CAP. 35 – Dessa vez é definitivo
Segui para Madri, minha viagem para ser mais especifica, se estendeu mais do que esperado, o que era para ser uma semana, se tornou quase dois meses, porque resolvi que iria deixar alguém no meu lugar, e precisei ficar naquele translado entre Madri e Portugal, apesar de serem duas das cidades mais linda da Europa, eu não consegui aproveitar quase nada.
Reuniões atrás de reuniões para decidir a pessoa certa para se encarregar do meu trabalho na empresa, sem precisar que a minha presença seja sempre necessária. Até porque, viajar para Europa toda vez que surgisse um problema, estava fora de meus planos. Queria sim, ajudar meu avô finalmente ocupando o cargo que ele sempre preparou para mim, mas também, queria ter tempo para me divertir. Afinal, eu sou nova ainda e quero constituir família, e ficar enterrada no trabalho não me ajudaria.
Quando voltei para o Brasil, não foi de tudo sossegado, como estava previsto, resolvi viajar no dia seguinte, precisava adiantar essa parte antes de começar a trilhar um novo caminho. Fui visitar todas as filiais da P&H Coffee do país, Ana me acompanhou na primeira dela, Curitiba, tinha assuntos a resolver lá e me fez companhia. Mal parei no Rio, apenas para pegar alguns documentos e nessa rápida passada não consegui ver Sam, mas tudo tem seu tempo, primeiro uma coisa, depois outra.
Essa viagem levou um certo tempo, hospedagens e visitas... Reuniões e mais visitas a setores e lá se foram mais três meses na minha agenda. Recife e Petrolina ficaram em último lugar, esse que ao final passei para rever meus amigos e matar as saudades de Dani e Junior, sem contar que a pequena Bianca que estava enorme, me diverti muito com eles, mas chegou a hora de voltar para casa.
Sim, mais uma vez voltando para casa olhando pela janela de um avião. Lembrei de quando estava indo para Madri lá no começo, que estava decidida a pôr um fim naquela história mal resolvida entre Samantha, e gostaria é claro, se ela quisesse também, me aproximar novamente e se ela estivesse sozinha, recomeçar. Não, melhor dizendo, gostaria de começar novamente, tivemos uma história, embora curta, mas muito feliz. Em meses criamos uma cumplicidade tão grande, que no dia em que nos separamos ia pular alguns etapas e pedi-la em casamento.
Foram anos sofrendo, e quando voltei para perto dela vi que não era possível esquecer algo tão grande, e pedia aos céus para ela compartilhar daquele meu pensamento. Carrego uma culpa comigo, a de não ter ficado e ouvido o que de fato estava acontecendo, simplesmente dei as costas a ela, e talvez com isso tenha quebrado aquela ligação que tínhamos. Ela mentiu eu sei, mas eu por dizer que a amava tanto, porque não dei o benefício da dúvida? Sim, eu errei e assumiria isso diante dela.
Ainda dentro do avião olhando a beleza daquela cidade que me encantava desde sempre, Rio de Janeiro, deixei as lágrimas caírem ao lembrar da crueldade nas palavras daquela mulher, eu odiava ela, não por ter contado o que contou, mas por fazer parte de algo tão real com Sam, e por terem juntas constituído uma família, essa que não sei se continuou depois que nos separamos. E dúvidas do porque ela se envolveu comigo ainda casada, seguiam ao meu lado.
Ela dizia me amar, nos envolvemos eu sei, foi impossível não o fazê-lo, tudo tão mágico que nem me dei conta de como começou, o que importava era estar ao lado dela, não era possível que tivesse mentido quanto a esse sentimento, era tudo muito real... As emoções... os toques... os beijos... Meu Deus, passei os dedos sobre os lábios mordendo-os sorrindo, lembrando dos beijos maravilhosos que trocávamos.
Esbocei um sorriso, no momento em que a aeromoça parou em minha frente perguntando se queria uma bebida, aceitei agradecendo. Não demorou muito o piloto avisou que estaríamos aterrissando em breve, precisava ganhar forças, pois aquela missão não seria tão simples assim, porque as chances eram cinquenta por cento do sim e do não, mas lutaria pelo sim, queria Samantha e sua filha de volta na minha vida, embora desejasse com todo o meu ser isso, só aconteceria se ela também quisesse.
Estava visivelmente exausta, Bernard me esperava sorridente na saída do aeroporto, o cumprimentei com um caloroso abraço e seguimos para o carro, entramos na avenida, estava engarrafada para variar, mas até mesmo isso eu sentia falta naquela cidade, a movimentação toda, parecia que as pessoas estavam sempre com pressa de alcançar alguma coisa ou lugar, e nunca paravam. Distraída com um e-mail, ele perguntou lá da frente:
– Dessa vez é para ficar, menina Bia?
Olhei para ele que me olhava pelo retrovisor sorrindo, disse apenas:
– Sim meu amigo, não mais levantarei voo, pelo menos não se não for necessário – ele riu e perguntei – e as novidades?
– Dr. Paulo e dona Ângela foram para São Paulo, foram a convite do Dr. Edmund, Eliza também foi para ajudar dona Samantha.
Olhava pela janela quando ele citou o nome dela, perguntei disfarçadamente, ainda curiosa:
– Porque citou dona Eliza, Bernard?
– A senhora não soube? – me olhou sorrindo e balancei a cabeça confusa, abriu um sorriso maior ainda e disse: – Ela e eu nos casamos.
– Mentira? – aquilo me pegou totalmente desprevenida, sorri perguntando: – Quando isso aconteceu?
– Mais ou menos dois meses! – disse orgulhoso, agora que paramos no farol ele me olhou: – Estávamos saindo, e criei coragem para pedi-la em casamente.
– Nossa! – estava pasma, como as coisas aconteceram e eu não vi? Disse sincera: – Me desculpa Bernard, eu realmente não estava sabendo.
– Tudo bem menina Bia, a senhora estava muito ocupada...
– Mesmo assim, meus parabéns, de coração meu amigo – me aproximei apertando seu ombro dizendo sorrindo – dona Eliza é um amor de pessoa, vocês merecem ser felizes.
– Obrigado menina Bia, eu realmente estou muito feliz.
– Imagino, – sorri da alegria dele dizendo – mas quero saber como tudo aconteceu, noutro dia claro, hoje eu estou exausta, me perdoe.
– Eu entendo, menina Bia... – entramos na mansão de meu avô, parou o carro e abriu a porta, saí abraçando-o feliz que disse: – Semana que vem elas estarão de volta, Liza vai ficar muito feliz da senhora ter gostado de nossa união.
– Está brincando? Adoro vocês, quero mais é que sejam muito felizes.
O abracei novamente e me despedi, seguindo diretamente para meu quarto, onde tomei um banho longo e relaxante, caí na cama dizendo:
– Eliza e Bernard! – sorri, inspirei fundo e virei para o lado abraçando o travesseiro, adormecendo em seguida.
Não iria trabalhar naquele final de semana, aproveitei para ir visitar algumas casas que separei na lista que a corretora me mandou no mês passado. Segui com ela no sábado depois do almoço e no domingo também, estava quase desistindo, quando fomos visitar a última casa da lista, essa ficava próxima a praia, na verdade era um condomínio privativo, tinha uma parte da praia dentro da propriedade. Quando entramos já gostei do espaço em si.
A casa era grande, dois andares e na parte de cima, três quarto grandes e duas suítes, uma delas aberto a sacada que dava acesso a uma vista maravilhosa e um ofurô de madeira bem desenhada, que praticamente fechava aquela pintura maravilhosa. Pronto, achei a casa de meus sonhos. Na parte de baixo uma sala enorme com o pé direito também enorme, arriscaria quatro ou cinco metros, de amplo espaço, um escritório totalmente equipado, uma cozinha igualmente bela, perfeita, fora a garagem com espaço para três carros, uma área externa com piscina e pergolado que dava acesso a uma churrasqueira mais à frente.
– Eu adorei essa casa.
Sorri para a corretora que pareceu respirar aliviada, coitada, levei três meses para escolher as casas e na visita não escolher uma, seria maldade mesmo. Voltei para o interior dela, agora dando uma olhada com mais calma, depois saí e fui olhar mais de perto a praia. Lá da areia, olhei para trás onde o sol começou a se esconder mostrando a real beleza daquele lugar, fiquei ainda mais encantada. Quando voltei disse:
– Desculpa o transtorno Sandra, mas você sabe, uma casa é nossa morada, é para aonde desejamos voltar todos os dias quando saímos, precisava avaliar bem.
– Não se preocupe Beatriz, esse é meu trabalho, oferecer o que o cliente quer, fico feliz por ter gostado, pessoalmente eu adorei essa também.
Estendi a mão para ela fechando negócio, agora era esperar a papelada e fazer alguns reparos a vista. Voltamos para o escritório dela, no caminho conversando sobre meu apartamento, ainda não tinha vendido, até apareceu alguns compradores, mas acabei adiando a venda, sei lá, parecia que não era para vender, enfim.
Me despedi da moça, colocando meus advogados à disposição para quando ela fosse montar o contrato de compra e venda, definitivamente a casa valia o preço que estavam oferecendo, em minha opinião, bem abaixo da tabela, por ser um lugar privativo, valia bem mais, e agora ela seria minha.
Voltei para casa de meu avô, onde tirei o restante do final da tarde e noite para descansar, mas acabei ligando para as meninas para sairmos um pouco e colocarmos a conversa em dia. Por Fernanda fiquei sabendo do abatimento de Sam, fiquei preocupada com aquilo, ela não era mulher de se deixar abater assim, o que será que estava acontecendo. Discretamente tentei tirar mais alguma coisa dela, mas como Sam era a descrição em pessoa, Nanda não soube me dizer muito.
As duas me abordaram quanto ao assunto da administração em Curitiba, conversamos sobre, ao entrar na madrugada, agora estava ciente do que acontecia na filial de lá, finalizei dizendo que quando meu avô voltasse de São Paulo, marcaríamos uma reunião e decidiríamos aquilo. No mais, nos divertimos por mais uma hora ou duas e voltamos para casa.
A semana foi sossegada na empresa, mesma rotina de sempre, reuniões e papeladas para assinar, mais reuniões e assim ela passou. Encontrei com meu avô e Ângela no final de semana, ambos chegaram sorridentes me abraçando e perguntando como foi o “passeio” pelo Brasil, contei a eles o que aconteceu em todas as filiais, resumidamente claro, respondi perguntas de meu avô, até parecia que ele estava me testando, sorri. Ao final de nossa conversa falei sobre a casa que tinha comprado, os levaria no próximo mês, quando finalmente ela seria minha de verdade.
Encontrei com dona Eliza mais tarde, a cumprimentei pelo casamento me desculpando por não ter estado naquele dia tão importante para ela e Bernard, e sorrindo os dois nos contaram como tudo aconteceu, claro que em um jantar que meu avô ofereceu. Estava realmente encantada com a história daqueles dois. Fiquei ainda mais feliz quando ela citava Sam em suas histórias, como não abordava diretamente sobre ela, gostava de saber.
A viagem para São Paulo se deu por conta do Dr. Edmund apresentar a sua noiva para os netos, e meu avô e Ângela convidados a serem padrinhos, parecia que o cupido estava solto e distribuindo matrimônios em nossa volta.
Aquela semana tirei para descansar, precisa de alguns dias para conseguir minhas forças novamente, quase seis meses sem descansar, abala um ser humano, acreditem. No final do domingo daquela semana, fui dormir pensando em como seria o reencontro com Sam no dia seguinte, estava ansiosa para isso, e ainda mais por estar ensaiando um convite para almoçarmos juntas, adormeci com a expectativa de uma resposta e de qual seria a minha atitude diante dela.
SamBom, naquela semana a Bia não apareceu na empresa, e fiquei naquela espera por quase duas semanas, e ela não tinha voltado de Madri ainda, em reuniões fiquei sabendo o porquê do motivo da demora, estava procurando alguém para ficar em seu lugar. Menos mal, sinal de que ela estava com planos de voltar e ficar no Rio. Dois meses se passaram e ela ainda não tinha voltado, parei de ficar naquela ansiedade, claro que quando voltasse iria estar com a agenda cheia e duvidava conseguir um espaço para conversar com ela.
Essa negatividade tomava conta de mim, e era exaustivo não conseguir controlar aquela sensação. Resolvi que sairia mais, ficar tanto tempo em casa estava me deixando doente, e não podia me deixar abater, tinha uma filha que dependia de mim e por ela levantaria e seguiria.
Felizmente algo para nos alegrarmos, Liza e Bernard finalmente oficializaram a união deles, agora diante dos amigos e perante as autoridades. Foi uma cerimônia simples, logo em seguida um almoço em homenagem a eles oferecido por Ângela e Dr. Paulo. Foi um dia maravilhoso para nós, especialmente para mim, que estava muito feliz pela minha querida amiga ter encontrado alguém para cuidar e que realmente a amasse.
Engraçado como as coisas acontecem, eles se conheceram na primeira vez que ela veio comigo para o Rio, e se reencontraram quando vim morar para cá e ela me acompanhou. Nas muitas visitas a Ângela e dela a nós os dois criaram um laço de amizade. Seguido de uma paixonite, ela sempre me contava as coisas, tinha medo de se envolver depois de anos sozinha, mas como dizem, quando se encontra a pessoa certa, nada pode atrapalhar sua união, e foi o que aconteceu com os dois.
Hoje casados e muito felizes, moravam na propriedade Olivier, ela foi morar com ele, o que me deixou um pouco triste, por perder a companhia de uma amiga nas noites solitárias, mas ela estava todos os dias em casa, me ajudando e cuidando da Di, além de termos criado um laço de amizade tão grande depois que ela veio morar comigo, que a coisa que eu mais queria era que ela fosse feliz com seu amado.
Eu segui minha vida, depois que Bia e eu nos separamos, saí com algumas pessoas, conheci outras, me envolvido com duas ou três mulheres apenas, nada muito sério, pelo menos não duraram muito para chamar de relacionamento, e depois de várias conversas francas com elas, optamos pela amizade apenas, uma delas em especial, Marina, nos tornamos amigas, trabalha conosco no Lion, saíamos às vezes em grupo, principalmente quando comemorávamos alguma conquista, depois dela mais ninguém me atraiu.
Essa semana teve mais um motivo para se estar feliz, meu avô encontrou alguém que o amava e compartilhava de seus sonhos, ela era alguns anos mais nova que ele, mas isso não importava, afinal, idade é apenas um estado mental, o que contava nessa vida era as experiências trocadas e o carinho recíproco.
Estava lembrando do dia anterior, quando eles felizes nos contavam como se conheceram, incrível aquela magia do amor de envolver as pessoas, de ter o poder de unir dois iguais, acabei sorrindo boba:
– E esse sorriso, hein senhorita?
Olhei para a porta no momento em que Nanda apareceu, sorri dizendo apenas:
– Lembrei de um momento especial, acabei expressando em sorriso.
– Que bom Sam, sentimos falta da sua alegria contagiante por aqui, sabia?
– Como assim, por acaso sou a tristeza em pessoa?
Sorri, mas desviei o contato de nossos olhos quando ela se aproximou dizendo:
– Não é assim também, mas você costumava ser mais receptiva – olhei para ela novamente que sorriu apenas, perguntando em seguida – essa alegria toda não tem a ver com a chegada da Bia?
– Como assim, ela chegou? – olhei interessada para ela que disse sorrindo:
– Pelo que vejo, minha resposta é não, – se sentou na cadeira em frente me entregando a pasta continuando – pois é, ela chegou e dessa vez parece que veio para ficar.
– Ouvi boatos de que ela iria primeiramente se inteirar do que estava acontecendo em toda Rede P&H Coffee, para depois assumir de vez a cadeira do avô.
– Está bem informada minha amiga.
– Conversei com Ângela em alguns momentos, e ela me contou, parece que a Bia está bem animada.
– Ela ficou bem abalada com o que aconteceu com o avô, Sam, apesar de não ter demonstrado, está fazendo de tudo para que ele firme a decisão de se aposentar.
– Está certa em fazer isso, Dr. Paulo é muito teimoso – sorri cruzando os braços: – na verdade os dois tem isso em comum.
– Isso é verdade, aquela mulher é uma cabeça dura – sorriu e a acompanhei, avaliando os papéis que me trouxe, surgiu uma pergunta – vocês duas?
– O que... O que tem nós duas? – Olhei para ela me ajeitando na cadeira, desconfortável.
– Não há chances de vocês voltarem?
– Ah, isso? – Inspirei fundo balançando a cabeça em sinal de negativa dizendo apenas: – Tivemos nosso momento Nanda, mas acabou.
– Sabe Sam, – cruzou as pernas me olhando fixamente – vocês tinham uma ligação incomum, era diferente de tudo, como uma magia – sorriu dando uma pausa – não quero me meter nos seus assuntos pessoais, mas o que aconteceu para essa “química” se quebrar assim?
Sorri deixando meus ombros caírem com aquela pergunta, passei a mão nos cabelos olhando ainda para ela, levou alguns segundos para começar a falar:
– Nunca contei isso a ninguém Nanda, mas acho que está na hora de começar a me livrar desses fantasmas que assombram minha vida.
– Que bom que quer falar Sam, e eu curiosa para saber, – sorriu e a olhei esperando finalizar – mas não vamos conversa aqui na empresa. – Olhei curiosa para ela que disse apenas: – As paredes têm ouvido minha amiga, agora que finalmente resolveu se abrir, que tal um jantar? Ana irá viajar essa noite, podemos marcar.
– Certo, minha amiga, obrigada por estar disposta a me ouvir – levantou e a acompanhei até a porta, sorriu dizendo:
– Sam, você é muito especial para nós. Uma grande mulher, guerreia e batalhadora – me abraçou sincera – espero poder te ajudar a trazer de volta o sorriso aos seus lábios.
– Obrigada.
Tocou meu nariz piscando divertida, seguiu para sua sala. Voltei para o interior da minha e fui até a janela, inspirei fundo, finalmente iria colocar aquele peso todo pra fora. Cruzei os braços encostando na parede pensando, até onde poderia me abrir? Mas o som estridente do telefone chamou a atenção e voltei ao trabalho, depois pensaria nisso com mais calma.
Deixei Diana aos cuidados de meu irmão e Claudia, iria dormir na casa de Nanda, até porque aquela conversa não seria fácil, tanto para eu contar quanto para ela ouvir, e como no dia seguinte só iria trabalhar meio expediente, me dei esse luxo.
Quando cheguei a sua casa, jantamos naquele clima agradável, difícil era não rir com ela. E quando finalmente fomos para a sala, onde ela me serviu uma taça de vinho, comecei a narrar. Contei partes que envolviam a Bia, e pulei para meu divórcio, seria doloroso e constrangedor demais contar a parte com Rebeca, e minha amiga notou que omiti certas partes, mas não insistiu, agradeci por ela compreender.
O tempo todo com lágrimas nos olhos e ela me abraçando, de certa forma tentando me consolar, mas como aplacar aquela dor?
Viramos a noite tomando vinho, ao final dela já sorria mais aliviada, o coração mais leve por finalmente ter colocado pra fora tudo aquilo, Nanda até tentou me animar dizendo que iria tentar fazer com que a Bia, enxergasse que eu, era a mulher de sua vida. E por frações de segundos acreditei realmente naquela possibilidade, acordei até bem disposta no dia seguinte.
Aquela semana não a vi, apesar de saber notícias por Liza e Ângela que quase sempre iam me visitar, não cheguei a ir até a mansão Olivier, sabia que ela estava hospedada na casa de seu avô, daria um espaço a ela, já que me veria todos os dias a partir da semana seguinte na empresa.
Na segunda quando cheguei na empresa, logo no estacionamento encontrei com ela, saindo do carro linda como sempre, naquela calça jeans surrada que sempre usava, sacudiu os cabelos, ainda repicados e rebeldes, agora com um tamanho menor do que o de costume, parecia bem-disposta. Por alguns segundos me prendi naquele visão, mas resolvi sair do carro e ao me ver veio sorrindo ao meu encontro.
– Olá senhorita Chermont! – linda, se aproximou e para minha surpresa beijou meu rosto perguntando: – Tudo bem?
– Oi! – fiquei sem jeito com aquela aproximação, até porque sem querer meu corpo todo reagiu a ela, sem que eu conseguisse me controlar, respirei fundo dizendo: – Tudo bem sim e você como está?
– Estou ótima, apesar do cansaço – me indicou o caminho e seguimos juntas para o interior da empresa, ela dizendo – e como andam as coisas? – olhei para ela tentando entender a que se referia, sorriu dizendo: – A pequena Maravilha, O Lion? Conheci seu irmão e sua cunhada na última vez que estive lá.
– Diana está ótima, o Lion um sucesso como sempre – tirei uma mecha de cabelos que caiam sobre meus olhos concluindo – fiquei sabendo que conheceu os dois, a propósito, me desculpa se meu irmão foi rude com você, Claudia me contou que ele não foi muito receptivo.
– Não se preocupe com isso, a tranquilizei dizendo que em seu lugar faria a mesma coisa.
Sorriu, apertando o botão do elevador para entrarmos, o pessoal passava por ela dando-lhes as boas-vindas e eu não parava de olhá-la, estava diferente, com um brilho diferente no olhar, ou era impressão a minha?
– Mesmo assim quis me certificar de que está bem com isso.
Entramos no elevador ainda conversando, ela interagindo com o pessoal o que me fez voltar, por segundos, anos atrás, aquela alegria contagiante que ela estava no dia em que nos conhecemos, era essa a alegria dela hoje. Me perguntei, qual o motivo, quando gentilmente ela disse:
– Samantha? – A olhei que sorrindo disse: – Seu andar, não vai descer?
Olhei sem entender e sorri sem jeito dizendo:
– Vou, obrigada – saí do elevador e quando comecei a caminhar ela perguntou:
– Será que poderíamos almoçar qualquer dia desses? Estava querendo conversar com você.
– Ca... Claro, quando você quiser... – Gaguejando Sam, sério?
– Ótimo, a procurarei em breve.
Sorriu, gente minhas pernas bambearam, sorri concordando e saindo dali antes que passasse ainda mais vergonha.
Segui para minha sala me perguntando o que tinha acontecido, porque ainda estava em estado de choque desde o momento em que senti seus lábios em meu rosto. Trabalhei no automático até ao meio dia, foi quando consegui sair de minha sala, de tão atarefada que eu estava. Respirei aliviada na cantina do oitavo andar tomando um café quando ouvi um grito logo atrás de mim:
– Biaaa...
Olhei sem entender e uma loira pulava alegre nos braços dela, foi como se eu visse aquilo tudo em câmera lenta, os lábios da mulher pousaram nos dá Bia, ou seria meus olhos me enganando e foi apenas no rosto? Sorrindo feliz ela a recepcionou tão carinhosamente em seus braços.
Estava ainda presa naquela cena quando os olhos da Bia me encontraram, esses divertidos, enquanto a moça falava alegre em espanhol com ela. Saí do transe e balancei a cabeça, dei a volta e segui para o elevador, ali estava o motivo de tanta alegria, ela estava namorando.
Fim do capítulo
Boa tarde, meninas! Tudo bem?
Sem discursos muito longos, rs...
Gostaria de agradecer a todas que me acompanham, e que estão por aqui, apesar das minhas pausas e ausências... Obrigada pelos comentários isso me incentiva muito, apesar de não responder, guardo no coração com carinho.
Obrigada! S2
Bia
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