Capítulo 21 - No emaranhado de sentimentos…o medo.
Acordei com a sensação que alguém me beijava e abraçava e como não me lembrava de onde estava acreditei que fosse um sonho...e era, meu sonho perfeito. Skya me beijava a boca, o pescoço, se esfregava em mim, mordiscava a minha orelha, mordia os lóbulos, passeava as mãos pelo meu corpo que correspondia a tudo na mais perfeita sintonia...
Melhor maneira de ser acordada, e ela sempre me acordava assim, das poucas vezes em que tivera o prazer de acordar ao lado dela tinha sido assim...gemi de prazer e deixei-me levar pela sensação de levitação que aqueles beijos quentes me causavam.
Senti mãos hábeis pelas minhas pernas, de repente a camiseta que usava estava quase no meu pescoço e ela sempre em cima de mim, me beijando, roçando seu corpo quente contra o meu...a camiseta voou e assim que ela colou o corpo ao meu, entrelacei minhas mãos nas dela...adorava fazer aquilo, era como se nos tornássemos uma só...as coisas que eu pensava quando estava em torpor...no torpor chamado Skya em minha vida...
Mas desta vez o entrelaçar de mãos mostrou-me que aquelas mãos que me davam um prazer único e incomparável, estavam ainda levemente inflamadas e logo, não poderíamos seguir com aquela loucura...respirei fundo e busquei forças e controle sabe-se lá de onde...
Inverti a posição e imediatamente sentei-me na cama. Ela olhou-me com aquele olhar mesclando doçura com desejo, quase cedi...quase.
--E a dor nas costas? Os dedos ainda estão inflamados...
--Bom dia! - Ela sorriu e eu quase enlouqueci de felicidade...às vezes tinha essa sensação, que poderia enlouquecer de felicidade.
--Bom dia, estás melhor?
--Noite tranquila de sono, massagem nas mãos e nas costas de mãos perfeitas, dormir ao teu lado...estou curada. - Ela sorriu de forma sensual e eu senti meu corpo pulsar...de manhã era difícil resistir...
--Vem cá.
Ela puxou-me para cima do seu corpo e eu não resisti...sem forças, sem vontade e movida por desejo, quente, pulsante...eu me sentia quase febril...
Beijamo-nos por muito tempo...eu me deliciava nela e ela se perdia em mim. Eu me encontrava e depois parecia que saia de mim, vagava por outras esferas...abria os olhos e ela estava ali, com a respiração alterada, com o peito arfante, com as mãos ávidas pelo meu corpo, com a boca sempre colada à minha ou em outra parte qualquer do meu corpo que sempre correspondia da melhor maneira...arfando, suplicando por mais...mais...minha excitação atingiu picos de loucura, numa agilidade ou velocidade quase desconcertante inverti a posição, naquele momento ela estava sobre mim...num rompante fiquei por cima e pressionei com força meu corpo contra o dela...gemi alto, a pressão tinha sido no melhor lugar, meu e dela...eu estava sem roupa, ela não...
Ela fez um movimento brusco para arrancar a roupa e soltou um gemido que percebi claramente que era de dor.
--O que foi Skya?
--Aiii, machuquei as costas...dói um pouco...
--Ah menina...menina...--Suspirei e sai de cima dela. Fiquei preocupada...apesar do calor por dentro e da vontade insuportável dela, a preocupação com a sua saúde conseguiu ser mais forte.
Deitei-me no colchão e ela veio para o meu colo...
--Estás bem?
--Umhum...
--Deixa-me ver essas mãos. Ainda inchadas Skya, nada de movimentos repetidos...
Ela riu de forma sacana e mordeu os lábios.
--Ai menina...para...não me referia a isso... -- Mordi os lábios e sorri.
--Eu sim...adoro esses movimentos repetidos, adoro minhas mãos passeando repetidamente pelo teu corpo lindo, adoro a ponta dos meus dedos nos teus mamilos...no teu umbigo...na tua... - Ela falava e fazia tudo ao mesmo tempo.
--Para Skya...meu Deus, assim não dá para resistir...
--Não resista Cathe...não...
Ela beijou-me a boca com tanta vontade que senti-me tonta, a cabeça deu muitas voltas...
--Para ou vou embora. - De onde veio tanto auto controle não sei, mas queria que ela estivesse bem, totalmente recuperada.
--Ok...chata.
Risos altos.
--Chata nada, tenho juízo. Hoje é sábado, o que quer fazer? - Tentei mudar um pouco o foco.
--Agora?
--Sim...ou daqui a pouco...
--Agora...nesse momento eu quero fazer amor contigo, ou sex* selvagem, quero morrer de prazer, quero...
--Para Skya...ah meu Deus...
Ela riu alto e beijou-me a boca, os olhos, o nariz...tudo.
--Brincando sua doida medrosa...vou ficar boa, dedos e costas e aí sim...muito sex* selvagem, morrer de prazer...muitas mordidas por esse corpo lindo...muita...
--Para. Vou tomar banho e sozinha...sozinha.
--Sim senhora...um beijinho?
--Louca...um beijinho no pé.
Beijei-lhe o pé e corri para o banheiro rindo às gargalhadas.
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Passei mais de meia hora no banho, alem de aclarar a cabeça eu queria relaxar o corpo que estava quase explodindo de tensão sexual.
Vivia uma loucura sem precedentes e às vezes eu me sentia quase acuada...às vezes sentia vontade de fugir, correr para longe, correr para mim, para a Catherine que sempre fui e com a qual sabia lidar e muito bem.
Nunca gostei de mudanças drásticas, mudanças sim mas muito planeadas...e agora vivia num festival de emoções fortes...meu pai, a parte muito boa desse mar de emoção mas o amor que sentia por ele me assustava um pouco, eu tinha medo de desiludir, no caso de desiludi-lo...mas nada tirava mais meu sossego do que esse turbilhão que era Skya em minha vida...vivia tudo muito sem pensar, sempre que parava para pensar sentia uma vontade quase irresistível de fugir e no entanto bastava um olhar doce, um gesto carinhoso, uma brincadeira, uma troca de olhares e eu me perdia de mim e seguia rumo ao mais completo desconhecido...tanto medo...medo que poderia muito bem me podar...medo...
Saí do banheiro já vestida já que minhas roupas tinham ficado ali na noite passada. Nada de Skya no quarto e a cama já estava feita. Respirei profundamente aquele cheiro da casa dela...cheiro de um incenso bom mas cujo aroma não decifrara ainda...era muito bom.
Deixei o quarto e a vi na varanda tocando violino...visão perfeita de uma mulher linda, linda no sentido mais literal da palavra...linda. O medo deu lugar ao sol brilhante no meu peito...esqueci tudo, esqueci até da Catherine...
Ela estava de costas para mim, sentada numa cadeira...beijei-lhe o cabelo, uma, duas vezes. Ela sorriu e parou de tocar pousando o violino nas pernas.
--Banho de rainha.
Risos.
--Quase isso...precisava relaxar.
Ela me olhou da maneira que me fazia esquecer tudo...absolutamente tudo. Beijei-lhe a boca...devagar, me deliciei nos lábios frescos, na língua quente...ela gem*u baixinho e eu fugi um pouco mais de mim...
--Como adivinhaste que eu queria ser beijada?
Ri com gosto.
--A tua boca é um convite descarado...pede beijos sempre...
--Não...a minha boca não pede beijos sempre, ela pede os teus beijos sempre...já te disse que tua forma de beijar me enlouquece?
Nem consegui responder...fui tomada em mais um beijo daqueles que me faziam levitar, ficar sem ar e quase implorar por mais...fugir para léguas de mim...
--Ei mocinha, pare de me seduzir...e esse violino nas mãos? Tocando com os dedos inflamados?
Ela riu alto e beijou minha barriga enquanto fazia cocegas nas minhas costelas.
--Para doida. - Ri sem parar.
--Sou viciada nesse violino...sou viciada em música, não consigo ficar muito tempo sem tirar acordes de algum instrumento...vício bom, não é?
--É, mas precisa ser controlado quando causa fadiga...estou com fome. - Fiz uma careta e passei as mãos pela barriga. Ela riu mais alto ainda.
--Ai ela e essa fome...mas também estou com muita fome, ontem nem jantei.
--Não?
--Não, estava muito excitada por causa do concerto, e quando estou no meio de muita gente conversando, rindo, perco o apetite...partilhei uma salada leve com o meu pai perto da meia-noite, ele me esperou até tarde para conversar...
--Então banho e comida...já!
--Sim senhora.
Risos.
--Mas antes posso beber um pouco?
--Claro, não nego água a ninguém.
Gargalhadas.
Fui empurrada para uma parede e beijada...ah como eu adoro o beijo dessa mulher, aliás sendo muito franca pelo menos para mim mesma, eu adoro tudo que envolve a Skya...tudo.
--Sede da tua boca...do teu cheiro...gosto...boca maravilhosa...feita para mim...
Ela falava e me beijava e eu sentia as pernas bambas, o coração acelerado e o corpo em brasa.
--Louca...deliciosamente doida...aiiii... - Estreitei ainda mais o nosso contato e tive vontade de morder aquela boca vermelha e levemente molhada.
--Umhum...muito doida, cada dia mais...
Ela me deixou presa à parede e correu para o banheiro. No trajeto gritou:
--Que calor.
Levei as mãos ao coração com medo que ele saísse a galope.
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Tomamos café na rua e mal terminamos Skya foi chamada por músicos amigos para fazer alguma coisa e ela foi. Ela disse-me ainda que passaria o resto do dia com o pai. Saiu quase voando da cafetaria e rindo mandou-me um beijo no ar do meio da rua...eu devo ter ficado com cara de idiota já que permaneci sorrindo para o nada durante algum tempo até me dar conta de que estava sozinha e deixar a cafetaria para fazer minhas coisas.
Aproveitaria para matar as saudades dos meus amigos e particularmente da minha afilhada linda.
Sábado para mim.
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--Sky, não comeste quase nada...não me diga que está com a mania das dietas da tua mãe.
Risos.
--Claro que não pai...eu não faço dietas, como bem, e faço corrida quase todos os dias...estou sem apetite...
--Já conheço essa falta de apetite...romance novo.
Risos cúmplices.
--Ah pai, nem sei dizer o que é...
--A moça cega é muito bonita...atraente...
--Sim...muito atraente.
--O que existe afinal?
--Eu não sei e tento não criar ilusões e expectativas...
--Ela é...
--Não pai e o problema é esse, ela não gosta de mulheres, ela não é como eu que sei o que quero. A possibilidade de eu me apaixonar por um homem é remota, existe mas é bem remota...em relação à Catherine eu acho que remota é a possibilidade de ela realmente querer ficar comigo ou com outra mulher qualquer...
--Achas isso mesmo Sky?
--Infelizmente sim...às vezes eu vejo tanta confusão nos olhos dela que sinto-me...sinto-me quase apavorada com a iminência do fim...mesmo não criando ilusões e vivendo apenas um dia de cada vez eu tenho medo de acordar do sonho...
--Hmmm...
--É novidade para ela...novo, excitante, atraente...mas e depois? Eu não sou mais a menina boba que se apaixonou pela mulher mais velha e que quase andou com a cabeça nos pés...aprendi muito com minha história...a Catherine não faz os jogos que a outra fazia mas sei que ela não está confortável...eu sinto pai...ela está anestesiada e a qualquer hora acorda e vai viver a vida de sempre...
--Mas minha filha a mulher que eu vi no concerto pareceu-me tao encantada...
--Sim, encantamento, é essa a palavra...mas sabemos que encantamento passa...
--E tu, o que sentes? O que queres com ela?
--Ah Stan...quero tanta coisa...sinto outras tantas...mas ao certo mesmo eu não sei responder...é confuso. É diferente de tudo o que já vivi, ela é diferente...tento me policiar para não sofrer mas sem muito êxito pai...tu me conheces...
--Sim...
--Adoro estar com ela...já fiz loucuras para tentar entende-la, loucuras para estar minutos com ela...adoro o jeito, a inteligência, o exagero, a ponderação...mistura doida, adoro os olhos dela...sou apaixonada pelo olhar dela...doce, olhar forte e ao mesmo tempo perdido...às vezes ela parece uma menina indefesa e ao mesmo tempo é aquela fortaleza...adoro estar com ela em todos os momentos pai...tudo...nos divertimos tanto juntas...
--Filha, tu gostas muito dela...
--Sim, mas sem ilusões...vou viver o que dá para ser, vou aproveitar cada segundo ao lado dela porque tenho a certeza que a Catherine controladora das suas emoções não vai ficar muito tempo adormecida...eu não sei lidar com aquela...
--Mas não foi por aquela que te apaixonaste?
--Sim...me encantei pelo físico daquela Catherine...desafiante...mas eu me apaixonei por essa, essa que meus olhos veem...que minhas mãos tocam...essa que às vezes olha para mim como se eu fosse uma pedra preciosa, um sopro de vida...essa que tem tanta confusão nos olhos...tanta que me da vontade de protege-la dela mesmo...mas sei que não é possível...
--Tomara que ela perceba a pérola que és minha filha...tomara.
--Ela que é uma pérola pai...pena que não tenha a menor noção...
--E não tens disposição para tirar-lhe a venda dos olhos?
--Já sofri tanto pai por querer tirar o melhor dos outros...
--Gente que não tinha nada melhor...
--Posso estar enganada com a Catherine...
--Não a conheço Sky, mas o olhar não mente...ela gosta de ti, talvez estejas certa ao dizer que ela tem medo, mas o teu pai que já viveu mais e sabe alguma coisa dessa vida, sugere humildemente que sejas tu a fazer a diferença na vida dela...vá com calma, no ritmo dela...
Skya sorriu e bebeu um pouco do gin que ainda estava pela metade...
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Eu estava em êxtase com minha bebé...não minha mas quase isso. Era tao bom sentir aquele ser indefeso nos meus braços, ver que ela respirava, sorria mesmo dormindo...estava encantada.
--Ela é tão linda...ah Karen que menina linda...
--Feita com muito amor, adoro minha menina, cada dia mais apaixonada pela dádiva que é poder carregar um filho nos braços...
Sorri e beijei levemente a testa de Esperanza.
--Ela gostou de ti, normalmente é muito calma mas quando vai para o colo de alguém pela primeira vez normalmente estranha e chora um pouco...olha isso, ela está sossegada...linda minha menina.
--Lindíssima...obrigada pela confiança...
--Para mim já era certo que serias a madrinha dela, depois que o Juan te conheceu ele caiu de amores, não havia mais escapatória.
Risos.
--Obrigada. E tu estás bem? Pareces muito bem.
--Estou ótima chefe e se quer saber estou a doida para voltar ao trabalho.
--Nem pensar, a tua bebé ainda é muito pequena.
--Não vou agora, mas assim que ela completar 2 meses eu volto...bom, vai depender do Juan...
--Como assim?
--Ele está quase a conseguir um emprego melhor, mais estável com horários mais decentes e que paga muito melhor. Ele vai poder ajudar nos cuidados com Esperanza, vamos poder contratar alguém para ajudar também e eu vou trabalhar mais descansada.
--Apenas um período, tens de amamentar essa preciosidade.
--Claro, mas quero voltar para o nosso mundo, sou feliz no meu trabalho, adoro o que faço e gosto muito da minha chefe que por acaso hoje em dia é minha comadre.
Rimos às gargalhadas, quase acordei Esperanza.
Passamos o resto da tarde conversando amenidades e cuidando da pequena. As horas passaram e não percebi que já anoitecia. Contei a Karen sobre o reencontro com o meu pai, ela o conhecia de me ouvir mencionar vez ou outra mas sabia também que não gostava muito de abordar o assunto pai.
--Fico tao feliz Cathe...
--Ah, faço questão de levar a família toda para conhecer o Maine, minha cabana, comer a lagosta divina do velho Bill...eu fiquei tão mais leve Karen, tanta coisa que me assombrava hoje em dia não tem a menor importância...entendi as razoes e as reações do meu pai...é tão bom dizer meu pai e sem mágoa alguma...
Karen sorriu e me abraçou.
--Posso perguntar uma coisa?
--Claro dona Karen...
--Tem mais alguma coisa boa acontecendo? Não é a secretária que está aqui...
--Sei, essa é bem discreta e jamais faria uma pergunta dessa...
Risos.
--Sim, é a amiga e a comadre...tem um brilho nesses olhos que eu não via há muito tempo...acho que nunca vi antes...
--Surpresas...coisas boas que nos acontecem...coisas inesperadas...
--São as melhores...
--Pode ser...estou vivendo uma intensidade de emoções tao grande Karen...meu pai, nosso reencontro, a vida fazendo sentido...tenho vivido coisas novas que jamais passaram pela minha cabeça e que têm sido muito interessantes...
Não consegui falar de Skya para Karen...não claramente.
-- Estou num universo tao bom e diferente Karen, às vezes parece que vou acordar a qualquer momento e tudo não terá passado de um sonho...
--Viva o sonho... às vezes há sonhos que são prenúncio de realidades maravilhosas...inesperadas...surpreendentes.
O ecoar daquela frase causou-me mais confusão ainda...
Meu telefone tocou, era Skya me convidando para jantar com ela e o pai. Não quis ser indelicada e disse que iria mas não pretendia jantar com ela e o pai, parecia tão fora de propósito...eu nem saberia como me comportar.
Despedi-me de Karen faltando pouco para as 8 da noite.
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--Cathe, juro que às vezes eu não te entendo...
--Que novidade Susan...se nem eu me entendo.
--É apenas um jantar com uma mulher interessante e o pai atraente dela...
Susan riu às gargalhadas.
--Eu liguei para me ajudares...pode ser?
--Chata! Vá ao jantar e divirta-se...a Skya não vai arrancar pedaço de ti à frente do pai.
Gargalhadas de Susan.
--Meu receio é esse...não dela mas de mim...
--Como assim?
--Essa menina faz cada coisa comigo Sue...
--Uiiii que coisas?
--Ah Susan porr*...me ajuda por favor.
--É apenas um jantar com um homem interessante, que já viajou o mundo todo, conhece muita coisa e tu adoras esse universo Cathe, sem contar que terás ainda a companhia da Skya que é uma pessoa maravilhosa e por quem a senhorita sente mais do que uma amizade colorida. Vá e ponto.
Suspirei profundamente e mordi o canto da boca.
--Cathe pelo amor de Deus, pareces uma menina inocente que vai ao seu primeiro encontro com o namorado, ou que vai conhecer os pais do namoradinho...credo, nem pareces tu criatura...a tímida aqui sou eu.
Risos altos e desta vez eu quase morri de tanto rir. A Susan tinha razão, eu parecia uma menina. Simplesmente ridículo.
--Aproveita bem a tua musicista prodígio porque vai começar uma digressão pelos Estados Unidos de norte a sul, depois Canadá, América Latina, Asia, Oceânia, Europa...sei porque a Ciara está toda empolgada com produção de coisas delas em vários lugares do mundo e o concerto do Metropolitan vai ser levado a todos os cantos dos Estados Unidos.
--Hmmm...-- Meu coração foi à boca e voltou numa velocidade que me deixou tonta...ficar tanto tempo longe de Skya...minha boca ficou seca.
--Ah...ninguém vai aproveitar a presença do pai para te pedir em casamento, oh donzela.
Susan riu alto do outro lado e eu de tão nervosa quase deixei cair o telefone.
--Susan, deixa de ser idiota, não brinque com essas coisas...para com isso..
--Calma Cathe...brincadeira, pode ser? Sou eu, a Susan.
--Não achei graça nenhuma...
--Tudo bem, não brinco mais...vais?
--Não sei...ainda não decidi.
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No restaurante asiático, Skya e o pai conversavam tranquilamente entre sorrisos e brindes.
--Sky, parece que a maravilha cega também é atrasada.
Risos.
--Ou então preferiu fazer outra coisa mais interessante...
Skya tentou amenizar mas estava triste...
--Hmmm parece que ela criou juízo e percebeu que coisa melhor para a noite de sábado só dois de nós...lá vem ela.
Skya sorriu e olhou para a direção dos olhos do pai.
--Boa noite...desculpem o atraso mas meu gato está naqueles dias de carência absurda.
Skya riu e pediu que Catherine sentasse.
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O pai de Skya era uma presença muito agradável. Fartei-me de rir, tantas experiências, viagens, casos diplomáticos tão bem resolvidos e era nítida a cumplicidade entre pai e filha. Senti uma espécie de saudade de coisas que nunca vivi...saudades de Bill.
--Catherine, eu tenho uma filha maravilhosa...a Skya é o melhor de mim, a versão elaboradíssima do pai...
--Que minha mãe não te ouça...
Risos.
--Claro que o mérito é mútuo, mas vejo tanto de mim nessa menina...criei uma mulher para o mundo, ela vive bem em qualquer lugar, adapta-se, cria histórias, segue brilhando e deixando marcas...
--Oh pai, chega...a Catherine vai pensar o quê?
--Que tens um pai orgulhoso e que é uma figura muito interessante.
--Alguém de bom gosto...amém.
Risos.
Conversamos por horas, eu fartei-me de rir, Stan era leve...assim como a filha que cada vez que me olhava eu sentia tremores, nervoso...Quase dei razão à Susan...eu parecia uma menina inocente. Não sei se fiquei muito feliz com aquela constatação...
Ele levantou-se para cumprimentar alguém, o homem conhecia gente em toda a parte do mundo. Skya aproveitou para pedir a conta.
Ela me olhou com olhos quase devoradores...que brilho. Senti-me desejada, nua...despida de qualquer medo, pelo menos naquele momento.
--Estás tão linda...linda.
Ela acariciou-me a mão e fiquei toda arrepiada.
--Obrigada...tu estás sexy...adoro ver-te de cabelo preso...dá vontade de soltá-lo e deixar-te selvagem...-- Minhas mãos tremiam...como era exagerada aquela forma de sentir as coisas...
Skya mordeu o lábio inferior, quase pulei naquela boca...controla-te Catherine, controla-te...mantra na minha cabeça.
--Vou para a tua casa...dormir contigo...a noite toda...
Não consegui dizer uma única palavra. Sorri, apenas.
--Vou ao toillet enquanto o meu pai não volta...
Olhei ao redor e o pai dela conversava com muito entusiasmo com um casal. Ele sentou-se não pensei duas vezes, fui ao toillet.
Não tinha ninguém na ante sala. Entrei na outra e encontrei Skya lavando as mãos. Ela sorriu...secou as mãos com calma e eu encostei-me à parede...
Ela caminhou em minha direção, brilho intenso nos olhos...
--Não posso permitir que uma mulher linda durma num colchão no chão...meu convite foi aceite?
--De dormir comigo? Na minha casa? O que achas?
Mudei de posição e ela ficou contra a parede. Agarrei-lhe com vontade pela cintura. Beijei-lhe o pescoço, cheirei...tão bom...disse-lhe ao ouvido que estava linda...ela sorriu e apertei-a contra mim...um pouco mais...
--Me beija Cathe...na boca...beija...
Fiquei surda ou escutei mil sons ao mesmo tempo que me deixaram surda...só vi a boca que eu adorava, os lábios que desejava tanto a ponto de me arderem os meus...beijei-a com sofreguidão, gem*mos juntas...tive vontade de tanta coisa...a vontade me consumia...tentei abrir os botões da blusa dela...abri dois e ela reagiu...ainda bem que Skya tem mais noção, controle...sei lá...
--Aqui não Cathe...não...-- ela sorriu dentro da minha boca enquanto tentava abotoar a roupa.
Saí correndo do banheiro...que loucura.
********************
Cheguei em casa e a primeira coisa que fiz foi deixar cair muita água sobre o meu corpo que ardia. Tomei banho da cabeça aos pés e senti-me mais calma.
Não pude evitar um sorriso...tudo tão diferente. A forma de desejar era diferente, a intensidade era outra, minhas reações então eram completamente sem precedentes...
Vesti uma camisola leve...calor e não era do aquecedor... lá fora estava frio.
Skya...será que ela viria mesmo? O Pai parecia tão feliz com a sua companhia, embora tivesse dito que sairia com os amigos italianos que não via há muito tempo...
Olhei para o relógio do telefone...meia-noite e meia.
Abri uma garrafa de vinho e preparei duas taças. Deixei o vinho respirar e fui tentar abstrair...música já que Scoutie estava temperamental e não queria saber de mim.
Ouvia All time de Archive e meu coração batia na mesma cadência...
Olhava as luzes da cidade pela janela sem me fixar em nada quando ouvi o som de um leve bater na minha porta.
Sorri ou ri alto, não sei, peguei a outra taça e abri a porta. Do outro lado, o melhor sorriso, minha Skya...meu presente.
--Posso entrar?
--Deve...
--Cheiro bom aqui...é sempre bom, mas esse é diferente...
--Deve ser da minha pele...óleo de banho diferente...
Ela cheirou meu braço no momento em que lhe entreguei a taça de vinho.
--Cheiro bom...boa receção...
Risos.
--Mudaste de roupa?
--Sim, fui para casa rapidamente tomar banho...estava a cheirar a temperos exóticos...
Risos.
--Nada disso...cheirosa como sempre.
--Vinho bom...vou ficar embriagada, já bebi bastante com o meu pai...
--Bastante quanto?
--Duas taças antes de chegares...mais uma depois...e agora essa...
--Ficas embriagada com tão pouco?
--Umhum...muito embriagada...
--Já estás embriagada?
--Mais ou menos...
--E quais são as consequências?
--Fico...fico muito mais sensível a toques...fico com muito mais vontade de...
--Vontade de quê? - Perguntei quase com minha boca colada à dela.
--Vontade de tirar essa tua roupa...
Ela beijou-me com tanta vontade que mais uma vez senti minhas pernas fraquejarem...fui direcionada para a pequena sala onde via tv, uma sala onde não tinha nada além de uma tv enorme na parede, um tapete fofo no chão e uma cadeira linda que era minha paixão.
--Aqui...eu quero dormir aqui...
--Aqui?
--Sim...quero dormir nesse tapete e com a janela sem cortinas, aberta para as luzes da cidade...gosto de luzes...gosto daqui...gosto de ti...
Não sei como mas de repente estava deitada no tapete fofo...ele era tão fofo, já não me lembrava...mas também nunca tinha-me deitado nele...
Skya me olhava com tanta intensidade...às vezes sentia-me quase tímida diante do desejo escancarado nos olhos dela...eu, tímida...ela subiu em cima de mim e eu fechei os olhos para sentir...fui despida com a boca, literalmente...fiquei arrepiada e ela beijou meus pelos eriçados...eu queria reagir, queria fazer tanta coisa mas não tinha forças...sentir era tão bom...ela me tocava com carinho, com voracidade, pegava com vontade e eu me sentia viva, pulsante...eu queria ser dela, entregar-me, dar-me toda para ela...ela ficou sentada nas minhas pernas...me olhando...tanto desejo...parecia querer guardar alguma coisa na memoria, em mim ela estava guardada para sempre e não apenas na memória...ela tirou a blusa...não usava soutien...adoro os seios dela...adoro...ela sabe disso, tanto sabe que deslizou sobre o meu corpo e colocou um deles na minha boca...tanta vontade...tanto desejo...e aos gemidos dela eu morria e ressuscitava...meu corpo tremia...e mãos que eu adorava que meu corpo ansiava, passeavam...ora devagar, ora apertando...nossos seios se encontraram, foi minha vez de gem*r alto, apertar-me nela, esfregar meu corpo contra aquele que tanto desejo despertava...Skya mexia-se sobre mim e eu buscava ar...beijei-lhe a boca, segurei-lhe a nuca e beijei...ela mordeu meus lábios...abri as pernas e ela encaixou-se em mim...entrelacei as pernas nas suas costas...podia morrer naquele momento...Skya me olhou nos olhos...eu vi coisas naquele olhar...ela continuava o bailado sobre mim e eu não sabia mais em que mundo estava...algo subia pelo meu corpo...me consumia... queria que ela entrasse em mim, que grudasse em mim...queria ficar naquele instante para sempre...abracei-a como se abraça à ultima esperança...com força, com vontade...olhando-me dentro dos olhos ela entrou em mim...devagar...fiquei cega...surda...mas minha pélvis ganhou uma vida que jamais teve...ergui-me para ela...a profundidade fez-me quase perder os sentidos...meu corpo abriu-se para ela, meu intimo clamava por ela...já não era tão devagar e eu tremia e dizia coisas sem sentido...ela mordeu-me com força, gritei num misto de dor e prazer, muito mais prazer...cravei minhas unhas nas costas dela e ergui-me mais...mais...a velocidade aumentava...aumentava...eu gritei...ela gritou...eu gritei mais uma vez...arranhei-lhe as costas com vontade, desespero...desejo que me dominava...meu corpo era quase um lago...suor...desejo...ela beijava-me lascivamente...os movimentos tornaram-se mais lentos de novo...gemi com vontade...olhei nos olhos dela...tive vontade de dizer...vontade de dizer...quero isso pelo resto da minha vida...quero-te...mas não disse, minha voz não saiu, minha boca estava seca...mais um beijo...arqueei o corpo...ela enlouqueceu...talvez porque disse que queria mais, que queria tudo...ela me deu tudo...com força, com sincronia, paixão, tesão...gritamos juntas, eu quase perdi o folego, mas seus beijos eram sempre um alento ainda que muitas vezes me roubassem o ar...paradoxo...paradoxo Skya em minha vida...mas não era momento de paradoxos e sim de sentir e meu corpo sentia tanto, tanto que não parava de tremer...ela tremia junto, estava sobre mim, grudada a mim e eu queria que ficasse assim...até...
O momento seguinte...não sei se mereço isso tudo...não sei...parece tudo tão bom para alguém como eu...não sei...estou a pensar asneiras...penso asneiras para controlar minha vontade de chorar...quero chorar de felicidade...não posso...ela beija meu corpo todo...célula por célula...cada milímetro de pele...tudo...eu tremo, tento levantar as mãos para acaricia-la, abraçá-la mas faltam-me forças...sobra sentimentos...confusos...sentimentos...
Levei muito tempo para me acalmar, mas a sensação de plenitude, leveza, cabeça leve, corpo relaxado durou a noite toda...ah e a música ajudava...At the river, Groove Armada...no repeat...doce embalo...
--Cathe...
--Hmmm...-- Não conseguia falar nada.
Ela estava grudada em mim, não mais em cima de mim, mas me abraçando de lado, colada em mim...e meus olhos fechados...perfeito.
--Tu és a mulher mais linda que eu já conheci na vida...
A voz dela parecia embargada mas eu não tinha controle dos meus sentidos...não sabia se ouvia bem...
Eu queria abraçar Skya...eu queria dizer todas as coisas lindas que povoavam minha mente confusa...mas o medo me vencia...liberdade com medo...não existe, mas eu estava presa a uma sensação assim...
--Eu...eu...--Suspirei...não consegui concluir...ainda bem que não...
Ela me beijou mais uma vez e me apertou nos seus braços...adormeci sentindo leves beijos pelo meu corpo...eu...eu...
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Acordei domingo o dia já tinha avançado várias horas. O sol batia na minha cara...sorri, adoro o sol na minha pele. Olhei para o lado e Scoutie estava dormindo quase em cima do tapete. Ah, o casmurro morria de saudades minhas...temperamental mas louco por mim, assim como sou louco por ele.
Olhei para o outro lado, fiquei estática e sorrindo...Skya dormindo nua, linda...de bruços, cabelos espalhados...boca perfeita, respiração tranquila...
Num impulso levantei e fui procurar meu telefone. Eu fotografei-a...fotos do rosto lindo...da pele delicada...as costas estavam vermelhas...tive remorso...ela tinha sentido dores e no entanto não pensei duas vezes a extravasar minha loucura na sua pele delicada...fiquei de pé e fotografei-a inteira. Beijei a tela do telefone...loucura já que podia beijar a própria Skya.
Beijei-lhe de leve as costas...quase um sopro. Ela gem*u e aconchegou-se mais num dos braços que lhe apoiava a cabeça.
Saí da sala de tv, fechei a porta e andei pelo meu apartamento...todos os cômodos. Eu parecia uma louca, sentia-me uma doida varrida.
Eu não estava em mim...não me reconhecia, não via nenhum sinal de Catherine, a Catherine com quem convivi a vida inteira. A pessoa no espelho não era eu...o brilho era outro, o sorriso também...era apavorante.
Socorri-me do banho...da cabeça aos pés, e seria muito bom que lavasse a alma também.
Mas não, depois do banho tive vontade de entrar na sala de tv e acordar Skya com beijos, de ficar com ela no tapete falando sobre tudo e nada...de passar o dia inteiro vendo-a tocar, ou falar das coisas que gostava...essa Catherine não era eu...
Vesti um short e uma blusa e fui para a cozinha. Bebi café com leite e fui aventurar-me com as panelas...aventura louca já que não sei cozinhar nada.
Ah, tinha o arroz de frango que o Christian tinha-me ensinado. Mil tentativas e um dia acertei. Arroz de frango com nozes e tâmaras...uma delícia. Não o meu, mas queria aventurar, queria abstrair...
Não sei quanto tempo fiquei enrolada naquela cozinha mas fui surpreendida da melhor forma...
--Bom dia...ou seria boa tarde?
Skya só de calcinha e com aquele cabelo lindo solto...minha perdição. Abraçou-me por trás, beijou-me a nuca e ficou com a cara pousada no meu cangote.
--Bom dia...-- Minha voz soou doce...muito doce.
Mais um beijo na nuca e um abraço apertado. Sorrisos, muitos sorrisos.
--Hmmm...cheiro bom, não conhecia esses dotes e estou morta de fome.
Ri com gosto.
--Sem dotes...a única coisa que sei fazer na minha vida alem do trivial ovo estrelado...arroz de frango com nozes e tâmaras...receita de um ex namorado e ele sofreu muito até que a sem jeito aqui pudesse aprender.
Skya fez uma cara estranha e depois começou a rir...rir muito.
--O que foi?
--Teu ex namorado foi ensinar-te justamente algo que não posso comer? Boa pontaria...
Mais risos e eu sem entender.
--Não entendi...
--Tenho alergia a nozes meu bem, não posso nem chegar perto.
--Ah, não acredito? Esse trabalho todo para nada?
--Nada? Comes, convidas alguém para jantar...
Tive vontade de dizer que tinha feito tudo por ela, que eu não estava com a mínima vontade de comer...convidar alguém para jantar...senti...sei la o que senti...desalento, talvez...
Passou no segundo seguinte quando ela me beijou e o beijo transmitia tanta coisa boa...
--Adorei...tudo. Sempre adoro, mas ontem foi especial...
Ela me olhou daquele jeito, senti vontade de dizer que eu tinha adorado, que ela era especial, que jamais alguém tinha conseguido do meu corpo o que ela conseguia sem esforço algum...mas tive medo...fiquei travada...mas ela continuou com o mesmo olhar...beijou-me de leve e foi tomar banho.
Depois de conseguir articular as ideias, saí quase voando para comprar alguma coisa que ela pudesse comer.
********************
Depois do almoço conseguido à última hora e aprovado por unanimidade, Skya ajudou-me na cozinha. Não perdia muito tempo naquele espaço mas detestava que estivesse sujo, com qualquer coisa fora do vulgar, vá entender...
Depois da missão cozinha, precisei trabalhar um pouco, afinal regressaria na segunda e tinha algumas coisas pendentes.
Skya ficou na varanda, escrevendo no Ipad, ela escrevia sem parar, freneticamente. Tinha alguma curiosidade para saber que tanto ela escrevia, ela parecia em transe. Não era a primeira vez que a via entregue à escrita...o que será que ela tanto escrevia?
Adiantei meu trabalho e preparava a refeição de Scoutie que estava deitado aos pés de Skya quando percebi que começava a chuviscar.
--Ei senhores, venham para dentro, a chuva está contra o vento e vai molhar-vos em segundos.
--Senhores? Eu sou uma mulher...e apenas uma.
Risos.
--Parva...senhores, Skya e Scoutie, não viste que ele está aos teus pés.
--Ohhh, vem cá meu amor.
O vendido morreu de amores, todo entregue...eu tenho ciúme de um gato, é de loucos.
--Vamos fazer o quê?
Ela sorriu daquele jeito que me fazia ver luzes em todos os lados, e a voz? Meiga, doce sem ser chata, uma caricia à parte...
--Estou um pouco cansada, ou com sono...vamos ver alguma coisa na televisão?
--Estás cansada e queres ver televisão? Queres dormir isso sim...vamos para a cama? Juro que é sem segundas intenções...
Gargalhadas e meu corpo naquela reação instantânea...efeito Skya ou Catherine sendo Catherine...louca por sex*...já não sabia de mais nada...
--Sei...cama contigo e sem intenção alguma...é folclore?
Risos.
--Ok! Sem cama...tapete da sala de tv? Adoro aquele tapete...prometo ficar longe de ti...conversar apenas.
--Ok...vamos.
Realmente não teve intenção alguma, pelo menos nada explicito...beijinhos, toques, carinhos leves e muita conversa.
--Mas o que foi doida? De que ris tanto?
--Tu, claro. Ontem disseste que eu não era mulher para dormir no chão e que por isso viríamos para cá e onde foi mesmo que passamos a noite?
Gargalhadas altas.
--Eu não raciocino...mas teu tapete é 5 estrelas.
Risos.
--Meu tapete é 5 estrelas...tudo foi 5 estrelas...
--Sabias que eu adoro quando falas assim?
--Assim como?
--Com a voz meio rouca, suave...fecho os olhos e entro em delírio...
--Doida... - Sorri feliz. - O que tanto escreves? Música?
--Não...meu talento não chega para tanto...escrevo coisas que me passam pela cabeça...quem sabe um dia não possas ler o que escrevo...
--Agora?
--Não...um dia desses...
--Quanto mistério...
Risos.
--Tenho uma curiosidade...
--Umhum...diga.
--O que te atraiu em mim?
Levei um susto, não esperava aquela pergunta.
--As covinhas.
--Hã?
--As covinhas na bochecha...acho tão sexy?
--Jura?
Gargalhadas.
--Juro...quando ris é um encanto...
--Ficaste encantada logo ao primeiro sorriso?
--Ah para de ser convencida...demorei...
--O quê? Um dia?
Gargalhadas.
--Pateta...sei lá...e tu, o que te atraiu em mim?
--Hmmmm...
--Ah Skya vá á...
--Calma...-- Ela olhou-me de cima a baixo com desejo, muito desejo.
--Nada?
--Tudo! Absolutamente tudo, até o mau feitio...deu vontade de domar na hora...
Gargalhadas minhas, fiquei ofegante.
--Domar...e estou domada?
--Não...não é fácil...mas o desejo aumenta...
--Hmmm,consegues domar-me? E o que significa me domar?
Ela olhou-me mais uma vez, em profundidade, senti meu corpo alterar-se.
--Não sei...
--Não sabes se consegues?
--Não sei se consigo, mas pretendo tentar...tentar...e tentar mais um pouco...
Tive vontade de rir...rir de felicidade e de nervoso, felicidade sabia muito bem porquê e nervoso não fazia a menor ideia...
--Acho que mereces uma coisinha...
--Só uma coisinha?
Risos.
--Deixa de ser impertinente menina...já volto.
Ela riu acomodando-se agora na cadeira.
--O que é?
--Abra...comprei em Portland, espero que gostes.
Sentei-me com ela na minha cadeira de ver tv.
Ela abriu o embrulho com mãos ágeis e pareceu ter-se encantado com o colar. Não sabia muito bem o que comprar até entrar na loja de joias artesanais e dar de cara com aquele colar.
--Gostas?
--Eu adorei...é linda, linda. - Ela beijou-me a boca segurando a minha nuca com delicadeza.
--Ajudas-me a colocar?
--Umhum.
O colar realmente ficava lindo no seu pescoço. Ela levantou-se e foi ver o reflexo nos vidros da janela.
--Eu adorei, presente mais lindo que recebi nos últimos tempos. Obrigada.
Ela abraçou-me e beijou-me a bochecha. Revirou os olhos e sorrindo perguntou:
--O que vem a seguir? Um pedido oficial de casamento?
Sai do abraço num rompante e deixei a sala de tv...não gostei do que ela disse...todos os medos me dominaram naquele instante, depois daquela pergunta.
--Cathe? O que foi?
--Para de dizer asneiras...-- Disse com ar de desdém.
--Eu estava a brincar...
--Ah é? Patético.
--Catherine, aconteceu alguma coisa? Não estou a entender nada.
--Não aconteceu nada.
--E esse semblante alterado? Essa quase raiva no teu olhar?
Ela abraçou-me e meu pavor aumentou, minha cabeça explodia em mil pensamentos, todos desconexos.
--Cathe, eu não quero casar com ninguém, foi apenas uma brincadeira. Só tenho 25 anos...muita coisa para viver, não vou prender-me a um casamento quando tenho o mundo à minha espera...estava a brincar, ok?
--Ok. - Minha cabeça fervia, eu não entendia nada, mas minha cabeça parecia prestes a explodir.
--Cathe...
--Ok, entendi...importas de me deixar sozinha?
--Catherine? - Ela olhava-me incrédula e meu ouvido zumbia.
--Por favor...quero ficar sozinha...por favor...
Ela não disse nada. Saiu da sala de tv e segundo depois ouvi a porta principal bater com força.
Tive a sensação que a cabeça quebrava em mil pedaços, sentia-me apavorada.
Fui à janela, encostei-me ao vidro, cabeça contra o vidro gelado...chovia lá fora...desvaí-me em lágrimas.
Fim do capítulo
Boa leitura.
Nadine Helgenberger
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Fanatica
Em: 07/01/2016
Oh Dios que foi isso que deu na Cathe? Incrível o poder que tem o medo sobre nós! Entendo perfeitamente ela, acho que não há nada pior pra alguém inseguro que vive dentro da "Casinha" se ver tomado por uma força que ser quer entende e lidar com isso sem pirar é difícil, agora estou mais ansiosa que nunca para ver como será a reação de ambas, quero ver a reação de Skya, nossa tadinha dela, mas queria que ela tivesse sonhos de casamento com Cathe, apesar dela ser jovem e ter um mundo pela frente.
Bjs my gft, amei o capítulo!
Resposta do autor em 10/01/2016:
Muito obrigada.
Bjs
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Chris_gmg
Em: 07/01/2016
MARAVILHOSO, apesar de ter ficado c o coração apertadinho c esse final... Skya apaixonante e Cathe não oq dizer, apaixonada... tomara q seus medos e receios não endureça o coração da skya... bjos e adorei Nadine... PS. A ansiedade não passa kkkkkk sempre qro ler mais 😙
Resposta do autor em 10/01/2016:
Rsrrss, mais a caminho...
Obrigada.
Bjs
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maria lucia
Em: 05/01/2016
O final deixou a gente com gosto de quero mais.Como sempre espetacular!!!!!!
Resposta do autor em 10/01/2016:
Muito obrigada.
Bjs
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mtereza
Em: 05/01/2016
Passamos de 20 capitulos e estou torcendo para O Presente chegar aos 40 capítulos rsrsrs. Espero que a Skya tenha um pouco de paciência com a Cathe ela vai superar esse medo com certeza o processo de descoberta e autoconhecimento esta só começando e apesar de ser dez anos mais nova a Skya é bem mais madura emocionalmente do que a Cathe mais ela chega lá bjs Nadine
Resposta do autor em 10/01/2016:
40 kkkkkk, no!
Valeu. Bjs
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Ana_Clara
Em: 05/01/2016
Este capítulo entrou em meu coração como uma poesia. O que a Cathe sentiu são coisas que apenas uma alma apaixonada pode sentir. Que sentimento puro e intenso é esse que ela tem pela nossa menina?! Definitivamente precioso! Fico realmente triste por este medo que ela tem em se entregar. Talvez se tiver a ponto de perder tudo o que a Skya oferece a ela, quem sabe assim deixe esse pavor de lado e comece a ver a realidade de que já foi fisgada e não tem mais volta. Tantas gostariam de estar no lugar da Catherine, como gostariam.
E olha que eu apenas queria um 'Eu te amo'... Se fosse isso bem era capaz de um homicídio ser cometido. kkkkkkkk
Resposta do autor em 10/01/2016:
Kkkkk, valeu. Bjs
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Ada M Melo
Em: 05/01/2016
Cathe para de vacilar porque Skay pode cançar. acho que só um medo muito grande de perder vai da coragem a essa mulher....
Resposta do autor em 10/01/2016:
Rsrsrs, será que Skya cansa? Pode ser...
Valeu, bjs
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leticiasic
Em: 05/01/2016
Coitada da Skya, Cathe pegou pesado ...
Resposta do autor em 10/01/2016:
Bjs
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Carmen
Em: 05/01/2016
Mais um capítulo primoroso! E que gancho foi esse?! Morro de ódio e ao mesmo tempo amo a forma como termina os capítulos. Nos mantém presas a história com maestria, mas morro de ansieade até o próximo capítulo!
Consigo entender Cathe. Completamente. Sao tantas mudanças para ela lidar em um tempo tao curto. A pessoa que ela era, já nao existe mais e muito isso por causa de uma outra pessoa. Uma hora ela ia explodir, embora eu tenha pensado que depois da fuga dela e do reencontro com o pai e de fazer as pazes com seu passado ela estaria mais madura, mais pronta para assumir o que ela sente pela Skya. Mas Skya também tem seus medos. E transfere muito os medos causados por outra para a sua história com Cathe. Sem contar, que quando ela mesma diz que nao quer casar com ninguém, que tem todo um mundo a espera dela isso deve apavorar ainda mais Cathe, que embora nao admita ainda, qer Skya para ela, inteira, para sempre. Ou seja, tudo muito confuso, tudo muito mais baseado no medo e talvez na covardia.
Agora é esperar com ansiedade para ver o que essas loucas vao fazer com todo esse medo.
Pra voce Nadine, um ano maravilhoso! Com muita saúde e conquistas! Que possa ter momentos felizes e estar sempre inspirada a criar historias tao lindas e cativantes, como tudo o que voce cria!
Resposta do autor em 10/01/2016:
Muito obrigada.
Bjs
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Simone
Em: 05/01/2016
Ei, autora linda da minha vida!!!
Mais um suuuuper capítulo!!! Nossa, quantos suspiros arrancados dessa leitora aqui, rsrsrsrs.
Cathe sendo Cathe... Ela até demorou para surtar. Começou estranhando a si mesma; depois soltou uma na Sue (sorte que a amiga releva tudo e trata com humor único. Ela sabe que esse mundo novo e cheio de possibilidades assusta a Cathe); e por fim, explodiu com a Skya. Justo? Não! Compreensível, sim!
Mas, como esperar algo diferente da Cathe? Ela passou uma vida inteira sem receber amor. Falo de amor declarado, explicito, incondicional e despretencioso. Ela só conheceu isso com a Susan, mas já na vida adulta e é um amor diferente. É leve, desobriga... é único. Eu a entendo tanto... chego a sentir seu sofrimento. Ela está totalmente fora da sua zona de conforto. A vontade de fugir e se refugiar em si mesma, na antiga Catherine deve ser enorme, mas felizmente, ela já não cabe mais naquele espaço. Ela cresceu, expandiu... Hora de criar novos espaços em si mesma.
Skya... fiquei com dó. Não merecia toda essa inconstância. Porém, ela sabe muito bem onde está se metendo!! A conversa com o pai mostrou como ela esta ciente da dificuldade desse relacionamento e mesmo assim ela entrou de cabeça, pés... corpo inteiro!!! Skya não está fragilizada como a Cathe. Ela é mais forte, resolvida emocionalmente, e mais madura também. Agora quero ver como ela vai lidar com essa Cathe em conflito.
E mais uma vez vou dizer o que me encanta na sua escrita... Entre tantas coisas... você, como poucas, sabe respeitar o tempo das personagens. E isso as torna reais! Nada é atropelado e os acontecimentos se desencadeiam com uma lógica adoravelmente impressionante. Surgem surpresas e imprevistos no caminho, e é isso que a torna uma autora excepcional!!
A virada... imaginando a minha reação... Wow!!! Sem palavras!!! kkkkkkk
Bisus, nha amiga linda!
Mi tambem mi e dod na bo!
(Google??? Que nada! Uma amiga linda e que amo muito está a me ensinar!)
Simone
Resposta do autor em 10/01/2016:
Rsrsrsrsrs...love you.
Valeu e antes que digas mas só isso...digo, estou sem tempo.
Bjs
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ASophiaP
Em: 05/01/2016
Tive que sair da moita pra dizer que me identifico muito com a Catherine, as vezes parece até que você está descrevendo o que se passa na minha cabeça, eu entendo esses medos dela, pra mim faz todo sentido, eu ainda não consegui superar os meus, mas espero que ela consiga superar os dela.
E você querida autora, como sempre escrevendo brilhantemente bem 😘😘😘
Resposta do autor em 10/01/2016:
Força e dispa-se do medo.
Muito obrigada.
Bjs
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patty-321
Em: 05/01/2016
Caraca meu. A Catherine é surpreendente. Q porra foi essa no final? Eu travo qdo minha namorada fala em casamento. Trauma. Medo. A reação dela foi muito exagerada. O medo é na verdade a vontade q a intenção da sky seja realmente a de tornar o relacionamento delas serio. Ou de sofrer qdo td terminar. Medo domina a mente da cathe. Feliz ano novo nadine e para bens atrasado. Bjs
Resposta do autor em 10/01/2016:
Valeu linda, bjs
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lih
Em: 04/01/2016
A cathe eh de lua, só pode, desisti de entender ela... A Skya louca por ela e ela divagando, ou ela tem algum trauma no passado ou tá usando drogas pesadas escondida..
Resposta do autor em 04/01/2016:
Kkkkkkkkkkkkkk adorei essa das drogas pesadas...
Nada disso...ela é de lua, bipolar quem sabe, mas sigamos em frente para ver o que acontece...
Valeu. Bj
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Sem cadastro
Em: 04/01/2016
Olá, NH!
Que final foi esse? Cathe e esse medo, mas para uma mulher que até antes de Skya era louca por homens é até compreensível. Fiquei com dó da Skya, porém, como ela disse, ela vai tomar a fera.
Quantas emoções nessa capítulo. Maravilhoso como sempre!
Beijos para você!
Resposta do autor em 04/01/2016:
Rsrsrsrs eu compreendo a loucura dela e garanto, é real, existe rsrsrs.
Nao tenha dó da Skya...ela sabe das coisas e veio com o firme de proposito de domar e entender esse ser complexo que é Catherine...deixa comigo rsrsrs
Bjs amor.
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