CAP. 5 – O almoço
Quando chegamos, estacionei o carro saindo e abrindo a porta para Samantha sair. Seguimos para o interior do restaurante, onde fomos encaminhadas para uma área reservada, além do almoço, iríamos tratar de assuntos sobre a empresa, uma ótima escolha.
Fizemos nossos pedidos, para acompanhar preferi água, estava dirigindo e não gostava de beber durante o dia. Mas, pedi a carta de vinho para escolhermos o acompanhamento da moça, a escolha para o momento foi Sauvignon Blanc, agradecemos e quando o garçom se afastou, cruzei os braços dizendo:
– Me fale um pouco mais sobre o seu Projeto!
– Nossa, por onde começar?
Elegantemente tomou um gole do vinho, sorri apreciando aquela visão, dizendo apenas:
– Que tal pelo começo – sorri – como tudo surgiu?
Sorriu, nos seus olhos um brilho penetrante, fiquei intrigada.
– Na verdade esse era um dos Projetos de minha avó, infelizmente ela nos deixou antes de colocá-lo em prática, teve câncer, foi muito doloroso vê-la partir – inspirou fundo desviando os olhos, mas quando me olhou novamente, disse com uma mescla de tristeza no olhar. – Por isso, tomei o projeto como pessoal.
– Entendi, achei muito interessante. Gosto de desafios, e esse parece ser bem grande.
– Estamos trabalhando a quase cinco anos nele, e tem se mostrado muito mais valioso com o passar do tempo.
– Você disse ao meu avô que corre atrás de patrocínio há três anos, certo?
Ela esboçou um sorriso tão lindo que quase me perdi nele, mas continuou falando e voltei a realidade:
– São três anos correndo atrás de patrocínio, os dois primeiros foram para desenvolvê-lo – tomou o vinho novamente, sorriu continuando – quando seu avô me chamou para vir trabalhar com ele, estávamos no primeiro ano de correria, mas naquela época ainda não estava tão atarefada, tinha acabado de resolver assuntos familiares e precisava me recompor emocionalmente, por isso recusei a proposta dele a princípio.
– Então você deve ser alguém que meu avô deseja muito na P&H Coffee, porque depois desse tempo todo ainda insiste em conquistar você.
– Conheço seu avô há anos, dona Helena era melhor amiga da minha avó e costumava frequentar sua casa quase que sempre, eu a conhecia pouco, raras vezes que eu ficava na casa de meus avós quando vinha para o Rio, mas quando passava para dar um “oi” sua avó estava sempre por perto.
– Entendo, infelizmente tem dois anos que minha avó nos deixou, creio que pela mesma fatalidade que a sua se foi.
– Sim, minha avó descobriu um pouco tarde o dela, por isso não resistiu muito tempo.
– A minha já estava lutando contra a doença quase seis anos, foi uma dor e um alívio quando nos deixou, nos últimos meses ela estava sofrendo muito.
– Imagino que sim, vocês eram muito ligadas? – inspirei fundo dizendo:
– Meus avós me criaram, mas passei minha infância e adolescência fora estudando – tomei um gole de minha água concluindo – nos últimos cinco anos, antes dela falecer, pouco tive contato com eles, falha minha eu sei. Quando voltei para o Brasil, soube da doença, e por isso tomei a frente da empresa para o Dr. Paulo passar mais tempo com ela, antes disso, estava trabalhando na filial da Espanha – sorri e ela me acompanhou dizendo.
– Fiquei surpresa em saber que era a Administradora da P&H Coffee, não lembro de ter visto você nas vezes que vim aqui, se bem que, foram poucas.
– Então, depois que dona Helena nos deixou, fui viajar para cursar minha Pós-Graduação. Fiquei abalada e meu avô me incentivou a ir. – Sorri brincando com a taça, automaticamente ela passou a mão sobre a mesa segurando a minha, nossos olhos se cruzaram, mas tirou a mão lentamente e eu continuei: – Voltei para o Brasil uma semana antes de nos conhecermos.
Nossos pedidos chegaram a mesa, como entramos no assuntos de nossas avós demos continuidades a ele durante o almoço, ficamos trocando informações que não sabíamos sobre elas e rimos bastante com as situações, começava a entender o porquê meu avô a queria na equipe, era como se fosse uma neta para ele também.
Quando finalizamos o almoço que o garçom tirou a mesa, perguntei se ele poderia pedir a Willie para vir até nós, nos agraciar com sua presença e agradecermos pessoalmente pelo almoço, ele saiu garantindo que daria o recado e entramos no assunto do projeto. Estava praticamente bebendo cada informação que Samantha me dava com relação aos papéis em minhas mãos.
Tirei algumas dúvidas referente aos profissionais que estavam inscritos nos programas e suas qualificações, afinal, eu estava disposta a entrar de cabeça naquele projeto com ela, ainda mais depois de saber que a minha doce Helena, juntamente com sua avó eram protagonistas principais naquele projeto.
Estávamos rindo de algumas situações que ela precisou passar para conseguir alguns patrocínios, quando a minha amiga encostou na mesa, levantei a saudando com um beijo no rosto.
– Willie, que bom que veio até nós, estava com saudades de você, cariño.
Sorriu me abraçando e dizendo brava:
– Até parece, Beatriz, você sumiu das minhas vistas, não tenho culpa se não nos vimos mais, seis meses?
– Pouco mais, cariño, desculpa.
– Achei que tivesse casado e ido embora sem me convidar – sorriu concluindo – ouvi boatos.
– Todos infundados, não faria isso com você minha amiga, até porque não encontrei a pessoa certa para tal, ainda. – Ela se aproximou e sussurrou em meu ouvido.
– Concordo plenamente, Isadora não era mulher para você.
– Pelo que vejo os boatos correm rápido entre vocês.
– Nos unimos por uma boa causa, meu amor – joguei a cabeça para trás gargalhando e ela me seguiu comentando. – Mas pelo que vejo, Isadora é passado – sorri fazendo as apresentações.
– Will essa e Samantha Chermont, Relações Pública, grande achado de meu avô!
– Agora vejo de onde vem as suas preferências femininas, Bia – sorriu se dirigindo a Samantha. – Muito prazer senhorita Chermont, francesa suponho.
– O prazer é todo meu Cheff Willie, pode me chamar de Sam – sorriu cordial – meu avô que é francês, o sobrenome é dele.
– Nesse caso, pode me chamar de Will, para os amigos, o que achou da minha iguaria?
– Bia havia dito que era o melhor da cidade, agora devo me render ao seu tempero, o melhor que eu já tive o prazer de experimentar no Rio, devo dizer que perde apenas para a Cheff Desiré Beaumont de Guarulhos.
Willie gargalhou gostosamente enquanto sentava conosco explicando o porquê da graça.
– Desiré foi a minha inspiração, na verdade, devo tudo o que sei e o que tenho a ela.
– Agora entendo a similaridade, me perdoa, não sabia.
– À vontade menina, fico feliz em saber que você conhece a culinária dela, faz tempo que não nos encontramos, logo irei marcar um reencontro.
O garçom se aproximou com duas garrafas de licor fechada e três pequenos copos, o qual serviu com uma terceira garrafa, enquanto Will explicava:
– Essa é minha especialidade, sei que a Bia não resiste a ele quando vem aqui, espero que goste, Sam!
Fomos agraciadas com o bom gosto do licor de chocolate com menta, criação dela com alguns ingredientes secretos, elogiei:
– Cada dia melhor Will, está aperfeiçoando?
– Sim, essas garrafas eu gostaria que levassem de presente, estão com dois ou três ingredientes secretos, um dia chego a perfeição.
– Agradeço o presente, senti um levo gosto picante, mas devo estar enganada, tem pimenta?
– Você tem um paladar sensível, senhorita Chermont – gargalhou prosseguindo – pimenta rosa, uma pequena quantidade, apenas para dar ao paladar esse gosto picante a qual se referiu.
Passamos mais algum tempo conversando, mas ela precisou se retirar, fechamos a conta e antes de chegarmos ao carro fiz uma proposta:
– Se você não estiver cansada, podemos ir até ao Lion, o local que lhe falei. Fica alguns minutos daqui.
– Se não for tomar seu tempo Beatriz, gostaria muito de conhecê-lo.
– Me chame de Bia – sorri alcançando a porta do carro e abrindo – não vai atrapalhar, de forma alguma, sua companhia é muito agradável, e hoje não volto mais para a empresa – estendi o braço dizendo – vamos então?
– Sim, estou ansiosa.
Sorri, quando ela se sentou, dei a volta no carro e entrei dando partida. Seguimos para o destino, chegamos lá meia hora depois, felizmente não pegamos trânsito.
SamFomos ao restaurante de uma amiga dela no centro, ótima Cheff. Conversamos sobre o meu projeto, e em determinado momento estávamos rindo e totalmente descontraídas. A Bia estava demonstrando ser uma excelente companhia, falamos sobre nossas avós e quando percebi que ela estava um tanto saudosa, estiquei minha mão pausando sobre a dela sem pensar duas vezes, nossos olhos se cruzaram e percebi que havia ultrapassado um limite, retirei lentamente a mão, ela sorriu olhando o gesto.
Seguimos a conversa, contei sobre algumas reuniões que frequentei quando nossas avós estavam vivas, e da alegria que causava nelas, percebi que a Bia se interessou, assim como eu, ainda mais pela causa. Mais tarde confessei que parte da minha vontade de seguir com o projeto era por causa delas, gostei do brilho que ressaltou de seus olhos.
Depois do almoço, degustamos um excelente licor preparado por Willie, a dona do restaurante, muito divertida e extrovertida, parando pra pensar agora, todos em volta da Bia, tinha uma alegria diferente e contagiante, sempre bem animados e dispostos a nos agradar. Fomos presenteadas cada uma com uma garrafa daquele delicioso licor.
Algum tempo depois a chefe precisou se retirar e permanecemos na mesa conversando. Sorrir com a Bia era simplesmente fácil, além de que, me flagrei vária vezes sorrindo para ela sem motivo algum, que sorte a minha ela estar distraída e não ter percebido. Ao menos era o que eu achava.
Quando saímos do restaurante aquela mesma gentileza de antes, segurou de leve em meu braço me guiando até o carro, mas antes de chegarmos a ele, me propôs de irmos conhecer o local do qual havia falado, impressão a minha ou assim como eu, ela não queria perder a companhia? Aceitei claro e seguimos para lá.
– E então senhorita Chermont, o que faz para se divertir em Guarulhos?
Olhei para ela pensando em uma resposta, inspirei fundo dizendo:
– Ultimamente não tenho tido muito tempo para diversões, muito trabalho e o fato de nosso projeto estar parado me preocupa muito.
– Agora não precisará se preocupar mais, creio eu.
– Graças a vocês, não mais, ainda assim, preciso agilizar muita coisa antes de pensar em me divertir. – Me olhou de canto de olhos, nos seus, um brilho divertido, mas também havia preocupação neles, questionei. – O porque me olha tanto?
– Oi? – Disfarçou me olhando fingindo não ter entendido, mas bastou entrar em meus olhos, sorriu confessando. – Não sei, você tem demonstrado ser uma mulher de fibra e batalhadora, em busca de um ideal, admiro isso em você.
– Está começando a me deixar sem jeito. – Coloquei minha mão propositalmente em seu braço, sorriu ao sentir o toque. Minhas mãos criavam vida própria quando estavam perto dela, retirei dizendo: – Você também não fica muito atrás, com essa pose de menina marota, parece esconder uma mulher...
Perdi a voz com o olhar que ela me deu quando paramos no semáforo.
– O que acha que eu escondo, Samantha?
Me perdi quando meu nome saiu de seus lábios com um tom sedutor, aqueles olhos me olhando divertidamente, fui sincera na resposta.
– Não sei, mas vou adorar descobrir.
Não controlei e ela sorriu, seguimos pela avenida.
– Não conte com isso moça, sou um livro aberto, talvez não ache tão interessante assim a leitura.
– Até o presente momento, tenho me deliciado com o que eu já li.
Ela sorriu lindamente, e juro que não acreditei no que havia dito. Estava deliberadamente flertando com ela.
Desviei meus olhos para a janela, fechando-os por alguns segundos tentando acalmar aquele frenesi de sensações que me tomavam. Seguimos pela avenida conversando casualidades, rindo e nos descontraindo durante o caminho, mas desviava sempre os olhos dos dela que sorria marota, eles estavam começando a mexer comigo. Ou seria ela?
Fim do capítulo
Boa noite meninas, passando para deixar um "oi"...
Espero que tenham curtido o caps de hoje.
Bjs, se cuidem
Bia
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HelOliveira
Em: 28/01/2022
Adoro esse oi acompanhado de um capitulo...
As duas já estão caidinhas, mas a Sam já ta chegando mais....
Bjos
Como assim faz tempo que canta, não acho justo isso..
Resposta do autor:
Olá Lenah, tudo bem?
Que bom que gosta dos meus "Oiis", que tal esse? rs
Ambas encantadas, mas ainda temos muita água para passar em baixo desse rio... ;)
Faz tempo que não pego no violão... Pois é, às vezes só falta a inspiração necessária... hehe
Bjs, se cuida
Bia
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