Capitulo 21
--Mykonos, não me julgues com esse olhar inquisidor. Posso cantar à vontade?
Elena seguiu cantando enquanto arrumava a mesa de café com esmero. A mãe adorava fazer as refeições na sua companhia e sabia que em instantes ela apareceria na cozinha.
Fazia as omeletes cremosas que eram as favoritas da mãe e cantarolava uma música que lhe lembrava tempos felizes. A sensação de leveza e boa disposição a deixava sorrindo ainda que sem motivo aparente.
Mykonos miou e se enrolou aos seus pés, arrancando-lhe uma sonora gargalhada.
--O que foi, gato? - Agachou e brincou com ele. - Estás com fome? Ou seria carência? Mas tu és sempre tão independente...
--Que cheiro bom...
--Mãe, ah não, acordei-te?
Elena correu e abraçou a mãe que bagunçou-lhe o cabelo. Riram às gargalhadas.
--Bom dia, meu amor. Acordei com o cheiro delicioso de café...
--E fiz também a tua omelete cremosa.
--Hmmm, que filha querida.
Risos.
--Vamos comer?
--Vamos!
Algum tempo depois.
--Elena, estás tão bonita, minha filha.
--Ah mãe, vou à Broadway. - Piscou o olho e fez uma careta.
Gargalhadas felizes.
--Richard já está a organizar um jantar para depois da peça. Convida a Milanka, aliás, ela não quer assistir à peça?
--Se ela já não tiver compromisso, com certeza vai adorar.
--Ah, poderias convidar a tua amiga fotógrafa também. Temos alguns ingressos de cortesia...
--Melina, ela viajou mais cedo. Lembras do trabalho em Vermont?
--Claro! Sabes que a cabeça da tua mãe já não é a mesma de outrora.
--Exagerada!
Risos.
--Filha, pensando alto em possibilidades...
--Hmmm?
--Poderias passar o fim de semana em Vermont...
Elena sorriu involuntariamente para logo em seguida parar o olhar na mãe.
--Não sei qual a razão desse olhar de espanto?
Risos.
--Mãe, eu trabalho...
--E não tiras férias há meio século.
Gargalhadas.
--Milanka com certeza concordaria contigo. Tão exageradas...- Elena aparentava indiferença diante da ideia da mãe, mas lá no íntimo alguma coisa começava a fazer eco.
--Vermont sempre esteve nos nossos planos de viagem, a tua amiga fotógrafa está lá...
--A trabalho! - Elena interrompeu a mãe com um sorriso no rosto.
--Sim, mas ela não deve ser aficionada como tu.
Risos.
--Ela é apaixonada por fotografia.
--Sim, e pareceu-me animada, tudo o que precisas...
--Animada? Onde viste isso tudo? - Elena arqueou a sobrancelha e fixou o olhar na mãe.
--Elena, uma coisa não podes negar, ela te deixa leve, vejo entusiasmo nos teus olhos quando falas dela...
--Sim, tens razão. Devo ser apaixonada pela arte dela e pela forma como a vive. Quando ela segura uma câmera, parece que acontece uma magia...deve ser isso, admiro quem faz o que gosta...
--Filha, tu fazes o que gostas, ou não?
--Faço...claro que faço...de certa forma eu faço...- Elena inquietou-se na cadeira.
--Prometes que vais pensar na possibilidade de ir a Vermont? Se eu pudesse, iria contigo, mas preciso estar em casa sexta feira antes das duas da tarde.
--Melina, a Editora...
--Ah não! Será que preciso ir até lá e vestir a capa de mãe guerreira?
Risos.
--Melina, eu tenho 30 anos, não sei se ainda lembras dessa parte.
Risos.
--As pessoas de 30 anos, também precisam de férias, diversão...
--A tua ideia nem é má...
--Claro que não, é maravilhosa.
--Não preciso ir necessariamente a Vermont...uma cabana nas montanhas do estado já seria um bálsamo.
--Desde que te divirtas...
--Preciso descansar, não fazer quase nada...
O telefone de Elena começou a tocar.
--Pressinto chatices...
--Atenda logo.
Risos.
A ligação era da editora informando de uma reunião de última hora. Coisas de Brigite.
--Espero que dê para almoçar contigo.
--Claro que sim, mãe. A reunião está marcada para as 10:30, à uma já estarei pronta para almoçarmos. A minha chefe não tem organização e às vezes parece que falta-lhe algum critério...
--Não te esqueças que não és a dona daquela empresa.
Risos.
--Quem me ensinou a ter senso de responsabilidade?
--Eu ensinei-te a ser responsável, mas sem dúvida alguma, também te ensinei o valor da ponderação.
Risos.
--Não queres vir viver aqui?
--Também ensinei-te a ser independente.
Gargalhadas altas.
--Adoraria estar mais perto, meu bem. Mas sabes...
--Mãe, estava a brincar. Eu nem sei se quero ficar por muito mais tempo em Nova York...
--Hmmm, novos planos?
--Nem por isso, mas eu sei que há uma nómade algures por aí...
Risos.
--Nómade ou não, quero almoçar contigo e não te esqueças da peça.
--És minha prioridade, Melina.
Elena beijou a mãe, pegou a bolsa e já saía pela porta, quando mandou um beijo ao Mykonos.
*****
Elena comia um pote de uma salada quase murcha e remoía sua frustração. Já passava das três da tarde e não tinha conseguido almoçar com a mãe. A reunião que começaria por volta das 10 horas, sofrera um atraso considerável e consequentemente seus planos tinham ido por água abaixo.
De repente, ou talvez nem por isso, uma sensação de cansaço extremo tomou conta dos seus ombros. Sentia um peso asfixiante no corpo, mas era na alma que as coisas intensificavam-se. Queria uma trégua. Precisava dela com urgência. Já nada fluía, sua criatividade estava na corda bamba, e sentia-se sem estímulo.
Suspirou profundamente e pensou na sugestão da mãe e na exigência de Milanka. Ambas eram pessoas que a queriam muito bem e com certeza, eram mais sábias em questões que ela ainda tinha pouco entendimento.
Sim, precisava de férias. Por menores que pudessem ser, mas precisava não pensar em nada.
Sem muita vontade, sentou na cadeira e rolou a tela para a caixa de mensagens. Abriu o último email de Brigite que piscava a vermelho como prioridade máxima. Leu e releu o conteúdo algumas vezes, até que num rompante que lhe fugiu ao controle, bateu a mão na mesa, e deixou a sua sala como uma rajada de vento.
*****
Final da tarde e Elena ainda remoía os últimos acontecimentos. Encostada numa parede do escritório e de olhos fechados, pensava nas suas atitudes e por mais estranho que pudesse parecer, não se sentia agoniada ou algo parecido.
--Estamos a meditar? Só isso mesmo para acalmar o frenesi desse lugar.
Milanka acabara de entrar na sala de Elena e com o seu habitual senso de humor.
Elena sorriu e abriu os olhos encarando a amiga.
--Milanka, o que pensas sobre mim?
--Hã? Análise a essa hora? Escolheste a pior pessoa.
Gargalhadas.
--Idiota!
--Especifique...idiota mor.
Gargalhadas.
--O que pensas sobre a minha forma de estar na vida?
--Seja mais especifica, Troia.
--Ah que mulher chata! Qual crítica mais incisiva serias capaz de fazer à minha pessoa?
--Que não sabes impor limites no trabalho, que permites que a Brigitte faça coisas com a tua agenda que qualquer um já teria mandado ela para um lugar bem longe e inóspito.
--Hmmm...- Elena cruzou os braços.
--No mais, acho que estás a florescer, ou a desabrochar muito bem.
Risos.
--Acabei de quebrar a corrente. - Elena tinha um semblante que mesclava seriedade com travessura.
--Como assim? E essa cara de quem aprontou? Tu não aprontas, Troia.
Risos.
--A Brigitte inventou um evento para logo mais e colocou o meu nome...
--Estava no plano da semana?
--Claro que não. Mais uma de suas atitudes intempestivas, ou excêntricas, sei lá...
--Desorganização, falta de método...aliás, se não fosse a equipa editorial dessa Editora, eu não sei onde essa mulher estaria. E tu és a razão dela, isso quando é permitido...
--Pois...
--Mas e a corrente quebrada?
Risos.
--Vou tirar férias.
--Aaaaaaaahhhhh, não acredito. - Milanka pulou de alegria.
--Calma, serão apenas dois dias. Acreditas que mesmo com direito a mais de 35 dias de ferias, eu ainda relutei em tomar meus dois dias? Senti uma certa culpa que imediatamente exorcizei.
--Troia de férias! Gloriosas férias. Tudo bem que o rácio 2 para 35 é bastante desfavorável, mas já é muita coisa se considerarmos quem é a protagonista dessa história.
Gargalhadas altas.
--Estou muito bem cotada. - Elena colocou as mãos na cintura de forma desafiadora.
Risos.
--Meu bem, tu és aficionada por trabalho, não conheces limites, parece que nunca estás cansada. Férias? Glória absoluta. Ainda não acreditei.
Risos.
--Vais para casa? Aproveitar que a Melina já vai...
--Não...- Elena bateu a cabeça negativamente reforçando a negação e sorriu.
Com muita calma, virou a tela do laptop em direção da amiga e apontou para o site de compra on line de bilhetes aéreos.
--Burlington às 7 horas...Burlington? Vermont? Eu não acredito. Troia, eu não acredito.
--Grite mais alto, quem sabe assim consigas acreditar.
Risos.
--A Joy está lá...eu sei disso, a Joy está lá.
Elena riu com vontade.
--Hum-hum...
--Ela convidou-te e não pestanejaste. Meu Deus, que evolução.
--Ninguém me convidou...eu decidi me aventurar...- A voz estava mais baixa e o olhar denotava alguma ansiedade.
-- Melhor ainda, minha Troia desabrochando para a vida.
--Estou cansada e precisando relaxar...
--Claro! O que uma fotógrafa inglesa e muito gostosa não é capaz de provocar.
Risos.
--Estou feliz e muito ansiosa pelo relato dos próximos fatos.
--Criatura, calma. Eu nem sei o que vai acontecer...
--Essa é melhor parte porque eu já sei que bem diferente de mim, tu não crias ilusões, o que acho uma chatice.
Risos.
--Mas tudo tem o seu lado bom...ah, Troia, aquela inglesa está doida para...
--Para Milanka, ai meu Deus...
Risos.
--Até onde eu sei, a senhora não é nenhuma santa, muito pelo contrário. Vá e deixe essa inglesa viciada em ti. Ai, já estou em cólicas.
Gargalhadas.
-- O que eu faço com essa maluca?
--Cola em mim e não me esconda um detalhe. Vermont promete explodir...no bom sentido.
Risos.
--Chega de Vermont. Vamos à Broadway?
--Ah vamos sim. Agora bem mais feliz com a certeza de que minha Troia está prestes a descobrir coisas além daquele sotaque maravilhoso da senhora fotógrafa.
Gargalhadas.
--Maluca, deliciosamente maluca!
Deixaram a sala sorrindo.
*****
O ambiente no jantar era de muita alegria. Adrian fazia piada de tudo e ninguém na mesa conseguia ficar indiferente. Elena observava a mãe e o namorado e percebia claramente o que ela dizia sobre aquela relação. Richard estava com ela, estavam juntos. Ele era engraçado, espirituoso, afetuoso e prestava toda a atenção às necessidades de Melina. Elena sentiu algumas lágrimas querendo ganhar vida no momento em que Richard ergueu um brinde à vida e ao melhor amor e pousou um beijo na testa da mãe.
Sua mãe não merecia nada menos do que aquela relação. Nem sempre tinha sido assim, mas agora era. Que bom que era.
Precisava contar à mãe a novidade antes que Milanka o fizesse, ou ela fosse embora. Naquela noite, a última em Nova York, ela passaria com o namorado.
--Richard, posso roubar a minha mãe por um minuto? - Sorriu.
--Podes sim, mas apenas por 5 minutos. Ok, 10, já que vou tê-la para mim o tempo todo e tu nem por isso.
Risos.
--Generosidade é a melhor característica do ser humano.
Risos.
--O que foi, filha? Sinto uma certa ansiedade nesses olhos...
--Ah mães, nada passa despercebido.
Risos.
--Quase nada...
--Mãe, resolvi ouvir os teus conselhos, da Milanka e mais algumas pessoas, e vou viajar amanhã. Dois dias de férias, só volto ao trabalho na terça.
--Não é o melhor dos mundos, mas já fico muito feliz.
--Vou aos poucos, mas vou...
--Movimento, minha filha, movimento. E posso saber para onde vais? Uma cabana isolada no interior do estado?
--Não...
--Hmmm...
--Um hotel no centro de Burlington...
--Burlington...Ah, vais a Vermont? Ver a tua amiga? Ah, por essa não esperava e confesso que o destino e a decisão me agradam.
Risos.
--Vou aproveitar que ela está lá e quem sabe não nos encontremos...
--Mas ela sabe que vais, claro que sim.
Elena sorriu e a mãe entendeu que a fotógrafa ainda não sabia. Não pressionou-a, conhecia-a muito bem para cometer tamanho deslize.
--Se for realmente o paraíso que víamos nos filmes, da próxima vez seremos nós duas.
--Fico muito feliz que tenhas feito algo a pensar em ti, no teu bem-estar.
Sorrisos.
--Viajo amanhã bem cedo, por isso preciso voltar para casa. Ainda tenho que preparar a mala, levar Myk para o apartamento da doida e fazer todos aqueles meus rituais que já conheces. - Elena revirou os olhos e Melina riu.
--Adorei nossos dias juntas. Poucos, mas intensos. Amo-te muito minha filha.
Elena abraçou-a sentindo o calor do afeto da mãe em todo o corpo e roçando o coração. Suspirou num misto de acolhimento e coragem.
*****
--Milanka, são seis horas, o que fazes acordada? Aconteceu alguma coisa ao Mykonos?
--Calma, Troia. Ainda nem são seis horas para sermos mais exatas e Mykonos está muito bem.
--Então? Ligaste para quê?
--Onde a senhorita está?
--JFK!
--Ah, agora posso voltar ao meu sono reparador.
Risos.
--Estás a controlar-me?
--Alguém tem que fazer isso. Só me avisa quando chegar, já vou estar no trabalho e ficarei atenta ao telefone. Depois, faça o favor de esquecer o resto do mundo e focar em Burlington, na Inglesa, nas fotos maravilhosas que ela fará, nas descobertas, no prazer...
--Para. Vá dormir, sua maluca. Vou comer alguma coisa porque pretendo dormir durante as 3 horas de voo.
--Isso mesmo, descanse para chegares plena. Ah, essa viagem promete.
Risos.
--Vá dormir, doida.
--Vou fazer melhor. Vou meditar para alinhar pensamento e ações. Vou ver a Gennelle mais tarde...
--Hmmm...
--Não vou há algum tempo e sinto que preciso voltar...
--Sim, mas cuidado. Certifique-se que aquele namorado dela não esteja em casa.
--Sim...deixe isso para lá. Boa viagem minha grega maravilhosa. Perca-se por aquelas montanhas de rara beleza.
Risos.
--Fique bem.
--Tu também e Myk ficará bem.
--Eu sei...obrigada.
--Tchau, Troia.
Risos.
--Tchau.
*****
Enquanto aguardava a chamada do seu voo, Elena relia uma sequência de mensagens trocadas com Joy. Sempre com um sorriso sonhador nos lábios.
"Pensei que pudéssemos terminar hoje, mas não conseguimos. Agora só poderei regressar a NY sábado."
"Queens sente a tua falta."
"E eu estou com muitas saudades do Astoria. Saudades de correr no parque e das surpresas que às vezes acontecem..."
"Ah, quem sabe não aconteça algo bom em Arlington...além do trabalho."
"Ainda não tive tempo para ver nada por aqui com calma, mas os cenários para fotos são deslumbrantes. Ah e minha hospedagem, nem te conto...só vendo..."
Elena sorriu e mordeu a boca. Estava prestes a cometer uma loucura. Para os seus moldes era uma loucura, mas desde que decidira, jamais tivera qualquer resquício de dúvida. O coração batia no estomago e subia até à garganta, mas estava convicta de que Burlington seria seu próximo destino. Não esperava nada demais, queria descansar e se pudesse contar com a companhia de Joy...
Esteve em dúvida se contava da viagem, e optou por omitir. Seria uma aventura a todos os níveis.
Seu voo foi anunciado.
Suspirou e enviou uma mensagem rápida à Joy.
"Férias relâmpago, tens alguma sugestão de destino para o fim de semana?"
Desligou o telefone e seguiu a passos largos para o portão de embarque.
*****
Depois do check in no hotel, Elena subiu ao quarto num estado de calmaria que não seria de esperar, uma vez que estava a fazer algo inusitado. O quarto era aconchegante e tinha uma vista maravilhosa. Qualquer lugar por ali teria essa vista, tudo era lindo e remetia à paz, calma.
Respirou fundo junto à janela e sorriu. Por mais intempestiva que fosse a sua atitude, não poderia estar mais certa do que fazia.
Tudo o que precisava para fluir, era olhar à sua volta. O cenário era de sonho, as cores quentes outonais não eram mais apenas cenas de filmes. A atmosfera de sonho era real e aproveitaria cada segundo.
Ligou o telefone para avisar a mãe e Milanka que tudo tinha corrido muito bem. O aviso de mensagens novas chamou a sua atenção.
"Venha para cá. Termino o trabalho hoje à tarde e serei a melhor guia e companhia. Por favor, venha."
Elena sorriu e não evitou um pulo de alegria. O coração batia na garganta.
Optou por não responder imediatamente. Precisava respirar um pouco antes de agir. O passo mais importante já tinha sido dado, estava em Burlington.
Avisou a mãe e a amiga que estava tudo bem e saiu para conhecer o centro da cidade.
*****
O encantamento por Burlington aumentava a cada nova descoberta que Elena fazia. A cidade era muito acolhedora e cercada por uma natureza deslumbrante. As pessoas eram simpáticas e prestativas. Depois de comer muito bem num dos inúmeros restaurantes da rua da igreja, que mais parecia um centro comercial a céu aberto, decidiu caminhar sem rumo. Estava de férias e não ter pressa para nada era a melhor sensação.
Algum tempo depois, decidiu que já era hora de comunicar a sua loucura a Joy. Tinha sinal de mensagens e acreditou que seria ou da mãe, ou da Milanka ou quem sabe de ambas. Sorriu e para seu espanto eram duas mensagens e todas da Joy.
Respondeu sendo provocativa, afinal aquela inglesa despertava coisas que ninguém mais tinha conseguido.
"A cidade é pequena, dê-me as tuas coordenadas que eu te encontro. Já almocei, mas podemos jantar juntas se não tiveres outro compromisso."
Elena mordeu a boca e sorriu. As mãos tremiam subtilmente, mas sentia-se tranquila. Estava certa que queria estar ali...
Ainda devaneava quando o telefone tocou. Era Joy. O coração galopou e a garganta ficou seca. Esfregou as mãos uma na outra e atendeu com alegria na voz.
--Oi, boa tarde.
--Elena, estás a brincar ou é sério?
--Depende, falas de quê?
Brincava com um sorriso provocativo no rosto.
--Estás aqui?
--Estou em Burlington.
--Ahhhhhh, não é brincadeira?
--Porque brincaria com isso?
--Não sei...ficas o fim de semana todo?
--Regresso domingo à noite e segunda durmo o dia todo e só na terça, volto à minha rotina.
--Eu ia embora hoje...
--Ainda vais?
--Claro que não. Estou numa pausa do trabalho, se quiseres vir para cá...é num hotel antigo e tradicional perto do centro da cidade e tem parques ao redor, lagos, restaurantes. Tens opção para passar o tempo enquanto eu trabalho.
--Onde é? Eu vou!
Joy riu alto.
--Juras que não estás a brincar?
--Espera e verás?
--Ahhhh, termino aqui no final da tarde...
--Eu espero...estou de férias.
Riram.
*****
Seguindo as orientações de Joy, Elena encontrou o local de trabalho dela em menos de 20 minutos caminhando pelas belezas daquele lugar. Não era difícil saber onde era exatamente porque tratava-se de um set de gravação de um curta metragem, logo, as parafernálias de gravação, a pequena multidão, não deixavam margens para dúvidas.
Joy descrevera bem o cenário. Perfeito para um momento de deleite junto à natureza. Elena experimentou uma sensação que não lhe era muito familiar. Parecia que tinha asas gigantes nas costas e que a levariam para onde quisesse.
Havia uma pequena multidão por ali assistindo à gravação e ela juntou-se ao grupo. Obedecendo a um impulso, olhou para a esquerda e foi nesse instante que seu coração correu do peito aos pés e voltou na mesma velocidade para o lugar. Piscou os olhos e levou uma mão ao peito e a outra à testa. Sorriu e repreendeu-se. Parecia uma adolescente.
--Mas ela é muito sexy...para quê isso, Joy? Para quê? - Falava sozinha, cúmulo da loucura.
Joy colocou a câmera num apoio e alongou os braços sobre a cabeça. Entrelaçava as mãos em alongamento quando olhou na direção em que Elena estava. Olhou demoradamente e desviou o olhar. Olhou para baixo e movendo apenas a cabeça, olhou naquela direção. Sorriu e bateu a cabeça. Elena, moveu-se na lateral e ficou mais perto de onde ela estava.
--Convenceste-me de que Burlington era o melhor destino para as minhas curtas férias... - Disse sorrindo e olhando dentro dos olhos de Joy.
--Elena...Elena...- Joy parecia não acreditar no que via.
--Eu, apenas eu.
Risos.
--E agora como é concluo esse trabalho?
--Não entendi...
--Deixa para lá. Preciso apenas de mais duas horas e já estarei livre para voarmos por aí. Esperas?
--Tempo ilimitado. E tens razão, a natureza à volta é deslumbrante.
Joy sorriu e encarou Elena com intensidade no olhar. Elena não desviou, pelo contrário, retribuiu na mesma intensidade.
--Fica por perto...ali no lago é bastante relaxante...
--Hum-hum, é para lá que eu vou. Nem vou perceber o tempo...
--Ele precisa voar...
Sorriram.
Joy pegou na mão de Elena e apertou com força.
--Estás mesmo aqui...
--Sim, estou.
Riram ao mesmo tempo no momento em que chamaram Joy para retomar a sessão.
******
--Temos uma noite cheia de eventos...
--Gosto de possibilidades...
--Muitas. Ah, e o tempo no lago?
--Maravilhoso! Estimulante...
--Vi que escrevias...
--E eu que pensei que nem me vias.
--Meus olhos desviavam quase sempre para lá. Se a fotografia do curta não for aprovada, tu já sabes a quem atribuo a responsabilidade.
Gargalhadas altas.
--Eu sou sempre inocente.
--Tu és o próprio pecado...um delicioso pecado.
Elena ficou vermelha e sentiu uma onda de calor formar-se na nuca.
--O que fazemos agora? A noite promete...
--O que achas de ficar hospedada no melhor lugar de Burlington?
--Mas eu já estou num hotel no centro da cidade...
--Esquece e confie em mim. Confias?
--Há outra opção?
Gargalhadas.
--Eu sou um anjo...às vezes travesso, mas ainda assim um anjo.
-Hum-hum...que lugar é esse?
--Já é um sim?
--É...e que os anjos me protejam.
Gargalhadas.
--Já estás com um anjo, que perigo pode rondar-te?
--Eu sou o pecado, e tu só podes ser a tentação.
Risos felizes e olhares cruzados. Tempo suspenso.
--Estás com fome?
--Agora não.
--Eu também estou sem fome. Temos uma exposição de fotografia que não posso perder. É na galeria de arte mais famosa da cidade e fica no centro.
--Acho que passei por ela porque lembro-me de ter visto um cartaz da exposição.
--Isso mesmo, é perto do teu hotel. Se bem que vamos para a floresta.
--Vamos?
--Minha hospedagem é na floresta...que fica a 15 minutos da cidade. Aqui é tudo meio rural, meio urbano. Tudo fica perto.
--Já percebi e isso me agrada.
Risos.
*****
--Posso ser bem sincera?
--Deves, mas cuidado com o que vais dizer...
Risos.
--Acho que já sabes.
--Não faço a menor ideia...
--O fotógrafo é bom, a ideia é boa, a disposição das fotos é boa...
--Mas?
Risos.
--A descrição está sofrível e qualquer foto tua faria muito mais sucesso.
--Elena...
--Claro que sim. Sabes aquela foto que tiraste no helicóptero?
--Hum-hum...
--Aquela foto é uma arte, é uma explosão de emoções...
--Provavelmente porque o objeto da foto tenha ajudado.
Elena riu de nervoso e voltou a atenção à exposição.
Algum tempo depois...
--Gostaste?
--Sim, eu gosto de fotografia.
--Ainda bem, assim tenho chances.
Gargalhadas.
--Tem uma sala de concertos nos fundos da galeria. Li algures que fazem miniconcertos de meia hora a cada duas horas.
--Wow, diferente e tentador.
Risos.
--Pois, foi o que pensei. Vamos espreitar?
--Vamos!
*****
Joy deliciava-se na figura de Elena que viajava no som inequívoco de violinos. De olhos fechados e completamente arrepiada, ela sorria e parecia estar noutra galáxia. Joy apertou as mãos numa tentativa de controlar uma vontade quase irrefreável de beijá-la. Encostou-se nela, não conseguia evitá-lo e nem queria. Precisava senti-la, precisava embrenhar-se naquela pele, precisava dela e ainda bem que podia tocá-la.
Os violinos atingiram as notas altas, Elena suspirou em delírio. Abriu os olhos e encontrou os de Joy. As mãos tremeram, o coração também, o desejo suplantou qualquer outro sentimento e num rompante, mergulhou na boca de Joy. Primeiro com olhos lascivos, depois com lábios famintos. Ambas gem*ram ao mesmo tempo e uma explosão imergiu do contato estreito dos corpos. O beijo demorou um minuto, talvez menos, mas a intensidade daquele encontro reverberou por muito tempo.
Ficaram em silêncio, Elena focada no concerto e Joy esforçando-se para não ultrapassar limites. Ainda mais que nem sabia quais eram efetivamente os limites...
*****
--Elena, é minha impressão ou não jantamos?
Risos altos.
--Estás coberta de razão e a culpa é minha. Demoramos muito tempo no concerto...
--E se levássemos pizza para casa?
--E vinho?
--Concordas?
--Eu não discordo de nada, estou de férias.
Gargalhadas.
--E ainda mais encantadora...
--São teus olhos de fotógrafa.
--Ah, depois eu mostro fotos que fiz lá no lago.
--Minhas?
--Claro!
--Como?
--Tenho meus truques...ah, e ficaste linda.
--Tenham medo dessa mulher.
Risos.
--Gostaste da nossa intensa noite cultural?
--Eu adorei. Adorei tudo, mas confesso que o ápice foram os concertos...
--Sim, gostas de violinos...
--Fico em delírio...êxtase...o som continua na minha cabeça, na minha alma. Ouço todos os acordes ecoando nos ouvidos, na pele...aaaahhh, é divino.
--Agora podemos fazer amor. - Joy falou completamente impulsionada por um desejo que aumentava a galope.
--O quê? - Elena sobressaltou-se.
--Não...não foi isso...desculpa. Acho que me embriaguei na tua emoção...desculpa.
Elena sorriu. Olhou para os lados, bateu a cabeça. Olhou para Joy e sorriu. Parecia que alguma coisa tinha feito sentido.
--Vamos buscar a minha mala? - Perguntou sorrindo.
--Agora!
*****
Elena observava detalhadamente a beleza daquela cabana ainda sem acreditar no que estava a acontecer. Quando pensara nos dias de férias, a primeira coisa que lhe viera à mente fora exatamente uma cabana. Não em Vermont, mas uma cabana no meio da floresta onde pudesse esquecer dos dias de rotina extenuante.
A entrada era um deck suspenso de madeira enorme com um tapete rústico lindo e duas espreguiçadeiras cujo acesso era feito por duas escadinhas de madeira nas laterais. Um charme. Mas o encantamento ainda tinha espaço para aumentar.
O interior era um sonho. Um sonho de um fim de semana perfeito. Elena levou as mãos à boca diante de tamanha beleza.
As paredes eram na sua maioria de vidro e a casa funcionava num mesmo ambiente. Tudo era lindo e pensado por um arquiteto brilhante.
--Acreditas que me pediram desculpas por me alojar aqui?
--Como? Não...
--Sim, e eu com vontade de dizer que me sentia o ser mais privilegiado do universo. Na semana passada quando cheguei, acontecia um evento agrário muito importante na cidade e todos os hotéis estavam ocupados. Coube-me ficar aqui e com mil pedidos de desculpa.
--E eu pagaria o que fosse para ficar aqui.
--Pois, eu também. Ah, e ainda tem um detalhe nada irrelevante, sou a primeira hóspede da cabana.
--Ah, nem sei o que dizer...estou encantada.
Sorriram.
--Durante o dia, a vista é quase um sonho. Poderia acordar aqui pelo resto da minha vida...
--Hum-hum...ah desculpa se pareço uma idiota, mas estou apaixonada. Eu adoro cabanas...eu...ahhh, tudo é lindo, um sonho...
--Coloque a mala no chão.
--Hmm?
--A mala...
--Ah...vês? Estou extasiada...
--Ainda não viste nada...venha comigo.
Joy pegou na mão de Elena e levou-a em direção à única parede de pedra que existia na cabana.
--E agora?
Elena ficou sem palavras. Olhava admirada e sentia-se na cena de um filme.
--Tenho passado algum tempo nessa banheira...
--Eu moraria nela...
Risos.
--E a vista...
--Meu Deus, se agora está assim, imagino com a luz do sol...
--Um desafio para quem tem horários rígidos de um set de filmagens...
--Mas agora estás livre...
--Estou, mas hoje faço questão que sejas tu a deliciar-se nessa maravilha.
--Só tem espaço para uma pessoa...
--Hum-hum e serás tu. Eu uso o box que fica logo atrás...concedo-te esse privilégio. Boa troca?
--Hã? - Elena viajava por cenários e possibilidades.
--Se fizeste uma boa troca, do hotel para a cabana?
--Estou em dívida contigo, uma dívida bem alta.
Joy riu alto.
--Posso cobrar, não me faltam ideias...
Riram e ambas ficaram vermelhas.
--Vá lá para o outro lado que eu preciso preparar umas coisas aqui. A grega merece o melhor por ter tornado esse fim de semana um momento especial.
Elena apenas obedeceu. O coração dançava no peito, o corpo estava desperto e ao mesmo tempo parecia que flutuava.
Na cozinha, serviu duas taças de vinho e abriu uma das caixas de pizza. Devorou um pedaço quase sem respirar. Riu de si mesma. Estava faminta. Fome de muita coisa...
Suspirou. Respirou fundo e foi mexer na mala à procura da escova de dentes e outros utensílios pessoais.
Com a necessaire nas mãos e descalça, resolveu apreciar a cabana ao pormenor enquanto Joy cantarolava no espaço do banheiro.
Passava as mãos nos detalhes em madeira, deliciava-se com os ornamentos da cozinha, todos coloridos e rústicos.
A cama era um ponto de esmero naquela decoração. Além de linda, era macia, uma delicia. Quase pulou nela, mas conteve-se, ainda tinha uma noite inteira para dormir ali, uma não, duas. A imaginação foi para lugares que provocavam calor no seu corpo...
Mas o calor que sentia naquele momento era real...
--Vem...
Elena sentiu as mãos de Joy na sua cintura e apertou os olhos. A voz dela ecoava na sua nuca...claro que ficou arrepiada...claro que queria mais daquilo...claro que faria valer a sua atitude intempestiva...e que atitude...
Deixou-se levar pela mão. Os pés mal tocavam o assoalho de madeira...
A banheira estava cheia de água tépida com sais. Nas bordas, velas com um aroma inebriante e Elena teve uma súbita vontade de chorar. Controlou-se. Sabia que em algum momento perderia completamente o controle, mas ainda podia esperar...
--Tens um roupão ali...
--E minha dívida só aumenta...
Sorrisos com olhos brilhantes. Faíscas.
Joy saiu dali e Elena tirou a roupa com vagar. Olhou-se ao espelho e sorriu. Em seguida entrou na banheira. Gem*u algumas vezes. Aquela água era uma caricia no seu corpo cansado. Fechou os olhos e mergulhou num mundo que queria descobrir.
Abriu os olhos com uma leve caricia nos lábios. Joy estendeu-lhe uma taça de vinho e nesse momento teve a certeza que iria até ao fim nas suas fantasias. Que Joy era intensa não tinha dúvidas. Mas acabara de descobrir que ela também era um mundo de provocação e uma mulher deliciosa. Não que tivesse dúvidas, mas vê-la apenas de lingerie e com aquele olhar que era uma autentica labareda...sorveu o vinho e fechou os olhos.
--Vou tomar banho no box. Meu corpo clama por água quente...
--Hum-hum...- Elena controlou-se para não dizer que o seu corpo clamava por perder-se no dela.
Alguns minutos depois, saiu da banheira e dirigiu-se à cozinha onde serviu mais vinho para as duas. A taça de Joy estava sobre a pia e quase cheia. No box, ela ainda cantarolava e o barulho da água corrente era notório.
Uma música suave tocava por ali e Elena tentava identificar de onde vinha. Os computadores estavam desligados, talvez do telefone de Joy...
Olhou ao redor e sentiu-se nas nuvens. O barulho de água caindo cessou. Em algum momento Joy apareceria por ali...
Diminui as luzes da cabana, deixando acesa apenas a luz da entrada. O coração em alvoroço mostrava que Joy estava por perto. Apertou a taça de vinho.
--Exagerei ou a banheira é mesmo uma caricia para o corpo?
--Nenhum exagero...tive que ser muito forte para sair dali. Uma pena que a fizeram apenas para uma pessoa...
Joy sorriu e caminhou para perto de Elena. Mais perto. Ela também vestia um roupão e exalava um cheiro muito bom.
--Já imaginei muita coisa, mas essa realidade supera qualquer sonho...-Ela falava num tom baixo e parecia que o sotaque ganhara ainda mais munição para abalar a já fraca estrutura de Elena.
--Foste convincente e vim ver o que Burlington tinha...
--E achaste alguma coisa?
--Muitas e há outras tantas por descobrir. - Elena bebeu mais vinho na tentativa de atenuar o calor que sentia.
--Grega...
Joy caminhou na direção oposta de Elena. Começou a cantarolar a música que tocava, Always almost de Jordy Searcy.
Elena sabia muito bem o que queria naquele momento. Só o momento importava. Descobria que o foco e a determinação não eram seus atributos apenas na esfera profissional.
Elena caminhou até onde Joy estava e a abraçou por trás. O suspiro foi mútuo.
Silêncio.
Joy apertou os braços de Elena ao redor do seu corpo.
A música que embalava o momento era Feelings de Oliver Franken.
--Sim...podemos fazer amor...
Elena tremia.
--Sem violinos? - Joy provocou.
--O som está na minha cabeça...
Subtilmente, Elena desamarrou o roupão de Joy. Sorrindo, Joy deixou-o cair ao chão. Sentou-se na borda da cama, completamente nua. Com mãos trémulas, Elena despiu o próprio roupão. Joy semicerrou os olhos e apertou as mãos na cama.
Numa urgência que Elena desconhecia, debruçou-se sobre Joy e beijou-a ardentemente. Sem descolar os lábios, Joy deslizou o corpo para o meio da cama, levando Elena junto. O beijo ganhava uma intensidade embriagante. Joy puxou Elena para si e gem*ram alto. Os corpos estavam quentes, sedentos. Tinham pressa, muita pressa. As línguas entendiam-se bem e dançavam num ritmo que deixava o restante dos corpos em ebulição. Joy puxava Elena mais para si e entrelaçava as suas pernas no seu quadril. Parecia temer que ela fugisse dali. Elena não queria fugir, tudo o que queria era fundir-se naquele corpo. Explorou-o com as mãos quentes. O gemid* de Joy cada vez mais alto, era o guia para ir mais longe nas caricias. Para deleite de Elena, Joy correspondia na mesma intensidade e parecia tão louca para devorá-la, quanto ela estava para descobrir-lhe todos os segredos. As mãos exploravam as peles quentes e arrepiadas e as bocas uniam-se cada vez com maior intensidade. Tinham pressa, urgência. Queriam saciar logo aquele desejo intenso que há muito as consumia. Elena balançava os quadris sobre Joy que a puxava para mais perto. As mãos deslizaram numa perfeita sincronia para o ponto pulsante. Juntas. Em cadência. A entrega era perfeita. Queriam tanto...se queriam muito. O ponto provava a vontade transbordante. Tocaram-se com urgência. Entregaram-se. Intensificaram-se. Olharam-se profundamente. Os toques seguiram na mesma intensidade. Joy gritou e apertou Elena dentro dela. Quase perdendo as forças, ainda conseguiu levar Elena para o mesmo lugar. Ela gritou. Apertou-se ainda mais no corpo de Joy que tremia. Um espasmo intenso sacudiu os dois corpos. Desfaleceram. Respirações intensas e entrecortadas eram ouvidas no silêncio da cabana.
Não conseguiram se mover. Ainda sem conseguir respirar normalmente, Elena deslizou para o lado. As mãos tocaram-se. Os dedos entrelaçaram-se e cada uma ficou entregue ao seu próprio deleite.
Fim do capítulo
Olá,
Leiam esse capitulo com calma porque na proxima semana nao vou atualizar. Preciso resolver muitas coisas e nao vai sobrar tempo para me debruçar na história. Mas eu volto antes de piscarem.
Boa leitura e boa semana.
Nadine
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HelOliveira
Em: 04/02/2021
Que capítulo delicioso e que entrega dessas duas..
Amei parabéns
Resposta do autor:
Muito obrigada :)
Bjs
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brunafinzicontini
Em: 31/01/2021
Capítulo hipnotizante! Certamente vou reler algumas vezes - particularmente a partir da chegada a Vermont em diante...
Que cena arrepiante das duas amantes na cabana! Muito linda e delicada! As duas mereciam esse momento especial. E tu, autora querida, mereces parabéns pela maneira delicada e bela com que soubeste desccrever essa magia. Encantadora descrição!
Precisamos dar graças a Deus pela interferência de Melina na vida da grega! Que aparição providencial!
Ficamos à tua espera, Nadine, na maior torcida para que tudo esteja bem contigo!
Grande abraço,
Bruna
Resposta do autor:
Bruna querida, como sempre maravilhosa nos comentários.
Muito obrigada.
Bjs
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