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E se... por Nadine Helgenberger

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Palavras: 6351
Acessos: 3564   |  Postado em: 24/01/2021

Capitulo 20

Elena afundou-se no assento do avião sentindo-se extremamente cansada. Olhou as horas no tablet e percebeu que faltava pouco tempo até começarem a descer para La Guardia.

Fechou os olhos e suspirou. Estava exausta e a rotina de reuniões e eventos na Carolina do Sul justificava o desânimo.


--Animo Elena, ainda precisas estar na EWO depois do almoço...- Suspirou e encolheu-se no assento.


Lembrou das palavras de Milanka e mordeu a boca por dentro como sempre fazia quando alguma coisa a incomodava. Há quanto tempo sentia-se assim? Muito? Pouco? Não sabia ao certo, mas não estava confortável naquela situação. Não queria ser a faz-tudo da editora. Sim, era exatamente assim que se sentia. Por muito tempo, sentiu-se privilegiada com a confiança nela depositada. O fato de estar sempre ao lado da chefe, era de certa muito estimulante e exigia dela uma performance cada vez melhor. Para sua veia competitiva, nada poderia ser mais afrodisíaco. O trabalho, o crescimento profissional era sua maior prioridade. Ainda era, mas alguma coisa parecia estar fora do lugar...


Mais um longo suspiro e dessa vez acompanhado de um desconforto no estômago. Claro, não tinha comido nada decente na sua última noite em Columbia. Sentira-se tão esgotada que sequer pensara em comida. Agora, com o dia amanhecendo, sentia-se faminta.
Pensou na mãe e esboçou um leve sorriso. Ela sempre preguntava se tinha se alimentado bem. Se a mãe soubesse a realidade dos seus últimos três dias...
--Vou tomar um pequeno almoço de rainha no aeroporto. - Disse para o reflexo da própria imagem na tela escura do tablet.
Fechou os olhos e experimentou mais uma vez aquela sensação que ainda não tinha nome. Era algo que causava desconforto...angústia...e muitas outras coisas antagónicas. Massajou a lateral da cabeça para aliviar a perturbação.
Joy...
Mais um suspiro. Sentia-se confusa naquela situação. Um pássaro com uma asa aberta pronta para alçar voo, e a outra quebrada ao meio...
O que aquele sentimento tinha de diferente? Claramente sentia algo avassalador por aquela mulher. Na melhor das hipóteses e levando em conta as conjeturas de Milanka, seria algo fácil de resolver. Mordeu a boca mais uma vez e dessa vez doeu.
Mal tinham-se falado nos últimos dias e muito por culpa das exigências de Brigitte. Chegava ao hotel tão cansada que não tinha condições de muita coisa além de banho e cama. Mas, se fosse honesta, diria que agira assim propositalmente. Queria afastar-se daquele redemoinho para organizar as ideias. Queria sua rotina previsível de volta. Então, deveria agradecer à chefe por mais uma viagem sem planeamento...
--Coerência, Elena! - Resmungou.
Encostou a cabeça na janela e entregou-se ao devaneio enquanto ouvia a melodia de We´re gonna be ok de Cody Francis.

 

*****


Depois de comer uma refeição que deixaria a sua mãe orgulhosa, Elena teve alguma dificuldade em levantar-se da mesa e seguir a sua vida. Perdeu-se em pensamentos enquanto observava as pessoas que transitavam pelo aeroporto. Imaginava a história que carregavam, os sonhos, desalentos...
Sempre teve essa mania, inventar histórias para estranhos. Sorriu e sem julgar a sua atitude, tentou mais uma vez falar com Joy. Telefone desligado. Suspiro longo.
Por um lado, frustração. Por outro, alívio. Era assim que vivia ultimamente, total incoerência.
--Vamos para casa dona Elena, porque o Mykonos com certeza ficará feliz e a senhorita precisa descansar antes de marcar presença na editora. - Riu de si mesma enquanto dirigia-se com passos firmes em direção à saída do terminal.

 

*****


Até o momento de sair para o lounge do aeroporto, Joy ainda não tinha entendido o motivo de ter sido arrancada às pressas de Vermont. O irmão não fora claro na urgência da sua presença em Nova York. Ela nem pensara duas vezes, o trabalho era importante, mas o irmão sempre estaria no topo das prioridades.
Qualquer crise de consciência que pudesse existir, foi totalmente superada assim que bateu os olhos no irmão. Correu para ele e entre risos felizes, foi levantada do chão e rodopiada.
--Agora que matei as saudades, posso saber o motivo dessa chamada intempestiva? O mundo vai acabar?
Risos.
--Essa é a Joyanne, brava e pragmática. Não te iludas com sorrisos, Paloma.
Joy abraçou a namorada do irmão que ria da situação.
--Mas, devo admitir que mudaste para melhor, ou, que fotografia é apenas hobby...
--Não, fotografia não é hobby. Sabes bem qual é o meu ponto fraco, seu sacana.
Risos.
--Pois sei. Por acaso sou eu, Paloma.
Gargalhadas.
--Além de brava e pragmática, sou extremamente curiosa. O que estou a fazer aqui?
--E o trabalho?
--Prometi voltar amanhã nas primeiras horas. A minha atitude não foi nada profissional, mas quando eu disse que era uma questão familiar...
--Mentiste, Joyanne!
Gargalhadas altas.
--Eu mato esse irmão mais novo, ou será que devo esfolar? - Fingiu apertar o pescoço do irmão arrancado risadas da dupla.
--É por uma boa causa...- Disse Paloma deixando uma aura de mistério no ar.
--Só pode ser, afinal vocês apareceram por cá bem antes da data prevista.
--Conta Paloma, afinal és a culpada de tudo isso...
--Culpada? - Joy franziu a testa.
--Lembras das fotos que fizeste do nosso concerto em Los Angeles?
--Claro!
--Lembras da FW Magazine & Co?
--Não...nenhuma ideia.
--É a revista especializada em fotos de bandas e outras artes.
--Sim, agora me lembro.
--Claro que ela lembra, essa cabeça é brilhante.
Risos.
--Para de devaneios...Paloma?
--Então, eu enviei o teu ensaio e...
--Ganhaste o prémio revelação. - Gritou Thomas.
--Eu o quê?
--Ganhaste o prémio Joy. Tudo bem que deves ser uma boa fotógrafa, mas a banda ajudou, os componentes. Isso tudo sem mencionar o charme irrepreensível desse casal carismático.
Gargalhadas.
--E isso significa exatamente o quê? - Joy não conseguia acreditar.
--Significa que vais receber um prémio logo mais, na galeria mais hype da cidade de Nova York. Sim, isso não é para qualquer um, mas tu és a minha irmã.
--Ahhhhhhhhhh! - Joy pulou de alegria. Finalmente tinha entendido o que estava a acontecer.
--Isso, grita de felicidade. Tu nem imaginas o tanto que já vibrei, irmãzinha.
--Não te esqueças de contar das cervejas...
--Mal de família e da geografia.
Gargalhadas felizes.
--Vamos Joy, tens um prémio à espera e uma plateia ávida por conhecer a mais nova sensação da fotografia.
--Ele não é nada exagerado.
Joy puxou o cabelo do irmão que riu às gargalhadas.
--Ele até pode ser exagerado, mas nessa situação...
--Ah, parem com isso. Não tenho estrutura para esse tipo de coisas...
--E os prémios que recebias em Londres?
--Outro mundo...
--Vamos? Acredito que os irmãos ingleses querem ficar apresentáveis para a noite memorável.
Gargalhadas altas.
--Eu nem sei se tenho roupa para esse evento...
--Ah Joy, pelo amor de Deus. Tu tens um guarda roupa que é puro exagero...bom, tinhas...
--Ah, pois...
--Não é nada que demande brilhos e plumas. Com certeza tens muita roupa e se não tens, vamos comprar alguma coisa.
--Precisamos correr, Joyanne! - Gritou Thomas.
--Não sei se mato ou encho de beijos.
Risos.
--Ele me tira do trabalho e ainda manda em mim...
Risos.
--A propósito, estou muito feliz com a vossa presença. Não sou muito adepta de surpresas, mas essa acalentou o meu coração.
--Por falar em coração, tentei falar com o William, mas ele estava sempre muito ocupado.
--William? - Joy franziu a testa.
--Sim, o teu namorado. Aquele senhor perfeito que só tu aturas...
Risos.
--Eu sei quem é William. - Sorriu de forma enigmática. - Vamos embora porque preciso comprar uma roupa apresentável.
Joy abraçou o irmão e a namorada dele e caminharam a passos largos para a saída.

*****

Elena olhou mais uma vez para o calendário de tarefas e suspirou. Tinha pendências que já se acumulavam há mais de uma semana e nada poderia ser mais angustiante para a profissional perfecionista que era. A última viagem tinha sido totalmente desnecessária...
--Talvez não de todo, mas eu poderia ter ficado aqui a adiantar a minha vida...
Mais um longo suspiro acompanhado de uma sensação de aprisionamento.
Levantou da cadeira e andou de um lado para o outro. Estava cansada, com sono, mas o que eclodia na sua mente era uma sensação de angústia. A angústia já descera da cabeça para o peito...
--Preciso trabalhar. Tenho que concluir essa merd* ainda hoje.
Levou uma mão à boca e sorriu ainda que sem muita vontade. Estava realmente irritada e com vontade de sair dali e perder-se pela cidade como quase sempre fazia em situações idênticas.
Situações idênticas? O trabalho às vezes a consumia, sua mania de perfeição causava-lhe algum stress, mas aquele aperto no peito era inédito.
Olhou para o amontoado sobre a mesa de trabalho e rapidamente desvencilhou-se daqueles pensamentos pouco ortodoxos.

 

*****


Joy observava o reflexo que via no espelho do seu quarto e sorria. De repente um filme passava pela sua cabeça. Já recebera prémios na vida, aliás, acostumara-se a eles. Na escola, recebia-os anualmente. Na universidade fora premiada muitas vezes em vários fóruns, na vida profissional, recebia prémios financeiros, promoções...
--Estou tão feliz! FELIZ! - Gritou e pulou de alegria.
A satisfação ao ser distinguida naquele que poderia ser considerado um prémio inferior, a deixava tão maravilhada. Queria gritar de felicidade, correr, abraçar as pessoas queridas. Queria espalhar alegria.
O telefone tocou, e já sabia que era Paloma. Ela estava muito entusiasmada, afinal, tudo começara com a sua atitude.
Tranquilizou a namorada do irmão, avisando que já poderiam passar para buscá-la. Thomas alugara um carro alegando que a premiada não poderia chegar a pé o que fora motivo de muitas gargalhadas.
Antes de sair de casa, Joy tentou mais uma vez ligar para Elena. Em vão. O telefone permanecia mudo. Queria partilhar aquele momento e no cenário ideal, queria a presença dela...
Suspirou e sorriu. Estava com uma leve ansiedade e sabia muito bem a quê atribuir aquele estado de espirito. Mas, era mais comodo acreditar que a ansiedade era pelo inusitado do prémio de fotografia.
Fechava a porta do apartamento quando Ethan atendeu-lhe a ligação.

*****


Elena estendia os braços sobre ao cabeça para tentar aliviar um pouco o cansaço, quando Milanka entrou como um furacão pela sala. Foi abraçada pela amiga que transbordava energia.
--Troia, já liguei para a porcaria do teu telefone mil vezes...
--Exagerada!
Risos.
--Desconta o exagero, mas liguei muitas vezes e...
--Está morto!
--Hã?
--Por descuido deixei cair água no banheiro do aeroporto e desde então está com essa tela camuflada e não faz ligações...
--E nem recebe.
--Pois...
--Arroz?
--Aqui?
Gargalhadas altas.
--Tens outro telefone, aquele que ganhaste do último candidato a namorado.
Gargalhadas.
--Já nem me lembrava disso, mas estás certa e acabaste de salvar a minha vida.
Risos.
--O mundo deve estar atrás de ti e esse telefone morto...
--A única pessoa que está atrás de mim é a Brigitte e um escritor persistente que conheci na feira...que cara é essa?
--Cara de quem está com vontade de pular no teu pescoço.
--Que violência é essa?
Risos.
--Muita coisa acontecendo lá fora e tu enfiada nessa sala...
--Não sei se lembras, mas eu trabalho aqui...aliás, nós trabalhamos aqui.
Risos.
--Eu não me esqueci desse fato e cumpro muito bem as minhas atribuições. A única diferença é que sei que há vida além dessas paredes e não me esqueço da vida com a cara enfiada num computador. Elena, chegaste de viagem hoje, uma viagem sem sentido...
--Tinha pendências...
--Sempre tens, mas deixa isso para lá. Vim arrancar-te dessa sala para juntas podermos prestigiar a inglesa...
--Quem?
--Elena, que inglesa que causa uma avalanche na tua vida?
Elena prestou mais atenção ao destempero da amiga.
--Continuo sem entender...
--A Joy vai receber um prémio...
--Prémio?
--Sim, é uma história doida, mas ela depois te conta. Vamos?
--A Joy vai receber prémio de quê?
--De fotografia. De banda musicais, ou algo assim. Não sei ao certo, mas o Ethan que viaja logo mais, faz questão de estar presente ainda que por poucos minutos, e eu vou acompanhá-lo.
Elena absorveu aquela frase, mas nada fez muito sentido.
Ansiedade...
Aquele aperto no peito agora parecia capaz de asfixia-la.
--Troia?
Elena soltou o ar pela boca.
--Estou com muita coisa para fazer...
--Elena, é a Joy que vai receber um prémio. Ouviste bem o que eu disse?
Mais um suspiro seguido de um momento de silêncio.
--Aconteceu alguma coisa durante a viagem? Não pode ter acontecido nada, ela também estava a viajar e não era contigo.
--Preciso trabalhar...
--Troia, nós sabemos que precisas trabalhar e que o trabalho é o ar que respiras, mas sabemos também que desde que essa inglesa apareceu...
--Milanka, se continuares a falar eu nunca mais concluo a agenda...
--Elena, estavas com um pé fora dessa zona de conforto chata...
--Tu mesma me disseste para ter cuidado...- Elena revirou os olhos.
--Ter cuidado é uma coisa, esconder-se é outra bem diferente. Estavas tão bem...
--Eu estou bem, só preciso me concentrar aqui...
--Estás decidida a não prestigiar a Joy, é isso?
--Ela por acaso convidou-me?
--ELENA! A merd* do telefone não está avariado? Ela chamou o Ethan, imagina se não te chamaria...
Silêncio.
--Estás com medo? Preferes a vida morna? Que vida morna? A tua vida é fria e olha que ela pode ser escaldante...tanto potencial...
Elena arregalou os olhos.
--Não precisas arregalar esses olhos. O momento é de andar para a frente ainda que o caminho possa parecer obscuro. Ah, Desisto Troia.
Milanka anotou o endereço do local do evento num post it, beijou a amiga e foi embora.
Elena desmoronou sobre a mesa de trabalho. Alguns minutos depois, pegou o telefone e ele permanecia com a tela quase apagada. Tentou ligar para Milanka, mas sem sucesso. Teve vontade de atirar o aparelho contra a parede, mas controlou-se.

*****
O relógio na tela do computador marcava 18:45 e ainda que não emitisse qualquer som, na cabeça de Elena, o tique taque martelava. Já deveria ter ido embora, mas, mais uma vez mergulhara no trabalho e esquecera da vida.
Todos já tinha ido embora, pelo menos todos do seu departamento. As pessoas tinham vida...
Suspirou e olhou para o teto. Ouviu uma movimentação perto da entrada de sua sala e desceu o olhar naquela direção. A figura que apareceu à porta da sua sala só poderia ser fruto de alucinação, miragem, ou ainda projeção da sua carência excessiva.
--Telefone desligado, Elena? Essa é a ultima novidade?
--Mãe? Melina, o que fazes aqui? Estarei a sonhar?
--Vem cá me dar um abraço e já esclareço a tua dúvida.
Elena voou da cadeira em direção aos braços abertos da mãe. Apertou-a com urgência.
--Minha filha, quanta saudade. - Melina beijou a cabeça de Elena inúmeras vezes enquanto era apertada.
Elena sorria, ria e não acreditava que estava mesmo nos braços da mãe.
--Deus ouviu minhas preces...
Risos com afagos.
--Mãe, não me disseste nada...
--Eu não sabia que viria a Nova York. Sabes que tenho um namorado imprevisível e completamente maluco...
Risos.
--Hum-hum, e maravilhoso também.
--Muito! Na volta para casa, ele me perguntou se não me importava de fazer uma paragem rápida em Nova York para assistirmos a estreia de Adrian na Broadway.
--Wow! Ele vai estrear aqui?
--Vai! E Richard não cabe em si de satisfação. Além de abraçar a minha filha querida, ainda vou à Broadway. Decisão muito fácil.
Risos felizes.
--Mãe, não vais ficar comigo? Por favor...
--Claro que vou ficar contigo. Já deixei minha mala no teu apartamento. Não te avisei antes porque o teu telefone está desligado.
--Não tens que me avisar nada. Meu telefone molhou e...ahhhh, mãe, estás mesmo aqui? - Elena apertou a mãe contra o seu corpo para certificar-se que era mesmo real.
--Quantos dias?
--Apenas dois, meu amor. Tenho pendências em casa...
--Ah, já agradeço de joelhos no chão. Não contava com a tua visita e acho que estou carente de mãe.
--Hmmm, é bom ouvir isso de uma filha tão autossuficiente.
Risos.
--Tu me criaste assim...
--Sim, e não me arrependo. Elena, já não são horas de sair do trabalho?
Risos.
--São, mãe. Ainda bem que apareceste aqui para me lembrar que há vida fora dessas paredes.
--Estou com muita fome. Vamos comer?
--Já sei, nosso restaurante de sabores asiáticos no Bryant Park.
Gargalhadas.
--Tua mãe é bastante previsível e viciada naqueles pratos.
--Estás linda, mãe. Radiante.
--Estou apaixonada pelo melhor homem que poderia encontrar nesta existência. Além de excelente companheiro, ele ainda apoia todas as minhas ideias, tem esse espirito de aventura que simplesmente me encanta...
--Fico feliz!
--Não posso me queixar. Demorou algum tempo, e quando eu não estava à espera de nada, eis que surge o Richard todo atrapalhado no meu restaurante e com aquele sotaque irresistível...
--Ainda resististe um bocado...
--Desconfiança, Elena...dores antigas...e necessidade de resolver a vida para estar inteira.
--Hum-hum...
--Mas ele naturalmente mostrou-me que não podemos ter verdades cristalizadas na nossa vida, ou podemos nos tornar pessoas rígidas, às vezes muito céticas...
--Eu gosto dele...gosto muito dele.
--E eu sou completamente apaixonada pelo meu Neozelandês.
Elena sorriu e abraçou a mãe pelos ombros.
--O Mykonos recebeu-me com entusiasmo.
Gargalhadas.
--Ele estava em casa? Ah, sim, nem me lembrava mais que fui busca-lo em casa da Milanka. Ele é bipolar.
Gargalhadas.
--Mostrou-se muito feliz com a minha chegada. E a Milanka como está?
--Bem louca como sempre.
Gargalhadas.
--A amiga perfeita para essa minha filha muito centrada e ambiciosa.
--Ah mãe, não sou ambiciosa...
--Não é critica, filha. Tu és ambiciosa na tua carreira e estás certa em ser assim. Só não podes esquecer que há outras coisas tão importantes quanto a carreira. A Milanka é a doseadora dessa explosão de foco.
Risos.
--Ela não pode saber que tens essa opinião ou mandará ainda mais em mim.
Risos.
--Ninguém consegue essa proeza.
Gargalhadas altas.
--Vamos, Elena! Estou com fome e tenho a certeza que tu não comes nada há muito tempo.
--Ah mãe...
Gargalhadas.

 

*****
Apesar das risadas e da óbvia descontração da filha, uma amiúde inquietude não passou despercebida à atenção de Melina. Entre um gole de vinho e um pedaço da sobremesa, ela sempre se mexia na cadeira de forma ansiosa. Melina a observava com calma, tentando entender o que estaria na origem daquela ansiedade.
--Não me digas que vais regressar ao trabalho. Já tive mais prestígio junto à minha única filha.
Risos.
--Mãe, não sou tão aficionada assim...
--Então? A comida estava tão boa que nem devem lavar nossos pratos.
Gargalhadas.
--A comida estava maravilhosa e a companhia perfeita. Nem imaginas a minha felicidade, mãe...
--Imagino sim. Eu fico imensamente feliz que estejas a viver o teu sonho, mas as saudades às vezes podem ser sufocantes.
--Quem sabe eu não volte para casa...
--Vais desistir do teu sonho?
--Não, mas posso vivê-lo em outro lugar...em qualquer lugar. Mas, isso é conversa para outro momento. Por enquanto, estou feliz aqui...
Sorrisos.
--Já sabes, mas não custa nada repetir, apoio-te em qualquer decisão e em tudo.
--Eu sei...
--E essa efervescência no olhar?
Elena riu alto. A mãe a conhecia como ninguém...
--Mais cedo a Milanka convidou-me para um evento...
--Elena, porque não me avisaste? Eu jantaria com o Richard...
--Não, nada disso. O evento está a decorrer agora...
--Vamos? Posso acompanhar-te? Nada como uma noitada em Nova York.
Gargalhadas.
--Não estás cansada?
--Eu? Cansada em Nova York e na companhia da minha filha? Impossível. Vamos!
--É uma premiação...alguma coisa assim...
--Estás a tentar dissuadir-me?
--Não...
Risos.
--Nem conseguiria...
--Pois! Vamos à entrega de prémios.
--E o Richard?
--Ah, definimos que hoje seria cada um com a sua respetiva prole. Nada me faria ficar longe de ti, meu amor.
Elena sorriu sentindo-se acolhida.
--A essa hora já nem sei se vamos a tempo...
--Pergunte à Milanka...ah, o telefone tirou férias.
Risos.
--Provavelmente a premiação já terminou, mas sempre acontece uma comemoração. Vamos?
--Agora! Afinal, estamos em Nova York.
Risos.

 

*****

--Eu não acredito! - Gritou Milanka ainda distante de Elena e da mãe.
Elena riu e maneou a cabeça.
--Melina, a tua filha agora esconde-me as informações. Como é que eu não sabia que estarias em Nova York? - Abraçou a senhora que retribuiu na mesma intensidade.
--Talvez porque tenha sido uma surpresa para mim. Já conheces a minha mãe...
Risos.
--Melina, ainda bem que apareceste por cá. Tens a certeza que não trocaram-te a criança no hospital?
Gargalhadas altas.
--Uma mãe aventureira dessas e essa filha...
--Cala a boca.
Gargalhadas.
--Ainda bem que a convenceste a vir. A premiação já terminou, mas ainda há comemoração com comida e bebida do melhor. Ah, e muita gente bonita.
Risos.
Elena tentava agir com naturalidade, mas involuntariamente olhava de um lado para o outro e sentia o batimento do coração ressoar por todo o corpo.
Num desses momentos de impaciência disfarçada, seu olhar cruzou com o de Joy. Teve a sensação, que de uma forma bastante abrupta, todas as outras pessoas foram varridas daquele espaço. Sorriu e sentiu a face tremer. Socorreu-se do ombro da mãe para não tropeçar nas pernas. Apertou os olhos e abriu-os devagar. Tudo em segundos que pareciam demorar mais do que normal.
Joy sorriu. Elena apertou o ombro da mãe com força. Sentiu-se invadida por algo estranho e de uma força poderosa. De repente, a razão chacoalhou a sua mente e ela tentou manter uma postura neutra.
Ninguém podia exercer aquele poder todo sobre si, muito menos alguém que mal conhecia. A lembrança de que Joy tinha um relacionamento foi suficiente para devolver-lhe a postura impassível.
--Filha, então é uma amiga tua que está a ser premiada e não me disseste nada.
Elena fuzilou Milanka com o olhar e a amiga sorriu de forma provocativa.
--E o meu namorado e aquele séquito de fãs finalmente deixaram-na em paz e lá vem ela. Melina, vais adorar a Joy...
O ar imperturbável de Elena desvaneceu. Apertou o ombro da mãe com força e desviou o olhar de Joy.
"Ela não precisava ser assim e era escusado exercer esse efeito sobre mim." Pensava Elena enquanto ouvia o coração bater no estômago.
Elena percebeu claramente que Joy fixava o olhar nela e teve que reagir evitando alguma atitude que a deixasse vulnerável.
--Joy...parabéns. Essa é a minha mãe. - Apressou-se a apresentar a mãe.
Joy desviou o olhar para Melina e abriu um sorriso esplendoroso.
--Hmmm, está explicada a beleza da filha. Muito prazer, Joy.
Melina sorriu e cumprimentou Joy efusivamente. Era assim com todos os amigos da filha.
--Ela é muito mais bonita...parabéns pelo prémio. - Elena tentou disfarçar o nervosismo.
--Obrigada! São muito parecidas...
--Ah Joy, não são nada. A Melina é muito mais divertida do que essa filha chata dela.
Risos.
--Obrigada pela sinceridade. - Elena fingiu-se brava.
--O que aconteceu com o teu telefone? - Joy perguntou segurando a mão de Elena que imediatamente experimentou um calor que parecia lava em fúria a correr.
--Caiu água...demorei a perceber...
--A tua amiga é desligada, Joy.
Risos.
--Ainda bem que tu não és e a trouxeste para cá...
Joy sorria com os olhos, com a boca e tinha uma postura tão perfeita que Elena tinha a certeza que estava numa outra realidade. Queria...
--Liguei-te várias vezes para te contar dessa loucura. A namorada do meu irmão é doida...
--Eles estão aqui...
--Pois estão. Uma surpresa incrível, aliás, estou a viver um sonho e a Paloma é o anjo.
Elena tinha a certeza que pasmava em Joy muito além do razoável. Joy tinha esse poder, irradiava uma luz que inebriava...
--Como foi a viagem?
--Hmmm? - Elena não conseguia raciocinar.
Joy sorriu e mordeu o canto da boca como muitas vezes fazia. Apertou a mão de Elena que prendeu-lhe um dedo entre os seus.
--Muito trabalho, quase não respirei. Mas ainda bem que os anjos existem e tive essa surpresa maravilhosa. - Elena abraçou a mãe
--Estamos em sintonia...familiar.
Sorriram. Dos olhos saíam perfeitas labaredas.
--Ah Melina, como podes ver, já perdi o meu lugar na vida da tua filha. - Milanka precisou agir para quebrar aquele momento de encantamento entre a amiga e a inglesa.
--Exagerada! Mãe, tu já conheces essa doida carente e maravilhosa.
Melina sorriu e passeou o olhar de Milanka para Joy e pousou na filha.
--O coração de Elena é enorme. - Concluiu Melina sorrindo.
Risos.
--Sem dúvida. Mas é impossível concorrer com uma fotógrafa maravilhosa, premiada e que fala com esse sotaque que é uma caricia no ponto G.
Melina riu alto. Elena corou violentamente e Joy agiu rapidamente para livrá-la de um eventual constrangimento.
--Ainda não viste a foto premiada...- Disse enquanto a levava pelas mãos para longe dali.
Elena entendeu aquela saída pela tangente e teve uma súbita vontade de abraçar Joy.
De mãos dadas, seguiram em direção à galeria de prémios.

 

*****
--Vejo muitas mudanças por aqui desde a minha última visita...
--Ah sim, com certeza. A tua filha que não saiu à mãe, agora está mais aberta a amizades, e quem sabe a aventuras...
--Nem imaginas como fico feliz. A Elena sempre foi muito determinada e com uma certa tendência ao exagero.
--É chata mesmo.
Risos.
--Mas tão encantadora que eu não consigo ficar longe. Essa amiga nova tem mostrado um novo mundo a ela e com sucesso. Poderia ficar com ciúmes, mas, fico muito feliz que ela esteja a desabrochar.
Risos.
--O trabalho a absorve muito...
--Trabalhamos na mesma empresa, e eu vivo...
--Sim, até tens um namorado novo...
Risos.
--O Ethan é quase um milagre na minha vida. E a Troia me ajuda muito a gerir minhas emoções.
--E ele conhece a fotógrafa...
--Para veres as coincidências dessa vida. Eles são amigos desde os tempos da universidade. Joy estudou aqui. Estamos todos em família.
Risos.
--Confesso que gosto dessas novidades. Gosto do brilho nos olhos da minha filha...
--Quem não gosta de uma novidade com sotaque inglês?
Gargalhadas.
--Doida!

 

*****
Elena contemplava a foto que concedera à Joy o primeiro prémio de fotografia e era invadida pela certeza que ela nascera para se embrenhar naquela arte. A sua capacidade de captar detalhes perfeitos era sem dúvida a sua marca.
--Gostas? - Joy perguntou com a boca quase encostada à orelha de Elena.
--Adoro! Não me admira que tenhas arrecadado um prémio.
--Meu primeiro...estou em êxtase e não fazia a menor ideia que estava a concorrer.
--Não?
--Não! Isso tudo foi uma loucura da Paloma. Eu não teria coragem...
--Como não? És muito corajosa, aliás, eu admiro essa tua coragem para tudo...
--Hmmm, há controvérsias.
Risos. Sorrisos. Brilho nos olhos.
--Tu és maravilhosa com a camera. Diria que falam a mesma língua e se entendem perfeitamente.
--Perceção instigante e também desafiadora.
Risos.
--Lembro-me bem de a senhora dizer que adora desafios.
--Adoro! Todos...
Elena queria perder-se na boca de Joy. Queria abraçá-la, colar a sua pele na dela. Queria coisas que não fazia ideia que também eram o desejo de Joy.
--Vais voltar para Vermont? - Mudou de assunto, ou...
--Vou! Nas primeiras horas do dia...
--Hmmm...
--Tive que sair às pressas, mas ainda não conclui o trabalho. Devo ficar mais 3 dias, ou seja, fim de semana a trabalhar.
--Tu nem gostas...
Risos felizes.
--Pois...
Sem pensar muito, Elena apertou a mão de Joy entre as suas. Perderam-se numa intensa troca de olhar.
--Como é que eu te acho? - Joy perguntou num rompante.
--Não entendi...
--Estás incontactável. A porcaria do telefone...
Elena sorriu e depois soltou um risinho.
--Tenho outro que será ligado assim que chegar a casa.
--Ufa! Acabaste de salvar a minha vida.
--Exagerada!
--Tive saudades tuas...- Joy sabia ser intensa.
Elena estava entregue ao encantamento.
--Eu...
--Joyanne, eu acredito que estejas com saudade da tua amiga, mas o mundo quer falar contigo, conhecer a fotógrafa que fez essa maravilha. Se bem que a banda ajudou bastante...
Gargalhadas. Elena vermelha e com o coração acelerado.
Contudo, acalmou-se ao perceber que Joy também estava com a tez avermelhada e aparentava algum descontrole.
--Elena, esse é o meu irmão mais novo e a criatura mais irreverente desse mundo.
Risos.
--E essa é a Elena dos vídeos. Eu jamais me esqueceria desse par de olhos e de como a minha irmã fica leve na tua companhia.
Gargalhadas altas.
--Tu falas demais. A Paloma?
--Está a fazer o teu trabalho.
--Nada mais justo, afinal, ela é a responsável por tudo isso.
--Minha irmã é uma chata, Elena. Como é que aguentas?
Gargalhadas.
--Só muita amizade para justificar.
--Thomas...- Joy simulou um tapa nas costas do irmão que riu alto.
--Ah, esqueci de mencionar que ela é a dádiva da minha vida. Sem o apoio dela e da minha mãe, eu jamais estaria fazendo o que me atiça a alma.
Thomas abraçou a irmã pelo ombro e recebeu um beijo terno na face.
--Elena, não te importas que eu a roube por alguns minutos?
--Não, claro que não. Ela precisa brilhar.
--Gostei...gostei muito.
--Vamos Thommy. - Joy apressou-se para sair dali antevendo que o irmão falaria mais do que o conveniente.
--Ficas mais um pouco?
--Preciso ir, além do meu cansaço, minha mãe chegou de viagem hoje e ainda não descansou.
--Liga o telefone, por favor.
--Claro! Parabéns!
--Obrigada. Ligo-te mais tarde.
--Vamos, senhora fotógrafa? Muito prazer, Elena. Ao vivo és ainda mais linda, e olha que alegas cansaço...
Gargalhadas.
--Esse é meu irmão...galanteador.
--E apaixonado pela minha namorada. Mas, não sou cego...
Risos.

 

*****
--Mãe, ainda não foste dormir?
--E perder a chance de mimar a minha menina?
Elena sorriu deitando a cabeça nas pernas da mãe e aconchegando-se o máximo que pôde.
--Estás cansada mãe...
--Mas nunca a ponto de não apreciar a presença da minha filha. Já tenho tão pouco tempo. E sabes que para mim...
--Serei sempre a tua menina.
Risos.
--Espera até teres os teus filhos para veres que não será diferente.
--Falaste com o Richard?
--Sim. Está tudo bem, ele também lambe a cria.
Risos.
--Amanhã estás livre depois do trabalho?
--Sim...devo estar...
--Gostaria que fosses connosco à peça do Adrian.
--Claro mãe! Há tempos que não vou ao teatro...
--Gostavas tanto...filha, não tens direito a alguns dias de férias?
--Devo ter. Porquê?
--Pareces cansada...
--Estou! Mas há tanta coisa para fazer na editora...
--Tira uns 3 dias. Ninguém morre e tu ficas revigorada.
Risos.
--A minha chefe exige bastante...
--A Milanka comentou sobre isso e disse ainda que tu é que não estabeleces limites.
--Ela fala demais, mas se calhar tem razão. É um pouco difícil para mim definir o que é demais...entendes?
--Sim, claro. Talvez eu tenha uma parcela de culpa nessa tua característica...
--Culpa? Porquê?
--Eu sempre ressaltei que o que realmente importa é o sucesso profissional.
--E, não é?
--É importante, mas temos que saber gerir as prioridades...
--Eu quero ter sucesso na minha profissão.
--Mas não precisas anular as outras esferas da tua vida. A Milanka parece feliz no namoro e ela é uma excelente profissional. Não te sobra tempo para namoros?
--Mãe...
--Sim? Elena, namorar é muito bom e eu recomendo vivamente.
Risos.
--Não tenho tempo...
--Então arranje tempo e é uma ordem de mãe.
Risos.
--Sabes mãe, as pessoas mais interessantes já são comprometidas...
--Hmmm...todas?
--As mais interessantes...sim. Aprendi contigo que devo ficar a quilómetros de distância de gente comprometida. Aliás, já tive a minha experiência...tivemos.
--Elena, eu acho que te ensinei algumas coisas muito boas, mas esqueci de te ensinar a ser flexível.
--Não entendi. - Elena sentou-se e encarou a mãe.
--Eu tive aquela experiência negativa e arrastei-te para o mesmo vendaval. Depois de ter saído daquela situação desgastante, a última coisa que eu faria era envolver-me numa situação idêntica.
--Sim, foi isso que aprendi...
--E aprendeste bem, filha. Mas sabes o que aprendi nessa minha vida de mais de 50 anos? Que não devemos ser radicais. Há sim gente de caráter duvidoso, mas também existem pessoas que estão apenas num processo...
--Continuo sem entender.
--Imagina se o Richard fosse como eu, como nós. Quando ele apareceu todo atrapalhado no meu restaurante, eu estava numa relação.
--Ah Melina, aquele idiota...desculpa, mãe, mas era um idiota.
--Sim, concordo. Mas eu estava numa relação. Numa relação que se arrastava e que eu por comodismo não terminava. Se o Richard pensasse como eu, ele não teria insistido a ponto de eu não querer saber de mais nada, e teria ido embora. Ele insistiu de forma elegante, não me pressionou, ou pelo menos não de forma incisiva. Cheguei a um ponto, que romper a relação desgastada foi como virar uma página de livro. Ele não desistiu....
--Ele tinha tempo para investir e provavelmente nenhum medo...
--Não seja tão inflexível, filha. Escute o teu coração...ele sabe quando as coisas são boas, ou não. Passado o momento da paixão intensa, eu sabia que havia algo de muito errado com o Alwin, mas deixei-me ficar...
--Não tem ninguém interessante na minha vida. Nem solteiro ou comprometido...
Risos.
--Precisamos mudar esse cenário. Tens que sair mais vezes, aproveite a Milanka, que ainda que esteja namorando e aparentemente apaixonada, terá tempo para ti. Aproveite a tua amiga inglesa, ela parece ser bastante interessante. Onde a conheceste?
Elena contou a história do encontro no parque com todos os detalhes. O entusiasmo na voz e o brilho nos olhos, deixaram claro à mãe que ela gostava mesmo da inglesa.
--Ainda bem que essa moça apareceu e conseguiu entrar nesse coração.
Risos altos.
--Ela é charmosa e engraçada...gosto dela.
--Nota-se e fico muito feliz. Será que ela aceitaria ir connosco á peça do Adrian?
--Ela adoraria, mas vai viajar amanhã logo cedo, aliás, daqui a poucas horas. Ela teve que interromper um trabalho em Vermont para vir receber o prémio...
--Vermont, wow! Lembras-te quando queríamos fazer uma viagem juntas pelos encantos da Nova Inglaterra?
--Eu ainda quero. Quero muito!
--Imagina as fotos que ela faz por lá...
--Ah mãe, não aguces ainda mais o meu desejo.
Risos.
--Elena, o teu telefone...
--Hmmm?
--O teu telefone está a tocar. Até o Mykonos ouviu.
Risos.
--Não estou familiarizada com esse tom de toque.
Elena atendeu e caminhou em direção à cozinha seguida por Mykonos.
Em menos de um minuto, voltou para perto da mãe e disse que precisava descer.
--A essa hora?
--Sim, mãe. Preciso entregar algo à Joy. Ela está lá em baixo.
--Ok, mas leva o casaco. A essa hora a rua deve estar gelada...
--Não vou sair.
--Leve o casaco.
--Ok!
Risos.
Elena saiu e bateu a porta.
--Myk, parece que nossa Elena está com a vida bem mais movimentada. Bendita inglesa.
Mykonos ronronou e Melina agachou-se e o levou-o para os braços.
--Sem ciúmes, gato.
Riu enquanto dirigia-se ao quarto.

 

*****
--Eu sei que pareço uma maluca, mas não consegui falar contigo há bocado...
--Entra, sai desse frio.
Risos.
--Já estavas a dormir?
--Não. Conversava com a minha mãe. Assunto não nos falta e já havia algum tempo que não nos víamos pessoalmente.
--A tua mãe está aí contigo? Que vergonha! Elena porque não me disseste que já era tarde?
--Tarde para quê?
--Para uma doida aparecer à tua porta...
--Viajas daqui a pouco...
--Hum-hum...
--Não vi nenhuma loucura. E se for loucura, então...
Risos.
Elena puxou Joy para um abraço apertado. Joy gem*u sem ressalvas. As duas suspiraram ao mesmo tempo.
--Não via a hora de poder fazer isso...
--Confesso que lá no prémio eu travei uma luta com os meus ímpetos mais insanos.
Risos com afagos.
--Fiquei muito feliz pelo teu prémio. Ver-te feliz é tão bom...respiravas felicidade...
--Sim...eu não teria coragem de me lançar num concurso, mas ainda bem que a Paloma fê-lo.
--Queria tanto conhecê-la...
--Nossas famílias resolvem visitar-nos quando não podemos estar todos juntos. Eu queria muito conhecer a tua mãe.
--Ela volta. Ela vem com alguma regularidade ou então, quem sabe, não me acompanhas até o Ohio. Conheces Ohio?
--Não e aceito o convite.
Risos.
--Eu também tive saudades tuas...a viagem absorveu-me tanto...
--E ainda perdes o telefone...
--Não perdi, apenas sofreu um pequeno acidente.
Risos.
--Que quase custa-me a sanidade. Pensei que não quisesses mais falar comigo. Ahhh...detesto ser ansiosa, mas fiquei...muito.
--Pensei a mesma coisa...
--Porquê?
--Porque não conseguia falar contigo e quando a Milanka me disse do prémio...
--Pensaste asneira...
--Sim...
--Elena, sabes que és muito importante...
--Eu sei...
--Liguei-te no momento que soube do prémio. Adoro partilhar as minhas conquistas contigo.
--Estamos ansiosas...
--Muito...alguém vai entrar aqui?
--Onde?
--No teu hall...
Risos.
--A essa hora não mais. A Milanka que é sempre a retardatária, vai dormir no apartamento do Ethan...
Elena viu-se levada para um pequeno corredor que dava acesso às escadas. O coração já galopava no peito quando percebeu as costas contra a parede.
Joy olhou-a dentro dos olhos enquanto as mãos já passeavam pela cintura.
--Pele quente...- Apertou-lhe a cintura.
Elena puxou-a pela nuca e beijaram-se com voracidade.
Perderam-se naquele encontro há algum tempo almejado.
--Eu queria tanto mergulhar na tua boca...quanto te vi lá na premiação quase gritei de felicidade...tinha esperança que o Ethan conseguisse...
Elena gem*u e puxou-a para mais um beijo intenso.
Joy apertava-a, deslizava as mãos para pontos que causavam incêndios na pele de Elena.
--Eu poderia...- Joy começou a dizer com a voz ofegante.
--Eu quero um momento...quero me demorar...- Movida por muito desejo, Elena puxou o cabelo de Joy e encarou-a.
--Ahhhh...sim...
E a intensidade do beijo já as deixava sem ar. Elena viu seu casaco no chão...
--Se não fosse esse trabalho...
Riram dentro do beijo.
--Temos tempo...
--Quero todo o tempo...tu me enloqueces, misteriosa do parque...
Gargalhadas.
--Vou ser expulsa desse edifício...
--Estão todos a dormir...ou deveriam estar.
Risos.
--Viajo daqui a 4 horas...
--Vá para casa...
--Não sei se percebeste, mas estou presa nos teus braços, pernas...
Risos.
--Porr*, eu estava com saudades...queria ficar contigo...
Joy beijou-a intensamente. Um beijo que mostrava que a saudade era recíproca e um combustível para qualquer atitude intempestiva.
Muitos minutos depois...
--Precisas ir, meu bem...
--Preciso...não quero sair daqui, mas preciso.
Risos com beijos.
--Que dia surpreendente...custa-me acreditar em tanta coisa boa num único dia...
--E podem sempre melhorar...
--Ahhh, tenho até medo...
--Tu? Ninguém é mais corajosa do que a inglesa atrevida.
Risos com abraços.
--Digamos que há situações que impulsionam ainda mais a nossa coragem...
Olharam-se sem pressa. Muitas vezes tinham aqueles diálogos com os olhos...aqueles instantes de reconhecimento...raros instantes...
--Ainda bem que a tua casa é na esquina...avisa quando chegar.
--Claro. E não inventa de ficar sem telefone. Vou estar mergulhada no trabalho, mas não te perco de vista.
Risos.
--Telefone sempre a postos.
--Obrigada pela presença num momento tão importante.
Elena engoliu uma frase que pareceu-lhe desproporcional, mas o olhar gritou muito mais.
Joy a abraçou transbordando afeto. Encontraram-se mais uma vez.
O elo parecia cada vez mais irrevogável.

 

*****
Elena entrou em casa na ponta dos pés. Sorriu ao dar-se conta que parecia uma adolescente. A mãe já tinha ido dormir e apenas Mykonos deambulava por ali. Ele sempre esperava pela sua chegada.
O coração ainda batia num ritmo acelerado e o sorriso permanecia.
Apertou o play da caixa de música e caiu no sofá. Precisava relaxar antes de dormir, se é que conseguiria dormir.
Mykonos pulou no sofá e aconchegou-se nela. Ela sussurrou no ouvido dele:
--Estou feliz, Myk. - Disse enquanto pensava nas palavras da mãe...flexibilidade...
Devaneou ao som de Maine de Noah Kahan.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá minhas queridas,

 

Demorei, mas voltei. Eu sempre volto. 

Sigamos com as aventuras de Elena e Joy.

Conto com a vossa companhia nessa viagem :)

Obrigada pela compreensão.

Abraço e boa leitura.

Nadine H.


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Comentários para 20 - Capitulo 20:
rhina
rhina

Em: 20/05/2021

 

Ser flexível.

Se lançar.

Será? 

Rhina

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Mille
Mille

Em: 26/01/2021

Olá Nadine 

E voltou com mais um capítulo lindo. 

Acho que a mãe da Elena vai mudar as atitudes da filha. 

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

Obrigada Mille :)

Bjs

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 26/01/2021

Ah que feliz em ler mais um capítulo dessa estória de Nadine, amo todas as suas estórias. Feliz ano Novo. Gratidão por voltar a postar. Bjs


Resposta do autor:

Muito obrigada patty.

Abraço

Responder

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brunafinzicontini
brunafinzicontini

Em: 24/01/2021

SURPRESA MARAVILHOSA!!!

Que delícia, Nadine! Ganhamos o domingo! Retorno triunfal, que todas almejávamos de todo coração!

A ligação entre Elena e Joy - sempre mais forte e inequívoca! Ambas já sabem que é inevitável, elas devem e precisam se entregar a esse sentimento lindo e verdadeiro! Resta saber como a inglesa irá administrar a situação em que se vê presa. Até Melina sentiu a força da presença de Joy na vida da filha.

Fiquei muito aflita com o incidente do telefone. Felizmente, elas contam com a ajuda de alguns anjos que as rodeiam.

O momento da despedida, muito terno - com a troca de beijos que incendiou o coração das duas e o nosso!

Músicas lindas, sempre atestando o bom gosto dessa autora sensacional!

Boa semana, querida! Que sua recuperação seja completa e tudo lhe corra bem!

Beijos,

Bruna


Resposta do autor:

Muito obrigada Bruna.

Beijos

Responder

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 24/01/2021

Naná!

Que bom te ver aqui!

Muito feliz por saber que você está bem

Bem vindo! Feliz Ano Novo! Feliz aniversário!

Capítulo maravilhoso como sempre

Abraços fraternos aí!

 


Resposta do autor:

Muito obrigada querida.

Bjs

Responder

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