Vinte e seis
- Eu não sei bem como lidar com isso tudo – Bianca suspira, um pouco triste e cabisbaixa.
Mil pensamentos a assombravam, a tomavam de assalto, e Bianca, surpresa, realmente não conseguia organizar aquela enxurrada de reflexões, e sentimentos, e emoções. E agora se esforçava para barrar tudo aquilo, temendo que de alguma forma pudessem ler o que se passava dentro dela, e a enfiassem em uma camisa de força, à força.
Estava sentada com Fábio em um banco de cimento sob árvores que proporcionavam uma sombra fresca e bem-vinda naquele dia tão quente e abafado. A natureza, num tom de verde quase brilhante, não combinava com o semblante do casal, que era mais condizente com a feição das outras pessoas que passavam por ali.
Ela sempre acreditara que hospitais eram locais carregados, preenchidos de tristeza e angústia, e a vida toda evitava ao máximo frequentar qualquer estabelecimento de saúde que fosse. Ela era do tipo que só ia ao médico quando estava morrendo, não gostava mesmo – do cheiro, dos profissionais, das rotinas de ter que tomar remédio. Mas havia situações na vida que a forçavam a isso, como agora.
Pelo menos estava ali para visita.
Bianca sempre aguardava ansiosamente pela folga da semana, aquele dia útil de descanso, que na verdade era usado para resolver pepinos, e de todos os seus planos para aquele dia, nenhum envolvia estar em lugar como aquele, e tão longe de casa. Talvez por isso também estivesse tão angustiada, num dia tão azul.
- Desculpe se te decepcionei.
- Não se desculpe, Bia – Fábio responde, segurando carinhosamente sua mão – Não vou te forçar a nada, saiba. Muito menos a aceitar determinadas coisas.
- Eu realmente me esforço para ser uma boa pessoa. Quero saber lidar com isso tudo. Por você. E pelo Joaquim. Mas até lá, até conquistar essa aceitação, até trabalhar tudo isso, eu não sei o que fazer! Não consigo sentir pena, Fá – ela cochicha – E também não sei o que fazer com esse sentimento, que me sufoca! Fico até meio envergonhada, é ridículo.
- Nós vamos sempre entender, qualquer que seja a sua reação, meu amor. Já conversei com o Joca.
- Ele deve estar achar que sou uma monstra por não conseguir ser sociável com ela. Ele, que é uma criança, consegue...
- Ele te entende – Fábio interrompe – O Joaquim ama você e, assim como eu, respeita as suas opiniões. E cá entre nós, Bia, é até compreensível você sentir raiva dela. Fica tranquila, está tudo certo.
Bianca não estava tão convicta quanto a isso. Se sentia, na verdade, bem longe de estar “tudo certo”. E não sabia dizer se estava se esforçando de verdade para avançar um passo que fosse.
Após um suspiro longo, observa Joaquim brincar próximo dali, com dois carrinhos. Sentado ao seu lado estava o inseparável boneco do Homem Aranha que ele tinha ganhado de Beatriz em seu último aniversário. Olhando para o brinquedo, Bianca percebe que há meses não pensava na médica. Desde a última vez que se viram, naquele bendito churrasco.
Depois de dias ruminando aquele evento, e o que tinha acontecido (especificamente o fato de Beatriz e Fernanda serem um casal), Bianca finalmente deu o assunto por encerrado, e realmente tinha conseguido não dar mais palco para aquilo tudo. Sua vida já era bastante atribulada, não precisava ficar se preocupando com o problema dos outros.
Até porque, de um jeito ou de outro, era sempre brindada por eventos inesperados, que afetavam a sua vida, trazendo problemas imprevisíveis, que a ocupavam. Como agora.
Deu uma olhada por cima do ombro para a fachada grande do prédio ali perto, que era cheia de janelinhas regulares. Em algumas, se prestasse atenção, até dava para ver o movimento por detrás do vidro. O Hospital das Rosas era uma das mais importantes instituições psiquiátricas da cidade, conveniada à universidade, à faculdade de medicina. Talvez por isso o volume de pessoas com roupa branca era superior aos pacientes e visitantes que circulavam pelo local.
- Vai, Fá. Acho que já começou o horário de visitas. É bom você estar por lá, se quer mesmo conversar com o médico – Bianca fala, olhando primeiro para o relógio, depois para Joaquim.
- Tá, eu espero que seja breve – Fábio também olha para o relógio, do celular.
Ele estava cheio de trabalho, e aquela visita ia atrasar todo o serviço do dia. Mas era quase uma obrigação estar ali, Fábio não tinha muita escapatória. Ao menos Bianca estava ali com ele. Era importante também para Joaquim. Há algumas horas tinham descoberto que Regina tinha tido uma overdose, dando entrada no hospital em um estado que ainda era desconhecido.
Bianca tinha dó de imaginar a reação de Joaquim, embora eles não tenham dito nem uma palavra sobre o ocorrido. Mas o menino era muito esperto, pegava sempre as coisas no ar, por mais que eles escondessem determinados assuntos, eventualmente. Porém, especificamente neste caso, o esforço era maior. Joaquim ainda era muito pequeno para saber que a mãe quase tinha morrido de tanto se drogar.
Fábio deu um beijo em Bianca, e disse algo que ela não entendeu. Caminhou até o filho e agachou-se ao seu lado. Joaquim estava distraído em seu mundo, com a imaginação alimentada pela areia do parquinho. Retribuiu o beijo e abraçou o pai.
Ela viu o marido se afastar em direção ao hospital e prestou atenção em Joaquim, que tinha arranjado um amiguinho. É fácil fazer amizade na infância, e Bianca pensou nisso um pouco a contragosto. Tentou imaginar como teria sido se um dia ela e Regina tivessem sido amigas. Mas era tão irreal uma situação assim que ela teve dificuldades para conceber. Em comum, só tinham mesmo o fato de terem se relacionado com Fábio.
Para começar, Regina fazia uso de drogas, algumas pesadas, que mudavam o seu comportamento, sua percepção das coisas, a deixavam agressiva. E ultimamente vinha tendo ataques recorrentes, em uns dois episódios envolveu Joaquim na história, e partiu de Bianca a iniciativa de tirar o menino de casa. Depois dariam entrada na papelada que certamente era necessária para isso. O mais urgente era deixá-lo protegido, em segurança.
Aquilo obviamente deixou a mulher irritada, e ela foi até a casa deles e fez um barraco, ficou gritando, tiveram que chamar até a polícia. Regina ameaçou Bianca, mas ela não deu ouvidos; sua única preocupação era com o menino (o seu menino), e durante a ocorrência manteve Joaquim bem perto, no seu colo.
- Mãe Bia, preciso ir ao banheiro – Joaquim reclama, se aproximando dela – Minha barriga está doendo.
- Que delícia, Joca. Amo nossas visitas aos banheiros dos lugares em que vamos – Bianca responde, dando a mão para ele, que vinha abraçado ao boneco.
Os dois foram e voltaram do banheiro com Joaquim falando. Eram vários assuntos, nenhum em específico, e tinha vezes que Bianca só ouvia, ao longe, a tagarelice do menino. Era difícil acompanhar porque sua mente conversava quase no mesmo nível.
O sol estava forte e eles fizeram um caminho diferente na volta para o parquinho. Foram circundando o prédio, aproveitando a sombra projetada pelo próprio edifício. Bianca segurou a mão de Joaquim, porque teve a impressão de que o carro que estacionava próximo deles não tinha visto os dois ali (ainda que estivessem na área destinada para pedestres). Mais por hábito do que necessidade, Bianca olhou para a placa, e tentou memorizar aquelas letras e números. Aí viu na lataria um adesivo que chamou sua atenção. Dizia :“Louco é quem me diz que não é feliz”. Antes que Joaquim soltasse sua mão e corresse para o tanque de areia onde estava minutos antes, ela contraiu os olhos e reconheceu Fernanda dentro do carro.
Continuou andando, e viu a mulher abraçar de maneira demorada a pessoa que a acompanhava, e que trocou de lugar com ela e assumiu o volante, após alguns beijos. “E depois querem que eu acredite que existe fidelidade entre essa gente”, Bianca pensa, com uma careta.
Se certificou de que Joaquim estava bem, e pegou o celular na bolsa. Pensava em muita coisa naquele minuto, e pela segunda vez no dia o assunto Beatriz e Fernanda tinha voltado à sua mente. Que perseguição mais chata!
Fingiu estar concentrada, lendo algo no celular, quando notou que Fernanda caminhava em sua direção. O carro que ela estava, agora manobrava no estacionamento. Torceu mentalmente para que a médica também fingisse não a ver ali.
- Olá! – Fernanda cumprimenta – Bianca? Olá!
- Ah... Oi, Fernanda. Tudo bom? – ela responde, quase se convencendo de que estava realmente distraída. Deu até um pulinho quando seu nome foi chamado.
- Estou bem e você? – Fernanda estava sorrindo.
Ela acenou para Joaquim, que acenava para ela, animado. Colocou a mão por cima dos olhos e riu mais abertamente, reconhecendo o Homem Aranha ao seu lado. Beatriz ficaria feliz em saber daquilo.
Bianca não se lembrava que a moça era tão bonita. Nem tão alta. E admitiu que combinava com ela aquelas roupas brancas (muito mais do que só calça jeans e camiseta). Ela parecia mais adulta, quase uma autoridade.
- Está esperando alguém? O Fábio está bem? – Fernanda pergunta, voltando sua atenção para Bianca.
- Está sim, tudo bem – Bianca responde, notando que a outra parecia realmente preocupada. E nem tinha feito esforço para lembrar o nome do marido – A mãe do Joaquim é que teve um probleminha e está internada. Soubemos hoje cedo que ela teve uma overdose.
- Puxa, eu sinto muito – ela diz.
Antes de dizer qualquer outra coisa, o carro que Fernanda ocupava instantes antes para de repente perto delas, fazendo um barulho alto, com a freada. Era notável que, apesar de não muito novo, o automóvel era bem-cuidado. Bianca observou a janela com insulfilm abaixar devagarinho.
- Tchau, boneca! Cuidado, hein? Cuida do meu carrinho – Fernanda fala, mandando um beijinho com a mão. Pareceu que ela se despedia do carro, e não da motorista.
- E alguma vez por acaso eu não tomei cuidado com essa “supermáquina”, Nanda? – Talita pergunta, ao volante, de maneira um pouco irônica. Usava óculos escuros que tinham armação pink, e deu uma abaixadinha até a ponta do nariz só para provocar a irmã.
Bianca reparou que sem querer estava fazendo uma careta. Tratou de se endireitar.
- Sim. Caso não lembre, você enfiou o meu carro na traseira de um ônibus, mês passado! – Fernanda reclama, mas estava sorrindo. Apertou carinhosamente a bochecha da moça – Mas não me preocupo com o carro e sim com você. Toma cuidado, por favor.
- Fica tranquila. Bom trabalho, doutora! – a outra se despede, acelerando e saindo do estacionamento.
- É sua namorada? – Bianca pergunta.
Tentou disfarçar o máximo que pôde o repúdio em sua voz. Assim como Fernanda, não entendeu o porquê da pergunta, uma vez que a resposta não lhe interessava em nada.
- Quem, ela? – Fernanda questiona, sorrindo e apontando para onde o carro tinha estado. Ajeitou a pasta e os dois livros que carregava junto ao peito – Não, não! Aquela é Talita, minha irmã. Ela teve que me deixar aqui hoje porque a Bia teve uma emergência no trabalho. Quer dizer, a Beatriz. Ela estava ocupada.
- Entendi – Bianca comenta, balançando a cabeça. Estava enganada, então, e ao menos entre aquelas duas parecia haver fidelidade.
- Bom, eu preciso ir. Foi bom te ver. Dê lembranças ao Fábio. Estimo melhoras à sua amiga.
Fernanda se despede, acenando em seguida para uma mulher que caminhava em direção à porta do hospital, e parou quando a viu. Assim como ela, também estava com roupa branca, mas carregava uma mochila preta que destoava do seu visual. As duas trocaram dois beijinhos, e cumprimentaram um rapaz alto que se aproximou delas, e que abraçou Fernanda até sumirem de vista.
Bianca olhou para o relógio e torceu para que o marido voltasse rápido. Já era quase meio-dia e ela ali, ainda.
Queria chegar em casa logo e aproveitar sua folga, arrumando umas caixas que ficavam no forro do telhado, e que possivelmente estavam estragando devido a uma telha quebrada (que ela também pretendia trocar). Já fazia uma semana que vinha se programando para aquilo. Ia desempacotar tudo e ver o que ainda podia ser salvo, o que infelizmente precisaria ir para o lixo.
Seria uma arrumação difícil, pois muitas daquelas coisas eram lembranças de sua finada mãe. Tinha documento ali que ela nunca nem sequer tocou. Parecia errado, quase invasivo, afinal aquelas coisas não eram dela.
E não bastasse ser um momento delicado, desde que tinha decidido por essa faxina, Bianca vinha pensando mais seriamente na ideia de se mudarem de casa (isso exigia dela também uma boa dose de desapego). Mas era o sensato a fazerem, ainda mais agora, que Joaquim estava morando com eles.
Porém, sobre esse assunto, nada comentou com Fábio. Assim como tinha acontecido com ela, ele também se lembraria de que a ideia inicial, quando conversaram pela primeira vez sobre mudarem-se de casa, envolvia um bebê que não existia mais.
Aquele ainda era um assunto que eles evitavam ao máximo tocar. Era gatilho para muitas dores, ainda não curadas (talvez por serem incuráveis).
Ficou feliz quando finalmente viu Fábio saindo do hospital. Ele tinha no rosto uma expressão preocupada, mas não tocaram no assunto até que estivessem a sós. E isso foi acontecer só mais tarde, já à noite. Em resumo, a situação de Regina era bastante delicada.
Almoçaram logo que chegaram em casa, e Fábio foi correndo para o trabalho. Avisou que possivelmente chegaria mais tarde, justificou que um dos clientes era seu amigo, que ele devia um favor, algo do tipo.
Bianca se despediu do marido e foi encarar o mofo das caixas, que ele tinha descido do forro para ela, e que guardavam fotos e lembranças, papéis que um dia foram importantes e hoje serviam apenas como portadores de memórias específicas, de um tempo que já tinha ficado para trás.
Ela sabia que mexer nisso era também revirar o passado, mas sua preocupação mais sincera com aquela arrumação era o risco de encontrar baratas. Bianca detestava baratas!
- Quanta bagulhada! – Joaquim exclama, rapidamente desinteressado pelos seus brinquedos, deixando-os de lado, assim que viu o que Bianca estava fazendo. Definitivamente iria se divertir mais mexendo naquele monte de papel fedendo a mofo e por isso aproximou-se sorrateiramente. Sua empolgação que o dedurou.
Bianca permanecia calada, se esforçando ao máximo para não espirrar. Aquela era uma verdadeira armadilha para a rinite e ela não sabia ao certo o porquê de ter guardado contas antigas durante tanto tempo. Quem ia querer ver aquilo depois de 15, 20 anos?
- Não mexe não, Joca – ela pede, vendo que o menino tinha se apossado de uma pilha de papéis.
- Só vou ver – ele garante, sorrindo para ela, docemente, mexendo em várias fotografias – Quem é essa?
- Essa é minha mãe. O nome dela é Catarina – Bianca responde, pegando a foto da mão dele. Quase se lembrava daquele dia – Você era muito pequenininho quando ela foi para o céu. Por isso não se lembra dela.
- Ela era a minha avó?
- Hum – Bianca desvia os olhos da foto por um instante, e encara o menino – Sim. Acho que sim.
- E ela gostava de mim?
- Claro que gostava, meu amor – Bianca afirma, beijando a cabeça de Joaquim – Todo mundo gosta de você, Joca.
- Ei! Aonde é isso? – pergunta o menino, observando de perto outra foto.
Bianca pega a foto e demora alguns segundos para entender – se é que entendeu! Seus olhos viam algo que sua mente não conseguia processar direito.
- Puta merd*! – ela exclama, tapando a boca com uma das mãos, que tremia ligeiramente.
- Olha o palavrão – Joaquim usava um tom de voz que não era dele.
Bianca parecia não ouvir. Estava vidrada na imagem em suas mãos. Tinha entre os dedos uma foto que parecia ser dela ainda era bebê (parecia!). Estava no colo de Catarina, as duas sentadas juntas no quintal. Lembrou quando o tanque ficava mais ao fundo, mas não reconheceu a sombra que as abrigava.
E aquele era o tilti: o quintal era o da sua casa, mas havia um detalhe, gritante, que ela não se lembrava: uma árvore, enorme.
Fim do capítulo
Peço, com coração de mãe: deem uma chance para o casal Bia e Fábio! <3 <3
Comentar este capítulo:
Alex Mills
Em: 04/12/2021
Aí de você se separar a Bia do Fábio dona Caribu
Olha só, será que minha teoria das irmãs está certa? Já pensei até que finalmente a dona Bianca vai se entregar aos milagres da terapia da Beatriz kkkk mas aí teve o churrasco e foi assado fora essa teoria. Pobre espetinho das teorias o meu :-(
Mas bem... Se é amor incondicional, alguma coisa a doutora Beatriz vai aprontar que vai fazer a Bia mudar os conceitos. BFF então? Ahahah só sei que a Bianca tá reparando demais nas mulheres. Tá desabrochando algo, espero que menos amarras :D
Resposta do autor:
Ó, msm se distraindo avançou hj dois capítulos!
Muito que bem, dona Alex! <3
Será que sua teoria está certa? Será que Bianca é do babado? Será, mas será?rsrs
Em uma coisa vc acertou: alguma coisa dra. Beatriz vai aprontar que vai fazer a Bianca mudar os conceitos.
BFF, tomara!rs
Qualquer que seja a resposta, na torcida pra que goste! <3
Beijos!
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cris05
Em: 14/06/2021
Puta merda! Pelo visto é a Bia Beatriz no colo da mãe.
Esse tilti vai tirar o sono de Bia Bianca, ela vai ficar tentando lembrar da tal árvore.
Fica tranks, autora. Acredito que as pessoas evoluem e não será diferente com Bia e Fábio (assim espero rsrs).
Beijos!
Resposta do autor:
rsrsrsrs
Que chute, hein dona Cris?
Passada, vou nem falar mais nada rsrs
Vamos lá! Pela evolução dos hétero!rsrsrs
Beijos!
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Marta Andrade dos Santos
Em: 14/06/2021
Mistério!
Resposta do autor:
Ou não né rsrs
A Bia disse que tinhauma árvore na casa da Bia rsrs
Beijos!
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