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Tempus Agendi - Tempo de Agir por Solitudine

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Palavras: 8574
Acessos: 12482   |  Postado em: 21/10/2022

DIVISIO

 

Salvador, estado da Bahia

 

Yara aguardava o término da missa para abordar a única pessoa que considerava poder ajudá-la naquela fase da vida. Quando percebeu que era o momento, abordou o homem falando humildemente: -- Padre Camilo Roldó? – perguntou incerta

 

--Pois não? – olhou na direção da jovem – “Minha Nossa Senhora, essa pobre coitada parece arrasada!” – pensou com pena – No que posso lhe ser útil? – perguntou solícito

 

--O senhor certamente não se lembra de mim, mas vai se lembrar do nome da minha mãe. – olhava para o homem – Sou Yara Saraíba, filha de Alice Saraíba. – apresentou-se – E preciso muito da sua ajuda, pois não tenho mais ninguém nesse mundo!

 

Levou um susto. – Então sua mãe... – deduziu que Alice havia morrido – Venha comigo, por aqui. – indicou o caminho – Temos muito o que conversar.

 

***

 

A jovem indígena resumira para Camilo tudo que havia acontecido desde que Alice e ela partiram de Manaus. Omitira apenas seu relacionamento com Edivânia e as consequências do furto do objeto sexual de irmã Clotilde.

 

--Eu sinto muito por tudo isso que você passou, Yara. – Camilo dizia entristecido – E também sinto em saber que ainda existem padres que acham correto impor a vocação religiosa a quem não se sentiu tocada para exercê-la. – pensava em Louzada – E tudo isso por que? Para mantê-la longe das tentações? – queria entender

 

--Sim... – respondeu envergonhada – “Não posso dizer toda verdade a ele!” – pensou – “Além do mais, não estamos em uma confissão.”

 

--E por causa desse carrancismo lá em Olinda você teve que vir pedindo carona até chegar aqui! E conseguiu, mesmo sem carregar um tostão na bolsa! – acabou achando graça – Não me admira! É bem filha de Alice... – pensou na mulher com saudade – Eu devo muito a ela, apesar de ter me envolvido em enrascadas por causa dela... – pausou brevemente – Mas padre Ignácio fez bem em buscar me localizar pra você. – concordava – Por ser ainda de menor, eu fico sem muitas possibilidades pra lhe oferecer, mas... – pensava em hipóteses – Há uma escola-internato para órfãs aqui perto e você poderia viver lá. Posso cuidar disso. – olhava para a jovem – Já que concluiu o 1º grau, você cursaria a escola Normal que é oferecida às órfãs. Saiba que muitas das formandas conseguiram emprego como professoras em boas escolas de Salvador!

 

--Eu adoraria, padre! – respondeu com sinceridade – “É isso ou a rua...” – pensava

 

--Mas, por ora, vamos ao imediato! Você está com uma aparência arrasada e precisa cuidar da higiene, se alimentar e dormir. – levantou-se – Vou pedir que dona Jandira receba você esta noite na casa dela e a partir de amanhã vamos tratar direto com as irmãs do orfanato! – decidiu

 

--Obrigado, padre! – beijou a mão dele em gratidão – “Obrigado, Senhor!” – agradeceu mentalmente

 

***

 

Yara não teve dificuldades em se habituar à rotina do internato, pois sempre vivera sob a disciplina religiosa. Acordava cedo, estudava, fazia tarefas domésticas, participava do voluntariado junto à população de rua, participava de rituais religiosos, orava e dormia cedo. A única diferença, no entanto, é que não podia ir à rua sozinha ou sem autorização expressa da diretora, mas não se ressentia por isso. A jovem indígena desejava apenas conseguir uma formação profissional para conquistar a tão desejada independência financeira e ao mesmo tempo queria esquecer de todas as dores.

 

Cada nova aluna do orfanato era tutoreada por outra aluna mais experiente e Yara fora colocada sob a responsabilidade da jovem Viviane, então com 17 anos, e aluna do terceiro ano do 2º grau. Viviane era extremamente rigorosa e um tanto antipática com Yara, que se esforçava para não se aborrecer com ela.

 

--Será que poderia vir mais devagar, Yara? – Viviane perguntava com deboche – Daqui até meia noite ainda tem tempo! – parou de andar

 

--Calma! – andava com dificuldade – Essa bolsa tá pesada! – reclamou – Dois panelões de sopa! Se eu descuidar, derrubo no chão! – seguia segurando a bolsa por baixo

 

--A cruz de Cristo era muito mais pesada que isso! – cruzou os braços de cara feia – E Joanna D’Arc passou oito meses de suplício na prisão! – argumentava – A Cristandade cobra um preço! – voltou a andar

 

--De mão vazia é fácil vir com essa conversinha! – Yara resmungou para si mesma

 

--Será possível que a única matéria que você consegue tirar notas aceitáveis é Língua Portuguesa? – Viviane olhava o boletim do primeiro bimestre – Matemática e Biologia tão uma lástima, né? – fez cara feia – Ó, paí!

 

--O mínimo não é sete? Tirei sete e meio numa e oito noutra, isso não é ruim! – a indígena retrucou

 

--Não ser ruim não é sinônimo de ser bom! – devolveu o boletim à dona dele – E ser bom é nove e meio pra cima! – deu as costas e partiu – Se ligue!

 

--Criatura chata! – Yara resmungou de cara feia

 

--Reparei que seu terço tá faltando contas! – Viviane comentou criticando – Como pode fazer uma novena decente desse jeito?

 

Deu um suspiro profundo. – Esse terço era da minha mãe. Tem mais de 20 anos.

 

--Valor sentimental? – deduziu – Tudo bem, mas você vai ficar uma hora a mais em jejum pra compensar a falta das contas. – sorriu e se despediu dando tchauzinho

 

--Isso é tutora? Isso é uma Satanás sem rabo! – Yara resmungava consigo mesma – Mas ano que vem ela vai embora! – dizia para si mesma – Isso vai acabar logo! – postou as mãos em súplica

 

***

 

Após a aula de Educação Física, as moças tomavam banho no vestiário, no qual todas ficavam despidas na frente umas das outras. Yara evitava olhar para não ficar tentada e costumava sempre se banhar de cabeça baixa.

 

--Ih, derrubei! – Marcinha deixou o sabonete cair no chão – Yara, pega pra mim, por favor? Taí perto do seu pé! – apontou

 

--Ah, tá. – abaixou-se e pegou o sabonete – Toma! – ao estender a mão deu de cara com um par de seios avantajados – “Ô, glória!” – pensou abestalhada

 

--Brigada! – Marcinha recebeu o sabonete e virou-se de costas voltando a se ensaboar

 

“Essa aí tem duas dúzias de glória ao céus com aleluia, misericórdia!” – suspirou ao vislumbrar as nádegas da outra – “Deixa eu me afastar da tentação!” – pensou preocupada

 

--Yara! – Suelen chamou – Esfrega minhas costas aqui, por favor? – pediu dengosa – Acho que machuquei o braço nesse jogo de vôlei. Tá doendo... – entregou o sabonete nas mãos da outra e virou-se de costas – Mas esfrega bem, tá? Do pescoço até a cintura! – pediu

 

“Ô, Pai Amado, sou eu fugindo da tentação...” – começou a esfregar as costas da colega – “E a tentação me perseguindo...” – tentava não reparar no corpo da outra – “Pele macia, Ave Maria...” – engoliu em seco

 

--Ai, cê faz tão gostoso! – Suelen comentou sem maldade – Dia desses pedi pra Renata me esfregar e ela quase me escalpelou! – riu brevemente

 

“Não fala que eu faço gostoso, menina... Não atiça...” – pensou desconcertada – Aleluia, né, amiga? – não sabia o que responder

 

--Agora sou eu! – uma voz conhecida se fez ouvir

 

– Hã?! – deu de cara com Viviane e arregalou os olhos – Ué? – estranhou – “O que essa peste tá fazendo aqui?” – pensou contrariada

 

--Eu, hein! – fez cara feita – Estranhando por que? – fez um bico – Não tivemos a primeira aula de hoje e aproveitei pra dar uma corridinha! – olhou para Suelen – Minha vez, novata. Dá licença? – a jovem se afastou – Toma meu sabonete! – entregou na mão de Yara – E capricha, tá? -- olhava para a indígena -- Porque eu tô cheia de dor no pescoço! – virou-se de costas – Ande, vá! – ordenou

 

--Humpf! – começou a esfregar as costas da outra – “Quando eu digo que isso é uma Satanás sem rabo...” – pensou contrariada

 

***

 

Yara trabalhava com irmã Yede, Viviane e mais cinco moças distribuindo pão com mortadela aos pobres que perambulavam na Praça Barão do Rio Branco. Depois de alguns minutos, ao se aproximar do Relógio de São Pedro, a jovem indígena levou um susto ao prestar atenção no estranho movimento da Avenida Sete.

 

--Meu Deus! – arregalou os olhos – Vem ver isso, gente! – chamou pelas demais – Irmã, olha! -- apontou

 

--O que? – irmã Yede se aproximou para ver também – Minha Nossa Senhora! – espantou-se

 

Milhares de jovens com os rostos pintados de verde e amarelo tomavam conta da mais importante avenida da cidade. Traziam cartazes, faixas, bandeiras e cantavam em corinho: -- Ô, Ferdinando, vê se te orienta! – entoavam juntos – Chega disso! Ninguém mais te aguenta!

 

--Vixe, hoje é 16 de agosto! – Paula lembrava do detalhe – Tava marcada uma passeata por causa do impi, do impe, do imp... ah, é um troço que faz pra tirar o presidente fora!

 

--Meninas, temos que ir embora agora mesmo! – irmã Yede falava assustada – Vamos simbora aqui pela Junqueira Ayres antes que esses baderneiros se aproximem de nós! – decidiu – Vamos! – chamou e as moças se mobilizaram para sair

 

Yara permaneceu onde estava, fascinada e impressionada por nunca ter visto tanta gente na vida. Não conseguiu obedecer e espontaneamente seguiu na direção dos manifestantes.

 

--Irmã! – Rute chamava enquanto caminhavam apressadas – Não vejo Yara! – informou preocupada

 

--O que?? – Viviane deu falta de sua tutoreada – Tão nervosa que fiquei que nem prestei atenção! – olhou para trás – Veja, irmã, ela tá indo pra junto do burburinho! – apontou

 

--Mas será o Benedito? – a freira reclamou

 

--E agora, o que a gente faz? – Kelly perguntou aflita olhando para a mulher mais velha

 

--Vamos embora! – decidiu de cara feia – Uma hora Yara terá que voltar e ela conhece o caminho! – olhava para as demais – E quando essa hora chegar, ela terá o que merece! Agora vamos! – voltou a andar com pressa

 

“Que inferno que bastou eu me distrair um pouquinho pra ela aprontar!” – Viviane pensava contrariada – “Aposto que vai sobrar pra mim também!”

 

Depois de uma breve caminhada a jovem indígena já estava misturada aos demais. Olhava abobalhada para todos sem saber o que fazer.

 

--Ei, você! – uma jovem se aproximou dela – Quer que eu te pinte? – trazia dois potinhos de tinta verde e amarela – Vai se unir a nós? – perguntou sorridente

 

--Quero! – aceitou sem pensar – Por que tão fazendo isso? – perguntou curiosa

 

--Pra tirar do poder um presidente que se envolveu em muitos escândalos, denúncias de corrupção, picaretagens... – começava a pintar as bochechas da outra -- E não merece mais estar aonde está! – explicou brevemente – Se é que um dia mereceu!

 

--É justo! – envergonhou-se por estar totalmente alheia dos fatos que se passavam no país – E a gente vai fazer o que?

 

Terminou de pintar a índia. – Vamos fazer uma passeata pra tomar a avenida Sete inteirinha! – sorriu – Vai ser impossível não se saber do dia em que Salvador parou! – pausou brevemente – Toma, segura essa bandeira aqui! – entregou-lhe uma bandeirinha do Brasil que estava presa em seu boné – Tenho duas! – piscou para outra ao apontar a segunda bandeira na cabeça – Com isso, você tá pronta pra luta! -- brincou

 

--Obrigada! – sorriu timidamente – “Ela é tão simpática...” – pensou

 

--Simbora, garota! – fez um gesto e começou a cantar alto – Fora, Ferdinando!! FORA!! – seguia com o grupo

 

Yara seguia ao lado da jovem balançando a bandeirinha e gritando também: -- FORA FERDINANDOOO!!!

 

***

 

Yara voltava para o dormitório após ter passado pouco mais de duas horas na sala da diretora ouvindo um longo sermão. Várias moças a aguardavam ansiosas querendo saber o desfecho de seu episódio de breve rebeldia.

 

--Até que enfim! – Maria falou assim que a colega entrou no dormitório – E aí, o que a diretora falou, mulher? Ela vai te castigar? – perguntou preocupada

 

--Ela falou se vão usar aqueles trecos de palmatória, ajoelhar no milho e pistingas do tipo? – Jurema perguntou receosa – No outro orfanato em que eu vivia elas eram tão desgracentas com a gente! Faziam cada maldade! – contava olhando para as outras – Só eu sei o que sofri! -- gesticulou

 

--Fala, mulher, se pique! – Renata pediu agoniada – Vão te expulsar, o que vai acontecer?

 

A jovem ficou sem saber se todo aquele interesse era por solidariedade, fuxico ou desejo de vê-la sendo prejudicada, mas ainda assim respondeu: -- Nenhuma dessas coisas. – sentou-se na cama – Ela me deu um longo sermão sobre servir e obedecer e disse que meu castigo será ficar até o final de dezembro sem pôr os pés na rua, além de ter que acumular mais serviços domésticos aqui dentro. – resumiu a situação

 

--Hum... – Joselena balançou a cabeça – Tu brocou, sabia? – as demais concordaram

 

--Alguém intercedeu por ti? – Janaína perguntou – Deve ter, porque a pena foi muito leve e aqui é tudo barril dobrado... – concluiu – Não é possível! Alguma professora ou padre Camilo...

 

--Padre Camilo ainda nem soube de nada porque tá pelo interior. – informou – E a diretora disse que minha tutora falou muito bem de mim e insistiu bastante pra que eu recebesse uma punição leve na minha primeira infração. -- Yara se levantou e foi até o armário – Disse que eu não repetiria o que fiz. -- preparava-se para o banho – Foi isso. – queria dar o assunto por encerrado

 

--Viviane intercedeu por você?? – Laís perguntou em choque – Aquela bicha pau de bumbo?

 

--Vai entender... – Wilma comentou surpreendida

 

--Mas conte pra nós, mulher! – Raquel pediu empolgada – Como foi isso de se embrenhar em passeata e pintar a cara pra expulsar o presidente?

 

--Também quero saber, conta? – Kelly pediu

 

--Conta, conta, conta!! – outras insistiam

 

Yara achou engraçado toda aquela curiosidade mas foi sucinta da mesma forma que antes: -- Foi emocionante e diferente de tudo que eu já havia vivido! – respondeu com sinceridade – Eu me senti como sendo alguém capaz de mudar coisas grandes, sabe? – mirou um ponto no infinito – Mas, foi um sonho bom que acabou rápido. – despertou-se para a realidade – Agora eu vou tomar um banho e rezar porque também faz parte do castigo fazer muita novena e oração. – seguiu para o banheiro

 

***

 

--É... dá licença? – Yara pediu envergonhada ao se aproximar

 

--Espero que seja rápida! – Viviane respondeu de cara feia – Como vê, tenho que estudar. – mostrou os livros

 

As jovens estavam na sala de leitura.

 

--Vou ser. – não sabia o que fazer com as mãos – Queria te agradecer por me ajudar! –olhava timidamente para a outra – A diretora me disse que levou em consideração os argumentos que você deu a meu favor. – pausou brevemente – E disse que foram muitos...

 

--Antes que pense que agi por bondade, deixe eu te situar. – sorriu ironicamente – Se você recebesse uma punição pesada ia acabar sobrando pra mim. Então eu só tava tirando o meu da reta, entendeu?

 

--Ah... – ficou sem graça

 

--E que seja a última vez, viu, Yara? – advertiu de cara feia – Porque da próxima, eu mesma acabo com você! – ameaçou – Tenha medo, porque você não sabe do que sou capaz! – ajeitou-se na cadeira – Agora some que eu quero estudar! – despachou

 

--Tá entendido. – fez um gesto de cabeça e se afastou – “E eu que acreditei que essa Satanás sem rabo quisesse me ajudar!” – pensou revoltada – “Que o ano acabe logo, ela se forme e vá simbora daqui!” -- desejou

 

***

 

Yara estendia roupas no varal do quintal do internato. No dia anterior havia levado uma bronca de padre Camilo, já inteirado sobre sua participação nos protestos do dia 16 de agosto, e estava um tanto chateada e nostálgica. Os muros altos não permitiam que visse o que se passava nas ruas, mas podia ouvir o burburinho muito bem. De repente, uma música que tocava ao longe pareceu transportá-la para outro lugar.

 

“Ladeiras, ladeiras,

Ladeiras, ladeiras,

Eu lembro daquela menina subindo ladeiras...”

 

Lembrou-se de Edivânia e foi capaz de vê-la com seus vestidos justos.

 

“Ladeiras de frevo e preguiça da velha Marim,

Ladeiras tão carnavalescas, escorregadeiras,

Que na terça-feira jogaram você sobre mim...”

 

Pensou no aniversário da jovem coincidindo com o carnaval e no convite que não atendera.

 

“Ladeiras sugerem saudade, minha companheira,

Ladeiras que só interessam a ti e a mim...”

 

Lágrimas teimosas escaparam de seus olhos.

 

“Eu subo e descubro,

Que a vida é feito ladeiras,

No seu sobe e desce contínuo,

Princípio e fim...”

 

A nostalgia invadia-lhe por inteiro. Lembrou-se da forma como fora traída por Edivânia.

 

“E hoje a saudade me aperta de toda maneira,

Ladeira da Misericórdia tem pena de mim...”

Alceu Valença - Ladeiras [1]

 

Tomada pela dor da solidão, chorou.

 

--O que será que ela tem? Que choro sentido... – Rafaela se apiedou ao perceber que a indígena chorava – Será que é porque desde agosto não arreda o pé daqui? – olhou para Viviane – Você não acha um pouco demais a gente pedir pra ela passar as roupas de todas na nossa turma? – arrependia-se

 

--Ela tem o mesmo nada que todas nós temos. – a jovem respondeu secamente – Somos mulheres em um mundo machista, menores de idade, pobres e órfãs em um mundo onde o dinheiro é rei. – olhou para Rafaela – O sofrimento dela é o mesmo que o nosso. A diferença é que há pessoas que choram e qualquer um pode ver. – olhou brevemente para Yara -- Enquanto outras choram por dentro... – pensava em si – Depois a gente passa outra tarefa pra ela. – decidiu – Vamos. – voltaram para dentro do prédio principal

 

***

 

Dezembro contava seus primeiros dias quando Yara fora chamada na sala da orientadora educacional. Após os cumprimentos iniciais a mulher explicou os motivos da convocação.

 

--Recebemos novas internas hoje pela manhã e depois ainda chegarão mais. – olhava para a indígena – Elas serão matriculadas no primeiro ano assim que 93 começar. – pausou brevemente – Conversando na reunião de ontem do Conselho decidimos que seria bom deixar a tutoria de uma delas com você. – informou

 

--Comigo? – surpreendeu-se – Mas não são apenas as moças do terceiro ano que podem ser tutoras? – perguntou respeitosamente

 

--Em condições normais. – balançou a cabeça positivamente – Mas algumas jovens que concluirão o segundo ano neste ano já terão dezoito antes do ano novo chegar, ou seja, não podem mais ficar aqui. – explicava – Elas serão encaminhadas para outra instituição e com isso vai faltar tutora para todas as novatas. – pausou brevemente – Daí achamos que seria útil para o seu amadurecimento tutorear alguém.

 

Não sabia o que dizer. – Tudo bem, irmã. – respondeu simplesmente

 

--Sua tutoreada será a jovem Rosa Maria, de 15 anos. – anunciou – Daqui a pouco ela se juntará a nós. – sorriu

 

“Ô, Pai Santo, que seja uma pessoa mansa!” – pensou temendo o pior

 

Neste momento, suaves batidas na porta se fizeram ouvir.

 

--Deve ser ela. – irmã Consuelo deduziu – Entre, por favor. – pediu e a jovem obedeceu

 

Yara fechou os olhos brevemente sem se virar para a direção da porta. “Que seja uma pessoa mansa, que não me traga problemas, que seja tranquila!” – desejava – “Amansa ela, meu Pai, repreenda!”

 

--Rosa, apresento sua tutora a partir do ano que vem. – a mulher mais velha dizia – Yara Saraíba, conheça Rosa Maria Leitão. – apresentou

 

A indígena respirou fundo e olhou para trás. – É um... – engoliu em seco – prazer... – paralisou – “Hosana nas alturas...” – pensou abestalhada – “Que morena!”

 

--Encantada! – respondeu timidamente

 

“Ô, meu monte Sinai...” – suspirou – “Essa aí tem uma abundância de glória com aleluia que eita boi, Ave Maria!” – tentava não babar

 

Rosa deu tchauzinho sorrindo de cabeça baixa.

 

***

 

Yara finalizava seu período de castigo limpando o vestiário. Usando uma camiseta branca e saia jeans comprida, ela suava bastante esfregando o chão enquanto engatinhava. As demais moças do orfanato ensaiavam para a cantada de natal. “Quase acabando...” -- pensou

 

--Oi, futura tutora! – uma voz delicada se fez ouvir – Vim te ajudar, que tal? -- sorria

 

A indígena se surpreendeu com a oferta. – Me ajudar?! – ergueu o tronco e ficou de joelhos – “Ô, glória...” – pensou reparando na outra

 

--Perguntei por você pra irmã Firmina e ela me falou do seu castigo. – aproximou-se – Aí eu me ofereci pra te ajudar e ela achou interessante. – olhava para a outra – Por onde começo? – perguntou com cara de santa

 

--Ah... – abriu os braços brevemente – Eu já limpei quase tudo, falta agora praticamente só a parte dos chuveiros. – levantou-se e apontou para o balde que usava – Mas eu só tenho um. Vamos ter que dividir. – sorriu envergonhada -- Bombril é que tem de sobra!

 

--E pra que balde? – tirou a blusa – Se vamos limpar a parte dos chuveiros, -- tirou a saia – a gente usa a água dos chuveiros, não? – preparava-se para tirar o sutiã – E ainda aproveita pra se refrescar!

 

“Ave Maria, ela vai fazer limpeza nua?” – abaixou a cabeça rapidamente – Eu não tinha pensado nisso... – não sabia o que fazer – “Ô, tentação do Capeta! Lambe, língua de fogo!” – pensou nervosamente ao ficar de costas para a outra

 

Rosa ficou completamente nua e pegou um pedaço da palha de aço. – Vem, tutora? – chamou e foi para o chuveiro

 

Yara respirou fundo e olhou brevemente para trás a tempo de ver as nádegas da jovem. Ouviu quando ela liberou a água e suspirou. “Quem tá na chuva, né?” – pensou ao começar a se despir – “E seja lá o que Deus quiser!” – ficou nua também e se juntou a outra

 

As duas jovens limpavam partes separadas da área dos chuveiros. Yara sentia-se nervosa e desconfortável, evitando reparar na colega. Aproveitava a água que caía para amenizar o calor daquele dia de verão e do fogo que ameaçava tomar conta de si.

 

Após alguns minutos de trabalho silencioso...

 

--Finalmente! – a indígena se levantou alongando as costas – Acho que terminamos. – passou a mão nos cabelos

 

--Também acho. – desligou os chuveiros – Ou então... – sorriu para a outra – Estamos prestes a começar... – piscou e saiu – Vou me vestir! – falou em voz mais alta – Vem?

 

Yara respirou fundo e permaneceu onde estava. – Não, eu não posso me meter nesse tipo de confusão aqui dentro! – fechou os olhos -- Senão vou ser jogada na rua ou internada num convento! – considerou – Deixa passar, deixa passar, deixa passar! – falava para si mesma – Ave Maria, Pai Santo, me defenda! – benzeu-se

 

***

 

Devido a um problema de saúde que levou a professora de português a pedir licença, a instituição prontamente providenciou uma substituta. A mulher usou a primeira aula para informar as regras que iria adotar.

 

--Meu nome é Clea Marins, como já foi dito a vocês. – andava pela sala com as mãos para trás – E as senhoritas também estão cientes que o português do segundo ano é todo voltado para literatura luso brasileira. – falava com formalidade – As senhoritas também estão cientes que não sou freira, portanto, tenho nenhum compromisso em ser boazinha com quem quer que seja! – anunciou solene

 

“E até parece que as freiras daqui têm esse compromisso!” – Yara pensou – “A maioria é tudo dura feito pedra!”

 

–A cada semana as senhoritas terão que ler, no mínimo, um dos clássicos da literatura nacional ou portuguesa! – anunciou – E eu escolherei qual será. – continuava – Vou exigir um resumo de cinco páginas sobre cada obra!

 

As moças começaram a reclamar em voz baixa.

 

--Teremos prova de toda sexta-feira! – informou solene – E a matéria será cumulativa até o final do ano!

 

--Então toda semana será um resumo e uma prova, professora? – uma moça perguntou timidamente

 

--Se eu cismar, dois resumos! – respondeu de pronto

 

“Ave Maria!” – Yara pensou alarmada – “Essa aí veio pra destruir!”

 

--E ai de quem ousar colar ou fazer cópia dos resumos! – advertiu – Não queiram me ver com raiva! Não queiram me ver com ÓDIO! – parou diante da mesa de Yara e deu um soco – Alguma dúvida? – perguntou de cara feia

 

--Deus me livre, misericórdia! – respondeu de pronto

 

--Como é, senhorita indígena? – Clea espremeu os olhinhos

 

--Eu quis dizer: não! – engoliu em seco – “Viviane foi-se embora, mas em compensação... veio outra Satanás sem rabo pra me infernizar!” – pensou preocupada

 

***

 

--Você tá indo bem, Rosa, mas português tá complicado, viu? – examinava o boletim da outra – Essa nota dois tá muito baixa, mas ainda tem mais três bimestres pra se recuperar. – devolveu o documento à morena

 

--Ah, Yara, você sabe como aquela professora Clea é, né? – comentou fazendo charminho – Mulher chata, exigente demais, mal amada... eu não tô dando conta! – debruçou-se sobre a mesa

 

--Nem eu... – suspirou ao reparar na silhueta dos seios da outra

 

--Você tá, conseguiu tirar sete! – protestou – E no segundo ano me disseram que ela ainda é pior do que com a gente no primeiro. – debruçou o queixo sobre uma das mãos – Me dá umas aulinhas de português? – pediu – Me introduz a língua portuguesa? – pediu fazendo cara de inocente

 

Engoliu em seco. – Bem. – levantou-se rapidamente e começou a juntar os livros – Eu vou cuidar da vida e você cuide da sua. – aconselhou – Estuda viu? – fez um gesto de cabeça e saiu rapidamente

 

Rosa ficou rindo sozinha.

 

***

 

Yara fazia compras com seis moças e irmã Norma na Feira de São Joaquim. Era a primeira vez que ia no local e ficara impressionada com o tamanho daquele mercado a céu aberto. Também se surpreendera com os artigos de umbanda e candomblé que se encontravam à venda.

 

Enquanto cuidava da compra de verduras ouviu uma voz conhecida lhe saudar.

 

--Olha, quem vejo? A indígena revolucionária!

 

--Você?– olhou na direção da voz – A moça que me pintou no dia do protesto! – sorriu

 

--E que não se apresentou naquela ocasião! – sorria – Natália, prazer. – estendeu a mão

 

--Também não te disse meu nome. – apertou rapidamente a mão da outra – Yara! Prazer também.

 

--Já percebi que cê tá aqui com a freirinha e mais aquele bando de moça vestida igual. – observou – Vamos dar um zig pra bater um papo? – propôs – Eu conheço isso aqui como a palma da minha mão e sei te trazer de volta pra cá sem problemas.

 

--Ah, eu... – reparou que Norma estava barganhando com um vendedor – Tá! Qualquer coisa digo que me perdi! – decidiu – “E quem não se perderia nesse lugar tão grande e cheio de gente?” – pensou

 

--Vem comigo! – seguiu na frente e Yara foi atrás

 

***

 

--Então quer dizer que participar do protesto te rendeu pouco mais de quatro meses de clausura além de uma dose extra de serviços domésticos? – Natália perguntou impressionada – Cara... – achava graça – Por isso que eu não gosto de igreja nenhuma! – mirava o infinito – Imagina, eu, -- gesticulava – lésbica e comunista num lugar desses? – riu brevemente – Já tinha sido excomungada ou pregada na cruz!

 

Yara se espantou com o que ouviu. As duas caminhavam lentamente pela feira.

 

--Eu adorei ter participado, sabe? – assumiu – Foi totalmente inesperado pra mim, mas... acho que senti aquela motivação que minha mãe tinha pelas causas coletivas... – lembrava de Alice -- Sendo que no caso dela, a luta principal era pelos indígenas, demarcação de territórios e contra a predação da natureza.

 

--A gente luta por todas essas causas! – respondeu de pronto -- A reforma agrária e a demarcação de territórios ancestrais são pautas que se arrastam nesse país desde o século XIX! – pausou brevemente -- Você tá com quantos anos, garota? – perguntou interessada

 

--Faço dezessete em junho. – olhou rapidamente para a outra – Por que?

 

--Você não sente vontade de sair dessa coisa de viver presa à voga da igreja, sempre sem liberdade, ralando pra caramba sem poder se divertir, namorar, desestressar? – gesticulava – Acho muito surreal uma pessoa jovem que passou a vida inteira assim!

 

--Eu sou órfã, menor de idade e pobre, Natália. – reparou brevemente nos frutos do mar à venda – O pouco que eu tenho hoje ou foi dado por minha mãe ou pela igreja. Se eu quisesse romper, iria pra onde, viver de que? – considerava – Você sabia que muitas indígenas da minha idade tão na prostituição ou na vida de crimes? – olhou rapidamente para a moça – Não seria diferente comigo se não tivesse o abrigo da igreja. – pausou por uns instantes – O que eu quero é estudar, me formar, ter uma profissão e poder cuidar de minha vida. Mas, por enquanto, sou dependente e só me resta a gratidão por ter um teto, comida e roupas.

 

--Tá, eu entendo você. – balançou a cabeça rapidamente – E ser menor de idade é foda mesmo. – pegou um folder de dentro da bolsa – Mas, se um dia quiser mudar de vida e ajudar na luta pra construir um país melhor... – entregou à jovem – Me procura nesse endereço. – ofereceu

 

--Sede do Partido Comuna? – leu em voz alta

 

--Isso! – sorriu – O Partido ajuda um monte de gente, muda a vida das pessoas e eu mesma sou um exemplo disso. – afirmou com orgulho – Eu era menina de rua e drogada. Hoje sou jornalista, vivo com dignidade e tenho um propósito! – novamente olhou para Yara – Se um dia quiser saber mais, me procura! – insistiu

 

--Tá bem. – dobrou o folder e escondeu no sutiã – Agora é melhor você me levar de volta antes que eu pegue mais castigo pela frente. – pediu sorridente – Não quero passar meu aniversário enclausurada!

 

--Tá certa. – achou graça – Vem comigo!

 

***

 

--Rosa, você não podia ter deixado a cozinha suja! – Yara se aproximava reclamando – É seu dia de limpar, então sua obrigação é ir pra lá e arrumar a bagunça que deixou! – pôs as mãos na cintura – Senão depois vem todo mundo em cima de mim! – fazia cara feia

 

--Tá bom, tutora, é que eu queria estudar. – levantou-se de mau humor – Língua portuguesa, lembra? – mostrou o livro

 

--Vai limpar a cozinha e hoje de noite vejo se posso te ajudar com isso. – referia-se à matéria

 

Sorriu. – Então... na sala de leitura? – mordeu o lábio inferior

 

--Na sala de leitura. – confirmou – “E que eu não me arrependa por essa boa ação!” – pensou receosa

 

***

 

--Você tá muito fraca nisso de orações transitivas e intransitivas. – lia o caderno de exercícios de Rosa – Tem que estudar mais, viu?

 

--É, eu... não tenho praticado essa coisa transitiva. – respondeu com duplo sentido – Cê não quer praticar comigo? – perguntou insinuante

 

Yara sentiu a pele arrepiar mas se conteve. Olhou nos olhos da jovem e perguntou diretamente: -- O que você pretende, hein, garota? – queria entendê-la – Desde que nos conhecemos você tá sempre vindo pra cima de mim com umas conversas que...

 

--Te deixam toda molhadinha! – sorriu – Conheço uma bolacha pelo cheiro, meu bem, e aqui o brejo não me agrada muito. – apoiou o queixo sobre uma das mãos – Só você!

 

A indígena não esperava uma resposta daquelas e ficou desconcertada. – Eu já me prejudiquei muito por causa dessas coisas! – levantou-se rapidamente – Não quero me prejudicar de novo! – ajeitou a roupa – Já te disse tudo que tem que estudar e fiz o que pude. Agora é com você! – preparou-se para sair

 

--Espera! – levantou-se também – Ninguém quer se ferrar. – aproximou-se devagar – Mas quem não quer ferrar? – sorriu insinuante – Hein?

 

Sem pensar, Yara puxou Rosa pela cintura e a beijou com desejo. Ao final do beijo, desvencilhou-se dela e partiu quase correndo. Rosa ficou parada sorrindo.

 

“Hum...” – Clea assistira a cena escondida atrás de uma estante de livros – “Namoradinhas...” – pensou de cara feia

 

***

 

--Então é com muita satisfação que lhes apresento a nova professora de artes! – irmã Edileuza falava sorridente – Venha, querida! – acenou para alguém que esperava na porta

 

--Bom dia, meninas! – a jovem adentrava o recinto com segurança – Acho que não preciso me apresentar, né? -- sorriu irônica

 

--Ai, não! – várias moças disseram aos sussurros

 

--Viviane?! – Yara arregalou os olhos – “Só me faltava essa!” – pensou incrédula

 

--Viviane Silveira de volta ao lar, só que dessa vez, como uma de nossas honrosas professoras! – Edileuza falava animadamente – No retorno das férias vocês a terão como professora de artes no lugar de nossa amada irmã Cecília, -- desmanchou o sorriso -- que se encontra acamada desde sexta passada, como todas sabem!

 

“Ô, minha via Crucis...” – pensou decepcionada – “Aturar aquela professora Clea e agora Viviane...” – suspirou – “E ainda receber uma notícia dessas pouco antes das férias!” – revirou os olhos – “Miséria pouca é bobagem...”

 

***

 

--Ouvi dizer que a tal da Viviane que entrou pra ser professora é uma peste! – Rosa falava – Cê conhecia a figura? – perguntou interessada

 

Fez um bico. – Humpf! Simplesmente minha tutora! – balançou a cabeça contrariada – Uma Satanás sem rabo, só digo isso!

 

Achou graça. – Enquanto isso, a minha tutora é maravilhosa... – sorriu – Pena que seja tão medrosa e não faz mais que me dar uns beijos perdidos de vez em quando. – provocou

 

--Garota! – arregalou os olhos – Hoje a sala de leitura tá cheia, ficou doida? – prestava atenção para ver se alguém ouvia a conversa delas – Aqui é tudo muito vigiado e eu não quero problema!

 

Riu da cara da indígena. – Bobinha!

 

--E foi assim. – o homem encerrava seu relato – Ela veio por orientação de padre Ignácio porque infelizmente outro padre desejava torná-la freira contra a vontade dela. – Camilo olhava para a professora – Mas, perdoe, por que a senhora me pergunta sobre Yara?

 

Clea e Camilo conversavam na igreja.

 

--As férias das meninas começam depois de amanhã, como o senhor sabe. – cruzou as pernas – E algumas delas passarão o período com familiares, porque têm alguma tia, madrinha, irmão, coisa do gênero. – olhava para o homem – Mas me chamou atenção que Yara nunca mencionou ninguém!

 

--Ela sempre teve apenas a mãe e a Santa Igreja, abaixo de Deus. – respondeu sem entender as reais intenções da mulher – É uma órfã por completo, assim como outras meninas da escola.

 

--Verdade. – concordou – E o senhor saberia dizer o nome do padre que desejava interna-la num convento? – continuou insistindo

 

--Acho que é Louzada. – estranhou a pergunta – Mas, por que isso? – olhava intrigado para a mulher

 

--Eu me interesso pelas alunas, padre. – passou a mão nos cabelos – Somos cristãos e devemos ajudar o próximo, não é verdade?

 

***

 

Agosto iniciava e com ele, as aulas voltavam. Ao final da primeira semana, Yara fora escolhida junto com outras moças para preparar a igreja para a grande missa de Transfiguração do Senhor. Com a conclusão dos trabalhos, percebeu que padre Camilo se aproximava com expressão fechada.

 

--Yara. – parou diante da jovem – Precisamos conversar. – afirmou solene – Venha comigo, por favor. – indicou o caminho

 

“Meu Deus, o que será que ele quer?” – pensou nervosamente – “Será que alguém me viu beijando Rosa e contou pra ele?” – questionava-se – “Não, não pode ser...”

 

***

 

--No começo, quando ela veio me perguntar sobre você confesso que estranhei, mas agora, depois de tudo, vejo muito bem o motivo! – olhava para a jovem de cara feia – Ela notou que havia algo estranho e fez o que eu deveria ter feito quando você me apareceu aqui, do nada, com aquela história de que fugiu de Olinda porque queriam te internar contra vontade num convento! – gesticulava

 

Sentiu o coração acelerar. – O que o senhor quer dizer com isso? – perguntou receosa

 

--Eu sei de tudo, Yara! – olhava nos olhos – Professora Clea aproveitou as férias de vocês e procurou padre Louzada em Olinda! Afinal de contas ela é pernambucana e tem família lá! – percebeu que a indígena empalidecera – E ele contou a ela toda verdade que você me escondeu esse tempo todo! – afirmou entre dentes – Agora eu sei que ele só quis uma tomar medida tão drástica porque você roubou uma das irmãs da Casa das Religiosas, além de ter sido surpreendida no mais terrível pecado com outra moça! – acusou – Moça da qual você se aproveitou, diga-se de passagem! – gesticulou furioso

 

A jovem abaixou a cabeça e não teve coragem de dizer coisa alguma.

 

--A professora disse que vai levar o caso à direção e eu não tive o que dizer porque morri de vergonha! – andou de um lado a outro – Sua mãe podia ter todos os defeitos, mas ela nunca me enganou, nunca mentiu pra mim! – pausou brevemente – Eu, que antes tinha tanto orgulho, agora me envergonho de você!

 

Yara derramou uma lágrima sentida.

 

--Eu não sei o que a diretora fará com você quando ouvir a verdade da boca da professora Clea, mas quero que saiba que lavo minhas mãos! – afirmou enfático – Você está por sua conta!

 

A jovem sentia-se perdida e não sabia o que fazer da vida. “Meu Deus, por que?” – chorava contidamente – “Por que?”

 

***

 

Naquela noite, Yara não conseguiu dormir. Estava nervosa, aflita e temendo pelo seu futuro. “E agora, meu Deus, o que eu faço?” – rolava na cama – “O que será que a diretora vai querer fazer comigo?” – sem saber o que fazer, levantou-se pé ante pé e saiu do dormitório – “E agora, o que eu faço?” – sentia-se perdida – “Será que a sala de leitura tá fechada ou irmã Graça esqueceu de trancar de novo? Acho que vou pra lá!” – decidiu

 

Chegando no local, a jovem percebeu que a porta estava entreaberta e entrou devagar. Queria ficar sozinha, pensar e orar um pouco.

 

--Ah, ah, isso... – um sussurro de mulher se fez ouvir

 

“O que?” – surpreendeu-se – “Quem tá fazendo essas coisas aqui?” -- estranhou

 

--Mais depressa, vai... – a mulher pediu – Quero goz*r...

 

Intrigada, Yara seguiu sorrateira entre as estantes até se deparar com uma cena que nunca esperava assistir: professora Clea estava sentada em uma das mesas com as pernas abertas enquanto uma moça fazia sex* oral nela.

 

“Meu Deus!” – arregalou os olhos – “E quem será que tá com ela?” – não conseguia identificar a pessoa posicionada embaixo do vestido da professora

 

--AH!! – Clea sufocou seu gemido com as duas mãos e depois sorriu – Ótimo, garota... – sussurrou novamente

 

Rosa se levantou e perguntou insinuante: -- E eu como é que fico, fessora?

 

“Não acredito!” – Yara se afastou da estante e sem querer esbarrou em um livro que caiu no chão – “Droga!” – pensou ao levar um susto com o barulho – “Tenho que sair daqui!”

 

--Gente, tem alguém aqui? – Rosa perguntou preocupada

 

--Se abaixa, vai! – Clea orientou ao se enfiar por baixo da mesa

 

Yara seguiu apressada e correu até a porta para sair da sala. Neste momento deu de cara com alguém e gritou: -- AH!

 

--Para de fricote e vem comigo! – Viviane segurou-a pelo braço – E vê se não vai ficar gritando!

 

A indígena seguiu na direção que a outra indicou.

 

***

 

Yara e Viviane conversavam no telhado do prédio principal. Deitadas nas telhas, admiravam o belo céu estrelado, enquanto a jovem professora fumava um cigarro mentolado.

 

--Eu moro aqui desde os nove anos. – Viviane contava – Porque no começo, a escola ia do primário ao 2º grau. Depois fizeram uma reestruturação e só o 2º grau ficou, mas aí eu já era do primeiro ano e continuei aqui. – lembrava – Conheço cada cantinho desse lugar. – deu um trago

 

--Gostei daqui. – admirava o céu – Só não entendi porque me trouxe. – olhou para a outra – E também não sabia que você fumava. – comentou surpreendida

 

--E não fumava. Comecei depois que saí daqui. – confessou – Ansiedade... – olhou para a outra também – Mas não recomendo! – voltou a olhar para o céu – Te trouxe pra cá porque tinha que conversar contigo e o momento não podia ser melhor. – pausou brevemente – Clea contou umas histórias sobre você pra diretora e hoje no final do dia teve uma reunião com todos os professores por causa disso. – contava – O objetivo era divulgar a informação e decidir o que seria de você. – deu um trago e cuspiu a fumaça bem devagar – Encurtando a história, você vai ser enviada prum convento antes do ano letivo acabar. Acho que vai ser lá pra outubro.

 

Yara sentiu um frio no estômago. “Tudo de novo, não acredito...” – pensou angustiada

 

--E pelo que senti, vai ser um convento daqui do interior da Bahia. – continuava falando – Coisa bem século XVIII!

 

Sentou-se e passou a mão nos cabelos nervosamente. – E por que você tá me dizendo isso tudo se nunca gostou de mim? – não entendia – Você foi uma peste de tutora, qual é a sua? – tentava controlar as emoções

 

Sentou-se também. – Pega visão, mulher! Eu queria fazer de você uma pessoa mais forte, só isso! – olhava para a outra – Não é o que uma tutora tem que fazer? Ou você acha que eu tinha que ser fofinha? – riu brevemente – Se ligue! – deu a última tragada – E por que eu tô te dizendo tudo isso? Vou te contar, minha filha, eu me decepcionei muito com a porr* toda! – jogou o pito de cigarro fora – Tava com insônia, fui pra sala de leitura pra desanuviar e vi o mesmo que você: a mulher que te queimou pra todo mundo, fudendo com uma garota menor de idade! E eu não sei se a garota tava nessa pela foda ou pra ter proteção! – gesticulava – Tem muita coisa errada que acontece aqui e ninguém vê, mas você é que é o problema! – riu brevemente – É demais!

 

--Você podia contar o que viu hoje! – pediu humildemente – Até porque se eu contar, ninguém vai levar a sério! Já tô com fama de mentirosa mesmo! – lamentou

 

--Eu contar? -- riu brevemente mais uma vez – Sabe por que voltei pra dar aula aqui? Porque lá fora eu não tinha nada, nem um centavo! – olhava para a outra – Não arrumei emprego, passei fome e não segurei! – balançou a cabeça contrariada – Se eu contar o que vi, você vai prum convento e eu sou demitida, só isso!

 

A indígena suspirou decepcionada. – E o que eu faço, Viviane? – perguntou como quem pede socorro – Eu não quero ir pra convento nenhum!

 

--Oh, paí! – olhou para o alto – Porr*, mulher! Espera o momento certo e parta a mil! – aconselhou – Eu posso sair sem permissão de ninguém, então posso dar meu jeito de levar tuas coisas pra algum lugar. Depois você vai e some!

 

Yara ficou pensando sobre o que fazer.

 

***

 

Novamente um grupo de jovens fora escalado para ir às compras na Feira de São Joaquim. Como uma das moças adoeceu de véspera, Yara aproveitou a oportunidade e se ofereceu para ir no lugar dela. Assim que recebeu autorização procurou por Viviane, a qual conseguiu sair à noite com os poucos pertences da indígena sem ser notada. Yara decidiu abandonar algumas coisas no dormitório para não despertar suspeitas.

 

Uma vez na feira, aproveitou uma distração das duas freiras que as conduziam e se embrenhou no meio do povo. Depois de muito custo, pedindo informação a um e a outro, conseguiu chegar aonde desejava.

 

--Yara Saraíba! – um homem saudou animado – Sua amiga deixou suas coisas aqui ontem à noite. – comentou – Entra, daqui a pouco a gente começa! – indicou as escadas – Pode subir. É no segundo andar.

 

“Espero tá fazendo a coisa certa...” – pensava insegura

 

**

 

--Você deu muita sorte! – Natália dizia balançando a cabeça – A hora que a sua amiga chegou aqui ontem não costuma ter ninguém nessa sede. – explicava -- É que o Colegiado realmente foi uma merd*, vieram uns caras de fora, deu briga... – gesticulava – E eu tava aqui quando ela chegou, então quando falou no teu nome logo me liguei. – olhava para a jovem – E agora que você me contou a história toda, entendi porque você tá aqui. – pausou brevemente – Garota, eu não sei o que vão fazer na tua escola, se vão chamar a polícia pra te procurar, se vão deixar pra lá, eu não sei! A merd* é que você ainda é de menor!

 

--Mas eu faço dezoito no ano que vem! – respondeu agoniada – Por favor, Natália, me ajuda! – postou as mãos em súplica – Você disse que o Partido ajudava as pessoas! Que mudava a vida delas!

 

A mulher se levantou e circulou de um lado a outro pensando no que fazer. – Tem um grupo aqui que vai se dedicar a uma missão que vai durar uns seis meses... – começou a falar -- E a gente viaja na semana que vem. – olhava para Yara – Vou te dizer como vai ser e você me diz se quer ir junto. Mas já aviso que não vai poder ficar de prega, tem que trabalhar e chegar junto no objetivo do Partido.

 

--Eu quero! – respondeu de pronto – Vou pra onde for e faço o que vocês quiserem!

 

Surpreendeu-se com a prontidão da resposta. – Calma, que eu ainda tenho que pedir pro Colegiado a permissão pra você ir. – advertiu -- E o grupo talvez não aceite!

 

--Eu explico a situação! – pediu – Se o Partido ajuda as pessoas, todos vão entender! – foi até Natália e a segurou pelos braços – Você foi menina de rua, você sabe o que é ser prioridade de ninguém! – seu olhar era de desespero – Você conhece essa solidão que eu sinto!

 

Sentiu pena da jovem. – Eu entendo... – respondeu ternamente – Conte comigo, Yara! E enquanto nada se resolve, você fica escondida aqui, tá bom?

 

Yara respondeu com um abraço apertado.

 

***

 

Dias depois, a jovem indígena entrava em um ônibus de excursão velho e mal acabado carregando tudo que ainda mantinha. Sentia-se empolgada, receosa e ao mesmo tempo livre.

 

--E aí? Como se sente vestindo sua primeira calça jeans? – Natália brincou enquanto seguia pelo corredor do ônibus atrás da moça – Nada de camiseta branca e saião, né?

 

--É estranho, mas eu gosto! – olhou rapidamente para trás – Onde a gente vai sentar? – perguntou curiosa

 

--Vamos pros últimos lugares. – respondeu – Vai que dá polícia no caminho? Mais fácil te disfarçar.

 

Natália e Yara acomodaram seus pertences na parte de cima do ônibus e se sentaram. A indígena ficou no assento da janela e mal podia esperar pela hora de ir.

 

--Como será que vai ser? – perguntou como criança – Será que o Partido vai gostar do meu trabalho?

 

--Relaxa, vai dar tudo certo. – respondeu despreocupada – Basta que trabalhe e tudo fica bem. – sorria – Você tem força, menina! Acredite mais em você! – aconselhou – Você é uma fênix!

 

Minutos depois, o ônibus partia de Salvador e a música que tocava no rádio deixava Yara mais confiante. Pensava no que ouvira de Natália.

 

 

“Minha alma está gritando,

Mas ela fala dentro de mim,

Carregando minhas dores num saco plástico,

O tempo passa transformando tudo,

Se não muda, ultrapassa tudo,

Passo por ele testemunhando tudo,

E quando ele passar, eu mudo...”

 

Olhando os traços da cidade da qual se despedia, pensava na sua trajetória errante por esse país. Tudo que vivera como consequência de ser uma sobrevivente pobre e marginalizada.

 

“Na puruzuka kwaw wà,

Zazenuhem putar Nehe,

Ma'e uzapo iko hehy pe wà,

Aiko herapuz Pupe...”

 

“Mas Natália tem razão! Eu tenho força!” – Yara pensava – “Se não tivesse, teria chegado até aqui?”

 

“Filha da terra vou te contar um segredo,

Na tua força não mora só dor,

Você é sobrevivente,

Fênix

Você é sobrevivente...”

 

“Quero recomeçar!” – pensava decidida – “E ser livre!”

 

“Que não mais as correntes estejam no teu pescoço,

Mas sim as penas dos pássaros,

Pra te fazer voar...

Por outra dimensão...”

Kaê Guajajara - Filha da Terra [2]

 

 

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

[1] Ladeiras. Intérprete e compositor: Alceu Valença. In: Maracatus, Batuques e Ladeiras. Intérprete: Alceu Valença. BMG Ariola, 1994. 1 CD, faixa 10 (4min18)

 

[2] Filha da Terra. Intérprete: Kaê Guajajara ft mulheres Guajajara. Compositora: Kaê Guajajara. In Kwarahy Tazyr. Intérprete: Kaê Guajajara ft mulheres Guajajara. Azuruhu. 2021. Faixa 7(3min01)


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Comentários para 6 - DIVISIO:
Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 19/01/2025

O jeito que Yara se expressa, quando está sendo tentada, é muito engraçado kkkk ô glória, aleluia!

É triste ela ter sido jogada ao vento mais uma vez. Mas não me surpreendo!

Ela em Salvador, militando no Centro da Cidade e, se "perdendo" na Feira de São Joaquim. Achei o máximo!!!

Achei simbólico, também, já que Salvador foi a primeira Capital do Brasil e a Bahia o estado onde o Brasil foi "descoberto." Sendo Salvador a Capital que tem mais negros fora da África, e uma das cidades que possui mais indígenas. E a Bahia é o Estado com a segunda maior população dos Povos originários, no Brasil, após a Região Norte. Não tinha lugar melhor pra começar.


Solitudine

Solitudine Em: 19/01/2025 Autora da história
Boa noite!

Gostou das expressões yarescas? Ô Glória! kkkk

Ela estava em condição de grande vulnerabilidade social. Infelizmente, assim como tantos por aí, está sujeita a muita coisa ruim; inclusive aos caprichos de certas pessoas.

Eu fico felicíssima quando vocês percebem o subliminar caipiresco e você percebeu o despertar da luta na Bahia. Obrigada!!!!!!

Beijos,
Sol
Aliás, você vive em Salvador?



Minh@linda!

Minh@linda! Em: 19/01/2025
Sim, eu vivo em Salvador.



Solitudine

Solitudine Em: 20/01/2025 Autora da história
No dia em que eu me assumir, te procuro para tomarmos um sorvete de tapioca ao pôr do sol. E haja proseado!



Solitudine

Solitudine Em: 20/01/2025 Autora da história
Com todo respeito, é claro



Minh@linda!

Minh@linda! Em: 20/01/2025
Tá combinado!!!
E eu adoro uma resenha kkk


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PaudaFome
PaudaFome

Em: 28/06/2024

E foi assim que Yara virou militante. Amando e fiel na leitura!! 


Solitudine

Solitudine Em: 10/07/2024 Autora da história
Sim, assim nasceu a militante.

Fico feliz de te ver militando aqui com ela.

Beijos,
Sol


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Ontracksea
Ontracksea

Em: 16/01/2024

Elza é uma delícia de personagem mas estou amando tanto a Yara. Tive muita pena da Viviane apesar de tudo. Vidas muito duras....

Yara apresentada à política ou à política apresentando-se a ela. Show!!!

Alceu Valença e Kaê. Você é ótima de trilha sonora! Tem muito senso de oportunidade!


Solitudine

Solitudine Em: 16/01/2024 Autora da história
Olá querida!

Viviane também é muito sofrida e solitária. Fico feliz que as personagens lhe cativem e chamem atenção.

Sim, a política vem na vida de Yara a partir daqui e isso mudará tudo!

Obrigada!
Beijos,
Sol


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jake
jake

Em: 20/12/2023

Olá Sol fico feliz em saber que você leu e tbm respondeu os comentários, não deixando no vácuo. Bom Yara quanto mais foge mais tem mulher tentando acabar com a paz só tentação Oh Glória rsrsrs.Que bom que ela vai entrar pra POLITICA .JA LI MAIS VOLTEI A RELER PRA DEIXAR O COMENTÁRIO. PARABÉNS AUTORA AMO SUA ESCRITA. VC GANHOU UMA FÃ. OBRIGADA. 


Samirao

Samirao Em: 20/12/2023
Amiga favorita a caipira e as histórias que vc leu e gostou? Please! Antes de ir embora quero ver essa Solitudine brilhante como merece bjuss



Solitudine

Solitudine Em: 22/12/2023 Autora da história
Olá querida!

Eu sempre leio e respondo aos comentários, por mais que demore. Pode ter certeza que deixo ninguém no vácuo!

kkkk Você gosta das tentações que atormentam Yara? Ela é meio afogueada mesmo e vai botar fogo na política!

Obrigada por ler e reler e por vir aqui me deixar saber o que sente!
Agradeço por sua delicadeza!

Beijos,
Sol


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Femines666
Femines666

Em: 29/03/2023

A vida da Yara é muito dura. Ela é um retrato da causa indígena no Brasil. Feliz que alguém tenha chamado atenção pra isso. A causa negra também é dura mas tem mais visibilidade que a indígena. 

E a política vai entrar na vida da Yara. Que delícia! E os pensamentos dela? Fico rindo sozinha! Ela, Machado e Fernandão fazem cada uma que só me fazem rir! Seu senso de humor nas histórias é ótimo! Mas A Autora é insuperável! Kkkk

Tuas músicas são maravilhosas. Caçando tudo pro meu Spotify kkk

 


Solitudine

Solitudine Em: 29/03/2023 Autora da história
Exatamente! A questão indígena praticamente não acontece nos contos. Tentei trazer um pouco dela para cá, sem a densidade que o assunto merecia, mas a ideia era despertar para o tema e dar, humildemente, mais visibilidade para ele.
Sim, a política pela visão da esquerda vai entrar na vida de nossa querida Yara.
kkkkk Que bom que a caipira te diverte e que a trilha sonora encontra ecos nas suas preferências!
Continue lendo e comentando! Por estes dias estou podendo responder à noitinha.
Beijos,
Sol


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mtereza
mtereza

Em: 30/12/2022

Poxa Sol a Yara só faz sofrer que dó dela parece que atrai pessoas mesquinhas e falsas


Resposta do autor:

Yara e Elza, principalmente a primeira, enfrentaram muitos percalços no começo de suas respectivas trajetórias. 

Lembra de Zinara, do Tao? Yara nos mostra que não é preciso guerras; existem Zinaras no Brasil. Infelizmente, muitas!

Beijos,

Sol

Responder

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NeyK
NeyK

Em: 24/12/2022

Porra, essa menina n tem um min de paz, só gente hipócrita e coração cheio de rancor, ainda bem bem q sempre tem uma alma gentil. Na expectativa de dias melhores pq tá barril pro lado da Yara.


Resposta do autor:

Ney!!!

Yara passou por muitas situações duras que a forjaram na mulher que se transformou. Também existem Zinaras no Brasil...

Não suma e volte para me deixar saber o que está achando, está bem? ;)

Beijos,

Sol

Responder

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Joabreu
Joabreu

Em: 20/12/2022

Boa tarde,

Quando eu não espero mais me surpreender... meu, as frases da Yara são chicletinho na cabeça oh, glória, quanta aleluia! Lol okidoki

BBS

Jo Abreu {}


Resposta do autor:

Vixi, tudo veio em dobro! rs

Beijos em dobro,

Sol

PS: ainda não entendi o que seria {}

Responder

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Joabreu
Joabreu

Em: 20/12/2022

Boa tarde,

Quando eu não espero mais me surpreender... meu, as frases da Yara são chicletinho na cabeça oh, glória, quanta aleluia! Lol okidoki

BBS

Jo Abreu {}


Resposta do autor:

kkkkk Grudou o chicletinho?

Sabe que até eu tenho dito frases yarescas nos últimos tempos? rs

Fico feliz em ver essa empolgação. Obrigada!

Beijos,

Sol

Responder

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Samirao
Samirao

Em: 24/10/2022

Coisitha final deixa eu criar um Mail Solitudine???? Olha teus zaps...


Resposta do autor:

Olhei os zaps. Mas e-mail novo, quero não. Obrigada! rs

Responder

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Zaha
Zaha

Em: 24/10/2022

Boa tarde,

Resolvi ler logo

Bem, capítulo interessante, Yara tem me surpreendido, apesar das tentacoes e roubadas que se meteu. Parece que a cada dia tá encontrando seu caminho. Que bom que encontrou Natália, agora ela tracara uma nova vida, conhecerá pessoas e terá um objetivo, uma causa pela qual lutar. Assim como a Fenix, ela possui uma forca incrível e o ser humano tem um grande poder de tranformacao, um renascer. Agora vem um novo ciclo, nova etapa...enfim!

Até o cap 7....

Bjos

 

 


Resposta do autor:

Lailesca principesca, que diferença de comentário de um para o outro! rs

Yara está vivendo o que pode, dentro de sua condição de vulnerabilidade. Ela não necessariamente faz o que deseja mas o que consegue. Vejamos como será esta nova fase, agora fora dos ambientes religiosos. E as tentações, bem, ela sempre se sente tentada! Vejamos como será agora! rs

Esta indígena é uma sobrevivente e sobreviventes são assim: ou renascem ou permanecem reféns da morte. Não tem muito um meio termo.

Beijos caipirescos,

Sol

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kasvattaja Forty-Nine
kasvattaja Forty-Nine

Em: 23/10/2022

Querida Autora: Fênix, Partido, Divisão, não necessariamente nessa ordem. Apesar de Partido pode representar partes de algo — ou de um todo —, prefiro a Divisão já que ela pode traça o limite, uma demarcação. Então, nossa menina — a partir desse momento — está traçando o limite de quem foi e o de quem poderá ser: Fênix.

Prevejo algumas autoimolações!

E aproveitado o final do capítulo, o ônibus, Alceu Valença e Fênix...

''Pela sua cabeleira vermelha

Pelos raios desse sol lilás

Pelo fogo do seu corpo centelha

Pelos raios desse sol

 

Apenas apanhei, na beira-mar

Um táxi pra estação lunar

Apenas apanhei, na beira-mar

Um táxi pra estação lunar

 

Que bela linda criatura, bonita

Nem menina nem mulher

Tem espelho no seu rosto de neve

Nem menina nem mulher

 

Apenas apanhei, na beira-mar

Um táxi pra estação lunar

Apenas apanhei, na beira-mar

Um táxi pra estação lunar''

 

Compositores: Jose Ramalho Neto/Alceu Paiva Valença/Geraldo Azevedo De Amorim. Letra de Taxi Lunar © Avohai Produtora E Editora Musical Ltda.

Segue o link:

https://www.youtube.com/watch?v=K6idL-wqycY

 

É isso!

 

Post Scriptum:

 

''Se se construísse a casa da felicidade, a maior divisão seria a sala de espera. ''

Pierre-Jules Renard,

Escritor.


Resposta do autor:

Queridíssima Kasvattaja!

Você está cada vez me surpreendendo mais! Perceber o vínculo entre Divisio, partido e fênix foi uma grande sacada. Só faltou citar a summa divisio, do Direito, como a ponte que comunica os dois primeiros, de uma forma ou de outra; os limites entre o público e o privado, um partido que apela ao comunismo, estas coisas... Yara começa, neste momento, a flertar com a luta que a escolheu mas que ela ainda precisa escolher também.

Pode dizer que esta caipira é pretensiosa! rs Talvez seja mesmo. Porém adoro estes "enigmas" que você tem percebido muito bem.

Sua escolha pela divisio foi bem alinhada! Concordo completamente. rs

Zé Ramalho: adoro! O Grande Encontro, em suas duas partes, e o CD duplo que nosso querido Zé lançou naquela mesma época foi a trilha sonora de uma fase belíssima de minha vida.

Aguardo vê-la novamente nos próximos capítulos.

Com todo respeito, não é uma cantada, não se assuste, mas você me encanta!

Beijos,

Sol

 

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Seyyed
Seyyed

Em: 22/10/2022

Cararra! Esses padres também são foda! Na hora do vamos ver tiram o corpo fora pra não se comprometer puta merda! O problema é que Yara sempre se mete no caminho de mulheres canalhas e hipócritas primeiro foi a santinha que trepava com a outra usando brinquedinho e agora a professora que queria pegar a aluna gostosa e tratou de tirar Yara do caminho... pior que essas portas acontecem! Isso é que é uma merda! Yara também não tem família, não tem grana tem nada ela depende dos outros é de menor... foda cara

Mas eu amo os pensamentos dela! Hahaha fico só dando risada. Tô esperando o próximo 


Resposta do autor:

Olá querida!

Muitas pessoas, muitas MESMO, são fofinhas mas na hora que o calo aperta, pulam fora. É o mais cômodo. Especialmente se a vítima da história for alguém "descamisada" feito Yara. O que ela tem? Quem ela tem por si? É Deus, ela e vida que segue.

Exatamente, ela se meteu no caminho de mulheres perigosas e pagou o preço. E sendo o elo mais fraco da corrente...

kkkk Gosta dos pensamentos dela? Não se pode negar que a bichinha foge das tentações! kkk

Beijos,

Sol

PS: Respondi tudo lá em A Autora

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Lea
Lea

Em: 21/10/2022

Adoro um capítulo enorme, assim!

*

Me desidratou esse capítulo.

Yara sofre muito!

 


Resposta do autor:

Olá querida!

Que bom que você gosta dos capítulos caipirescos! rs

Sim, ela sofre. E olha que eu nem estou indo à fundo da questão indígena no Brasil. Do contrário, você ficaria ainda mais emocionada.

Mas, vamos continuar seguindo a trajetória destas duas. Obrigada por vir conosco.

Beijos,

Sol

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Samirao
Samirao

Em: 21/10/2022

Amoreeee que CAPS foi esse? Huahuahua me diverti com Yara e suas tentações. Aleluia né amiga? Huahuahua ela me lembra uma certa caipira safada que eu conheço. Põe um Samirão  na vida dela que a bichinha toma jeito 

A hipocrisia é uma merda. Yara sofre por conta disso. Mas ela é boa torço muito. Vai virar comunaaa! Huahua bjuss


Resposta do autor:

kkkk Eu sabia que estas partes iam te divertir!

Yara te lembra uma caipira? kkkk Bem, nessa fase da vida ela ainda não está preparada para um Samirão. Tem que ter uma bagagem antes! rs

Verdade. Outra moça disse isso aqui e é exatamente como penso.

Ela vai virar comuna? Vamos ver! rs

Beijos, querida!

Sol

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Dandara091
Dandara091

Em: 21/10/2022

A hipocrisia é a raiz de todos os males. Força Yara!

#hipocrisianosgoverna


Resposta do autor:

Olá querida!

Verdade, ela sofre muito as consequências de vivermos numa sociedade que se esconde atrás da hipocrisia.

Beijos,

Sol

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 21/10/2022

Eita Yara tu é azarada viu.


Resposta do autor:

kkkk Você foi sucinta e me divertiu. 

Olá querida!

Yara cruzou o caminho de mulheres que ela incomodou de uma forma ou de outra, e sendo vulnerável, fica muito à mercê da maldade e da bondade alheia.

Mas, vendo sob outro ponto de vista, sempre que uma porta se fecha para ela, outra se abre. Então, no contexto no qual ela vive, nessa hora é a sorte. rs

Obrigada por estar acompanhando!

Beijos,

Sol

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Irina
Irina

Em: 21/10/2022

Kotinha!

Apiedo-me de Yara com sua trajetória sempre incerta e  a depender da comiseração alheia. O modo como tens exposto o que é a vulnerabilidade me toca, pois não somente os moradores de rua vivem a padecer deste tormento. 

Ponho-me a rir, no entanto, com vossas brincadeiras. Emocionas-me e diverte-me na medida exata.

Belo capítulo. Continuo a acompanhar ansiosa.

 

Irina


Resposta do autor:

Ola querida!

Fico feliz com sua presença constante no acompanhamento deste conto. Gosto de ler suas considerações sempre tão eruditas e gentis.

Sim, sem me aprofundar muito, Yara é uma tentativa minha de mostrar essa vulnerabilidade que maltrata não só os pobres moradores de rua.

Fico feliz também em saber que te divirto! rs

Beijos, 

Sol

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Mille
Mille

Em: 21/10/2022

Oi Sol 

Yara ganhando novos caminhos e espero que essa missão delas seja algo.que a faca bem e feliz. 

Essa Clea é uma cadela igual a irmã que fez a armadilha pra Yara. 

E é cada tentação para bichinha kkkkkk

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

Olá querida!

Yara está sempre sendo levada, de uma forma ou de outra, para outros caminhos. Vamos ver agora que ela sai do meio religioso para o meio partidário como a coisa se dará.

Sobre Clea, só posso concordar com você! rs

E põe tentação nisso! kkkk

Beijos querida, e obrigada por sempre vir!

Sol

PS: Deixe te perguntar, por curiosidade, você já teve coragem de ler Sob o Encanto de Maya e Em Busca do Tao?

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