Bia

Desembarquei as dez no aeroporto, um carro da empresa estava à minha espera. Segui para lá, meia hora depois estava entrando na filial da P&H Coffee de Recife, fui recepcionada por Alessandra, administradora responsável que estava no lugar da Dani. Seguimos para sua sala onde ela me colocou a par da situação de tudo. Em seguida almoçamos juntas, ainda conversando.

Saí da empresa por volta das três da tarde, segui para um hotel onde tomei banho e liguei para o Junior informando que estava na cidade, mas pedi que ele não dissesse nada para a Dani, queria fazer surpresa. Ele me convidou para jantar, combinamos o horário e passaria para me pegar. Caminhei pelo quarto, e acabei me jogando na cama, liguei para Sam, ela me atendeu no terceiro toque:

– Oi amor, como você está?

– Apesar do calor eu estou bem – sorri, escutei a voz de Diana e perguntei curiosa: – É a pequena maravilha?

– Sim, essa menina está impossível hoje.

– Espera – levantei perguntando preocupada – você não está no Rio?

Silêncio do outro lado, a menina parecia chorar pedindo alguma coisa, minutos depois Sam retornou falando:

– Eu não fui para o Rio, Bia! Tive imprevisto por aqui, e Diana para variar está com essa febre que não passa.

– Ela ainda está doentinha?

Preocupada, caminhei até a janela, a vista era linda, a praia lá embaixo parecia lotada, Sam disse preocupada do outro lado:

– Não sei Bia, a médica disse que são os dentinhos que estão nascendo, mas estou preocupada.

– Imagino que sim, eu também estou agora – encostei no vidro, do outro lado podia ouvir os soluços, disse baixinho – posso falar com ela?

– Claro, amor! – Ouvi Sam dizer do outro lado.

“Di, tia Bia está no telefone, quer falar com você!”

Segundos depois a pequena disse ao telefone.

– Ti... Tia Bia – soluçando meu Deus, cortou meu coração:

– Oi pequena maravilha, como você está?

– Do... Dói tia...

– Oh meu amor, não fica assim – sentei passando a mão na cabeça, ainda dizendo carinhosamente – você vai ficar boazinha, cariño, eu prometo. – Do outro lado soluços dela e chorava novamente, ouvi palavras desconexas e quando Sam pegou o fone perguntei: – O que ela disse, amor?

– Ela está dengosa Bia, não consegue dormir e fica assim chorosa o tempo todo.

– Queria estar aí, abraçar vocês duas e protegê-las de tudo – inspire fundo desanimada – quando você vai para o Rio agora?

– No começo do mês agora, marquei com Fernanda.

– Ainda faltam duas semanas Sam, é muito tempo sem ver você.

– Eu sei Bia, mas não posso ir antes.

Parecia impaciente do outro lado, passei a mão no rosto respirando fundo.

– Está bem, faremos como você quer então.

– Está chateada?

– Estou tentando não ficar Sam, mas não estou conseguindo.

– Bia...

– Tudo bem, vou ter que sair agora – mordi os dentes sem conseguir controlar uma lágrima que caiu, terminei – podemos conversar mais tarde?

– Certo amor, se cuida.

– Vocês também, me liga se acontecer alguma coisa, por favor.

Ouvi a promessa dela do outro lado e encerramos a ligação, minha vontade era de bater o celular no chão para aliviar aquela sensação de aperto no peito, mas me controlei e tomei uma dose de whisky, senti a bebida descer queimando minha garganta. Voltei para a janela e lá fiquei até o Junior me ligar avisando que estava na recepção me esperando, desci e o encontrei rindo.

– Hei, olha você aí – me abraçou forte, sorri dizendo:

– Saudades de você, cara.

– Também estava, Bia – me abraçou pelos ombros e seguimos para onde ele havia deixado o carro, disse abrindo a porta – Dani está nos esperando.

– Disse a ela que eu estava indo?

– Não, mas disse para ela preparar um jantar especial porque estava levando uma surpresa.

Entrou pegando o volante e ganhamos a avenida da praia, fomos conversando animadamente e cerca de meia hora ele entrava em um condomínio aconchegante, uma quadra da praia.

– Queria morar em um lugar aconchegante assim.

– Linda néh! – Deu a volta me abraçando e dizendo – sua amiga quem escolheu como presente de casamento.

– Sendo minha amiga, claro que ela tem um bom gosto – sorri empurrando seu ombro dizendo divertida – a não ser pelo fato de ter me trocado por você, aí ela não tem minha aprovação.

Arqueou a sobrancelha e gargalhou me guiando para a entrada, antes de chegarmos a porta, ela apareceu perguntando:

– Mas que “zoada” é essa em frente de... – parou quando meu viu, deu um gritinho e tapou a boca olhando para o interior da casa, depois veio em minha direção se jogado em meus braços dizendo: – Bia que saudades de você.

– Oi pequena Dani, estava com saudades de você também.

A apertei em meus braços, e quando nos separamos, me guiou para o interior da casa dizendo animada.

– Então era você a surpresa, fez meu marido mentir para mim, você não presta.

– Verdade amor, ela me ameaçou se eu contasse que estava vindo.

– Que isso, um homem desse tamanho com medo de mim? Fala sério, eu te disse que era uma péssima escolha ter casado com ele, Dani.

– Vocês dois não tem jeito mesmo.

Sorrimos, na sala ele nos serviu uma dose de bebida, para mim vinho, para ela água apenas, sorri agradecendo e dizendo na sequência:

– E então, cadê a princesa da casa?

– Ela deve estar dormindo... – naquele momento ouvimos choro, Junior corrigiu: – Estava, quero dizer – levantou dizendo – eu pego ela, amor.

– Obrigada! – ele levantou sorridente e seguiu para o interior da casa, ela me olhou e segundos depois perguntou: – Como você está?

– No geral? – balançou a cabeça concordando, sorri dizendo: – Bem, eu acho.

– Sei, muito inspirador essa sua resposta – sorri e ela continuou – e quais as novidades? Como está seu avô?

– Dr. Paulo “casou” novamente.

– Mentira, com quem?

– Ângela, assistente pessoal dele há décadas, acho que você deve se lembrar dela?

– Claro, adoro aquela senhorinha, que bom que Dr. Paulo seguiu em frente, estou muito feliz por ele – tomou um gole de água concluindo – apesar de amar dona Helena, que descanse em paz, ele merece ser feliz novamente.

Sorri, levantando a taça em sinal de brinde a minha avó, segundos depois Junior entrou na sala segurando um pacotinho nas mãos, levantei indo em sua direção dizendo:

– Meus Deus, como é pequena?

– Na verdade, ela foi considerada a maior quando nasceu. – Dani veio ao nosso encontro pegando a filha, dizendo coruja: – Essa é minha princesinha.  

– Nossa, ela é linda demais, parabéns aos dois – sorri olhando para o Junior brincando – apesar dela ter herdado a beleza da mãe, tem alguns traços do pai, o branco dos olhos, por exemplo.

Os dois caíram na risada, e ficaram babando a filha, que realmente parecia uma princesinha. Lindinha e toda rosadinha, cabelinhos escorridos com os mesmos olhos do pai, pretos parecendo duas jabuticabas. Depois de algum tempo insistindo muito, a colocaram em meu colo, nossa que medo eu fiquei. Na última vez que peguei uma criança ela falava e andava, Diana. Estava ninando ela quando Dani perguntou abraçada ao marido:

– Alguém já conquistou você ou ainda está farreando por aí?

Sorriu e acompanhei dizendo sem olhar para ela:

– Sabe que não sou dessas, meu amor, tive sim algumas namoradas ao longo da vida, mas no momento estou tranquila.

Ela arqueou a sobrancelha e gargalhou divertida dizendo:

– Engraçado, da última vez que soube, estava saindo com uma modelo, muito linda a propósito.

– Não estamos mais juntas, faz um tempo – olhei para ela curiosa – espera aí, como soube de Isadora?

– Vi a foto de vocês em uma revista.

– Sério?

– Sim, vocês estavam em um evento, Niterói se não me engano – parou pensando e concluiu – Evento beneficente.

– Ah sim! – lembrei, sorri dizendo: – Isso foi a quase dois anos, estávamos começando a sair.

– Bom, se não estão mais juntas, quem é “ela” dessa vez?

– Quem é ela o que? – sorri divertida, não se dando por vencida ela disse:

– Fala sério Bia, totalmente transparente, está na cara que alguém dobrou você!

– Sempre direta!

– Relaxa e conta logo Bia, ela não vai se dar por vencida.

Junior disse nos servindo uma segunda dose de vinho, olhei para ela dizendo:

– Samantha Suzie Chermont! – sorri boba. 

– Nome bonito, a moça faz jus a ele?

– Com toda certeza – mostrei a foto dela com Diana que era o meu descanso de tela do celular. – Sam e Diana, a filha dela!

– Muito linda as duas! Há quanto tempo estão juntas?

Inspirei fundo e disse sorrindo: – Pouco mais de três meses!

– E você está derretida assim? Quem te viu, quem te vê!

– Perdidamente apaixonada – sorri, mas deixei transparecer algo que ela perguntou:

– E esse sorriso triste?

– Não sei ao certo, Dani – dei de ombros sorrindo para o bebê que abriu os olhos em meus braços, dizendo apenas – estamos afastadas esses dias.

– Suponho que ela não more no Rio.

– Guarulhos, nos conhecemos através de meu avô, em breve ela irá trabalhar conosco.

– Sei, e ficar longe assim mata você de agonia, já que é um grude em suas relações.

– Hei... – sorri e ela gargalhou me olhando desafiadora, abaixei a guarda dizendo apenas: – Eu a amo, só não quero ficar distante, nos vemos quase que uma vez ao mês.

– Isso é chato Bia, ela vem até você ou vice e versa.

– Quem dera se eu pudesse ir ao encontro dela, toda semana estava lá, mas é complicado – olhei para os dois sorrindo triste – a família dela não sabe que é lésbica.

– Entendi, isso complica mesmo.

Dani disse, levantei para ela pegar o bebê que estava resmungando, em seguida Junior completou:

– Logo isso passa Bia, a vida arruma jeito para tudo.

– Espero que sim meu amigo... Eu espero... – sorri meio à contra gosto.

Conversamos um pouco mais, depois jantamos e eles insistiram para que eu ficasse com eles em sua casa. A noite voltamos ao hotel onde estava hospedada, fechei a conta e voltei para casa deles. Lá eu fiquei até domingo, de certa forma foi bom, conversei bastante com Dani, e ela me fez pensar com suas palavras. Falava com Sam pela manhã, a tarde quando dava e todas as noites. Mas finalizava as ligações sempre com o coração apertado.

Domingo chegou e iria viajar à noite, passamos o dia naquele clima familiar que meus amigos criaram para o lar deles, conversando e colocando os assuntos em dia, Sam me ligou a tarde e ficamos um bom tempo na vídeo chamada, brinquei com a pequena maravilha que graças a Deus estava bem melhor.

Mas achei algo estranho, onde estava a boneca da criança? A vi com vários brinquedos, menos a boneca a qual ela era um grude, perguntei e Sam que desconversou, mas ouvi a Di dizer claramente “mamãe quebo!”. Mas porque Samantha quebraria a boneca? Algo não estava certo, ela mudou de assunto e não disse nada.

A noite chegou, seguimos para o aeroporto, embarcaria as oito, abracei meus amigos prometendo voltar em breve, agradeci a hospedagem e quando meu voo foi anunciado segui para a plataforma de embarque, pouco mais de três horas cheguei cansada na minha casa. Tomei banho caindo na cama, dormi instantaneamente.

Aquela semana foi tão corrido na empresa que mal tive tempo para comer, sexta chegou e não era nem quatro da tarde e já estava exausta, querendo ir embora logo. Estava ajeitando minha mesa quando Ellen ligou, atendi e ela disse que meu avô me esperava em sua sala, queria falar comigo com uma certa urgência, agradeci e disse que estava indo, ao entrar na sala dele, sorriu perguntando:

– Nossa, que desanimo.

– Cansada vovô, essa semana foi intensa.

Literalmente me joguei no sofá, ele levantou e veio em minha direção sorrindo e dizendo:

– Pois vou lhe dar um motivo para se alegrar.

– Duvido muito, viu – sorri achando ele diferente, perguntei – o que queria me dizer?

– Preciso que você viaje amanhã para resolver um pequeno problema... – não deixei ele terminar e disse apenas:

– Imagino que seja para Curitiba, Ellen me falou que estão com dificuldades lá – levantei olhando para ele dizendo desanimada – aliás, queria falar com o senhor sobre isso, precisamos rever aquela equipe, vire e mexe o senhor ou eu, temos que ir lá resolver algum problema.

– Estou indo para lá hoje à noite, convoquei a equipe e resolverei isso amanhã – olhei questionando:

– Mas se o senhor vai para lá, onde quer que eu vá?

– Você é apressada cariño, não deixou que eu terminasse – voltou para a mesa pegando uma pasta e me entregou dizendo – preciso que vá para Guarulhos junto com Ana, aconteceu um pequeno imprevisto lá com os funcionários, parece que estão querendo entrar em greve, precisamos evitar que isso aconteça.

Sem esperar, sorri abertamente, até meu cansaço havia sumido e uma energia boa tomou conta de mim, ele me olhou e me abraçou dizendo:

– Sabia que ia se animar com essa tarefa.

– Finalmente tenho um motivo para ir até lá vovô, ela não vai conseguir escapar.

– Espero que resolvam logo essa situação, estou cansado de te ver pelos cantos triste, cariño.

– Tudo ficará bem vovô, irei para casa arrumar minhas coisas – dei um beijo em seu rosto dizendo ao sair – obrigada, nunca fiquei tão feliz em resolver um problema da empresa.

 – Imagino, mas você não precisa ir hoje, descanse e vá amanhã de manhã, garanto que até o meio dia vocês resolvam isso.

– Encontrarei Ana lá amanhã, pegarei o voo para Guarulhos hoje, tenho assuntos pessoais a tratar antes.

Saí da sala dele com o coração a mil, Sam não poderia me escapar agora. Falei com Ellen, para ela providenciar um voo para mim, nem que fosse fretado sairia antes das sete, segui para casa. Tomei banho rápido, arrumei a bolsa com minha roupa e tudo o que iria precisar naquele final de semana. Cheguei ao aeroporto antes das 19h e peguei o primeiro voo que saiu.

Estava entrando no hotel fazendo meu check-in quando liguei para Sam avisando que estava na cidade e queria vê-la ainda hoje, se não pudesse vir até mim, iria até ela. Entrei no quarto e aguardei ansiosa, andando de um lado para o outro. Cerca de uma hora depois alguém bateu na porta, corri para abrir e lá estava ela, linda como sempre, se jogou em meus braços e a recebi com o carinho que ela merecia.

Sam

Como prometido meu irmão veio no dia seguinte, e para não ficar aquele clima entre nós, resolvi aceitar seu convite para ir almoçar no sábado em sua casa. Apesar da insistência de Claudia em querer saber o que estava acontecendo comigo, evitei falar muita coisa, uma vez que ela mesma disse que contaria ao meu irmão se Rebeca tivesse feito alguma coisa comigo.

Depois daquele dia em que a Bia ficou irritada na ligação, fiquei com o peito apertado o tempo todo, embora não demonstrasse em suas ligações, sabia que ela não estava bem. Seu sorriso sempre espontâneo carregava uma mescla de tristeza, precisava dar um jeito de vê-la, mas como fazer sem ser seguida e colocar ela e toda sua família em perigo?

Sexta feira chegou e minha ansiedade estava a mil, não entendi o porquê de estar assim, já que não teria nenhum compromisso agendado, a não ser ficar com minha filha. Estava com saudades da Bia, liguei e ela não me atendeu, achei que estivesse dormindo, já que me confessou que aquele dia tinha sido intenso.

Porém, mais tarde ela me ligou dizendo que estava em Guarulhos a trabalho e queria me ver, entrei em pânico, não poderíamos nos ver sem que Rebeca ficasse sabendo, ainda mais agora que tinha gente me vigiando. Mas a saudade estava apertando tanto meu peito que resolvi de uma vez por todas ir até ela e contar toda a verdade, me apeguei aquilo.

Avisei Liza que passaria a noite fora, sabia que Rebeca estava fora da cidade, e quando voltasse eu já teria contado tudo para a Bia. Arrumei uma bolsa com algumas roupas e segui para o hotel onde ela estava hospedada.

Passava das dez quando cheguei, no elevador meu coração estava disparando tamanha a ansiedade de estar com ela, quando abriu a porta do quarto me joguei em seus braços e senti eles me apertarem no mesmo instante em que ela me levantou no ar dizendo ao mesmo tempo em que me beijava:

– Ah, que saudades de você... Nossa!

– Eu também estava morrendo de saudades, meu amor.

– Entra e me fala, como você está? E a pequena Maravilha? Achei que fosse traze-la.

Me puxou para o sofá se sentando e me levando para seu colo, sorri dizendo:

– Ela está bem, com saudades de você também, Liza mandou um beijo.

– Saudades de dona Eliza.

Me apertou nos braços, passei a mão em seu rosto desenhando com meus dedos, sorri sussurrando:

– Precisamos conversar.

– Eu sei amor, temos tantas coisas para dizermos – beijou meus lábios, e me deixei levar me entregando ao nosso beijo saudoso, ao final dele ela sussurrou quase sem voz. – Mas, podemos conversar depois.

– Bia...

– Por favor, amor... estou morrendo de saudades de você.

Deu um sorriso tão lindo que acabei não resistindo e mais uma vez adiei aquela conversa.

Ela me levou para a cama onde gentilmente foi tirando minha roupa e as dela, deitando sobre meu corpo me preenchendo com o seu. Em segundos só ouvíamos nossos gemidos e carícias sendo trocados baixinho, nos amamos até ela adormecer em meus braços. Fiquei olhando-a dormir, tão serena e aparentava estar tão cansada, fui me rendendo ao sono e adormeci também.

Acordei no meio da manhã seguinte, olhei em volta, mas a Bia não estava. Me virei na cama olhando meu celular, tinha uma mensagem dela:

“Amor, precisei sair para resolver um problema na empresa, não quis acordá-la, estava dormindo como um anjo!” (emoji com os olhos de coração)

“Estava pensando, tem um restaurante maravilhoso próximo ao hotel, você quer almoçar comigo?” (emoji mostrando a língua) – Sorri.

“Estou esperando uma resposta... Te amo!” (um coraçãozinho e uma flor)

– Aiin Bia...

Suspirei apaixonada, respondi confirmando o convite, ela retornou com outra mensagem carinhosa dizendo o horário que passaria para me pegar.

Fechei os olhos e acabei adormecendo outra vez, fazia tempo que não dormia tão bem. Quando acordei novamente me arrumei e desci para esperá-la no bar do hotel, chegou dez minutos depois, me abraçou e seguimos para o restaurante onde almoçamos, ela contando sobre o porquê estava na cidade e finalizou dizendo:

– Tenho algo especial para te falar, mas preciso ir ao toalete primeiro – sorri dizendo:

– Não pode me contar antes? – beijou minha mão e disse sorrindo:

– Curiosa, eu volto logo – levantou e beijou minha testa sussurrando – você não vai se arrepender, prometo.

Fechei os olhos no momento em que ela seguiu pelo corredor, sorri tentando imaginar o que seria quando alguém sentou ao meu lado dizendo:

– Não me esperaram, que pena, estou morrendo de fome.

Olhei para o lado, devo ter perdido a razão, porque quando recuperei do susto, sussurrei desesperada:

– Rebeca, o que faz aqui? – olhei em volta assustada, ela rindo. – Como sabia onde me achar?

– Ah! Samy, você me subestima tanto.

Segurou minha mão e se aproximou tentando me beijar...

– Vai embora Rebeca, por favor...

Quase suplicando, jogou a cabeça para trás gargalhando:

– Eu quero conhecer a sua namorada, e já que estou aqui porque não aproveitar.

– Você não vai falar com ela.

– E quem vai me impedir, você? – Me olhou dessa vez com um brilho de ódio nos olhos, me encolhi e ela se aproximou ainda mais dizendo ameaçadora: – Tente me impedir e acabo com a vida da sua preciosa namorada aqui mesmo.

– Por favor, estou implorando a você, pela nossa filha eu suplico, não faça isso.

– Nossa filha? – riu com mais raiva: – Você não pensou nela quando resolveu ter um casinho fora do nosso casamento.

– Não existe mais casamento Rebeca, pelo amor de Deus, tente entender.

– Ah, Samy, você ainda não entendeu, meu amor – se aproximou e recuei na cadeira, ela passou a mão em meu rosto me puxando com ferocidade ainda dizendo – você é minha e sempre será.

– Você está louca – vi o brilho nos olhos dela quando disse:

– Ainda não me viu louca, meu amor – apertou meu braço, gemi de dor.

 

Fim do capítulo