NÃO ESQUEÇAM DE LER A PRIMEIRA TEMPORADA DA HISTÓRIA PARA PODER ENTENDER ESSA CONTINUAÇÃO.
CAPÍTULO 2
Um mês havia se passado desde o falecimento do pai de Melissa. A casa ainda guardava o silêncio pesado do luto, e os dias seguiam entre lembranças e tentativas de recomeço. Sempre que Melissa ia a casa da mãe, voltava para o apartamento do casal emotiva. Melissa, embora fragilizada, tomou uma decisão que surpreendeu a todos: queria tentar mais uma vez o tratamento de fertilização.
— Eu sei que parece loucura agora, mas preciso disso… — confessou certa noite, ao lado de Fiorella, enquanto estavam deitadas no sofá, com a luz baixa da sala refletindo nas paredes. — É como se esse sonho fosse a única coisa capaz de me dar forças depois de tudo.
Fiorella segurou a mão da esposa com carinho, acariciando os dedos delicados. — Mel… você lembra do que a médica disse anos atrás. Por causa da sua paralisia, engravidar seria praticamente impossível.
Melissa respirou fundo, os olhos marejados, mas havia uma centelha de esperança em sua voz. — Ela disse que naquele momento não era possível. Mas também disse que, no futuro, talvez houvesse uma chance. E eu quero acreditar nisso. Só mais uma vez, Fio.
Fiorella não conseguiu dizer “não”. O amor que sentia pela esposa era maior do que qualquer receio, e ela sabia que a esperança era, naquele instante, o que a mantinha viva.
Assim, alguns meses depois, deram início ao tratamento. As consultas eram longas e cansativas, mas Melissa se mostrava firme, ainda que os olhos carregassem o peso de lembranças dolorosas do pai. O procedimento foi marcado: uma fertilização in vitro com o esperma do pai de Fiorella, um gesto que unia ainda mais os laços da família que ambas sonhavam construir.
Nos dias que antecederam o resultado, a expectativa enchia o ar da casa. Sandra, mãe de Melissa, evitava falar sobre o assunto, temendo o pior. Mônica, a irmã, sorria forçadamente, tentando esconder a ansiedade. E Fiorella permanecia como uma fortaleza ao lado da esposa, ainda que por dentro também tivesse medo.
Finalmente, o dia chegou. No consultório iluminado pelas lâmpadas frias, a médica entrou com a pasta em mãos e um olhar grave. Melissa, na cadeira de rodas, apertou a mão de Fiorella com força.
— Doutora, por favor… — murmurou, quase sem voz.
A médica respirou fundo antes de falar. — Melissa, eu sei que você tinha esperança. Mas infelizmente, mesmo com todos os avanços do tratamento, seu corpo não conseguiu aceitar a gestação. Não há possibilidade de engravidar.
O silêncio que se seguiu foi cortante. Fiorella sentiu o coração despencar no peito, mas tentou manter-se firme. Olhou para a esposa e viu os olhos dela se encherem de lágrimas, o rosto pálido se contrair de dor.
— Então… é isso? — a voz de Melissa saiu trêmula, como um sussurro. — Nunca vou poder ser mãe?
A médica baixou os olhos, compreensiva. — Biologicamente, não. Mas existem outros caminhos… adoção, por exemplo.
Melissa não respondeu. Apenas virou o rosto, deixando que as lágrimas corressem livres. A dor da perda do pai já havia deixado uma ferida aberta em sua alma, e agora a impossibilidade de gerar um filho parecia aprofundar ainda mais essa cicatriz.
No caminho de volta para o apartamento, o silêncio entre ela e Fiorella foi ensurdecedor. Apenas quando entraram no quarto, Melissa desabou, chorando convulsivamente.
— Eu não sou nada, Fio… — soluçava, com a voz entrecortada. — Nem filha, mas eu sou, nem mãe eu vou poder ser…
Fiorella ajoelhou-se diante dela, segurando o rosto da esposa com as duas mãos. — Não diga isso! Você é tudo para mim, Melissa. Você é a razão da minha vida. Se não pudermos ter um filho assim, encontraremos outro jeito. Mas você não vai carregar esse peso sozinha, eu prometo.
Melissa, ainda em prantos, deixou-se acolher nos braços da mulher que tanto a amava. A esperança que antes parecia possível agora parecia distante, mas Fiorella sabia que, de alguma forma, precisariam encontrar um novo caminho para reconstruir seus sonhos.
Os meses se arrastavam lentos e pesados. Melissa mergulhava cada vez mais em uma sombra silenciosa. A ausência do pai pesava sobre seus ombros, e a frustração por não conseguir engravidar a fazia sentir-se inútil, como se sua vida tivesse perdido o sentido.
Fiorella, que sempre se mostrava forte, não conseguia mais esconder a angústia. A cada olhar perdido da esposa, seu coração se partia. Ela sabia que precisava falar sobre isso com alguém, dividir aquele fardo.
Foi em um final de semana, durante um almoço na casa dos Dellaye, que o desabafo aconteceu. Melissa ajudava a mãe na cozinha, entretida com as lembranças que insistiam em vir à tona, enquanto Fiorella permanecia na sala, sentada no sofá ao lado de Mônica, sua cunhada, e Carol, a amiga de longa data da família.
O ambiente tinha um ar familiar: o cheiro de molho caseiro vinha da cozinha, misturado ao aroma suave das flores no centro da mesa de jantar. Na sala, a luz entrava pelas janelas grandes, iluminando os rostos tensos. Fiorella, já com os olhos marejados, finalmente deixou escapar a dor que guardava.
— Eu não sei mais o que fazer… — confessou, a voz embargada. — A Mel está tão diferente. Ela tenta mostrar força, mas eu a conheço. Por dentro, está quebrada. Eu também sonho em ser mãe, mas tenho medo de perder completamente a esperança. — As lágrimas rolaram, e Fiorella levou as mãos ao rosto, sem conseguir disfarçar.
Mônica olhou para Carol rapidamente, como se buscasse força, e então tomou uma decisão inesperada. Sua voz soou firme, mas carregada de emoção.
— Eu posso engravidar e dar o bebê para vocês. Sei que serão excelentes mães.
O silêncio tomou conta da sala por alguns segundos. Carol arregalou os olhos, surpresa com a ousadia da namorada.
— Amor… tem certeza do que está dizendo? — questionou, segurando a mão de Mônica com delicadeza. — É uma coisa séria, muito delicada.
Mônica não hesitou. Seus olhos brilhavam de determinação. — Eu nunca falei tão sério na minha vida, Carol. — Passou a mão pelos cabelos soltos, respirando fundo antes de continuar. — Eu não aguento mais ver a Mel desse jeito. Ela tenta disfarçar, mas eu sei que o sonho de ter um filho continua latejando dentro dela… e da Fio também.
Fiorella, atônita, não conseguiu responder de imediato. Ficou sem palavras, encarando a cunhada com um misto de incredulidade e esperança. O coração batia acelerado, como se não soubesse se acreditava ou não no que tinha acabado de ouvir. Depois de um longo suspiro, finalmente conseguiu dizer algo, com a voz trêmula:
— Você não imagina o que isso significa para nós… Obrigada, de coração.
Mônica sorriu com doçura, apertando a mão da cunhada, enquanto Carol permanecia emocionada, mas ainda atenta à grandeza daquela decisão.
Do lado de fora da sala, alheia a tudo, Melissa permanecia próxima à janela. Olhava para o horizonte, perdida em lembranças do pai e em reflexões sobre o futuro incerto. Mal sabia ela que, em segredo, a vida já preparava um presente capaz de transformar sua dor em esperança.
Os dias seguiram em ritmo intenso. Mônica realizou todas as consultas e exames necessários para saber se poderia se submeter ao procedimento de fertilização in vitro. Cada ida ao médico era acompanhada por Carol, que não desgrudava da namorada nem por um instante, oferecendo apoio, carinho e segurança. Fiorella também estava presente sempre que podia, cuidando para que nada faltasse às duas. As três compartilhavam um segredo precioso, escondendo de Melissa aquela surpresa tão sonhada.
Em uma manhã ensolarada, o consultório médico estava silencioso, com o ar-condicionado suavemente preenchendo o ambiente. Mônica e Carol aguardavam sentadas de mãos dadas, ansiosas pelo resultado final dos exames. O coração de Mônica parecia querer saltar do peito; Carol, por sua vez, tentava disfarçar a apreensão com pequenos sorrisos e apertos de mão.
Quando a médica entrou com a pasta em mãos, o ar pareceu ficar mais denso. Ela se sentou diante delas, abriu os documentos e, com um sorriso acolhedor, deu a notícia que mudaria tudo:
— Mônica, seus exames estão excelentes. Você está apta a passar pelo procedimento de fertilização in vitro.
Por alguns segundos, a sala ficou em silêncio. Mônica piscou várias vezes, como se quisesse ter certeza de que tinha ouvido direito. Carol levou as mãos ao rosto e, logo em seguida, abraçou a namorada com força. As lágrimas de ambas se misturaram em um riso nervoso, quase incrédulo.
— Você ouviu isso? — sussurrou Carol, emocionada. — Você pode engravidar, Mô!
— Eu ouvi… eu posso dar esse presente para a Mel e para a Fio — respondeu Mônica, com a voz embargada, acariciando o rosto da namorada.
Assim que saíram do consultório, ainda com os olhos brilhando, Mônica puxou o celular e ligou imediatamente para Fiorella. Dentro do carro, o motor ainda desligado, a ansiedade se transformava em euforia.
— Fio! — disse Mônica, mal conseguindo conter a felicidade. — Está confirmado! Eu posso engravidar!
Do outro lado da linha, a executiva não conseguiu controlar a emoção. Sua voz veio carregada de lágrimas e risos. — Meu Deus, Mônica… você não sabe o quanto essa notícia significa para mim, para nós! Já posso começar a organizar tudo com o papai. Vai dar certo, eu sei que vai!
Carol, sentada ao lado, encostou a cabeça no ombro da namorada e também falou ao telefone:
— Fiorella, se prepara, porque vem aí o maior presente que você e a Mel poderiam sonhar.
Fiorella fechou os olhos por um instante, como se quisesse gravar aquele momento na memória. No coração dela, uma chama de esperança voltou a arder com intensidade. — Vocês não fazem ideia da alegria que estão me dando. Eu amo vocês!
Dentro do carro, o trio de vozes entre lágrimas e risadas parecia uma pequena festa improvisada. Era como se, naquele instante, todas as dores dos últimos meses tivessem dado espaço para um futuro cheio de promessas.
Enquanto isso, na casa de Sandra, Melissa passava a tarde na sala, concentrada em um livro que repousava sobre suas pernas paralisadas. Os olhos dela refletiam saudade e, ao mesmo tempo, a luta diária para seguir em frente. Nem de longe poderia imaginar que a vida estava prestes a surpreendê-la de uma forma que mudaria tudo outra vez.
Duas semanas depois, Eduardo — pai de Fiorella — foi até a clínica de inseminação para colher o material genético necessário à fertilização in vitro de Mônica. O homem estava radiante. O simples fato de poder contribuir para o sonho da filha e da nora já o deixava tomado de orgulho e alegria. Para ele, ser avô novamente, mas dessa vez de uma criança tão desejada, era quase como viver uma nova juventude.
Naquela quinta-feira à tarde, Mônica passou pelo procedimento de fertilização. O ambiente era sereno, iluminado por uma luz suave e acolhedora, mas a tensão era inevitável. Carol permaneceu ao lado da namorada o tempo todo, segurando firme sua mão. Quando tudo terminou, ambas respiraram aliviadas e seguiram para a casa de Carol, onde Mônica passaria a noite sob seus cuidados.
— Vai dar certo, amor — sussurrou Carol, deitando-se ao lado da namorada, acariciando seu cabelo. — Esse bebê já é amado antes mesmo de existir.
No dia seguinte, Mônica voltou para casa. Sandra, a mãe, ao ouvir a novidade, quase não se conteve. Seus olhos brilharam de emoção. — Que Deus abençoe esse processo — murmurou, abraçando a filha com força. — Tenho fé que tudo dará certo.
As semanas se passaram em meio a expectativa e ansiedade. Após cinco semanas, Mônica começou a sentir mudanças no corpo: enjôos matinais, um cansaço diferente e até mesmo um instinto de proteção que jamais havia experimentado. Carol, atenta, não pensou duas vezes e a levou ao médico.
A notícia veio como um raio de sol depois de uma longa tempestade.
— Você está grávida! — confirmou o médico, sorrindo após o exame. — Cinco semanas.
Mônica levou a mão à boca, sem acreditar. As lágrimas escorreram antes mesmo que pudesse reagir. Carol a abraçou forte, chorando junto. — Eu sabia, Mô! Eu sabia que daria certo!
Para confirmar, elas voltaram à clínica de inseminação, onde a própria médica que realizara o procedimento sorriu ao ver o resultado. — Parabéns, meninas. A gestação está se desenvolvendo bem.
A partir daí, Carol teve uma ideia brilhante para revelar a novidade a Fiorella e Melissa. Comprou um par minúsculo de sapatinhos de bebê, embrulhou-os com carinho em uma caixinha e escreveu em um papel: “Parabéns, vocês serão mamães.” Ligou para Fiorella, convidando o casal para um jantar na casa da família Dellaye. Pediu também que levassem Eduardo, pois sabia que ele ficaria em êxtase com a revelação.
Quando Helena soube da ideia, chorou de emoção. — Minha filha… você vai dar à Melissa o maior presente da vida dela. — Abraçou Mônica com tanto afeto que ambas soluçaram juntas.
Naquela noite, a casa estava especialmente acolhedora. A mesa estava posta com todo capricho de Helena: toalha branca rendada, taças de cristal, o perfume discreto de flores frescas no centro. A sala estava aquecida pela expectativa. Mônica e Carol trocavam olhares cúmplices, enquanto Helena caminhava de um lado para o outro, nervosa e feliz.
Logo, a campainha tocou. Melissa chegou acompanhada de Fiorella e Eduardo. Melissa, com sua cadeira de rodas, foi recebida com carinho por todos. O jantar correu com leveza: risadas, histórias antigas e a sensação de que havia algo especial no ar, ainda que Melissa não soubesse.
Em determinado momento, Mônica levantou-se discretamente e foi até o quarto. Voltou segurando duas caixinhas. Seus olhos marejados denunciavam que aquele era um instante único.
— Eu tenho uma coisa para entregar a vocês duas — disse, olhando para Melissa e Fiorella. — Mas precisam abrir juntas.
As duas se entreolharam, intrigadas, e abriram as caixas quase ao mesmo tempo. Dentro, os sapatinhos de bebê repousavam sobre o papel que dizia: “Parabéns, vocês serão mamães.”
Melissa ficou imóvel por alguns segundos. Seus olhos se encheram de lágrimas até transbordarem, e sua respiração tornou-se entrecortada. Sentia o coração disparar no peito. Apertou os sapatinhos contra o peito e murmurou, quase sem voz:
— Eu… eu vou ser mãe?
Fiorella, com lágrimas escorrendo pelo rosto, segurou a mão da esposa com firmeza. — Sim, meu amor… nós vamos ser mães. — A voz falhou, mas o sorriso brilhava em meio às lágrimas.
Melissa soluçava, emocionada. — É o maior presente que eu poderia receber… depois de tudo… depois de tanta dor. — Olhou para a irmã, com os olhos cheios de gratidão. — Obrigada, Mô… obrigada por realizar o meu sonho.
Mônica chorava abraçada a Helena, que não parava de repetir: — Minha menina, minha menina generosa…
Eduardo, por sua vez, bateu palmas, levantou-se e quase gritou: — Eu vou ser avô! — vibrava como uma criança, contagiando todos com sua alegria.
— E eu avó! — Disse Helena empolgada.
Mônica abraçou a irmã Melissa, que chorava emocionada.
Melissa sentiu o coração transbordar de gratidão e amor. Suas mãos tremiam e os olhos marejavam de uma emoção que não conseguia conter. Em um gesto impulsivo, ela inclinou o corpo para frente, apoiando-se com firmeza, e se levantou da cadeira de rodas, mesmo que com esforço. O movimento foi curto, mas suficiente para se lançar nos braços de Mônica. Abraçou a irmã com tanta força que parecia não querer soltá-la nunca mais.
Logo em seguida, Melissa estendeu os braços e puxou Carol e Fiorella para junto delas, formando um abraço coletivo carregado de lágrimas, calor e esperança. Sua voz embargada ecoou em meio ao choro:
— Esse é o presente mais lindo que eu poderia receber... E, se for menino, quero que tenha o nome do papai.
Fiorella, com os olhos marejados e um sorriso doce, acariciou o rosto da esposa e sussurrou com ternura:
— Ele terá um nome à altura de um grande homem.
A sala, iluminada pela luz suave do entardecer que atravessava as cortinas, parecia ter se transformado em um refúgio sagrado. Ali, entre elas, havia um pacto silencioso de amor e de força.
Nos dias que se seguiram, a gravidez de Mônica trouxe uma nova luz à vida de Melissa. A cada manhã, ela despertava com uma energia renovada. A expectativa pela chegada do bebê a motivava a enfrentar os momentos mais difíceis e lhe dava coragem para continuar. Decidida, passou a cuidar ainda mais da própria saúde, reforçando a fisioterapia e dedicando-se com disciplina.
Mesmo com as limitações impostas pela cadeira de rodas, Melissa estava determinada: queria estar presente em cada detalhe da vida de seu futuro filho. Fiorella, sempre atenta, se tornava ainda mais sua parceira de luta — segurava sua mão nas sessões de fisioterapia, encorajava seus passos lentos e comemorava cada pequena conquista como se fosse uma vitória monumental.
A notícia da gravidez acabou unindo ainda mais aquelas mulheres. Melissa, Fiorella, Mônica e Carol formavam, de fato, uma verdadeira família — não apenas pelo laço de sangue, mas pelo amor e pela parceria que as mantinham firmes. Cada uma contribuía de um jeito: Carol cuidava de Mônica com um carinho extra, garantindo que a gestação fosse tranquila; Fiorella se dedicava a Melissa com paciência e devoção; e Mônica, mesmo vivendo as transformações da gravidez, se mostrava serena, como se já tivesse nascido para cumprir aquele propósito.
Certa noite, enquanto passava as mãos delicadamente sobre a barriga crescente da irmã, Melissa deixou escapar um sussurro carregado de ternura e esperança:
— Você será muito amado, meu filho. Estamos esperando por você.
O silêncio da sala foi quebrado apenas pela respiração emocionada de Fiorella, que se ajoelhou ao lado da esposa e também tocou a barriga de Mônica. Os olhares se cruzaram, e naquele instante ficou claro: aquele bebê não seria apenas um filho, mas um elo eterno entre todas elas.
A chegada daquela criança representava muito mais do que a realização de um sonho. Era o símbolo de um recomeço, a prova de que o amor incondicional pode renascer mesmo após a dor mais profunda. Unidas, elas sabiam que seriam capazes de enfrentar qualquer desafio que surgisse. Afinal, mais do que tudo, eram uma família — e isso bastava.
Naquela manhã ensolarada, Fiorella, Carol e Helena se dedicavam à escolha do enxoval do bebê. O grupo caminhava por entre corredores de uma loja ampla e colorida, onde prateleiras estavam repletas de roupinhas minúsculas, bichinhos de pelúcia e móveis delicados. O perfume de algodão novo misturava-se ao cheiro adocicado de sabonetes infantis que vinham de um balcão próximo.
— Eu ainda não acredito que tudo isso está acontecendo — comentou Fiorella, passando os dedos sobre um macacão branco com detalhes em amarelo. O brilho em seus olhos denunciava a ansiedade de futura mãe. — Parece um sonho.
Helena, com um sorriso sereno, ajeitou os óculos no rosto. — Sonho que logo vai se tornar realidade. Sua família está crescendo, minha filha, e não poderia estar mais feliz por ver Melissa animada novamente.
Carol, sempre prática e bem-humorada, levantou uma pequena touquinha azul e balançou diante delas. — E se for menino, já temos a primeira peça! — riu. — Mas se for menina, a gente guarda e finge que foi moda passageira.
Todas caíram na gargalhada, atraindo olhares de outras clientes na loja. O riso era leve, necessário, um bálsamo depois de meses de dor.
Enquanto isso, em outro canto da cidade, Mônica acompanhava Melissa em mais uma sessão de fisioterapia. A sala era ampla, com barras de apoio e equipamentos espalhados. O ar tinha o cheiro característico de álcool e pomada mentolada. Melissa, na cadeira de rodas, se esforçava com os exercícios propostos pelo fisioterapeuta, que pacientemente a auxiliava nos movimentos.
Mônica observava de perto, com a mão apoiada no encosto da cadeira da irmã, transmitindo apoio silencioso.
— Você está indo muito bem, Mel — disse com um sorriso encorajador. — Cada dia é um avanço.
Melissa respirava fundo, sentindo o suor escorrer pela testa, mas havia um brilho diferente em seu olhar. — Às vezes parece impossível, mas quando penso no bebê… eu sinto que preciso me fortalecer. Quero estar pronta para segurar meu filho… ou filha… no colo.
Mônica se emocionou, e por um instante precisou piscar rápido para conter as lágrimas. — Você já é a melhor mãe do mundo. Esse bebê é seu tanto quanto meu.
O fisioterapeuta interrompeu o diálogo com um incentivo caloroso: — Exatamente, Melissa! Essa motivação é o que vai te levar além. Vamos mais uma vez?
Melissa sorriu e assentiu, sentindo-se revigorada.
Naquele mesmo instante, no outro lado da cidade, Fiorella segurava nos braços um delicado body cor-de-rosa e, sem perceber, acariciava o tecido como se já embalasse a criança. Helena a observou com ternura e disse baixinho:
— A chegada desse bebê vai curar feridas que nenhum de nós imaginava cicatrizar tão cedo.
E Fiorella, emocionada, apenas respondeu: — Ele já está salvando a Melissa.
Fim do capítulo
Olá
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HelOliveira
Em: 23/09/2025
Sim, mais capítulos, a Mônica é incrível, e que felicidade ela está proporcionando não para a Mel, mas toda família
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