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Tempus Agendi - Tempo de Agir por Solitudine

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Palavras: 9854
Acessos: 12482   |  Postado em: 16/10/2022

ILLUSIO

 

São José dos Campos, estado de São Paulo

 

Elza e a família almoçavam na casa de Goulart e Graça.

 

--Adorei tudo! – a jovem comentou ao terminar – Ninguém faz comida tão bem quanto a senhora, tia Graça! – elogiou – E olha que a tia da Alê também é fera! – sorria

 

--Obrigada, meu bem. – respondeu igualmente sorrindo – “Ela tá tão diferente... mais segura, mais falante... Será que tá namorando alguém?” – pensava intrigada

 

--Senhora, -- Machado olhou para a mulher -- faço minhas as palavras do meu doce rebentinho! Refeição deveras soberba! – elogiou

 

--Minha esposa é excelente em tudo que faz. – Gourlart concordou gentilmente – Mas... – olhou para Elza – Falando na família dessa sua amiga Alê... – pensava em como iniciar o assunto – Deduzo que essas pessoas sejam as responsáveis por... – gesticulou brevemente – Toda essa sua mudança de visual. – concluiu

 

“Sinto que lá vem sermão...” – pensou receosa --Sim e eu gostei muito! – respondeu convicta – Já não aguentava mais ser humilhada por causa do meu cabelo duro, da minha aparência e agora ninguém mais zomba de mim! – olhava para os demais – Hoje eu me sinto muito bem! – dizia a verdade

 

--E... não haveria também um namoradinho pra deixar você assim tão bem? – Graça arriscou

 

Ficou envergonhada. – Não, tia. Eu não tenho namorado e nem penso em ter. – respondeu de modo convincente – “Mas namorada eu tenho e adoro!” – pensou satisfeita

 

Goulart não sabia o que dizer. – Claro que nós queremos que você se sinta bem, mas... – pausou brevemente – Querida, você simplesmente gastou todo dinheiro que deveria durar um mês! – olhava para a jovem – E esse negócio de alisar cabelo tem que fazer sempre e mais unhas, maquiagem, roupa nova... Essas coisas custam dinheiro...

 

--Decerto! – Machado concordou com o amigo – E apesar da honra de servir a nossa amada Aeronáutica, meu soldo de sargento não permite que haja sobra nem míngua. – olhou para a filha – Temo não poder manter vosso novo padrão ao longo dos quatro anos de curso técnico, Elzinha.

 

Não gostou do que estava ouvindo. -- Mas não tem por que ficar preocupado, gente! – a jovem respondeu de pronto – Tudo bem que eu comprei umas roupas novas só que não vou fazer isso toda semana. Também aprendi a me maquiar e ganhei um estojo, não preciso pagar ninguém. – tentava convencê-los de que não havia problema – E o cabelo e as unhas... – gesticulou brevemente -- Ah, a tia da Alê é cabeleireira, sabe fazer unha, e ela falou que faz tudo bem baratinho. Ela me entende por que também sofreu na pele o mesmo que eu! – argumentava – Ela até me falou que era da minha idade nos tempos da ditadura e disse que passou por cada coisa inacreditável! Tudo por ser preta!

 

--Ditadura?? – Goulart retrucou de cara feia – A única ditadura que houve nesse país foi a de Getúlio Vargas e eu não acredito que ela fosse jovem naquele tempo! – rebateu – Ou ela é uma senhora de quase 70 anos? – perguntou descrente

 

--Ditadura militar, tio. Depois do golpe de 64! – esclareceu estranhando o que ouviu

 

--Golpe, não! Contragolpe! – retrucou novamente com o dedo em riste – Se os militares não tivessem tomado as rédeas da nação naquela época os rebeldes teriam feito desse país uma república soviética nas Américas ou uma bagunça comunista à exemplo de Cuba! – estava revoltado – Além do mais, se ela passou por poucas e boas é porque andava em más companhias ou andou fazendo o que não devia!

 

Ficou pasma com aquela reação. – Tio, o que ela falou tá em todos os livros de história! A gente inclusive aprendeu isso nas aulas de história do Brasil!

 

--Nem sempre os livros mostram a verdade, Elzinha. – Machado observou seriamente

 

“Como se meu pai entendesse de alguma coisa!” – pensou contrariada

 

--Gente, olha... – Graça tentou suavizar o clima

 

--Eu não tô gostando de ver você no meio dessas pessoas! – Goulart interrompeu a fala da esposa – Primeiro foi aquilo de saber que Auxiliadora vive batendo perna dia e noite na rua e ainda mora com uma enteada que ninguém sabe da onde veio! – olhava para a jovem de cara feia – Será que essa moça é boa companhia?

 

“Ele nem conhece e fica julgando!” – Elza pensou revoltada

 

--E agora é essa Alê e a tia fazendo você querer viver um padrão que não cabe na realidade do seu pai e virando a sua cabeça com ideias comunistas! – estava insatisfeito – Aposto que Auxiliadora e a enteada dela viram tudo isso acontecendo e simplesmente ignoraram! Se eu estivesse lá, mocinha, nada disso teria acontecido porque...

 

--PORQUE O SENHOR É BRANCO! – interrompeu o homem falando mais alto – E NUNCA VAI SABER O QUE É SER HUMILHADA NOITE E DIA POR SER PRETA, POR TER O CABELO DURO, POR TER OS LÁBIOS GROSSOS, POR SIMPLESMENTE EXISTIR!! – desabafou contendo o choro

 

Todos ficaram surpresos com aquela reação. Goulart e Graça arregalaram os olhos.

 

--Mas, querida... – Machado ficou extremamente constrangido – Também sou negro como a noite e...

 

--E É HOMEM! – interrompeu a fala do pai também – NÃO TEM A OBRIGAÇÃO DE SER BONITO, PERFEITO E ESTETICAMENTE ACEITÁVEL O TEMPO INTEIRO! – derramou uma lágrima e buscou se controlar – Na opinião de vocês ninguém presta pra se dar comigo! Vocês condenam justamente as pessoas que desde o começo me aceitaram como sou...

 

--Mas nós também te aceitamos, querida! – Graça discordava – Como pode achar que não?

 

--Aceitam, mas desde que eu seja do jeitinho que todo mundo acha que tem que ser... mesmo que isso acabe comigo! – secou os olhos com as mãos e se levantou – Eu vou embora! – preparou-se para sair

 

--Elzinha?! – Machado levantou-se de um pulo – Não podeis agir de tal modo! – alertou assustado – Outrossim, cabe apenas ao mais antigo o retirar-se da mesa em primazia! – referia-se à patente do amigo

 

--Eu não tô num quartel, pai. – respondeu de cara feia – Desculpem, mas pra mim já deu! – seguiu até a porta, abriu-a e foi embora

 

--Permissão para me retirar, senhor! – Machado prestou uma continência rápida e correu atrás da filha – ELZA MACHADO, VOLTE AQUI! – saiu da casa – VOLTE, MENINA, ISSO É UMA ORDEM! – gritava pela vila

 

--O que foi tudo isso, Graça? – Goulart perguntou com lágrimas nos olhos – Nossa garotinha gritando conosco, fazendo rebeldias, indo embora assim...

 

--Elza não é mais uma garotinha, meu bem. – segurou a mão dele – E se não quisermos perde-la, vamos ter que aprender a lidar com isso. – olhava ternamente para o marido

 

***

 

--E foi assim, amiga... – Elza conversava com Alessandra – Depois que saí, meu pai veio me passando carão na rua, aí me tranquei no quarto quando chegamos em casa e fiquei contando as horas pra voltar pra São Paulo. – olhava para a amiga – Dessa vez nem tia Gracinha nem tio Goulart foram na rodoviária com a gente. Devem ter ficados magoados, mas... – fez um gesto breve – Falei o que tinha que falar! Chega de viver guardando as coisas pra mim e nunca dizer o que sinto!

 

--É, o negócio foi pesado... – considerou balançando a cabeça – Eu sabia que eles iam ficar bolados mas não imaginei que entrasse até nessa coisa de ideias comunistas! – riu brevemente – Me perdoa rir, amiga, mas tia Malu nunca foi politizada! Duvido que ela sequer saiba quem foi Marx ou entenda de comunismo! -- riu

 

--Pra você ver... – abaixou a cabeça

 

--Mas deixa que a poeira vai baixar! – tentava fazê-la se sentir melhor – Família tem dessas coisas mesmo. – considerou – E além do mais, a senhora ainda nem me contou o que foi que rolou na tal excursão! – queria saber – Algo que me diz que algumas boquinhas andaram beijando por aí! – brincou sorridente

 

--Verdade... – levantou a cabeça timidamente – Eu... tô namorando. – sorriu

 

--O QUE?? – perguntou assanhada – Ai, mas me conta TUDO! – levantou-se do banquinho – Quem é ele, como ele é, onde mora, quantos anos tem, faz o que??? – estava indócil – E beija bem?? – olhava para a outra

 

--Muito! – levantou-se também – Beija muito bem! – passou a mão nos cabelos – E é só isso que eu vou te contar. – pegou a mochila – Vamos pra aula que a hora do recreio acabou. – olhou para o relógio

 

--Como assim?? – não acreditava – Você viaja às escondidas, se pega com um carinha, beija muito e eu fico aqui sem saber de nada? – reclamou – Olha que eu sempre te conto dos meus rolos! Sacanagem!

 

--Um dia te conto. – respondeu brincalhona – Agora vamos! Hoje você sabe que é dia de experimento valendo nota! – começou a andar – E professor Cunha não espera aluno chegar! -- advertiu

 

--Puta merd*! – franziu o cenho – Você já gosta de fazer um mistério, né? – caminhava ao lado da amiga

 

“Ai, se eu tivesse coragem de te contar, Alê...” – pensou – “Mas ainda não sei se posso ou devo.”

 

***

 

Elza e Carla curtiam um gostoso amasso na cama da morena.

 

--Você me deixa louca, sabia? – Carla sussurrou no ouvido – Gostosa... – apertou a coxa da outra com força

 

--Ai... – beijou-a – Não começa assim, tá? – pediu dengosa – Safadinha! – beijou-a mais uma vez

 

--Eu não... tenho... culpa... – respondeu entre beijos

 

Um barulho inesperado assustou a jovem negra. – Meu Deus! – desvencilhou-se da namorada com medo – Tia Auxiliadora? – levantou-se da cama de um pulo – A gente tá aqui! – ajeitava a camisola

 

Carla riu gostosamente. – Relaxa, bobinha! – sentou-se – Esse barulho veio da rua. – olhava para a outra – Tia Auxiliadora tá no bingo. Nem tão cedo ela chega. – tentava tranquilizá-la

 

--Uff! – sentou-se também – Que susto! – riu brevemente – Neurótica eu, né? – abaixou a cabeça

 

--Normal. – aproximou-se da namorada e se sentou de frente para ela – Olha só... – segurou uma das mãos dela – As férias do meio do ano vêm aí... – sorria – Viaja comigo pro retiro religioso de inverno? – propôs – Seria o máximo! – beijou-a

 

--Ah... – sentiu o coração acelerar – E eu diria o que lá em casa? O clima já anda tão ruim...

 

--Você não inventou uma historinha pra viajar com o grupo jovem pra Praia Grande? – lembrava – Pensa direitinho e inventa outra, ué! – propôs – E se eu pedir, tia Auxiliadora te dá a permissão e nem abre o bico pro teu pessoal! -- sorria

 

“Mas isso não é certo...” – Elza pensava – “Só que eu queria tanto ir...” – suspirou sem saber o que fazer

 

***

 

--Essas suas férias duraram tão pouco! – Graça lamentava – Mal chegou e já vai embora! – olhava para a jovem com tristeza

 

--É verdade... mal pude sentir vossa presença de volta ao lar! – Machado concordava pesaroso – Mas, se o dever a chama, atende ao apelo desta instituição do saber que vos invoca! – referia-se à Escola da filha – Segue adiante, Elza Machado! – olhava para o infinito – E trilhe a senda do conhecimento rumo aos céus da nação! – pensava na filha usando o uniforme militar no futuro

 

Elza não sabia o que dizer. Sentia-se constrangida por estar mentindo.

 

“Ela está triste porque ficou aqui por pouco tempo...” – Goulart prestava atenção na jovem – Seu pai tem razão, querida. – falava com mansidão – Se o dever a chama você deve atende-lo. Estaremos aqui, de qualquer forma. – sorria

 

--Eu queria que vocês soubessem que... – mal conseguia encará-los – Apesar daquilo que aconteceu naquele dia, -- referia-se à discussão na casa dos tios – eu amo muito vocês! – olhava para Graça e Goulart – E queria que entendessem que é importante pra mim me sentir bem comigo mesma e não ser motivo de chacota pra ninguém...

 

--Nós nunca conversamos sobre o que aconteceu naquele dia mas nada mudou em nosso coração, meu bem! – Graça dizia a verdade – Você continua sendo nosso amorzinho! – sorriu

 

--E a filha que não tivemos! – Goulart complementou carinhoso

 

Elza se abraçou com os dois ao mesmo tempo e fechou os olhos emocionada. “Perdoem porque tô mentindo agora, mas vocês nunca me deixariam passar uma semana no retiro com o amor da minha vida!” – pensava – “Não tem nada demais que eu viaje com ela, mas vocês nunca entenderiam...” – derramou uma lágrima

 

Machado observava a inteiração da filha com o casal de amigos e por um momento sentiu uma pontinha de dor. “Mas é claro que ela também me ama!” – ajeitou-se todo – “Elzinha apenas se desculpa com eles por conta do ocorrido naquela tarde fagueira, depois de uma sexta-feira, diante dos comensais!” -- pensava

 

***

 

Carla e Elza apreciavam de mãos dadas a bela vista do Vale do Paraíba a partir do mirante de Nossa Senhora Auxiliadora, em Santo Antônio do Pinhal. O grupo de jovens da igreja da morena fazia acampamento em um pequeno vilarejo próximo, onde casinhas bem antigas abrigavam os trabalhadores da estrada de ferro local.

 

--Eu nem acredito que você tá aqui! – olhava extasiada para a namorada – Cheguei a pensar que só te veria no fim das férias. – sorria – Mesmo que tenha chegado depois de todo mundo, o importante é que cê veio!

 

Sorriu em retribuição. – Eu não podia passar as férias todas no retiro, não teria como justificar isso. – olhava para a morena – Então enganei que minhas férias duravam só uma semana... – pausou brevemente – E aí, teremos essa semana juntas...

 

--Sim. – virou-se de frente para a negra – E eu não poderia ter recebido presente melhor! – beijou-a

 

--Menina! – afastou-se rapidamente – Alguém pode ver a gente! – falava com medo

 

Riu brevemente. – Ninguém vai ver nada. – segurou-a pelo rosto e a beijou ternamente

 

--Ai... – suspirou apaixonada ao final do beijo – É melhor a gente parar de se arriscar. – abaixou a cabeça envergonhada

 

--Você continua tão tímida em certas horas... – achava engraçadinho – Mas, tudo bem. – acariciava o rosto da outra – Na quinta à noite o pessoal do grupo sobe o morro pra vigília, a gente vem junto, só que vai descer mais cedo e voltar pra nossa barraca. – contava os planos – Teremos a madrugada inteira pra se curtir bastante! – falava com voz hipnótica -- De um jeito como não fizemos até agora... – pensava em sex*

 

Elza entendeu o que a namorada esperava dela e se sentiu insegura. – Mas... – afastou-se um pouco e andou em círculos – Isso é errado assim, desse jeito... – olhou brevemente para Carla – Estamos num retiro religioso, o pessoal veio pra rezar, fazer vigília, essas coisas... Não pode a gente se afastar e ir pra barraca pra... – não sabia como falar – Ai, amor, eu não sei se tô preparada pra isso! – assumiu agoniada

 

--Ah, meu bem, para com isso! – retrucou mansamente – Que uma garota fique nessa insegurança com um cara é compreensível, porque pode engravidar e tal, mas não tem risco nenhum no nosso caso! – tentava convencê-la – Poxa, a gente namora e você mal me deixa te tocar direito! – reclamava com jeito – E sequer me toca também, embora eu não proíba!

 

--Eu... – olhou novamente para a paisagem – Ai, Carla, não me pressiona assim... – pediu humildemente

 

--Pressionar? E eu te pressiono, Elza? – tentava disfarçar a contrariedade – A gente namora igual criancinha e eu aceito de boa, mas poxa... – gesticulou – Tamos num lugar bonito, inspirador, por que não ter nossa primeira noite nesse clima? – insistia – E você acha que o pessoal aqui é santo? Para com isso! – fez um gesto despreocupado – Acho que os únicos virgens desse lugar são você, os dois seminaristas e padre Leon. – reconsiderou – Isso se eles são, não ponho a mão no fogo!

 

--Você minimiza tudo! – cruzou os braços contrariada

 

--Minimizo? – discordou – O que eu quero é uma prova de amor que você nunca me dá! – retrucou

 

--O que?? – perguntou chateada – Mais do que já dei? – olhou para a outra – Eu menti duas vezes pras pessoas mais importantes da minha vida só pra ficar com você!

 

Riu brevemente. – E isso é prova de amor? – balançou a cabeça negativamente – Quem não mente, Elza? Faça-me o favor! – revirou os olhos

 

--Eu nunca havia feito isso e pra mim não foi fácil e nem uma coisa qualquer! – respondeu magoada – Mas você não dá valor...

 

Deu um suspiro profundo. – Vamos voltar pro acampamento? – propôs chateada – Daqui a pouco as atividades recomeçam. – lembrou

 

Suspirou também. -- Vamos. – preparou-se para descer

 

--Vem. – Carla chamou com um aceno e seguiu caminhando

 

“Eu morro de vontade mas ao mesmo tempo dá um medo!” – pensava enquanto caminhavam – “Imagina se chegar alguém na hora e pegar a gente no flagra ou desconfiar do que tá acontecendo?” – pensava na situação – “Vai ser um escândalo tão grande!” – morria de medo – “Nem sei o que seria de mim...”

 

***

 

No final da tarde da quinta-feira o grupo jovem se preparava para a vigília. Padre Leon e os seminaristas haviam instruído a todos sobre como seria. Enquanto estavam nos preparativos, os integrantes do retiro cantavam animadamente.

 

--O vinho e pão que nós trazemos, falam do amor de quem constrói a vida! – o grupo entoava – Vem sustentar, oh, Pai, teu reino, que a tua voz no mundo inteiro seja ouvida...

 

--Pensa no que eu falei! – Carla cochichou para namorada – Vou escolher um lugar bem afastado pra gente ficar lá em cima. – reparava para ver se alguém prestava atenção -- Quando der meia noite a gente desce. – orientou – Primeiro você, depois eu. – afastou-se – O vinho e pão, que nós trazemos, – voltou a cantar em voz alta – falam do amor de quem constrói a vida...

 

“Ai, meu Deus, e agora?” – Elza pensava aflita – “Vou ou não vou?” – não sabia o que fazer

 

***

 

Machado recebera a notícia de que estaria de serviço na sexta-feira devido a uma inesperada mudança na escala do quartel. Com isso ficou preocupado, pois imaginava que Elza voltaria para casa e não haveria quem a recebesse na rodoviária. Goulart também estaria de serviço na sexta e Graça havia ido para Caçapava logo pela manhã para ajudar a esposa de um amigo do marido, que estava adoecida; voltaria apenas no sábado. Pediu ajuda a cabo Fernandão, que desejava saber exatamente a que horas a jovem chegaria para poder se organizar. A mulher tinha alguns assuntos particulares para resolver e não dispunha de muito tempo livre na sexta.

 

Diante de tudo isso, o homem decidiu ligar para a casa de Auxiliadora para conversar diretamente com sua filha.

 

--Não gosto de importunar discando para residência alheia mas o momento exige! – falava consigo mesmo enquanto discava o número – Elzinha não pode chegar à noite na rodoviária da cidade sem ter vivalma que a receba e proteja! – aguardava ser atendido – O mundo anda deveras perigoso!

 

Enquanto isso, em São Paulo, Auxiliadora chegava em casa trocando as pernas. Havia passado o dia em um churrasco no clube de sinuca e bebera um pouco demais. Ouvindo o telefone tocar, atendera um tanto atordoada. – Alô? – falava com a língua embolada – Desembucha logo antes que eu desmaie! – deu uma risada

 

--Oh! – ficou surpreso – Residência da senhora Maria Auxiliadora? – perguntou formal

 

--Ih... não me chama de Maria que eu não gosto! – soluçou – Qual é a sua, o que tu quer? – encostou-se na parede para não cair – “Eu hein, as poltronas tão andando sozinhas...” – pensou abestalhada

 

“Meu Deus, a mulher se encontra completamente ébria!” – pensou preocupado – Aqui é Sérgio Machado, genitor da Elza Machado. – identificou-se – Poderias chamar meu rebento, por obséquio? – pediu

 

--Obséquio? E eu lá tenho isso? Além do mais arrebentou-se nada aqui! – não entendia – Mas ó! Elza tá aqui não... – gesticulava para ninguém – E eu acho que ela só volta no domingo... ou no sábado, nem sei! – pausou brevemente – Que dia é hoje? – não sabia – Já chegou natal?

 

--Só volta da onde?? – alarmou-se – Ela não habita vossa residência neste momento? – não entendia – Minha senhora, por gentileza, explicai-vos!

 

--Ela tá com um monte de jovem láááá... em Santo Antônio do... Pinhal! – falava com dificuldade – Parece que tão tudo acampado ali, ali... – gesticulava -- Ali na vila perto do mirante da... santa... meu mirante do meu nome! – andou um pouco e caiu sobre o sofá – Ui! – soltou o fone e ajeitou-se no sofá – Tá fofinho aqui... – fechou os olhos

 

--Mas como?? Que história é esta?? – arregalou os olhos – Senhora?? Senhora??– não ouviu mais resposta – Não pode ser! – desligou o telefone – Tenho que resgatar meu rebentinho agora mesmo! – começou a discar para outro número

 

--Alô? – uma mulher atendeu do outro lado

 

--Cabo Fernandão, sentido! – deu voz de comando

 

--Sim senhor, sargento! – ficou em posição

 

--Preparai-vos! – ordenou – Uma missão urgente clama por nós!

 

--Meu Deus! – surpreendeu-se – E o que houve, sargento? – não entendia

 

---Guarnecei vossa farda e arrumai vossos pertences! – continuava ordenando – Vamos para Santo Antônio do Pinhal agora!

 

***

 

--Eu não disse que ninguém ia notar? – Carla comentou sorrindo ao entrarem na barraca de camping – Tudo correu perfeitamente bem! – olhava para a namorada – Agora somos só você, -- beijou-a – eu – beijou-a mais uma vez – e esta natureza linda como testemunha! – beijou-a – A luz da lua nos abençoa...

 

“Ai...” – suspirou com o coração acelerado

 

--Pense em nada, meu amor. – beijou-a mais uma vez – E confie em mim, porque eu te amo! – segurou-a pelo rosto e beijou-a com paixão

 

“Ai...” – sentiu o corpo arder de desejo

 

Beijos e carícias prosseguiam progressivamente mais intensos até que Carla começou lentamente a despir a namorada. – Não tenha... medo... – sussurrava entre beijos – Apenas se entregue... – beijou-a

 

“Se ela soubesse como eu tô entregue!” – pensou excitada ao ter sua blusa removida pela morena – Ah! – gem*u ao sentir os lábios dela beijando seu colo

 

--Cuidado, sargento! – Fernandão pedia apavorada – A gente pode se estabecar a qualquer momento desse jeito! – advertiu

 

--Avante, cabo Fernandão! – o homem bradou em voz alta – Temos um resgate pela frente! – mirava a estrada diante de si com atenção máxima

 

Machado e Fernandão seguiam, cada um em uma moto, rumo ao local onde imaginavam que Elza estaria de acordo com o confuso relato de Auxiliadora.

 

Carla estava completamente despida e removia a última peça que faltava para deixar sua namorada nas mesmas condições. Enquanto tirava-lhe a calcinha, beijava e mordia a barriga da jovem negra.

 

--Ah... – gem*u nervosa e excitada ao perceber-se completamente nua

 

A morena ajoelhou-se diante da outra e contemplou-a com um olhar cheio de desejo. – Você é tão linda! – exclamou excitada – Linda! – deitou-se sobre ela – Quero você agora! – beijou-a com paixão

 

--Ah, também quero... – respondeu ofegante – Ai... – fechou os olhos deleitando-se em sensações até então desconhecidas – Vem! -- pediu

 

--Sargento, espere! – Fernandão desacelerou a moto – Veja ali! – apontou – Deve ser o tal mirante da santa! – concluiu – Acho que pegamos a entrada errada quando passamos no trevo! – olhou para o homem – Temos que voltar!

 

Desacelerou a moto também. -- Negativo! – discordou de pronto – Abreviemos o caminho! – manobrou para outra direção – Avante, cabo Fernandão! – ordenou – Apressai-vos! – gritou

 

--O que?? – arregalou os olhos ao perceber que o homem entrou com a moto no meio da mata – Sargento?? – seguia atrás – O senhor sabe aonde vai dar isso? – mal enxergava o caminho diante de si

 

--Pela estrada de ferro! – gritou – Avante! – acelerou a moto ao chegar no trecho da ferrovia

 

--Ai, minha Nossa Senhora! – Fernandão clamava apavorada

 

Carla deleitava-se com os seios da jovem, deixando suas mãos vagarem pelo corpo dela sem destino certo. Propositadamente evitava tocar-lhe o sex* para deixá-la ainda mais ansiosa por suas carícias.

 

--Ah!! – Elza gemia com os olhos fechados – “Ela é o máximo...” – pensava excitada – Eu quero você, amor! – pediu sôfrega – Dentro de mim...ah, ah... -- gemia

 

A morena sorriu e seguiu em direção ao sex* da namorada lentamente beijando, mordendo e sugando a pele sob seus lábios.

 

--AHAHAH!!! – Sérgio e Fernandão gritaram ao mesmo tempo quando as respectivas motos invadiram o vilarejo

 

--E agora? – Fernandão recuperava-se do susto – Pra onde vamos? – olhava para todos os lados – Esse lugar parece abandonado! – observou

 

--Barracas de camping à boreste! – apontou ajeitando-se na moto – Cabo Fernandão, avante, AHAHAH!! – ordenou– ELZA!!! – clamava pela filha – ELZA, OUVI O MEU CHAMADO! – gritava o mais alto que podia

 

Carla abriu lentamente as pernas da namorada e quando se preparava para tomar-lhe o sex*...

 

--ELZA MACHADOOOO!!!!!! – uma voz masculina se fez ouvir – ATENDEI AO MEU CLAMOR!

 

--PAI???– sentou-se apavorada

 

--O que?? – a morena não acreditava

 

--ELZA!!!! – gritava -- VOSSO PAI RESGATA-LA-Á!!

 

--Meu Deus! – começou a catar as roupas com pressa – Anda, Carla, se veste! – pediu – “Eu não acredito nisso!!” – fechou os olhos brevemente

 

“Puta que pariu!” – Carla pensou revoltada enquanto preparava-se para se vestir – “A porr* desse homem tinha que chegar justo agora?” – estava contrariada

 

Poucos minutos depois Elza saía correndo da barraca de camping a tempo de dar de cara com duas pessoas que chegavam de moto. “E ele ainda trouxe cabo Fernandão à tiracolo, não acredito!” – constatou envergonhada – “Que vexame, meu Deus!” – não conseguia encará-los

 

--Elza Machado, ordeno-vos uma explicação! – parou a moto e desembarcou dela – O que fazes aqui neste lugarejo iluminado apenas pela luz da lua? – olhava para todos os lados

 

--Não disseram que ela tava num grupo de jovens? – Fernandão também estranhava – Cadê todo mundo? – observou que haviam outras barracas de camping no local, mas todas aparentemente vazias

 

Nisso, Carla sai da barraca nitidamente constrangida. – Oi... – cumprimentou desconfiada – “Puta merd* e ainda vieram fardados!” – estranhou

 

--Elza, aguardo ouvir de vós o vosso relato! – Machado parou diante da filha em posição de sentido

 

--Ah... – não sabia nem por onde começar – A gente veio prum retiro religioso e... – estava nervosa – O pessoal tá no alto do morro numa vigília e...

 

--E Elza passou mal e viemos pra barraca pra ela descansar um pouco. – Carla tentava dar uma explicação convincente – A gente já tava pra dormir quando vocês chegaram... – sorriu envergonhada

 

“Sei não...” – Fernandão pensava desconfiada – “Sinto cheiro de sapatanice no ar...” – espremeu os olhinhos

 

***

 

Elza e o pai estavam na casa de Graça e Goulart. De cabeça baixa, a jovem ouvia o sermão do tio chorando silenciosamente. Sentia-se imensamente envergonhada por ter sido descoberta.

 

--Você nos decepcionou profundamente, Elza! – o militar falava com seriedade – Mentiu desavergonhadamente só para poder ficar uma semana com outros jovens em um retiro religioso sem sequer ser católica! E você nunca nem foi chegada a nada disso de religião! – sentia-se triste – Talvez por desejar namorar algum dos rapazes que lá estavam, não sei. Eu realmente não entendi por que você agiu assim! – tentava não ceder às lágrimas -- Sempre lhe foi dito que a confiança de alguém é o tesouro mais difícil de se conquistar e o mais fácil de se perder e você perdeu a confiança de todos nós! Posso lhe assegurar que vai demorar a recuperá-la novamente!

 

Machado derramou uma lágrima sentida. Graça secava os olhos com um lenço.

 

--Eu sabia, eu sentia, que sua estada na casa de uma irresponsável como Auxiliadora não daria em boa coisa! – continuava a falar – Da mesma forma aquela tal de Carla se mostrou a má companhia que imaginei que fosse!

 

“Ela não é má companhia...” – pensava entre lágrimas – “É o amor da minha vida...”

 

--Você não vai mais ficar na casa daquela mulher! – decidiu – Onde já se viu? Acobertar essa mentirada toda e ainda falar com seu pai completamente bêbada! – lembrava-se do relato do outro

 

--Ébria como um marsupial! – Machado observou

 

Elza ficou aflita e perguntou mal contendo o desespero. – E eu vou ficar aonde? – seus lábios tremiam – Não vou mais estudar no CEFET? – sentia medo – “Não, eles não podem fazer isso comigo!” – pensava

 

--Estudar você vai, só que não mais ficará naquele antro! E nem venha me pedir pra ficar na casa da tia comunista da sua amiga Alê! – afirmou com decisão – Vamos arrumar outro lugar para você morar e certamente sem as mesmas regalias que vinha tendo até então! – gesticulou brevemente – Você não se mostrou digna da liberdade que recebeu, então de agora em diante não mais a terá!

 

“E agora, meu Deus?” – pensava com tristeza – “Como farei pra ver minha Carlinha?” – não sabia o que fazer – “Ai, por que tinha que ser assim? Por que eu fui cair na asneira de mentir?” – fechou os olhos e chorou sentindo-se perdida

 

***

 

--E foi assim, amiga... – Elza contava o que se passara para Alessandra – Por um azar miserável meu pai descobriu tudo e foi horrível! – derramou uma lágrima – Agora tô vivendo na casa de uma filha de um amigo do tio Goulart e a mulher não me deixa arredar pé pra fazer quase nada! – contava a história – A tal da tenente Chiara é até muito educada, mas séria e fria como gelo!– revirou os olhos – Ela me marca direto!

 

--Gente... – Alessandra estava pasma – Nossa, isso tudo que você me contou é surreal! – balançou a cabeça contrariada – Também fiquei boba com a rapidez como sacaram essa tenente pra te dar um teto nessa cidade! – passou a mão nos cabelos – Você foi descoberta na quinta à noite e de lá pra cá aconteceu tudo isso! Nem parece que foi só um final de semana! – olhava para a outra – Sinto muito por tudo, amiga, mas sem querer dar uma santa pra cima de você, esse negócio de mandar kaô por causa de namorado é a maior roubada! – observou – Agora tua vida vai ser só estudar e olhe lá! Vamos ter rebol*r até pra você ir no salão retocar o cabelo de tempos em tempos!

 

--Eu sei, você tá certa, mas por amor a gente é capaz de cada burrada... – suspirou – O que mais me dói é ficar longe da... – interrompeu o que dizia – Da pessoa que amo. – consertou sua frase a tempo

 

--Você falou que seu pai e a outra maluca lá não desconfiaram de nada porque viram você sozinha com a Carla. – lembrava do que ouviu – E o namorado misterioso? Conseguiu fugir a tempo, é isso? – queria entender

 

--É... – abaixou a cabeça envergonhada

 

--Mas... antes da confusão que se formou tava rolando o que? – perguntou com um sorriso malicioso – Tavam se pegando na barraca de camping? – sorriu

 

--Na verdade... – perdeu-se em pensamentos – A gente tava prestes a fazer amor... – admitiu com um sorriso apaixonado

 

--O QUE?? – perguntou em estado de choque – Gentem, oh my God, that’s unbelievable! – bateu uma palma – Cara, nem eu que já peguei geral nunca cheguei nos finalmente e você já tava pra correr pro abraço, é isso mesmo? – perguntou empolgada

 

--Eu tô apaixonada, amiga! – afirmou convicta – Não era simplesmente correr pro abraço!

 

--E... – gesticulou – No final dessa merd* toda você continua virgem ou...?

 

--Continuo! – interrompeu a fala da outra

 

--Que merd*! – deu um soco no ar – Se era pra sofrer como você sofreu, pelo menos podia ter marcado um golzinho, né? – considerou – Teu pai também, parece que foi no cheiro!

 

“Sabe Deus quando vou conseguir ficar a sós com meu amor novamente...” – pensou entristecida – “Sabe Deus se ela vai me esperar até lá...” – sentia-se insegura

 

***

 

Elza estava na casa de Malu. Ela e Alessandra retocavam o alisamento dos cabelos.

 

--Fico feliz que você tenha conseguido vir! – a mulher falava enquanto aplicava o produto nas mechas – Olha só essa raiz, como tá grande! – observava

 

--Ah, tia, mas não tava dando, não! – respondeu chateada com a situação – Tive que implorar pra minha família deixar eu vir! – contava o que aconteceu – E tenente Chiara me trouxe até a porta da sua casa! Daqui a pouco ela tá aí, me esperando que nem uma guarda costas! – reclamou

 

--Misericórdia! – achava um absurdo – Mas, quem sou eu pra me meter em assunto de família? – considerou – O importante é que você veio e já vai ficar lindona de novo! – brincou

 

--A senhora pode fazer minhas unhas? – pediu envergonhada – Nunca mais fiz... – pausou brevemente – Quer dizer, se o dinheiro der, né? – lembrou-se do detalhe – “Meu pai agora regula tanto o dinheiro pra mim!” – pensou chateada

 

--Faço, menina, tem isso não! – respondeu bem humorada – Não se preocupa com isso de dinheiro!

 

--Graças a Deus, pra mim sempre foi zero oitocentos! – Alessandra brincou. Estava aguardando com o produto já aplicado nos cabelos – Sorte de nascer numa família de cabeleireiras! – sorriu

 

--Falando em família, -- olhou rapidamente para a sobrinha – e Alana, hein? – queria saber da irmã da jovem – Ainda sofrendo muito com o término do namoro? – continuava aplicando produto nos cabelos de Elza

 

--Ih, tia, nem te conto! – revirou os olhos – Ontem quando liguei pro salão, mamãe me disse que ela mal sai do quarto! – contava – Isso quando não tá chorando! – olhava para a mulher – Sabe como minha irmã é sempre dramática, né? Imagine agora depois do fim de um namoro que durou dois anos! – gesticulou – Pena que o orelhão comeu duas fichas e não deu mais pra eu conversar com mamãe. – pausou brevemente – Mas se acontecer como o habitual dela, quando menos se esperar minha irmã sai dessa!

 

--Deus te ouça! – Malu desejou -- Sabe que eu até fazia gosto naquele namoro? – comentou – Marília me parecia uma moça tão boazinha... – falou sem pensar

 

--Marília?? – Elza arregalou os olhos – “A irmã mais velha da Alê é lésbica e a família encara numa boa??” – pensou surpreendida

 

Malu e Alessandra entreolharam-se preocupadas.

 

--Olha só, amiga, eu vou te bater a real sem cortes! – a jovem gesticulava – Minha irmã é lésbica assumida desde os dezesseis e a gente lida com isso sem problemas!

 

--Mas pelo amor de Deus, minha filha, não vá comentar isso na sua casa e nem com a tal da Chiara! – Malu advertiu preocupada – Porque senão é capaz do seu pessoal nem te deixar mais olhar pra cara da Alê depois dessa!

 

--Não, eu não falo nada... – respondeu ainda surpreendida – Eu fiquei espantada porque não sabia disso e achei o máximo a forma como vocês veem com tanta naturalidade... – dizia a verdade – “Será que se um dia eu desabafar com a Alê ela também vai ver dessa forma ou é só com Alana, porque é irmã dela?” -- conjecturava

 

***

 

E janeiro de 1991 contava seus primeiros dias. Elza havia terminado o primeiro ano do curso muito bem, porém sofria terrivelmente a falta de Carla. Nunca mais havia conseguido estar com ela, mantendo apenas um inconstante contato telefônico graças aos orelhões do CEFET; e isso quando dava sorte de encontrá-la em casa. Uma vez em São José, não tinha liberdade para buscá-la e essa situação a afligia demais.

 

Tentando distrair a mente, pedira ao pai para solicitar ajuda a cabo Fernandão. Desejava consertar seu rádio mas ainda não tinha experiência suficiente para fazê-lo sozinha. Em uma tarde ensolarada as duas se encontravam no quintal da casa da família Machado, enquanto Sérgio buscava dar cabo dos pulgões que infestavam suas plantas.

 

--Oh, pequenos afídeos indisciplinados! – ralhava com os insetos – Abandonai este quintal que não vos pertence! – ordenou enquanto borrifava jatos de vinagre com detergente nas plantas – Ao meu comando: parti-vos!

 

--Meu pai quer dar ordem unida até em pulgão! – revirou os olhos – Aff!

 

--O sargento é sargento às 24 horas do dia! – comentou bem humorada – Bem, mas olha aqui, Elza! – observava o rádio aberto – Agora que o multímetro nos mostrou que tá tudo certinho nesses contatos, fica claro que os problemas estão nesses dois capacitores mal soldados e nesses contatos oxidados. – apontava com a pequena chave de fenda – Então nós vamos limpar, -- pegou a lata do spray de limpeza e o aplicou nos pontos que indicara – e ressoldar essas pontas quase soltas. – orientou – Vai, prepara o ferro de solda porque você vai fazer o serviço! – Fernandão sorriu para a jovem

 

--Tá bom! – preparou-se para soldar – Quando eu vou ficar assim que nem você? – perguntou esperançosa – Não vejo a hora de aprender a consertar as coisas todas!

 

--Sou eletrônica há um tempinho, garota, e você acabou o primeiro ano agora. Tenha paciência. – aconselhou

 

--Ai, ai... – suspirou – “Se ela soubesse como tenho feito das tripas coração pra ter paciência...” – pensava na saudade que sentia da namorada

 

--Os senhores não vencerão esta guerra, afídeos malignos! – Machado continuava pelejando com os insetos – Este ataque será certeiro! – pulverizou o remédio caseiro mais uma vez – Avante, Machado!

 

Enquanto Elza soldava, Fernandão resolveu falar aproveitando a distração do sargento. – Você não tá legal... – observou – Ontem, no seu aniversário, parecia estar em todos os lugares menos na festinha que fizeram pra você. – olhava para a jovem

 

--É, eu... – terminava de soldar – Não tô... – não olhava para a outra

 

–Eu não deveria dizer isso porque não é da minha conta, mas... – olhou rapidamente para Machado -- Também não nasci ontem e saquei tudo naquela noite terrível! – referia-se ao flagra que deram na garota – Você não mentiu pra todo mundo pra namorar rapaz nenhum e sim pra ficar com aquela morena que tava contigo! – Elza empalideceu – Sou lésbica, você sabe! Eu percebi tudo no momento em que ela saiu da barraca com aquela cara. – lembrava – E a sua cara também entregava o jogo!

 

--Pelo amor de Deus, não me entrega! – pediu em desespero

 

--Jamais faria isso! – respondeu com a verdade – Mas você tá assim porque tá longe dela, né?

 

--É... morro de saudades dela e não sei o que fazer! -- admitiu

 

Suspirou. – Quisera eu poder te ajudar. – respondeu solícita – Mas, se aceita um conselho, muito cuidado com essas garotas que pedem demais, porque são as mais perigosas, as que mais machucam a gente! – balançou a cabeça – São as que não nos amam, só se aproveitam de nós!

 

Elza nada respondeu e voltou sua atenção para o rádio. Enquanto isso, Machado rastejava na grama borrifando o remédio como quem atira contra uma tropa. – Morte aos afídeos!! – bradava para si mesmo

 

***

 

Elza varria a casa quando o telefone tocou. – Alô? – atendeu sem muito ânimo

 

--Bom dia, moça! Nessa casa tem pão duro pra uma faminta de amor? – perguntou brincalhona

 

--Carla?? – abriu o mais lindo sorriso – Não acredito! – o coração batia acelerado – Como descobriu nosso número?

 

--Quem quer vai atrás, né? E as Páginas Amarelas me deram uma forcinha. – sorria – Sabia que São José tem um grupo jovem bem legal que fiz questão de insistir pro nosso grupo de São Paulo vir conhecer? – contava – Foi difícil, mas perseverei e consegui. Conclusão: tô na cidade! -- anunciou

 

--O que?? – caiu sentada no sofá – “Ela fez tudo isso só pra vir me ver!” – pensou emocionada – “Ela me ama mesmo!” – suspirou

 

--Fico aqui até o final do carnaval. Sei que é pouco tempo mas foi o melhor que consegui. – a morena dizia – Antes de vir, me dei ao trabalho de ir fofocar no CEFET e tô sabendo que suas aulas começam logo na semana seguinte. Aliás, não apareci lá antes com medo de alguém nos surpreender, sei lá. – justificava-se – Depois que o seu pai apareceu do nada no acampamento, não duvidei de que qualquer outra loucura podia acontecer!

 

--Eu entendo, embora tenha sofrido muito com saudades suas. – mirava um ponto no infinito – Mas acho que foi melhor assim. – pausou brevemente – E agora, o que a gente vai fazer?

 

--O grupo tá hospedado num hoteleco no centro da cidade. Numa rua cheia de puta, pra dizer a verdade. – riu discretamente – Aquilo lá é uma bagunça e eles mal prestam atenção em quem entra e em quem sai. – colocou mais uma ficha no orelhão – Amanhã o pessoal vai fazer uma vigília num lugar chamado Banhado e eu vou estar muito indisposta pra ir junto. – sorriu – Você podia ir lá pra me ver! – propôs – E passar a noite comigo!

 

Sentiu a pele arrepiar. – Eu adoraria, mas como vou fazer isso? – não entendia – Eu vou dizer que vou dormir fora aonde, em pleno sábado de carnaval? E dormir fora por que?

 

--Você pode pedir pra te levarem na vigília lá no Banhado, alegando que tá triste e precisa de um momento consigo mesma. Além do mais essa vigília é aberta porque também vão rezar pra guerra do Golfo acabar. Sabe como é, tão com medo da Terceira Guerra estourar e tal... – sugeriu – Quando teu pessoal te deixar lá e for embora, você pega um ônibus e desce no meu hotel, porque tem um ponto bem pertinho de lá. Posso até te esperar nesse ponto.

 

“Será que uma conversa dessas iria colar?” – pensava – “Eu queria tanto ir, mas... Ai, o que fazer?”

 

***

 

Carla e Elza estavam no quarto de hotel que a morena dividia com três colegas. O grupo jovem só retornaria na manhã do dia seguinte e por isso as duas namoradas teriam tempo. Completamente nuas, as duas estavam ajoelhadas na cama, uma de frente para a outra.

 

--Quero que saiba que menti pra minha família de novo e bolei um verdadeiro esquema de filme só pra ficar com você! – a jovem negra dizia – Isso não é uma coisa qualquer pra mim! – falava com emoção – Estar aqui e assim com você, não é uma coisa qualquer pra mim! – frisou

 

--E nem pra mim! – segurou o rosto da outra com as duas mãos – Esqueça do mundo, esqueça de tudo e me deixa te mostrar o quanto te amo! – pediu com intensidade – Quero que sinta meu amor e nada mais! – beijou-a com paixão

 

“Quando ela faz isso, acaba comigo...” – pensou totalmente entregue ao que sentia

 

Carla deitou-se lentamente sobre a namorada, abrindo-lhe as pernas e se encaixando entre elas. Beijava-a com desejo e movimentava-se ritmicamente.

 

--Ah! – gem*u ao sentir os lábios da morena iniciarem uma trilha de beijos e mordidas ao longo do seu corpo – Ai, Carla... – fechou os olhos – Ah!

 

A morena explorava o corpo da negra sem a menor pressa e deslizava as mãos por todas as partes, apertando com força em alguns momentos a pele macia que encontrava sob si.

 

--Eu te quero tanto... – Elza dizia com os olhos fechados

 

--Te amo, linda! – dizia com voz rouca de desejo – Te amo! – invadiu o sex* da namorada com ansiedade

 

--Ah!! – abriu os olhos e contorceu o tronco agarrando-se nos lençóis – “Meu Deus, que é isso que ela tá fazendo comigo?” – pensava rendendo-se ao prazer

 

Carla explorou o sex* da jovem de todas as formas que sabia e quando sentiu que o orgasmo estava próximo interrompeu o que fazia e seguiu uma trilha de beijos em direção aos seios dela. Deslizou uma das mãos pela cama e retirou debaixo do travesseiro algo que havia escondido.

 

Elza segurava a parceira pelos cabelos e gemia cada vez mais. Surpreendeu-se, no entanto, ao sentir uma coisa dura pressionando entre suas pernas. – O que é isso? – perguntou com a respiração acelerada

 

--Eu quero tudo de você... – encostou testa com testa – Me dá sua virgindade, meu amor? – pediu com olhos faiscando de desejo – Amo você! -- mordeu-lhe o queixo – Quero você... – sussurrou no ouvido

 

--Ah... – sentia a insistência daquilo que lhe provocava o sex* e mal conseguia pensar direito

 

--Me deixa te ter por inteiro? – continuava sussurrando no ouvido – Eu te amo, confia em mim... – falava com voz hipnótica

 

Totalmente excitada e apaixonada, Elza fechou os olhos e respondeu sussurrando: -- Sim, eu quero...

 

Carla ajeitou-se novamente sobre a namorada, mordeu-lhe um mamilo e introduziu o falo dentro da jovem.

 

--AH!!! – Elza gem*u alto ao sentir-se penetrada – AH!! – abriu mais as pernas e entregou-se por completo

 

***

 

Elza e Carla seguiam de ônibus para o local da vigília. Sentadas uma ao lado da outra, discretamente acariciavam-se as mãos.

 

--Graças a Deus a gente conseguiu pegar o ônibus que aquela moça falou que era o da primeira hora! – a morena dizia ao olhar o relógio – Vai dar tempo do seu pessoal chegar e pensar que você passou a noite em oração! – sorriu maliciosa

 

Não comentou a respeito e olhou para a outra. – Agora vai ficar mais sério, né? – perguntou com insegurança

 

--Linda, sempre foi sério! – olhou para ela também – Só que agora a senhora é minha mulher! – piscou – E que mulher deliciosa! – falou mais baixo – Eu adorei e foi muito, mas muito especial pra mim! – sorria – Espero que você também tenha gostado tanto quanto eu!

 

--Eu não fingi... – abaixou a cabeça – Sabe que gostei... – falava baixo – Apesar daquele negócio doer, eu gostei...

 

--A primeira vez dói um pouco e é gostoso. – aproximou-se para sussurrar no ouvido – Depois só é gostoso!

 

--Para, garota! – deu-lhe um tapinha na perna e riu – Agora a gente se vê quando?

 

--Me espera que dou um jeito de te fazer uma visitinha lá no CEFET. – prometeu – Depois que você me explicou onde eles colocam os horários de cada turma, já sei como fazer!

 

Elza mal podia esperar para rever o seu amor.

 

***

 

As aulas haviam recomeçado e março terminava sem que Elza tivesse notícias de Carla, que nunca mais aparecera. Tampouco tinha sucesso quando telefonava para a casa de Auxiliadora. Sem ter liberdade para procurá-la, sentia-se aflita com a falta de notícias. “O que será que aconteceu?” – pensava com tristeza

 

Sem ainda ter coragem de desabafar com alguém, nem mesmo com Alessandra, adicionalmente sentia a agonia de uma coceira incômoda na região genital a qual não lhe dava tréguas. “Será que aquele negócio que ela usou me deixou com alguma doença?” – sentia medo

 

--Amiga, tenho más notícias! – Alessandra se aproximava de cara feia – Tão dizendo que vai estourar uma greve dos funcionários federais agora em abril e ninguém imagina quando vai terminar! – falava sem prestar atenção à outra – Com isso já até sei que mamãe vai me mandar voltar pro Rio, até porque Alana ainda não saiu da fossa e ela não tá dando conta da minha irmã!

 

Sem ter ouvido uma palavra do que a amiga dissera, Elza abraçou-a com força chorando com pesar.

 

--Nossa! – Alessandra não entendia a reação – Isso tudo é saudade de mim? – abraçou-a também – Mas ainda nem fui...

 

***

 

Novamente em casa por conta da greve que interrompera as aulas, Elza decidiu que ligaria para Auxiliadora usando o telefone da residência. Na aflição na qual se encontrava, pouco importava que o pai reconhecesse um número de São Paulo ao receber a conta telefônica. “Não aguento mais!” – pensava ao discar – “Preciso ter notícias!” – esperava ser atendida – “Deus, que alguém esteja em casa dessa vez!” – pediu mentalmente

 

--Alô. – Auxiliadora atendeu

 

--Ai, graças a Deus! – deu um pulinho – Tia, é a Elza, tudo bem? – cumprimentou por educação – Por favor, a Carla tá em casa? Preciso muito falar com ela! – cruzou os dedos – “Que esteja, que esteja!” – desejava

 

--Bem não tô muito, não. – respondeu sem alegria – E Carla, nem me fale daquela ingrata! – tinha mágoa na voz

 

--Como assim? – não entendeu

 

--Ah, minha filha, nem te conto! – sentou-se no sofá – Logo depois do carnaval o falecido apareceu aqui. – referia-se ao pai da jovem – Chegou cheio de conversinha e dizendo que precisava de um papo de pai pra filha. Ele é pai dela mesmo, né? Não pude proibir. – contava – Saíram daqui e Carla me apareceu só dois dias depois dizendo que o pai arrumou uma gringa e um emprego nos Estados Unidos e ela ia junto pra morar com eles lá.

 

--O que?? – perguntou em choque

 

--Tive a mesma reação que você. – continuava contando – Aí ficou numa consumição pra tirar passaporte, visto e foi-se embora daqui antes de resolver a papelada toda. Disse que ia ficar com o pai e a gringa dele num apartamento lá perto do Ibirapuera. – fez um bico – Tirando uma comigo, vê se pode?

 

--Mas... eles já foram? – o coração estava a tempo de sair pela boca – Já saíram do país?

 

--Sei lá, nunca mais tive notícias e nem quero ter! – respondeu magoada – Eu não entendo da papelada que tem que ter pra morar fora, mas pelo tempo, acho que devem ter ido sim.

 

Elza encostou-se na parede e escorregou até cair sentada no chão. Não sabia o que dizer e apenas chorou.

 

***

 

A greve dos servidores estendeu-se de abril a setembro. Durante todo este tempo sem aulas, Elza permaneceu em São José e experimentou muitas situações desagradáveis, como a tristeza pela falta de notícias de Carla e a constatação do seu abandono, além da ida a uma ginecologista para tratar da candidíase que a castigava. A médica revelara a Graça que a jovem não era mais virgem e por causa disso as duas tiveram muitas discussões. Por fim, Graça decidiu esconder a notícia de Goulart e Machado, apesar de inconformada por Elza não revelar com quem estivera. O clima na família não andava bom.

 

Desgostosa e desanimada, a jovem retornara às aulas com aparência descuidada e nem se importava com a zombaria que isso lhe trouxe, apesar de todos os esforços de Alessandra para defendê-la e tentar melhorar-lhe o astral.

 

Nas proximidades do natal havia recebido uma carta de Carla, a qual deixou para ler na Escola. Ao abri-la, viu um cartão postal de Miami e um papel de carta cheio de bonequinhas. Brevemente fechou os olhos e lembrou-se de quando conhecera a morena.

 

“Hoje eu me peguei, pensando em você,

Te amo e nem sei como eu amo (Coisas do amor)...”

 

Começou a ler a mensagem.

 

“Querida Elza, mil perdões! Foi tudo muito rápido e eu mal tive tempo de respirar. Meu pai me convidou pra uma vida nova aqui nos EUA e foi impossível recusar. Hoje estamos vivendo bem, tô feliz e se Deus quiser passarei o resto da vida neste país!” – lia mentalmente – “E ela prometeu que entre nós havia algo sério...” -- lembrou

 

“Quero não lembrar, que às vezes sem querer,

Me apanho falando em você.

Lembranças de nós dois...”

 

“Mas eu queria que soubesse que o que vivemos foi muito especial pra mim e eu nunca vou te esquecer.” – continuava lendo

 

“Um filme de amor, que nunca chega ao fim

Quem sabe se você ainda pensa em mim

(Te amo e nem sei como eu amo)...”

 

“Agora é mais que na hora de você buscar ser feliz com outra pessoa. Um homem ou mulher de muita sorte!

Com amor,

Carla” – dobrou o papel e fechou os olhos chorando

 

“Dói no coração, às vezes que eu lembrar,

Te amo, e não quero te amar...”

Sandra de Sá – Retratos e Canções [1]

 

--Ah, não, pó parar! – Alessandra chegava reclamando – Com cartinha na mão e chorando?? – cruzou os braços – Chega, amiga! Final de ano é clima de natal e festa não é pra curtir fossa! – puxou-a para que se levantasse – Você vai comigo no banheiro, vai lavar esse rosto, vai se maquiar muito bem e daí a gente vai conversar! – determinou – Hoje você vai abrir o verbo e me contar tudo que tá te consumindo ou eu vou rodar uma baiana que essa Escola nunca mais esquecerá! – gesticulava ameaçadora

 

***

 

Após ouvir todo o relato da amiga, Alessandra estava pasma e revoltada. Examinando atentamente o rosto dela, segurou-lhe uma das mãos e começou a falar: -- Caramba, eu mal sei o que dizer... – seu tom era cuidadoso – Você se entregou de corpo e alma e acabou se ferrando muito por causa da vaca daquela Carla! – refletia – Perdeu a confiança da família, vive com a grana contada no centavo, foi parar na casa da linha dura da Chiara, discutiu com meio mundo, se estressou, passou vergonha, sofreu e ainda ficou doente! – balançava a cabeça contrariada – E pra fechar com chave de ouro, a cachorra escreve cartinha pra te mostrar o quanto tá feliz nos States! – reclamou – Ainda diz que te ama, né? Cara de pau!

 

Elza nada respondeu.

 

--Mas, olha, amiga, a gente tem que ser prática! – olhava para a outra – Pelo menos, quando tava lá com a safada... você gozou?

 

Não esperava por aquela pergunta e acabou rindo brevemente. – Sim... – respondeu com a verdade

 

--Então, vamos fazer o seguinte? Guarda só isso pra você e o resto você joga fora! – aconselhou – Não te quero penando como aconteceu com Alana que pensou até em se matar! – lembrava da irmã – Você lembra que te contei a barra que a gente viveu com ela nesse período que estive no Rio por conta da greve, né? – Elza balançou a cabeça afirmativamente – Não quero te ver naquela mesma fossa! Até suas notas caíram, garota! Não dá, não pode! Você já perdeu muito por causa dela, não pode perder o ano também!

 

--Isso não! – respondeu de pronto

 

--Já basta que a gente vai ter que estudar em dezembro, janeiro e fevereiro por causa da greve, então não aumenta o sofrimento! – sorriu -- Escuta: hoje você vai lá pra casa pra dar um retoque nesse cabelo, nesse visual e desanuviar! Deixa que eu mesma converso com a Chiara e ela há de entender! Acho até que vou oferecer um servicinho de manicure de graça pra ela! – as duas riram brevemente – Eu agora tô sabendo fazer unha super bem, amiga! Quase seis meses de bob em casa, tá pensando o que? Virei manicure! E das boas! – gesticulou – Agora pega essa carta cafona, esse postal e joga no lixo! – levantou-se – Vem!

 

Um grupo de jovens parou no pátio da Escola e ligou o rádio. Começaram a dançar fazendo passinhos.

 

“É, cansei já não dá mais,

Você pisou demais,

Pra frente é que se anda,

A vida leva e traz...”

 

--Tá certa! – Elza levantou-se também – Chega de sofrer! – afirmou resoluta

 

“A paz que eu quero ter,

Tão longe de você,

Eu sei que vai ser duro,

Mas tenho que esquecer...”

 

--Joga essa merd* no lixo! – apontou para a carta nas mãos da outra

 

“Vou jogar fora no lixo...”

 

--Agora! – rasgou em pedaços e despejou na lixeira

 

“Vou jogar fora no lixo...

Vou jogar fora no liiiixo...”

Sandra de Sá – Joga Fora [2]

 

“Chega, Carla!” – Elza falava mentalmente – “Pra mim, você morreu!” – caminhava de cabeça erguida ao lado de Alessandra – “Eu não vou deixar você estragar meu 1992 como fez com esse ano que tá terminando!”

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Músicas: 

[1] Retratos e Canções. Intérprete: Sandra de Sá. Compositores: Michael Sullivan e Paulo Massadas. In: Sandra Sá. Intérprete: Sandra de Sá. RCA Victor, 1986. 1 disco vinil, lado A, faixa 1 (3min55)

[2] Jogar Fora. Intérprete: Sandra de Sá. Compositores: Michael Sullivan e Paulo Massadas. In: Sandra Sá. Intérprete: Sandra de Sá. RCA Victor, 1986. 1 disco vinil, lado A, faixa 2 (4min35)


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Em: 19/01/2025

Elza falar como se sente e reinvindicar algo que a estar fazendo bem, de acordo com as possibilidades do pai, é muito bom! Dificilmente, garotas como ela falam o que sentem ou têm condições para cuidar da aparência. Muitas vezes não há abertura ou diálogo na família pra isso.

Já Machado, fico me perguntando se não há uma subserviência, uma submissão na relação dele com Goulart, além da relação de trabalho e de respeito. Sem falar na terceirização na educação de Elza... Acredito que isso faz com que ela admire mas o casal, do que ao próprio pai. Até porque eles representam o símbolo de algo que ela queria ter ou ser.

É nítido que Goulart e sua esposa sentem afeto por ela, a ponto de considera-la como filha... porém me pergunto se esse status não irá mudar para: "filha de um amigo" quando ela se assumir.

Elza sentir vergonha do pai e não enxerga-lo da forma como ele merece, é também um reflexo do racismo e do bullying que ela sofre. É como se ela tivesse que culpar alguém pela aparência que ela tem, que é decorrente da aparência dele, ou pelo que ela sente. Uma hora ela irá se conectar com ele e com o jeito colonial que ele tem, dos tempos de Cabral kkk vai até achar fofo.

Eu já esperava que ela iria se decepcionar com Carla. A garota foi bem egoísta e sacana. Uma pena ela não ter levado a sério o conselho de Fernandão. Ela deve ter se sentindo valorizada pela garota demonstrar gostar dela, demonstrar querê -la. Nem o resgate de Machado evitaria que ela tivesse se permitido estar com Carla.

Alê é uma boa amiga! Confesso que tinha dúvidas de como ela se apresentaria no decorrer da história.


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Sem cadastro Em: 19/01/2025
Olá querida!

Você "presenciou" a primeira vez que Elza realmente fala dentro de casa. Quanto à relação dela com o pai, Graça e Goulart, não posso adiantar. Você irá entendendo ao longo da leitura.

Carla foi mesmo egoísta e Elza levou um duro golpe sobre suas ilusões. Vamos ver o que ficará de aprendizado.

Alê vai continuar aqui no conto e você terá condições de avaliá-la com calma.

Beijos,
Sol


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PaudaFome
PaudaFome

Em: 28/06/2024

Elza meteu os pés pelas mãos mas quem nunca? Será que ela será mais viva da próxima vez? Ri muito com o resgate kkkk


Solitudine

Solitudine Em: 10/07/2024 Autora da história
Olá querida,

E quem nunca? Você está certa.

Vamos ver como Elza se sairá daqui para frente.

Beijos,
Sol


Responder

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Ontracksea
Ontracksea

Em: 16/01/2024

Elza se deixou levar pelas aparências. Tão inteligente mas se prende muito ao que pode ver.

O racismo fez dela racista apesar disso ser auto punitivo. Muito bom trabalhar esse tema! Você é psiquiatra psicanalista ou psicóloga? 


Solitudine

Solitudine Em: 16/01/2024 Autora da história
Olá querida!

Verdade! Elza passou muito tempo se deixando levar pelas aparências, inclusive no que diz respeito a ela mesma!

Eu não sou da área dos estudos da alma, porém sou uma leitora do tema. rs

Beijos,
Sol


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jake
jake

Em: 09/12/2023

Bom  já sabia q Carla era chave de cadeia. Pensei q a 1 vez seria com Ale. Fernandao já tinha lhe dado um toque. O sargento. Machado  e Fernandao são Hilários. Parabéns. 

 

 


Solitudine

Solitudine Em: 09/12/2023 Autora da história
Olá querida!

Carla foi uma decepção para Elza. Talvez porque ela tenha sonhado demais... A verdade estava se mostrando diante dela, Fernandão avisou, mas a gente é teimosa quando se ilude.

Que bom que tem gostado da família. Vejo que hoje você maratonou aqui.

Espero que continue dando uma chance ao proseado desta caipira e que venha me dizer o que acha. Mesmo que não goste. Todo retorno é muito bem vindo.

Obrigada pela delicadeza!

Beijos,
Sol


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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 22/10/2023

Esse CAPS é outro que lacra!


Solitudine

Solitudine Em: 11/11/2023 Autora da história
Que bom que você sempre se empolga!


Responder

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Joanna
Joanna

Em: 13/05/2023

Esse sargento Machado é uma figura!kkkk

Joanna

P.S. Caso apareça "sem cadastro" nos comentários!


Solitudine

Solitudine Em: 15/05/2023 Autora da história
Olá querida!
Que bom que você agora embarcou em Tempus Agendi! E que bom que nosso Machado já te encantou! rs
Espero que goste deste conto e o acompanhe até o final. Deixe-me saber, viu?
Beijos,
Sol

PS: Agora respondi os comentários que me deixou. Perdão pela demora


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Femines666
Femines666

Em: 29/03/2023

Também já reparei que você é cheia dos enigma. Até os nomes dos capítulos têm um quezinho . Mas eu não consigo descobrir seus enigmas. Talvez quando terminar de ler esse conto. Tô construindo minha teoria kkk


Solitudine

Solitudine Em: 29/03/2023 Autora da história
kkkkkkkkkkkkk
Sim, tenho meus enigmas.
Vamos ver a sua teoria ao final. rs
Beijos,
Sol


Responder

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Femines666
Femines666

Em: 29/03/2023

Eu me surpreendo em cada capítulo dessa história que como todas tuas me viciou! Ri muito com Machado e Fernandão no resgate! E vejo que com certeza você vai trabalhar a auto aceitação da Elza, o relacionamento dela com o pai do mesmo jeito como vai trabalhar a auto aceitação da Yara com questões religiosas... 

Eu sabia que essa Carla era chave de cadeia mas foi um aprendizado pra Elza, que é ingênua demais. Alê tá certa. Merda se joga no lixo ou na descarga!

Você é o máximo! Eu não poderia tá aqui mas não desapego. Kkk


Solitudine

Solitudine Em: 29/03/2023 Autora da história
Olá querida!
Sim, vamos trabalhar a questão da identidade para Elza e Yara. E no caso da primeira, a questão familiar também!
Elza está na fase das descobertas amorosas e se entrega muito de olhos fechados. Mas ela vai passar por outras fases, como você verá.
kkk Obrigada por seus elogios e por gostar tanto do que tem lido.
Beijos,
Sol


Responder

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mtereza
mtereza

Em: 30/12/2022

Cada vez mais envolvida com a sua história e apaixonada pelas personagens 


Resposta do autor:

Muito bom!!!!!! Continue aqui, viu, fi?

Beijos,

Sol

Responder

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Joabreu
Joabreu

Em: 20/12/2022

Boa tarde, 

Capítulo forte! Você vai do momento LOL até às lágrimas pela decepção da Elza. Tô muito hypada nessa história. You hit! You rock!

BBS

Jo Abreu 


Resposta do autor:

Veio repetido.

Beijos!

Sol

Responder

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Joabreu
Joabreu

Em: 20/12/2022

Boa tarde, 

Capítulo forte! Você vai do momento LOL até às lágrimas pela decepção da Elza. Tô muito hypada nessa história. You hit! You rock!

BBS

Jo Abreu 


Resposta do autor:

Olá querida!

Não entendi muito bem se momento LOL seria algo divertido mas aceito! kkk Obrigada e que você continue empolgada, gostando, hypada ou seja lá o melhor adjetivo! rs

Obrigada por estar comentando cada capítulo!

Beijos,

Sol

Responder

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Zaha
Zaha

Em: 24/10/2022

Solvisky, minha Rainha das caipirescas!!!

Morri com Rainha das sapas, aiai....será Zinara???!! hahhahaha

Entao, lá vamos nós! Disse que dia 24, estaria aqui e assim cumprir minh palavra lésbica, demi ou A?Estou a pensar....ás pessoas estao tao preocupadas em  sentir parte,encaixar que terminam tb se excluíndo, mas bem,deixemos esse tema em stand by....

Sabe que adoro os capítulows com Elza?!!! Lailovisky, vc já implicando com alguma das personagens? Logo no 5 caps..isso mesmo YARAAAA!! kkkkkkk

Elza é mais frácil de falar, por citar ela, eita q que já q comecamos o texto ela toda produzida, engolida pelo sistema, pelos padroes de beleza e só piorou no final, mas nada de corpo mole com ela...vou detonar!!!

Olha, mas claro que toda produzida ela  ia se sentir melhor, vejamos: Fugimos do que temos medo, nao? A rejeicao...nós damos tanta importancia a pertencer, a ser aceito e nós mesmos somos os primeiros a fazer o mesmo com nós, com o outro. Entao, eu me desvio do que me incomoda, entao, já to bem? Nao, mas por uns tempos, funciona, principalmente sse vc cai na armadilha de achar" q te aceitam", até que, vc leva um tombo e terá que enfrentar mais ou mais tarde e sem saber lidar...

Bem, sentir bem com um mesmo, todos queremos, só buscamos no lugar errado, pois nunca estaremos satisfeitos com quem somos e viramos escravos, porque  estamos dependendo do externo, valoriamos ele ,quando é o interno que devemos trabalhar, quando Elza puder ver isso, ela poderá lidar com quem é, terá ainda esses sentimentos de n pertencer, talvez sim, talvez nao....n sei o que virá, ao ser um tema que vivemos no diaq-a- dia e vemos que mesmo mt gente " resolvida" ainda sentem, sempre vao, enquanto houver o mínimo de olhares tortos,racismo ou qualquer tipo de exclusao social, invisibilizando o outro até chegar ao ponto desse sentimento de nao existencia..

 

Frase forte" Por simplesmente nao existir" 

Elza ficou completamente nas maos de Carla, usando o mesmo papo que muitos/muitas,"prova de amor" e a prova do outro? Respeitar n é uma prova e que dicho é isso de prova, num sabia desses diachos...ops, sabia!!Mas essa porra n existe, mas os inocentes de primeira mao sempre caem. Quando e ama ou vc tem consideracao pelo outro, primeira ve ou n, mesmo que vc esteja louca de desejo, vc deixa fluir. Pressionar nao siginfica ficar em cima, um já fica tenso, principalmente se foi criada como Elza e ela n tava mt segura  da primeira vez. Algumas pessoas acham importante a hora, o lugar e pra Carla essas questoes nao sao importantes por isso nunca entenderá . Mulher, homem, esse papo de" se fosse homem td bem,estar com alguém por primeira é único, ele definirá muitas coisas, como vc se sente no futuro pras pessos, sua confianca,medos... existem s que dao mais valor ao sentimental...Elza achou que queria, ela queria realmente, porém mais que isso, é agradar por medo de perder.. Outra Velha conversa fiada...dps traem e dizem o mesmo, seja homem,mulher, que porra for...e a gente pensa que ama pra valer, né?! E fz td, mais adiante ela verá que n era amor mesmo o q ela  sentia, dói e parece, mas n chegou  ser....n era saudades, talvez depedencia, Carla bonita, a aceita negra, acha ela bonita...tb posso tá errada, enfim!...Ao menos, acredito, que pensamos amar nosso primeiro encancamento, mas n sabemos amar ainda...bem, eu acho, n quer dizer q n fica algo inesqucível, claro q sim por mts razoes...cada qual tem uma...se for um boa experiencia, se for uma má...acho q é algo q colocamos tao no pedestal q vira inesquecível e dps buscamos por aí algo parecido, algumas vezes avancamos, outras n...enfim! Depois de muitos anos, a gente percebe o que foi amor, desejo,apego,dependencia que é um apego toxico e parece amor. Tem os mesmos sintomas no corpo...como n temos com o que comparar, eu penso assim. Talvez pq n tive uma boa experiencias...diria boas...vc pode sentir-se bem, a relacao termina bem e ser inesquecível pela sensibilidade que o outro mostrou....n sei...cada um é diferente, mas aqui,Elcita nao!!

Fiquei sem tempo aqui, e to acelerando o comentário..sorry! Ia escrever algo melhor pra explicar meu ponto, n t4em relevancia, apenas eu q divago...

Machado, tá piradao,"atende o apelo desta intituicao do saber que vos invoca", regate ," Elza Machado atendei ao meu chamado". Afídeos indisciplindos...essa parte mt boa tb! Todo trabalhado no vocabulário hilário rs. E cada personagem que tenho que conviver...rsrs. Ao meno ele dá um alívio.. Salvou Elcita, na primeira vez.Fernandao experimente, já viu o clima e avisou!!!Elza achou que ela n fosse perceber....e pq acham q n podem confiar numa pessoa que já viveu o que vc tá psssando...e com a irma da outra tb. O medo é um montro que vai comendo devagar, mas tb podemos enfrentá-lo devagar, um dia- após o outro e quando vemos, já comimos o bandi inteiro....mas quem sou eu pra entender...n vivi isso,posso respeitar, entender, um só pode qndo vive.

Quero falar sobre Sargento Machado: Só acho que o bichinho tb sente que a filha n lhe dar o devido valor, ela olha mt pra ela, só ela sofre, só ela é rejeitada, o pai poe ser meio bitolado, o qual ela tb sente certa, vergonha, mas sempre tá pra ela....é certo que como mulher, ela sintá-se mais pressionada, mas a família nunca o fez, e ela n dá valor a isso...claro, que entendo, mas acho que devemos parar e refletir. Sempre nos colocamos como vítimas e estamos na defensiva, assim aprendemos, assim está em nossa genetica...nosso mecanismo de defesa, uma resposta involuntária, mas temos que mudar para qualquer problema...algo que leva uma vida toda, muitas vezes...gerar consciencia, é difícil, uma vez que sabemos, já n temos mais desculpas para nos vitimizar, agora podemos fazer diferente, accionar...

Em relacao a família, nda diferente que  maioriaq das pessoas passam,normal a protecao, o medo de n ser querido, medo a dizer o que sente pq tá fora dos padroes....tb n vamos dizer:coitadinha..eu nao!!! Q todos sofremos pra carai e isso de comparar sofrimento n existe, n se pode medir, cada qual tem a forca pra enfrentar o que veio aprender....

Elza demorou, mas pode contar a Fernandao e Ale! Ale, grande apoio!!

Sobre Carla, existem muitas...porém n i o lado dela e sim,n vou julgar....vc n mostrou e nem sei se pretende. Capaz só queria mostrar que existem pessoas assim, que a gente se entrega mt e rápido e o outro n ta na mesma, mas a gente acredita. N sei qual foi o lance de Carla em ter bolado todo um plano pra ir ve-la, podia ter outras, entao, relamente n sabemos. Quanto el viajar? N siginfica q n gostasse, como disse, n tenho essa informacao...sao jovens, existem oportunidades q n podemos perder, claro, ela tinha q ter conversado antes, aí foi egoísta e convarde, mas eu n vou dizer q ela era um FDM

Ahhh, ilusiaaa, eu, ilusia todos e princiapalmente vc me iludiu com a DST. Pensei que fosse aprofundar o tema...coisa importarte nas relacoes lésbicas que nao se tem cuidado nenhuma. A vágina está bem mais exposta que um penis. Para muitas báterias, vírus, o que for!! Temos que ter tb uma educacao sexual para léssbicas, para gays homens, é o mesmo, camisinha se for anal, oral, bem, tem seus cuidados tb, porém é mai citado.....eu fiz um trabalho na faculdade sobre isso, foi mt legal, um seminário tivemo q dar!!!Lembro que minha colega quase demaiou....eu gaguejava, mas n chegava a desmair...ainda!! Hj em dia ela é uma grande psico e sempre pública lives... 

Bem, é isso, ilusiaaaa eu!!!

Já falei u gosto dos títulos que vc coloca, já falei sobre o termo e de onde veio. Quando vc publicou iaq té fazer uma piada....kkkk. Nao leio, mas antes de publicar, eu dou uma lida dinamica que n posso divulgar e falar ao vento kkkkk

Que mais pra falar nesse textao...A caipira só se mete em roubada!!!! Mas eu tenho um super, ultra mega amiga que é objetiva ,precisa, concisa, sucinta e ideal para mim!!!!!!Feito a medida!! Uauuuuu. Ela resolve quase todos meus poblemas!!!!!!

Faltou algo? N sei,masssss, eu n lerei o outro sem antes receber meu feeback,senao teria lido dois de vez, sem graca, n acha??kkk. Eu sim!!! E acho bom responder bem antes de sexta, pq finde já tem q ter caps novo e eu tenho que votar!! Aproveita que eu to sozinha em casa até sexta(q viajo) e posso alcancar. hahahaha(a pessoa nada mandona !!!!)  Mas serinho,tenta aí, que eu n tomei café da manha e nem almocei ainda....enquanto lia e comentava e ainda tive que gastar energia fazendo out5ras coisas..já sabe, hiperfoco!!! Leio e comento até caminhando hahahhahhahahahahhahha. manipulationnnn...kkk)

Beijossssssssssssssssss caipirerrímos !!!!!!!!!!

PS:Nem passei olho o que escrevi...kkkkkk. Só mei bomba e to super pra arriba hj...será isso???!!!

Hum, quem sabe devo fazer um vídeo sobre Yara e pq n me agrada... ainda!!!!

Agora, irei almocar....8 am comecei isso.... espero que esteja no caps certo...esse é oo cap 5!!!!

 

 

 


Resposta do autor:

Lailovisky Sadikii Doré!

A essa altura você deve estar na viagem de volta para a Argentina. E valeu a pena, porque o peste perdeu (ainda que por um triz!). rs

Pedi para Samira postar o capítulo novo e vim aqui agora para responder aos comentários. E olha como tem assunto! rs

As mulheres somos muito pressionadas pela dinastia da beleza e infelizmente a maioria de nós fortalece estas cobranças dando voz a elas, além de obedecer os seus ditames. Uma mulher negra adicionalmente ainda tem a imposição da beleza caucasiana, especialmente no que se refere ao cabelo. Cabelo crespo é cabelo ruim, cabelo liso é cabelo bom. Isso é muito forte! Vejo quantas pessoas elogiam meu cabelo como se ele fosse superior; seria assim se fosse um cabelo afro? Duvido muito. E na adolescência a pessoa dificilmente tem aquela bagagem de vida para encarar o que vier e ter orgulho de não seguir os padrões. Ao contrário, a tendência é seguir para ficar "em paz", livre do bullying e das brincadeirinhas inconvenientes. Entendo Elza perfeitamente. Vamos ver, no entanto, como esta jovem se desenvolverá com o tempo e como lidará com seus traços negros tão socialmente desvalorizados, a menos que para a objetificação sexual. Porque sim, a menina negra tem seu corpo ainda mais violado por uma sociedade que ainda não percebeu que a escravidão negra fora abolida. O corpo da mulher negra continua sendo "terra de ninguém" aos olhos de muitos.

Elza se sentiu lisonjeada pela aceitação da Carla, alguém que ela achava interessante e que tinha os traços físicos que ela admira e gostaria de ter. Acabou esperando mais daquela jovem do que ela poderia lhe dar e com isso veio a decepção.

Elza sente vergonha do pai porque ele não é um homem, digamos, convencional. Ela o considera um louco, militar sem o prestígio do Goulart, que é um oficial respeitado e de mais formação acadêmica que o Machado. São os preconceitos dela que ainda não foram superados a ponto dela não conseguir valorizar o pai como deveria.

Eu não vou me aprofundar e nem detalhar uma série de coisas. Essa história não tem esse objetivo. Muito ficará para vocês pensarem e darem a interpretação que entenderem melhor. Cada conto da caipira tem uma toada diferente, Lailitcha! rs

Não consigo responder nos dias de semana, sadikii. Infelizmente não dá mesmo.

Pegou birra com Yara? vamos ver se isso muda ou não! rs

Beijos caipirescos, minha queridíssima!

Sol

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kasvattaja Forty-Nine
kasvattaja Forty-Nine

Em: 18/10/2022

Olá, tudo bem?

 

Querida Autora, quando vi o título do capítulo, ''Illusio'', achei que leria algo sobre ''ilusão'', mas não foi bem assim, ou pelo menos não tanto assim. Curiosa, como Kasvattaja é, pesquisando aqui e ali, Kasvattaja foi parar em Pierre Bourdieu. Uau, se for isso tudo mesmo, Solitudine é ''porreta''.

Agora, ''--Minimizo? – discordou – O que eu quero é uma prova de amor que você nunca me dá! – retrucou. '' Autora, nossa menina estava TÃO apaixonada assim? Sério? Nesse momento Elza deveria ter dado um bom pé na bunda da ''suposta e suspeita'' namorada. Bom, se foi um rito de passagem para o crescimento, vamos lá, aceita-se. Agora torcer para que a''suposta e suspeita'' não volte de um futuro próximo-distante e Elza derreta-se de novo.

É isso!

 

Post Scriptum:

 

''Amor é quando é concedido participar um pouco mais.

Amor é a grande desilusão de tudo mais.

Amor é finalmente a pobreza.

Amor é não ter inclusive amor.

É a desilusão do que se pensava que era amor.

Amor não é prêmio por isso não envaidece. ''

Chaya Pinkhasivna 'Clarice' Lispector,

Escritora.


Resposta do autor:

Olá queridíssima!!!

Fico muito feliz que tenha vindo!! Pensei que depois do amargor que a caipira lhe deixou no outro capítulo você não viria mais. Que bom que me enganei. Estou realmente adorando sua presença constante aqui e espero mantê-la até o fim (de verdade!).

Agora vamos à primeira parte do seu comentário, Deixe-me tomar algumas palavras por empréstimo:

"Esta palavra (illusio) vem de ludus (jogo) e "poderia significar estar no jogo, estar envolvido no jogo, levar o jogo a sério. A illusio é estar preso ao jogo, preso pelo jogo, acreditar que o jogo vale a pena ou, para dizê-lo de maneira mais simples, que vale a pena jogar [...] Illusio [...] é dar importância a um jogo social, perceber que o que se passa aí é importante para os envolvidos, para os que estão nele [...] É 'estar em', participar, admitir, portanto, que o jogo merece ser jogado e que os alvos engendrados no e pelo fato de jogar merecem ser perseguidos; é reconhecer o jogo e reconhecer os alvos [...] Os jogos sociais são jogos que se fazem esquecer como jogos e a illusio é essa relação encantada com um jogo que é o produto de uma relação de cumplicidade ontológica entre as estruturas mentais e as estruturas objetivas do espaço social" (Bourdieu 1996c:139-140)

Elza passou a maior parte da vida sentindo-se à margem, rejeitada pelas pessoas do meio que frequentava. E você sabe como os jovens e as crianças podem ser crueis no bullying. Elza também sofrera muito com a atitude de Cristiane, diante de suas inocentes demonstrações de afeto. 

Mas, em São Paulo, eis que lhe surge uma Carla que a aceitou logo de pronto. Uma garota que Elza julgou interessante, intrigante, bonita, gostosa, sensual... Ela se viu diante do jogo e quis jogar! Ela criou um contexto onde a ilusão falava mais forte do que a realidade que se impunha diante de si. Ela jogou e perdeu. E sim, neste grande círculo, ela estava apaixonada e via apenas o que desejava ver. 

Dito tudo isso, lhe digo: INCRÍVEL!!! A caipira vive de jogar "charadas" em seus contos e essa foi uma das mais pensadas porque o imediato reporta illusio à ilusão. Mas, você desvendou o koan caipiresco. Aplaudo de pé! Obrigada!!!

O que será do futuro agora? Carla voltará? Virão outras Carlas? Você verá. rs

Beijos,

Sol 

 

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Seyyed
Seyyed

Em: 17/10/2022

Mas só um PSzinho. Que resgate foda! Stalone morra de inveja!! Hahaha 


Resposta do autor:

kkkkkkk Machado e Fernandão são muito melhores que qualquer Stalone! rs

Responder

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Seyyed
Seyyed

Em: 17/10/2022

Cararra que capítulo! Até entendi muito bem da Elza ter explodido no dia do almoço (naquela tarde fagueira diante dos comensais hahaha) mas não foi legal ela ficar mentindo pra ficar com Carla. Eu tava torcendo pra ela abrir os olhos com a garota e adorei quando o pai e Fernandão empataram da primeira vez hahahahaha mas Elzinha tava apaixonada... a gente sabe como é... No final, Carla se mostrou uma egoísta que ignorou os sentimentos de todo mundo só pensando no melhor pra si. Que fique lá nos EUA enchendo o saco dos gringos hehe Alê é uma amiga e tanto! Sou fã!

Capítulo foda!


Resposta do autor:

Olá minha grande comentadora!

É verdade. Nossa Elza perdeu-se no mundo que criou e não analisava que Carla pedia demais. As mentiras foram inevitáveis para fazer o que Carla queria, do jeito que ela queria e dentro das possibilidades que as duas viam.

kkk Enchendo o saco dos gringos foi engraçado. rs

Alessandra é mesmo uma grande amiga.

Obrigada, querida!

Beijos,

Sol

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Lea
Lea

Em: 16/10/2022

Eita que capítulo!! Foi um nossa.... não...minha nossa senhora...vixi....ferrou...

*

O desabafo da Elza foi bem profundo!

*

Eu aqui só falando: que o pai não as peguem no flagra!!!!

*

Fernandão,conhece as canalhas só de olhar!

A "fofa" da Carla comeu o prato principalmente,saboreou a sobremesa e "vazou","deu no pé ",e ainda tem a "cara de pau" de falar de amor. O ódio!

E se já não foi ruim o suficiente,passou uma DST para a Elza!

*

Boa noite, Sol!

Bom começo de semana!!


Resposta do autor:

Olá Lea, tudo bem?

Capítulo cheio de fatos relevantes, não é mesmo? 

O desabao de Elza reflete os sentimentos de muitas pessoas... infelizmente.

E o pai não pegou mesmo. Ele deu o sinal com tantos gritos, Elza e Carla tiveram tempo de se recompor. Vai ver, no fundo Machado não queria ver alguma coisa. rs

Carla foi muito egoísta e a cara de pau dela reflete que sequer tem noção de como magoou quem gostava dela. E nisso, comportou-se o tempo todo como canalha.

Fernandão não nasceu ontem. A vida ensina...

Temos sempre que nos atentar para o fato de que as DSTs existem! Inclusive no meio das lésbicas.

Obrigada, querida. Desejo tudo de bom.

Beijos,

Sol

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 16/10/2022

Carla safada é Elza vivendo e aprendendo.


Resposta do autor:

Olá querida!

É a vida...

Beijos,

Sol

Responder

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Dandara091
Dandara091

Em: 16/10/2022

Alô autora!

É preciso ter cuidado com as canalhas pero que las hay, las hay. Elza sai mais forte depois dessa.

#amorproprio


Resposta do autor:

kkkk Olá querida!

Tem razão: las hay!

Vamos ver como Elza se sairá depois dessa.

Beijos,

Sol

Responder

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Irina
Irina

Em: 16/10/2022

Kotinha!

E eis que Elza embarcara no carrilhão das mentiras em nome do Amor. A estação final da Desilusão impôs-se-lhe inexoravelmente. Não há como livrar-se deste desiderato, é a vida...

Creio porém que Elza encerra a experiência fortalecida e talvez menos disposta a ser tão ingênua de outra feita. Entendo bem o que ela esteve a sofrer!

Divertidas as partes do sargento e sua escudeira Fernanda. 

Como sempre tu nos brinda com o melhor. Gratidão!

Irina


Resposta do autor:

Olá querida!

Você está certa. Não há como se esquivar da verdade. Ela inexoravelmente se mostra para nós.

Foi realmente uma experiência. Vejamos como Elza se sairá a partir daqui.

Machado é uma figurinha! E Fernandão sua escudeira leal. rs

Obrigada pela gentileza de sempre.

Beijos,

Sol

Responder

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Samirao
Samirao

Em: 16/10/2022

Amoreeee CAPS novo amei!!! Elzinha tem uma família boa só que eles são tão certinhos e conservadores! Ri do papo da comunista e do contragolpe parece até coisa de hoje em dia! Huahuahua Carla foi uma canalha sem coração sacaneou Elzinha e até Auxiliadora que gostava dela como filha ela só queria tirar a virgindade da garota. Amei que da primeira tentativa Machado e Fernandão estragaram tudo! Huahuahua disso eu ri e do ébria como um marsupial! E a guerra contra os pulgões huahuahua Agora aguardo mais de Yara


Resposta do autor:

Olá querida,

A família da Elza é de pessoas boas, honestas porém superprotetoras. E como todos nós, eles têm seus preconceitos. Goulart acredita numa leitura histórica que lhe foi passada. Ele não tem noção de certas coisas.

Carla foi egoísta, concordo. E ela vivia de mentiras o tempo inteiro. Elza deixou-se iludir pela fantasia que criou da realidade. Algo normal, especialmente na idade dela.

Você gosta das confusões de sargento Machado, não? kkkk

Yara virá hoje.

Beijos,

Sol

Responder

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Mille
Mille

Em: 16/10/2022

Oi Sol 

Não tem como não rir quando Machado aparece kkkk estragam o clima das duas. 

E no final Carla só queria ser a primeira e deve ter usado uma coisinha já com muita bagagem e sem a proteção certa.

Gostei da conversa da Fernandao com a Elza. 

Página virada e mais um novo começo. 

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

Olá querida!

Sargento Machado está sempre alerta, não acha? rs

Carla foi uma grande decepção para nossa querida Elza, mas talvez ela tenha esperado demais...

Fernandão é boa gente. Não à toa embarca em todas as "missões" de Machado!

Recomeço! Exatamente.

Posto um capítulo novo hoje.

Beijos,

Sol

Responder

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