negro é lindo
Negro é amor
Negro é amigo
Negro também é
Filho de Deus
Negro também é
Filho de Deus''
Segue o link:
https://www.youtube.com/watch?v=8sz3Ffp0Qz4
Apesar de o capítulo ter momentos ''pesados'' e tristes, Kasvattaja acha que a canção ''cai'' bem...
É isso!
Post Scriptum:
''Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar. ''
Nelson Rolihlahla Mandela,
Advogado.
Resposta do autor:
Olá queridíssima!
Kasvattaja só achou e, a meu ver, encontrou! rs Concordo.
Eu gosto muito dessa música e Jorge Ben (que virou Benjor) costuma acertar bastante nos ritmos!
Também concordo muitíssimo com Mandela. Aprende-se a odiar, aprende-se a amar; com a vantagem que a semente do Amor se encontra em todos os corações, só precisa de solo fértil.
Beijos e volte sempre!
Faça uma caipira feliz! rs
Sol
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Samirao
Em: 26/11/2022
Quero os 10 próximos em antecipação e uma massagem caprichada quando eu voltar pra cidade. Do contrário, é greve geral! HUAHUAHUA
Mas vc tá de castigo. Não comento esse CAPS fodastico e tenho dito! Huahuahua
Resposta do autor:
KKKKKKKK
Sem comentários, habibi.
Beijos!!
Sol
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Dandara091
Em: 26/11/2022
Alô autora!
Que capítulo! A arte imita a vida ou a vida imita a arte?
Angela Davis na área! Firmou negritude!
#orgulhonegro
#cabelo afro
#blackpower
#contraimpunidade
Resposta do autor:
Olá querida!
Então você gostou? Fico feliz!
Acho que a reposta a sua pergunta seria: os dois!
O nome da professora não foi escolhido à toa! ;)
Beijos,
Sol
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Samirao
Em: 26/11/2022
Sua caipirorra caipiralhaas! Como que posta CAPS novo e não me fala!!! Nem vou comentar por causa disso tá? Eu até li e tal mas não comento! E no próximo nem venho aqui pra vc aprender! E não tem bjuss
Resposta do autor:
Eita boi! Sinto que danei o trem!
Zanga com a caipira não, Samirinha!
Você está sempre ligada, sempre de olho... E como tinha a história do processo eu não te procurei. Mil perdões!!! Afinal devo muito a você aqui!
Prometo que te envio os dois próximos em antecipação para você ler, comentar, postar e fazer miséria. rs
Beijos (apesar de você não querer),
Sol
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Marta Andrade dos Santos
Em: 25/11/2022
Eu fico a pensar como quatro pessoas põe fogo em um semelhante por diversão é algo irreal mas que foi real nem sei definir, na época dos acontecimentos eu acompanhei o desfecho mas tudo no Brasil que envolve dinheiro e poder a justiça falha.
Resposta do autor:
Olá querida!
Tudo bem?
Eu nunca esqueci deste episódio. Era estudante universitária naquela época e como me revoltei!
Muitas coisas absurdas acontecem, muitas delas passam impunes diante da justiça terrena e a gente sempre fica chocada. Creio que nossa geração não verá isso, mas haverá um tempo em que a Terra não mais será palco dessas misérias porque as pessoas serão melhores.
Mesmo hoje, há muita coisa ruim no mundo, mas também há muitas coisas boas. É que o Bem costuma ser discreto ante nossos olhos.
Beijos,
Sol
[Faça o login para poder comentar]
Mille
Em: 25/11/2022
OI Sol
Capítulo muito emocionante.
Elza agora tem na professora a admiração e ver que ela sempre se abalou e se negou e está fazendo diferença. Antes tarde do que nunca né.
E que triste o fim de Paulo, o ser humano comete muita barbaridade com o outro, é difícil você respeitar as diferenças.
E essa chegada de Natália, será que obedece a regra da dona Kedima???
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá querida!
Esse capítulo é mais denso, não? Eu também chorei quando escrevi a parte do Paulo.
A professora Ângela foi o exemplo que Elza precisava.
E Natália, sim, ela vai obedecer a regra, até porque Yara com certeza vai! kkk Por mais que a tentação a atente! rs
Beijos e obrigada por vir sempre!
Sol
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Irina
Em: 25/11/2022
Kotinha!
Capítulo deveras intenso! Emocionei-me e surpreendi-me com um fato que desconhecia a ocorrência na história brasileira. Como escrevi de outra feita, duro porém necessário.
Aborreci-me com o desrespeito contra Elza mas felicito-me por ela ter encontrado sua identidade, ao menos parcialmente. Deves concordar Kotinha que a verdadeira essência da Elza fora aprisionada consigo pelo medo de sofrer. Não condeno dalguma forma!
No final, fizeste-me rir!
Parabéns! Este conto é mais uma grande obra. Tomara que estejais nem longe do término!
Com estima,
Irina
Resposta do autor:
Olá querida!
Você não sabia do caso do índio? Foi um fato muito marcante; eu nunca esqueci.
Concordo plenamente com tudo que você escreveu sobre Elza. E fico feliz que o final te divertiu.
Obrigada pelos seus elogios e gentileza de sempre. E sim, o conto está longe do fim. rs
Beijos,
Sol
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Seyyed
Em: 25/11/2022
Porra autora!!! Que capítulo! Tenso! Tu me fez chorar com porra nem sei como falar. Triste! Tu me faz chorar com Yara e Gil... Mas gostei do encontro da Elza com ela mesma. Tão ela mesma que até gamou na professora hahaha e quem não? Camarada Natália também chegou pra fuzilar curnicha hahaha
Final parou tudo e..."Encrespai vossos cabelos e assumi-vos a negritude que nos abunda n'alma!" Hahahaha Tu é uma porra tri louca!!!
SHOW!!!!
Resposta do autor:
Olá garota!
Que bom que você continua firme e forte lendo e comentando para esta caipira.
Uai, pelo que vejo o capítulo mexeu com suas emoções; te fez rir e chorar! Então, o objetivo foi cumprido! rs
Fuzilar curnicha foi ótimo! kkkk Você me diverte!
Beijos,
Sol
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Lea
Em: 24/11/2022
Você reconhecer quem você é, dá um orgulho imenso. Não esquecer e/ou negar nossas origens,nos fazem únicos. E a luta parece que nunca acaba, porém não podemos baixar a cabeça!!!
*
Boa noite,Sol!
Boa noite,Samira!
Resposta do autor:
Boa noite, querida!
Concordo plenamente com o que você falou.
Continue lendo e comentando! ;)
Beijos,
Sol
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Solitudine Em: 29/01/2025 Autora da história
Olá dona Minha Linda!
Eu havia escrito uma resposta imensa mas o site jogou fora nem sei como! rs Agora meu punho dói que nem uma desgreta, então terei que ser econômica.