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EM BUSCA DO TAO por Solitudine

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Palavras: 15849
Acessos: 10527   |  Postado em: 02/05/2021

FINALMENTE, O TAO

 

CAPÍTULO 197 – Últimos Momentos de Vida Normal

 

Zinara fazia um alongamento perto do rio após realizar uma hora de corrida. Vestia roupas de ginástica e usava boné.

 

--(SabaaH il-kheer, habibi!) Bom dia, querida! -- uma voz conhecida saudou

 

--Mamamama... -- uma voz de criança se fez ouvir

 

--SabaaH in-nuur, sadikii! (Bom dia, minha amiga!) -- respondeu sorridente -- A maternidade faz você acordar cerdo agora? -- brincou

 

--Faz, né? -- Jamila achou graça do comentário -- Essa galeguinha aqui gosta de madrugar! -- olhou carinhosamente para a filha

 

--Ela é muito fofinha! -- aproximou-se e beijou a mãozinha da criança -- Se eu não estivesse toda suada, te agarrava agora, viu, ya gamiila (sua linda)? -- brincou com a menina

 

--E ela já gosta de um chamego! -- colocou Júlia de pé no chão -- E assim como eu, tá amando essa fazenda. Não é, bebê? -- brincou

 

--Ó, ó! -- apontava para o rio

 

--Vamos andar até a beira do rio. -- segurou a mão da filha -- Mas agora não vai tomar banho, só depois. -- caminhavam lentamente

 

--Eu fiquei muito feliz por vocês terem conseguido adotar a menina! -- Zinara falava com sinceridade -- A torcida tava grande!

 

--Foi uma luta, mas a gente ganhou! -- deu um soquinho no ar -- Da mesma forma fiquei muito feliz de ver o seu casamento com Clarice. -- falava com sinceridade -- Foi o grito de liberdade mais lindo que eu já vi! -- olhou para a astrônoma -- E uma cerimônia muito bonita.

 

Cruzou os braços. -- Acho que ambas chegamos onde queríamos estar, mesmo que antes nunca tenhamos pensado que um dia teríamos coragem de encarar o que encaramos. -- desabafou -- Ana w albii kona mosh daryanin... (Eu e meu coração não sabíamos...) Não imaginávamos o que viria. Mas valeu a pena cada minuto!

 

--Valeu sim! -- concordou -- E você sempre terá um cantinho especial no meu coração. -- declarou sem malícia -- Obrigada por tudo! Chukran, ya habibi! (Obrigada, querida!) -- chegou na beira do rio com a criança

 

--Eu também te devo muito! -- respondeu de pronto -- Toda usritii (minha família)! Veja essa fazenda aqui! -- abriu os braços brevemente -- Recuperá-la foi fruto de seu trabalho sob vários aspectos. -- pausou brevemente -- Você deu até emprego pra minha cunhada! -- brincou

 

Riu brevemente. -- Ela mereceu e trabalha muito bem! Leonor e Raquel acabaram combinando muito... -- prestava atenção na filha -- Engraçado até que o recesso do Judiciário nos permitiu viajar juntas pra cá. -- achava curioso -- Não tem jeito, habibi. Nossas vidas estão interligadas de uma forma ou de outra!

 

--Pra sempre! Inshallah! (Se Deus quiser!) -- Zinara desejou com sinceridade

 

-- Dayman! (Sempre!) -- repetiu olhando para a amiga

 

--Isso são horas, dona Clarice? -- Cátia brincou ao sentar-se na mesa ao lado da outra -- Como é que pode, em pleno dia primeiro, tomando café a essa hora? -- fingia que ralhava

 

--Pois é, que feio! -- brincou também -- Ainda bem que tem gente pra me fazer companhia, né, amiga? -- piscou para a outra

 

Achou graça. -- Menina, que vergonha! -- cobriu o rosto brevemente -- Julinha e Jamila acordam, saem soltas por aí sem rumo e eu nem vejo! -- bebeu um gole de café com leite

 

--Zinara também saiu que eu nem vi. -- confessou -- Tava dormindo um soninho tão bom... -- deu uma colherada na salada de frutas

 

--Aliás, não cheguei a te falar, mas... -- limpou os lábios com o guardanapo -- Parabéns pelo casamento! Achei lindo e fiquei muito feliz por você! -- estava sendo sincera

 

--Obrigada, minha querida! Também fiquei muito feliz em saber que vocês conseguiram adotar a menina! -- olhou para a outra -- Acho que nossas vidas se separaram, mas nunca de todo. E ambas estamos muito bem! Melhor do que um dia pensamos estar. -- sorriu

 

--Sim. -- respondeu pensativa -- Obrigada por tudo! -- sorriu

 

--Obrigada também! -- respondeu com a mesma sinceridade -- Apesar de nossos desencontros, você foi importante na minha vida. E fez um grande bem à família que considero minha. -- pensava na busca por Hassan em Maurítia

 

--E até que dona Leda já não me olha mais como uma ameaça! -- comentou divertida

 

--Você conquistou o respeito dela. -- bebeu um gole de laranjada -- Você e Jamila! -- pausou brevemente -- E o sindicato? Quando termina o mandato? -- perguntou curiosa

 

--A cerimônia de posse da nova direção vai ser agora no dia 6! Porém, a gente vai embora daqui amanhã... Jamila tem que retomar algumas coisas, apesar do recesso do Judiciário continuar, e Leonor vai viajar, então tem que arrumar as malas. Fazer o que? -- mordeu o pão

 

--Muitas pessoas vão embora amanhã. -- Clarice comentou lamentando -- Mamãe, os filhos de Raquel e todo o clã de Zinara continuamos aqui. -- deu outra colherada e ficou uns instantes calada -- Final do mês a gente parte. Cecília é que não decidiu se vai deixar Rosa e os meninos voltarem conosco ou se vão embora com ela e o marido amanhã também.

 

--Dá vontade de ficar aqui pra vida inteira... -- Cátia contemplava o lugar -- Convida a gente pro próximo final de ano? -- pediu que nem criança

 

--Estaremos sempre juntas, meu bem, de uma forma ou de outra. -- a paleoceanógrafa respondeu confiante -- Ainda nos veremos outras vezes nesta fazenda! -- soprou um beijinho

 

***

 

--Uff! -- Lúcia se jogou exausta em seu assento -- Amor, que dia! -- olhou para Magali -- Foi uma correria louquérrima... -- deu um suspiro profundo -- Mas no final deu tudo certo, graças a Deus! -- sorriu e afivelou o cinto

 

--Deixa pra comemorar depois que a gente chegar lá e passar pela imigração! -- Magali advertiu ao se sentar -- Ainda temos uma longa viagem e muitas perguntas a responder! -- revirou os olhos

 

--Eu tô confiante! A gente vai entrar sem problemas, se Deus quiser! -- beijou o rosto da outra

 

--Boa noite, com licença. -- uma mulher cumprimentou ao se aproximar -- Meu assento é aqui do seu lado... -- olhou para Magali -- Vixe, mulher, que coincidência! -- sorriu

 

--Ei, você tava na fazenda! -- Lúcia reconheceu animada

 

--Leonor, não é isso? -- Magali perguntou -- Irmã da advogada Jamila! -- sorriu

 

--Eu mesma! -- sentou-se -- Que bom que viajo do lado de gente conhecida! -- sorria também -- Não gostei de ter pego um lugar na fileira do meio, mas tô feliz de ser junto com vocês! -- afivelou o cinto -- E falando na fazenda, que lugar lindo, ave Maria! -- olhava para as outras duas

 

--Lindo? Maravilhoso! -- Lúcia concordou -- Eu amei TUDO! -- enfatizou a última palavra

 

--E que casamentaço, viu, gente? -- Magali comentou animada -- Fiquei maravilhada! -- lembrava do evento -- Especialmente com o fato de ter tido aquela caroninha providencial no helicóptero da amiga de Zinara! Achei o must descer no aeroporto de Gyn assim, tirando a maior onda de madame! -- gesticulava -- E a mulher ainda pediu pro piloto fazer duas viagens pra levar todo mundo! -- riu brevemente -- Espetáculo!

 

--Oxe, mas e eu que nunca tinha andado de helicóptero achei a maior onda! -- Leonor comentou -- E concordo contigo. Eu tinha uma birra com Zinara, mas achei o casamento dela lindíssimo. -- reconheceu

 

--Eu também amei aquele casamento! -- Lúcia concordava -- Da mesma forma como amei o voo de helicóptero! E que visual, viu? Peguei o celular e filmei uma boa parte do percurso. -- comentou empolgada

 

--Mas, aqui, menina, você vai pro Kanatá pra tirar umas férias ou tentar a vida como nós, hein? -- Magali perguntou curiosa -- "Tem que saber, né, gente?” -- pensou fofocando

 

--Vou pra passar uns dois anos e aí, conforme for, vejo se tento ficar de vez ou se volto. -- olhava para as outras -- Embora tenha vendido meu apartamento... -- riu brevemente

 

--A gente também vendeu! -- Lúcia confessou -- Eu era bombeira e pedi até exoneração!

 

--É... -- Leonor balançou a cabeça -- Vamos torcer pra dar tudo certo! -- benzeu-se

 

Espontaneamente as outras duas benzeram-se também.

 

--Vocês vão viver em que cidade? -- a jovem perguntou -- Eu vou pra Torontonian! Ficar na casa de uma família por uns tempos e depois que conseguir um emprego busco um canto independente. -- contava os planos -- Vou fazer um curso de contabilidade porque eu li que eles tão precisando de gente com essa formação. Arrumei até uns folders na internet mostrando uns cursos.

 

--Ah, me mostra que eu quero ver também? -- Lúcia pediu empolgada -- De repente faço o curso junto contigo porque também vamos pra Torontonian.

 

--Só que a gente fica no alojamento do instituto onde eu vou trabalhar. -- Magali comentou -- E depois, claro, vamos procurar um lugar só nosso pra viver, né?

 

--Ótimo! -- Leonor comentou animada -- Adorei ter encontrado vocês! -- falava com sinceridade -- Assim eu vou ter companhia até pra fazer o curso!

 

--Eu também gostei! E essa tua ideia de curso aí me inspirou! -- Lúcia respondeu

 

--Então meninas, já começamos muito bem! -- Magali comentou divertida -- Agora vão rezando aí pra não ter turbulência e pra gente passar na imigração tão poderosas quanto fomos na nossa chegada triunfal no aeroporto de Gyn! -- fez uma pose

 

--É isso aí! -- Lúcia bateu uma palma

 

--Kanatá, lá vamos nós! -- Leonor sorriu confiante

 

***

 

“Guaiás, coração de Terra de Santa Cruz. Febraayir (Fevereiro).

 

Nossa viagem foi uma tortura, mas finalmente chegamos! Após a descida do maior contingente de pessoas na Gália tivemos mais tranquilidade. Antes parecia que estávamos a ponto de naufragar, dada a lotação. No entanto, a embarcação era suja e desconfortável e o mar se apresentou revolto em várias partes do percurso. Pareceu-nos uma eternidade...

 

Aquele a quem Hana chama de santo a advertiu que teríamos percalços na viagem, mas que nada de mau nos aconteceria. Ele advertiu que haveria uma parada no porto de um local chamado Cidade Restinga, apenas para abastecer o navio, e que de lá, parariamos somente em uma cidade chamada São Sebastião, onde seria o desembarque. Sentimos imenso alívio e alegria ao constarar a realização de tudo isso, mas vieram alguns aborrecimentos. Fomos levados para um lugar só para tratar de documentos e autorizações de entrada no país, no que Hana foi muito útil por saber falar a língua local. Depois nos levaram para uma espécie de galpão ali próximo do porto e aguardamos alguns dias para que resolvessem nossas questões e nos liberassem. Não sei quem providenciou, mas apareceram dois ônibus velhos e foram eles que nos levaram para o lugar que chamam de Guaiás: o coração de Terra de Santa Cruz. Hana aguardava ansiosa para conhecer o santo, que prometeu que isso aconteceria pouco após nossa chegada ao destino final.

 

E que lugar lindo! Tanto verde, tanta água! A fazenda é a própria imagem do paraíso: cheia de flores, árvores, um rio de águas transparentes, cachoeiras, pássaros... O céu é sempre belo, de dia ou de noite, e as pessoas são simplesmente maravilhosas! Elas sempre querem ajudar e se esforçam para nos entender.

 

Nunca vou esquecer do dia em que após sermos acomodados, nos banhar e alimentar, conhecemos ya sayyida (a senhora) Najla, que nos saudou com o mais belo sorriso de acolhimento! Da3wa 7elwa menk, ya Najla, w eedeke fe el sama! (Uma doce prece dita por você, senhora Najla, e suas mãos estão no céu!) E nós, por consequência, nele estamos!”

 

--Meus queridos e queridas compatriotas, irmãos de Cedro e Suriyyah, as-Salamu Alaikum! (que a paz esteja convosco!) -- saudava olhando para todos -- Ana ismii Najla Raja. (Meu nome é Najla Raja.) É com muita alegria e satisfação que os recebo nesta fazenda, que de hoje em diante será também seu lar! -- falava na língua dos refugiados -- Sou filha de Cedro e quando este país, Terra de Santa Cruz, me recebeu no passado, eu me senti no Céu! -- lembrava -- Mais tarde, pude receber meus parentes que fugiam da guerra, assim como vocês agora, mas infelizmente falhei na forma de tratá-los. -- admitiu -- Com o tempo, muitas dores e dificuldades bateram à minha porta, me fazendo crescer. Wallah wed-dony baءet fe ‘aenaya Haga tanya! (Eu juro que a vida mudou diante de meus olhos!) -- contava sua história -- Hoje, eu os recebo de coração puro, desejando acertar e querendo, abaixo de Deus, ajudá-los a reconstruir cada um sua própria vida! -- pausou brevemente -- Sei que vocês são diversos: mulheres, homens, crianças. Sunitas, xiitas, cristãos. Engenheiros, professores, médicos, camponeses. Mas nada disso deve nos separar, muito pelo contrário! -- gesticulou brevemente -- Nesta fazenda nós plantamos e os frutos da terra podem nos alimentar e sustentar. Criamos animais. E há muito a fazer! -- falava com empolgação -- Esta região precisa de profissionais diversos para atender a suas necessidades e vocês podem ajudar, trabalhar e tirar seu sustento honestamente! -- fazia planos -- Tenham paciência, pois nenhum fruto amadurece antes do tempo! Vocês viverão diferenças culturais, irão aprender um novo idioma, conhecerão muitas coisas com as quais não estão acostumados. Boas e ruins. Mas eu lhes digo: cada dia valerá a pena!

 

--Eu gosto dela, gidda! -- Kalil comentou animado sobre Najla -- Rahimaka Allah! (Deus te abençoe!) -- gritou para a fazendeira

 

--Eu também gostei! -- Kira concordou -- Zogii (Meu marido), sinto que podemos ser felizes aqui neste lindo lugar! -- sorria

 

--Haljamaal mish maa’ool! (Essa beleza é inacreditável!) -- Emir não deixava de reparar tudo -- Quero viver aqui até meus últimos dias! -- decidiu

 

--Veja, Khalayla! -- Hana reparou embevecida -- Awlaadina (Nossas crianças) já estão fascinadas por ya sayyida Najla! -- apontou para as crianças que corriam para abraçar a mulher -- Abdullah e Elissa saíram de perto de nós tão rápido que mal pude perceber o momento certo.

 

--E eu estou fascinada por tudo! -- a jovem respondeu com um sorriso radiante -- Consigo ver a própria felicidade osad ainy! (em frente aos meus olhos!)

 

--Eu amei esse lugar!! -- Fátima afirmou emocionada -- Quero ser a veterinária da fazenda! -- exclamou -- Eu quero ser feliz! Ana baddi gheish! (Eu quero viver!) -- abriu os braços extasiada

 

--Veja, Safia! -- Sara mostrou a cena para a filha -- Abdullah e Elissa no colo de ya Najla! -- achava graça -- Estamos acolhidos aqui e vamos refazer nossas vidas, awlaadii (minha criança). Wallahi! (Eu juro!)

 

--Vida longa à Maama Latifah (Mãe Gentil)! -- Safia gritou de repente -- Vida longa!

 

--Vida longa à Maama Latifah!! -- Hasher gritou como a criança

 

“Aquele grito foi repetido por todos! Até eu mesma gritei. Estávamos felizes, gratos e cheios de esperança.

 

Vida longa à Mãe Gentil! Gratidão eterna!”

 

--Gentem, que lindooo! -- Aisha comentou excitada para Janaína e Marco -- Não sei o que eles gritam pra mamii, mas o babado é forte! -- pegou o celular -- Vou tirar uma foto dela com aquelas criancinhas no colo e sob o brado desse povo! -- fotografou -- Postar no LivrodasFuça!

 

--O brado não vai sair na foto, né, amor? Tem que fazer um vídeo também. -- Janaína brincou

 

--Isso, registre o momento! Grave um vídeo! -- Marco pediu animado -- Minha Dona tá linda e essa foto vai fazer história! -- afirmou profético

 

--Óia comu o povu pareci filiz, muié! -- Nagibe comentou animado para a esposa -- Espia Khadija e Chede comu tão! -- reparava nas crianças -- Yasirah pareci inté infeitiçada, ói! -- apontou para a sobrinha

 

--Homi, eu num sei o qui essi povu grita, mais ficu inté arripiada, ispia! -- Dora mostrou a pele

 

--Yasirah anêim si mexi! -- Cidmara comentou com os pais -- E o povu qui veiu di longi tá iguar festa!

 

--É meis! -- Penha concordou -- Trem bunitu di vê!

 

--camma Najla pareci inté qui tem uma luz dentru di si! -- Cid comentou -- Nunca vi ela tão bunita comu tô vendu hoje! -- admirava-se

 

--Elis chegô, Chede! -- Khadija dizia para o irmão -- Tá vendu, Yasah? -- falou com a prima -- Agora a famia tá cumpleta! -- sorriu satisfeita

 

***

 

--Tem certeza, minha mãe? -- Ahmed perguntou receoso e grato -- É uma respunsabilidade qui chega dói assumi o lugá da sinhora nu centru! -- olhava para ela -- Eu tenhu mi dedicadu e istudadu um tantu, mais tô muitu longi di chegá nus pé di minha mãe! -- afirmou com humildade

 

--Cada um tem o seu momentu, meu fio. “Há tempu pra todu us propósitu dibaixu du Céu!” -- Agda respondeu -- E o meu já passô! -- falava com convicção -- Cumprí minha missão. Agora cabi a ocê cuntinuá o qui cumecei e mais qui isso! -- advertiu -- Cabi a ocê crescê o qui nóis faiz aqui, juntá us isforçu du Bem, entri us incarnadu e disincarnadu di várius lugá, e cuntinuá istudandu e vigiandu sempri!

 

Respirou fundo antes de responder. -- Eu tenhu medu, minha mãe. -- confessou

 

--Num tem não... -- falou com mansidão -- Purque ocê nunca vai tá sozinhu! -- prometeu -- Eu vô ficá mais ocê! Cunfia!

 

Ahmed pensou bastante, segurou as duas mãos da mulher e as beijou. -- Eu cunfiu, minha mãe! Abaxu di Deus, eu cunfiu!

 

--E dexi Ahmed Lucas começá a ti ajudá, purque é eli qui vai ficá nu teu lugá quando teu tempu passá! -- pediu -- E intonci, ocê vai orientá eli du mesmu jeitu qui eu e Pai José. -- referia-se a Youssef

 

Surpreendeu-se. “Khadija dissi issu nu natar, qui Lucas ia trabaiá mais eu...” -- pensou ao se lembrar -- Eu vô fazê issu, minha mãe. Podi dexá! -- concordou

 

***

 

Leda e Amina batiam papo numa ligação telefônica via QQOV?.

 

--Intonci Hassan contô pra nóis tudu qui eli e a namorada passaru pras Universidadi da Capitar, num sabi? -- contou animada -- E Ahmed Marcos vai cumeçá us cursu di técnicu di mecânica lá nu Gyn!

 

--Que maravilha, Amina! -- Leda sorriu ao saber -- E a vaga no alojamento da Universidade, eles conseguiram? -- queria saber -- No caso do Ahmed Marcos, como vai ser isso de estudar em Gyn se Aisha e Janaína vivem na fazenda? Tem também Ahmed João que termina o curso dele nesse ano, né?

 

--Essas vaga di alojamentu inda num saiu, mais us meninu tão im cima e eu nas minhas reza. -- respondeu de pronto -- Janaína vai pru Gyn incontrá us meus netu quandu as aula cumeçá. Ahmed João já feiz 18 anu e Janaína vai ficá nu Gyn mais eli e o irmão pur uns tempu, modi instruí. Dipois ela vorta pra fazenda e Ahmed é qui di quandu im veiz passa lá modi dá umas incerta! Num podi dexá largadu, num sabi? Jovi tem qui ficá di oio!

 

--Tá certo! -- concordou -- E pode deixar que vou rezar pra vaga de alojamento acontecer! Confia nas minhas alma que elas fazem tudo que eu peço! -- garantiu

 

--Améim! -- respondeu de pronto -- E comu vão as coisa aí? Cuntinua si agradandu di vivê nessa Cidade Restinga?

 

--Adorando! -- caminhou até a varanda -- E a vista que eu tenho é linda! -- olhava para o mar -- Todo dia vou caminhar na praia, tomo água de coco... Clarice e Zinara tão sempre aqui comigo! -- voltou para dentro de casa -- Sinto saudade de Raquel e as crianças, mas aqui tem as crianças de Cecília e aquela menina Rosa é tão boazinha... -- contava -- Ritinha e Zezé também tão sempre comigo. -- sentou no sofá -- E agora virei síndica do prédio! -- informou -- Vou botar moral nesse lugar e fazer uma administração como nunca se viu na história desse país! -- gesticulou

 

Amina desconhecia o que é ser síndica mas ficou com vergonha de perguntar. -- É bão! -- balançou a cabeça -- A nutiça tristi é qui ya Zeferino morreu. Diz qui foi coração!

 

--Ah, que pena! -- lamentou com sinceridade -- Que Deus o tenha!

 

--É meis... -- balançou a cabeça pensativa

 

Teve uma ideia e resolveu falar. -- Mas, olha, Amina, isso é um sinal! -- advertiu -- Todo homem que vocês ficam aí alcovitando pro meu lado, bate as botas de repente! Não viu o Rafi das perna fraca? Agora foi a vez do pobre Zeferino! -- fazia um drama -- Deixe de dar trela pra esse tipo de coisa porque não quero ser culpada pela morte de mais ninguém nessa roça! -- afirmou fatalista

 

--Avi Maria! -- arregalou os olhos -- E num é? -- refletiu

 

--Eu te disse que o destino de minha curnicha é o sossego! Então a vida já mostrou que não convém contrariar! -- continuava engabelando a outra

 

--É meis! -- concordou -- Si mais arguém vié mi dizê qui si agradô dia ya Leda, eu vô respundê: AHHa, anêim!

 

Não entendeu a resposta mas concordou. -- Muito bem! Diga isso aí mesmo! -- cruzou as perninhas e semi cerrou os olhinhos -- "Finalmente a alcovitice da roça acabou na minha vida! Paz curnichesca!” -- pensou satisfeita e sorriu

 

***

 

Jamila chegava no escritório apressada.

 

--Raquel, boa tarde! -- cumprimentou -- Voltei de uma audiência agora! Aff, que estressante foi! -- olhava para a mulher -- Você tá acompanhando os prazos do pessoal da Trabalhista? -- perguntou preocupada -- Jaqueline me disse que não perdeu a audiência de ontem por sorte!

 

--É que esse acompanhamento tava sendo feito de modo não muito dinâmico, mas eu peguei pra fazer e deixei o arquivo na pasta compartilhada com os advogados. -- explicou -- Agora cada um vai receber um alerta com três dias de antecedência e mais outro na véspera. -- garantiu

 

--Muito bom! -- sorriu -- Você tem feito um ótimo trabalho. Não à toa Leonor te deixou no lugar dela.

 

Raquel sorriu toda prosa. -- Obrigada!

 

--Mas... -- reclinou-se na mesa da outra -- eu só queria te pedir um favorzinho, por gentileza. Não leve a mal. -- falava com jeito -- Mas não coma os biscoitos dos clientes, sim? -- pediu com voz mansa

 

--Ah... -- corou -- Desculpe. -- abaixou a cabeça -- É que eu adoro aquele biscoitinho e comi um pouco... -- justificou-se

 

--Um pouco? -- ficou ereta novamente -- Menina, em dois dias você comeu os biscoitos que eu comprei pro trimestre! -- riu brevemente

 

“Só sessenta caixas pro trimestre?!” -- pensou surpreendida

 

--Mas não tem aperreio! -- passou a mão nos cabelos -- Como você trabalha muito bem, compro biscoitos pros clientes e biscoitos à parte pra você se divertir! Então aí você fica só com os seus! -- deu tchauzinho e se afastou

 

“Isso é que é patroa boa!” -- Raquel pensava -- "Paga salário direitinho, em dia, e ainda vai me dar biscoito! Adoro aquele recheado com brigadeiro! Hum...” -- lambeu-se

 

***

 

Zinara falava diante de todo o Departamento de Astronomia.

 

--Masaa il-kheer! (Boa tarde!) -- cumprimentou -- Eu chamei vocês todos aqui às pressas porque acabou de ser decretada uma pandemia hoje e isso nos impacta completamente. -- informou -- As atividades presenciais serão interrompidas, trabalhos de campo e demais atividades de extensão ficam suspensas até segunda ordem! -- olhava para todos

 

--Não sabemos quanto tempo isso vai durar! -- Clarice anunciava para seus alunos da pós -- Mas estaremos em contato estreito via e-mail, atualização do site e grupos de QQOV? ligados ao programa. -- informava

 

--O Departamento de Geologia suspende todas as atividades a partir de hoje e manteremos vocês informados intempestivamente sobre quaisquer novidades! -- Cátia informava a todos

 

--As aulas estão suspensas a partir de hoje e qualquer mudança nessa condição será informada o mais rápido possível! -- o reitor da Universidade da Capital se pronunciava

 

--Poxa, a gente mal começou... -- Rebeca olhou para o namorado com decepção

 

--Se Deus quiser, isso vai acabar logo! -- Hassan queria acreditar

 

--Eu num criditu, João! Ocê oviu? -- Ahmed Marcos se aproximava do irmão -- Mar cumecei cum minhas mecânica, vem essis trem di pandimia! -- fez cara feia -- "Deu nem tempu di arrumá namorada!” -- pensou contrariado

 

--E num é? Justu nu meu úrtimo anu di cursu técnicu! -- João reclamou -- "Ô, azar!”

 

--A partir de hoje nós vamos trabalhar apenas remotamente. -- Jamila informava aos colegas no escritório -- Quanto às audiências e tratativas nos fóruns, peço que os doutores mantenham-se atentos ao que vai ser decidido em última instância!

 

--De hoje em diante, ficaremos todos exclusivamente na fazenda! Ninguém vai à cidade a menos que estritamente necessário e comunicando primeiramente a mim, pra que possamos manter o controle! -- Najla informou -- As mercadorias que chegarem na fazenda serão todas desinfetadas e higienizadas e nós vamos usar máscaras e luvas nas eventuais lides com pessoas de fora daqui! -- olhava para todos

 

Para comunicar a todos os moradores de uma só vez, Najla falava na língua local sendo traduzida simultaneamente por Hana, que falava aos refugiados.

 

--Avi Maria, homi, que trem di pandimia é essi qui chegô du nada? -- Dora exclamou temerosa

 

--Eu num sei! Nunca qui nem oví falá issu di pandimia! -- Nagibe respondeu -- Tar di CONVIDE-0, trem doidu...

 

--E a vida num vai mais sê comu antis... -- Khadija sussurrou profética para si mesma

 

--Maama, baba! -- Ahmed chegava de mala e cuia com Catiúcia, Ahmed Mateus e Ahmed Lucas -- Nóis viemu pra ficá aqui! Modi qui si arguém tivé pricisão di saí pra cidadi vai sê só eu, num sabi? -- olhava para os pais -- Comprei inté um cavalu cum Zé Maria e amanhã eli mi traiz o animar. -- colocou as bolsas no chão -- Fiz isso modi num tê pricisão di carrocêru!

 

--Ahmed João e Ahmed Marcos chega amanhã! -- Catiúcia informou -- Ahmed prosiô cum as mãe dessis mininu tudu e elas dexô ficá aqui. -- olhava para os sogros -- Podi sê? -- perguntou receosa

 

--Avi Maria, muié, podi, uai! -- Raed respondeu de imediato

 

--Hassan mi dissi qui tá chegandu aqui dipois di amanhã! -- Georgina contou preocupada -- Rebeca fica nu Gyn cum a famia dela e eli vem pra cá.

 

--Tá certu... -- Amina concordou -- Eu num intendu dissu di pandimia, mais ninguém aqui vai sê besta di dá as fuça a tapa pra esse caronavíru! -- falava para todos -- Si é CONVIDE-0, queru sabê di mais ninguém aqui! Só a famia!

 

--Ceci, meu curso mandou a gente pra casa mais cedo! Tudo por causa da tal de pandemia! -- Rosa foi logo dizendo quando a outra chegou -- Passei na dona Ritinha, peguei os menino e disse a ela que se precisasse de alguma coisa que pedisse que eu vou comprar. -- pausou brevemente -- Fiz mal?

 

--Não, meu bem! -- beijou a testa da moça e a cabeça dos meninos -- Meu trabalho dispensou a gente hoje e disse que vamos ficar em meio expediente até segunda ordem. -- sentou-se -- Vou comprar máscara, essas coisas, e não quero saber de você na rua desnecessariamente! -- advertiu -- Ninguém nessa casa vai ficar bangolando na rua à toa!

 

--E o Adamastor? O trabalho dele decidiu alguma coisa? -- a jovem perguntou preocupada

 

--Ele me ligou super nervoso! -- contou -- O chefe dele marcou uma reunião hoje às pressas pra decidir quem fica no trabalho presencial e quem vai fazer trabalho à distância. -- passou a mão nos cabelos -- Ele tá morrendo de medo de cair no grupo do presencial.

 

--Aí, Princesa! -- Getúlio chegou em casa preocupado -- Tá rolando essas pandemia aí mas eu vou continuar no batente, tá ligada? -- olhava para a esposa -- Geral tá dizendo que é kaô, mas eu tô bolado!

 

--Que kaô nada! -- Raquel retrucou -- Vamos comprar máscaras pra você! -- decidiu -- Não quero que fique indo trabalhar desprotegido!

 

--Eu não acredito, amor! -- Lúcia chegava em casa contrariada -- Mal comecei o curso e fomos avisados que por causa da pandemia vai ter um tal de lock down! -- olhava para a amada -- Leonor e eu saímos de lá baratinadas!

 

--Meu instituto também informou a mesma coisa hoje. Saímos até mais cedo! -- Magali respondeu -- Tomara que isso tudo acabe logo!

 

--Amor, o que você acha, hein? -- Clarice e Zinara chegavam em casa ao final do expediente -- Será que essa pandemia vai durar muito tempo? -- perguntou preocupada

 

--Eu não sei o que pensar, Sahar! -- fechou a porta -- Vou ligar pra todo mundo em usritina (nossa família) pra ver como vão fazer e vou dar atenção especial a ya Zezé! -- aproximou-se da amada -- Ya Leda tá aqui pertinho e também vamos ficar de olho nela!

 

--Isso, olho em dona Zezé! -- concordou -- Nos últimos tempos Adamastor foi ficando mais atencioso com dona Ritinha, mas dona Zezé não tem ninguém além de nós! E ambas são muito velhinhas...

 

--Aisha me passou uma mensagem de QQOV? dizendo que camma Najla decretou um verdadeiro trancaço na fazenda! -- balançou a cabeça concordando -- Tá certa! -- foi para o banheiro lavar as mãos -- Isolamento e higiene serão nossos principais aliados! Wana amil eh (Fazer o que)?

 

--E como será que vai ficar a vida da gente, hein? -- foi para o banheiro também -- O que será que muda? -- olhava para Zinara pelo espelho -- Por que será que eu tenho uma estranha sensação de que nada será como antes? -- perguntou agoniada

 

“Porque realmente, nada nunca mais foi como antes, Kitaabii (Meu Livro)!”

 

 

CAPÍTULO 198 – Relatos de 2020

 

“Yoom Kitaabii (Meu Livro dos Dias),

 

Eu preferi não dizer a maama ou baba ou a qualquer um de usritina (nossa família), mas as cartas me mostraram que este ano de 2020 será diferente de tudo! E não apenas ele.

 

Um anjo bom me falou que não verei mais o futuro para que as visões não mudem minhas escolhas. Ele disse que já vi tudo que precisava. Eu acredito e não tenho medo! Sou criança, ainda não sei de um monte de coisas, mas não tenho medo!

 

Isbir... We dounia ma teb3idnash... (Ter paciência... E a vida não nos manterá longe...) Eu e meus amados que vivem em tantos lugares, nem a morte pode mais separar!”

 

--Nossa mãe Agda vai vivê pra sempri dentru di cada um di nóis! -- Ahmed falava emocionado para algumas pessoas -- Nóis num pudemu fazê o funerar dela pur causo da pandimia, mais o Pai Obaluaiê vai guiá nossa mãe no portal das luzi e ela vai incontrá o distinu qui faiz juis às boa obra qui ela feiz nessa vida! -- derramou uma lágrima -- Nóis vamu rezá pur ela aqui, nu nossu terrêru, e dipois im nossas casa e eu sei qui ela nunca qui vai dexá di abençuá nóis e nossus trabaiu, num importa ondi esteji! -- ajeitou a máscara -- Vamu cuntinuá o trabaiu qui ela cumeçô, só nóis vai cuntinuá vindu nu terrêru, modi num tê amuntuadu, e vamu rezá pru povu todu di Terra de Santa Cruz! Vamu cuntinuá cum nossa obra di caridadi, cuidandu sempri modi num sê pegu pela CONVIDE-0! -- fechou os olhos para se concentrar

 

“A pandemia durou muito mais tempo que se imaginava, Kitaabii. Ela engoliu todo o ano de 2020 desde que se estabeleceu. E muitos se foram por causa dela em todos os cantos do mundo. Ela me fez chorar... Ya alb ma trabeit sho da3 ma 7aseit (Oh, meu coração você ainda não aprendeu) que morrer faz parte da vida?”

 

--Laa, Sahar... (Não, Amanhecer...) -- Zinara chorava com muita tristeza -- Ya Ritinha se foi e a gente nem pode ir visitar no hospital... -- estava deitada encolhidinha no sofá com a cabeça em uma das coxas de Clarice -- Adamastor comprava as coisas pra ela, eu também cuidava pra ela não se expor, mas ela ficou doente... E eu não pude fazer nada... -- lamentava -- Ah, Sahar, laa... -- chorava -- Aasif... (Sinto muito...) Sinto tanto... Eu não abandonei ela... -- lamentava -- Ou abandonei? -- sentia-se culpada

 

--Claro que não, amor... -- fazia um carinho na cabeça da astrônoma -- Você não abandonou ela. Ninguém abandonou! -- falava mansamente

 

--Minha gangue tá desfalcada! -- Leda chorava com a cabeça na outra coxa da filha -- Minha amiguinha morreu... minha amiguinha, ah, não, não... -- chorava

 

--Não fica assim, mamãe... -- fazia um carinho na cabeça da idosa

 

--Ahahahah!!! -- Zinara e Leda gritavam e choravam ao mesmo tempo

 

--Ai, gente, assim vocês acabam comigo... -- Clarice chorava também

 

--Tia Ritinha, não, não... -- Adamastor chorava copiosamente com a cabeça no colo da esposa -- Eu fiz tudo por ela e ela se foi... não... não pode ser... -- sentia-se muito triste -- Eu fui ingrato, eu fui? -- perguntou como menino -- Ah! -- gritou desesperado

 

--Não foi ingrato... essa doença é que é fatal... -- Cecília respondeu mansamente

 

--Ah, dona Ritinha, tão boazinha! Devo tanto a ela... -- Rosa chorava agarrada no braço de Cecília -- Meu Deus, que tristeza, ave Maria! Ah! -- chorava

 

--Fica assim não, meu bem. -- a mulher tentava consolar a jovem

 

--Ahahahahah! -- Davi e Salomão choravam sentados no chão, cada um agarrado numa perna de Cecília -- Ahahahahah!

 

--Ô, gente, assim é pra me matar... -- começou a chorar também -- Também aprendi a gostar muito de dona Ritinha... Ai... -- gem*u -- Ah, meu Deus, vamos chorar que eu não tô podendo! Ah! -- gritou

 

--Ahahahahahah! -- e todos choravam

 

“Muitos perderam o emprego, Kitaabii, outros amargaram prejuízos consideráveis ou faliram e a concentração de renda tornou-se ainda maior junto a uma minoria. O governo se perdia em posturas negacionistas e genocidas...”

 

--CONVIDE-0?? Que nada! Isso é uma gripezinha de merd* que os comunalhas tão exagerando pra destruir meu governo! -- o presidente dizia -- O mundo me persegue!

 

--Aí, Princesa, a chapa tá esquentando! -- Getúlio chegava esbaforido em casa, deixando os sapatos na porta -- Nem chega perto de mim que eu vou tomar um banho de chuveiro e de álcool! -- foi até a dispensa pegar um balde -- Botar roupa pra desinfetar, tá ligada? -- encheu o balde com água e jogou desinfetante dentro -- Tomar banho! -- seguiu para o banheiro

 

--Que foi, meu bem? -- Raquel perguntou preocupada

 

--Aconteceu alguma coisa, pai? -- Deodoro queria saber

 

--Tô sabendo que a CONVIDE levou pra vala quatro sangue bom que tava no batente lá na obra comigo, aí! -- contou preocupado -- E hoje o fiscal das parada já ralou peito direto pro CTI. Tá entubado! -- entrou no banheiro -- Depois a gente conversa. Fui! -- fechou a porta

 

--Ralou peito pro CTI? -- Isabel repetiu sem entender

 

--Mãe, não tem perigo do meu pai ficar doente? -- o menino perguntou temeroso

 

--Se Deus quiser, não, querido! -- respondeu aflita -- "Meu Deus, livra a gente desse mal!” -- pediu mentalmente

 

--Máscara? Álcool em gel? Isolamento social? -- o presidente questionava -- Vamo deixar de viadagem, porr*!

 

--Tem cliente? Quantos? -- Akemi perguntou para sua secretária

 

--Nenhum... E nem tem ninguém agendado... -- a mulher respondeu desanimada -- Igual na semana passada...

 

--Assim Akemi fecha clínica, né? -- concluiu com tristeza -- "Prejuízo...” -- pensou

 

--Ocês num sabi o qui acabei di vê nu LivrodasFuça! -- Amina falava com os parentes -- Alembra daqueli fio di ya Rafi? Tar di Bagdhadhi? Morreu cum as CONVIDE!

 

--Avi Maria! -- Raed, Georgina e Ahmed exclamaram ao mesmo tempo

 

--Agora é que o clubi acabou-si di veiz! -- Catiúcia exclamou

 

--As associação e o museu já tinha si lascadu! -- Raed comentou -- Só sobrô o clubi e o mercadinhu, mais quasi ninguém ia!

 

--E dipois da morti di Bagdhadhi fechô! Tá ditu lá nu LivrodasFuça! -- Amina foi logo dizendo

 

--Rebeca me disse que uma tia dela bem morreu de CONVIDE ontem. -- Hassan comentou com tristeza

 

--Nóis já perdemu mãe Agda e mais essi tantu di genti qui morri... -- Catiúcia lembrou pesarosa -- Quem mais, hein? É só nutiça di morti!

 

--Pensa nissu não, muié! -- Ahmed pediu carinhosamente -- Tem fé e cunfia!

 

--Pessoal fica falando aí em negócio de vacina... Vacina serve pra que? -- o presidente concedia uma entrevista -- A gente nem sabe se essa doença existe mesmo! Agora todo mundo que morre, nêgo diz que é CONVIDE. Vamo parar com isso, porr*! -- abriu os braços indignado

 

--Que foi, benzinho, que carinha é essa?? -- Fred perguntou preocupado quando o marido desligou o telefone -- Que ligação foi essa que te abalou tanto? Quem te ligou? -- colocou as mãos na cintura

 

Gilson deu um suspiro profundo. -- Fui demitido... -- abaixou a cabeça -- Por telefone!

 

“Gentem, para tudo!” -- Fred pensou em estado de choque

 

--Amor, eu pensei muito e decidi que de agora em diante vou tocar o asilo junto com você! -- Graziela falava mansamente -- Assim como João fazia! -- prometeu

 

--Querida... -- Paula emocionou-se com o que ouviu -- Não é a mesma coisa que um voluntariado esporádico. João e eu ficávamos aqui o tempo inteiro. E se um faltava, o outro tava lá pra cobrir essa ausência!

 

--Eu sei! E quero fazer exatamente assim! -- reiterou -- Não é porque essa maldita doença o levou, que até os sonhos dele têm que ser levados também! -- segurou as mãos da amada -- Eu cresci, amadureci e sei que quero viver isso com você! -- falava com intensidade

 

--Mas... e o seu trabalho? -- perguntou preocupada

 

--Quando eu tiver que voltar pro expediente presencial, ainda assim estarei aqui ao final de cada dia de trabalho! -- sorriu por baixo da máscara -- Até morrer!

 

--Own... -- colaram testa com testa

 

--Tem que fazer tratamento preventivo, porr*! -- o presidente se pronunciava -- Vitamina C, um comprimido de hidroxinasesquina pra dentro e uma dose de branquinha no final do dia, não tem errada, tá ok? Não vai pegar CONVIDE-0!

 

--Oi, desculpe ligar, eu não queria ser inconveniente... -- andava de um lado a outro no laboratório -- Consegui esse número na secretaria do Departamento de Geologia e fiquei aflita pra saber notícias. Meu nome é Cátia, sou orientadora do pós doc da sua filha e... -- foi interrompida -- O que?! -- ficou sem chão -- Mas quando...? -- controlava-se para não chorar -- Meu Deus, olha, eu... -- não sabia o que dizer -- Minhas mais sinceras condolências! Se a família precisar de qualquer coisa me deixe saber, por favor! Sua filha era muito querida por todos nós aqui. -- ouviu a resposta do outro lado -- Eu vou lançar um comunicado, uma nota de pesar em respeito a ela. -- pausou brevemente -- Tchau. Fiquem com Deus! -- desligou o telefone, andou sem rumo pelo laboratório e discou outro número -- Alô, Jaque? Tudo bem? -- ouviu a resposta -- Queria te pedir um favor: enviar uma nota de pesar pra todo mundo no Departamento. -- ouviu a resposta -- Você não vai acreditar... -- derramou algumas lágrimas -- Comunique o falecimento da nossa querida aluna de pós doc, Vanessa... -- começou a chorar -- Ela se foi hoje, às nove e cinco da manhã no hospital... -- não aguentou mais falar e chorou

 

--Não interessa que tem gente morrendo. Todo mundo vai morrer um dia, tá ok? Parar com essa viadagem de ficar contando morto; não sou coveiro! -- o presidente discursava -- O importante é não deixar a peteca da economia cair! Vamo sair, vamo trabalhar, vamo consumir e o que tiver de ser, será! -- gesticulou

 

--Nesse ano, o natal vai ser diferente de todos os outros. Nossas festividades tão queridas na roça não vão poder acontecer. -- Zinara falava sentada à mesa -- Ficaremos só nós três aqui... -- segurou uma das mãos de Clarice e de Leda -- Mas pelo coração, todos os nossos estão ligados à nós! -- olhou para as duas mulheres -- Oh, yalli ghayeb w sayeb feea hawak, lessa bastanak! (Oh, você que está ausente e longe, seu amor está dentro de mim!)

 

--Estaremos sempre unidos, não importa o que aconteça e não importa aonde estejamos! -- Clarice respondeu emocionada

 

--Minhas meninas... -- Leda exclamou sorridente para as duas -- Que Deus abençoe sempre essa família! Usritina! (Nossa família!)

 

--Smallah! -- a astrônoma exclamou surpreendida e feliz -- "Até ya Leda falando termos na língua de Cedro!” -- pensou toda prosa

 

“Não, não foi um período normal. Mas quem sou eu para falar de normalidade? Uma refugiada que viu a vida mudar completamente por causa da guerra... Porém, ainda assim, 2020 foi diferente de tudo! Um vírus, um mísero e invisível vírus, virou o mundo de pernas para o ar.

 

Ma 7adi 2al khabar yefara7na (Ninguém disse uma notícia que nos deixasse felizes), mas eu prefiro pensar que é melhor ter ficado e continuar aqui isolada, do que sofrendo na guerra ou num leito de hospital.

 

Graças à tudo que Maama Latifah (Mãe Gentil) decidiu e implementou coletivamente conosco, Allah nos abençoou e nenhum de nós foi vítima desta doença infeliz em nossa fazenda.”

 

--Tão dizendo aí que tem muita gente morrendo no país por causa de CONVIDE. Coisa de cem, duzentas mil pessoas, tá ok? Eu acho que isso é tudo mentira desses vermelhos pra desmoralizar meu governo! -- o presidente dizia -- Andei conversando com a rapaziada dos cemitério e eles disseram que só dá caixão vazio, tá ok? Tô pensando em fazer uma CPI nas funerárias!

 

 

CAPÍTULO 199 – Ponto de Inflexão

 

Muito tempo depois, Zinara chegava na sala de professores quando foi imediatamente abordada pela secretária.

 

--Professora, lhe procurei por todo canto! -- Roberta foi logo falando -- Um professor que tá lá nos estrangeiro telefonou feito doido, bem umas três vezes querendo lhe falar! -- gesticulou

 

--Eu tava dando aula na ala B. -- respondeu de pronto -- Qual o nome dele, você tomou nota, min fadlik (por favor)?

 

--Anotei, deixe ver. -- pegou um papelzinho e leu -- Tal de Gustavo. Ligou de uns observatório sei lá de onde!

 

--Gustavo Maia! -- lembrou-se imediatamente -- Ele tá estudando no Observatório de Uruba no Hemisfério Sul! É um professor da equipe de São Sebastião que trabalha comigo! -- ficou excitada -- "O que será que houve?” -- pensou -- "Oh, Aba, ana mareed! (Oh, Deus, estou passando mal!)” -- sentiu o coração acelerar

 

--É, ele tá nesses canto aí! -- Roberta concordou

 

--Chukran! (Obrigada!) Vou ligar de volta agora! -- entrou na sala rapidamente e logo buscou o telefone -- Cadê o número dele? -- procurou em suas coisas e encontrou -- Pronto! -- digitou e aguardou

 

--Zinara, graças a Deus você me ligou de volta! -- o homem foi logo dizendo -- Teu celular só dava fora de área e na tua secretaria ninguém te achava!

 

--Dei aula em outro pavilhão hoje. -- respondeu de imediato -- Mas me diga, o que houve? Kifel haal? (Como vão as coisas?) -- foi direto ao ponto

 

--O negócio é o seguinte: providencia tua viagem e vem pra cá o mais rápido possível! -- o colega pediu -- Acho que encontrei!

 

A astrônoma congelou. “Oh, Aba, o Planeta Nove!” -- pensou com o coração a mil

 

“Tão logo a comprovação de existência e localização do Planeta Nove foi noticiada, a novidade varreu o mundo, Kitaabii. No primeiro momento parte da comunidade científica se opôs exigindo mais provas, no entanto, alguns satélites e telescópios espaciais confirmaram o achado a ponto de não haver dúvidas. Uma onda de fanatismo se precipitou em várias partes do planeta, com grupos de pessoas promovendo o suicídio coletivo. Meus estudos anteriores foram revisitados, debatidos, comentados e todas as teorias que sempre defendi viraram tema recorrente em uma série de periódicos científicos, além de manchete em vários telejornais de países diversos.

 

A mim, tudo parecia inacreditável...

 

Eu não sabia, Kitaabii, mas apesar de ter participado de apenas uma única reunião, meu nome continuava na lista da comissão de representantes de Terra de Santa Cruz nas Nações Amigas. E um dia, eles me convocaram... Nafsi a2oulak, Kitaabii, 3la elly ana feeh, w elly 7ases beeh! (Quisera eu poder lhe dizer, Kitaabii, o que pensei e o que eu sinto!)”

 

Zinara seguia caminhando de cabeça erguida ao lado de Clarice e de outros três membros de Terra de Santa Cruz ao longo de um extenso corredor que se comunicava, ao final, com a plenária das Nações Amigas. Líderes de todos os países do mundo aguardavam ansiosos e repletos de temor.

 

--Doutora Zinara, por favor, seja sucinta e objetiva! -- o Ministro de Ciência e Tecnologia solicitou educadamente -- Todos aguardam ouvi-la dizer o que a aproximação desse planeta intruso vai gerar de consequências pra nós e como minimizá-las! -- ajeitava a máscara

 

--Senão evita-las! -- o assessor complementou

 

--O Planeta Nove ainda não terá seus efeitos sentidos, mas temos que agir desde já! -- a astrônoma respondeu seriamente

 

--Agir e não protelar! -- Clarice observou

 

--Finally! (Finalmente!) -- um homem que aguardava em frente a uma porta dupla fez sinal para duas mulheres que a abriram -- Please! (Por favor!) -- deu passagem à comissão

 

Um homem usando máscara colorida indicou à astrônoma a direção do púlpito e solicitou que os demais ocupassem os assentos dedicados à Terra de Santa Cruz.

 

--Oh, Sahar, ore por mim! Tô tão nervosa! -- segurou as duas mãos de Clarice -- Se eu falar uma bobagenzinha que seja, ya sheen theek izziwaya? (o que será de mim?) -- sentia-se insegura

 

--Você não vai falar bobagem alguma, meu amor! -- olhava nos olhos -- Usritina (Nossa família) ora e torce por você, assim como eu! Vai lá e deixe os pensamentos fluírem. Você sabe exatamente o que deve ser dito e o que não souber ou esquecer, os bons guias vão te orientar! -- fez um carinho no rosto da esposa

 

--Min fadlik qulha maratan 'ukhraa! (Por favor, diga de novo!) -- brincou para aliviar a tensão e respirou fundo -- Lá vou eu! -- soltou as mãos da amada e se dirigiu para o púlpito

 

--Vai dar tudo certo, amor! -- Clarice sussurrava consigo mesma enquanto buscava seu assento -- Você não tá sozinha!

 

--E não tá mesmo! -- Valentina concordou dos Espaços

 

Enquanto aguardava o sinal para iniciar o discurso, a astrônoma lembrou-se de um fato ocorrido há muitos anos atrás.

 

“-- Uma grande mudança vai acontecer e quando todos perceberem isso, vão te procurar e você vai guiar muitas pessoas... -- Zahirah gastou uns segundos calada -- Eu sinto... -- fechou os olhos e depois de mais algum tempo olhou para a menina e falou solenemente: -- Zinara, habibi, Yatamanna... -- sorria -- preste muita atenção e jamais esqueça das palavras que ouvirá agora! -- aconselhou -- Você não deve desistir, não pense nisso em hipótese alguma. Acredite, lute e mantenha seu coração limpo que tudo dará certo! Você tem uma missão muito importante a cumprir, pois no passado, usou sua inteligência para o mal, tornou a guerra mais perigosa e foi a responsável por muita dor e muito sofrimento. Agora é o momento de mostrar que essa mesma inteligência pode trabalhar pela vida e não mais pela morte! -- segurou as mãos da menina -- Quando você for chamada para liderar as pessoas, alguém muito importante estará do seu lado! -- falava com propriedade -- E nesse momento, você irá cumprir o papel que lhe cabe de cabeça erguida, mas sem arrogância e sem alimentar em seu peito qualquer ilusão. Estamos todos interligados e ninguém faz coisa alguma sozinho! -- a morena parecia enfeitiçada ouvindo a outra -- E daí, você vai se lembrar de todos aqueles que lhe ajudaram a chegar lá e será grata por tudo que recebeu. Dedicará cada fruto de seu trabalho ao povo que é o seu e ao povo que lhe acolherá como filha. -- pôs uma das mãos sobre a cabeça dela -- Smalla'Alik! (Deus proteja você!)”

 

Com olhos marejados por uma emoção contida, a astrônoma começou a falar. Havia preparado uma apresentação para ilustrar os pontos principais que seu discurso pretendia esclarecer. Um telão imenso reproduzia o conteúdo, que foi posteriormente compartilhado por milhares de pessoas ao redor do planeta.

 

--Vou lhe dizer, -- o ministro sussurrou para Clarice -- esse discurso dela pode não mudar o mundo, mas com certeza vai abalá-lo! -- admitiu apreensivo com o que ouvia

 

--O que acontece desde que o Planeta Nove foi encontrado até agora é simplesmente um ponto de inflexão! -- a paleoceanógrafa olhou para o homem -- Não é Zinara quem vai mudar o mundo, mas os fatos! -- afirmou profética

 

“Meu discurso durou uma hora, Kitaabii. Fui crivada de perguntas e as lideranças mundiais me pareciam crianças mimadas se recusando a aceitar a realidade. Porém, tudo que eu deveria dizer, foi dito. Fiz exatamente o que minha ar-rabiic (a primavera), Zahirah, me orientara na infância. E acabei involuntariamente me lembrando de tudo que vivi e de todos os que me construíram e construíram junto comigo.

 

Ao longo da vida dediquei cada fruto do meu trabalho ao povo que é meu: “Qalbu ash-Sharq lil-Abad... (Coração do Oriente, para todo sempre...)”

 

E ao povo que me acolheu como filha: “Dos filhos deste solo és Mãe Gentil, oh, Pátria Amada...”

 

E assim será até meus últimos dias, Kitaabii!”

 

 

CAPÍTULO 200 – Finalmente: O TAO

 

No coração de Guaiás, a fazenda ostentava sua beleza radiante naquela estrelada noite de dezembro. A decoração, repleta de flores de todas cores, contava ainda com laços coloridos amarrados em armações de liga leve que serviam de apoio à estrutura flutuante provisoriamente erguida para proteger do sereno. Luzes projetavam jogos de cores alegrando o ambiente de forma dinâmica e imagens, como fotografias virtuais, pairavam por todos os lados. Lanternas coloridas, carpetes vermelhos e almofadas decoradas com frisos dourados davam os retoques finais.

 

A mesa farta contava com delícias de Cedro, Suriyyah, Al Maghrib e de outros países do Oriente e do norte do Continente Negro, além das maravilhas de Guaiás e Cidade Restinga.

 

A música se fazia ouvir em todas as partes, graças aos drones que se movimentavam alternadamente com minúsculas mas poderosas caixas de som.

 

“Eeeu te vi e já te quis,

Me vi tão feliz,

Um amor que pra mim era sonho...”

 

--Surpreendente provar, do que eu só ouvi falar e você resolveu me mostraaar... -- Zinara cantarolou baixinho para a amada -- Há exatos 30 anos atrás cantei essa canção pra você. Lissa faker? (Você lembra?) -- dançavam

 

--Eu nunca esqueci do dia mais lindo da minha vida! -- beijou-a nos lábios

 

“Logo eu que nem pensava,

Eu não imaginava, te merecer...”

 

--Ocê lembra qui eu cantei issu nu casório di Zinara, amô? -- Ahmed dançava com Catiúcia -- Inté qui eu dava pru gastu, num sabi? -- brincou

 

--E ocê cantô fui muitu du bunitu nus nossu aniversáriu di casório. Dez anu, quinze anu, vinte anu e pur aí vai... -- a mulher respondeu sorridente

 

--Agora eu sô iguar um patu rôcu, mais inda cantu procê! Só procê! -- beijou-a

 

“E agora sou o dono desse amor,

Eu nem quero saber porque,

Eu só preciso viver...”

 

--Fomos nós quem levamos as alianças pra elas. -- Deodoro se lembrava -- Eu quis tanto me casar com você naquele dia... -- dançava com seu amor -- Não tem ideia do quanto! -- sorriu

 

--Nós nos casamos desde a primeira vez que nos vimos, habibi! -- Khadija respondeu amorosa -- Depois o tempo apenas nos deixou formalizar o que o coração já havia decidido! -- beijaram-se

 

“O resto dessa vida com você,

Com você,

Iêiê...”

 

--Vem, amor, vem dançar! -- Aisha se levantou animada -- Essa festa aqui tá um verdadeiro de volta para o passado e eu quero me lembrar daquela época em que meu corpitho ainda era têúdêô: TU-DÔ! -- puxou a outra pela mão

 

--Ai, não, pelo amor de Deus! -- Janaína reclamou -- Eu tô com uma dor nos quartos... -- fez uma careta -- E hoje o lumbago das pernas tá me matando! -- fez uma careta

 

Aisha revirou os olhos.

 

“Te vi e já te quis,

Me vi tão feliz,

Um amor que pra mim era sonhooo...”

 

--E o que mais você quer fazer comigo hoje, hein, minha caipirinha safada? -- Clarice perguntou melosa -- Depois dessa surpresa maravilhosa? -- envolveu o pescoço da outra enquanto dançavam

 

--O que desde o início sempre amei, o que mais gosto e sempre quero, Sahar... -- olhava nos olhos -- Bousa ala shafayef! (Beijo nos lábios!) -- beijou-a

 

“Ô, meu Deus, os anos passam e minha bousa nunca sai de moda!” -- Clarice pensou embevecida

 

“Surpreendente provar,

Do que eu só ouvi falar,

E você resolveu me mostrar...”

 

--Raquel, cê não acha que já passou da idade de comer assim a uma hora dessas? -- Cecília perguntou -- Traçar uma torta imensa sozinha? Olha a glicose, colesterol, triglicerídeos... -- reparou nas gordurinhas da outra -- E teu shape já não tá dando conta, né, filha?

 

--Humpf! -- fez um bico -- Vê lá se fui eu que fui tomar banho de cachoeira e ficou cheia de dor nas costas? -- respondeu desaforada enquanto cortava mais um pedaço de torta -- Eu, hein? Tortinha à toa, que mal há? -- mordeu um pedaço

 

“Logo eu que nem pensava,

Eu não imaginava, te merecer,

E agora sou o dono desse amor...”

 

--Oxe, que esses meninos só vivem pra se arengar! -- Hassan ralhou com os filhos -- Não tão vendo a mãe de vocês dando de mamar pro irmãozinho?

 

--Deixa o irmãozinho mamar bonitinho, deixa? -- Rebeca pediu amavelmente

 

--Vai ficá quétu agora! -- Georgina colocou o neto mais velho sentado em seu colo -- Pará cum essas consumição! -- beijou a cabeça do menino

 

--Foi ele que começou, vó! -- o pequeno Khaled acusou

 

--Foi ele, pai! -- Ismael argumentou quando Hassan o colocou sentado em seu colo

 

--Quero saber disso, não! -- beijou a cabeça do filho

 

“Eu nem quero saber porque,

Eu só preciso viver,

O resto dessa vida com você...”

 

--Ocê imaginava qui um dia nóis ia sê avô? -- Nagibe perguntava a Dora enquanto dançavam -- E qui nossus fio ia sê dotô?

 

--Anêim, mais tô adorandu! -- sorriu -- E vivu cheia dus orguio!

 

--Remexe mais divagá qui eu já tô veínha, homi! -- Penha brincou com o marido ao dançar -- Dô conta di muita ginga, não! -- riu

 

--Panela véia é qui faiz cumida boa, muié! -- Cid brincou também

 

“Que nem pensava,

Não imaginava em te merecer...”

 

--E agora sou a dona desse amor... -- Zinara mais uma vez cantarolou -- Eu, nem quero saber porque, eu só preciso viver... -- sorria -- O resto dessa vida com você... -- olhava carinhosamente para a amada -- Fi keda? (Existe alguma coisa assim?) -- perguntou sedutoramente

 

--Você e eu somos pra sempre! -- Clarice respondeu apaixonada -- Dayman! (Sempre!) -- beijaram-se

 

--Eu olho pra tia Clarice e tia Zinara e só consigo desejar que entre nós seja assim pra sempre! -- Isabel olhou para a amada -- Quero você comigo até o fim dos meus dias, Safia!

 

--Antes de sermos quem somos, nosso amor já existia! -- Safia respondeu convicta -- E quando passarmos, nosso amor permanecerá. Ashwa2i w 7anani kellon la ilik! (Todos os meus anseios e minha bondade são para você!) -- sorriu

 

Isabel apenas suspirou.

 

“Com você, com você,

O resto dessa vida com você...”

Logo Eu – Jorge & Mateus [a]

 

“Sim, Kitaabii, não tenho escrito por muitos anos, você deve ter percebido... Mas uma sucessão de coisas aconteceram e o tempo me pareceu correr além do que o calendário marcava. Quando dei por mim, notei que deixei meu Yoom Kitaab (Livro dos Dias) em branco. Ya wail... (Que pena...)

 

Muito se fez depois que o Planeta Nove foi confirmado. Sahar e eu trabalhamos com diversos grupos de pesquisa ao redor do mundo, ao final sempre com interferências políticas de gente que buscava desmentir a realidade ou queria agir de forma acertada. O programa de Pós que Sahar coordenou até se aposentar, cresceu espalhando núcleos por vários países e a farsa climática foi enfim sepultada. Não mais discursos que só se impunham sobre as nações ditas subdesenvolvidas ou subterfúgios como “créditos de carbono”. As consciências foram despertas para os problemas reais e a preservação do planeta foi calcada em bases verdadeiras e não de conveniência.

 

Quando a primeira pandemia de CONVIDE-0 permitiu, pudemos enfim retornar ao convívio dos nossos e tivemos a oportunidade de conhecer pessoalmente os primeiros refugiados que camma Najla abrigou na fazenda. Lembro da emoção incomum que tive com a pequena Safia em meus braços.”

 

--Oh, aba! -- Zinara exclamou abraçada à criança -- Sadde2ni lamma 2oul, (Acredite-me quando eu digo,) não há palavras que descrevam minha alegria! -- não conseguia explicar sua emoção

 

Safia respondeu com os olhos fechados. -- Sho entartik hata etlaaeeni! (Como eu esperei para você me encontrar!)

 

“Nossa afinidade com Sara a trouxe para trabalhar como cientista de dados no escopo de nossas pesquisas sobre o clima sediadas em Cidade Restinga. E mãe e filha foram morar junto com ya Leda, à convite dela.”

 

--Podem ir chegando e se acomodando! -- Leda recebia as duas -- Tem espaço pra todo mundo! -- sorriu

 

“E quando Sara se foi, graças a um infeliz acidente, Safia tornou-se nossa filha: minha e de Sahar!”

 

--Querida, eu não tenho palavras! -- Clarice exclamou ao final da apresentação -- A estruturação do banco de dados que você fez pra gente é... -- não sabia como dizer -- Ficou perfeito! -- gesticulou -- E todas as análises estatísticas que você fez... -- balançou a cabeça -- Nossa, foi um salto de qualidade imenso aqui! Tem material de sobra pra muitas publicações relevantes e necessárias! Graças a você, agora sabemos que nossos dados nos permitem chegar a conclusões que antes nos passavam despercebidas!

 

Sara ficou toda prosa. -- Eu lamenta ainda não saber falar a língua daqui muito certa, mas... Sara fez o que podia e fica feliz de ajudar! -- sorriu

 

--E Sara fez maravilhas! -- Zinara respondeu brincalhona -- Mabrook! (Está de parabéns!) -- sorriu também

 

Após algumas discussões técnicas e considerações finais, o grupo se despediu e apenas Clarice, Zinara e Sara ficaram no auditório.

 

--Nós vamos apenas fazer algumas coisas rápidas e daí iremos embora. -- a astrônoma falou para Sara -- Espera um pouquinho, por favor, e vamos todas juntas pra casa. -- olhou para Clarice -- Pode cuidar de suas coisas e itrouk el baqi a’alateh (deixe o resto comigo). Desligo o sistema de apresentação e tranco o auditório. -- soprou um beijinho

 

--Tá bom, amor. -- a paleoceanógrafa respondeu -- Vem comigo, querida? -- falou com Sara e as duas saíram -- É coisa rápida. -- Clarice dizia para a outra -- Vou responder um e-mail, fechar minha sala, daí encontramos Zinara no estacionamento e vamos embora.

 

--Sara agradecer mas gostaria ir andando. -- respondeu gentilmente -- Eu gosta andar e querer caminhar na orla de Ponta Madura. Adora ver mar. -- sorriu

 

--Tem certeza? -- parou de caminhar e olhou para Sara -- Não é perto andar daqui até nosso prédio e você pode caminhar na orla depois que chegar em casa.

 

--Tem certeza! -- balançou a cabeça confirmando -- Não ter medo! -- sorriu

 

Clarice não gostou da ideia mas respeitou. -- Tudo bem, mas pelo amor de Deus, tenha cuidado! -- advertiu

 

--Ter cuidado! -- concordou -- Clarice pode cuidar de coisas suas que Sara sabe caminho! -- balançou a cabeça

 

--Tá bom! -- sentiu uma inexplicável vontade de abraçá-la e assim o fez -- Vai com Deus! -- afastou-se e voltou a andar

 

--Clarice? -- Sara chamou

 

--Sim? -- parou mais uma vez e olhou para trás

 

--Eu... Chukran! -- agradeceu -- Muito obrigado por tudo que vocês fazer por Sara e Safia! -- falou com certa emoção -- Sara ser muito feliz! -- não sabia porque dizia aquelas coisas -- E se um dia acontece coisa com Sara, cuida Safia! Eu confia vocês, família vocês e sabe que Safia quer viver aqui com vocês!

 

Estranhou ouvir aquilo. -- Não tem porque agradecer e não há de te acontecer nada de mal. -- não queria pensar -- Pode ter certeza que nós amamos sua filha como se fosse nossa! -- soprou um beijinho -- Se cuida e qualquer coisa, liga! -- pediu e retomou seu caminho

 

“Sara foi atropelada na calçada por um jovem que fazia brincadeiras irresponsáveis com a moto em plena orla de nosso bairro. Ele nunca foi identificado e ela desencarnou imediatamente com o impacto. Sem dúvida, esta foi uma das grandes tristezas que experimentamos, Kitaabii.”

 

--Você não ficará sozinha, meu amor! -- Clarice dizia carinhosamente -- Será a filhinha de nosso coração! -- sorriu com tristeza

 

--Se você quiser voltar pra fazenda, também tem esse direito! -- Zinara falava com jeito -- Nós respeitaremos os seus desejos. -- olhava para a jovem -- Ala hasb wedad albik... (Tudo depende do seu coração...)

 

--Meu coração está aqui e aqui desejo ficar! -- Safia respondeu emocionada

 

“Magali fez um excelente trabalho no Kanatá e integrou seu instituto ao programa de Pós de minha Sahar. Lúcia conseguiu um emprego como técnica em contabilidade e rodou por várias empresas até ter sido contratada pelo mesmo instituto de sua amada. As duas nunca mais voltaram a viver no país de origem, mas sempre que podiam vinham nos visitar ou nós íamos vê-las.

 

Leonor conheceu um homem de Paulicéia em um dos empregos que conseguiu no Kanatá e os dois acabaram se casando e voltando para viver na cidade dele. Por uma destas “coincidências” do destino, ela acabou vindo a trabalhar para Regina, que continua muito bem casada com sua Sarita.

 

Jamila e Cátia foram muito atuantes na luta em defesa dos interesses da maioria da população e ambas conseguiram imensas vitórias para o povo de Terra de Santa Cruz.”

 

--É com imenso orgulho que comunico aos senhores nesta Casa, a aprovação do Decreto Lei que re estatiza todas as empresas de águas e saneamento do país e proíbe a apropriação de fontes de água potável por entidades privadas ou pessoas físicas com finalidade de auferir lucros! -- o deputado anunciava na Tribuna

 

--Ahahahah!!! -- Jamila pulava e gritava abraçada com Raquel

 

--Aprovaram o Decreto com o texto que você preparou! -- Raquel afirmava com emoção -- Eles aprovaram, eles aprovaram! -- sorria

 

--Nós preparamos! -- secava as lágrimas do rosto com as mãos -- E tivemos muita ajuda, graças a Deus! -- olhou para o alto -- E a minha Meretíssima! -- reconheceu

 

--Nós não vamos sair daqui, enquanto o governo federal não promover um reajuste de verba para o ensino superior, médio e fundamental em todo país! Enquanto não promover um reajuste de verba para o Sistema Plúrimo de Saúde e acabar com esse plano de cortes anuais! -- Cátia liderava uma multidão de grevistas na Capital -- Pode vir polícia e o diabo, que a gente só sai daqui morto! -- falava ao microfone -- Vai ter que matar todo mundo! -- gritou

 

--Não ao corte de verba!! -- milhares de pessoas gritavam em apoio

 

--Presidente, pelo amor de Deus! -- um deputado pedia na surdina -- Veta o PL dos cortes porque senão eu não sei o que vai acontecer! -- falava nervosamente -- Tem uma multidão imensa aí fora e metade das tropas de choque jogou a toalha! Parece que até passaram pro lado desse povo! -- estava com medo

 

--Vetar? Agora! -- o presidente concordou apavorado

 

“Em todos estes anos, elas nunca deixaram de ser nossas amigas. Especialmente após o casamento de Júlia e Salomão em São Sebastião.”

 

--A gente vê eles pequenos e de repente casa, sai de casa, ai, meu Deus... -- Cátia chorava e gesticulava -- Essa menina, amor... -- olhou para a esposa -- Ah, vai casar, meu Deus... -- chorava

 

--Own, minha galega, Julinha cresceu... -- fazia um carinho nas costas da amada -- É assim mesmo...

 

--Ave Maria, nosso menino casando... -- Adamastor chorava emocionado -- É muita emoção prum pai... -- secava os olhos com um lenço -- Ai, meu Deus, se tia Ritinha visse isso... -- chorava

 

--Olha lá sua filha entrando na igreja de braço dado com seu neto! -- uma vizinha comentou com Cecília -- Que coisa linda, que orgulho! -- sorriu

 

--Neto, não! -- Cecília retrucou emocionada -- A mãe dele é minha filha mas ele não é meu neto! É filho de segunda geração! -- esclareceu -- Tem que abrir a cabeça, criatura, pensar fora do quadrado! -- limpou o nariz no lenço -- Mané meu neto, eu hein? Não sou vó! -- resmungou

 

“Ao longo dos anos, também vivemos outras emocionantes despedidas, Kitaabii. Como foi com ya Zezé...”

 

--Eu vou dormir aqui com ya sayyida (a senhora) hoje de novo! -- Zinara afirmou ao chegar na enfermaria -- Trouxe meu kit “caipira cuida de ya Zezé”! -- brincou

 

--Filha? -- chamou carinhosa

 

--Aywah! (Sim!) -- respondeu de pronto -- Pois não? -- olhava para a idosa

 

--Você foi a melhor coisa que me aconteceu! -- afirmou com muito carinho -- Te amo e nunca vou deixar de te abençoar! -- sorriu com olhos marejados

 

--Ô, ya Zezé, assim é pra matar a caipira... -- abaixou a cabeça disfarçando a emoção

 

“E ela partiu poucas horas depois daquela breve conversa, Kitaabii...”

 

--Ói, meninu! -- Raed mostrava uma espiga de milho seca para o neto -- Tá mi aparicendu umas praga qui num tô dandu conta, num sabi? -- reclamou -- E só num pedaçu dus terrenu!

 

--Vamos ver isso, giddu! -- Ahmed João recebeu a espiga das mãos do avô -- Conversei com um dos meus professores e ele me disse que a gente tem que dar uma olhada nas folhas e colher algumas amostras pra estudar lá na faculdade! -- foram caminhando pelo milharal -- Quando isso começou a acontecer mesmo? -- perguntou interessado

 

--Faiz coisa di um ô dois meis... -- Raed parou bruscamente de andar -- Ai! -- colocou as duas mãos no peito e derrubou o enxadeco no chão -- AH! -- gritou e caiu desmaiado

 

--Giddu? -- João correu até ele -- Giddu? -- ficou desesperado -- Gidda, camma Georgina! -- gritou -- Meu Deus, eu não tenho força pra levantar ele sozinho! -- começou a chorar -- Socorro!! -- gritou

 

“Baba sofreu de uma vez só e se foi num infarto fulminante.”

 

--Vocês querem me deixar mal acostumada! -- Leda falava sorridente -- Festa na roça, festa em Cidade Restinga e agora aqui? -- olhava para os parentes -- Três vezes comemorar o aniversário de uma velha? -- cruzou os bracinhos

 

--A velhinha mais querida do país! -- Clarice respondeu animada -- Tem mais é que comemorar mesmo!

 

--Mamãe, tem tanta comida que nem te conto! -- Raquel logo salientou -- A senhora merece!

 

--Aí, sogrona, formou: rumo aos cem! -- Getúlio desejou

 

--Vó, pra quem é o primeiro pedaço? -- Deodoro perguntou brincalhão

 

--Pra quem é? -- Isabel brincava também. Estava de mãos dadas com Safia

 

--Gidda Leda, se quiser a gente fecha os olhos pra não ver e não ter ciúmes! -- Safia brincou

 

--Eu vou cortar um grandão e vou dividir ele em fatias mais finas! -- fazia conforme falava -- Aí eu distribuo entre minhas três filhas, três netos e ninguém fica com ciúme! -- olhou para o genro -- E você não reclama, não, que nunca dei boa vida pra macho! -- fingiu que ralhava -- Fica com o segundo pedaço!

 

--Três filha, aí? -- Getúlio não entendeu -- Cecília não veio, malandragem... -- falava consigo mesmo

 

--Sou eu! -- Zinara reconheceu toda prosa -- Também sou filha de ya Leda! -- sorriu orgulhosa -- Jayed jedan! (Muito bom!)

 

“Ya Leda partiu no dia seguinte, na cidade que era a dela. Simplesmente dormiu e não acordou... Nossa velhinha era, a meu ver, a própria encarnação do espírito de São Sebastião, naquela alegria espontânea e contagiante que caracteriza o povo desta cidade. Suas frases características e tiradas sagazes não ficaram esquecidas e por várias vezes me pego rindo sozinha ao lembrar.

 

Perdão, Kitaabii, mas não vou descrever o quanto Sahar sofreu e chorou com a ausência da maama. Não foi a única! Ya Leda deixou saudades intensas dentro de todos nós, em todos os lugares por onde passou. Ausência presente em muitos corações...”

 

--Mamii, que achou desse busto que Leila fez pra você? -- Aisha perguntou para a fazendeira -- Cá pra nós, eu não levava fé na maluca, mas que artista, viu? Suriyyah que perdeu!

 

Najla admirava o trabalho. -- Eu achei maravilhoso, só não sei se mereço tudo isso! -- sorriu timidamente -- O carinho que todos têm comigo é... Nossa, nem sei o que dizer! -- olhou para a filha -- Quase morri de emoção na apresentação dessa arte ontem!

 

--Oh, minha Dona, é mais que merecido! -- Marco respondeu galanteador -- Graças a você, essa fazenda já está na terceira leva de refugiados, recebendo gente não só de Cedro e Suriyyah, mas de outros países do Oriente e do Continente Negro! -- comentava orgulhoso -- As pessoas estão trabalhando, produzindo e enriquecendo essa região! -- sorriu -- Não é desmerecido o seu doce apelido de Maama Latifah!

 

--Os anos passam e você sempre um galanteador! -- a mulher respondeu melosa

 

--Eu sou fã! Adorei quando a senhora comprou as terras daquele latifundiário que vivia parasitando aqui sem dar retorno de nada pra ninguém! Cara de cu! -- Úrsula se lembrava do homem -- É a senhora e sua filha! Os dois tesouros de Guaiás!

 

--E os dois tesouros têm dono, lembra sempre disso! -- Janaína rosnou ameaçadora

 

Úrsula engoliu em seco.

 

“Quando camma Najla se foi, decretou-se dia de luto em Terra de Santa Cruz, Cedro e Suriyyah. O governo de Guaiás emitiu um comunicado oficial e a foto que Aisha tirou e ya Marco disse que faria história, circulou pelas rede sociais ao redor do mundo.

 

Maama Latifah tornou-se um símbolo da paz e da tolerância, cumprindo brilhantemente sua missão de unir países e promover a paz. Ela fez tudo que prometeu e me orgulho imensamente em tê-la como minha querida e saudosa camma (tia paterna). Ela, que disse ter sido salva por mim, foi uma das grandes responsáveis por eu ter sido salva da escuridão que existia em mim mesma.

 

Ya Marco se foi um ano depois.”

 

--Sabi, muié? Onti eu tava alembrandu di Raed... Não qui tenha dia qui num alembri, mais cheguei a sonhá e foi tão vivu, qui inté paricia qui o homi tava juntu deu di novu!

 

--Num duvidu qui tivesse! -- Georgina respondeu balançando a cabeça pensativa

 

--Dipois di tudu qui passemu im Cedro, nus campu di refugiadu e das dificurdadi qui vivemu aqui, eu ficu filiz di vê meus fio bem criadu, bem casadu, meus netu fazendu seus caminhu... -- pensava alto -- E dá uma aligria qui chega dói vê o roçadu assim. -- apontou brevemente -- Tão bunitu!

 

--É uma buniteza, meis! -- a outra concordou

 

--Eu pudia passá us restu da vida oiandu... -- admirava a plantação -- Dá paiz...

 

--Dá meis... -- Georgina concordou novamente

 

As duas mulheres contemplavam o roçado sentadas em antigas cadeiras de balanço. Ficaram em silêncio por longos instantes apenas sentindo o bem estar que a paisagem trazia e o prazer da presença uma da outra.

 

Ao pôr do sol, Georgina se levantou e falou: -- Ói, eu vô passá im casa di Ahmed purque Catiúcia vai mi dá uma borsa nova! A essa hora ela já devi di tá im casa. -- comentou empolgada -- A sinhora qué qui eu faça arguma coisa antis di í? -- perguntou solícita

 

--Anêim! -- fez um gesto despreocupado -- Podi í, qui eu ficu aqui isperandu ocê vortá!

 

Georgina beijou a testa da sogra e se arrumou para partir. Amina permaneceu pensativa contemplando seu roçado.

 

“E assim ela se foi, Kitaabii... Contemplando o pôr do sol a dourar seu amado roçado no coração do país. Maama, a última de uma geração maravilhosa! Tamally waheshny! (Sinto muitas saudades!)

 

Sempre que olho para o cerrado e vejo o balançar incessante das folhas ao sabor do vento, lembro de maama e baba. Lembro deles quando vejo esta gente simples que planta aquilo que nos alimenta. Lembro quando vejo as aves no céu em seu voo despreocupado e sublime. Lembro quando vejo as águas dos rios fluindo em seu labirinto de caminhos. Lembro quando as flores nascem e pintam a paisagem de todas as cores. Lembro sempre que contemplo cada beleza natural que Deus nos oferta para nos lembrar que a felicidade não exige muito. Maama e baba partiram fazendo aquilo que gostavam, de consciência tranquila e exatamente onde gostariam de estar. Só posso agradecer ao Pai Amado por ter-lhes concedido tamanha bênção.

 

Claro que tudo isso trouxe grandes mudanças, além daquelas que o tempo naturalmente traz.

 

Ahmed João casou-se com uma colega da faculdade de agronomia e os dois se mudaram para a casa de maama e baba. Ambos transformaram o roçado em um dos grandes celeiros de Terra de Santa Cruz, assim como Khadija e Deodoro fizeram com a fazenda. Polos alimentícios que saciaram o país quando os tempos de fome vieram. Os dois casais tiveram duas meninas.

 

Devo dizer que Khadija e Deodoro são também agrônomos, sendo que ela tornou-se professora da Federal de Guaiás e conseguiu unir a Universidade e a fazenda de forma inteligente e lícita.

 

Ahmed fez um grande trabalho no centro, sempre sob a orientação espiritual de Youssef e mãe Agda. Posteriormente, Ahmed Lucas assumiu o seu lugar e tem se conduzido com muita sabedoria apesar da juventude. Para surpresa de muitos, ele e Cidmara se casaram e foram viver também na casa de maama e baba. Lucas se formou em técnico eletricista e Cidmara em pedagoga. Ela trabalha com o que sempre disse que faria: alfabetização. Os dois têm uma filha.

 

Georgina permaneceu vivendo em sua casinha e convivendo muito bem com seus novos vizinhos.

 

Ahmed Marcos tornou-se mecânico e abriu uma oficina próxima a casa do pai. Não se casou, diz que não deseja fazer isso, mas tem uma filha de uma ex namorada, que se tornou uma grande amiga. É um ótimo baba.

 

Ahmed Mateus é veterinário e se mudou para a fazenda logo que se formou. Diz que anda em busca de um amor para se casar.

 

Hassan e Rebeca se formaram naquilo que planejaram, moram em Gyn, têm três filhos e se dedicam à humanizar o tratamento daqueles que têm transtornos mentais e psiquiátricos. Além de atender na cidade, já auxiliaram a muitos refugiados na fazenda.

 

O pequeno Chede cresceu e se tornou arquiteto de sensores, tendo sido o responsável por implementar a internet das coisas na fazenda. Agora ele estuda com Ahmed João um jeito de fazer o mesmo na antiga propriedade de maama e baba. Está em vias de se casar com uma jovem refugiada de Cedro da segunda leva de imigrantes que aportaram na fazenda.”

 

--Menina, esse negócio de casamento sempre me dá um fogo! -- Aisha comentava assanhada -- Adoro! -- riu

 

Khalayla achou graça também. -- Aisha, vamos aproveitar enquanto temos tempo pra discutir a contabilidade do mês, min fadlik (por favor)? -- sugeriu -- Está tudo bem com as finanças, mas Yasirah quer fazer umas atualizações de TI e nós temos que discutir sobre isso.

 

--Honey, olha só. -- abraçou a mulher pelos ombros -- Eu só tenho que agradecer por você ter sido nosso braço direito contábil por todos esses anos, mas eu já tô muito veínha e desatualizada dessas modernidades. Yasirah é o Cão ch*pando manga em informática e quem sou eu pra discutir sobre isso com ela? -- caminhavam enquanto conversavam -- Janaína e eu já decidimos sobre nossa sucessão, porque não damos mais conta de tocar esse barco do jeito que fizemos desde que mamii se foi. -- contava -- De agora em diante você vai tratar com Elissa e teu baby Abdullah, que tão casadíssimos e vão assumir o comando no nosso lugar!

 

--Choo?? (O que??) -- perguntou surpresa e emocionada -- Você vai confiar a administração da fazenda a meu filho e sua esposa? -- olhava para Aisha

 

--De olhos fechados e sem pestanejar! -- respondeu sem hesitar -- Agora eu quero simplesmente ser uma velha fogueteira e olhe lá! -- riu

 

--Você jura que não tá triste por causa das coisas que aquela tal de Marina te falou sobre seus pais? -- Davi perguntou preocupado -- Uma mulher que apareceu do nada só pra te encher a cabeça de bestagem! -- resmungou

 

--Não tô triste, meu amor. -- Yasirah respondeu com a verdade -- E aquela mulher não me procurou com más intenções. Ela queria apenas atender o último pedido que minha mãe biológica fez antes de morrer. -- contava -- Passou anos me procurando... Imagine, minha mãe morreu ainda na primeira pandemia da CONVIDE.

 

--Mas você não ficou triste em saber disso? Que sua mãe biológica morreu em Godwetrust há tantos anos e que seu pai é um cabra que você também não conhece e nem sabe onde vive? -- reconsiderou -- Se é que vive!

 

--Meu baba e minha maama se chamam Cid e Maria da Penha. Isso é tudo que eu preciso saber! -- respondeu com um sorriso -- No mais, só peço que Deus guarde a alma de meus pais biológicos onde quer que estejam. Não tenho mágoas e nem vou sair numa busca pelas minhas origens. -- tocou o rosto do amado -- Depois do show de pirotecnia com drones que o melhor piloto do mundo fez pra mim ontem, não teria porque ficar triste! -- beijaram-se

 

--Smallah, mas olha a moda do meu grande amigo pra prestigiar meu casamento! -- Chede brincou ao ver o outro

 

--E quem disse que eu vou com essa prótese? -- Kalil respondeu brincalhão -- Pro seu casamento eu vou com uma prótese nova que imprimi hoje mesmo. -- piscou para o outro

 

--Quem pode, pode! -- respondeu bem humorado -- Você é o melhor técnico de impressão 3D que eu já vi na vida! -- aproximou-se do amigo -- Mas quero saber de suas habilidades com outras coisas. E aquela moça de Al Maghrib que fisgou seu coração? Já falou com ela?

 

--Então... Eu deixei pra falar com ela na sua festa de casamento... -- respondeu timidamente -- Sei que não sou velho, mas também não sou mais um jovenzinho. Beleza não é meu forte e meu físico é... bem! -- destacou suas deficiências físicas -- Projetei uma prótese nova pra usar amanhã e mostrar a ela que pelo menos posso ser habilidoso. -- explicava-se -- Warana ay? (Que mais se pode fazer?)

 

--E eu acreditando que era tudo pra me prestigiar, veja que caipira trouxa! -- riu divertido

 

--Fico muito satisfeita em ver Kalil assim, feliz, sorridente, mais seguro. -- Hana olhava para o homem -- Terra de Santa Cruz realmente foi um alento na vida de todos nós!

 

--Eu concordo, maama. -- Elissa respondeu de pronto -- Todos fomos e somos muitos felizes aqui! Até mesmo os que já partiram, como giddu Emir e gidda Kira, viveram dias de felicidade radiante nesta terra bendita! -- olhou para a mãe -- Só lamento por khaala (tia materna) Sara ter partido cedo demais... -- lembrou-se da tia

 

--Tamally waheshny! (Sinto muitas saudades!) -- Hana suspirou -- Mas cada pessoa tem seu tempo, habibi. E ela teve condições fazer com que seu conhecimento e inteligência contribuíssem para a grandeza deste país. E por que não dizer, do mundo?

 

--E você, maama? Sente-se feliz? -- perguntou interessada

 

--Sendo mãe da melhor filha do mundo? -- perguntou sorrindo -- Vivendo neste lugar e trabalhando pra fazer as pessoas se comunicarem devidamente? -- abriu os braços brevemente -- Como não ser?

 

--É... Hana, será que eu poderia...? -- Úrsula se aproximou reticente -- Queria falar contigo...

 

Elissa percebeu que o assunto deveria ser particular, cumprimentou as duas e se afastou.

 

--O que deseja? -- a mulher perguntou solícita -- Bitichkii min eh? (Qual é o problema? )

 

--Porr*, como é que eu vou dizer...? -- resmungou em voz baixa -- É... sabe aquela tua amiga da ONG que quebrou teu galho? Aquela tal de Haifa? -- gesticulava sem saber onde colocar as mãos

 

--Aywah. (Sim.) -- respondeu desconfiada -- Ela foi essencial pra que chegássemos aqui. -- cruzou os braços

 

--Pois é... e agora ela veio pra cá também, né? Demora muito vai ter uma festança, o clima ajuda a ter um entrosamento... -- não sabia como falar o que desejava -- "E a bicha tem uns coxão, que... porr*! Puta que pariu!” -- pensava na mulher

 

--E aí que você quer que eu te ajude a se aproximar dela? -- deduziu de pronto -- Já percebi que Haifa é... das suas. -- não sabia como dizer

 

--É... -- Úrsula corou -- E nós duas devemos ter a mesma idade, né? Uma terceira idade inteirona do caralh*! -- deu um soco no ar -- Foi mal! -- abaixou a cabeça

 

Hana acabou rindo. -- Eu não tenho o menor problema com isso, mulher! -- respondeu com a verdade -- E se quer saber, já vi que Haifa te dá umas olhadinhas significativas. -- comentou

 

--Jura?? -- respondeu empolgada -- "Depois de tantos anos na secura...” -- pensou esfregando as mãos -- "Alongar os dedos!”

 

“Lembrando de nossos amigos, Kitaabii, vêm à mente pessoas como Werneck, Bernadete e outros colegas do Departamento, todos aposentados como eu. Mas ficamos felizes em saber que bons ex alunos sucederam nossos nomes e a Universidade está em excelentes mãos.

 

Falando em mãos, ya Akemi trabalhou por anos a fio até conseguir se aposentar e ir viver em Maraguaó. Antes de sair por completo de nosso contato, chegou a me dizer que ya Julieta era reverenciada pelo tempo que viveu como pastora em uma igreja local naquela cidade, mesmo tendo partido há uns bons anos. Ezzai? (Como pode?)

 

E no rol dos aposentados, temos também a doktuur Cláudia, sempre presente e vivendo bem com seu esposo, mesmo após sua filha Bruna ter ido viver em São Sebastião, onde se casou e formou família.

 

Grazi e Paula continuam juntas e o asilo conta desde muito tempo com o trabalho de Rosa. Formada como assistente social, ela ajuda os idosos e se dedica muito às jovens e mulheres prostituídas. Grande amiga e filha de Cecília e Adamastor pelo coração, vive na casa que um dia pertenceu a ya Ritinha, com o homem com o qual escolheu para se casar.

 

Fred e Gilson ainda moram em Gyn e nunca perderam o contato conosco. Ambos acabaram desempregados ao final da primeira pandemia, mas ainda assim adotaram um cachorro e hoje tiram seu sustento de uma espécie de hotel para animais e pet shop que conseguiram firmar.

 

Lídia, aquela que nos ajudou com Hassan, casou-se com uma bióloga ecologista, tendo acabado por abraçar a questão das águas e trabalhou por muitos anos numa empresa de prospecção de lençóis freáticos. Ela também foi uma personagem importante nas lutas que travamos, como tem se despontado Júlia, filha de Jamila e Cátia, a qual além de cientista, desde cedo envolveu-se em questões políticas e é uma grande formadora de opinião em Terra de Santa Cruz”.

 

--Eu vou deixar a parte que fala de Safia e eu por último. -- Isabel falava consigo mesma

 

“Oh, Kitaabii, reconheço emocionada o quão Deus foi e é generoso comigo. Minha vida tem sido repleta de riquezas, mas aquele tipo de riqueza que nada consegue destruir ou consumir. Tantas pessoas incríveis fizeram e fazem parte de mim, tantas experiências que me divertiram, alegraram ou feriram, mas que invariavelmente me fizeram amadurecer.

 

Hoje percebo, aos 75 anos, que passei a vida em uma busca. A busca pelo caminho, pelo Tao, pela direção que fizesse de mim uma pessoa plena, completa e feliz. Só que agora mais que nunca me convenço que a felicidade não é o destino, o ponto de chegada, mas o próprio caminho; esse Tao que eu trilhei e trilho sob as bênçãos de todo Amor que por graça divina me foi dado nesta terra.

 

Disse o poeta que se o caminho tivesse um coração, ele seria bom. O meu está repleto de corações, Kitaabii, então posso dizer: ele é maravilhoso!

 

Olho para minha Sahar e repito por toda eternidade: Ana fy knt, wknt fy ly wAllah fyna (Eu em você, você em mim e Deus em nós)! Trinta anos de casamento. Trinta e seis anos juntas e o Infinito pela frente...”

 

--O que você faz aí, hayati (minha vida)? -- Safia perguntou ao se aproximar

 

--Ah, eu... -- retirou a tiara quântica da cabeça e desmanchou as imagens holográficas no ar -- Eu tava lendo o diário da tia Zinara... -- desligou seus equipamentos -- Encontrei uma série de arquivos nas coisas de tia Clarice quando estivemos lá em Cidade Restinga. -- deu um suspiro profundo -- Você acha que isso é invasão? -- perguntou receosa

 

--Laa, habibi... (Não, querida...) -- sentou-se de frente para a amada -- Você é uma curadora de memórias, não deixa de ser seu trabalho. -- segurou uma das mãos da outra -- E mais valioso esse trabalho se torna quando se trata de pessoas amadas, como maama Zinara e maama Clarice. -- falava com carinho

 

--Ainda é muito difícil pra mim, sabe? -- olhava para o chão -- Eu tava estruturando a narrativa da época do aniversário de 30 anos de casamento delas. -- contou -- Tanto amor, tanta felicidade e no ano seguinte tia Zinara se vai... -- balançou a cabeça contrariada -- E nesse ano, tia Clarice... E tudo num intervalo de tempo tão curto! -- lamentou

 

--Melhor assim, meu bem. Sinal de que elas não ficaram longe uma da outra por muito tempo. -- segurou o rosto da amada pelo queixo e gentilmente fez com que levantasse a cabeça -- Pense na beleza do reencontro! Imagine maama Zinara dizendo: arrab dhomenni me7taga lik lik we roo7y fik! (chegue perto, me abrace, eu preciso de você e minha alma está em você!) -- sorriu

 

Acabou sorrindo também. -- Você sempre me faz sorrir... -- admitiu

 

--A vida aqui é um estágio, meu amor. E assim como estágios não duram pra sempre, assim é uma encarnação. -- acariciava o rosto da outra -- Elas viveram o tempo que precisavam e nada mais. E viveram intensamente! -- salientou -- Alertaram as pessoas ao redor do mundo e com o fruto de seus estudos, ajudaram a mostrar a humanidade qual deveria ser o caminho a seguir. -- pausou brevemente -- Eu sinto saudades, te digo até que sinto saudades de muitos amados, inclusive de minha maama Sara e da gidda Leda. -- confessou -- Mas me conforta saber que estão bem, a salvo em alguma das muitas moradas na casa de nosso Pai e que cumpriram com a nobre missão que lhes cabia.

 

Gastou uns segundos admirando o rosto da amada até que resolveu falar: -- Desculpe, amor, mas eu não tenho a sua grandeza... -- respondeu ao suspirar -- Me sinto triste porque tô de luto e me preocupo com meus pais... -- gesticulava -- Mamãe tá com problemas nos joelhos e mais um monte de coisas por causa da obesidade e continua comendo muito! Papai tem aquelas complicações respiratórias porque pegou CONVIDE no passado e trabalhou muitos anos com pintura... -- passou a mão nos cabelos -- Tenho medo também por causa de tudo que tia Zinara dizia e das coisas que tia Clarice me falava do trabalho dela... Já passamos por muitas dificuldades e momentos tensos nessa vida, mas saber que agora vamos começar a sentir os efeitos daquele Planeta Nove e que as lideranças mundiais, e a humanidade como um todo, não fizeram nem a metade, nem um quinto do que tinham que fazer... Pior que todo mundo sabia, mas a maioria se fez de surda! -- ficava indignada -- Eu não sei se vou ter estrutura pra passar por tudo isso! -- levantou-se e ficou de costas para a esposa

 

--Uma coisa de cada vez, habibi! -- aproximou-se e a abraçou por trás -- O luto é uma tempestade no coração e toda tempestade passa... Vai passar, você vai aprender a conviver com estas ausências, assim como eu vou. -- encostou o queixo no ombro da outra -- Quanto a seus pais, min fadlik (por favor), sem ansiedade! -- pediu gentilmente -- Nós vamos ajudar em tudo que eles precisarem. E sei que o Di também vai, mesmo que não more aqui pertinho. -- garantiu -- E quanto ao mundo, você sabe que a grande transformação se aproxima e se estamos aqui, não é à toa e nem em vão! -- falava com firmeza -- A geração que preparou os caminhos fez seu trabalho e se foi! Nós somos a geração que vai cumprir com o que falta! E nós faremos isso!

 

Sentia muita confiança na força de seu grande amor. -- Você já fez tanta coisa! -- virou de frente para ela -- Uma grande escritora, influenciadora, pessoa caridosa... Eu não chego a seus pés!

 

--Sou exigente e se escolhi você, sabia muito bem o que tava fazendo! -- brincou -- Kan albi mounah agmal malak ykoon ma3ah! (Meu coração desejou o anjo mais bonito para viver com ele!) E eu encontrei meu anjinho! -- beijou-a ternamente -- Não estamos sozinhas, nunca estaremos! E nossos amados, principalmente maama Zinara e maama Clarice, estarão perto de nós por todo tempo que puderem! -- podia sentir

 

--Pode contar com isso, meu amor! -- Clarice respondeu dos Espaços -- Sempre que Deus nos permitir, estaremos com vocês!

 

--Muitas coisas virão e será duro, difícil e bem diferente de tudo que a humanidade já viu! -- Zinara dizia -- Mas vocês resistirão e como prometeu o Rabi: os mansos herdarão a terra! -- olhava ternamente para as mulheres -- Rahimaka Allah (Deus te abençoe), Safia e Bebel! -- derramou bons fluidos sobre ambas -- Que toda usritina (nossa família) irmanada em nome de Deus, em nome do Rabi e da Sagrada Mãe esteja firme para suportar os dias de dor que virão, pois depois deles, um novo Céu e uma nova Terra serão! O mundo será regenerado e os males que um dia conhecemos não terão mais lugar.

 

--Deus abençoe, queridas! -- Clarice fez o mesmo -- Paz na terra a todos os que habitam nosso amado planeta Água!

 

“E essa é a beleza do Tao, Kitaabii. O fluir das forças da vida na marcha que todos nós temos diante de nossos pés, o caminho por onde seguimos para poder crescer e ser feliz. Um dia elas estiveram nos Espaços velando por nós, inspirando e derramando bênçãos de Luz. Hoje éramos nós que do Infinito, sob a sagrada permissão divina, velávamos por elas e partilhávamos o Bem que podíamos prover. Esta é a grande sucessão da Vida, que segue invariavelmente no compasso desta dimensão imaterial que convencionamos chamar de tempo.

 

O Tao, que nada nos pede além de uma entrega sincera, usa as leis de construção – destruição – construção para, na sucessão de gerações e de mundos, moldar os seres naquilo que realmente somos, como imagem e semelhança divinas, no destino inevitável de ser feliz, por mais que nos atrasemos.

 

Essa história não acaba aqui, tampouco acaba hoje ou amanhã. O caminho não tem início nem fim. Ele se estende ao Infinito e assim seguimos na roda das encarnações. Que o Amor seja nossa força e a Esperança nossa Luz!”

 

“Nunca percas a esperança. Haja o que houver, permanece confiando.

Se tudo estiver contra e o insucesso te ameaçar com o desespero, ainda aí espera a divina ajuda. Somente nos acontece o que será de melhor para nós.

A lei de Deus é a de Amor e o Amor tudo supera.”

Joanna de Ângelis

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Música do Capítulo:

[a] Logo Eu. Intérprete: Jorge & Mateus. Compositores: Samuel Deolli / Filipe Labre. In: Os Anjos Cantam. Intérprete: Jorge & Mateus. Som Livre, 2015. 1 CD, faixa 9 (2min35)


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Comentários para 46 - FINALMENTE, O TAO:
PaudaFome
PaudaFome

Em: 14/06/2024

Que capítulo rico! Eu tive que reler pra assimilar a grande viagem no tempo nas amei demais! O Tao é uma obra divina!!!


Solitudine

Solitudine Em: 14/06/2024 Autora da história
Sim, foi uma longa viagem! Que bom ter você neste percurso!

Beijos,
Sol


Responder

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 15/12/2023

A vida definitivamente não é justa. O sofrimento que muitos passam e outros nem tanto, supor perder a identidade, moradia, trabalho e pessoas que amamos. 

Faltar água! Essencial e desperdiçamos tanto.  

Por que alguns com tanto e muitos com tão pouco? Como crer em um Deus? Como ter direito a pedir algo a Deus? Em que somos dignos de receber em detrimento de tantos em sofrimento?

Temos muito que evoluir. O livre arbítrio anda pegando o caminho errado, haja encarnações!

A Zinara definitivamente é uma "barba azul"! Kkkkkk Esta mulher tem um histórico enorme de relacionamentos até encontrar sua Sarah.

Parabéns! E grata pela leitura.

 

 

 


Solitudine

Solitudine Em: 16/12/2023 Autora da história
Olá querida!

Estou falando com a Joanna ou com outra pessoa? Depois me deixe saber, por gentileza.

Em Busca do Tao objetivou mostrar esse caminho, em meio aos desatinos causados pelas escolhas individuais e coletivas da Humanidade da qual fazemos parte, ainda tão perdida. Seus questionamentos são super válidos e pertinentes e não consigo pensar em resposta sem conceber a reencarnação. Tudo que vivemos é consequência de escolhas, o tempo todo escolhas, e Deus não é indiferente. Não há desordem. Até a própria matemática mostra que em meio ao caos há mais ordem do que se imagina. Não estamos seguindo para lugar nenhum; seguimos exatamente para onde precisamos ir e Deus segue conosco, por mais que não pareça.

Zinara é barba azul? kkkkkk Você achou? Que nada! Não foi um histórico tão enorme assim, é uma vida. rs

Obrigada pelo seu tempo, suas palavras e consideração. Espero que o conto tenha lhe trazido algum bem nessa sua busca pelo Tao da sua vida.

Beijos,
Sol


Responder

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Samirao
Samirao

Em: 18/10/2023

Habibem amore... talvez esse seja o CAPS mais vc mesma algum dia já escrito. É por isso o mais fodasticamente lindo!

Já revisei tudo aqui A Autora me aguarde huahuahua 


Solitudine

Solitudine Em: 11/11/2023 Autora da história
Obrigada!!!!!!!!!!!!


Responder

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Lando
Lando

Em: 30/08/2023

Essa é a história mais foda que li na porra da vida! Revolução árabe já!


Solitudine

Solitudine Em: 11/11/2023 Autora da história
Obrigado!!!!!!!!!!!!!
Meu único pesar com a revolução árabe foi o modo com acabou sendo cooptada pelos interesses dos "grandes" do Ocidente! Mas adorei a lembrança!
Beijos,
Sol


Responder

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Vanderly
Vanderly

Em: 23/04/2023

Sol, boa tarde.

Fato é que eu não imaginava que a autora me responderia um comentário tão rápido, e nem se quer pensei que o faria, visto eu chegar tão atrasada por aqui. Risos. Mas como aconteceu me vi no dever de trazer uma réplica; que eu amei a história é fato. Muito obrigada! Agora preciso ter coragem para encarar Maya. Risos.

Lamento quanto aos pedidos da tua maama. Não deve ser fácil a situação a qual ela se encontra, mas tenho para mim que um asilo não é algo para se pensar; a menos que a situação fosse o melhor para as duas. Ler sobre a tua mãe me fez sentir saudades da minha e isso me causa alguma tristeza, porque sempre penso que não fiz tudo o que podia por ela, e algumas vezes achei que o fardo estava muito pesado pra mim. Mentalmente eu perguntava para Deus: "até quando estarei vendo ela sofrer? Até quando suportarei essa situação." E quando Deus resolveu fazê-la descansar foi de forma repentina, e não houve tempo pra mais nada. Não pude me despedir, não pude mais dizer o quanto a amava, não houve um último abraço, e me restou apenas aquele sentimento de quê eu podia ter feito mais, mas não fiz, e isso é algo que dói demais. Então eu sempre digo: "cuida dos teus pais o quanto puderes, diga pra eles o quanto os ama e faça com quê eles percebam esse amor enquanto ainda estão nesse plano...

Espero que enquanto tu ler isso a tua maama esteja mais tranquila, e quê Deus lhes conceda o conforto necessário para vencer esses dias difíceis.

Abraços fraternos minha querida.

Vanderly


Solitudine

Solitudine Em: 23/04/2023 Autora da história
Olá querida!
Eu sempre respondo, mesmo que demore. É que foi uma feliz coincidência temporal. rs
Fiquei muito feliz de te ver lendo, mais ainda de saber que gostou. Maya tem seus dramas, porém é mais romântica e leve que o Tao. Eu me atreveria a dizer que você vai gostar.
Obrigada pelas palavras. Eu entendo perfeitamente porque a gente nunca acha que fez tudo o que poderia. É mais uma das coisas a aprender a trabalhar dentro do espírito e do coração.
Sua mãe onde quer que esteja, tem muito do que se orgulhar de você.
Beijos e abraços caipirescos,
Sol


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Alexape
Alexape

Em: 06/01/2023

Que viagem no tempo maravilhosa e envolvente! Aí se Tao virasse uma série na Netflix! Seria sucesso absoluto duvido que não! Melhor história sua! Você é incrível! Mata Alexa do coração ?? 


Resposta do autor:

Repetido. Beijinhos repetidos! rs

Sol

Responder

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Alexape
Alexape

Em: 06/01/2023

Que viagem no tempo maravilhosa e envolvente! Aí se Tao virasse uma série na Netflix! Seria sucesso absoluto duvido que não! Melhor história sua! Você é incrível! Mata Alexa do coração ?? 


Resposta do autor:

kkk Eu não tenho a menor pretensão neste sentido. Apenas te agradeço pelo sonho e pelas palavras!

Beijos,

Sol

Responder

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Seyyed
Seyyed

Em: 27/09/2022

O que dizer do fim? Perfeito como Perfeito foi o final de SEM. Suas histórias são maravilhosas incríveis como não se vê por aí. É uma pena que tu se esconda no fake porque alguém que escreve como tu tinha que ser conhecida por toda comu LGBT. Tu representa lindamentchê! Com um romantismo e uma poesia insuperáveis! Parabéns! Tu é uma artista. 


Resposta do autor:

Obrigada novamente por TUDO que você gentilmente me escreveu!

Agradeço de coração!

Beijos,

Sol

Responder

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Samirao
Samirao

Em: 06/03/2022

Oi habibem. Eu até reli o Tao e reconheço que é um conto lindo. Masss não me conformo da Jamila não ter ficado com Zinara. Não adianta que não engulo Clarice! Mas tá bem o conto é como vc fodastico bjuss


Resposta do autor:

Boa noite, querida!

Você releu? Essa me deixou surpresa. Que bom que você acha que, apesar do final não ser o que desejou, o conto é lindo.

Não misture ficção com realidade. É por isso que você não engole a Clarice. rs

Beijos,

Sol

Responder

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Zaha
Zaha

Em: 03/05/2021

Boa madrugada, Sol

É difícil saber o que falar, aqui, acho que é a primeira vez que fico sem palavras, nao sei o que dizer... e a inpiracao tá nublada.

Deixa eu ver, achei que sua escrita ficou diferente em relacao aos demais capítulos, nao para o lado negativo, está muito bom ,apenas diferente, senti que queria fechar gestalts com todos rapidamente,achei acelerado, tanto que acho que nem posso falar, porém você escreveu com muito sentimento como sempre, senti pelas perdas durante o Covid e no transcurso do tempo que vc levou a estória também, mas tudo tem um tempo de ser e cada um teve suas alegrias e tristezas e a hora de um chegou. Raed, fiquei mt sentida por ele. Amina faleceu em paz. Que melhor que vendo essa paisagem hermosa! Ya Leda que também já estava bem idosa, sentirei sua falta com suas tiradas maneiras. 

Você falou de tudo um pouco, esse Covide veio pra despertar, mas ainda temos muito que aprender, transitar a dor em amor, criar consciência e saber que somos responsáveis por esse planeta tao lindo e que temos maltratado. Educar os jovens para o caminho correto para que  transformem o mundo como Paulo de Freire sempre falou com outras palavras que n lembro exatamente,enfim! Espero que o futuro seja parecido com as cenas lindas que vc colocou, só queria ter aproveitado mais cada momento. O momento atual está muito difícil, perdas de todos os tipos, mas tudo tem sua finalidade por mais triste que seja, momento para refletir, amadurecer, tranformar nossas dores, enfrentá-las, para que o sistema melhore,porém tá existindo muita falta de respeito pelo próximo e esse presidente do Brasil já nem tem o que falar, é o pior que pode existir no mundo! Mas também vemos muito amor pelo próximo, muito trabalo solidário com os menos favorecidos, os que foram deixado de lado. Muita investigacao, mt crescimento na ciência, tenho visto, lido.  Prefiro ver essa parte, nao podemos decidir pelos demais, apesar que todos somos responsáveis um do outro, mas fazer o quê? Nao podem ver ainda,Respeitamos o quanto podemos e nos cuidamos e tentamos cuidar o próximo. 

O livro que vc tirou a frase de Joanna é " Vida Feliz"? Me pareceu! Mt bonito!

Desculpa minha falta de inspiracao, minha percepcao e observacao estao péssimas, nao sei, bloqueada total. Porém tudo está muito lindo,acredite, que eu tenha achado acelerado nao muda a beleza.

O que faz nosso coracao feliz? Estamos todos em busca do que viemos fazer,do nosso caminho,do que nos faz feliz. E o que nos faz feliz? A Busca do tao realmente é longa, nos criamos e recriamos todo o tempo, vamos reencarnando e sendo mais plenos a cada vida, até que possamos estar em plenitude total com nosso criador, somos parte dele.

Deus é sempre bom, talvez nem sempre possamos sentir, mas ele é justo e misericordioso, mas faz parte de nós também nos esforcar e aceitar que algumas coisas nao podem ser como queremos senao sofreremos sempre. Nao podemos controlar todas as variáveis como esse vírus por exemplo que chegou como um grande aprendizado onde tantos perderam pessoas amadas.

Muito bonito também as passagens finais, gosto de ver personagens envelhecendo, gostei ! Também ver Zinara e Clarice juntas, ver todos crescendo e construindo uma vida bonita.

Meu menor texto e ainda sem conteúdo,talvez um dia deixe algo melhor!

Desculpe, nao queria me despedir dessa estória tao rica assim, mas nem sempre se pode plasmar o que sentimos, mas agradecer que tenha se dedicado tanto em cada linha e colocado todo seu amor nele, tudo que aprendeu e viveu! Cada capítulo me deixou muito feliz, rindo,chorando, mas vendo também cada coisa boa que você nos mostrava. Porque afinal devemos tirar o melhor,nao? Uma boa estória deve no fazer refletir, descontruir velhos padroes e construir novas ideais. Mabrook!!

Cuide-se sempre e que a felicidade esteja sempre presente em seu coracao e que te dê forcas pros momentos complicados que se presentem!! Que o amor te preencha em todos os aspectos e que esteja sempre se sentido bem com o que veio fazer no mundo nao importe o que digam. Acho que você tem bem presente qual é seu caminho. Assim espero! 

Peco desculpas pelos momentos que te fiz passar mal com minhas palavras, às vezes tenho dificuldade de ser asssertiva ou me expresso de forma que o outro pense outra coisa,minha intencao nunca foi essa, apenas mostrar um outro panorama, mas nao importa qual a intencao seo outro se fere,entao nao esta bom!! E sinto por isso...

Beijos cheio de luz e amor,

com carinho,

Lai

 


Resposta do autor:

Bom dia, Lailinha!

Vi seus comentários hoje cedo quando acordei para correr. Agora vou responder enquanto estou aqui numa chatíssima reunião virtual (muito bom pois me distrai e o povo fala do que não me diz respeito ainda).

Você não precisa se desculpar por coisa alguma. E pode fazer sua crítica despreocupada pois gosto de ler.

A ideia não foi terminar correndo. Eu estava até com pena de terminar (tenho sempre saudades das personagens). Mas a narrativa foi mais pausada até a pandemia começar. E eu não queria também cair no auto plágio com o conto CONVIDE-0. Depois, não quis situar no tempo a descoberta do Planeta Nove nem tampouco detalhar o que virá. Senão seria uma outra longa história dentro da história. Daí usei o recurso da narrativa estendida no tempo e deixei claro o que eu queria mostrar: o caminho e o  Tao não têm começo nem fim. Foi acelerado e eu queria que vocês sentissem assim mesmo. A ideia era mostrar que todas as coisas passam menos o mais importante. 

Beijos,

Sol 

Responder

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Zaha
Zaha

Em: 03/05/2021

Boa noite, Sol!

Agora vai algo mais bonitinho! Tava mt anti Laila aquilo ali.

Fico muito feliz pelo final da estória e que tenha conseguido terminar mesmo com tantas coisas que passou durante a escrita e nesses anos. 

Como sabe, passamos por muitas coisas, mas elas nos faz crescer e se vê na sua escrita. O processo criativo às vezes é lento, outras vezes fluímos melhor, diante do que você relatou,natural a perda de inspiracao, motivacao, mas você buscou e encontrou com o tempo, reconectou e fez um final maravilhoso: Edificante, cheio de emocoes de por meio , risadas e pôde fechar gestalt, deu um lindo rumo à estória, apesar que achei que estivesse num kart de tao rápido que passou a vida de Zinara. Transmitiu o que você tinha em mente, ainda que teve que transformar , recrear e incluir, mas tudo caiu como luva, foi positivo pra todos, ao menos assim penso.

Obrigada por falar sobre como foi inspirada a estória,sinto muitíssimo pelas coisas que passaram depois, tanto com sua amiga, como outras vicissitudes que a vida te trouxe, porém sempre edificantes,nao?! Deus sempre nos mostra o melhor. Espero que ela possa ler um dia, vai amar, quem sabe nao tá lendo...

 Em Busca do Tao" me aportou um monte, me fez buscar, me diverti comentando,analisando do meu jeito simples, foi ótimo conviver por aqui, linda experiência!Levarei comigo. Me trouxe uma outra paixao depois da psicologia, a Astronomia e toda sua area de conhecimentos. O idioma que amo. Amo escutar suas músicas!! Muitas coisas subjetivas nas trocas de comentários tb. Me fez pensar sobre ideias que tinha sobre a roca(meu pc n tem a letra). Acho que finalizei a ideia hj pela manha!Também sobre você! Foi uma investigacao retada de boa!!

 Faltou você colocar o Dabke na estória, gostaria de ter lido a família de Zinara dancando.:)

Como disse, foi tudo muito lindo, de uma sensibilidade na escrita e intesidade também. Se sentia desse lado!! Das suas estórias, é a minha preferida, repito!

Espero de coracao nao perder contato! :(. Mas se vc tiver que ir e nao voltar mais, avisa pra eu me despedir. ...Ojalá que no! Se eu nao aparecer em alguma estória que vc poste por agora ou mais adiante nao é por desconsideracao ou outra coisa, é por saúde mental, oka?!

Beijo na testa, cuide-se!

Lai

 

 

 

 

 


Resposta do autor:

Lailinha!

Fico feliz em saber que você gosta tanto do Tao e que ele permaneceu o conto favorito. Obrigada por tudo!

Eu não pretendo sumir de vez. Sempre volto, pode confiar. 

Beijos,

Sol

Responder

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Gabi2020
Gabi2020

Em: 25/05/2021

Olá Solzinha! Sou autora não, só uma aprendiz!

Tudo bem aí? Vocês estão bem?

 

Beijos


Resposta do autor:

Boa noite, Gabinha!

Menina, mil coisas aconteceram (e acontecem) me fazendo distanciar daqui. Ainda não voltei de fato. Samira me falou várias vezes que eu deveria vir, então aqui estou para algo do tipo visita de médico, sabe como?

Eu vi que você concluiu o conto, mas não li mais depois de minha última postagem. Estou devendo voltar (e curiosa também). Você deve ter percebido que deu o que falar, mas não foi o que me afastou. Na verdade sofri um pequeno acidente e me quebrei um pouco. Aí aquele trem enfaixado dói que é uma pistinga e a vida ficou temporariamente mais complexa! kkkk

Eu te desejo satisfação e sucesso; de coração puro. E que principalmente suas mensagens levem coisas boas para as pessoas, as quais se refletirão em você. Depois vou lá escrever para você, mas não ainda.

 

Beijos!!!

Sol

 

Responder

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Gabi2020
Gabi2020

Em: 18/05/2021

Oi Solzinha!

Sobre o comentário da Jamila, só digo: Eita pau!

 

Beijos querida!


Resposta do autor:

Boa noite, Gabinha, minha autora!

Tudo bem?

É, ela ficou zangada com uma de minhas amigas daqui. Mas eu não fiquei. 

Beijos!

Sol

Responder

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Jamila
Jamila

Em: 15/05/2021

Oie! Criei conta nova e reinvidiquei a personagem. huahuahuahua Eu não ia vir mas depois do que vc falou ontem vim só pra dizer o que vc sabe, não gostei do final e vc sabe muito bem porque. Tb acho que falta união no meio de algumas "amigas" suas que tem falta de tempo seletiva e não te apoiam embora vc seja uma bobona e apoie todo mundo. Se eu falar vc reclama, né? Vc é lesada de bitola. Tá escrito!Fim!

Behebik ya habibi!


Resposta do autor:

Bom dia!

Tudo bem, hayati?

Você reinvidicou a personagem desde o início. Só fez assumir no site. rs

Eu sei que não e sei porque. Mas não devia se incomodar tanto com o que somos na ficção. Jasin e Samira ou Zinara, Clarice e Jamila não existem. Quem somos de fato e o que vivemos é o que conta! O resto são projeções, ilusões e Maya.

Eu sei do que está falando e já te disse: ninguém tem obrigação. Seja pelo motivo que for.

Sim, eu sou lesada, mas você até que gosta! ;P

Beijos,

Sol

 

Responder

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Gabi2020
Gabi2020

Em: 14/05/2021

Eita que fiquei toda besta com seu comentário, nem sei o que te responder!


Resposta do autor:

E tem isso??  kkk

Responder

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Gabi2020
Gabi2020

Em: 14/05/2021

Boa noite Solzinha!

Quando digo nada de estripulias significa nada de aprontar, escalar, correr... Essas coisas! Kkkkkk...

Agora me diga está escrevendo alguma coisa, ou está como sempre correndo contra o tempo?

 

Beijos


Resposta do autor:

Então... estripulias só se forem virtuais! kkk

O que estou fazendo agora? Mais especificamente, mudando os planos originais e te lendo (e comentando) agora. Samira vai também. Já intimei !

Beijos,

Sol

Responder

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Gabi2020
Gabi2020

Em: 14/05/2021

Olá Solzinha!

Nem fale em ativiidade física, estava fazdendo bonitinho viu? Todo dia chegava do trabalho e pegava a bike para pedalar, mas aí a pandemia apertou de novo!

E você tá se cuidando direito? Nada de estripulias viu?

 

Beijos


Resposta do autor:

Boa noite, Gabinha!

É mesmo? Que pena que a pandemia quebrou o hábito. Eu também nunca mais pedalei.

Estripulias? Só se forem virtuais! kkk

Beijos,

Sol

Responder

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Gabi2020
Gabi2020

Em: 13/05/2021

Sol! Feliz em saber que você está bem.

Minha mãe tomou as duas doses, quanto  à mim, sem previsão... Ê Brasil viu?

A Duda (Sabrina), é uma grande amiga que a pandemia me deu de presente, e não seria estranho se você a conhecer... Kkkk...

Eu apareço na história, disfarçada mas apareço, claro que dei uma floreada e tem muita ficção, mas apareço... Kkkk...

Escrever é uma excelente higiene mental, relaxa e por alguns momentos esqueço do caos que estamos vivendo.

 

Beijos


Resposta do autor:

Gabinha!!

Que bom que sua mãe tomou as duas doses. Essa falta de previsão para você é que chato!

De repente conheci mesmo. O mundo é menor do que parece.

Programar também é higiene mental, já que não se pode praticar esportes! kk

Beijos!

Sol

Responder

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Gabi2020
Gabi2020

Em: 13/05/2021

Oi querida estou bem e você? E as velhinhas já tomaram a vacina? Você por ser da área de educação conseguiu tomar ou ainda não chegou sua idade?

Deixa só eu contextualizar a história bem rapidinho, eu escrevi tudo, mas aparece a Duda como co-autora, pois  a a história é baseada em fatos reais, ela existe, assim como a maioria das personagens, mas tem muita ficção ali, para dar uma leveza e mudei algumas características das personagens para não dar muito na cara... Kkkkk...

Mas ó leia sem criar expectativas, não tenho meio por cento do seu talento para escrita, foi mais uma brincadeira que surgiu na pandemia e me ajudou a lidar com minhas crises de ansiedade.

Beijos e se cuida viu? Some não, manda e-mail quando puder.

 

Beijos


Resposta do autor:

Boa noite, Gabinha!

Estou bem, graças a Deus. 

As velhinhas estão em compassos diferentes. Umas com as duas doses e outras não, só com a primeira. Eu ainda vou em breve. É tudo muito esquisito neste Brasil bolsonaresco; até para tomar uma vacina.

Agora sim! Eu vi outra pessoa, outra forma de escrever (nos comentários) e logo notei. Por um momento me pareceu até que conheço esta Duda aí. kkk

Todos os meus contos têm personagens reais, entendo você. Mas aí eu fundo coisas, personalidades e me mesclo no meio. Porque também sempre tem eu disfarçada em maior ou menor grau! kkkk

Pare de se depreciar!

Escrever ajuda, não? Concordo plenamente!

Beijos,

Sol

Responder

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Gabi2020
Gabi2020

Em: 10/05/2021

 

Ei garota tudo bem? Como foi o dia das mães? 

Quanto à história que escrevi, não é que mudei de nome, só inseri um sobrenome e se você prestar atenção é um anagrama... Kkkk..

 

Beijos e se cuida!


Resposta do autor:

Olá Gabinha!

Tudo bem?  Foi bem de dia das mães? 

Eu dei uma passada lá quando você falou, mas me pareceu haver duas pessoas. Fiquei confusa.

Mas, como prometi, nas férias darei toda atenção. 

Beijos,

Sol

Responder

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Gabi2020
Gabi2020

Em: 08/05/2021

Olá minha querida e talentosa amiga tudo bem? As coisas por aqui andam bem corrida e por isso a demora em comentar, mas falei que vinha e cá estou!

- Jamila... Eita que eu tinha era raiva dessa criatura, mas ela me conquistou e quando juntou ela e a doida da Cátia pensei: “Ih agora lascou!” Mas não é que deu certo e a adoção da Júlia veio para fechar com chave de ouro a história delas.

- Eita que a Regina é rica mesmo! Até helicóptero a bicha tem... Kkkkk...

- Najla em paz com seu passado e feliz com o presente!

Uma dúvida se me permite, já li sobre, mas nunca entendi bem essa divisão entre xiitas e sunitas, se puder me ajudar.

- Esses diálogos da dona Leda e Amina como sempre rendem boas histórias, já estou com saudades das velhinhas!

- Caramba pra onde vai a comida que a Raquel come? Kkkkkk...

- Ai essa pandemia, lembro quando começou, o novo , o medo, as crises... De repente a esperança, tem uma vacina... Mas um ano se passou e aqui as coisas só pioram!

- Ouvindo Zinara discursar, me sinto uma estudante de volta à sala de aula... Muito bom aprender um pouquinho com ela, essa caipira é demais!

- Ahhhhhhhhhhhh.... Que desfecho lindo... Emocionante... Me deixou sem palavras Sol, sacanagem!

 

Minha amiga que orgulho tenho de você, mesmo com tudo acontecendo ao mesmo tempo, é trabalho, é estudo , é pesquisa... Você arrumou um tempo para nos presentear com mais uma obra-prima, parabéns é pouco... Um milhão de vezes parabéns!

Se pudesse te pedir algo seria, não some por favor! Sério é bom demais conversar com você, você se transformou uma grande amiga, parceira e muito divertida!

Beijos querida! Tudo de melhor sempre!


Resposta do autor:

Olá Gabinha!

Tudo bem? 

Feliz dia das mães aí! Mande beijos para Ju Jujuba. 

Eu também gostei de juntar as duas. Achei que as duas estavam em franco aprendizado e se combinavam bem. Samira está de greve e não quer comentar porque ela queria Jamila com Zinara. rs

Regina não é café pequeno! E é uma pessoa bem generosa!

Na linha sucessória de Maomé, cuja discussão começou com sua morte, houve uma cisão. Um grupo entendeu que a sucessão deveria ser por cosanguinidade ou o mais perto disso (xiitas) e  outro entendeu que deveria envolver aquelas lideranças mais próximas do profeta nas lutas iniciais para fundar a religião (sunitas). E, simplificadamente, daí surgiram estes dois grupos bem distintos.

Eu tenho saudades do povo da roça, de ya  Leda e das outras velhinhas.

Bem, Raquel engordou, né?  E bem!

Fico feliz que tenha gostado deste final! Obrigada. 

Sumo não. Você também é grande amiga no meu coração. Nas minhas férias vou ler seu conto.

Mas ainda não entendi. Você mudou de nome para ser autora?

Beijos,

Sol 

Responder

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kasvattaja Forty-Nine
kasvattaja Forty-Nine

Em: 05/05/2021

Olá! Tudo bem?

 

Querida Autora, parabéns pela finalização de sua obra.

É muito frustrante quando começamos acompanhar uma história, gostamos dela e, de repente, quem escreve some por meses — ou até mesmo anos, não é verdade? — sem nem ao menos aquele ''fiquei sem inspiração'' ou ''volto logo''.

Gostei do final dessa história. Tudo aconteceu como tinha que acontecer, mas — perdoe minha sinceridade — gostei mais de ''Sob O Encanto De Maya'', perfeita, para mim, em todos os sentidos.

Você escreve muito bem; esperando mais histórias sua.

É isso!

 

Post Scriptum:

 

''Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento. ''

 

Chaya Pinkhasovna 'Clarice' Lispector,

 Escritora e Jornalista Brasileira.


Resposta do autor:

Boa noite!

Tudo bem? 

Seus comentários também são ótimos. Creio que um conto seu seja muito bem elaborado. Gosto muito de citações e Clarice, bem... Gosto muito e demais! Não à toa ela deu nome a uma personagem belíssima neste conto.

Fico feliz que tenha gostado deste final que dei. E que tenha esperado a conclusão ao longo deste tempo. Porém eu não sumi sem deixar satisfações. Vim aqui postar sinais de fumaça, que foram sendo reeditados e agora perdeu este nome, e também dava satisfações no LivrodasFuça.  Entendo a frustração mas me atreveria dizer que ela é maior em quem escreve e se vê encurralada. Mas, finalmente, eis que foi conclusa em 2021 uma história que nasceu em 2012/2013, narrou de 1975 a 2051/2052 e tem um "por trás das cenas" meio inacreditável. 

Peço desculpas a quem aguardou e  agradeço. Isso é inestimável. 

Não tenho mais contos além de Maya, Tao e CONVIDE-0 (leu este?). Um dia se Deus quiser, terei mais.

Não se desculpe por gostar mais de Maya! Mas vou abusar: deixe um comentário lá, por favor? Confesso que o número 171, que está lá há tempos, me incomoda (bem como o 51 de CONVIDE-0). Tenho birras hermenêuticas com certos números. rs 

Beijos,

Sol

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Gabi2020
Gabi2020

Em: 04/05/2021

 

Olá Solzinha querida tudo bem? Como a senhorita está?

Olha não esqueci do capítulo não viu? Mas sua história não dá pra simplesmente ler, ela precisa ser apreciada e isso tem que ser feito com toda a calma do mundo e essa semana está deveras complicada (apesar de toda correria no trabalho, eu adoro aquilo ali... Kkkkk...), provavelmente no fim-de-semana vou ler e com certeza me emocionar.

 

Beijos e se cuida tá?


 

 


Resposta do autor:

Olá Gabinha!

Tudo bem por aí? Espero que sim! Aqui as coisas estão bem porém loucas. O de sempre. RS

Fique à vontade. Só posso agradecer e mandar beijos para você e os (as) fofos (as) da sua vida.

Beijos!

Sol

Responder

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Cristina
Cristina

Em: 04/05/2021

Ai Sol que conto mais lindo! Simplesmente maravilhoso!!

Minha gratidão a você por compartilhar conosco um pouco de seus pensamentos e nos presentear com esta história maravilhosa!

Não poderia esquecer de agradecer à Samira, que conveceu você a postar suas histórias! 

Realmente, o TAO é melhor que Maya, não tirando o mérito desta;é muito intenso, divertido e profundo. Desde o começo,  nos emocionando ao contar a saga da família Raed  através de Zinara. 

O TAO é  uma coleção de ensinamentos e reflexões!! 

Uma linda história, um conto maravilhoso e um final perfeito!

Minha querida amiga, você é uma pessoa fantástica e tudo que vem de você é bom! Não a conheço pessoalmente, mas conhecemos a árvore pelos seus frutos!

Vou sentir muitas saudades!!!

Pensarei sempre em você em minhas orações!!!

Um grande abraço a você, Jasin Solitudine!! 

 


Resposta do autor:

Olá Cristina!

Tudo bem?

Você gostou do final? Que bom! Fico feliz!

Tao e Maya cumpriram objetos distintos e me exigiram de formas distintas. Tenho orgulho de tê-las escrito. E posso te dizer que algo me diz que contei com ajuda invisível para escrevê-las, sem qualquer pretensão de insinuar que foram psicografias, porque não foram. Mas com certeza, tive muita inspiração. CONVIDE-0 foi mais racional e cumpriu outro objetivo. Foi uma história que no ano passado pediu para nascer, sabe?

Mas, sem dúvida, o Tao foi a mais especial para mim.

Obrigada por tudo!!!! Você é um amorzinho. Samira diz que manda beijos carinhosos e eu também!

Sol

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NeyK
NeyK

Em: 03/05/2021

Aguardei tanto esse final, vc n faz ideia. Não consegui comentar as últimas postagem, a avalanche de sentimento n deixou, só parava e pensava em muitas coisas. Obrigada dona moça por proporcionar esse mix de coisas boas com a sua arte. Saudade, abraço e se cuida!!!


Resposta do autor:

Queridíssima Ney!!!!

Eu sei que você aguardou e foi por saber que pessoas como você aguardavam que fiz questão de voltar.

Fico feliz que tenha gostado e vindo aqui.

Obrigada!

Beijos,

Sol

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Endless
Endless

Em: 03/05/2021

Eita capira! Olha eu aqui toda emocionada. Rapaz, como é que um capítulo com quase 20 mil palavras, parece que nem tem duas mil? Coisas da caipira! Deixei uma mensagem lá no livrodasfuças no nosso grupo tão querido. Mas resolvi vir aqui falar do quanto sua escrita me ajudou. Sob o encanto nde Maya foi o começo de minha transformação. Transformação não, diria que foi um renascimento mesmo. Deus opera de tantas formas, agora sei, que uma história que comecei a ler despretensiosamente me instigou tanto e, quando precisei, porque eu precisei tanto, visse caipira? Encontrei nas passagens de Zinara e sua usritina tanto amor, tanto acoclhimento, e principalmente, tanta força para aceitar o que Deus preparou para mim em 2019. A paz com a qual lutei pela vida me surpreendeu tanto, porque eu, depois de tanto ler as aventuras da caipira, entendi que precisava apenas abrir o coração. E o que me encantava, desencantou. Larguei vício, pensamentos negativos e os que sobraram estou repudiando como posso. Apesar deste mal que nos assola hj, a esperança é minha principal ferramenta para seguir e ir em busca de meu Tao. Espero que vc saiba o tamanho de seu presente para nós. Gratidão caipira! E não fique com essa cara de quem cheirou miudo não, visse? Tua alma é bela e Deus é grande, grande! Que Ele continue a iluminar seu caminho para que sua luz alcance a mais almas necessitadas. Nunca desista... Eu nunca desisti de esperar por este final lindo que vc preparou para nós. Muito obrigada, Jasin! E até a próxima! Pode também me conhecer como Mirian Ribeiro, visse?


Resposta do autor:

Olá querida!

Espero que esteja bem e firme na sua luta, que será vitoriosa em todos os sentidos, se Deus quiser!

Sem dúvida esse tipo de comentário dá uma sensação maravilhosa. Não por orgulho ou vaidade mas pela impagável sensação de ter feito um bem na vida de uma pessoa. Você não imagina o quanto me alegra!

Também acho muito espirituoso e divertido de sua parte usar termos do Tao para me dar um retorno. Adorei! A caipira ficou realmente com cara de boba! rs

Você me deu notícias maravilhosas sobre si mesma que só alegraram meu dia. E a imensa satisfação de ver que a dupla Maya e Tao falou ao seu coração. 

Você chegou a ler CONVIDE-0? Não tem a mesma profundidade mas serve para distrair. 

Beijos e obrigada! Desejo tudo de bom!

Sol

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Zaha
Zaha

Em: 03/05/2021

Boa noite, Sol!

Agora vai algo mais bonitinho! Tava mt anti Laila aquilo ali.

Fico muito feliz pelo final da estória e que tenha conseguido terminar mesmo com tantas coisas que passou durante a escrita e nesses anos. 

Como sabe, passamos por muitas coisas, mas elas nos faz crescer e se vê na sua escrita. O processo criativo às vezes é lento, outras vezes fluímos melhor, diante do que você relatou,natural a perda de inspiracao, motivacao, mas você buscou e encontrou com o tempo, reconectou e fez um final maravilhoso: Edificante, cheio de emocoes de por meio , risadas e pôde fechar gestalt, deu um lindo rumo à estória, apesar que achei que estivesse num kart de tao rápido que passou a vida de Zinara. Transmitiu o que você tinha em mente, ainda que teve que transformar , recrear e incluir, mas tudo caiu como luva, foi positivo pra todos, ao menos assim penso.

Obrigada por falar sobre como foi inspirada a estória,sinto muitíssimo pelas coisas que passaram depois, tanto com sua amiga, como outras vicissitudes que a vida te trouxe, porém sempre edificantes,nao?! Deus sempre nos mostra o melhor. Espero que ela possa ler um dia, vai amar, quem sabe nao tá lendo...

 Em Busca do Tao" me aportou um monte, me fez buscar, me diverti comentando,analisando do meu jeito simples, foi ótimo conviver por aqui, linda experiência!Levarei comigo. Me trouxe uma outra paixao depois da psicologia, a Astronomia e toda sua area de conhecimentos. O idioma que amo. Amo escutar suas músicas!! Muitas coisas subjetivas nas trocas de comentários tb. Me fez pensar sobre ideias que tinha sobre a roca(meu pc n tem a letra). Acho que finalizei a ideia hj pela manha!Também sobre você! Foi uma investigacao retada de boa!!

 Faltou você colocar o Dabke na estória, gostaria de ter lido a família de Zinara dancando.:)

Como disse, foi tudo muito lindo, de uma sensibilidade na escrita e intesidade também. Se sentia desse lado!! Das suas estórias, é a minha preferida, repito!

Espero de coracao nao perder contato! :(. Mas se vc tiver que ir e nao voltar mais, avisa pra eu me despedir. ...Ojalá que no! Se eu nao aparecer em alguma estória que vc poste por agora ou mais adiante nao é por desconsideracao ou outra coisa, é por saúde mental, oka?!

Beijo na testa, cuide-se!

Lai

 

 

 

 

 


Resposta do autor:

Lailinha!

Fico feliz em saber que você gosta tanto do Tao e que ele permaneceu o conto favorito. Obrigada por tudo!

Eu não pretendo sumir de vez. Sempre volto, pode confiar. 

Beijos,

Sol

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Zaha
Zaha

Em: 03/05/2021

Boa madrugada, Sol

É difícil saber o que falar, aqui, acho que é a primeira vez que fico sem palavras, nao sei o que dizer... e a inpiracao tá nublada.

Deixa eu ver, achei que sua escrita ficou diferente em relacao aos demais capítulos, nao para o lado negativo, está muito bom ,apenas diferente, senti que queria fechar gestalts com todos rapidamente,achei acelerado, tanto que acho que nem posso falar, porém você escreveu com muito sentimento como sempre, senti pelas perdas durante o Covid e no transcurso do tempo que vc levou a estória também, mas tudo tem um tempo de ser e cada um teve suas alegrias e tristezas e a hora de um chegou. Raed, fiquei mt sentida por ele. Amina faleceu em paz. Que melhor que vendo essa paisagem hermosa! Ya Leda que também já estava bem idosa, sentirei sua falta com suas tiradas maneiras. 

Você falou de tudo um pouco, esse Covide veio pra despertar, mas ainda temos muito que aprender, transitar a dor em amor, criar consciência e saber que somos responsáveis por esse planeta tao lindo e que temos maltratado. Educar os jovens para o caminho correto para que  transformem o mundo como Paulo de Freire sempre falou com outras palavras que n lembro exatamente,enfim! Espero que o futuro seja parecido com as cenas lindas que vc colocou, só queria ter aproveitado mais cada momento. O momento atual está muito difícil, perdas de todos os tipos, mas tudo tem sua finalidade por mais triste que seja, momento para refletir, amadurecer, tranformar nossas dores, enfrentá-las, para que o sistema melhore,porém tá existindo muita falta de respeito pelo próximo e esse presidente do Brasil já nem tem o que falar, é o pior que pode existir no mundo! Mas também vemos muito amor pelo próximo, muito trabalo solidário com os menos favorecidos, os que foram deixado de lado. Muita investigacao, mt crescimento na ciência, tenho visto, lido.  Prefiro ver essa parte, nao podemos decidir pelos demais, apesar que todos somos responsáveis um do outro, mas fazer o quê? Nao podem ver ainda,Respeitamos o quanto podemos e nos cuidamos e tentamos cuidar o próximo. 

O livro que vc tirou a frase de Joanna é " Vida Feliz"? Me pareceu! Mt bonito!

Desculpa minha falta de inspiracao, minha percepcao e observacao estao péssimas, nao sei, bloqueada total. Porém tudo está muito lindo,acredite, que eu tenha achado acelerado nao muda a beleza.

O que faz nosso coracao feliz? Estamos todos em busca do que viemos fazer,do nosso caminho,do que nos faz feliz. E o que nos faz feliz? A Busca do tao realmente é longa, nos criamos e recriamos todo o tempo, vamos reencarnando e sendo mais plenos a cada vida, até que possamos estar em plenitude total com nosso criador, somos parte dele.

Deus é sempre bom, talvez nem sempre possamos sentir, mas ele é justo e misericordioso, mas faz parte de nós também nos esforcar e aceitar que algumas coisas nao podem ser como queremos senao sofreremos sempre. Nao podemos controlar todas as variáveis como esse vírus por exemplo que chegou como um grande aprendizado onde tantos perderam pessoas amadas.

Muito bonito também as passagens finais, gosto de ver personagens envelhecendo, gostei ! Também ver Zinara e Clarice juntas, ver todos crescendo e construindo uma vida bonita.

Meu menor texto e ainda sem conteúdo,talvez um dia deixe algo melhor!

Desculpe, nao queria me despedir dessa estória tao rica assim, mas nem sempre se pode plasmar o que sentimos, mas agradecer que tenha se dedicado tanto em cada linha e colocado todo seu amor nele, tudo que aprendeu e viveu! Cada capítulo me deixou muito feliz, rindo,chorando, mas vendo também cada coisa boa que você nos mostrava. Porque afinal devemos tirar o melhor,nao? Uma boa estória deve no fazer refletir, descontruir velhos padroes e construir novas ideais. Mabrook!!

Cuide-se sempre e que a felicidade esteja sempre presente em seu coracao e que te dê forcas pros momentos complicados que se presentem!! Que o amor te preencha em todos os aspectos e que esteja sempre se sentido bem com o que veio fazer no mundo nao importe o que digam. Acho que você tem bem presente qual é seu caminho. Assim espero! 

Peco desculpas pelos momentos que te fiz passar mal com minhas palavras, às vezes tenho dificuldade de ser asssertiva ou me expresso de forma que o outro pense outra coisa,minha intencao nunca foi essa, apenas mostrar um outro panorama, mas nao importa qual a intencao seo outro se fere,entao nao esta bom!! E sinto por isso...

Beijos cheio de luz e amor,

com carinho,

Lai

 


Resposta do autor:

Bom dia, Lailinha!

Vi seus comentários hoje cedo quando acordei para correr. Agora vou responder enquanto estou aqui numa chatíssima reunião virtual (muito bom pois me distrai e o povo fala do que não me diz respeito ainda).

Você não precisa se desculpar por coisa alguma. E pode fazer sua crítica despreocupada pois gosto de ler.

A ideia não foi terminar correndo. Eu estava até com pena de terminar (tenho sempre saudades das personagens). Mas a narrativa foi mais pausada até a pandemia começar. E eu não queria também cair no auto plágio com o conto CONVIDE-0. Depois, não quis situar no tempo a descoberta do Planeta Nove nem tampouco detalhar o que virá. Senão seria uma outra longa história dentro da história. Daí usei o recurso da narrativa estendida no tempo e deixei claro o que eu queria mostrar: o caminho e o  Tao não têm começo nem fim. Foi acelerado e eu queria que vocês sentissem assim mesmo. A ideia era mostrar que todas as coisas passam menos o mais importante. 

Beijos,

Sol 

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Mille
Mille

Em: 02/05/2021

Nossa que final fiquei com lágrimas 

Muito bonito mesmo com tantas voltas de pessoas para a casa do Pai. A tristeza da perda.

Parabéns pela bela história, além de nos divertir com seus personagens tivemos aprendizados. 

E que volte com novas histórias. 

Bjus 


Resposta do autor:

Olá Mille!

A primeira a comentar o último capítulo!! Obrigada!

Que bom que gostou! Mas veja, na verdade não foram perdas, apenas mudanças neste ciclo infinito que é a vida!

Agradeço por ter lido e comentado tão gentilmente. Por ora, só tenho mesmo Em Busca do Tao, Sob o Encanto de Maya e CONVIDE-0. Vai demorar um pouco a surgirem outras histórias. Tenho muitas ideias mas o tempo sempre me trai. Vamos ver.

Beijos!

Sol

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