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  • 1995 – UM ANO PARA SE LEMBRAR (2)

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Tempus Agendi - Tempo de Agir por Solitudine

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Palavras: 7533
Acessos: 11305   |  Postado em: 16/11/2022

1995 – UM ANO PARA SE LEMBRAR (2)

 

São Paulo, estado de São Paulo

 

--Gente, essa chopada tá foda! – Patrícia reparava nos jovens presentes – Olha quanto gato gostoso! – comentou interessada – Hum... – mordeu a beirada do copo de plástico

 

--Meu foco é outro, honey! – Elza reparava nas garotas – A fama da Educação Física não é desmerecida. – bebeu um gole de refrigerante – “Cada gatinha deliciosa!” -- pensou

 

--Cê não se anima com homem nem um pouquinho, né? – Patrícia piscou para a negra

 

--Você já deveria saber com o que me animo, meu bem. – respondeu insinuante – Ou esqueceu? – olhava para a outra

 

“Quando ela fala desse jeito...” – Patrícia pensou arrepiada – Claro que não. – desviou o olhar

 

--E vai dar pra cantar mesmo, camarada Guilherme? – Natália perguntou ao colega de Partido – Tô vendo o DJ só na música eletrônica sem dar espaço pra ninguém.

 

--Ele é meu chegado, camarada Natália, pode confiar. – Guilherme respondeu despreocupado – Daqui a pouco ele abre e Yara começa.

 

“Minha Nossa Senhora, Virgem Santíssima!” – Yara reparava nas moças discretamente – “Isso aqui não é uma chopada, é uma abundância de glória ao Céu com aleluia, ô, perdição...” – suspirou – “Ave Maria, é cada tentação mais pernuda e bunduda que a outra, espia pra isso, ó Pai!” – benzeu-se espontaneamente

 

--Camarada Yara tá concentrada? – Renan perguntou para a indígena

 

--Tá concentrada e rezando. – Natália respondeu inocentemente – Já até se benzeu.

 

--Tô, tô... – a indígena balançou a cabeça confirmando – Concentrada é pouco! – tentava disfarçar – “Mulher, foca na missão que é o melhor que você faz!” – repreendeu-se mentalmente

 

Minutos depois o DJ mudou os ritmos com os quais trabalhava e introduziu uma batida leve. Pegou o microfone e anunciou: -- Salve, galera sarada, salve São Paulo, USP, juventude consciente! – gesticulava – Vamos curtir agora uns raps de gente que pensa e age pelo certo! – olhou na direção da indígena – MC Yara, tá contigo, é nóis!

 

--MC Yara?! – estranhou – Ué, agora eu sou MC?? – não entendeu – MC não é do funk?!

 

--Vai lá, miséra, pensa muito não! – Natália foi seguindo discretamente empurrando a outra pelas costas – Manda o recado, camarada!

 

--Hum, vai ter show de MC! – Patrícia comentou empolgada ao olhar na direção do DJ – Será que essa garota manda bem?

 

Elza não se empolgou e nem olhou para ver quem seria. “Só falta ser coisa de comunista!” – pensou contrariada

 

“Nação Kenko Wiwa, minha mãe, me inspirem sob as graças de Deus!” – Yara pensou ao receber o microfone do DJ – Boa tarde, pessoal! – cumprimentou disfarçando o nervosismo – Vamos lá, né? Direto ao ao que interessa! – fechou os olhos e começou a cantar – Acordo cedo, faculdade, muita coisa pra fazer! – gesticulava – Tem trabalho, pouca grana, nenhum tempo pro lazer! – abriu os olhos – A gente rala, a gente cala e a vida vai seguindo, sem recurso, sem apoio e só babando pelos gringo! – começou a andar um pouco – Gera riqueza, na pobreza e nunca nunca vê mudar, classe média, quando pode, só pensando em viajar! – ia se soltando – Real e dólar, tão parelho, oh meu Deus, felicidade, nem reparo, nem reparo, falta tudo na cidade! Estuda aqui, trabalha aqui, na corda bamba, por um triz, quem melhora, já se arvora, a viver em outro país!

 

--Uhuu!! – Patrícia se empolgou – Manda ver, mina! – gritou para a indígena

 

Elza prestava atenção com olhos críticos.

 

***

 

Yara e seus colegas de Partido circulavam entre os jovens na tentativa de fazer um trabalho de base no meio deles. Em um momento no qual a indígena ficou sozinha para pegar um copo de chá gelado, Patrícia reparou e segurou Elza pelo pulso.

 

-- Vem comigo, quero falar com aquela mina! – puxou a outra

 

--Pra que, hein, Pat? – Elza retrucou – Não tô a fim de ficar ouvindo lero lero de comunista!

 

Patrícia ignorou os protestos da negra e se aproximou para cumprimentar a indígena. – Oi, MC! – sorriu simpática – Mandou ver, hein? Gostei! – estava sendo sincera – A gente só vê os mano fazendo rap e ver uma mina dá o maior orgulho! As mulheres têm que aparecer também, né?

 

--Ah, obrigada. – cumprimentou timidamente – Que bom que você gostou! – sorriu – “Meu Pai Santo!” – pensou ao olhar para Elza – “Isso não é mulher, é a própria deusa da beleza negra! Ô, mama África, salve!” – desviou o olhar – “Aleluia!”

 

“Ela tem um cabelo divino, meu Deus!” – a jovem negra pensou – “Seria uma índia perfeita, não fosse o comunismo transbordando pelos poros!” – desviou o olhar também

 

--Eu sou Patrícia e essa é minha amiga Elza. – apresentou – A gente é aluna da USP mas do campus de São Carlos, onde ficam as engenharias. – pausou brevemente – Você é indígena de verdade? – perguntou interessada

 

Achou a pergunta engraçada. -- Sim, eu sou. E nascida no Amazonas. – respondeu gentilmente – Mas minha vida tem sido rodar por esse Brasil. – sorriu -- Atualmente vivo numa dobradinha entre Goiânia e Brasília porque estudo na UnB, Ciências Sociais.

 

--E esses raps que você canta, compõe na hora, como é isso? – continuava curiosa – Ou compõe antes e memoriza pra depois cantar?

 

--Alguns eu faço antes, mas a imensa maioria vem na hora como foi hoje. – dizia a verdade – Um dia pretendo estudar música pra poder ficar melhor.

 

--Comunista estuda? – Elza perguntou provocadora – Pensei que a vida de vocês fosse ficar lendo Marx, Trótsky e outras baboseiras do tipo, pra depois ficar pregando pra gente. – olhava para a indígena com desdém – Esse seu curso universitário, por exemplo. Deve ser pura doutrinação marxista, né?

 

Patrícia olhou surpreendida para a outra. – Que é isso, amiga? – perguntou constrangida

 

Yara não esperava por aquela provocação mas não se deixou abalar. – Acho que você nunca deve ter procurado saber sobre o que seria o curso de Ciências Sociais. – respondeu com segurança – O que você disse sobre ele e sobre os comunistas é típico de quem fala sobre o que desconhece. – olhava para a outra – Não sou bem eu a pessoa carecendo de estudo aqui. – provocou também

 

Fingiu não se incomodar com o que ouviu.  – Sabe o que eu acho incrível? – continuou – Essa gente que prega o Comunismo mas vive no meio do Capitalismo, usufruindo de tudo que esse famigerado sistema gera. -- falava com ironia – Por que vocês não vão viver numa caverna, no campo ou no meio do nada pra ter essa experiência comunal mais próxima das suas respectivas realidades, hein? – sorria debochada

 

--A gente não quer um mundo à parte, a gente quer construir uma sociedade mais justa, onde poucos não vivam às custas do trabalho de muitos. – continuava falando com segurança – A gente usufrui das criações humanas mas não quer se escravizar a elas e nem a ninguém. A gente quer uma vida pra viver e não pra passar o tempo inteiro trabalhando como loucos só pra enriquecer uma elite podre e receber migalhas em troca. – sorriu também – Não sei se percebeu, querida, mas o Capitalismo deixa um rastro de pobreza, de desigualdades sociais, de poluição e de destruição da Natureza de formas que não dá mais pras pessoas nem pro planeta suportarem! – pausou brevemente – Ou você, sendo negra, acha que as oportunidades são iguais? Nunca sentiu na pele?

 

--Gente, quem vai de caipivodka, hein? – Patrícia queria quebrar aquele clima tenso – Vou pegar pra mim, cês querem? – foi sumariamente ignorada

 

--Então numa sociedade comunista não existe racismo? – Elza perguntou descrente – As pessoas ficam perfeitas, assim, num passe de mágica? – estalou os dedos

 

--O Capitalismo se construiu sobre bases escravocratas, lembre-se disso. – respondeu de pronto – O racismo é herança imediata da visão de exploração do ser humano pelo ser humano! – não desviava o olhar

 

--Galera, fui! – Patrícia se afastou rapidamente – “Eu hein, papo brabo!” – pensou contrariada

 

--Ah, tá, aí com o Comunismo tudo isso seria apagado? – riu brevemente – Ora, por favor! – balançou a cabeça contrariada – O que vocês querem é não trabalhar e viver no meio da anarquia! – acusou – Você ficou aí criticando o governo com seu rap, -- gesticulou – mas esse presidente que aí está é um comunista que fugiu do Brasil por conta da balbúrdia que andava fazendo nos anos de governo militar!

 

--Comunista? – riu brevemente também – É, garota, sem dúvida você precisa estudar. – criticou – Ele nunca foi comunista e o governo que tá fazendo é todo a serviço do Capital Internacional. Acho que ele nem sabe quem governa isso aqui, se ele mesmo ou os Estados Unidos. – pausou brevemente – Se ainda fosse amiguinho da Rússia, né? Aí você podia até pensar que o cara era comunista! – debochou

 

“O que é que tá acontecendo ali?” – Natália pensou desconfiada ao observar Yara e Elza – “Deixa eu ver o que é isso!” – decidiu se aproximar

 

Continha a raiva. -- Essa é a única coisa na qual concordo com você: que esse país tá sendo entregue aos Estados Unidos! – passou a mão nos cabelos – Coisa que não acontecia durante os governos militares que vocês, comunistas, criticam tanto! – encarava a indígena – Tanta questão de voltar à democracia e pra que? O que ganhamos com isso? – gesticulou – Um presidente comunista que entrega o Brasil de bandeja pros gringos e ainda aumenta nossa dívida externa só pra poder manter esse Plano Real de bola cheia!

 

--Boa tarde, pessoal. – Natália cumprimentou desconfiada – Tudo bem? – foi ignorada pelas duas

 

--Ah, então você é fã da ditadura? – Yara perguntou de cara feia – Tá fazendo aqui o que, garota? Porque na ditadura não podia ter chopada! Qualquer ajuntamento de estudantes era visto como coisa suspeita! – gesticulou – E a dívida externa, não foi levada às alturas no governo militar? E a dívida pública, como e quando nasceu o esquema dela? – continuava provocando – Os patriotas da ditadura não entregaram o Brasil pros Estados Unidos também? Quem bancou o golpe de 64 mesmo? – encarava a negra – Ah, desculpe, eu esqueci que você tá devendo estudar algumas coisinhas pra ficar mais atualizada!

 

--Yara?! – Natália estranhou a atitude da outra

 

--Quer saber? Eu não vou mais perder meu tempo com uma indígena que saiu da mata pra viver pregando o Comunismo e seu mundo de faz de conta! – Elza falava de cara feia – Continua aí com sua doutrinação marxista e vê se consegue convencer alguém a seguir o caminho dos camaradas! – debochou – Ou você esqueceu a foice e o martelo em casa? -- zombou

 

Aborreceu-se bastante com aquela fala. -- Eu que vivo num mundo de faz de contas?! – achou graça – Não sabe nem a diferença entre Comunismo e Liberalismo e eu que tô fora da realidade? – zombou -- Uma negra que foge do sol, se enche de maquiagem clara e alisa o cabelo pra fingir de branca me diz que eu que vivo fora da realidade? – franziu o cenho – Nem no auge da minha negação da identidade fui igual a você! – reparou-a de cima a baixo – Vai, patricinha, volta pro mundo da Barbie e vai ser feliz se iludindo! – fez um gesto de desprezo

 

Natália estava boquiaberta.

 

Elza sentia o sangue fervendo. Afastou-se das outras duas sem dar mais uma palavra.

 

--O que foi isso aqui? – a baiana perguntou em choque

 

--Vamos embora? – Yara pediu chateada – Essa chopada já deu pra mim!

 

--Nossa, que carranca! – Patrícia comentou ao ver a colega se aproximando – Tudo isso por causa da MC? – estranhava

 

--Será que a gente podia ir pra casa da sua madrinha agora? – Elza perguntou contrariada – Essa chopada já me encheu!

 

***

 

--Gostoso, esse cafuné... – a indígena sorriu com os olhos fechados – Bom...

 

--Desestressou? – Natália beijou a cabeça da outra – Hum? – perguntou com carinho

 

--Depois de fazer amor com você? – levantou a cabeça e olhou para a baiana – Impossível não ficar bem! – beijou-a demoradamente nos lábios – Só achei... um troço um tanto quanto capitalista demais a gente vir parar num motel! – comentou

 

A baiana riu gostosamente. – Ai, ai, camarada Yara, você não existe! – segurou o rosto dela com as duas mãos e a beijou nos lábios repetidas vezes – Tão capitalista que a gente veio a pé! – riu de novo – Ou você queria fazer em plena rua, sua indiazinha descarada? – brincou

 

As duas estavam nuas e deitadas na cama. Yara por cima de Natália, pernas entrelaçadas.

 

--Eu pensei naquilo que a patricinha falou, da gente viver em contradição. – lembrava de Elza – Garota nojenta! – franziu o cenho – Aí pensei nessa coisa de motel e me deu um nó na cabeça. – beijou-a novamente – Mas fazer na rua... aí não!

 

--Sabe que eu fiquei até assustada? – deslizou um dedo pela sobrancelha da indígena – Sempre tem gente que vem contestar nossas ideias e você nunca reagiu daquele jeito. – comentou – Mas ali, com aquela garota, parecia que iam sair no tapa a qualquer momento!

 

Passou a mão nos cabelos e se ajeitou para deitar ao lado da parceira. -- A amiga dela veio conversar comigo, super simpática, e de repente aquela garota começou me provocando, falando besteira... – lembrava do ocorrido – Perdi a paciência! – fez cara feia – Patricinha esnobe! Quem ela pensa que é?

 

--Ah, esquece isso! – virou-se de lado e beijou o ombro da outra – Já passou e provavelmente você nunca mais verá aquela tal. – mordiscou a orelha dela – Fica assim não... – arranhou-lhe a barriga de leve – Aproveite o tempo de forma sábia... – brincou – Hein? – deslizou a mão suavemente até o seio da amante – Daqui a pouco a gente vai ter que viajar de volta pras nossas respectivas cidades... – continuava acariciando

 

Ficou excitada com as carícias que recebia. – A gente falava do que mesmo? – brincou e elas riram – Você me deixa pegando fogo! – virou-se lado e puxou a baiana pela cintura com força – Vem! – beijou-a com paixão e mudou as posições deitando-se por cima dela – Vem! – apertou uma das coxas da parceira

 

--Ah! – Natália gem*u ao final do beijo – Ai, assim... – deleitava-se com os lábios da indígena percorrendo seu colo – Assim, amor...

 

***

 

--Gostosa, essa massagem... – a negra sorriu com os olhos fechados – Bom...

 

--Desestressou? – Patrícia curvou-se rapidamente e beijou a bochecha da outra – Hum? – perguntou com carinho

 

--Depois desse tratamento de rainha? – abriu os olhos – Impossível não ficar bem! – suspirou – Só lamento que sua madrinha voltará daqui a... – olhou rapidamente para o relógio – cerca de 10 minutos trazendo um batalhão de mulher pra tentar vender Avalon na calada da noite! – comentou

 

A parceira riu gostosamente. – E não reclama, tá? – movimentou-se para sair de cima de Elza e se levantou – Não fosse o desejo capitalista dela de vender esses produtos a gente não teria tido tempo pra... – catava as roupas do chão – Cê sabe! –começou a se vestir

 

Elza virou-se de barriga para cima e preguiçosamente se sentou. – E ainda tem gente que odeia o Capitalismo, né? – lembrou-se de Yara – Idiotas! – levantou-se e começou a se vestir

 

Gastou uns segundos calada até que comentou: -- Sabe que eu fiquei até assustada? – reparava na outra enquanto se vestiam – Tô acostumada a te ver sempre tão classuda, mesmo quando discordam do que você fala e de repente... nunca te vi daquele jeito! – foi até o espelho do quarto para se ajeitar – Do nada puxando briga com aquela garota... parecia que iam sair no tapa a qualquer momento!

 

Passou a mão nos cabelos e se aproximou para se ver no espelho também. – Pat, eu não suporto gente comunista! Sempre com aquele papinho hipócrita de que lutam pra fazer do mundo um lugar melhor mas na verdade são um bando de vagabundos e irresponsáveis! Pra eles só o que o Partido fala é que interessa! – lembrava do ocorrido – Perdi a paciência! – fez cara feia – Indiazinha que se acha! Quem ela pensa que é?

 

--Ah, esquece isso! – beijou o ombro da outra – Já passou e provavelmente você nunca mais verá aquela MC de novo. – olhou para a imagem de Elza pelo espelho e piscou para ela – Amanhã você viaja pra casa e tá tudo certo. Agora vamos arrumar esse quarto e separar essas camas pra não parecer que andamos fazendo coisa feia! – brincou – Vem? – foi até as camas e começou a empurrar uma delas para a posição original

 

--Sua madrinha não vai ter do que desconfiar! – foi empurrar a outra cama – Ela nunca vai imaginar que um dia essas inocentes caminhas de solteiro viraram uma de casal que pegou fogo! – riram brevemente – “Eu sabia que ela tava doida pra repetir a dose!” – pensou orgulhosa de si

 

--Por favor! – esticava o lençol – Pra minha madrinha eu ainda sou pura e virginal e assim quero que ela continue pensando!

 

 

São José dos Campos, estado de São Paulo

 

Machado, Elza, Fernandão e Goulart conversavam na casa do tenente-coronel, o qual já estava com tudo pronto para se mudar. Os quatro estavam na sala, ocupando duas poltronas.

 

--Eu fiquei muito decepcionada! – a cabo dizia com tristeza – O senhor e os outros oficiais que foram em missão na audiência com o ministro da Defesa tinham era que receber uma medalha e não serem espalhados pelo Brasil afora! – pausou brevemente – Depois dessa perdi até o gosto...

 

--Igualmente confesso-vos que um mar de angústias invadiu minh’alma com tal decisão das autoridades... – Machado complementou – Por um momento, deixei de orgulhar-me de ser militar às 24 horas do dia, com todos os meus cromossomos e gametas em posição de sentido aos 365 dias do ano...

 

Elza não conseguia verbalizar palavra. Sentia-se de luto.

 

--Ora, meus amigos, não fiquem assim! – Goulart olhava carinhosamente para os dois – Nossa Força Armada tem valor e sempre terá! Somos os defensores da Nação, da população civil indefesa e continuaremos firmes em nossos propósitos até a morte! – buscava incentivá-los – Mas lembrem-se que as instituições são compostas por pessoas e algumas delas não horam seu papel como deveriam! – pausou brevemente – Esses homens que estão no poder hoje vão passar, estejam certos. – garantiu – Se me mandam pra Porto Velho, eu irei e farei o melhor trabalho que puder na base aérea de lá. – dizia a verdade – E não quero vê-los esmorecer por um segundo sequer em seu orgulho militar! – pediu – Os senhores são excelentes, sempre me deram orgulho e continuarão com a mesma conduta irreprovável de sempre! Não importa o que aconteça!

 

--Mas não é justo! – Elza retrucou chorosa – O senhor é um grande engenheiro, um pesquisador, seu papel é aqui! – olhava para o tio com os olhos marejados – Seu lugar é junto da gente! – derramou uma lágrima

 

Machado e Fernandão sentiam da mesma forma.

 

Goulart conteve-se para não chorar. – Será que me deixariam uns minutos a sós com Elza? – pediu para os militares – Tenho certeza que os dois ficarão bem, mas ela é jovem e eu gostaria que pudéssemos conversar um pouco mais.

 

Machado respirou fundo e se levantou de um pulo, prestando continência. – Permissão para me retirar, senhor! – pediu com formalidade

 

--Permissão! – Fernandão agiu da mesma forma

 

O tenente-coronel sorriu e respondeu com brandura ao se levantar. – Permissão concedida. – pausou brevemente – Mas somente após cada um me dar um abraço.

 

O sargento e a cabo se entreolharam e correram para abraçar o homem como se fossem duas crianças em busca de um colo de pai.

 

***

 

--Agora somos nós, Elzinha. – sentou-se na poltrona de frente para a jovem – Eu não poderia partir sem lhe dizer algumas coisas que considero necessárias. – olhava para ela – Refleti muito sobre tudo isso e cheguei a conclusão que no fundo, embora indesejada, essa transferência pode fazer algum bem a você, a seu pai e até a mim.

 

--Como assim, tio? – não entendeu

 

--A mim porque desde a morte da Graça minha vida vinha sendo me afogar em trabalho pra não pensar. – olhou ao redor – Cada cantinho dessa casa tem a digital dela, o cheiro dela, aquela coisa acolhedora que era só dela... – derramou uma lágrima – Lógico que Graça estará no meu coração aonde quer que eu vá, mas... mudar de ares pode me fazer bem. Pode me ajudar e lidar melhor com a falta que ela me faz... – pausou brevemente e secou os olhos com as mãos – E tudo isso pode fazer bem a você e a Machado pra ajudá-los a serem mais pai e filha. – olhou novamente para a negra – Em minhas reflexões, percebi que Graça e eu, mesmo sem ter a intenção, fizemos de você nossa filha de uma forma tão intensa que acabou sobrando muito pouco pro seu pai. – reconheceu

 

--Não se lamente por isso, tio. – passou a mão nos cabelos – Não sabe o quanto desejei ardentemente ser filha dos dois. – admitiu – Sempre desejei... – abaixou a cabeça

 

Goulart ficou admirando o rosto da jovem até que decidiu perguntar: -- Você tem uma certa... – pensava em como dizer – Vergonha do seu pai, não é? – a moça continuou de cabeça baixa – E você nunca fez perguntas sobre sua mãe, sobre o que se passou... – pausou brevemente – Você preferiu esquecer e desconsiderar suas verdadeiras origens, não é? – percebeu o constrangimento dela – Não é uma crítica, filha. É só uma pergunta. – esclareceu com brandura –Cada pessoa reage de um jeito diante do sofrimento.

 

--Eu nunca gostei de ser negra, -- os olhos marejaram -- porque muita gente me humilhava por causa disso. Até hoje, vez por outra passo por uma situação desagradável simplesmente por causa da cor da minha pele! – levantou a cabeça – Nunca gostei de pensar na minha mãe porque é muito duro não ter mãe. – derramou uma lágrima – E sim, meu pai sempre me envergonhou. – desviou o olhar – Não é fácil ser filha de um louco!

 

Entristeceu-se com o que ouviu. – É assim que o Machado lhe parece? Simplesmente um louco? – perguntou com delicadeza

 

--E não é, tio? – olhou para ele novamente – Um homem que vive fardado o tempo inteiro, fala um monte de bobagens com um vocabulário do século XVIII e vive numa realidade paralela é o que? – esperava uma resposta sincera

 

--De fato, precisávamos dessa conversa. – ajeitou-se no sofá – Vou te contar algumas coisas que você não sabe e que te ajudarão a responder a pergunta que acaba de me fazer. – mirou um ponto no infinito e viajou no tempo – Edna era uma jovem baiana muito pobre, que foi sozinha pra São Paulo pra tentar melhorar de situação. Ela acabou indo parar na casa da Graça, onde funcionava como uma ajudante da minha falecida sogra. Era pessoa de extrema confiança da família e muito amada. – visualizava o rosto da mãe de Elza em sua mente – Pouco tempo depois que comecei a namorar com Graça, Edna nos disse toda animada que conheceu um rapaz na feira e havia ficado encantada por ele. E toda quinta ela ia pra feira vestida com as melhores roupas que tinha só pra encontrar o tal homem. – contava a história – Como a coisa parecia estar ficando séria, minha sogra e Graça me pediram pra descobrir quem era esse homem porque tinham medo que fosse algum aproveitador.

 

--E era meu pai? – perguntou surpreendida – Ele era feirante? – não sabia – Por que ele sendo todo cheio de mesuras como é não foi lá na casa da tia Gracinha pra se apresentar?

 

--Porque ele morria de vergonha! – esclareceu – Seu pai foi um menino de rua que havia sido pego pra criar por um português, que faleceu há muitos anos atrás. Com a morte desse homem, ficou sendo ajudante do sócio dele, que era feirante. – esclareceu – Quando nos conhecemos, ele me disse que estava apaixonado, queria casar, mas esperava ter condições pra poder ir na casa da Graça e fazer o pedido. – explicou a situação – Machado era tão pobre como você nem poderia imaginar!

 

--Nossa! – ficou com pena – “Parece que meus pais foram pessoas muito sofridas...” – pensou penalizada

 

--Eu, então, percebendo as boas intenções dele e a vontade sincera de progredir, o orientei a ingressar na carreira militar. – continuava contando – Quando Machado passou na prova pra ser soldado, não demorou muito a pedir sua mãe em casamento. E eles casaram um ano depois de Graça e eu. – sorriu ao lembrar – Meus sogros bancaram a festinha, Graça e eu fomos os padrinhos, e, ao final, sua mãe continuou trabalhando pra minha sogra e Machado foi servir no mesmo quartel que eu. – olhava para a jovem – Depois eu fui estudar nos Estados Unidos, seus pais continuaram em São Paulo e quando voltamos você havia acabado de nascer. – sorriu com ternura – Graça ficou louca quando te viu! E eu fiquei muito emocionado. Àquela altura, já sabíamos que não poderíamos ter filhos, aí... não sei explicar, mas nos apegamos demais a você e fomos participando de tudo da sua vida... – pausou brevemente – Seis anos depois veio o acidente, Edna morreu e Machado ficou emocionalmente muito abalado. Foi um duro golpe pra ele, que já havia sofrido demais nessa vida. – abaixou a cabeça brevemente – Eu fiquei me mobilizando pra ser transferido pra São José porque era meu grande sonho trabalhar no Instituto e também interferi muito pra Machado vir junto. Achei que ele ficaria melhor longe de São Paulo e das lembranças. E também... nós não queríamos ficar longe de você, mesmo que as duas cidades fossem próximas. – confessou -- Meus pais e sogros já haviam morrido e Graça e eu não tínhamos o que nos prendesse em São Paulo. Foi por isso que nos mudamos pra cá.

 

--Eu me lembro que o senhor e tia Graça se mudaram primeiro e a gente veio uns anos depois. – visitava o passado em sua mente – Lembro que antes da mudança eu ficava ansiosa esperando os dias de visitas de vocês... – sorriu saudosa

 

--Foi difícil trazer o Machado, mas eu consegui. – esclareceu – Olha, Elza, muitos homens no lugar do seu pai teriam sido bandidos, revoltados e de mal com a vida. Porém, veja quem ele é: uma criatura bondosa, incapaz de fazer mal a qualquer pessoa, aos animais e mesmo às plantas! – falava com admiração – E ele sempre foi o melhor militar que conheci na vida! Dedicado, estudioso, bondoso... não tem ideia do quanto aprendi com ele!

 

--O senhor aprendeu coisas com meu pai?! – perguntou admirada

 

--Sim! – respondeu de pronto – Ele me ensinou a ser um líder, e não um chefe. Me ensinou a ter humildade, cortesia, paciência e a ver as pessoas como são. Não percebe como a cabo Fernandão simplesmente o adora? – desejava fazê-la ver o pai com olhos mais justos – Machado é o homem do coração mais bondoso que já conheci. Graça e ele, cada um num compartimento da vida, fizeram de mim uma pessoa melhor. Não tenho dúvidas! – segurou as duas mãos da moça – Dê uma chance a ele, seja menos dura, tenha mais paciência com as excentricidades dele e tenho certeza que descobrirá um homem maravilhoso! – pediu emocionado – Graça e eu sempre vamos te amar demais, não importa onde estejamos! – falava com muito sentimento -- Mas nunca esqueça que seus pais são Edna e Sérgio Machado! E ambos merecem seu amor e seu respeito!

 

Elza sentiu-se muito emocionada ao ouvir aquilo e abraçou o tio com força sem nada responder. Sabia que ele tinha razão em tudo que disse, mas não conseguia desapegar da dor de mais uma separação forçada em sua vida. “Eu voltei tão poucas vezes de São Carlos pra ficar junto deles e agora meu tio Goulart vai embora...” – pensou ao começar a chorar – “Se eu soubesse disso, teria aproveitado mais da companhia dele...”

 

 

Brasília, Distrito Federal

 

Era noite e Yara seguia do campus onde estudava em direção ao alojamento, quando alguém que cantava chama sua atenção. Olhou na direção da voz e percebeu um grupinho de jovens sentados numa roda. Uma das moças cantava, enquanto os demais batiam palmas.

 

“Essa rua essa rua, ela é minha,

eu refloresto e vou um dia retomar,

Pra todo povo, todo povo dessa terra,

Que o genocídio não conseguiu acabar...”

 

--Eles são indígenas também? – perguntou-se – Ah, mas eu quero ver isso aí! – encaminhou-se para perto

 

“Se tu roubou, se tu roubou em 1500,

Tu roubaste, tu roubaste hoje também,

Não vem dizer que tu não tem a ver com isso,

Pagar em vida é melhor do que no além...”

 

Yara se aproximou e ficou calada prestando atenção. A moça continuava cantando.

 

--Não sou tua indiazinha, nem tua Iracema, não sou tua Pocahontas, nenhuma das tuas lendas! – batia palmas -- Sou filha dessa terra, pronta pra retomada, se ficar de papo torto, vai tomar uma flechada!

Kaê Guajajara – Essa Rua É Minha [1]

 

Gostou e aplaudiu. – Adorei! – sorria – Simplesmente adorei! – dizia a verdade

 

A jovem sorriu também e parou de cantar. – Obrigada! A música não é minha, mas me representa muito!

 

--Você é Yara Saraíba, não é? A grande líder dos protestos de maio! – um rapaz reconheceu animado e se levantou – A gente ainda não se conhece mas saiba que aqui nessa roda, – fez um círculo com uma das mãos – estão todos os indígenas da UnB! – sorriu – É um prazer, eu sou Paulo Curimatã! – estendeu a mão para cumprimentá-la

 

--O prazer é meu! – apertou a mão do jovem – É a primeira vez na vida que conheço outros indígenas! – sorria para os jovens – E vocês, quem são? – perguntou interessada ao vê-los se levantando

 

--Maria Parahiba, encantada! – a jovem que estava cantando se apresentou – E estes são Jurema Pataxó e João Apoema. – apontou para cada colega – Foi uma feliz coincidência termos nos encontrado porque andávamos doidos pra te conhecer! – falava com admiração – Já sabemos muito sobre você! -- sorria

 

--E a gente queria conhecer mais do Partido Comuna! – João comentou – Depois de tudo que aconteceu ficamos interessados! – olhava para Yara – Desejo estudar sobre o Comunismo e a questão dos povos originários!

 

--Claro, claro! – respondeu animada – Vocês não têm ideia de como fiquei feliz em conhecê-los! – dizia a verdade – Quanto ao Comuna, podem deixar que explico tudo que vocês queiram saber! – olhava para os demais – E o que vocês fazem aqui hoje, é alguma reunião? – perguntou curiosa

 

--Somos de cursos distintos e nos reunimos uma vez por mês aqui. – Jurema explicava – Hoje será noite de lua cheia e faremos uma vigília. – esclareceu -- Temos iniciado um estudo sobre as culturas indígenas, sobre nossas respectivas origens, e contamos com o apoio de vários professores. – explicava – Eu estudo Letras e desejo que minha monografia aborde a língua Tupi Guarani e suas influências sobre o Português brasileiro.

 

--Eu estudo música e quero me aprofundar na musicalidade indígena! – Maria esclareceu

 

--E eu estudo Jornalismo e quero contar uma história de terror que o mundo precisa saber! – Paulo complementou enfático – Sou nativo da tribo Tikaya e meu pai era jovem quando aconteceu o massacre de 1979 no baixo Alalaê, Amazonas. – Yara estremeceu ao ouvi-lo falar – Ele guiou dois indigenistas missionários pela região e encontraram dezenas de índios mortos perto do baixo Alalaê. – narrava o que ouviu do pai – Depois seguiram pro território dos Kenko Wiwa e ficaram ainda mais chocados com o que presenciaram lá!

 

--Meu Deus! – Yara exclamou surpreendida e emocionada – Pois você não vai acreditar... – controlava as emoções – Foram seu pai e esses indigenistas... – pausou brevemente para se conter – Foram eles que encontraram a missionária Alice e eu nesse território e nos ajudaram a fugir pra Manaus. – os demais ficaram em choque ao saber – Ela, que me criou como se fosse minha mãe, e eu... nós fomos as únicas sobreviventes do genocídio da Nação Kenko Wiwa! – os olhos marejaram

 

--Minha Nossa! – o rapaz se emocionou também – Então mais que nunca temos que nos unir! – segurou uma das mãos dela – Me ajude a contar essa história, Yara! – pediu – Temos que estudar, descobrir tudo que aconteceu e trabalhar pra denunciar ao mundo a atrocidade que fizeram com nosso povo!

 

--Nossa voz precisa ser ouvida! – Maria concordou – Fomos silenciados por tempo demais!

 

--Incrível como até então eu nunca havia pensado nisso! – Yara falava mais para si do que para os outros – Acho que, no fundo, continuei fugindo... – pausou brevemente – Mas vocês têm minha palavra que de hoje em diante uma das mais importantes metas da minha vida será denunciar, de modo irrefutável, o que aconteceu naquele fatídico dia em 1979! – prometeu – Será que posso me unir a vocês nessa vigília de hoje? – pediu humildemente

 

--Claro que pode! – João respondeu sendo apoiado pelos demais – Você é mais que bem vinda!

 

 

Goiânia, estado de Goiás

 

--O que deu na senhorita que em pleno feriado de 7 de setembro está aqui ao invés de enfiada nas peiticas do Partido Comuna? – Kedima perguntou enquanto fazia um chá

 

Yara achou graça e respondeu bem humorada: – Eu tô em dia com o Partido e queria passar o feriado com a senhora. – arrumava os pãezinhos na cesta – Daqui a pouco tenho que voltar pra Brasília, então tem que aproveitar a companhia. – terminava de aprontar a mesa

 

--No que é um prazer pra mim. – foi até a mesa e despejou o chá nas duas xícaras – Seus demais colegas de abrigo estão espalhados por aí. – comentou meio preocupada – Sabe Deus por onde andam batendo as fandangas!

 

--Esse pessoal que vive aqui hoje em dia é tranquilo. – puxou a cadeira para idosa se sentar – Os complicados já foram simbora. – sentou-se após ver que a mulher estava bem acomodada

 

--É verdade. – concordou – Sabe Deus o que andam fazendo. – pensou nas pessoas que partiram – Seja como for, entreguei nas mãos dEle! – começou a se servir

 

--Ontem vi o rosto da Gil junto com outras pessoas num outdoor. – a indígena comentou enquanto se servia – Vai se apresentar num showzão lá na Vila do Rix. – mordeu um pedaço de pão

 

--E você ainda pensa nela? – reparava na jovem – Mesmo andando no resfulengo com aquela camarada Natália? – passava manteiga no pão

 

Achou graça novamente. – Natália mora muito longe, dona Kedima. Estivemos juntas por apenas duas ocasiões. – bebeu um gole de chá – Não há como sustentar um relacionamento entre nós.

 

--Aí fica só essa amizade colorida enquanto você baba por Gil? – mordeu um pedaço de pão

 

Ficou meio sem graça com o comentário. – É... – respondeu antes de voltar a comer

 

--Ai, ai, menina... – Kedima limpou os lábios com o guardanapo – Não me entenda como uma velha moralista, porque não é esse o objetivo. – olhava para a jovem – Mas sex* não é coisa pra se brincar. – aconselhou – Vocês começam vida sexual muito cedo, aí se apegam, sofrem, depois passam pra outra e pra outra... Fica uma bagunça no coração e na alma! – falava com brandura – Não pode ser assim, meu bem.

 

Yara ouvia calada.

 

--Tudo seu é muito extremo, muito visceral. – observou – A dedicação ao Comuna, por exemplo! Acho um tanto demais da conta!

 

--Ah, é que eu gosto... – bebeu um gole de chá – Mas busco conciliar tudo que me interessa na vida... dentro do meu tempo. – defendia-se

 

--E nisso tá certa, mas cuidado com os extremos! – advertiu – Toda instituição é composta por pessoas falíveis e o Comuna tem gente boa e ruim. Não se apegue demais, não endeuse o Partido demais, pra não se decepcionar quando algo chato acontecer. – aconselhou – E um dia vai acontecer, faz parte da vida!

 

--O Comuna não é como os outros partidos, dona Kedima! – defendeu a instituição – Ele é diferente, não faz coalizões, não aceita doações de gente rica, não aceita ficar nas mãos de ninguém! – falava com orgulho

 

--Tudo bem, mas tem defeitos também. – insistiu – Você já percebeu que somente Celeste e Vilma são lideranças? O resto é tudo homem! Inegável que existe um machismo nisso. – mordeu mais um pedaço de pão

 

--Mas o Comuna é o único partido de esquerda que a presidência tá nas mãos de uma mulher! – continuava argumentando

 

Kedima balançou a cabeça sorridente. – Você me lembra um primo que eu tive. – bebeu um gole de chá – Ele era tenente do Exército e achava que as Forças Armadas eram perfeitas! – pensava no parente – Quando viu tudo que aconteceu após o golpe de 64 entrou em depressão e acabou indo pra reserva antes do tempo. – contava a história

 

--Ah, mas não tem nem comparação! – objetou com delicadeza – Meu caso não pode ser comparado com o desse primo da senhora. – bebeu um gole de chá – Além do mais, eu não suporto militar! Sempre com aquele papinho hipócrita de que lutam pela pátria mas na verdade são um bando ditadores! – franziu o cenho – É tanto entreguista no meio deles que nem sei como têm coragem de ostentar a bandeira brasileira!

 

--Filha... – fez um carinho rápido sobre uma das mãos da jovem – Isso é preconceito. – olhava para ela – Existem pessoas boas e ruins no meio dos militares e dos comunistas. Existem pessoas dedicadas, bem intencionadas e valorosas no meio de ambos! – sorriu – Não julgue alguém por causa da origem, da ideologia política ou da profissão. – aconselhou – Isso é tão ruim quanto o machismo, o racismo e a homofobia! Isso divide e cria inimigos onde eles não existem!

 

Yara não respondeu, mas não conseguia concordar com Kedima. “Foram os militares que acabaram com minha tribo, com meu povo! Foi por causa deles que minha mãe e eu vivíamos fugindo!” – pensava – “Como gostar dessa gente?” – pensou contrariada

 

 

São Carlos, estado de São Paulo

 

Elza e Alessandra conversavam por telefone. A jovem negra usava um orelhão para conversar com a amiga, que estava em casa.

 

--A conversa que acabei de ter com meu pai me deixou arrasada! – a negra desabafava – Não bastasse terem transferido o tio Goulart pra Porto Velho, transferiram a cabo Fernandão pra Santa Maria, no Rio Grande do Sul! – estava triste – Deixaram passar o tempo pra disfarçar e agora me vêm com essa! – pausou brevemente – Tenho certeza que é uma retaliação dos poderosos da situação porque ela e meu pai impediram o plano de forjar um atentado terrorista na refinaria, né? 

 

--Também acho! – respondeu de pronto – E até hoje não se esclareceu quem estava por trás daquilo! Às vezes penso que essa merd* tem cheiro de conspiração internacional, mas talvez morreremos sem saber! -- ponderou -- Ai, amiga, fiquei passada com tanta notícia triste! – sentou-se no sofá – E teu pai, como tá? Vamo combinar que aquela Fernandão era o braço direito dele!

 

--Tá arrasado, coitado! – colocou mais uma ficha no orelhão – Dois baques num intervalo de tempo muito curto! Agora ele ficou praticamente sozinho em São José!

 

--Deus queira que não façam nenhuma sacanagem com ele também! – Alessandra desejou

 

--Amém! – olhou para cima – É por isso que eu odeio comunista!

 

--Como é que é? – não entendeu – O que tem a ver, amiga?

 

--Se esse presidente comunista não tivesse assumido o poder, não tava acontecendo tanta merd*! – respondeu de pronto – É incrível como esses comunistas só vêm pra destruir minha vida! – colocou mais uma ficha – Odeio todos eles!

 

Ficou pasma com o que ouviu. – Amore, esse Ferdinando Patrick Meloso tem nada de comunista, além do mais você não devia igualar todos os comunas àquela canalha da Renata! – aconselhou – Isso é reducionismo e preconceito! – discordava da outra

 

--Nem me fale daquela bisca! – retrucou de imediato – É melhor a gente mudar de assunto. – pediu – Vem cá, é verdade que a sua tia Malu vai voltar pro Rio? – perguntou interessada – Liguei pro salão dela dia desses e uma moça disse que eu não podia marcar de fazer o cabelo porque o salão tava pra fechar.

 

--Já até fechou! – respondeu enfática – A tia não deu conta da crise e tá pra chegar aqui na semana que vem. – esclareceu – Ela e mamãe vão se unir pra vender quentinha. E minha tia vai atender em casa se alguém precisar de uma cabeleireira expressa. – gesticulava – Foda, amiga! Tá foda!

 

“E depois ela vem dizer que é preconceito não gostar de comunista!” – Elza pensava – “Tudo que eles colocam a mão sai destruído!”

 

 

Brasília, Distrito Federal

 

Yara lia o jornal por conta de um trabalho da faculdade que precisava fazer. Lá pelas tantas surpreendeu-se com uma das notícias.

 

Aconteceu em Salvador: Professora de Escola-Internato Religioso é Presa por Pedofilia

 

--Gente, que manchete é essa? – começou a ler com interesse – Após ser pega em flagrante fazendo sex* com uma jovem aluna de 13 anos, a professora de Língua Portuguesa, Clea Marins, de 53 anos, foi conduzida pela Polícia Civil de Salvador em prisão preventiva na tarde de ontem. – chocou-se com a notícia – Lecionando em uma tradicional escola religiosa há 2 anos, a professora foi acusada pelo Ministério Público de abusar de menores de idade desde que iniciou suas atividades na instituição. – lia para si mesma em voz alta – A professora de Educação Artística, Viviane Silveira, foi quem prestou a denúncia e possibilitou o flagrante da colega de trabalho. – balançou a cabeça surpreendida – Clea Marins aguardará os trâmites processuais na prisão. – terminava de ler – É... – achava tudo inacreditável – Realmente, 1995 será um ano para se lembrar!

 

 

São José dos Campos, estado de São Paulo

 

Elza descia do ônibus na rodoviária da cidade. Mal recebeu sua mala, avistou o pai que a esperava ansioso. Abraçaram-se assim que a jovem cruzou a roleta.

 

--Oh, como aguardei ansioso por vosso retorno, meu rebentinho! – o homem dizia emocionado – Será a primeira vez que passaremos as festas sozinhos... – rompeu o abraço para olhar para a negra – Pai e filha, filha e pai! Sangue do sangue, plasma do plasma! Apenas cromossomos de uma mesma linhagem para celebrar o aniversário de Cristo Jesus e o rompimento de mais um ano!

 

--É, pai... – Elza deu um sorriso triste -- Realmente, 1995 será um ano para se lembrar!

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Samira postando pela caipira que tá enfurnada pelas brenhas fazendo trabalho de campo huahuahuahua Coments, coments, coments! E favoritem a caipira, vocês tão muito na moita! huahuahua

 

Música:

[1] Essa Rua É Minha (Releitura 'Se essa rua fosse minha'). Intérprete: Kaê Guajajara. Compositores: Kaê Guajajara/ Kwarahy/ Kandú Puri. WebClipe, produtor musical: Nelson D. Intérprete: Kaê Guajajara. Azuruhu. 2020 (3min26)


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Comentários para 10 - 1995 – UM ANO PARA SE LEMBRAR (2):
Minh@linda!
Minh@linda!

Em: 23/01/2025

Eu fiquei Chapada com essa Chopada!

Por um momento, fiquei sentida com Yara!

Mas como diz o ditado: "Quem procura, acha" e Elza achou!

Atacou sem um pingo de argumento, motivada pela dor que Renata causou ou por ter se sentido atraída, de um jeito diferente, por Yara. Autosabotagem é bem comum.

Já Yara se defendeu com a VERDADE.

Verdades duras, viu?! 

Nada de flores nesse primeiro encontro! 

O mundo parou!

Faísca pra tudo que é lado.

Só os conselhos de Kedima pra acalmar e clarear os pensamentos. Os extremos, o julgamento, a confiança cega e o sexo pelo sexo. Os excessos...

Elza conseguiu tirar Yara do sério. Não lembro dela ter perdido o controle, antes.

A conversa com Goulart foi necessária. Ela precisa conhecer suas raízes, de maneira mais profunda, pra que eles possam se conectar. Seus ancestrais.

Já, Yara, encontrar com outros indígenas na faculdade, dá uma sensação de "casa", de voltar as origens, de paz. Agora é buscar justiça pelos seus antepassados.

Já, Machado, sem Fernandão é a mesma coisa de arroz sem feijão,viu?!

 

 


Solitudine

Solitudine Em: 23/01/2025 Autora da história
Bom dia!
Apesar da sua decepção, gostei muito deste comentário.
Eu não posso me alongar muito na resposta sob o risco de, como você disse uma vez, dar spoiler, mas te peço que não desista do conto.
Elza e Yara representam lados de uma sociedade que, por ignorância, manipulação e etc, se polarizou gradualmente.
Mas algo me diz que ao final de tudo, você bem que poderá gostar. rs

Machado sem Fernandão é só saudade. Aguarde as cenas dos próximos capítulos.
Beijos,
Sol



Solitudine

Solitudine Em: 23/01/2025 Autora da história
Ah, esqueci: Yara realmente se aborreceu como não ainda. Por que será? rs
Ô, glória! kkkk



Minh@linda!

Minh@linda! Em: 23/01/2025
Só a Mãe África tem essa resposta kkkkk


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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 29/06/2024

Que primeiro encontro que capítulo e que tudo! Cada vez mais envolvida com o Brasil polarizado segundo as mulheres da Solitudine!


Solitudine

Solitudine Em: 10/07/2024 Autora da história
Olá querida,

Seu envolvimento me felicita!

Beijos,
Sol


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Ontracksea
Ontracksea

Em: 16/01/2024

Esse dueto de 95 foi foda! O encontro das narrativas,  amei! Aquele ano foi terrível pra mim também.

O encontro delas não podia ser bom naquela época mas foi fogo na gasolina!!!

Esqueci de dizer que adoro a Kedima!


Solitudine

Solitudine Em: 16/01/2024 Autora da história
Percebo que o encontro foi bem dentro de suas expectativas, que bom que não a decepcionei!

Também adoro a velhinha! rs

Beijos,
Sol


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Femines666
Femines666

Em: 30/03/2023

Eu sabia que o primeiro encontro seria assim! De novo, contrariando o senso comum, eu amei! 

E que vício!!!!!kkk


Solitudine

Solitudine Em: 31/03/2023 Autora da história
kkkkkkkk Acho que você foi a única que amou! Que bom! Finalmente alguém!
Beijos,
Sol


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mtereza
mtereza

Em: 02/01/2023

O primeiro encontro dela foi bem animado as diferenças ideológicas nesse momento parecem intransponíveis mais já deu para sentir uma certa atração entre elas vai ser divertido esse romance 


Resposta do autor:

Vamos ver como as coisas vão se desenrolar!

Não suma, me deixe saber o que está achando!

Beijos,

Sol

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Joabreu
Joabreu

Em: 20/12/2022

Boa tarde,

O ano foi foda pra todo mundo! Lutas, dores e decepções crase, boom, bang; lembra Roxette?

Memo: primeiro encontro em 1995. Okidoki

BBS

Jo Abreu {}


Resposta do autor:

Sabe que um colega da pós vivia me escrevendo isso de okidoki e eu nunca entendi? kkk

Beijos,

Sol

Responder

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Joabreu
Joabreu

Em: 20/12/2022

Boa tarde,

O ano foi foda pra todo mundo! Lutas, dores e decepções crase, boom, bang; lembra Roxette?

Memo: primeiro encontro em 1995. Okidoki

BBS

Jo Abreu {}


Resposta do autor:

E se eu te disser que adoro Roxette? Claro que lembro!!! rs

Beijos,

Sol

Responder

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Zaha
Zaha

Em: 18/11/2022

Boa, tarde, Solvisky! Tudo bem na sua perigrinagem? Espero que tudo tenha fluido bem.....

Entao, comeco bem tenso. Imaginei que com a realidade de vida tao diferente Elza e Yara se bateriam.

Elza  vive num mundo de negacao, negacao da sua própria identidade, ela é dependente totalmente do mundo capitalista e o que ele disponhe. Escravizada pelos seus preconceitos, esses mesmos onde ela sofreu.  Foi criada por militares(a qual, ela nunca pensou em ler qndo eles falavam algo pra ela) , entao ela tem esse pre- concepto   que os comunistas sao um bando de vagabundos hipócritas, quando tudo que querem é um sistema igualitário, sem diferencas de clase, onde os meios de producao nao recaia na mao do estado, sem privatizacao das propriedades. Mas, como Kedi disse, nem tudo pe perfeito, nenhum partido é, tem seus prós e contra, nada extremista leva pra uma mudanca verdadeira...acaba que os dois podem parecer hipócfrita demais na visao de muitos.

Mas o capitalismo necessita de um que tenha e outro que nao tenha nada, enquanto existir nao poderá ser um país que pensa no social, no povo,sempre será um país com pessoas escravizadas que nem se dao conta que eles mesmo que proovem os mais ricos...Elza realmente, dps que Yara falou, tá me parecendo uma boneca de Olinda kkkkkkkkkk

Intervencao militar? Oie? Genocídio, sequestro, tortura, desaparecimento, voos da morte Exterminio dos direitos humanos...proibicao de várias carreiras humanistas(faz pensar,né?!), queima de livros, qualquer coisa que eswtivesse em opisicao com um governo autoritário...? Ela preferia ir ali, nem tava,nem procurou saber pq ela seria a primeira a ser presa hj, nem iam perguntar..é preto...joga do aviao. Eu to é virada no cabrunco esses dias..... Mas estamos indo pra isso,né ?Pessoas que acham que aquele tempo era melhor, digo os facistas, mas o povao geral, OS GADOS.... Quero entender pq a porra de um negro,gay, pobre compartem esses pensamentos? 

E n sabia que Elza era sapatona conservadora...só me faltava essa!!!

Divergencias de ideias, realidades, mas as duas estao no mesmo ponto, só vendo sua realidade. Somos humanos e nem todo grupo tem gente com ideais que fazem outros sofrerem...Nem todos militares sao bons,mas tem mts e outros que , inclusive, ve seus erros e mudam e tem comunistas extremistas, tem indíginas super capitalistas pq hj em dia com o exterminio, tiveram que entrar no barco...

Elza n sofreu privacoes do mesmo tipo, ainda assim  a privacao dela estava nela mesma em nao aceitar, em entrar num meio que queria que ela mesma n existisse, só pra ser aceita...ela pode ter tido um exemplo negativo do comunismo, porém, o pai nunca fez ela sentir-se menos por ser preta....

Agora vamos pra Yara, pessoa que veio lá de baixo, que sofreu muito preconceito. Ela se encontrou no partido comunista, ela buscou se informar e dada a sua situacao e nao querendo que outros continuassem passando pelo mesmo, ela passou a defender uma causa e mandou com tudo pra Elza. Duas que foram oprimidas, mas cada uma oprime a outra ....porém, n sabem que as duas fazem o mesmo? Elza, como n tinha o que dizer, atacava com argumentos de uma pessoa alienada em seu mundo capitalizado.....n passou fome, né?! Já n bastou o racismo sofrido??? É pq uma negra esbranquicada é "aceita" qndo está embelezada? Pq ela viu q isso fazia que a tratassem melhorzinha e logo esqueceu ou fingiu n ver e nao sentiu empatia por outros que sofrem, de forma diferente da dela? Que porra passa com essa garota?? Ela pensa, ignorante nunca foi, tao afim da menina ela ficou, amoleceu o coracao que teve que atacar assim??? Eu acho q foi isso tb...

Gostei tb que Yara se encontrou com o grupo indígena. Ela n se negava conscientemente, ela viveu sem saber o que sua verdadeira identidade representava, nunca tinha conhecido outros indígenas. quando ela pode se ve nos outros, qndo se identificou com a situacao do que outro como ela passou, ela nao só se aceitou, ela encontrou maqis um objetivo, motivou a lutar por seu povo, pela minoria, por todos, pela verdadeira história dos povos originários!! Por tudo que viveu.

Seu caminhar a levou pro único lugar que ela deveria chegar!!!!

Sobre o que Elza falou do ser comunista E isso  que tem que ver ded viver no meio da ponte?É extremista demais isso, n devemos jogar fora as oportunidaqdes que temos, se nascemos numa classe privilegiada, usa isso a seu favor pra ajudar e n doar tudo q tem e viver de migalhas...Jesus nunca disse isso.... Só pq se sacrificam pra tornar um sistema individualista em coletivo. tem que viver com pouco? Quero lembrar que estamos num sistema capitalista, n podemos nos privar de tudo. O que tá mal é o povo, numa doenca coletiva mental!!! E querendo ou n, tá internalizado a porra do capitalismo. Eu penso no povo,  ISSO nao implica que nao vivo dele, mas eu vivo bem dentro dele, dependo dele psicologicamente pq encucou ideias de que necessitamos de certas coisas pra ser feliz, acabamos sendo um povo cheio de ansiedades, frustrados, depressivos....devido ao capitalismo, ao que nos pode ou n dar pq se nós estivessemos num país totalmente inclusivo, cada um fazendo o que sabe, pq dao essa oportunidade e todos bem pagos,n teria a mesma pressao  de um sistema capitalista: se n fomos como o sistema diz, NAO SOMOS!!! Que nos invisibiliza.....

....pra sair de algo temos que quebrar desde dentro...desde a base, é um caminho largo..... muitas perdas no caminho...uns sed sacrificam para outros viverem melhor....

Sabe o que me lebrou Elz falando de comunista se passar por bonzinho e hipócritas? Os bolsoburrons falado que os Lulitas se passam tb de bonzinhos e hipócritas..oxente,quase rodo a baiana kkkkkkk. Eu n me passo por nada....n sou nada...meu partido é o que pe melhor pro povo!!!E n nos passamos por bonzinhos...

Eita que Elza e Yara se gamaram, eu super acho e apoio? Ainda n sei.....eu n acho que pra ser feliz tem que terminr em romance, acho que o foco dedssa estória é pensar sobre como quebrar paradigmas. É que vejamos os preconceitos em todos seus idiomas...todos eles, pq terminamos sendo preconceituosos,mas pedindo respeito. Temos que ver em Elza e Yara o que somos tb e tb construir novas bases de ideias. Por que n lutar pelos mesmos direitos? Eu acho que seria legal terminar cada uma lutando pelos seus ideais e juntas....mas separadas...rs

Bem,Elza soube sobre o passado do pai, isso é bom pra ela ter um olhar diferente, mas  para mim, qndo vc sabe algo ,o pq, vc faz mais por culpa , por dever. Nunca saberemos se faríamos se n soubessemos e temos mais mérito tb" Olha como ele sofreu e eu querendo outro pai,". Na construcao psíquica dela, Goulart vai continuar sendo seu exemplo pq ele é o que a sociedade aceita, "meu pai nao", é louco por ser um homem com características diferentes, mas se ela olhasse mais, veria a pessoa que tem como pai...ela éa primeira sempre em julgar e dps se faz de vitimazinha...desculpe, mas eu n vou amolecer com ela....n por falta de empatia, mas pq acho que ela tá mt egocentrica na dor dela, só eu passo por isso, só eu isso, só eu aquilo...TODO MUNDO SOFRE POR SER EXCLUÍDO E N TEM PAI NEM MAE NEM PRA SE ENVERGONHAR!!!! Va cagar....rs

Elza tem tanta raiva dos comunistas...comecou c uma mulher e vai terminar com outra, mas espero que fique só na amizade...eu n sinto um vínculo entre elas....se eu n sinto, vai dar merda, digo logo kkkkkkkkk. Vai ser que nem  CONVIDE...pior!!!

Bom ponto vc colocar sobre a pedofilia nas instituicoes religiosas e com mulheres tb existe......

Que fofo Machado, Elza é mal agradecida mesmo...deixe estar....olha o que tenho pra vc, Elza Maria

Tempus Fugit pra vc!!!!! Cuidado...seu tio se foi e agora o tempo n volta....

Carpe Diem Viver o momento que tb tá junto com Fugit e nisso englobamos Agendi..melhor vc ficar de olho, tempo de mudancas....devia comecar por seu pai 

Assim e a vida, temos que aproveitar o momento e as pessoas e agir tb sobre o que no rodea, pois dps será tarde.....tarde pra viver, tarde pra ver alguém, tarde pra eleger um político melhor...TARDE!! O tempo voa mesmo, olhe a hora? Eu comecei a ler há horas...kkkk. Eu divagando sozinha, acabo assim!!! 

 

Como sempre, eu só fui escrevendo e saiu algo, espero que goste....to necessitando de mais conteúdo pessoal das meninas...vc me lasca com a política..Lailites n é boa nisso....aí tenho que disfarcar falando das meninas...mas nem deu nessa....me matou com forca!!!

 

Beijos caipirescos!!!

 


Resposta do autor:

Lailesca Principesca! A Doré mais Dahab da Umma!

Eu achei simplesmente perfeito tudo que você escreveu sobre o embate entre Elza e Yara. Especialmente a frase: "mas as duas estão no mesmo ponto, só vendo sua realidade". Nossa, você captou a mensagem muito bem! Como diria Samira: super captou! Adorei!

Igualmente amei isso aqui: "ela não se negava conscientemente, ela viveu sem saber o que sua verdadeira identidade representava (...) seu caminhar a levou para o único lugar que ela deveria chegar". Perfeito! De fato, outras escolhas que ela tivesse teriam sido muito punks ou até um tanto contraventoras. Perfeito, Lailets!

Exato, Elza tem a visão reducionista do Comunismo. Ela viveu no meio onde a interpretação era a luta contra um inimigo. Que inimigo? O Comunismo. E depois da desilusão com Renata ela fez a associação ainda mais forte na mente.

Elza e Yara se gamaram? Será? Vamos ver o que virá nesse futuro caipiresco! rs

Ei, mas falando de CONVIDE deixo a pergunta: como assim? Sabe o que descobri hoje? CONVIDE foi a história caipiresca mais lida dentre as que escrevi. É que ela tem poucos capítulos então a soma ao final perde para as outras histórias, que têm mais partes. Então, olha mais uma quebra de paradigma aí! kkk

Porém, vamos por partes, ainda temos muito chão. Veremos o que será destas duas meninas mulheres.

Eu gostei muito desse comentário. Você que pensa que não é boa nisso. Acho ótima!

Beijos caipirescos!

Sol

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kasvattaja Forty-Nine
kasvattaja Forty-Nine

Em: 17/11/2022

Olá, Solitudine, tudo bem?

 

Então, querida Autora, tivemos o primeiro embate entre Elza — futura capitalista militar? — e Yara — futura companheira comunista? — regado a chope — quente ou gelado? —, mas com um dialogo ''de manual'' sobre as mazelas e benefícios do capitalismo e do comunismo.

Duas futuras políticas...

Kasvattaja só acha...

Com isso, as duas descarregaram seus ''estresses'' na cama, brincando sexualmente... Boa forma, mas não a melhor...

Kedima tem razão em tudo que diz, inclusive sobre o ''Partidão'', mesmo sem falar dele, especificamente...

Esperemos os próximos embates — ou combates? — das nossas meninas.

E apareceu uma Parahíba para Saraíba — rimou aqui — em um momento de mais uma ''conscientização'' de Yara...

E apareceu, também, um João...

João e Maria...

Sei, não...

A Autora encerra o ano de 1995 com mais pontas soltas do que amarradas... E muitos nós... Teremos um salto de tempo agora?

Esperar para ver.

É isso!

 

Post Scriptum:

 

''Tudo o que peço aos políticos é que se contentem em mudar o mundo sem começar por mudar a verdade. ''

Jean Paulhan, Escritor.

 


Resposta do autor:

Minha queridíssima Kasvattaja!!

Estou muito orgulhosa que esta história conseguiu a proeza de te trazer em cada capítulo. Agora só me resta descobrir o segredo para poder repetir a fórmula sempre, já que não fui capaz de fazê-lo nos outros contos! rs

Você faz umas observações que eu adoro ler. O diálogo foi realmente um embate "de manual" e não poderia ser diferente neste pé. Duas futuras políticas? Será que elas nascem assim? Vamos ver...

"Boa forma, mas não a melhor". Concordo integralmente. Sem comentários.

Como serão os futuros encontros? Não muito difícil de imaginar. Mas calma; ainda passará muita água debaixo destas pontes.

Os índios apareceram! Bom para Yara, que por tantos anos fugiu disso, sem nem saber porque. A caipira também quis mostrar que, às vezes, motivos fortes nos levam a viver fugindo sem que saibamos porque.

Caríssima Kasvattaja, mas e se autora quiser que vocês amarrem as pontas? Pode ser, pode não ser. Vamos continuar vendo? Vai que você gosta? rs

Teremos saltos curtos de tempo, saltos maiores... Tudo no devido momento. Ou não! rs

Beijos,

Sol

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Irina
Irina

Em: 17/11/2022

Kotinha!!!

Que capítulo de prenúncio dos anos 2010/2020! Elza e Yara , boas meninas, a cair nas armadilhas do preconceito e da polarização que estão a dividir este Brasil. Genial o debate, kotinha querida!

Pena que Goulart e Fernanda puseram-se a partir mas ter  valor na vida cobra um preço, isso pois?

Esta história é necessária!

Com estima,

Irina


Resposta do autor:

Olá querida!

Os anos 2010/2020 não foram como foram do nada. Tudo foi (e sempre é) uma construção.

Obrigada pela percepção e pelo generoso elogio.

Adorei essa frase! Sim, ter valor na vida tem um preço; muitas vezes alto. Mas, essencial!

Obrigada. Também a estimo!

Beijos,

Sol

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Mille
Mille

Em: 17/11/2022

Oi Sol

Ambas tem suas neuras com o comunismo e militar. E política é difícil debater.

E o encontro de outros indígenas fez a Yara se sentir melhor. Cada um lutando por uma boa causa.

Machado foi separado pelo amigo/irmão Gulart e agora a Fernadao agora é combater sozinho as injustiças.

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

Olá querida!

Ambas têm suas neuras, seus preconceitos. E, nessa hora, ficam cegas.

Sim, Yara precisava desse encontro identitário. Pode parecer bobagem, mas não é.

Machado vê nos amigos uma família. Para ele, é um duro golpe.

Beijos e obrigada por sempre vir e comentar.

Sol

PS: Você só me deve uma resposta. Leu CONVIDE-0? Se não leu, não é obrigada, por favor. É só uma curiosidade caipiresca

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Dandara091
Dandara091

Em: 17/11/2022

Alô autora!

Essa é pra Elza: cuidado mana pra não virar bolsominion!

#elenao 

#nazismojamais

#democraciajaeh


Resposta do autor:

Olá querida!

Elza bolsominion? Hum... será?

Beijos,

Sol

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Seyyed
Seyyed

Em: 17/11/2022

Porra que capítulo foda! 95 foi mesmo o ano! Nossas gurias tão indo bem mas sem um amor será que esse ódio todo não vai virar um love entre Elza a futura militar e Yara uma Comuna? Tô te percebendo caipira tu vai aproveitar a polarização do país pra criar  tremendo love. E nem diz que eu tô errada hehe Adorei a sacada! Tri phoda (erudição) hahaha tô adorando TA! Posta mais aí que deu ânsia! Hahaha 

 

 


Resposta do autor:

Olá querida!

Obrigada por ter lido, gostado e comentado!

Será que vai virar um love? Não sei, e nem é mistério de autora; realmente não sei.

Que eu vou aproveitar a polarização, com certeza. Estamos chegando lá e mostrando, talvez, as origens. Porém, se virá um tremendo love... Vejamos! rs

kkkk Adoro sua erudição!

Beijos,

Sol

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 17/11/2022

Eita Elisa e Yara quase sai na porrada kkkk


Resposta do autor:

Mas... quando alguém puxa uma briga com outra pessoa, no fundo o que quer é chamar aquela atenção para si. 

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 17/11/2022

Eita Elisa e Yara quase sai na porrada kkkk


Resposta do autor:

E nesse duelo, quem levou a melhor? Ninguém, né? Desnecessário!

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 17/11/2022

Eita Elisa e Yara quase sai na porrada kkkk


Resposta do autor:

Vou responder aos repetidos também (sempre respondo): Elza foi quem puxou a briga nesse encontro.

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 17/11/2022

Eita Elisa e Yara quase sai na porrada kkkk


Resposta do autor:

Faltou pouco, não? kkkkk

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Lea
Lea

Em: 16/11/2022

Capítulo acalorado!

Elza e Yara quase que soltam faíscas!

*

Conhecermos um pouco mais da vida de Sérgio Machado. Diga-se de passagem nada fácil!

*

Aquela boa noite, meninas!


Resposta do autor:

Este saiu repetido, mas a caipira responde!

Beijos,

Sol

Responder

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Lea
Lea

Em: 16/11/2022

Capítulo acalorado!

Elza e Yara quase que soltam faíscas!

*

Conhecermos um pouco mais da vida de Sérgio Machado. Diga-se de passagem nada fácil!

*

Aquela boa noite, meninas!


Resposta do autor:

Olá amiguitcha!

Oba, você voltou mais uma vez! Some não, garota! Parece até eu! kkkk

Brincadeira, não se zangue.

Elza e Yara não iriam nem fazer amizade no pé em que estão. Imagine!

Sim, a vida de Machado não foi fácil. Talvez por isso ele prefira o mundo paralelo onde se refugiou.

Boa noite, querida!

Sol

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Samirao
Samirao

Em: 16/11/2022

Amoree e eu esqueci a senha do Samirão again e penei pra me lembrar! huahuahua Bora falar do CAPS novo que eu AMEI Esse encontro de Elza e Yara foi uma merda como eu já imaginava cada uma de um lado rangendo os dentes mas por causa da Elza que guarda mágoa da Renata e tem neurose anti Comuna. Yara mandou ver e depois ainda foi se fartar com camarada Natália huahuahua Elza tá pegando uma bi que finge de hetero e isso é uma merda eu não embarcaria nessa! Goulart foi pro norte Fernandão foi sul e Machado ficou solo em SJC tadinho. Gostei que Elza agora sabe da história dos pais gostei da Yara fazer amigos indígenas e AMEI da Clea ser presa. Viviane deixou passar o tempo e acabou com a tarada huahuahua 


Resposta do autor:

kkkkkkkkk Você vai acabar esquecendo de vez a senha desse Samirão (perfil fake até longevo, se for considerar sua média histórica) e criando um outro trem doido desse! kkkkk

Que bom que você gostou do capítulo e do duelo das Titãs! No pé que elas estão não poderia ser diferente. E, ao final, as duas foram aliviar seus estresses com parceiras ocasionais. Tão diferente e tão iguais!

Espalharam aqueles que "deram problema" pelo Brasil afora. Natural, não?

Elza guarda suas mágoas pelo que aconteceu no passado, ela era criança, não trabalhou isso, não foi orientada a isso... Machado se perdeu no mundo de fugas e, no final, criou-se um abismo entre pai e filha. Essas coisas acontecem e não são resolvidas rapidamente.

Yara precisava conhecer indígenas e finalmente aconteceu.

Clea presa. A advogada gostou? Sabia! rs  Viviane nunca engoliu aquela conduta. Ela só precisa de tempo para acabar com a patifaria.

Beijos,

Sol

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