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Nas brumas do Pico por Nadine Helgenberger

Ver comentários: 8

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Palavras: 3939
Acessos: 1568   |  Postado em: 05/11/2023

Notas iniciais:

 

 

 

Capitulo 29

 

Atordoada diante daquela avalanche emocional, Greta tentava colocar as ideias em ordem, para assim, ajudar a amiga. Jamais vira Walkiria tão transtornada. Nem os dramas financeiros vividos recentemente, tinham provocado tamanho abalo emocional. Ela batia na porta de Nahima com força e gritava por ela, em total descontrolo. Greta tentou de várias formas tirá-la dali já que não restava dúvidas de que Nahima não estava em casa. Em vão. Ela batia na porta, espreitava pelas janelas, rodava o terreno todo, tentava ligar mais uma vez, tudo ao mesmo tempo. A célebre calma de Greta estava a esvair-se. A angústia de Walkiria atingia os ares e a contaminava a ponto de não conseguir raciocinar. Num lampejo de sobriedade, tentou falar com Gary. Quem sabe ele não seria portador de boas notícias. Mais um que não atendia...tudo parecia contribuir para o caos.

            -Quem era? A Nahima? - Walkiria a encarou com os olhos quase saltando das orbitas.

            -Respira, Wiki! - Greta tentava acalmá-la.

            -Quem era? - Gritou.

            -Ninguém...tentei falar com Gary, mas ele não atendeu...

            -Eu vou para a cidade. Agora! Não posso ficar aqui nessa espera angustiante.

            -Espera, vou ver alguma informação na internet...

Walkiria bufou e sentou-se num banco da varanda, batendo os pés no chão freneticamente.

            -Os jornais têm informações muito vagas...

            -Eu vou para o hospital central.

            -Wiki, não vais na moto. Vamos de carro de transporte coletivo. Eu vou contigo.

Ela não contestou, tinha pressa em sair dali.

 

 

*****

O cenário no Hospital Central estava caótico. Sempre que acontecia algum acidente de proporções consideráveis, os feridos eram levados para a unidade de saúde mais bem apetrechada, e logo, tudo se transformava numa azáfama. Ouviam-se barulhos de sirenes de ambulâncias, gritos de pessoas, choros convulsivos, vozes mais ásperas de atendentes tentando colocar alguma ordem no caos, e nesse alvoroço, Walkiria tentava ver algum rosto conhecido. Nada. E o desespero atingia o ápice.

            -Ninguém sabe nada, ninguém diz nada em concreto. Que grande merd*! - Gritou.

Greta, à sua maneira mais calma, tentava saber alguma coisa, mas as informações eram muito desencontradas.

            -Acho melhor irmos embora. Agora, não vamos ter qualquer informação credível...e se ligasses a algum colega da Nahima?

            -E achas que já não tentei? Só tenho o número do Valdir e a porcaria do telefone está desligado.

            -Não temos muito o que fazer aqui, Wiki...- Greta segurou-lhe as mãos entre as suas e assustou-se com o tremor e a temperatura. As mãos pareciam estar dentro de um balde de gelo.

À medida que o tempo passava, o alvoroço em frente ao hospital aumentava e o que já era difícil, tornava-se impossível. Walkiria ainda tentou ligar a uma enfermeira conhecida, mas ela estava de folga e não podia ajudar. Vencida pelo óbvio, ela aceitou ir embora dali.

Na viagem de regresso a São Domingos, ela mantinha uma expressão atordoada. Com o telefone na mão e os olhos grudados na tela, ansiava por um milagre. Greta a observava e tentava lembrar como se rezava. Nada podia acontecer à Nahima. Nenhum arranhão, ou restariam apenas fiapos de Walkiria. Nunca a vira assim. Não imaginava que a italiana tivesse tamanha importância. Wiki disfarçava muito bem suas emoções. Tinha controle quando tudo seguia num ritmo mais ou menos previsível. Mas existem acasos, e às vezes podem fazer nosso mundo desabar. Precisava rezar. Apertou os olhos em busca de lembranças distantes...

Em São Domingos, Greta levou-a até à sua casa, na esperança de encontrar Gary com boas notícias. Nem Gary e nada de Walkiria se acalmar. Aos tropeços, disse que voltaria à casa de Nahima. Foram juntas. As casas eram próximas, ainda que fosse necessário subir uma colina para chegar à casa de Nahima. Walkiria voou pelo terreno nem sempre linear. A casa estava com a mesma aura e sem sinal de gente. Walkiria desabou no chão diante do canteiro de flores coloridas que Nahima tanto amava e começou mais uma vez a bater os pés com violência. Greta observava e sentia-se invadida por uma incapacidade atroz. Qualquer coisa que fizesse, seria em vão. Apertou os olhos mais uma vez tentando reavivar suas rezas quando criança.

Walkiria murmurava coisas sem sentido, acariciando as florzinhas no canteiro, quando ouviu um som que lhe pareceu um ganido de cachorro. Pensou em Zuri, mas não fazia sentido. O som dele era mais encorpado e ele não estaria tão longe de casa...ou estaria? De novo o ganido e passos, agora muito mais perto.

            -Que bela receção, Zumbinha! - Nahima sorria, completamente alheia à avalanche emocional que permeava o ambiente.

Walkiria olhou para Greta como que a certificar-se que não era um delírio. A amiga soltou um suspiro de alívio e sentou-se num dos bancos de madeira. Não era delírio. O ar fugiu-lhe e os olhos encheram-se de lágrimas. Gritou alto. De alívio. De uma dor que jamais experimentara. Um grito de liberdade. De amor. Um grito que carregava certezas para dentro e que reverberavam para fora. Um grito que trazia ao mundo uma nova Walkiria.

            -Meu bem...o que aconteceu? - Nahima colocou o pacote que carregava nas mãos sobre a mesa e correu para junto de Walkiria que seguia sentada no chão.

            -Que bom que estás bem, Nahima. Que bom! Agora posso ir. Wiki, ficas bem? Alguém precisa coordenar aquele hotel. - Brincou.

Walkiria não respondeu. Continuava com o olhar preso em Nahima e parecia ter dificuldades em respirar. Greta beijou-lhe a cabeça, apertou as mãos de Nahima e foi embora.

            -Ei, o que aconteceu? - Sentou-se ao lado dela e verificou que ela tremia.

Walkiria balbuciou alguma coisa sem sentido e caiu num choro convulsivo. Nahima abraçou-a e foi apertada com força.

            -Ei...estou aqui!

            -Graças a Deus! - Disse entre lágrimas. - Pensei tanta asneira...ahhhhhh. - Respirou fundo apertando ainda mais seu corpo contra o de Nahima.

Um pouco mais calma e ainda abraçada a Nahima, ela finalmente conseguiu falar:

            -Soubeste do acidente? - Encarou-a com os olhos avermelhados.

            -Meu bem, pensaste que eu estava na cidade? Mas eu avisei que hoje não iria. Soube sim do acidente e fiquei muito apreensiva. Ninguém da minha equipe estava na cidade velha e nenhum conhecido nosso esteve envolvido no acidente. Eu te avisei...

            -Mas a Greta viu-te na paragem dos transportes coletivos e não me atendias...não estavas em casa...eu me desesperei...

            -Fui à capital buscar o Zumba. - Sorriu apontando para a caixa com o filhote de Fox terrier. - Ganhei de presente. Aproveitei para passar logo no veterinário, comprar algumas coisinhas para ele, e...

            -E porque não atendeste às minhas ligações?

            -Quando me avisaram que podia ir buscar o Zumba, eu saí como uma doida e nem notei que meu telefone tinha apenas 5% de bateria...

            -Tu e essa mania de não carregar o telefone. Tanto stress poderia ter sido evitado. Ah, Nahima, pelo amor de Deus, preste atenção aos detalhes. - Tinha a voz alterada e a expressão ainda confusa.

            -Desculpa...tens razão. Mas eu estou bem, sem nenhum arranhão. - Brincou e Walkiria revirou os olhos.

            -E eu quase morri! - respirou fundo, relaxando as costas na parede. - Desde quando gostas de cachorro? Eu sei que gostas do Zuri, brincas com ele, mas daí a ter um cachorro...

            -É uma longa história...estou apaixonada por ele...

            -Será que alguém me apresenta ao Zumba?

Passaram os minutos seguintes encantadas com o filhote de terrier. Walkiria já respirava na normalidade.

            -Tu nem és exagerada, olha a quantidade de acessórios que esse cachorro ganhou.

Riram às gargalhadas.

            -Não sabia o que comprar e trouxe metade da loja.

            -Ele já tem cama, brinquedos...

            -Já foi vacinado, e está de perfeita saúde. - Sorriu.

            -Será que podemos entrar? Preciso me sentar em alguma superfície macia e relaxar alguns minutos. Meus músculos estão retesados...

            -Claro! - Abriu a porta. - Vou fazer-te uma massagem nos ombros. Tens tempo?

            -Não saio daqui sem minha massagem. Minha sócia que resolva os acasos daquele hotel.

Riram muito.

Dentro de casa, Walkiria encostou-se à parede e ficou observando os movimentos de Nahima. Sorriu ao vê-la escolher um canto específico para colocar a cama e demais utensílios do cachorro. Cheia de minúcia e cuidado, colocou o cachorrinho na cama e logo em seguida foi encher o pote de água. Walkiria observava toda a cena com uma sensação de calor no coração e uma vontade de ficar ali, apenas se deliciando com aquele momento, á partida sem nada de especial.

            -Ele é tão lindo...mas não me esqueci da tua massagem. Vou lavar as mãos, pegar um óleo maravilhoso e já volto.

Walkiria sorriu e experimentou um relaxamento repentino. Seguiu Nahima até ao banheiro e enquanto ela lavava as mãos, abraçou-a por trás, enfiando a cara nos seus cabelos soltos.

            -Hmmm...- Nahima pendeu a cabeça para trás e de olhos fechados, deliciou-se com aquele carinho.

            -Nahima...Nahima...- Suspirou apertando-a ainda mais contra seu corpo.

            -Estou aqui...bem aqui...

Beijaram-se. Apesar da agonia que até pouco tempo consumira Walkiria, o beijo foi calmo. Entrega sem pressa. Sem receios. Deixara-se ir no embalo do desejo e das certezas. Os corpos imediatamente reagiram numa pulsação cadenciada. Num movimento hábil, Walkiria tirou a blusa de Nahima que arrepiou-se inteira. Ela teve cada centímetro da pele beijada. Os beijos ora ternos, ora intensos, vinham acompanhados de leves mordidas e sussurros que arrepiavam. Nahima sorriu e desvencilhou-se do abraço.

            -Que mulher cheia de táticas...- Walkiria fingiu desolação. Sorriu com os olhos brilhando.

            -Tu sabes que eu adoro as tuas loucuras, mas agora eu quero na cama. Quero-te muito...quero me dar por inteira.

Sem tirar os olhos de Nahima, despiu as calças, tirou a roupa íntima e completamente nua, dirigiu-se ao quarto.

Walkiria não conseguia respirar. Seu corpo ansiava por aquela mulher. Sentiu as mãos tremerem, a boca seguiu no mesmo ritmo. As pernas teimavam em não reagir. Olhou-se ao espelho e viu desejo escancarado. Sorriu. Era bom saber exatamente o que queria e melhor ainda era saber-se querendo a coisa certa. Respirou fundo, colocou água fria na nuca que ardia, lavou rapidamente as mãos trémulas e forçou as pernas a levarem-na até ao quarto.

O quarto presenciou momentos de entrega absoluta de corpos que se entendiam nos detalhes. Mesmo em delírio de prazer, Walkiria sabia-se mais plena. Seu corpo se entregou ao melhor prazer e movido por um afã até então represado, tomou o outro com uma volúpia delirante. Os gemidos de prazer de Nahima eram o combustível para extravasar toda a tensão sexual que a consumia. Gritos despudorados, contorções, suor, corpos arrepiados, beijos que molhavam bocas secas, uma verdadeira entrega. O ápice do prazer veio num galope cadenciado, que explodiu numa sinfonia de gritos abafados com beijos intensos, até que a busca por ar fez cada uma pender para um lado da cama. Tremiam. Suspiravam. Sorriam e se entregavam à languidez.

Não demorou para Walkiria sentir seu corpo abraçado pelas pernas de Nahima. Estendeu um braço e tocou-lhe. Arrepiou-se. A pele quente e convidativa pedia mais. Encarou-a e riram. Sabiam-se ávidas por mais e sem cerimónia, entregaram-se a mais um round de prazer. Mais amor. Intenso. Delirante. Explosão de prazer em poucos minutos. Mais uma. E outra...

            -Fiquei com tanto medo de que estivesses naquele acidente...Ah Nahima, pelo amor de Deus...nem quero imaginar...

            -Eu já disse, estou aqui. Bem grudada ao teu corpo. -Sorriu de olhos fechados.

            -Eu não saberia viver sem isso...como é que eu posso viver sem tocar o teu corpo? Sem me perder nele? Como posso viver sem o prazer que tu me dás? Eu não sei ficar longe do teu corpo...não sei...não sei mais...eu gosto de te cheirar, quando acordas, depois do sex*, quando chegas...gosto de fechar os olhos e lembrar como os teus mamilos reagem rapidamente quando assopro e beijo-os levemente...eu não saberia viver sem isso...

Walkiria sorriu. Riu e levantou a cabeça para encará-la. Com a cabeça apoiada numa das mãos disse:

            -Eu gosto muito do que temos aqui, ou nos lugares mais inusitados que a senhora inventa e que depois faz-me acreditar que a doida sou eu. - Provocou.

Riram e se beijaram entre sorrisos.

            -Não me entenda mal...eu não quis dizer que sentiria falta apenas do sex* maravilhoso que fazemos. Sentiria muita, claro. Se queres saber, já estou com vontade de ti e ainda meu corpo tem espasmos do amor feito...- Parecia baralhada.

            -Bambina, e se fosse isso, qual o problema? A conexão sexual é uma forma poderosa de elo.

            -Ah, mas eu não sou moderna como a senhora, não sou mesmo. Sexo bom jamais me conectou a ninguém, pelo menos não assim...

            -Assim?

            -Tu sabes, acabaste de ver...e é sempre assim...

            -Discordo! Temos melhorado muito.

Riram na boca uma da outra.

            -Concordo! E temos campo para mais melhorias...

            -Ah, não tenho dúvidas. Tu tens um stock de criatividade infinito e parece que qualquer faísca te acende...

            -Não senhora, não é qualquer faísca. Tu me deixas assim...às vezes, tudo o que preciso é ver-te chegar com um semblante cansado...

            -Para me cair em cima!

Riram às gargalhadas.

            -Não, sua idiota. Quando chegas cansada, tudo o que quero é proporcionar-te uma sessão de relaxamento. Dar o meu melhor para que fiques bem...

            -E dás, meu amor. Eu não quero outra coisa...nunca foi tão...

            -Eu quero morar contigo! - Foi o rompante mais ousado de Walkiria, tanto que sentiu o coração batendo no céu da boca.

            -Aqui? - Nahima tentava aproximar aquela informação. Temia ter-lhe escapado alguma coisa. Walkiria não era dada a decisões intempestivas e parecia ter alguma resistência àquela ideia.

            -Ou onde quiseres...o loft é muito pequeno para nós duas, e...

            -Aqui, claro! Tem espaço suficiente para nós duas e se chegarmos à conclusão que precisamos de mais espaços, há muitas casas por aí. - Riu alto e pulou em cima dela enchendo-a de beijos.

            -Para, Nahima. Ai, para. - Tentava empurrá-la, sem sucesso.

            -Juras que vamos morar juntas? Que todos os dias vou ser recebida com uma massagem relaxante e que...

            -Não estiques a corda. - Interrompeu-a fingindo um ar de sermão. - Nem sempre vou estar disposta e sabes que nossos horários quase nunca estão coordenados.

            -Nada que não possamos gerir. Vens hoje? Sim, por favor. Aproveita o susto que passaste mais cedo e tenha mais atitudes intempestivas. Eu adoro! - E ria sem parar.

            -Ah mulher, eu posso estar doida, provavelmente é uma atitude insensata, da qual vá me arrepender...eu nem te conheço tão bem assim, mas...

Walkiria falava atropelando uma palavra na outra e sem respirar, mas ainda assim conseguiu perceber a mudança no semblante de Nahima. De radiante, passou a enevoar-se, culminando numa total ausência de brilho. Num movimento brusco, ela saiu da cama e com passos firmes, saiu do quarto.

Walkiria experimentou um desalento associado a uma grande confusão emocional. A ausência intempestiva do contato de Nahima com o seu corpo, assemelhou-se a um corte na pele.

            -Nahima! - Gritou. Sua voz pareceu ecoar no vazio.

Queria pular da cama e correr atrás dela, mas de repente seu corpo pesava toneladas e a cabeça dava cambalhotas.

*****

Algum tempo depois, e ainda sem entender a atitude de Nahima, mas com a sensação de que alguma coisa séria tinha acontecido, Walkiria foi encontrá-la no pátio, brincando com o cachorro. Sem saber o que dizer e que tom usar, socorreu-se da ironia:

            -É assim que reages a garotas que aceitam morar contigo? - Tentou brincar.

Nahima não reagiu. Permaneceu agachada brincando com o cachorro.

            -Ei, o que aconteceu? - Walkiria agachou-se e encarou-a. Levou um susto. Ela tinha os olhos vermelhos. - Nahima, estiveste a chorar?

            -Queres saber o que aconteceu? Queres mesmo? Eu digo! Tu fazes com que eu me sinta a pessoa mais idiota do mundo. É isso! - Concluiu aos berros e entrou em casa.

Atordoada, Walkiria entrou pela porta escancarada, fechando-a atrás de si.

            -Meu cachorro não pode ficar sozinho...

            -Ele não vai fugir para lado nenhum. A porta da varanda está fechada. Nahima, que loucura é essa? - tentava usar um tom neutro, mas fervia por dentro. Uma sensação de medo ganhava forças e a assustava.

            -A louca és tu! E sim, tens a capacidade de me enlouquecer...não sei mais o que faço. Eu me sinto uma idiota tentando te agradar, nunca sei o que realmente sentes, o que esperas, o que queres...

            -Nahima...- Walkiria tentava reagir diante daquela versão vulnerável de Nahima.

            -Queres entender o alcance da minha loucura? Eu fui buscar o Zumba porque tu gostas de cachorros. Pensei que se eu tivesse um cachorro, talvez, tu viesses morar comigo. Não é o cúmulo da infantilidade? Eu não sei mais o que fazer para que entendas o que sinto, o que quero...- e chorava tropeçando nas palavras.

Walkiria tentava respirar e pensar ao mesmo tempo, enquanto seus olhos andavam em ziguezague tentando acompanhar os movimentos de Nahima.

            -Já pensei que fosse diferença cultural, e eu me esforço para entender a tua cultura, até a tua língua estou a aprender. - Wiki arregalou os olhos, desconhecia aquela informação. - Mas não é isso, tu és estranha e muitas vezes eu me sinto patética. Mas, não me importa se for esse o preço para te ter por perto. Mas, às vezes, ages de uma forma que parece que...

            -O quê?

            -Tu não sabes ser feliz. Não queres ser feliz, Walkiria. Ah sei lá, de repente felicidade para ti seja apenas colecionar sucessos na vida profissional.

            -Não...

            -Não? Tu só consegues ser assertiva nas decisões profissionais. Fiz-te um convite simples, vir morar comigo ou onde quiseres, desde que juntas. Tu crias logo todos os piores cenários. Não foi nada estapafúrdio, nós já vivemos juntas, ainda que em casas separadas. Não vivemos?

            -Sim...

            -Viva as experiências e depois tire conclusões. A sensação que eu tenho é que para ti, a felicidade vem sempre associada a um acontecimento fatalístico, mau presságio. Isso cansa, Walkiria.

            -Não...- Tentava se convencer que não era nada disso, mas já ouvira algo semelhante de sua mãe, a pessoa que melhor lhe conhecia na vida.

            -Parece que tens necessidade de me querer longe e eu me esforço tanto para ficar. Será que eu não entendi nada? Será que o que vivemos há momentos foi apenas uma ilusão? Será que o que vejo nos teus olhos quando estamos juntas é uma invenção da minha alma apaixonada?

            -Nahima...

            -Tu me deixas confusa. A potência que tens na entrega é proporcional à habilidade em fazer tudo parecer tão sem...

            -Para...para...- Correu até ela e abraçou-a com força. Empurrou-a sem qualquer sutileza contra a parede e a prendeu ali. - Me desculpa, por favor.

Permaneceram no abraço por alguns minutos. O silêncio era cortado apenas por alguns suspiros mais profundos.

            -Podemos conversar? Prometo não roubar-te muito tempo...- Walkiria tentava imprimir um tom calmo à voz. Sem sucesso.

            -Agora, eu não tenho nada para fazer além de estar aqui.

Sentaram-se no sofá, mas em segundos, Walkiria preferiu sentar-se no chão, aos pés de Nahima.

            -Eu quero morar contigo. Eu vou morar contigo! Preciso que entendas que jamais fiz nada assim...e isso me causa um pânico avassalador. Estou a sair completamente do controle. Eu sei lidar comigo, com minhas paranoias, loucuras sãs, mas será que tu vais conseguir? Tenho tanto medo de que te frustes no primeiro mês e também nem sei quanto tempo vais ficar aqui...

            -Bambina...

            -Passei a minha vida inteira acreditando que odiava o italiano, as italianas, e quando me chamas bambina, eu me sinto tão especial...eu não tenho coerência e nem sei lidar com uma mulher como tu...

            -Claro que sabes!

            -Não sei lidar com a facilidade, com a fluidez da nossa relação...às vezes eu acho que estou em delírio, que nada pode ser tão simples assim...

            -O teu mal é pensar demais. Tu racionalizas tudo e esqueces do mais simples que é viver.

            -Tu ainda queres que eu venha?

            -Achas que mudo de opinião em minutos? Queres vir para cá, ou preferes que busquemos uma casa nova? 

            -Eu adoro essa casa. Meu bem, não precisavas de um cachorro para me convencer, mas confesso que o Zumba conseguiu tornar-te ainda mais irresistível. - Riu alto.

            -Idiota! Eu também gosto de cachorros, gatos, borboletas...agora não estava nos planos aumentar a família, mas o que eu não faço para seduzir essa cabo-verdiana insuportável?

Gargalhadas felizes.

            -Prometes que vamos tentar com o mesmo empenho? Somos pessoas diferentes, temos culturas diferentes, mas se esforçarmos, podemos fazer tudo funcionar...

            -É o que temos feito, ou não? Não terias me convidado para morar contigo se não visses possibilidades...ou és tão doida?

Gargalhadas com beijos.

            -Nahima, tu me enlouqueces. Eu já vivi tantas emoções num único dia e tudo por tua causa...mulher, tu és um furacão.

            -Eu sou tudo o que precisas e tu és exatamente perfeita para mim. Admita, senhora racional.

Risos.

            -Vês o que eu digo? Isso me assusta, a facilidade com que resolvemos as coisas. A vida parece simples e eu sei que não é...

            -A vida pode ser simples, meu amor. Não significa que não haverá percalços, mas, eles podem ser encarados de forma leve.

            -É isso que tu fazes...sempre. E é tão apaixonante...tu colocas o meu mundo de cabeça para baixo e descubro que a minha forma de ver as coisas, o mundo, esteve sempre equivocada. Furacão, Nahima!

Gargalhadas.

            -Então, aceitas dividir essa casa com uma italiana, meio espanhola, quase cabo-verdiana e o cachorro dela?

            -Aceito! Ah, como eu quero viver essa experiência. Ah, a cabo-verdiana insuportável também tem um cachorro. Ele é fujão, temperamental, mas uma companhia maravilhosa nos momentos mais importantes. Prometo viver sem ansiedade, e tentar controlar meus medos...

            -Muitas vezes infundados...

            -Sim...preciso soltar esse controle...ufa...

            -Sim...e agora eu vou ser chata e pedir que vás embora...

            -Mas já? Meu deus, ela não levou mais de duas horas para se cansar de mim.

Riram abraçadas.

            -Eu sei que estás doida para saber como andam as coisas no hotel. A Greta dá conta de tudo, mas conhecemos a dona Walkiria.

Gargalhadas.

            -E tem mais, quero deixar tudo perfeito para quando chegares...

            -Mais perfeito? Não precisas mudar nada...e só vou trazer uma mala de mão. Uma semana de teste para sabermos se conseguimos nos aturar...ai, estou nervosa...

            -Calma, respira. Vai ser surpreendente e depois de uma semana, virás com as malas todas e tudo o que quiseres. - Sorriu. - Meu bem, sem pressão...vamos tentar, se percebermos que não funciona, voltamos ao que tem sido. Funciona muito bem, também.

Walkiria beijou-a com muita vontade. Queria muito viver aquela experiência, mais uma para seu repertório de vida. Quase 40 anos e nunca tinha vivido a duas. Nunca sequer cogitara tal opção. E agora...tudo no tempo certo, como diria a sua namorada.

Num de seus rompantes, soltou-se do abraço e correu para a porta.

            -Preciso me apressar, estou a pé e tem chão até lá em cima.

            -Mas vais a pé, maluca?

            -Tenho pernas para tal. - Risos. - Mas tenho pressa...para voltar.

Riram juntas. Wiki saiu com uma revoada de borboletas no estômago. Dentro de casa, Nahima pulou como uma criança feliz, entre choro e gargalhadas.

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá,


O planeamento do capítulo 29 abrangia mais coisas, mas minhas mãos nao quiseram colaborar. Com isso, ganharam um capítulo bónus. A história agora terminará no capítulo 31 e não no 30.

Aviso às leitoras que gostam de NBDP que minha vida deu uma cambalhota (maravilhosa) e que minha rotina alterou-se completamente,e com isso, não sobra muito tempo para a escrita. Mas, darei o meu melhor para concluir a história em pouco tempo. Afinal só faltam 2 capítulos rsrsrs

Abraço e semana feliz.

Nadine H.

 

 


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Comentários para 29 - Capitulo 29:
Sione
Sione

Em: 29/12/2023

Cara, eu estou apaixonada por Nahima,  ela é tão leve em todas as situações. 

Walkiria tirou a sorte grande em se permitir viver essa aventura romântica com essa italiana/espanhola.

Espero mesmo que tuas mãos  estejam a se recuperar moça. 

Torcendo por isso, melhoras viu.

Responder

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mtereza
mtereza

Em: 15/11/2023

Nossa que agonia no início do capítulo meu Deus kkkk como essas duas são intensas amo tudo nessa história que pena que está chegado o final

Responder

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Dandara091
Dandara091

Em: 12/11/2023

Alô Autora!

Misteriosa na área se derrubar é pênalti e cartão vermelho! 

Nadine largou chicote e cuspiu a gilete. Tortura nas mana é secar o brejo das sapa sabe qual é? Musa pode tudo mas não amarela negritude alheia que Dandara tá ligada!

Wiki precisava de uns sacode pra ficar esperta. Abre o olho malandra! Camaroa que dorme na praia a onda leva!

#acordapracuspirwiki

#sapaquequedeixaobrejomorreseca

#misteriosanaarea


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 14/11/2023 Autora da história
Kkkkkkkkkkkkkk, tem como responder sem rir? Não tem!
"Nadine largou chicote e cuspiu gilete." kkkkkkkkkkkkkkkkkk, socorro kkkkkkk
Bjs sua maluca
Uma pena que tenhas sumido mais de metade do romance rsrsrs


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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 06/11/2023

Foi preciso um susto pra Walkiria se decidir, até eu fiquei nervosa como o sumiço da Nahima que suspense em autora.


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 14/11/2023 Autora da história
Não é? Walkiria é uma cabeça dura rsrsrs
Suspense é bom rsrsrs
Bjs


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brunafinzicontini
brunafinzicontini

Em: 06/11/2023

Capítulo mais curto, mas brilhante como um meteoro! Felizmente, Nahima não estava no acidente, mas quase provocou um na alma de Walkíria! Quase a fez morrer de susto e medo, imaginando-a em perigo e, depois do amor intenso, quase a fez morrer de um infarto com sua reação à fala desanimadora de Wiki! Bem, depois desse susto, muito provavelmente Wiki pensará melhor antes de dizer qualquer asneira que aborreça a italiana. Sim, ela é um furacão, e deverá colocar Walkíria "na linha".

Uma delícia de capítulo! A convivência das duas deverá ser a prova final para Wiki enfim aceitar como definitiva sua história com Nahima e não uma aventura passageira.

Porém..., mais emocionante que tudo isso é saber que sua vida, querida Nadine, deu uma cambalhota maravilhosa! Que alegria! Adorei saber - mas saiba que continuaremos sempre à espera de suas cativantes histórias! Você deverá se organizar nessa nova rotina, de modo a reservar um tempo especial à sua escrita - obedecendo a esse dom particular com que Deus a privilegiou! Não aceito uma despedida.

Carinhoso abraço e um grande beijo,

Bruna


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 14/11/2023 Autora da história
Olá,

A italiana provoca tanta coisa na minha conterrânea rsrsrsrs, coisas boas, ainda bem.
A vida vai fluindo bem, graças a Deus.
Com certeza outras histórias virão, não consigo passar muito tempo longe delas rsrsrs. Escrever é minha maior alegria.
Que despedida, mulher? rsrsrs NUNCA! Pelo menos, não enquanto estiver viva.
Bjsss


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NovaAqui
NovaAqui

Em: 06/11/2023

Parabéns pela sua cambalhota (maravilhosa) na vida! O importante é ser coisa boa!

Ufa! Nahima está bem! 

Só faltou a cópia da chave, Nahima!

Cuide de sua mãozinha direito

Abraços 


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 14/11/2023 Autora da história
Olá,
Sim, coisa boa. Muito boa. Obrigada.

Nahima bem, Walkiria bem, todo mundo bem rsrsrs
Minha mão não está a 100% mas vai melhorar, tenho feito por isso.
Bjs e muito obrigada.


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HelOliveira
HelOliveira

Em: 05/11/2023

Nossa que alívio a Nahima aparecer bem e com um cachorro para agradecer Wiki....

Já vai deixando saudades, mas mesmo com sua vida corrida sempre espero uma nova história tua...

 


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 14/11/2023 Autora da história
Olá,

Muito obrigada. A próxima uma dia aparece por aí rsrsrs
Bjs


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rebarlow
rebarlow

Em: 05/11/2023

Já estou sofrendo só de pensar que está acabando. Imaginando aqui uma próxima obra sua rsrsrs. Independente do tempo espero que sempre volte para nós. 

Capítulo maravilhoso, pensei que a Nahima ficaria desaparecida como foi com a Cassandra mas gracas a Deus ela só foi buscar o cãozinho rsrs. Meu coração ficou aliviado. Beijo ???? autora linda!!!


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 14/11/2023 Autora da história
Olá,

A próxima obra virá, com certeza. Quando? Não sei! rsrsrs Minha mente (graças a Deus) é um celeiro de ideias.
Estou com saudades dessa história também. Sempre fico, mas dessa vez a sensação é diferente...sei lá rsrsrs

Duas desaparecidas não dá rsrsrs, ela só foi buscar o seu Terrier, mas a Walkiria tinha que fazer um drama rsrsrs
Bjs e muito obrigada.


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