Boa leitura!
Capitulo 11
- Ei - abri meus olhos com um pouco de esforço - Está se sentindo melhor?
Pedro acariciava meus cabelos, me fazendo despertar depois de ter dormido a tarde toda.
- Estou. Que horas são? - tentei me sentar na cama, porém, ele me deitou de volta, sorrindo.
- Calma, não precisa levantar agora querida.
- Que horas são? - perguntei outra vez.
- São quase 20:00.
- Nossa - me sentei mesmo contra sua vontade e me levantei. Ele me olhava curioso, me vendo abrir minha mala e procurar uma roupa.
- Vai sair?
- Vou - não olhei pra ele, continuei escolhendo o que eu iria usar. Depois de encontrar algo que eu gostasse, joguei a roupa na cama e fui atrás de um colar e um par de brincos que combinasse.
- Calma aí Liz. Como assim você vai sair?
- Eu marquei com uma amiga.
- Como assim?
Ignorando-o continuei mexendo em minha mala. Senti ele se aproximar em silêncio. Ao ver que eu não lhe daria atenção, ele me puxou pelo braço, e me virou - Que amiga? Você não conhece ninguém nessa cidade.
- A Verônica. Hoje lá no shopping, quando eu estava no banheiro, ela me chamou pra jantar na casa dela. - ele me olhava de cenho franzido - A noiva dela vai estar lá também.
- E eu? Vai me deixar sozinho outra vez?
- Você não é nenhum bebê pra ter medo de ficar sozinho Pedro.
Comecei a retirar minha roupa sobre seu olhar atento e segui pro banheiro. Assim que liguei o chuveiro, escutei ele entrar e em seguida a porta do box sendo aberta.
- Eu realmente não sou criança Eliza, mas vim pra essa cidade pra passar um tempo com minha esposa, não pra passar as noites sozinho nesse hotel.
- Não exagera Pedro. Eu não vou demorar.
- Você não vai Liz!
Enquanto me lavava, o encarei sorrindo debochada.
- O quê? Desde quando manda em mim Pedro?
- Eu não mando. Só não quero que você vá. É pedir muito querer que fique me fazendo companhia?
- É. Você sabe muito bem que eu estou sobrecarregada com meu trabalho. Sabe também que eu preciso sair um pouco. Quero fazer coisas de mulheres, jogar conversa fora. Não tenho que ficar com você o tempo todo, não nascemos grudados.
Ele me olhava emburrado, fechou o box novamente e saiu batendo a porta do banheiro com força.
Assim que saí do banho, o procurei pelo quarto, mas não o encontrei. Procurei pela chave do nosso carro, mas também não a encontrei. Bufei e liguei pra recepção, pedindo que chamassem um táxi pra mim.
Já dentro do carro, peguei meu celular e mandei uma mengem pra Verônica perguntando se nosso encontro ainda estava de pé. Antes que eu viesse para Novo Horizonte, havíamos combinado de nos encontrar na noite de sexta e sábado, já que no domingo a tarde eu iria embora. Não demorou muito e ela me respondeu que já estava seguindo pro mesmo motel de ontem á noite.
Quando cheguei, paguei o motorista e olhando em volta, não a vi. Provavelmente ainda não havia chegado. Atravessei a rua oposta a do motel e me encostei em um muro, mexendo no celular. Mais de meia hora depois ela enfim apareceu.
- Oi gostosa - tentou me beijar, mas eu virei o rosto.
- Caramba Verônica. Achei que tinha me dado um bolo. - reclamei
- Desculpa, eu peguei um trânsito horrível.
Virei a cara emburrada por ela ter me feito esperar tanto.
- Ei, não fica brava minha delícia. Eu não tive culpa. Juro.
- Tudo bem, esquece isso . Vamos entrar? - ela segurou em minha mão e entramos em seu carro, seguindo pra dentro do motel.
Assim que passamos pela porta, deixei minha bolsa sobre uma poltrona que tinha alí e me aproximei dela sorrindo.
- Tava louca de saudade da sua boca sabia? - sussurrei contra seus lábios. Ela sorriu em resposta e aprofundou o beijo.
- Também estava com saudade da sua boca. Na verdade, estava com saudade do seu corpo todo.
Ela me pegou no colo, me fazendo enroscar minhas pernas em sua cintura. Caminhou comigo até a parede e me encostou lá, ainda me segurando. O beijo se tornou ainda mais urgente do que antes. Minhas mãos percorriam suas costas a arranhando de leve, enquanto ela apertava minha bunda sem nenhum pudor, me fazendo gem*r. Desci meus lábios sedentos pelo seu pescoço. Eu adorava seu cheiro e adorava ainda mais sentir ela se arrepiar quando eu a provocava alí.
- Ah, que merd* é essa? - a olhei com raiva e a empurrei. Ela me soltou no chão, estranhando minha atitude.
- O quê foi? - olhou pra baixo - É alguma coisa na minha roupa? - passou a mão em sua blusa e sua calça.
- O quê é isso no seu pescoço Verônica? - virei seu rosto e coloquei o dedo em cima de uma marca que tinha alí. Ela se virou pra o espelho do seu lado e olhou, dando de ombros.
- Ah isso? Não é nada não.
- Como assim não é nada? É uma marca de ch*pão.
- Esquece isso - tentou me puxar pela cintura, mas novamente a empurrei, me afastando dela.
- Você transou com ela hoje?
- Liz...
- Responde - cruzei meus braços sentindo a vontade de chorar aumentar a cada segundo que se passava.
Ele se virou de costas e se sentou na cama retirando seus saltos e em seguida deitou, olhando o teto.
- Porr* Verônica. Você sabia que ia se encontrar comigo e mesmo assim transou com ela? Que sacanagem.
- E o que você queria que eu fizesse Eliza?
- Sei lá. Inventasse uma desculpa, não sei.
- Na hora eu nem pensei nisso.
- Vocês trans*m com muita frequência?
- Para de drama Liz. Vem aqui, vem. - me chamou com um dedo. Mas eu estava muito nervosa, com muita raiva.
- Você estragou o clima - peguei minha bolsa e caminhei em direção a porta. Ela se levantou e segurou meu braço, me impedindo de sair.
- Você tá falando sério? Vai embora por causa da merd* de uma marca?
- Não é a marca. É você. - me virei pra ela - Será que não entende que está me fazendo sofrer com essas atitudes ?
- Lá vem você confundindo as coisas outra vez. - passou as mãos no rosto, impaciente.
Eu estava frustrada e magoada demais pra rebater seja lá o que fosse.
- Olha, pra mim já deu. Se sentou na cama e calçou seus sapatos novamente.
- Do quê você está falando? - me aproximei dela e me agachei, colocando a mão por cima dos seus joelhos.
- Esse nosso lance não está dando certo. Melhor pararmos por aqui.
- Também não exagera Verônica.
- Não exagera? ela levanta e me encara - Isso...- apontou pro espaço entre nós duas - Era pra ser leve e divertido. Mas você tá estragando tudo confundido as coisas desse jeito.
- Não tô confundido. Só fiquei um pouco chateada.
- Mas não devia. Sabe que sou noiva e já deveria imaginar que eu transo com ela, assim como imagino que sua vida sexual com seu marido deva ser bem ativa.
Se virou pra ir embora e dessa vez quem a segurou fui eu.
- Não vai - meus olhos estavam marejados- Por favor, não vai. - me aproximei dela e encostei nossos lábios. - Fica comigo, por favor - implorei.
Ela me olhava séria. Ficou assim por um longo tempo, que pra mim mais pareceu uma eternidade. Se virou e seguiu em direção ao seu carro que estava na garagem do quarto.
- Tô sem carro. Vai me deixar aqui?
Ela suspirou impaciente, resmungou algo que eu não pude entender direito e por fim me olhou.
- Vem, vou te deixar no seu hotel.
Passamos pela recepção, ela acertou nossa conta e seguimos metade do caminho em silêncio.
- Verônica, por favor. Fala comigo.
Ela olhava fixamente pro trânsito a nossa frente, em silêncio.
- Eu gosto de você. Isso é tão errado assim?- comecei a chorar baixinho.
- Não precisa chorar - me olhou de lado- Para com isso Liz.
- Só quero poder falar com você. - suspirou.
- Ok, eu tenho um apartamento que tá em obras e não tem ninguém por lá agora. Lá podemos conversar com mais privacidade.
Embora um fio de esperança de que ela não me deixaria tenha invadido meu peito, eu nada respondi, apenas sequei minhas lágrimas, tentando controlar minhas emoções. Não sei ao certo quanto tempo demoramos pra chegar, mas reparei que tanto o bairro, quanto o prédio eram de alto padrão, um luxo só. Assim que entramos, notei que a obra a qual ela se referia estava praticamente acabada. Havia apenas poucos materiais de reforma, o chão estava praticamente limpo.
- Nossa. É lindo - comentei.
- Obrigada. - ela jogou as chaves sobre a ilha da cozinha e se encostou nela de braços cruzados, apenas me encarando. - O quê você quer conversar comigo?
- Me desculpa por ter surtado agora a pouco - me aproximei dela - Eu não sou assim, juro. - coloquei as mãos em seu braços e os descruzei. Levei suas mãos a minha cintura e ela não recuou seu toque. - Eu só estou sobrecarregada por causa do trabalho, briguei com a Vanessa e discuti com o Pedro hoje também. - suspirei- Acho que acabei explodindo com você.
Ela me olhava em silêncio e isso estava me deixando ainda mais aflita.
- Fala alguma coisa - sorri sem graça - Tá me deixando nervosa.
- Não sei o que dizer. Pela primeira vez você me deixou sem palavras.
- Fica comigo essa noite - dei um selinho nela. Percebendo que ela não recusou, dei mais um e depois a beijei com um pouco mais de força.
Ela me sentou na ilha a qual antes se apoiava e ergueu minha saia, colocando suas mãos em por cima da minha calcinha.
- Fica difícil resistir a você assim - sussurrou em meu ouvido, depois mordeu meu lóbulo me fazendo gem*r baixinho.
- Eu te quero tanto - falei antes de avançar novamente em sua boca.
Sem nenhuma delicadeza, ela rasgou minha calcinha e me penetrou, me arrancando outro gemido.
Durante horas, nos perdemos no corpo uma da outra. Ela me possuiu como nunca antes e eu me aproveitei de cada pedaço do seu corpo. Quando por fim nos demos por satisfeitas, nos levantamos e começamos a nos vestir novamente.
Depois do sex*, ela não disse uma só palavra e nem me olhou. Fiquei com medo do seu silêncio, por isso decidir puxar assunto.
- Lindo esse lugar. Combina com você.
- Obrigada, mas a verdade é que foi a Camila quem escolheu tudo. Eu quase não venho aqui, odeio obras.
- Ela escolheu? - eu estava confusa.
- Sim, esse apartamento é nosso. Vamos morar aqui depois do casamento.
- Casamento?
- Aham - ela ajeitava sua calça, totalmente indiferente ao que suas palavras causavam em mim.
- Quando?
- Em um mês - me olhou rapidamente e voltou sua atenção pro seu cinto.
Abri a boca, porém não disse nada. Minha voz não saía.
- Liz - se aproximou de mim - Eu adoro trans*r com você, na verdade eu tenho muito tesão em você, mas eu quero que saiba que realmente tudo que houve entre nós acaba aqui.
- Pensei que tivéssemos nos acertado.
- Nos acertamos. Tanto que acabamos de trans*r na minha futura casa. Mas pro seu bem e pro meu também, eu prefiro assim.
- Vai me descartar?
- Não estou te descartando. Eu curti muito o nossa lance, mas hoje eu tive a certeza que você está mais envolvida que eu. Acho que nosso envolvimento não está te fazendo bem.
- Isso não é verdade.
- Ah não? - se aproximou e passou seu polegar bem de leve sobre meus lábios, com sua boca bem próxima a minha - Então fala olhando nos meus olhos que não está apaixonada por mim, que não morreu de ciúmes quando viu a marca que a Camila me deixou.
Eu ofeguei com sua proximidade e com suas palavras. Novamente fiquei em silêncio.
- Viu só? Você se apaixonou mesmo eu deixando claro que era só sex*. Caramba Eliza.
- Eu não tenho culpa. Não mando em meu coração.
- Eu não vou colocar em risco meu casamento por sua culpa.
- Minha culpa? Caso não se lembre, você me seduziu naquela maldita festa, você foi atrás de mim no hospital se insinuando, me provocando. Eu não sou a única culpada.
- Ficar aqui discutindo quem tem mais culpa não vai adiantar nada. A única coisa que interessa é que eu não quero mais me envolver com você!
- Eu não sou um sapato velho que você usa e quando enjoa joga fora.
- Em que hotel está hospedada mesmo? - pegou sua chave ignorando outra vez o que disse.
- Naquele perto da praia.
- Ok, vou te deixar lá.
- Verônica...
- Chega Liz. Não quero mais discutir com você, e também não vou voltar atrás na minha decisão.
Já sentindo as lágrimas cair novamente, passei por ela feito um furacão e chamei o elevador sem esperá-la pra descer comigo. Chegandoao hall, pedi ao síndico que me chamasse um táxi. Enquanto ele fazia o que eu tinha pedido, ela saiu do elevador.
- Vamos - parou pra me esperar.
- Não precisa me levar. Eu vou de táxi. - nem a olhei, estava extremamente chateada com tudo que tinha acontecido.
- Você quem sabe - passou por mim e entrou em seu carro, deixando pra trás apenas o cheiro do seu perfume e meu coração partido.
Fim do capítulo
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 29/12/2020
Olá! Tudo bem?
Pois é, tudo errado. As duas são muito irresponsáveis.
É uma pena que, apesar de ser ficção este texto, isso aconteça frequentemente nessa nossa tosca realidade. Volto a dizer: a traição, principalmente sendo ela física, não merece perdão em hipótese nenhuma. As duas merecem um destino bem ruim por serem tão hipócritas.
Vamos ver como a Aurora, mesmo na ficção, vai conseguir acertar toda essa coisa, se é que tem conserto. Eu não vejo.
É isso!
Post Scriptum:
''É tão absurdo dizer que um homem não pode amar a mesma mulher toda a vida, quanto dizer que um violinista precisa de diversos violinos para tocar a mesma música.''
Honoré De Balzac
Rita Dlazare
Em: 28/12/2020
Se envolver com alguém comprometido e ainda mais qd se é comprometida, é procurar problema pra umas duas encarnações. Parabéns pela história.
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