Capitulo 1
"DAR SOLAMENTE AQUELLO QUE TE SOBRA
Nunca fue compartir"[1]
Novembro de 2007
Nunca pensou que o calor escaldante de Palmas fosse lhe fazer sentir saudades do clima quente de Fortaleza.
O relógio marcava 15h e ela saía da Defensoria Pública da União, onde é lotada, correndo para chegar no carro e ligar o ar condicionado no máximo. Um fio de suor escorria em seu rosto deixando alguns fios de cabelo colados em sua testa.
Marília é defensora pública da União e escolheu se mudar para Palmas logo que foi nomeada porque precisava se afastar o máximo que pudesse de uma certa pessoa de sua cidade natal.
Chegou no carro e rapidamente partiu para seu apartamento localizado na Praia Graciosa há pouco mais de 6km de distância de seu trabalho, mas o calor e os processos que carregava a impediam de fazer o percurso a pé. Sempre gostou de caminhar, mas Palmas no meio da tarde lhe tirava qualquer animação para o exercício.
Em menos de dez minutos chegou em casa. O prédio moderno permitia uma vista incrível para o Rio Tocantins o que lhe ajudava a atenuar as saudades das praias de Fortaleza. Após estacionar em sua vaga, pegou sua bolsa, juntou seus papéis e se dirigiu ao elevador. Ao chegar no décimo segundo andar, as portas se abriram e lembrou que a esposa estava em viagem e só retornaria no dia seguinte. Praguejou silenciosamente, enquanto buscava suas chaves, já que não haveria ninguém em casa que facilitasse sua entrada.
Amanda e Marília estavam juntas há seis anos. Não foi uma paixão avassaladora, mas encontraram, uma na outra, a calmaria que Marília tanto buscava. Era feliz com a segurança de seu relacionamento.
Finalmente encontrou a chave e quando estava abrindo a porta derrubou o que tinha em mãos ao enxergar aquele sorriso. Ficou paralisada. Não conseguia articular uma frase, nem tirar os olhos daquele sorriso canalha que lhe tirou do prumo tantas outras vezes antes de deixar sua cidade natal.
- Como? - Isis?.... Quando recuperou o fôlego conseguiu perguntar como a mulher descobriu seu endereço e, ainda, como chegou em sua porta já que a portaria era muito rigorosa em garantir o acesso ao condomínio apenas para moradores e pessoas autorizadas.
Isis nada respondeu. Sem tirar aquele sorriso, que para Marília era fonte de sua perdição, do rosto, apenas juntou os papéis e os demais pertences da defensora enquanto a conduzia para o interior do apartamento.
Ainda sem dizer palavras, colocou o que carregava sobre o aparador que se localizava perto da porta, pelo lado de dentro, alcançou a cintura de Marília e a puxou com vigor, agarrando sua nuca e invadindo sua boca com sua língua faminta.
A defensora ainda tentou resistir, porém sabia que aquela mulher de quem tanto fugia era sua tentação e, por mais que sua cabeça dissesse o contrário, seu corpo imediatamente respondeu aos toques certeiros e padeceu entregando-se vertiginosamente a luxúria.
Naquele momento, não lembrava que era uma mulher casada e que foi por causa de Isis, de suas inconsequências, que abandonou sua cidade há sete anos, fugindo dos problemas que ela sempre lhe causava.
Entregou-se. A mente parece que foi desligada quando Isis lhe empurrou sobre o sofá da sala, enquanto subia sua saia e colocava sua calcinha de lado. Sem cerimônias, caiu ch*pando e enfiando a língua na bucet* de Marília que puxava seus cabelos de forma tão insana que nem percebeu quando a porta da frente foi aberta, permitindo a passagem de Amanda que parou atônita, ainda segurando a pequena mala de rodinhas, ao se deparar com a cena de sua mulher, com a saia na altura da cintura, sendo devorada, sem pudor, no meio da sala do apartamento do casal.
Amanda, ainda em choque com o que estava presenciando, derramou lágrimas inconsoláveis enquanto escutava os gemidos das duas mulheres que ainda não haviam notado sua presença. Apenas quando os soluços decorrentes do choro incontrolável tomaram todo o ambiente, Marília percebeu a presença da esposa e, em um movimento desesperado, empurrou Isis de cima de si, enquanto olhava para Amanda com seus olhos cor de mel cheios de pavor e de culpa.
Amanda deu meia volta e saiu pela porta que entrou. Marília, tomada por desespero, saiu atrás da esposa enquanto tentava minimamente se recompor.
Ao alcançar o elevador, viu as portas fechando e ainda ouviu os soluços da esposa. Voltou para o apartamento, procurou seu celular e a chave do carro e desceu pelo elevador de serviço, tentando alcançar Amanda, mas já era tarde. Não a encontrou no hall do prédio em que residiam.
Sem saber o que fazer, voltou para casa, enquanto ligava insistentemente para o celular de Amanda que só dava caixa postal.
Entrou no apartamento tomada por um ódio que não conseguia dimensionar. Queria explicações de Isis. Como a encontrou? O que queria de si?
Isis estava calma, tomando uma dose de whisky que se serviu do pequeno bar localizado em um canto da sala, com um cigarro aceso na outra mão enquanto, da sacada, admirava a vista deslumbrante que fazia qualquer pessoa esquecer que estava a milhares de quilômetros da praia mais próxima.
- Como você me encontrou? Perguntava Marília descontrolada sem entender os motivos que fizeram Isis viajar 1700 km para destruir sua vida. Seu casamento. Sua paz.
Não conseguia entender por que não conseguia se livrar daquele fantasma. Marília se perguntava que karma era aquele que a fazia perder a cabeça, o centro, a razão com tamanha facilidade. Caiu em um choro sentido pensando em como destruíra seu casamento por causa de Isis. Não se perdoaria jamais pela dor que sabia ter causado na esposa. Sentia que não teria volta e isso a machucou de uma forma que nunca imaginou
Amanda não foi amor ou paixão à primeira vista. Foi uma relação construída tendo como base o cuidado, a amizade e o companheirismo. Amanda lhe cuidou desde o primeiro segundo que se viram. Não merecia que sua falta de controle e de amor próprio, sim de amor próprio, lhe ferisse de forma tão baixa.
Onde Amanda poderia estar? Ligou para o consultório, para o cunhado e para alguns amigos. Todos achavam que ela ainda estivesse no congresso de medicina que acontecia em Brasília.
Marília sentou na ponta do sofá onde minutos atrás se entregou aos desejos mais infames sem pensar nas consequências. Levou as mãos ao rosto, enquanto soluçava sem controle. Sentiu as mãos de Isis em si e levantou a cabeça fitando os olhos castanhos escuros, quase negros a sua frente e perguntou porque ela voltou a procurá-la depois de tanto tempo.
Isis, mantendo a calma que era tão sua, respondeu com a voz rouca tão conhecida de Marília: - porque você é minha.
A defensora se descontrolou e, se pondo de pé rapidamente, levantou a mão mirando acertar um tapa naquele rosto moreno de linhas fortes, emoldurado por lindos cabelos negros, lisos, na altura do ombro. Isis segurou seu braço e lhe puxou para um beijo cheio de língua e desejo.
E treparam loucamente no chão da sala, sobre o tapete. Isis conhecia aquele corpo como ninguém e sabia onde tocar de forma firme, apertando, mordendo, ch*pando. Levando a defensora a vários orgasmos como há muito não sentia.
E o sol se pôs após testemunhar toda a lascívia que ocupou a sala do apartamento até muito tarde naquela noite, em um misto de sex*, amor e tempo perdido. Só pararam quando os corpos despidos, suados e cheios de marcas de ch*pões e arranhões não suportaram mais. Dormiram aninhadas confirmando toda a conexão que tinham e que por tanto tempo Marília quis negar.
[1] Corazón Partío, Alejandro Sanz
Fim do capítulo
Até a próxima semana!
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