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E se... por Nadine Helgenberger

Ver comentários: 13

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Palavras: 6076
Acessos: 4555   |  Postado em: 27/09/2020

Capitulo 19

 

Capitulo 19 - E se...

 

Joy abriu os olhos e imediatamente experimentou uma sensação que não era tão habitual quando despertava. Teve vontade de sorrir e fê-lo, ainda que de pronto não soubesse a razão. Alongou braços e pernas, saiu do sofá e abriu os estores das janelas da varanda. Lá fora resplandecia mais um lindo dia de outono, com o sol ainda meio tímido, mas já banhando os edifícios e as árvores.

Joy sorriu e teve vontade de pegar a sua camera e fotografar tudo que lhe saltava aos olhos.

Estava feliz e tinha a sensação que poderia agarrar o mundo com as mãos, abraçá-lo e fundir-se nele.

Riu e chamou Zayco que não respondeu.

Acreditava piamente que tinha sonhado com os acontecimentos finais da sua noite passada, quando ouviu um barulho sutil vindo de dentro do seu apartamento.

A alegria foi tão grande que pulou literalmente para dentro do apartamento. A primeira coisa que notou foi o cheiro característico de banho e logo em seguida o aroma forte de café.

Não tinha sonhado. Elena estava algures por ali...

O coração bateu numa velocidade considerável e os pelos eriçaram. De repente andava na ponta dos pés e não sabia exatamente porquê. Medo de acordar do sonho?

Sorriu e seguiu o som da música que vinha da cozinha.

Viu Elena ao pé da janela enorme da cozinha. Involuntariamente levou a mão ao peito. O coração batia na maior potência possível. Ela bebia uma chávena de café e olhava o movimento lá fora. Apenas essa imagem já seria suficiente para acelerar o batimento cardíaco de Joy. Mas, tinha mais. Elena estava quase nua...leve exagero.

Sorriu e permaneceu quieta e invisível.

Elena usava uma toalha na cabeça, calça jeans e sutiã...descalça...linda...perfeita.

Tão perfeita que Joy não hesitou em caminhar até ao estúdio e pegar a sua camera. Aquela cena merecia ser registada.

Voltou e Elena ainda permanecia na mesma posição e parecia viajar na melodia de Promise de Unbrok.

Fotografou-a. Acariciou-a pelas lentes da camera...suspirou e teve receio que ela ouvisse. Estava extasiada. Apaixonada.

Apaixonada.

Elena mexeu uma das pernas e Joy saiu sorrateiramente daquele ambiente. Não queria ser vista. Não queria que ela visse que estava embriagada pela atmosfera...ou queria?

Sem saber ao certo o que queria, voltou ao estúdio e pousou a camera devagar sobre a mesa.

Como que em camera lenta, ela voltou à cozinha e aproximou-se de Elena que continuava absorvida pela paisagem.

            --Bom dia! - Disse atrás de Elena que sem se virar, sorriu e respirou profundamente.

            --Bom dia, senhorita fotógrafa. - Elena permaneceu de costas e percebeu que alguma coisa se movimentava dentro dela e numa velocidade vertiginosa.

Joy, sem medir qualquer tipo de consequência e embriagada pela imagem daquela mulher, abraçou-a por trás. Elena controlou um suspiro, mas jamais o sorriso escancarado.

            --Estás inteira?

            --Eu? Porque não estaria?

            --Parecias receosa de dormir na minha cama...

            --Que fique bem claro que eu nunca mais durmo nessa casa.

            --O que é isso? Que decisão mais irrevogável é essa?

Risos.

            --Reformulo...

            --Hmmm...

            --Eu nunca mais durmo naquela cama. Posso dormir na varanda, no chão, mas naquela cama, jamais.

Risos.

            --Tem espinhos?

            --Não sua idiota, é exatamente o contrário. Viste as horas?

            --Não...- Joy sorria e perdia-se em Elena que já estava de frente para ela.

            --Joy, já passou e muito das 8, a essa altura eu normalmente já estou a caminho do Metro.

            --Hmmm...- Joy nem ouvia o que Elena dizia, estava em outra dimensão.

            --Joy!

            --Sim...

            --Ainda estás a dormir...é muito cedo para ti...

Risos.

            --Estou bem acordada. Podes chegar um pouco mais tarde, a editora sobrevive.

Risos.

            --Pareces a Milanka. Ela sempre diz que tenho excesso de zelo...sei lá se tenho.

            --Tu nunca chegas atrasada.  Estou errada?

            --Não...

            --Então não há motivos para crise. Ah, e podes sempre alegar que foste vítima de rapto.

Gargalhadas e Elena vermelha.

            --O que não seria de todo mentira...

Risos.

            --Preciso trocar de roupa...- O tom de voz de Elena era quase um sussurro.

            --Estás linda...- Joy sussurrou.

Elena percebeu que corava. Sentiu raiva daquela mania repentina.

            --Linda de calça jeans e sutiã? Ah e toalha na cabeça...perfeita. - Ironizou.

Joy sorriu e tirou a toalha da cabeça de Elena deixando o cabelo cair em cascata.

Riram às gargalhadas.

            --Joy, pelo amor dos Deuses, preciso trabalhar...e preciso lembrar que sou uma mulher séria.

Joy riu às gargalhadas e estreitou ainda mais o abraço.

            --Não vi nada ainda que reduza a tua seriedade a zero.

Gargalhadas.

            --Pontos de vista...

            --Hmmm...

            --Normalmente acordo voando da cama e corro como uma doida dentro de casa. Myk sabe...

Risos.

            --Hoje acordaste a horas e fizeste tudo tranquilamente.

            --E estou agarrada a uma inglesa há mais de meia hora.

Risos altos.

            --Exagerada! Mas, estás certa.

Joy soltou-a e Elena quase a prendeu de novo, mas instintivamente olhou as horas e percebeu que não podia beneficiar de mais um único minuto de deleite.

            --Existe um código de vestuário para a tua editora?

            --Não! A Brigitte é doida, mas acho que não a esse ponto.

Risos.

            --Então podes usar uma blusa minha e estarás perfeita para encarar um dia de trabalho.

Elena arregalou os olhos.

            --Ah, não precisas ficar com essa cara.

Risos.

            --Cara de quê?

            --Cara de: essa inglesa pensa que vou vestir essas roupas de fotografa despojada dela?

Elena riu até doer-lhe a barriga.

            --Não pensei nada disso...e gosto das tuas roupas, do teu estilo. E mais, acho muito sexy.

            --Pode até ser, porque o meu irmão diz a mesma coisa. Mas, não combina com o teu estilo editora maravilhosa.

            --Hmmm...

Risos.

            --Mas, não te esqueças que eu já fui uma empresária cosmopolita.

Risos.

            --Empresária cosmopolita, fotógrafa cosmopolita...aiiii...

Risos.

            --E acho que esqueceste que estás atrasada para o trabalho.

Gargalhadas.

            --Tu não passas de uma bruxa. A blusa...

            --Azul, vermelho ou terra?

            --Vermelho!

            --Ok, a senhorita manda e confesso que adorei a escolha.

Risos.

 

Minutos depois...

            --Joy, esqueci de algo importante...

            --Sim?

            --O Mykonos. Obrigada pela blusa linda, mas vou precisar passar em casa para deixar comida para meu gato.

            --Não precisas. Se não tiver objeção da tua parte, eu posso...

            --Podes?

            --Posso!

Elena abraçou Joy intempestivamente.

            --Obrigada! Agi como uma desnaturada, deixando meu fiel companheiro tanto tempo sozinho...

Risos.

            --Vou lá ver se está tudo bem e mais tarde deixo-te a chave na editora.

            --Não, pelo amor de Deus, não posso abusar tanto da tua boa vontade.

            --Aproveita, porque não estou sempre assim.

Risos.

            --Mas, há a hipótese de vires cá buscar...

Elena sorriu e bateu a cabeça.

            --Vou levar a chave na editora, porque hoje tenho um trabalho noturno e devo voltar madrugada adentro.

            --Não estou a abusar?

            --Daqui a pouco eu vou chamar-te chata.

Gargalhadas.

            --Não me sentiria ofendida. Minha mãe, que é quem mais me ama nessa vida, me chama de chata desde os meus 12 anos.

Gargalhadas.

            --Antes de ir, só mais um pequeno detalhe...

            --Hum-hum...

            --Por favor, não leve o Zayco quando fores lá em casa...o Myk não é muito sociável...

Joy soltou uma gargalhada.

            --Elena, isso jamais passou pela minha cabeça...e ficas linda com essa cara de quem está morta de vergonha.

Foi a vez de Elena rir a ponto de intensificar ainda mais o rubor da sua face.

            --Joy, estamos aqui a discutir assuntos tão sem sentido e eu me atrasando cada vez mais para o trabalho. Tu...

            --Eu?

Risos.

            --Nós somos inconsequentes...- Elena sugeriu.

            --Ou estamos felizes. - Joy ponderou.

Silêncio.

Sorrisos com afagos.

Sim, estavam felizes e havia uma necessidade quase vital de eternizar aquele instante.

Elena pensou em alguma coisa, mas não conseguiu verbalizar.

Joy experimentou uma força dentro de si que não conhecia. Tudo era tão novo e aliciante que facilmente sucumbiria.

Sucumbir à grega era um voo desconhecido, que paradoxalmente não a amedrontava.

Sorriram.

Elena abraçou Joy com força. Ato impensado.

Joy gem*u e deixou-se fundir.

Racionalmente poderiam querer alguma coisa diferente, mas eram guiadas por sentimentos poderosos e contra eles, nada poderiam fazer.

            --Preciso ir...eu sei já disse essa frase pela centésima vez...

            --Eu sei...

Riram juntas e Joy levou Elena até à porta.

            -Estás linda. Minha blusa ficou perfeita em ti. Se quiseres...

            --Se eu quero? Ela já é minha.

Gargalhadas altas.

Elena surpreendeu-se com aquela atitude. Sentia-se tão à vontade com aquela inglesa que esquecia-se da sua timidez, excesso de cuidado e outras tantas características que poderia jurar, a caracterizavam.

            --Não te esqueças de me devolver a chave...           

            --Ou dormirás na rua, ou na minha cama...

Elena mordeu a boca e sentiu as pernas tremerem. Joy brincava com coisas muito sérias...

            --Pateta! Obrigada...

            --De nada! Disponha sempre.

Elena foi embora quase correndo.

Sozinha, Joy riu muito. Que estava feliz, não restavam dúvidas, mas havia algo mais. Sentia-se forte e nada tinha a ver com a força para comandar os negócios da família, ou aguentar o temperamento difícil do pai. A força vinha do coração. Sentia-se tão criativa, mais espontânea, sentia-se...

Interrompeu o devaneio ao ouvir o telefone a tocar.

 

*****

O dia de Elena que iniciara da melhor forma, logo começou a desmoronar com os desmandos de Brigitte. Teve que participar de duas reuniões completamente fora do planeamento, quando tinha muitos deadlines para cumprir. Estava nervosa, irritada e obviamente que longe da frequência de sonho com que iniciara o dia.

Passava das 14 horas, quando finalmente tinha conseguido sair para comer alguma coisa.

Por essa altura já estava mergulhada em profundos questionamentos e querendo correr para longe de tudo que a ligava a Joy. Confusão era seu nome. Descrença talvez fosse a melhor palavra para descrever o seu estado.

Quando Milanka ligou querendo companhia para almoçar, seu coração encheu-se de alegria. Ainda bem que a doida também tinha perdido a hora de comer.

 

*****

A conversa entre amigas girava em torno das loucuras da dona da editora onde trabalhavam.

            --Ela é doida, mas eu sempre vou ter a sensação que sou a maior prejudicada nessa equação.

            --Mas é lógico que sim.

            --E porquê?

            --Troia, tu passas a ideia de que a tua vida resume-se àquela EWO. Aliás, tu vives pela editora. Claro que a Brigitte já percebeu e para o teu desespero, és excelente no que fazes. Ela vai abusar sempre, se não mudares a tua postura.

Elena permaneceu calada ouvindo a amiga.

            -- Experimenta mostrar que tens mais o que fazer, ou então mande essa mulher para...

Elena riu alto.

            -- Ah, não sejamos extremistas, eu preciso desse trabalho.

            -- Não sei se sabes, mas há milhares de editoras pelo mundo e muitas dariam tudo para ter uma profissional como tu.

Elena adorava imaginar-se com o poder que Milanka tinha certeza que ela já tinha.

            --Ah Troia, vamos mudar de assunto. Não vamos estragar nosso momento com assuntos tão chatos.

Elena sorriu sentindo a cabeça ferver.

            --Estás linda, adorei a blusa.

Elena sorriu e olhou para a sua fisionomia refletida no espelho do restaurante.

            --É da Joy...era, agora é minha.

            --Hmmm...

Milanka piscou o olho.

            --Nada demais, não viaja...

            --Eu não disse nada, aliás, estou à espera que me contes tudo.

Elena suspirou. Precisava desabafar suas paranoias e ninguém melhor do que Milanka, para ouvir sem julgar.

Resumiu as últimas novidades a uma Milanka completamente em silêncio.

            --Vou ser bem franca, não sei o que estou a fazer.

            --Hmmm...

            --Já sabemos que ela tem um namorado, um companheiro ou sei lá o quê, e sabemos também que eu não deveria alimentar essa coisa que nem sei bem o que é.

            --Paixão. Existe uma paixão forte e um desejo que salta aos olhos...        

            --Por falar em desejo...

            --Uiii, já deitaste naquela cama. Troia, conta tudo.

            --Cala a boca! Estamos num restaurante.

Gargalhadas altas.

            --Já deitei naquela cama, mas sozinha.

            --E qual é a graça disso? Elena, sinceramente...

            --Se calasses, talvez fosse possível eu dizer alguma coisa.

Milanka fez um gesto de quem costurava a boca e Elena riu alto.

            --Assim é melhor.

Risos.

            --Milanka...eu sinto coisas pela Joy que...

Elena suspirou e olhou para as próprias mãos e depois para a amiga.

            --O desejo sexual é quase animal...

            --Uiiiiiiiiiiii, desculpa.

Risos.

            --É impossível conversar contigo num restaurante.

            --Prometo não emitir qualquer som, a menos que me seja solicitado.

Risos.

            --Não sei o que acontece comigo quando estou com ela.

            --Qual é a diferença?

            --Tudo é diferente. Vou contar-te algo que sinto vergonha até de pensar...

            --Uiiii...desculpa, ah Troia, tu já me conheces.

Risos.

            --E como...eu tive tanta vontade de pegar essa mulher e...

            --E? Fala Troia, anima o meu dia.

Gargalhadas altas.

            --E o teu homem maravilhoso?

            --Ah, meu homem é maravilhoso, mas ele não é para aqui chamado nesse momento. Quero saber de ti, dos teus desejos insanos pela inglesa. Sabes que não julgo, ah não julgo. A mulher é...não vou estender-me, porque prezo minha carinha linda.

Gargalhadas altas.

            --Tu não existes. Mas é bom economizar mesmo nos elogios, porque hoje em dia tenho ciúme, ou alguma coisa parecida. E isso é ridículo.

            --Porquê?

            --Tenho ciúme de uma mulher que já tem uma história com outra pessoa...ridículo.

            --O que tu sentes só cabe a ti, e se queres saber, acho lindo. Sempre achei muito esquisita aquela tua aura de tanto faz nas relações.

            --Na maioria das vezes era isso mesmo, tanto faz.

            --E com a Joy?

            --Não sei explicar sem parecer uma idiota.

            --Eu não julgo ninguém, Troia.

            --Eu gosto dela, Milanka. Gosto numa intensidade...

Elena suspirou e bebeu mais água.

            --Ela me embriaga, me embala numa onda de possibilidades que...

Mais um suspiro.

            --E tem a questão sexual. É normal essas coisas acontecerem?

            --Que coisas? Não me olhe assim, eu não sei do que estás a falar.

O que Milanka queria era que ela falasse. Elena vivia na defensiva, ou então, num mundo onde as portas de entrada viviam trancadas.

            --Milanka, eu tenho muita vontade de estar com essa mulher...uma curiosidade quase sufocante...

            --De estar com ela?

            --Sexo, estamos a falar de sex*. E tu sabes muito bem...

Milanka segurou uma vontade doida de rir alto.

            --Queres muito fazer sex* com a Joy...normal.

            --Sim, é normal. Anormal é a intensidade...me vi fazendo coisas que...

            --Hmmm...    

            --Tenho muita vontade de...ah, Milanka, vontade de me perder naquele corpo. Já delirei ao ponto de despi-la com os olhos e mentalmente já...

            --Isso é apenas desejo. Não há necessidade de drama, Grega.

            --Porr*! - Elena mordeu a boca e sentiu calor.

            --Já paraste para pensar numa possibilidade que a mim parece óbvia?

            --Que possibilidade?

            --De haver maior conexão com mulheres? Conexão sexual? Quem sabe não sejas bissexual?

            --Hã????

            --Calma!

            --Não estou nervosa, apenas não entendi. Até outro dia eu não tinha nada disso e hoje sou bissexual?

            --A conexão com a inglesa é explosiva e eu vi, ninguém me contou.

Risos.

            --Milanka, o mais próximo que já cheguei de desejo por uma mulher é o meu crush eterno pela Skya, a melhor violinista do mundo.

Gargalhadas altas.

            --E eu jamais pensei em arrancar as roupas da Skya. É crush, coisa de uma aficionada por violinos e que adora o que aquela mulher linda faz com essa arte.

            --Se a Skya aparecesse aqui e quisesse jantar contigo...

            --Ah, Milanka. Eu nem saberia como agir e provavelmente ficaria muda. E sabes que ela nunca faria isso, afinal tu a conheces...

            --Conheço meu bem, e já poderias ter conhecido também se não fosses esse poço de timidez. Mas tudo bem, respeitemos a nossa Troia. Mas e a Joy?

            --Nenhuma timidez e apenas um pouco de razão...do contrário...

            --Ela não é a Skya...

            --Não! Ela é real, eu me conecto com ela...não é crush, não é apenas crush...ela capta toda a minha atenção...a reciprocidade me encanta e ao mesmo tempo causa um certo medo...

            --Elena, a vossa conexão é palpável, salta aos olhos. Mas...- Milanka percebeu que falou mais do que pretendia.       

            --O quê?

            --Há alguma coisa a mais...além do desejo explícito que vos consome, há alguma outra coisa que eu não conseguiria explicar nem com 100 anos de idade.

            --Hã?

            --Esquece, Troia. Eu não faço sentido...

            --Acho que vou me afastar dessa mulher.

            --O quê?

            --Sim, Milanka. Vou esquecer essa maluquice.

            --Desligas um botão e pronto. É isso?

            --Sem ironia, por favor.

            --Troia, não te iludas...

            --Não sei o que fazer. Quis ser amiga dela, porque não consigo ficar longe, mas estou a enganar a quem? Ela está cómoda...

            --Não acredito que esteja cómoda. Mas, se queres saber a minha opinião...

            --Claro que sim, por favor.

            --Eu já tive experiências com pessoas comprometidas e todas terminaram da mesma forma.

            --Desististe a meio...

            --Sim, mas porque cansei de ficar em segundo plano, de esperar, de...enfim. É desgastante e abala um pouco a nossa auto estima. Mas, às vezes, eu me pergunto se eu realmente quis alguma coisa diferente dessas relações. Ah, Elena é complicado...

            --A Joy vai entregar-me a chave de casa lá na editora e depois disso eu...

            --Chave de casa?

Elena resumiu a história e Milanka sorriu.

            --O que foi?

            --Tu já crias subterfúgios para vê-la...Troia, tu não és assim. Lembras como não tinhas paciência com o Greg? Eu já tive pena dele...

            --Ah...- Elena desistiu de argumentar.

            --Não havia conexão. Não essa que existe com a Joy.

            --Bela amiga, meu Deus...que amiga.

Risos.

            --Pediste verdades.

            --Pois, mas parece que não estou preparada para ouvi-las.

            --Muito subtilmente, eu já tentei saber pelo Ethan o que é essa relação da Joy com o Lorde inglês...

            --Hmmm?

            --Nem ele sabe, ou então ele é bem discreto.

            --Homens...tão diferentes de nós.

Risos.

            --Pois. Mas acho que ele não sabe nada dessa história, porque eles conversam sobre os tempos de universidade e também das paixões que têm em comum. O Ethan gosta muito dela.

            --A vida é muito engraçada... - Elena devaneou.

            --Deve ser o tal do destino que as pessoas tanto falam. O Ethan conhecer a Joy foi surreal. Aliás aquele dia no restaurante, foi totalmente surreal.

            --Meu encontro com essa mulher parece script de filme e o efeito que ela tem em mim parece coisa de outro mundo...

Risos.

            --Vou arrematar da melhor forma.

            --Que medo!

Risos.

            --Uma coisa é certa, se depois que comeres essa inglesa, essa coisa não esfriar...

            --Comer?

Elena arregalou os olhos e Milanka quase se afogou de tanto rir.

            --Eu não quero comer ninguém! - Elena quase gritou.

Milanka continuou a rir.

            --Reformulando, depois que ela te comer...

            --Ah, Milanka, vá à merd*! Vamos voltar ao trabalho que é o melhor que fazemos.

Milanka não parou de rir da cara de indignação da amiga.

 

*****

A instabilidade emocional de Elena aumentou ao longo da tarde. Chegou a picos de nervosismo, quando recebeu um envelope com as suas chaves. O envelope tinha sido entregue na receção da Editora. Apenas isso. Mas afinal o que ela queria? Não era ficar longe de Joy? Não, não era nada disso. Mas também não era viver com aquela espada sobre a cabeça...

Demorou algum tempo até abrir o envelope. A instabilidade atingiu picos absurdos.

"Estou a caminho de um trabalho que vai durar noite adentro. Sei que estás ocupada e não vou importunar. Devolvendo as chaves do teu reduto. Myk está bem, muito bem. Ele gostou de mim. Telefono-te mais tarde. Que teu dia esteja fluindo muito bem como o meu. Joy"

Elena perdeu a conta dos minutos que levou lendo e relendo aquelas frases. Teve vontades esquisitas, impróprias para uma mulher prática como se definia. Mas, as vontades estavam lá...

Estava perdendo o prumo e detestava aquela sensação. Mas e o calor no coração? E a vontade de sair pelas ruas de Manhattan rindo sem motivo aparente?

Quanto mais ordenava ao seu cérebro que queria ficar longe de Joy, mais o coração explodia de calor ao lembrar pequenas coisas, detalhes tão peculiares...

Estava tão fora dos eixos que demorou a absorver mais uma das loucuras de Brigitte. Mais uma viagem sem planeamento e para o dia seguinte. Às vezes, tinha a sensação que Brigitte fazia dela o que bem entendia. Mas a culpa era da chefe? Claro que não.

No meio dos seus devaneios, concluiu que talvez a viagem intempestiva era a melhor coisa que poderia acontecer. Precisava de um certo distanciamento...

Esqueceu o calor no coração e tudo passou a ser feito no automático. A velha Elena de sempre...

 

*****

Passava das sete da tarde, quando Milanka entrou na sala de Elena. Deparou-se com a amiga sentada na cadeira de trabalho, com a cabeça pendida para trás e as mãos sobre o peito. Ela parecia completamente ausente, ou então extremamente cansada.

No ambiente ouvia-se num volume bem baixo, Little piece of me, The ambientalist.

Pelo cenário, Milanka já sabia que a amiga não estava bem. Talvez cansaço de mais um dia naquela loucura chamada editora, ou talvez, estivesse cansada de lutar contra ela mesma.

            --Troia...

Silêncio.

            --Troia.

Milanka tocou-lhe o braço. Elena abriu os olhos e sim, ela estava muito cansada.

            --Pensei que não estivesses na editora...

            --Estive fora, mas voltei por volta das 5 horas. Vamos levantar esse astral?

Risos.

            --Estou cansada. A Brigitte inventou mais uma viagem repentina...

            --E dessa vez é para onde?

            --Carolina do Sul...feira de livros ou sei lá o quê. Qualquer editor dessa porcaria pode ir, mas quem ela chama?

            --A Elena que nunca tem mais nada para fazer, além de carregar essa editora nas costas.

Elena sorriu sem vontade.

            --Troia, sabes que enquanto não começares a agir de forma diferente...

            --Eu sei...eu sei...

            --Mas estás feliz com essa viagem, não estás?

Milanka provocava alguma reação da amiga.

            --A Claire poderia ir no meu lugar...

            --Não respondeste à minha questão.

            --Não! Não estou com a menor vontade de viajar amanhã e passar 3 dias longe da minha casa.

            --Experimenta dizer isso à poderosa chefe.

            --Ah...

            --Pois, é exatamente por causa disso que ela abusa. Mas já falamos sobre isso mais cedo e não vou repetir-me, ainda mais que a senhora é teimosa.

Risos.

            --O Ethan me chamou agora para jantar. Ele está eufórico com alguma coisa que eu não entendi muito bem o que é e quer partilhar comigo. Vens comigo?

            --Ah, o teu namorado quer partilhar algo contigo e tu me levas de cabide?

Gargalhadas altas.

            --Ele já sabe que vais e não mostrou qualquer objeção.

            --Ah, ele já sabe?

Risos.

            --Se fosses menos resistente, já serias amicíssima do Ethan. Ele sempre te convida de tanto que não me sais da boca.

Risos.

            --Estou com fome...

            --Então está decidido. Vamos jantar com o meu namorado e convenhamos que ele é um ser bastante interessante.

Gargalhadas.

            --Minha cabeça está baralhada...

            --Aceite logo o meu convite, que é bem melhor do que se enfiar em casa a remoer dramas existenciais.

Risos altos.

            --Preciso arrumar uma mala para a viagem.

            --Elena, tu sempre tens um troller pronto para as viagens intempestivas da tua chefe.

            --Meu Deus, mas eu sou tão previsível assim? Que pessoa chata!

Gargalhadas altas.

            --Bem chata, mas eu não sei viver sem a tua chatice.

Risos.

            --Só vou aceitar, porque o convite partiu de uma pessoa interessante, o Ethan.

            --Idiota!

Risos.

 

*****

Elena ria e se divertia, e nem de longe lembrava a pessoa perdida de poucas horas atrás. Ethan era muito engraçado e inteligente, uma pessoa vibrante.

            --Acreditas que essa chata não queria vir?

            --Ainda bem que as pessoas mudam de ideia.

Risos.

 

            --Já que a minha namorada não tem parentes aqui em Nova York, os amigos dela passam a fazer esse papel. - Ethan ergueu um brinde e Elena olhou para Milanka que lhe fez um sinal com o olhar. Elas se entendiam bem...

 O que Elena não entendeu foi a omissão, mas sabia que Milanka tinha lógicas próprias e em relação à irmã problemática, a história era ainda mais obscura.

Não concordava com aquela atitude, mas não podia e nem queria julgar as razões da amiga.

Tudo ia muito bem, e Elena já acreditava ter esquecido o motivo de seu desequilíbrio, quando Ethan, mais uma vez a fez ficar em alerta.

            --Queria que a Lizzy estivesse aqui connosco, e ela estava crente que poderia vir ao menos beber alguma coisa na nossa companhia, mas o trabalho de fotógrafa é imprevisível.

            --A Joy...- Milanka repetiu o nome da inglesa para situar Elena.

            --Sim, ela está num trabalho noturno e o intervalo é curto e minha amiga é perfecionista.           

            --Parecida com alguém que conheço. - Milanka brincava para amenizar o desconforto de Elena que já era notório.

            --Deve ser por isso que elas se conectam tão bem.

            --Hum-hum...

            --Concluíram que o perfeccionismo nos conecta...não deixa de ser um bom elo. - Elena tentou brincar.

Gargalhadas.

            --A Lizzy está muito feliz. Ela sempre gostou de artes, mas às vezes a vida nos leva para outros lugares...

            --Ela sempre gostou de fotografar? - Milanka fazia as perguntas que Elena queria fazer e não conseguia.

            --Sempre! Tanto, que muitas vezes não entendíamos o fato de ela estudar gestão. E ela era excelente aluna e ainda tinha tempo para se dedicar ao hobby. Eu sempre achei que o hobby era puro talento, mas ela parecia tão certa que seria uma gestora de topo.

            --Teimosa...

            --Talvez focada, muito focada. Parecia que tudo já estava bem traçado e ela não se desviaria por nada...enfim, conjecturas. E hoje ela está aqui em Nova York, correndo atrás do sonho de uma vida. Somos parecidos...

E o assunto do resto da noite, passou a ser a inglesa.

Valeria a pena o esforço de arrancá-la do pensamento?

Elena ouvia e absorvia...

Devaneava...

A vontade de estar com aquela mulher aumentava e na mesma proporção, um certo receio daquela imensidão...

 

*****

Elena entrou em casa e sentindo-se exaurida, dirigiu-se imediatamente para o quarto. Lá, tirou a roupa e acariciou a blusa linda que usara ao longo do dia. No chuveiro, a água lavou-lhe o corpo e alma por largos minutos.

Vestiu seu pijama favorito e finalmente pôde ir atrás do seu fiel companheiro.

            --Myk, por onde andas? - Gritou por ele a caminho da cozinha.

Verificou que com seus peixes estava tudo bem e chamou mais uma vez pelo gato.

Preparava um chá, quando ele apareceu e enroscou-se nas suas pernas.

Elena agachou-se e encheu o animal de amor.

            --Eu sei! Sou uma desnaturada, mas me perdoas? Não parei de pensar em ti um único segundo.

O gato miou e continuou enroscado nela. Ela notou que seus potes de água e alimento ainda estavam a meio, ou seja, o animal não tinha passado necessidades.

            --A Joy cumpriu o prometido. - Sorriu e o gato miou mais uma vez.

Mykonos que não era muito afetuoso, pulou-lhe das mãos e correu para a sala.

Elena, serviu uma caneca grande de chá e dirigiu-se à sua área de trabalho.

Estava completamente sem sono e sem a menor paciência para arrumar a mala. Teria tempo pela manhã, já que a viagem seria por volta do meio dia.

Sua casa estaria no mais absoluto silêncio, não fosse o tique-taque do relógio na parede da cozinha.

Sentou na cadeira à frente da sua mesa de computador e ligou a caixa de música. Precisava ouvir alguma coisa além do barulho do relógio.

Distraia-se ao som de Rescue me, James Gillespie, quando uma espécie de pasta, ou porta papéis bem grande sobre a secretária, chamou a sua atenção.

            --Isso não estava aqui...- Disse, enquanto abria a pasta.

Seu coração não estava preparado para o conteúdo daquela pasta.

Duas fotos. Não eram apenas fotos...numa delas sua alma estava escancarada. Sua felicidade naquele momento, gritava em cada pixel que compunha aquela imagem. A foto do helicóptero, momento que não esqueceria pelo resto da sua vida.

A segunda foto, mais uma perfeição. Essa tinha sido feita naquela manhã e ela sequer tinha notado. Parecia uma pintura de tão perfeita.

Sentiu-se linda, maravilhosa. Teve a certeza que era assim que Joy a via, e era assim que se sentia quando ela lhe olhava...

Joy...

Joy...

Como correr? Como desistir?

Ela sabia exatamente como enredá-la e da forma mais subtil e perfeita. Joy, com simples atos, fazia com que ela se sentisse desejada, especial...

Correr para onde?

            --Não sei ficar indiferente, Myk. Eu não consigo ficar indiferente diante de uma emoção tão forte...ela esteve aqui...ela esteve aqui...

Começou a andar em círculos com o telefone nas mãos. Queria ligar para Joy, mas não sabia o que dizer.

Olhou para Myk que a essa altura já estava posicionado sobre a mesa de trabalho.

            --Obrigada, não é? É isso, vou agradecer...

Ela ligou com o coração batendo dentro dos ouvidos.

 

*****

A primeira tentativa de falar com Joy revelou-se frustrada. O telefone parecia desligado. Elena, olhou as horas e imaginou que Joy pudesse estar na cama, afinal já passava da meia noite.

Respirou fundo e após alguns minutos, voltou a tentar. Dessa vez, o telefone tocou e o coração acelerou.

            --Alô!

Elena percebeu algum barulho, o que diminuiu a sensação de estar a transgredir.

            --Alô! É muito tarde?

            --Depende. - Joy riu já imaginando a cara de Elena. - Estou saindo da estação de Metro. Trabalhei até agora.

            --Imagino que estejas cansada...

            --E muito feliz.

Elena sorriu e apertou o telefone. Era notória a felicidade no tom de voz de Joy.

            --Conseguiste entrar em casa?

Elena riu alto.

            --Estou no meio da rua, maluca. Liguei para agradecer as fotos...

            --Gostaste?

            --Não se trata apenas de gostar...tu és muito talentosa, captas coisas que...

Elena atrapalhou-se e resolveu encurtar a conversa para não perder-se ainda mais.

            --Eu adorei e o fato de ter sido uma surpresa, teve um efeito quase letal para o meu pobre coração.

            --Consegui tocar o coração da grega?

Risos dos dois lados.

            --A grega é fácil de agradar...obrigada por ter cuidado do Myk.

            --Ele reclamou de alguma coisa?

Risos.

            --Ele é chato como a dona, mas não reclamou...deve ter ficado enfeitiçado.

            --Ah não, meu charme não causou nenhum impacto naquele lorde.

Risos.

            --Vou viajar amanhã...

            --Hã?

            --Sim...coisas da minha editora chefe. Decisões sem qualquer tipo de planeamento o que atrapalha a minha dinâmica, mas já gastei muita energia hoje com esse assunto. Deixa para lá...

            --Estou perto da tua casa...

Joy lia a sua alma.

            --Podes passar por aqui?

            --Esperas-me na entrada. Se eu subir já sei que passarei horas por lá e ainda tenho que passear com Zayco.

Gargalhadas.

            --Combinado! Demoras quanto tempo para entrar na minha rua?

            --Menos de 10 minutos.

 

*****

 

A ansiedade de Elena levou-a a descer à rua alguns minutos antes dos 10 minutos sinalizados por Joy.

Quando notou que estava de pijama quase correu para casa para mudar de roupa, mas acabou por desistir. Era o pijama de porquinhos tomando sorvete, e por cima tinha um casaco, tudo certo. Perfeito.

Perdida em devaneios, não viu quando Joy virou a esquina em direção ao seu prédio.

            --A pontualidade costuma ser atribuída aos britânicos.

Elena virou num rompante e abriu um sorriso luminoso. Mesmo com um semblante cansado, Joy estava linda. Joy era linda e era uma beleza que transcendia o físico.

Sem pensar, abraçou a inglesa que retribuiu calorosamente, mesmo estando carregada de parafernálias fotográficas.

            --Estava a brincar quando pedi que me esperasses na rua...

            --Queres entrar?

            --Não posso...Zayco.

            --Sim, claro. Nós e as lides com os nossos filhos de quatro patas...

Risos.

            --Obrigada por ter alimentado meu Mykonos. O trabalho correu bem?

            --Muito bem. Adoro fotografar à noite e essa cidade é inspiradora.

            --Sim...

            --Voltas logo?

            --Hã?  

            --Da viagem...

            --Ah... 3 dias. Uma feira que a Brigitte inventou.

            --Não pareces animada.

            --Preferia andar de helicóptero contigo. - Claro que a frase saiu sem que ela raciocinasse.

Joy sorriu e depois riu batendo a cabeça. Elena ficou vermelha.

            --Ah, aquela mulher não tem noção...

            --Qual é o destino?

            --Carolina do Sul.

            --Dizem que o estado é lindo.

            --Pode até ser, mas achas que eu terei tempo de explorar as belezas do lugar?

Risos.

            --Preciso contar-te uma coisa que me deixou muito feliz.

O coração de Elena já galopava no peito.

            --Fui contratada para assistente de fotografia de um documentário que será filmado em Vermont. Isso é fantástico. É muito mais do que eu poderia imaginar em tão pouco tempo de mercado.

            --Tu és muito talentosa.

            --Pode ser, mas o mercado é muito competitivo. Eu fiquei paralisada quando me ligaram. Eu adoro o Vermont, sou fascinada por aquele lugar. Vou trabalhar lá no outono, é mais um sonho realizado. Serão apenas 4 dias, mas eu aproveitarei cada segundo...Elena, estou tão feliz que mal consigo acreditar.

A felicidade de Joy encantava Elena.

Inebriada pela felicidade dela, pelas luzes amareladas da rua que transferiam ao cenário uma imagem de sonho, Elena puxou Joy pela gola do casaco que usava e beijou-a apaixonadamente.

O beijo ganhou contornos explosivos e elas fundiram-se uma na outra. Mais uma vez, a sintonia gritava.

Elena explorava a boca de Joy que a apertava contra o seu corpo. Dançavam juntas, a dança das línguas, mãos, corpos.

A intensidade da paixão avassaladora, foi dando lugar a um outro sentimento. Beijavam-se numa cadência mais tranquila, degustavam-se com vagar. Risos baixos, gemidos, sorrisos, compunham aquele momento de entrega sem reservas.

Um barulho qualquer, trouxe-as de volta à realidade.

Elena afastou-se ligeiramente de Joy e olhou-a dentro dos olhos. Ela sorria.

            --Eu sei que...- Elena tentou dizer alguma coisa.

            --Shhhh...não diga nada. - Joy mergulhou o rosto no pescoço dela.

Elena suspirou.

            --Eu pareço incoerente. Digo uma coisa e depois faço outra, mas é que a tua felicidade é um afrodisíaco. Ver-te feliz é irresistível...

Joy riu com a alma. A grega atingia sempre os lugares mais recônditos do seu íntimo.

            --Partilhar a minha felicidade contigo tem um sabor que eu ainda não sei descrever...eu gosto tanto dessa minha nova vida...

A ultima frase fora proferida com a voz do coração.

            --Joy...ah Joy...

Risos.

            --Quando viajas?

            --Sabes que a nossa sintonia é espantosa...

Risos.

            --Amanhã?

            --Amanhã à noite.

            --Uma pena que nossos destinos não se cruzem.

Risos.

            --Ah, mas vais a Vermont comigo. Não sei quando, mas vais comigo. É um sonho que quero partilhar contigo.

            --Precisas descansar, senhorita.

            --Eu sei. Estou acabada, afinal fui obrigada a dormir num sofá torto.

Gargalhadas felizes.

            --Eu fiquei muito feliz com a tua conquista.

            --Eu sei que sim. Ainda não contei a ninguém, mas queria que soubesses...

            --Adorei...

Joy abraçou Elena e ficaram em silêncio.

            --Preciso ir...Zayco...

            --Sim. Em situações como essas, eu posso sair para passeá-lo...

            --Claro que sim. Preciso ficar com ele porque ele passará alguns dias num canil. E Myk?

            --Com a Milanka. Mas ele é muito independente.

Risos.

            --Preciso mesmo ir...

            --Sim. Ah, vou contigo para Vermont...quando for o momento certo.

Joy sorriu e beijou uma das mãos de Elena.

Elena percebeu-se alinhada com um sentimento que a fazia vibrar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá,

 

Obrigada a todas que comentaram no capítulo anterior. Vou responder a todos os comentários, assim que minhas mãos me permitirem.

Boa leitura e boa semana.

Abraço,

Nadine


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Comentários para 19 - Capitulo 19:
rhina
rhina

Em: 20/05/2021

Boa noite.

A Autora é realmente incrível.

Rhina


Resposta do autor:

Muito obrigada.

Bjs

Responder

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Carmen
Carmen

Em: 20/12/2020

Boa tarde! 

Alguém tem notícias da Nadine? Sabe se está tudo bem com ela? Fico preocupada porque só uma vez ela abandonou uma história assim e justamente em momentos complicados, segundo ela compartilhou. 

Se alguém souber ou se você puder/quiser mandar alguma notícia querida autora, acho que vamos todas ficar gratas! 

Espero de verdade, que esteja bem! Um abraço! 

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diasana377
diasana377

Em: 09/11/2020

Oi gente, boa noite!

Alguém sabe informar se a história foi abandonada?  Venho aqui todos os dias 3 vezes ao longo do dia ver se foi atualizada. :(

Responder

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Lanezann
Lanezann

Em: 25/10/2020

Me sinto como se também estivesse apaixonada junto com elas. Estou amando a leitura... quero mais... kkkk

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diasana377
diasana377

Em: 23/10/2020

Oi Nadine!!!

Quantas saudades de vocês! 

Eu não sei por qual das duas eu estou mais apaixonada, rsrs. Que mulheres. Elena e Joy, química pura. Química essa que consegue ultrapassar a tela do celular e chegar a cada uma leitora.  São tantas sensações que as vezes acho que faço parte do mundo delas.  Obrigada Nadine por me proporcionar isso! 

Volta logo!  Estamos com muitas saudades!

Abraços! 

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GLeonard
GLeonard

Em: 01/10/2020

Oi, passando apenas para dar uma dica, porque já tive o mesmo problema, não suportar digitar muito por dor, tenho artrite reumatóide e quando inventa de atacar as articulações das mãos é muito complicado. Então, descobri um APP que funciona juntamente com o Word, o Dictate. Basta instalar, e ao abrir o Word aparecerá uma aba com o aplocativo. Lá é só clicar e ditar o texto, que será transcrito por extenso. Bem legal, qiase sem erros. 

Melhoras!

Responder

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libriana
libriana

Em: 28/09/2020

Boa tarde a todas!!

 

Mais um capitulo mais q maravilhoso!!! Cada dia q passa elas não conseguem mais ficar uma sem a outra. Simplesmente lindo!!!!

 

Em relação a responder, relaxa Nadine. Sabemos das suas dores e, mesmo assim, ainda, consegue escrever e nos presentear com esta obra incrivel! Vc foi nos desafiar... viu q não brincamos...kkkk

 

Sossega estas mãos para novos capitulos no seu tempo. Ficamos ansiosas mas sabemos q vc volta.

 

Bjs e fique bem!

 

Libriana

Responder

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HelOliveira
HelOliveira

Em: 28/09/2020

Mais capítulo apaixonante....elas são lindas

 

Melhoras

Responder

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kasvattaja Forty-Nine
kasvattaja Forty-Nine

Em: 28/09/2020

Olá! Tudo bem?

 

Não me canso de deleitar-me com sua escrita. É sensível, bonita, limpa... Intimista e deliciosa. Você é grande, Autora, e merece ''Voar voar, subir subir ir por onde for; Descer até o céu cair ou mudar de cor''...

 

É isso!

  

Post Scriptum:

 

''O que sai de mim vem do prazer

De querer sentir o que eu não posso ter

O que faz de mim ser o que sou

É gostar de ir por onde ninguém for''

 

Byafra

Responder

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 28/09/2020

Que lindo esse momento fofo no final

Fique bem! Cuide-se mais ainda

🌻❤️

Responder

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brunafinzicontini
brunafinzicontini

Em: 27/09/2020

Antes de mais nada... obrigada por ter aparecido, Nadine. Você enriquece nosso domingo quando nos oferece um novo capítulo! É uma alegria - primeiro, porque significa que suas mãos lhe permitiram escrever (embora saibamos que muitas vezes você o faz lutando contra a dor); depois, porque sempre é um presente primoroso que nos vem deleitar. Sua escrita é mágica - você está constantemente nos surpreendendo.

Que lindo o relacionamento que Joy e Elena estão construindo! Momentos deliciosos, em que ambas estão se permitindo demonstrar o verdadeiro sentimento que lhes alimenta a alma. A inglesa continua a rota de sonho em sua vida profissional - e dá até medo de pensar no momento em que ela será chamada à sua "outra vida"'. Como resolverá o impasse? Só podemos esperar que ela seja fiel aos laços, cada vez mais fortes, que a ligam à grega.

A proximidade das duas sempre acende chamas de um calor incrível, algo que ultrapassa a paixão momentânea, um amor que cresce a cada encontro. Muito lindo!

Que a semana lhe seja muito boa, querida!

Grande abraço,

Bruna

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 27/09/2020

Aí melhoras !

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patty-321
patty-321

Em: 27/09/2020

Como são lindas juntas. Que existe muito sentimento entre as duas,não tenho dúvidas q é mais que paixão. 

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