"Alertando sobre esse caps... Tem cenas fortes..." :( Bia

Tínhamos acabado de almoçar, pedi licença um minuto para ir ao toalete, precisava me acalmar porque o que eu faria em seguida, seria o começo do meu futuro com Sam e Diana. Estava nervosa achando que estava pulando etapas, mas precisava fazer aquilo, não suportava mais estar longe das minhas meninas.

Não me demorei, mas ao voltar para o salão algo estranho chamou a minha atenção, tinha uma mulher sentada a mesa com ela, e para o meu total desgosto, segurava seu braço e conversavam baixinho entre elas, não vou negar, estava com ciúmes, me aproximei perguntando:

– O que está acontecendo aqui?

– Bia...

Olhei para Sam que rapidamente soltou a mão da mulher, parecia assustada com alguma coisa, depois olhei para a outra, que tomou um gole de meu vinho dizendo sarcástica:

– Então é você a famosa Beatriz – me olhou dos pés à cabeça dizendo – é mais bonita pessoalmente do que por fotos – olhei em volta, tentando entender o que estava acontecendo perguntando novamente:

– Amor, o que está acontecendo?

– Amor? – Sorriu irônica. – Ui, que romântico isso.

A mulher estava fazendo cena, sentei e logo percebi que ela havia bebido além do normal, tentei dizer:

– Não sei quem é você, mas gostaria de pedir que se retire de nossa mesa antes que eu chame a segurança.

 – Não precisa chamar os seguranças, Bia. Estamos conversando civilizadamente aqui.

Aquilo me deixou irritada, olhei para a mulher dizendo entre os dentes:

– Mais uma vez, não sei quem é você, portanto não ouse me tratar como se me conhecesse – olhei para Samantha – quem é essa mulher e porque ela estava segurando sua mão quando cheguei?

– Bia, por favor! Vamos embora daqui!

Estranhei o pânico na voz dela, não entendi, segurou minha mão por baixo da mesa apertando com força enquanto a outra dizia:

– Mas tão cedo, nem conversamos direito? – Passou os dedos no rosto de Sam, dizendo autoritária: – Não vamos embora ainda Samy, meu amor, a muitas coisas a serem ditas.

– Tire as mãos dela.

Estava começando a me irritar com tudo aquilo, a mulher gargalhou como se tivesse no controle de toda aquela situação, me olhou irônica e disse:

– Tenho mais direito de pôr as mãos nela do que você!

– Do que está falando?

– De Samantha e eu... nós... – olhei de uma para a outra, a mulher tomou outro gole de vinho e disse séria dessa vez – da nossa união... Casamento, sabe o que é isso?

– Como?

Olhei para Sam que inspirou fundo deixando os ombros caírem, seus olhos se inundaram, olhou para a mulher ao lado dizendo quase suplicando:

– Rebeca, não faz isso eu te imploro.

– Mas ela precisa saber o que está acontecendo, meu amor.

Passou a mão novamente no rosto de Sam, levantei possessa:

– Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui? – olhei para Sam perguntando: – Quem é essa mulher?

Não tinha alterado a voz, mas algumas pessoas, em volta, começaram a nos olhar, quem falou parecendo totalmente despreocupada foi a mulher:

– Já que Samantha não faz as honras, eu mesma faço – sorriu, em sua voz o sarcasmo e a ironia presente em cada sílaba. – Meu nome é Rebeca Vasconcelos, sou a esposa dela.

– Isso é alguma brincadeira?

Sorri nervosa, passando a mão nos cabelos e sentando novamente, de repente minhas pernas não aguentaram o peso de meu corpo, respirando com dificuldade olhei para Sam pedindo uma explicação, mas a mulher ao lado estava gostando da atenção, voltou a falar:

– Você não é obrigada a acreditar em mim, mas pode acreditar nas provas que estão aqui dentro.

Colocou sobre a mesa um envelope branco, com um certo volume, sorrindo. Olhei para Sam que estava chorando baixinho, fiquei intrigada, peguei o maldito envelope e tirei algumas fotos de dentro dele juntamente com a cópia aparentemente de uma certidão de casamento, passei os olhos sussurrando:

– Oh! Meu Deus...

Estava prestando atenção na certidão, mas percebi quando as fotografias caíram sobre a mesa se espalhando sobre ela, fotos de Sam sorrindo com aquela mulher... Com Diana bebê... As três juntas... Sorrindo e se divertindo como uma família... Tinha fotos de Diana com alguns presentes que eu havia comprado para ela. Fechei os olhos ao mesmo tempo em que senti meu rosto molhar, ao meu lado o toque dela em meu braço chamando minha atenção:

– Bia, meu amor, eu posso explicar.

– Samantha, por favor, porque não contou a sua namorada? Olha como a moça ficou ao saber de tudo por mim? Coitada.

– Cala a boca Rebeca, você conseguiu o que queria.

Minhas mãos começaram a tremer, aquela mulher conseguiu me irritar, levantei e avancei nela, mas Sam me segurou, lágrimas começaram a inundar meus olhos outra vez e a única coisa que tive força para dizer foi:

– Diz que isso não é verdade, por favor? – Toquei o rosto dela com o coração em pedaços, sorri: – Diz que é invenção dela, uma pegadinha para testar o meu amor.

– Bia, por favor! – seu pranto rolava mais que o meu: – Eu ia te contar, era sobre isso que eu queria conversar com você, não queria que soubesse dessa forma e ficar pensando...

– Pensando? – Sorri me afastando um passo dela: – Eu não estou pensando, estou vendo e lendo, mas os meus olhos e meu coração custam acreditar que isso seja verdade – passei a mão na cabeça dizendo ainda baixinho – tantos momentos juntas, e oportunidades que poderia ter usado para me contar... Agora eu entendo porque não queria que eu viesse para Guarulhos.

– Bia... – não dei tempo dela falar nada e perguntei:

– O que me falou sobre seu irmão, também é mentira? Alguma coisa que tenha acontecido entre nós foi verdade? – Inspirei fundo dando um passo para longe dela. – Meus Deus, como pude ser tão burra?

– Eu... – ela suspirou ao meu lado e deixou os ombros caírem concordando com a cabeça, dizendo desolada. – Eu ia contar para você, mas não tive forças... Amor, por favor, me escute antes de tomar qualquer decisão.

– É Bia, ela deve ter muita coisa a dizer.

Olhei com tanta raiva para aquele ser desprezível sentado e rindo, se eu tivesse menos classe voaria no pescoço dela e a tiraria de minha frente, mas simplesmente disse:

– Eu me enganei com você, me usou e manipulou meus sentimentos – fechei os olhos balançando a cabeça, inspirei fundo dizendo apenas – acho que não a mais nada a ser dito aqui, Samantha.

Joguei os papéis que estavam em minhas mãos na mesa, saí sem olhar para trás, entrei no primeiro táxi que passou e pedi que ele apenas dirigisse, não tinha ideia do lugar para onde iria, só queria que ele fosse o mais longe daquele restaurante, daquelas fotos e daquela maldita certidão a qual mostrava que a mulher com quem eu queria me casar, na verdade já era casada. 

Naquele momento a Bia apareceu e meu pior pesadelo estava se concretizando... Rebeca lançou os dados na mesa e virou o jogo a favor dela... Em menos de vinte minutos conseguiu destruir toda a confiança que a Bia tinha depositado em mim... E quando a vi saindo chorando do restaurante até tentei correr atrás dela, mas foi impossível, já tinha entrado em um taxi, voltei para o interior do restaurante juntando forças não sei de onde e disse:

– Você é um monstro Rebeca, estragou a minha vida – o pior de tudo aquilo, era ver o sorriso vitorioso dela nos lábios – nunca mais quero olhar na sua cara.

– Ah! Que isso meu amor, venha terminar de almoçar comigo – virei as costas e saí deixando-a sozinha na mesa, que de longe ainda gritou – o almoço é por minha conta.

Sua gargalhada me seguiu até a calçada, onde peguei um táxi seguindo para o hotel onde a Bia estava hospedada, chegando lá corri para o quarto onde constatei para meu desespero que ela não foi. Liguei para Liza, informando que não voltaria naquele dia para casa e que se Rebeca chegasse, era pra dizer que eu não havia ligado e que nem sabia de mim.

Passei aquela tarde e a noite toda acordada, mandando mensagem para a Bia, fiquei no hotel onde achava que ela iria passar... Tentei ligar... Entrei em contato com Ângela para saber dela, e nada... Com o coração apertado na manhã seguinte saí do hotel, liguei em casa para saber se Rebeca tinha aparecido lá, Liza disse que não, agradeci a Deus por isso e segui para lá.

– Oi dona Samantha, tudo bem com a senhora? – ela olhou meu desespero e perguntou preocupada: – O que está acontecendo?

– Liza, escute o que vou dizer, faça tudo o que eu mandar, tudo bem?

– Claro, mas dona Samantha.

– Depois eu explico, arrume uma mala com suas roupas, pegue somente o necessário e não demore.

Corri para meu quarto onde arrumei uma bolsa com algumas roupas, fui para o quarto de Diana e peguei algumas peças, voltei para a sala onde Liza já me esperava, sem ar quase e disse:

– Leve essas coisas para o carro, leve Diana também por favor, já estou descendo.

Ela mesmo desesperada fez o que mandei, não demorou cinco minutos meu celular tocou, atendi desesperada achando que era a Bia:

– Dona Samantha, a dona Rebeca acabou de chegar, ela não nos viu, mas está subindo.

– Liza, pegue Diana e vá para casa de meu irmão, não se preocupe comigo.

– Mas, dona Samantha.

– Liza, vá e leve minha filha com você, por favor.

Ela concordou no momento em que a porta se abriu e por ela Rebeca entrou olhando em volta dizendo:

– Está pensando em ir a algum lugar?

– Quero distância de você, nunca mais irá me ver e nem Diana.

– Que isso meu amor, essas palavras não combinam com você – passou a mão em um copo, encheu de vodka e voltou em minha direção perguntando – então você vai embora?

– Quero o divórcio, nada mais me impede de sair dessa casa.

– Tsc... tsc... tsc... Você não vai sair daqui, não hoje e nem nunca.

– Não vai me impedir, suportei tudo o que podia suportar, respeitei você até mesmo quando sabia das suas saídas a noite...

– Respeitou? – disse irônica apontando o dedo em minha direção: – Eu nunca me apaixonei por ninguém, “nessas minhas saídas”, mas você? – levantou vindo em minha direção: – Se encantou com a primeira vadia com quem foi para cama.

– Não importa mais, eu a perdi e de você só quero o divórcio, saia da minha casa e nunca mais volte

– De novo Samy, já conversamos sobre isso – riu na minha cara.

– Pois se você não quer sair, saio eu – peguei minha bolsa e fui em direção a porta.

– Ah não! Você não vai sair assim, acha que a deixarei livre para correr atrás da outra?

Veio em minha direção louca, abriu minha bolsa e começou a jogar minhas coisas pela sala, a deixei com seu ataque, peguei minha carteira e chave e fui em direção a porta novamente, mas senti meu braço sendo puxado para trás, quase caí no chão e ela avançou para cima de mim perguntando:

– O que ela tem que eu não tenho?

– Posso enumerar muitas coisas aqui Rebeca, mas jamais iria fazer comparações entre você e a Bia, não merece pisar no chão que ela passa.

O tapa violento tocou meu rosto me tirando o equilíbrio, caí por cima da mesa rodando para o outro lado, vi ela vindo em minha direção e agarrar meu braço me puxar e dizer:

– Nunca mais você verá sua preciosa “Bia”, sabe porquê? – Me arrastou até o sofá e me jogou nele. – Ela nunca mais vai querer olhar para você depois do que aconteceu ontem, porque pelo que notei você a feriu profundamente, a perfeita e linda Beatriz não aprova mentiras, mesmo que isso a machuque, conheço gente como ela, prefere perder do que ganhar usando mentiras.

Suas palavras me feriam de uma certa forma que avancei para cima dela, desferi tapas que ela rindo ia desviando, me acertou novamente e caí, dessa vez sem conseguir levantar, a última coisa que ouvi de Rebeca foi: “Quero ver se ela vai te querer, depois que eu acabar com você hoje!”. Os golpes que levei no rosto e no corpo, fizeram com que eu perdesse o sentido e desmaiasse.  

Fim do capítulo