CAP. 40 – Minhas meninas
Pouco tempo depois Sam surgiu, estava rindo no telefone, ela me olhou, mas logo desviou os olhos e fiquei intrigada. Foi em direção a dona Maria e conversaram um pouco. Finalizei a ligação dizendo que falaria com minha amiga mais tarde, caminhei para a mesa onde as duas estavam, me servi e tentei conversar com ela, mas estava distante, dei a volta na mesa me sentando ao seu lado perguntando:
– Aconteceu alguma coisa, Sam?
– Porque diz isso? – se serviu de café, fiz com que me olhasse e insisti:
– Você mudou de repente, fiz alguma coisa que não te agradou?
– Você não fez nada – rude?
– Então porque mudou de humor?
Ela me olhou e depois para o local onde eu estava, entendi dizendo:
– Desculpa, eu não sabia que ela iria me ligar – sorri completando – estava preocupada porque levou meu carro e eu havia dito que a encontraria mais tarde ontem, e acabei não indo e...
– Não precisa se explicar Bia, ela é sua namorada, tem todo o direito de ficar preocupada.
Olhei para ela que sorriu triste, desviou os olhos dos meus e levantou saindo do meu lado, ela entendeu errado, fui atrás dela e a puxei para meus braços dizendo:
– Hei! – Fiz com que me olhasse e sorri dizendo: – Andréia não é minha namorada, amor – me olhou ainda desconfiada e continuei – ela é minha amiga, há muitos anos e nunca nem cogitamos a ideia de sermos nada além disso.
– Mas pensei... eu vi... – me olhou confusa e deixou os ombros caírem, parecia aliviada e sorriu dessa vez mais alegre, dizendo: – Vocês estavam tão ligadas ontem, inertes ao mundo que achei que fossem... – não concluiu e eu disse passando os dedos entre seus lábios:
– Você pensou e viu errado cariño, ela é apenas a minha amiga... A M I G A – soletrei deixando bem claro e continuei quando sorriu – ela passou o tempo todo ontem me incentivando a vir falar com você, dizendo que eu era cabeça dura... brigou comigo e até insinuou que se eu não corresse atrás, ela viria.
Revirei os olhos e ela gargalhou em meus braços, passou a mão em meu rosto e sussurrou:
– Acha mesmo que eu olharia para outra mulher além de você? – Dei de ombros e ela sorriu se aproximando de meu ouvido sussurrando – Além de minha filha, você é a única mulher que quero nessa vida, Bia, é só vocês que eu amo – se afastou e olhou em meus olhos dizendo – para todo sempre.
Sorri a pegando em meus braços e rodando com ela feliz. Quando paramos, finalizamos com um beijo. Dona Maria que estava por ali sorriu ao nos ver e balançou a cabeça. Terminamos o café, depois corri para o quarto ajeitando as coisas por lá, tomei um banho quente e voltei para junto delas. Mas ainda restava uma dúvida, sobre o seu casamento. Mas, veria isso depois. No momento, eu só queria curtir as minhas meninas.
SamNão sei explicar o que eu estava sentindo quando a Bia me falou que ela e a moça do dia anterior eram apenas amigas. Meu peito ficou aliviado, respirei aliviada quando ela pediu licença indo até o quarto para se arrumar, finalmente estava livre das minhas paranoias e ciúmes infundados, agora podia dizer que estava completamente feliz, ou quase, pelo menos.
Quando ela retornou para a sala, conversamos e rimos muito com dona Maria, sem contar que tínhamos Diana e Isa para nos distrair com suas artes. A Bia sempre muito gentil conosco, a cada gesto... toque... palavras, todos vinham repletos de carinho e amor.
Descobri que o tempo que ela passou fora começou a praticar Muay Thai, claro que eu havia notado a mudança em seu corpo, tanto quanto a belíssima tatuagem de um leão adornado em flores coloridas e um cocar com algumas penas também coloridas que tomava a lateral de sua coxa esquerda inteira quase.
Sabia que ela tinha mudado, mas não achei que fosse tanto, sobre o esporte mais tarde eu a vi brincando com as meninas, estava ensinando alguns golpes. Usava um short em cotton cintura alta, preto e uma regata cinza que delineavam ainda mais seu corpo, toda suada por que antes das meninas se interessarem, ela estava treinando.
Me sentei próximo a uma árvore vendo-a levantar minha filha e correr com Isa tentando pegá-las que nem percebi que dona Maria havia se sentado ao meu lado, só me dei conta quando ela perguntou:
– Admirando a paisagem, minha filha?
Olhei para a senhora que me encarou divertida, concordei dizendo:
– Diana não costuma se dar bem assim tão fácil com as pessoas.
– Isso porque ela deve se lembrar da Bia, está preocupada?
Segurou minha mão e sorri dizendo:
– Não, só tentando lembrar qual foi a última vez que as duas estiveram juntas.
– As crianças tem um dom maravilhoso menina Samantha, de identificar nos humanos o caráter e a bondade, Diana no caso, apesar de ter passado pouco tempo com a Bia, esse pouco tempo serviu para marcá-la de certa forma – olhei para a senhora ao meu lado e ela apontou – aprendi isso com minha filha.
– A sua filha é uma menina muito especial e inteligente, dona Maria.
– É sim, ela foi e está sendo um milagre em nossas vidas – sorriu orgulhosa e emocionada.
Ficamos observando as três correrem e se divertirem na nossa frente, algum tempo depois a Bia veio em nossa direção, me deu um beijo no rosto e se sentou ao meu lado abraçando a minha cintura, dona Maria se levantou dizendo:
– Vou preparar o nosso almoço.
– A senhora precisa de ajuda? – Bia se ofereceu e a senhora sorriu dizendo:
– Não precisa minha filha, fiquem aí e se divirtam um pouco.
Ela sorriu piscando para a senhora que foi em direção a sua casa, voltei meus olhos para a Bia e olhei seus braços, sussurrando:
– Você está muito bem fisicamente – mal disfarcei a mordida em meus lábios – adorei essa tatuagem, gostaria de vê-la mais de perto depois – sorriu inclinando a cabeça falando ao meu ouvido:
– Quando você quiser, estou à disposição – sorri, senti seu beijo em meu pescoço me fazendo arrepiar no momento em que sussurrou em meu ouvido – pelo que vi de você hoje pela manhã, está maravilhosa também.
– É sério Bia, deve ter arrumado muitas namoradas em Madri – beijou meu pescoço e enlaçou minha cintura dizendo:
– Não vou negar que acabei me relacionando com uma ou duas garotas lá, mas garanto que não duraram tempo suficiente para dizer que teve alguma importância para mim.
– Porque não?
Estava curiosa quanto a isso, a Bia é maravilhosa, qualquer mulher que estivesse com ela, iria se sentir realizada. Ela ponderou um pouco e respondeu:
– Talvez eu só não quisesse ter um relacionamento, não estava emocionalmente preparada para isso – sorriu alisando minha cintura com seus dedos, coloquei minha mão sobre a dela que estava fazendo cócegas, riu levantando e me puxando para seus braços dizendo entre meus lábios – ou talvez, elas só não fossem a pessoa com quem eu realmente gostaria de estar.
– E quem é essa sortuda que você esperava, para eu lhe parabenizar?
Sorri, escondeu a cabeça em meu pescoço mordendo-o de leve, depois sussurrou em meu ouvido:
– Te conto mais tarde, se aceitar jantar comigo? – me olhou e eu cogitei:
– Tenho escolhas?
Ela levantou a cabeça pensativa, fez suspense e quando a belisquei de leve na altura da cintura chamando sua atenção, sorriu dizendo:
– Você prefere carne, frango ou frutos do mar?
A olhei intrigada, perguntando sorrindo:
– Porque?
– Essas serão suas únicas escolhas.
Sorriu me dando vários beijos no rosto, me deixei levar. Diana apareceu correndo e praticamente se jogou no colo dela dizendo:
– Vamos treinar “Maitai” Bia, você disse – arqueou a sobrancelha e sorriu dizendo:
– Desculpa Sam, preciso dar atenção para essa señorita, podemos continuar nossa conversa mais tarde?
– Podemos sim meu amor, mas olha – as duas já estavam caminhando quando olharam para trás, sorri concluindo – não faça todas as vontades dessa mocinha, estamos entendidas?
– Está falando comigo ou com a pequena maravilha?
Sorriu me provocando, inclinei a cabeça dizendo:
– Com você.
Ela olhou para a Di e fez uma careta arrancando uma gargalhada gostosa de minha filha, foi impossível não rir. Depois me olharam balançando a cabeça em sinal positivo, sorri e se foram. Balancei a cabeça e fui ajudar dona Maria com o almoço.
Quando terminamos chamamos as meninas para se lavarem e se prepararem para almoçar. Naquele clima gostoso comemos e conversamos bastante. Quando terminamos, dona Maria perguntou:
– Vocês não vão embora agora, vão?
– Por mim, ficamos até mais tarde, dona Maria.
Bia disse seguindo para a sala, sorri dizendo:
– Por mim tudo bem, se não for atrapalhar a senhora?
– Claro que não, menina! – sorriu me abraçando e concluindo: – É que preciso sair para resolver algo, mas volto logo. Vocês podem ficar à vontade!
– Mamãe... Mamãe, posso ficar com a Di, nós vamos assistir a Princesa Ariel.
Ela nos olhou preocupada, mas a Bia garantiu que não tinha problema e afirmei também dizendo que cuidaria das três, a senhora sorriu agradecendo e foi se arrumar. Pouco mais de vinte minutos estava de volta e saiu dizendo não demorar, as meninas já estavam na sala com a tv ligada, Isa no sofá, a Bia no chão com algumas almofadas, Diana apareceu com seu ursinho favorito e para minha surpresa, deitou nos braços dela que a recebeu com cócegas.
Fiquei ali namorando aquela cena, estava tão feliz de ter a Bia de volta em nossa vida, que estava sorrindo bobamente para tudo e todos, inclusive fui pega em um desses devaneios com ela perguntando:
– Quer vir assistir conosco, amor? – saí do transe dizendo:
– Vou fazer pipoca para vocês.
As duas pequenas explodiram em alegria fazendo os pedidos delas, a Bia ficou neutra e quando retornei com os baldes sentei um pouco para assistir com elas, mas quando mudaram para o segundo filme levantei dizendo:
– Vou arrumar nossas bolsas, não quero sair muito tarde daqui.
– Precisa de ajuda? – levantou se oferecendo, mas sorri dizendo:
– Fica aqui com as crianças, nem tenho tanta roupa para arrumar, meu bem – passei a mão em seu rosto, sorriu e disse sussurrando – volto logo.
– Ok, mas não demora!
Piscou voltando a encaixar minha filha nos braços e a atenção para a tv. Segui para o quarto, onde procurei em todos os cantos roupas espalhadas da Di, além de brinquedos e acessórios que trouxemos, me aproximei da janela e fiquei alguns minutos ali olhando para o horizonte. Estávamos no meio do outono, então podia-se ver as árvores e flores colorindo aquele pequeno paraíso, assim como a Bia, eu me apaixonei por aquele lugar, tão distante da cidade e aquela movimentação toda, sem barulho e poluição no ar, era incrível a paz que sentíamos ali na aldeia.
Sorri, podia jurar que há dois dias eu não tinha percebido aquele brilho todo, hoje mais leve, consigo ver e definir tudo em minha volta. Inspirei fundo soltando o ar aos poucos, podia dizer que aquela mudança se devia ao fato daquela mulher maravilhosa que estava na sala com as crianças estar de volta a minha vida, e melhor, me amava e estava ainda mais carinhosa, se é que isso fosse possível.
Terminei ali no quarto e fui ao encontro delas na sala, no momento em que dona Maria chegou com algumas sacolas, fui ajudá-la e quando voltamos para sala meu coração deu um salto maior. Isa dormindo no sofá quase na mesma posição que havia deitado antes, minha filha também dormia com sua cabeleira jogada no rosto da Bia que cochilava serena, mantendo os braços protetores em volta dela. A cena era linda, estava visivelmente babando quando a dona da casa disse ao meu lado:
– Acho que a Bia será uma ótima mãe – respondi sem tirar os olhos dela:
– Eu tenho certeza, ela consegue ser perfeita em quase tudo o que faz.
– Falou a mulher apaixonada – desviei os olhos para ela, constrangida, me abraçou e disse sorridente – devem esquecer o que passou, e desenhar um futuro para vocês.
– É isso que meu coração grita o tempo todo, dona Maria, – inspirei olhando novamente para a Bia dizendo temerosa, – mas, será que sou a pessoa certa para ela?
– Quem mais seria, minha filha?
– Não sei... – abaixei a cabeça e ela levantou meu queixo dizendo sincera:
– Você a ama?
– Mas do que a minha própria vida!
– Então porque o medo?
– Tenho medo de não ser o suficiente, quero que a Bia seja feliz, mesmo que para isso ela tenha que estar com outra pessoa.
– Quatro longos anos se passaram Sam, ambas sofreram e tiveram oportunidade de seguirem cada uma com sua vida – impossível segurar a lágrima que caiu livre, ela continuou – mesmo assim, o destino uniu vocês duas novamente, não deixe essa oportunidade passar sem se pegar a ela com tudo o que sente. – Olhei novamente para a Bia que se mexeu e abriu os olhos sonolenta, me olhou e sorriu fazendo meu coração transbordar, a senhora ao meu lado sussurrou: – Está estampado nos olhos dela que você foi a escolhida, ainda que tenha receio, siga em frente, vocês merecem a felicidade.
E saiu em direção ao quarto, sorri, segundos depois a Bia me abraçou por trás encaixando seu rosto em meu pescoço sussurrando manhosa:
– Você não quis assistir conosco, acabei dormindo.
– Vou fazer um café para nós!
A dona da casa voltou e foi em direção a cozinha, me virei nos braços da Bia segurando seu rosto dizendo:
– Tem ideia do quanto eu amo você?
– Não importa o quanto seja, ainda não chegará perto do meu amor por vocês.
– Own Bia...
Joguei meus braços em volta de seu pescoço e ficamos naquele abraço gostoso por algum tempo, ela ainda sussurrando palavras carinhosas em meu ouvido, outras apenas arrancando sorrisos cúmplices. E assim a tarde passou rápido, tomamos café conversando animadamente, as meninas acordaram e se juntaram a nós na mesa.
Passava um pouco das seis quando saímos da aldeia com a Bia dirigindo meu carro, prometemos voltar em breve. No caminho fomos conversando e cantando, a Bia foi me contando algumas de suas aventuras na Espanha durante o tempo que ficou por lá, e eu falando sobre o Lion o qual, para uma agradável surpresa, soube que ela acompanhava, mesmo à distância, passo a passo.
Quando chegamos na cidade, perguntou onde eu morava e indiquei o caminho. Um apto próximo a P&H Coffee, levamos mais ou menos uns quarenta e cinco minutos para chegarmos lá, devido ao transito, Diana dormia profundamente na cadeirinha no banco de trás. Usava sempre para esse fim, o cuidado era sempre necessário. Quando o carro parou no estacionamento do edifício, Bia pegou minha filha e seguimos para o elevador, morávamos no sétimo andar.
Quando chegamos, a levei até o quarto da Di, onde ela colocou a pequena que ainda dormia profundamente na cama e voltamos para a sala. Olhou em volta analisando, aproximou da estante onde havia várias fotos nossas, inclusive dela também, sorriu quando as viu, olhou para mim, me aproximei dizendo:
– Sempre quis ter você por perto.
Desviou os olhos pegando um porta-retratos em que ela segurava Diana nas costas sorrindo na praia, sussurrou:
– Tinha esperanças de que um dia voltássemos?
Dessa vez me olhou, em seus olhos aquela seriedade que me atingia, não respondi de imediato, mas balancei a cabeça concordando.
Ela tocou meu rosto e se inclinou beijando meus lábios, depois aprofundou o beijo. Me deixei levar e fui guiando nossos corpos até a minha suíte, onde arrancamos nossas roupas e seguimos para o banheiro. Lá onde finalmente conseguimos nos amar, depois de quase longos quatro anos separadas, ainda podia prever cada passo que ela dava em direção ao meu corpo.
A leveza de seus toques... Esses que eram com os dedos e com a boca, deixei ela saciar sua fome me levando a loucura. Nossos gemidos se perdiam no eco do banheiro, não sufoquei o grito em minha garganta quando ela me fez atingir e mais gostoso dos orgasmos. Duas... três... quatro vezes e perdi a conta do tempo que passamos naquele box nos amando.
Quando finalmente saciamos nossos desejos, fiquei observando ela lavar seus cabelos e passear com o sabonete em seu corpo, fazendo meu corpo desejar mais o dela, balançou a cabeça jogando água no rosto e me olhou sorrindo, mordi meus lábios e ela perguntou divertida:
– O que está pensando?
– Será que podemos pedir algo para comermos aqui mesmo, não estou muito afim de sair?
– Você está bem?
Desligou o chuveiro vindo em minha direção enlaçando meu corpo, me molhando novamente, sorri dizendo:
– Estou sim, só queria passar mais tempo com você aqui.
– Que sua vontade seja feita, cariño – sorriu beijando meus lábios.
Me puxou para seus braços me levantando, cruzei minhas pernas em volta de sua cintura e ela me levou até a parede me prendendo lá. Gemi quando seus lábios caíram novamente em meu pescoço me beijando e passeando com sua língua, nos entregamos novamente e deixamos o desejo nos guiar.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]