Capitulo 2
“SIGO ESTRADAS, SIGO PISTAS
Pra me achar”[1]
Maio de 1998
Marília estava no último ano da faculdade de Direito. Adorava uma noitada regada a vodca. Era um espírito livre. Era assim que fazia questão de se intitular. Era hétero. Tinha convicção disso, mas sempre andava com os amigos gays do estágio.
Naquela noite, havia pedido para ir com André, seu amigo mais próximo, a uma boate GLS[2] chamada Broadway. Sempre achou que as baladas gays eram mais divertidas e adorava não precisar passar a noite inteira se esquivando do assédio sem noção dos homens.
Ela era linda. Tipo mignon, tinha cabelos lisos castanhos claros na altura da cintura fininha que se destacava diante dos quadris mais largos. Tinha coxas grossas e delineadas e um bumbum arrebitado. Abusava das roupas curtas e decotadas. Sabia que era gostosa e gostava de provocar.
Chegaram na boate já passava de meia noite. O lugar fervilhava. O DJ tocava Aqua, enquanto ela e o amigo se dirigiam ao bar localizado ao lado da pista de dança. André pediu uma cerveja e Marília optou por um Hi-Fi, drinque de vodca com refrigerante de laranja.
O amigo conversava animadamente com o barman e Marília dançava sozinha ali perto, enquanto tomava a bebida com um canudinho. Pouco depois, André se juntou a ela e dançando a seu lado, contou, rindo, que o barman perguntou quem era ela, já que nunca a tinha visto por ali e ele havia respondido que a amiga era diague[3], causando surpresa no rapaz. Riram e continuaram dançando.
Depois de muitas cervejas, André a deixou sozinha enquanto ia ao banheiro. Durante a ausência do amigo, Marília foi abordada por uma morena de cabelos lisos e olhos escuros que lhe encarava com um sorriso sacana, meio de lado, enquanto lhe oferecia uma bebida.
Marília aceitou e engatou uma conversa com a morena que se chegava cada vez mais perto com a desculpa de que o barulho não permitia que escutasse o que era dito.
Quando André retornou do banheiro parou abismado ao avistar sua amiga aos amassos com a morena no meio da pista de dança. Parecia que havia mais mãos do que a quantidade que duas pessoas normalmente possuem. Sem querer atrapalhar e, ainda passado com a cena, se encostou no bar, pediu outra cerveja e foi servido pelo barman que não segurava a gargalhada.
- Hétero, né André? E os dois riram. André, incrédulo, observou a morena caminhar em direção ao banheiro puxando a amiga pela mão. As duas demoraram mais que o habitual, mesmo levando em consideração a lotação da boate em um sábado à noite.
Marília voltou sozinha e com o riso solto. Encarou o amigo e os dois gargalharam alto.
- Amiga, o que foi aquilo? André perguntava animado.
- Ahhhh – suspirou. - Você sabe que sou um espírito livre, Bi.
E riram mais.
Saíram da boate quando estava amanhecendo e resolveram esticar para comer alguma coisa em um restaurante na Varjota.
Sentaram, fizeram o pedido e, enquanto aguardavam, tomaram uma cerveja. André louco de curiosidade pediu detalhes do acontecido.
- André, meu amigo. Que morena, que boca, que pegada. Olha, te juro que é difícil achar um marmanjo tão gostoso assim. Rolou uma química insana.
Contou que trans*ram no reservado do banheiro e que gozou com uma facilidade até então desconhecida.
André, ainda incrédulo com a facilidade que a amiga perdeu a virgindade lésbica, perguntou se elas tinham combinado alguma coisa pro domingo, uma praia, sei lá. Marília negou e disse que não perguntou nem o nome da moça e caíram na gargalhada, novamente.
O garçom trouxe o pedido dos dois e enquanto comiam, Marília foi surpreendida por um beijo na nuca. Virou e se deparou com os olhos escuros da morena da boate. Ela riu e, sem dizer nada, foi se juntar com as amigas que estavam escoradas em um carro vermelho estacionado em frente ao restaurante.
Marília percebeu que ela havia deixado um guardanapo em cima da mesa com um número de celular e escrito com uma letra meio infantil "Vamos repetir? Me liga. Isis".
Quando Marília virou para onde a morena estava, viu que ela estava aos beijos com uma loira, mas que não tirava os olhos de si.
Marília continuou sua refeição e a conversa com André, mas sempre olhava discretamente em direção de Isis. Pode ver quando ela se afastou da loira e entrou no carro para mexer no som. Começou a tocar a música Proibida pra mim, do Charlie Brown Jr e a morena olhou e apontou para ela.
“Eu vou fazer de tudo que eu puder
Eu vou roubar essa mulher pra mim
Eu posso te ligar a qualquer hora
Mas eu nem sei seu nome
Se não eu, quem vai fazer você feliz?”
Marília a encarou, riu e balançou a cabeça negativamente. André olhou pra amiga com olhos arregalados.
– O que é isso amiga? A mona com a loira e dando essa bandeira pra você!
- Nada, Bi. Ela só está querendo me impressionar.
Terminaram de comer, pediram a conta e foram pro apartamento de André. Dormiram até meio dia e resolveram curtir uma praia.
Chamaram alguns amigos e foram curar a ressaca na Praia do Futuro, mas especificamente na Barraca América do Sol. Pediram batata frita, cerveja e conversavam animadamente quando André cutucou Marília e perguntou se a morena a estava perseguindo.
Marília virou discretamente e viu Isis chegando com a mesma loira, que só então percebeu que era bem mais velha que elas, e com várias amigas. Juntaram duas mesas e notou quando a morena sentou virada para si.
A tarde transcorreu rapidamente enquanto curtiam o show da Lupe Dualibe e antes de ir embora, Marília foi ao banheiro quando foi surpreendida por Isis que entrou no reservado com ela sem nem pedir licença.
A morena encostou Marília na porta e percorreu com as mãos toda a extensão de seu corpo. Apertou sua bunda com força, encostando ainda mais suas intimidades.
A línguas duelavam em beijos cheios de tesão. As bocas só se afastaram quando Isis parou para morder o maxilar e ch*par o pescoço de Marília. Rapidamente, afastou a parte superior de seu biquíni e abocanhou o peito da baixinha que estava durinho de tanta excitação.
Marília não conseguiu conter um gemido gostoso e pediu quase sem forças:
- Me come, não estou mais aguentando.
Isis parou, olhou nos olhos da outra e abriu aquele sorriso de lado.
- Será um enorme prazer, você não imagina o quanto.
Com um movimento rápido, virou Marília e a deixou de costas pra si. Colou os dois corpos e pediu sussurrando em seu ouvido:
- Empina essa bundinha pra mim, vai.
Segurou seus cabelos e puxou a cabeça da estudante de modo a deixar seu pescoço exposto. Enquanto mordia e ch*pava seu pescoço, ombros e costas, com a mão livre levantou sua saia e afastou a calcinha do biquíni e a penetrou fundo com dois dedos de forma forte e ritmada.
Marília estava presa entre a porta e o corpo da morena que lhe mordia enquanto dizia palavras obscenas em seu ouvido. O tesão era tanto que esqueceram completamente as pessoas do lado de fora que certamente escutavam os gemidos e gritos abafados.
A baixinha gozou de forma intensa e precisou ser segurada por Isis para não cair. Quando recobrou sua razão, tentou se recompor da melhor forma que conseguiu. Deu um selinho em Isis e já ia saindo quando a morena perguntou:
– Acho que já posso saber seu nome, não acha?
- Marília. Prazer.
Saiu e deixou a morena sozinha ali.
***
[1] Antes que seja tarde,Pato Fu
[2] Nos anos 1990, foi criada a sigla GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) que, em 2008, foi substituída pela sigla GLBT e posteriormente, com a troca de lugares do G e do L, pela sigla LGBT. Atualmente, usamos LGBTQIA+ que inclui todas as pessoas que não se enquadram nas outras letras.
[3] Gíria utilizada pela comunidade LGBTQIA+ do Ceará para fazer referência a pessoa cis e heterossexual.
Fim do capítulo
Olá, meninas!
A atração entre Marília e Isis é antiga! E tudo começou de uma forma inesperada, principalmente para André, o melhor amigo da estudante de Direito.
Adianto que ainda haverá muitos encontros e desencontros. Na próxima semana, trago mais um capítulo dessa história.
Beijosss.
Z
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