Eduardo era um profissional competente. A notícia de Emme ser homossexual naquele momento não caíra bem, e segundo ele em momento algum cairia. 

 

Emme tinha chances de ganhar o concurso miss Metropolis, mas diante daquele incidente estava quase certo de que ela não chegaria sequer ao quarto lugar. 

 

_As pessoas são ruins e preconceituosas. Elas preferem ver você um drogado a saber que você ama uma pessoa do mesmo sex* – Ele dizia.

 

_Só que eu não dependo deles. Pouco me importo para a opinião deles agora Eduardo. Eu sou muito mais do que uma pessoa que se deita com uma mulher, eu sou muito mais que um rosto bonito. Eu tenho uma vida, tenho uma carreira e não vou deixar de ser quem eu sou por causa da opinião alheia. Eu amo sim uma mulher, eu me deito sim com uma mulher, mas isso não me faz ser menos do que ninguém. Tenho uma vida e eu sou eu, independente de minha sexualidade. As imagens vazaram, ok, mas não foram imagens escandalosas, olha que fotos lindas. Eu e Cacau na praia, nos beijando no rosto e eu estou linda, convenhamos Eduardo.

 

Diante daquela situação, Emme apenas sorriu. Estava processando a revista. Se a notícia de seu namoro vazou, ela pensou com clareza. Ainda não tinha dado uma nota esclarecendo o acontecido. Mas esclarecer o que? Dar satisfação do quê? 

 

Era sua vida. Eles teriam que engolir. 

 

Eduardo a achava forte. Emme tentava ver os dois lados da moeda, e sempre diante de uma situação ruim,  procurava ver o melhor. 

 

_Pois tudo bem! Continuaremos no concurso. Você perdeu algumas campanhas, e espero que não perca mais nenhuma. 

 

_Quem perdeu foram eles, eu não perdi nada, apenas me livrei de pessoas preconceituosas.

 

_Admiro você. Isso só me faz perceber que valeu cada esforço que fiz para te colocar nos melhores trabalhos.

 

_Não vou deixar de amar por medo. Eu estava me preparando para me assumir, mas já fizeram isso por mim, pode vim o que vier, eu sou forte, aguento.

 

_Você é muito ousada. Agora descansa esses dois dias, e por favor, evita responder comentários. Lembre-se de tudo o que você faz eles deixam guardado para no futuro usar contra você. 

 

_Está tudo sobre controle. 

 

_Até mais Léo e melhore logo. – Olhou para o rapaz que estava machucado.

 

_Até mais covarde.

 

_Sou covarde, mas não estou apanhando das pessoas que eu achava que me amavam – e olhou para Emme _ e nem sofrendo ataques homofóbicos.

 

O homem se despediu com um abraço, sem se importar com o comentário do ex-companheiro.

 

_É bem capaz dele se casar com uma mulher para nunca ter que ouvir dizer que ele é gay. 

 

_Cada um com seu cada um Léo. Está melhor? – Tocou na ferida do rapaz.

 

_Está melhorando. Amiga, estou te incomodando? 

 

_Claro que não. Pode ficar aqui quanto tempo quiser e você está me ajudando muito. – Piscou o olho _mas eu vou te deixar sozinho esses dois dias com a mãe. Vou visitar o pai. Enrolei tanto Léo, mas eu tenho que ir.

 

O rapaz fez bico, mas entendeu. Disse que ficaria a maior parte do tempo no quarto para não atrapalhar sua tia Fernanda.

 

_Olha, a Cacau está me ligando. – Mostrou a foto da morena. _Oi. 

 

_Oie, você está bem? 

 

_Na medida do possível, e você?

 

_Bem. É... eu sinto muito.

 

_Eu não tô podendo falar agora Cacau, tem uma amiga na linha e eu tô indo pra casa do pai. – Disse seca e sem paciência. _Tchau. 

 

_Tá, tchau.

 

Emme atendeu a outra ligação. Se despediu de sua mãe e seguiu para a casa de seu pai. 

 

A casa do homem levava uma hora de carro. Ele decidiu ter uma vida mais pacata, morava em uma fazenda com a mulher e suas filhas, Ana Clara e Maria Clara, tinham nove anos e estavam ansiosas para ver Emme. 

 

A modelo ao chegar sentiu o ar fresco das árvores e o cheiro de mato. Viu os animais, sorriu quando os cachorros de porte grande balançaram o rabo e tentaram de alguma forma está perto. 

 

_Filha... Que bom que veio!

 

_Oi pai! Deus, como aqui tá mudado. – Abraçou o homem. Ele lhe ajudou com a bagagem. 

 

Fazia tempo que Emme não colocava os pés naquela fazenda, sua última recordação foi ela tendo crise bipolar. Não se sentia bem em ver o pai com as duas meninas, cuidando, vendo-o dividir o amor que era só dela, isso fez com que a modelo deixasse de frequentar a casa deles. Mas agora esperava estar mais madura, confiante de si e sem sentir ciúmes. 

 

Emme foi bem recebida por Márcia, mulher de seu pai. Elas se olharam e se cumprimentaram com um abraço.

 

_Como você cresceu, virou uma linda mulher. – Márcia disse sorridente. _Sei que vai passar somente dois dias, mas mandei ajeitar um quarto bem confortável para você e queremos que se sinta em casa e quando quiser e puder vim nos visitar para se refugiar, nossa casa vai estar sempre aberta para você.

 

Emme agradeceu. Márcia esperava ter boa convivência com ela.

 

Depois que se abraçaram foi a vez dela ver suas irmãs. Cabelos grandes, olhos claros assim como os dela, não tinha como negar que elas eram do mesmo sangue. 

 

As meninas foram lhe abraçar, queriam está mais perto da irmã mais velha. 

 

_Ana e Maria, como vou identificar vocês agora em? Da última vez tinha uma partinha no cabelo, agora está tudo igual. – Emme também estava tentando se dar bem com aquela família, apesar dos pesares.

 

_A Ana tem um sinal aqui perto do olho, que dar pra ver – disse segurando sua mão _e eu acabei de arrancar meu dente, olha... – Ela sorriu.

 

_Só que você que é a Ana, e eu sou a Maria. – As duas sorriram.

 

_Deixa de gracinha Ana. Elas sempre fazem isso, mas já já eu te conto como identificar elas. – Piscou o olho. 

 

A modelo se acomodou no quarto, tinha uma vista linda do campo. Em seguida foi para o almoço e depois passou o dia na companhia dos quatro que mostravam a ela tudo da fazenda. Emme se sentiu acolhida pela primeira vez, e não sentiu mais ciúmes das meninas, talvez o distanciamento com seu próprio pai fizera isso, ou talvez ela já estava um pouco mais madura. 

 

Durante aquela tarde recebeu a ligação de Cacau e na segunda tentativa ela atendeu. 

 

_Oi Cacau. – Dizia distante. Desde quando a notícia vazou que Cacau tentava se aproximar e Emme não queria mais ouvir suas grosserias. 

 

_Está evitando falar comigo? 

 

_Não, claro que não. 

 

_Onde você está?

 

_Por que? 

 

_Porque quero saber Emme.

 

_Você sabe onde eu estou, eu te falei mais cedo. 

 

Alguns segundos de silêncio. 

 

_Eu tenho que desligar Cacau...

 

_Não, espera! 

 

Ao desligar foi para outra chamada, e enquanto fazia isso Cacau mais uma vez tentou lhe ligar. 

 

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Cacau estava com Juliana no local onde seria a fábrica. Tinha material de construção por todo lado e vários trabalhadores. 

 

_Uma pausa para o almoço? 

 

_Claro. – Disse Juliana bocejando. _Esses dias contigo me fez ficar preguiçosa. Já devo ir. 

 

_Mas você está aqui somente duas semanas. 

 

_Acho que sua mãe vai me despedir. 

 

_Ela sabe que você tá aqui me ajudando, lá em San Caetano está tudo certo. Você devia se mudar para cá. 

 

Juliana sorriu. Sua vida era em San Caetano. 

 

_Você é maluca! O que vou fazer aqui?

 

_Trabalhar como contadora nessa fábrica? – Uma luz se acendeu e sorriu _olha, não é uma má ideia esse meu pensamento.

 

Juliana balançou a cabeça negativamente e seguiram para o carro. O motorista já as esperavam. 

 

_A Laura já está em casa. – Olhou para o relógio e suspirou, em seguida olhou para seu celular. _Você tinha que presenciar a Emme quando estávamos juntas, ela anima o lugar sabe? Se não fosse por você eu estaria também perdida, mas a Emme parece que fala o linguajar da Laura. Desde quando ela terminou com aquele rapazinho que mal nos falamos. Eu não sei mais como conversar com ela. 

 

_Tua filha não é muito fácil. 

 

_Eu sei Juliana. Será se estou sendo uma mãe ruim? 

 

_Nada, é compreensível o filho em uma certa idade não querer saber de nada. Você só tem que ficar atenta a tudo. 

 

_Ela me confidenciou que fumou a erva e eu tentei dar bons conselhos, mas, eu mesma fiz isso com a Emme. Sinceramente eu sou uma péssima mãe. 

 

_Não, venha cá – Abraçou-a _isso é normal, logo ela conversa contigo. 

 

_Se a Emme estivesse aqui. Eu sinto falta dela, ela sequer fala comigo agora. Continuo bloqueada por mensagens, mas ao menos ela me desbloqueou das redes sociais, só que ela está se distanciando, eu sinto isso. – Confessou. _Toda vez que ligo ela desliga, diz que tá ocupada ou que uma amiga está ligando.

 

_Uma amiga? – Perguntou estranhando. _A Emme não é de ter amigas, Cau. 

 

_E eu não sei disso? A Emme tem milhões de “amigos” nas redes sociais, mas o único que está na vida dela é o Léo. Isso não está me cheirando coisa boa. Estou com pressentimento ruim.

 

_Eu te falei para ir atrás dela Cau, de deixar o orgulho de lado. Ela tinha se arrependido do beijo, mas a Emme não é muito de ir atrás de quem não quer ela e você deixou bem claro que não queria mais. Sei não, mas essa amiga pode ser alguém que ela esteja conhecendo, acho que está perdendo sua garota. – Disse sincera. 

 

_Tentei ver ela depois do acontecido com a Larissa, mas tinha tanta gente em seu pé que mau me notou. Tentei ir na casa dela, ela nunca está lá. Infelizmente o Léo levou uma surra dos irmãos pela sexualidade.

 

_Que triste em? 

 

_Demais, eu ficaria sem chão se isso acontecesse comigo. Todas as vezes que fui lá ele me dizia sempre a mesma coisa que  ela estava no trabalho, eu ia no trabalho, diziam que ela estava na agência e você sabe, eu sou dona da agência – sorriu _ela parece está em todos os lugares e ao mesmo tempo em nenhum. 

 

Cacau tentou outra ligação para a modelo depois de descansar. Estava no quarto com Juliana, quando ela colocou no viva-voz.

 

_Emme, está podendo conversar agora? 

 

_Oi estou, o que quer? 

 

_Saber como você está. Faz dias que não te vejo.

 

_Estou trabalhando, eu fui na agência não te encontrei e pela tarde fui no galpão, estou levando o trabalho a sério, e ainda tenho que está plena para o concurso. – Sorriu. _Enfim, trabalho. Eu tenho que desligar agora, estão me ligando. 

 

E novamente Emme desligou. Cacau já não sabia o que fazer e nem onde encontrá-la. 

 

_Será se ela está me castigando Juliana? Você ouviu como ela está me tratando?

 

_Será se é essa nova amiga Cau?

 

_Eu não sei. – Angustiou-se. 

 

_Liga de novo e ver se o aparelho dela está ocupado. Ela pode está só enrolando para não falar contigo. 

 

A morena resolveu então ligar novamente. Ao discar o celular mantinha-se ocupado.

 

_Liga daqui há dez minutos. – Sugeriu Juliana bocejando. 

 

Cacau contou os dez minutos e logo voltou a ligar. Continuava ocupado. Ela sentia que algo estava acontecendo e não era bom. Emme estava deixando de amá-la? 

 

_Vou tentar ligar do meu Cau. – Pegou seu aparelho e também deu ocupado. 

 

_Ja tem meia hora isso, o que tanto ela fala nesse telefone? 

 

_Você se lembra de quando falavam todos os dias a noite e ficavam mais de duas horas? – Juliana sorriu. _Aquela vez no hotel que ela dormiu com você falando?

 

_Está tentando me acalmar com essas lembranças? Pois saiba que isso só piora. Hoje mau conversamos por cinco minutos e ela encerrou o assunto. 

 

As lembranças eram boas, a morena sentia falta daquelas ligações, das horas perdidas e das madrugadas que já ficou em conversas bobas. 

 

_É Cau, sinto te dizer, acho que Emme está em outra. – Disse ao tentar ligar uma hora depois. _Você está certa, você acha a Emme vagabunda não é mesmo? Que não é mulher pra você por causa de um beijo. Que não merece ser tratada bem, agora ela está conhecendo outra que não acha isso dela. 

 

Cacau olhou-a sério. 

 

_Ela não é vagabunda, eu disse essas bobagens da boca pra fora e você sabe disso. – Lembrou-se de como tinha sido agressiva com Emme em sua última mensagem, estava com remorso, sentia arrependimento. 

 

_Só que palavras também machucam e você magoou ela. Eu no lugar dela não voltaria para você. 

 

_Está falando sério? 

 

_Com toda certeza, da onde que eu vou ficar com uma mulher que vive me machucando? Só se eu fosse psicopata. – Levantou-se da cama. _Eu estaria assim como ela agora, conhecendo outra pessoa.

 

_O que está me dizendo? Tem algo que eu não esteja sabendo? 

 

_Acorda Cau, ela está te evitando têm semanas, a última vez quem pegou o mel foi eu, porque ela não queria te ver e toda vez que você liga ela está ocupada ou não te atende de jeito nenhum. Eu ainda acho é muito ela te atender pela forma que você vem tratando ela esse tempo todo. 

 

_Mas esperai aí Ju, eu também não sou esse monstro todo. 

 

_Pois leia tudo o que você disse para ela desde quando soube do beijo com Bernadete. Emme não me falou ainda, mas eu tenho quase certeza que ela está conhecendo alguém e você sabe né? Ela é gata mesmo, tem o homem e a mulher que quiser, então... se ainda quiser ela, é bom ficar de olho e correr atrás. 

 

Antes de sair Juliana exibiu todas as mensagens de afronta que a morena tinha enviado, como um lembrete que não precisava daquilo tudo. 

 

Olhando todas, relendo-as e ouvindo os áudios, era nítido todo o ciúme e todas as atitudes de Emme para lhe reconquistar. Cega, Cacau pisoteou-a e lhe humilhou. Estava arrependida, sua vontade era de correr, se ajoelhar e pedir perdão. 

 

Tinha se esquecido de tratá-la bem, de chamá-la de minha princesa, de ser delicada, compreensível, de enviar flores com bilhetes, chocolates e ursos como ela gostava, tudo por causa de um beijo, tudo por causa dos ciúmes. 

 

Cacau chorou. Já imaginava sua vida sem Emme, imaginou perdendo-a. Tinha prometida cuidar dela, ser presente e amável e um único erro esqueceu-se de tudo dando lugar ao rancor, seu pior lado. 

 

A confirmação de Juliana veio quando Emme apagou alguns passeios que elas tinham feito. Agora ela não atendia sequer nenhuma ligação. 

 

_Eu vou na casa dela, é claro! Nem o Léo me atende. Pois vou chegar de surpresa e conversar. 

 

Juliana achava que ela não tinha mais chances.

 

_Acho melhor você não ir Cau. 

 

_Não, eu não posso perder ela Juliana. Eu amo ela, você entende? Eu sou louca por ela, eu sou uma burra, eu preciso ir atrás e reconquistar. Eu sou boa ou não sou? 

 

_Tudo bem. Você que sabe. 

 

E ela foi. Ao chegar, tocou a campainha e Fernanda a atendeu e lhe deu um forte abraço. 

 

_Ei, minha querida a Emme saiu com uma amiga. Disse que ia no calçadão, quer esperar por ela? 

 

_No calçadão? Qual o nome dessa amiga? 

 

_É um nome complicado, Sandra eu acho. Ela está bem Cacau. 

 

_E o que você acha? Eu sou uma besta. – Sorriu nervosa pegando a chave do carro. _Ela está de rolo com essa mulher? 

 

_Sabe que ela gosta de pessoas mais velhas não é? Sandra tem 45 anos.

 

_Tem idade pra ser mãe dela. – Disse enraivecida. 

 

_Olha, vocês já viveram 4 meses e viram que não deu certo. A Emme é assim, ela vira a página, e quem está falando isso é a mãe dela. 

 

_Então ela está mesmo saindo com alguém? Sem me avisar nada? 

 

_Ela disse que tentou se reconciliar com você não foi? Relacionamento tem início, meio e fim, e o melhor é vocês duas separadas, vivem brigando.

 

_Brigando não. A gente demora a brigar. 

 

_E quando brigam uma magoa a outra. Isso não é bom Cacau. Eu gosto muito de você, mas o melhor é cada um ir para lados diferentes. 

 

_Eu amo a Emme. 

 

_E eu sinto muito. 

 

Cacau bateu o portão forte e foi até o calçadão. Era o calçadão, o lugar favorito das duas. Tinha o espetinho e a cerveja da Dona Antônia. 

 

A morena olhou cada canto daquela praça e não sabia se estava feliz ou triste por ver que as duas não estavam ali. Voltou para casa e encontrou Laura e Juliana sentadas. 

 

_Oi. – Disse triste. 

 

_E então? – Laura perguntou animada. 

 

_Nada, não encontrei ela. 

 

_Sentimos muito mamãe, mas a Juliana tem uma boa notícia. 

 

E se tremendo Juliana mostrou o teste de gravidez, positivo. 

 

_Ah Deus, é o que eu estou pensando? Ah Deus. – Cacau lhe abraçou. _Enfim, uma alegria. 

 

Juliana chorou. Era real. Teria um filho. 

 

_Hoje nós três vamos dormir todas juntas. Vamos esquecer um pouco as tristezas e ver um filme, comemorar, comer pipoca não é? Abro uma exceção para a Laura tomar uma taça de vinho – Dizia chorando. Faltava Emme para completar o quarteto. 

 

Foram bons momentos de alegrias. Cacau abraçou a amiga e disse que já iria comprar roupinhas. Estava feliz por ela, e iria adorar ser uma tia presente. 

 

No dia seguinte a morena foi na agência. 

 

_A Emme está com Eduardo! – Dina disse quando lhe viu. O coração acelerou.

 

_Ah, obrigada Dina. – Ajeitou o óculos, foi até a porta da sala do homem, bateu duas vezes e entrou. Encontrou-a sentada. Estava suada, vinha da academia e usava o top que mostrava sua barriga. O cabelo estava amarrado e ela estava séria. 

 

_Então é isso? Se tudo der certo, amanhã a noite tem que ser comemorado. – Emme dizia sobre o concurso. Cacau não quis está a fundo naquele evento, já Laura, a menina estava sabendo de tudo e disse que classificariam as dez melhores. 

 

_Comemorado o que? 

 

_Hoje vão eliminar cinco e eu estou positivo que a Emme não vai ser eliminada. 

 

_Me deseja sorte. – Disse e se levantou pegando a bolsa. _Te vejo mais tarde. 

 

Cacau estava em pé quando Emme passou por ela lhe dando um oi seco.

 

_Emme, espera. – Foi atrás da modelo e as duas foram para fora da agência. 

 

_O que quer? 

 

_Está me evitando há semanas. 

 

_Ah Cacau, não enche. 

 

A morena lhe olhou, ela não usava mais a aliança. 

 

_Foi você que pediu um tempo, estou respeitando. Quer o que? 

 

_Sentar, conversar. Saber como vai ser. 

 

_Como vai ser o que? Olha, eu não.. sabe... Eu preciso ir. – Virou-se e foi até seu carro. A outra lhe puxou pelo braço. 

 

_O que é Emme? Não me quer mais? Deu agora para me ignorar, não atende mais minhas ligações e quando atende fala poucas frases. Você se quer está me dando a chance de eu me explicar, que droga. 

 

_Que droga? Eu te pedi perdão pelo meu deslize e você me ignorou de todas as formas, me difamou, essas mensagens estupidas ainda estão aqui no meu celular, quer que eu leia? 

 

_Emme, eu estava com muita raiva e muito ciúmes, você tem que me entender. 

 

_Passei semanas implorando teu perdão. Tentei conversar, te convidei para sair, te dei flores e você me chamando de todo nome. Quer conversar o que? Eu tentei aproximação e você fez ao contrário, não tenho mais paciência. 

 

_O que tá me dizendo? Olha, vamos sair hoje? A gente se dar tão bem Emme, a gente se encaixa, você conhece minha vida, você sabe dos meus pecados. Não podemos terminar assim. 

 

_Eu não posso sair hoje, vou agora no galpão, depois vou encaminhar uns pedidos, a tarde vão me maquiar porque tenho uma entrevista, depois vão me maquiar de novo e eu tenho que está linda e plena para a noite e a noite vou estar muito ocupada. 

 

_Amanhã, o que acha? 

 

Emme pensou. Estava ainda zangada com a morena por todas as ofensas e precisava dar uma lição à ela, se dar valor. 

 

_Amanhã eu vou sair à noite. 

 

_Sair? Com quem? 

 

_Ah Cacau, me erra. – Entrou no carro e o ligou. 

 

_Então é assim, vai me ignorar, não quer mais saber do nós... só quer saber de você agora,  é isso? 

 

_Eu estava presente, pedi perdão pelo deslize e indiretamente todos sabem agora que eu também gosto de mulher por fotos nossas que vazaram, não era isso que você queria? Só que você não viu nada disso e resolveu me ignorar primeiro. Até mais.

 

_Espera ai, não tenho culpa daquelas fotos terem vazado. 

 

_Parcialmente sim, você que as enviou para Larissa, mas não te culpo por isso. Achei até melhor. Só que Cacau, eu estava ali o tempo todo te pedindo perdão e você fazendo festas com um monte de mulheres. 

 

_E você indo para raves. Olha Emme, eu não quero brigar. 

 

_Nem eu. Tchau. – E saiu. 

 

A morena cruzou os braços. Aquele parecia ser o fim de seu relacionamento. 

 

A noite, Ela, Juliana e Laura foram ver o concurso. Vários jurados e teriam que selecionar somente dez para a próxima etapa e por fim decidir quem venceria a competição. Emme estava radiante, no palco teve que mostrar sabedoria para as perguntas que lhe eram feitas, tinha que ser carismática, sorridente e linda. 

 

Para a alegria de muitos, Emme fora selecionada e teria que esperar a próxima etapa ansiosamente. 

 

_Eu fui bem Eduardo? 

 

_Você foi ótima. Já foi um avanço e eu aposto minhas fichas em você. 

 

Fernanda abraçou a filha e comemorou. 

 

Em seguida Laura abraçou-a e do mesmo modo Juliana. Cacau sorriu, coração acelerado se aproximou para lhe dar um abraço. Emme correspondeu. 

 

_Estão tirando fotos da gente, apenas sorria. – Emme disse no abraço. 

 

_Você está maravilhosa, eu e minha cama precisamos de você lá. – A morena esmoreceu e saiu do abraço sorrindo.

 

Cacau observou de longe cada pessoa que cumprimentava ela. Tomava seu uísque atenta a tudo. Viu quando Emme pegou o celular e sorrindo parecia estar vendo algo importante. Depois uma mulher, aparentemente mais madura se aproximou e lhe deu um beijo no rosto. 

 

_Será que é ela? – Juliana cutucou-a _muito bonita. 

 

_Ela parece ter mais de 40 anos. Eu vou lá... – Fechou a cara. Seu ciúme era nítido.

 

_Não Cacau, pra quê? E vai dizer o quê? E se não for ela? 

 

_Melhor eu ir embora, senão sou capaz de uma loucura. Você leva a Laura? 

 

_Claro. – Cacau deu mais uma olhada e saiu passando por entre as duas sem pedir licença. 

 

_Desculpa, ela é minha ex. – Emme disse. Não foi atrás da morena. Continuou a dar atenção para todos. 

 

Cacau entrou no carro e pediu ao motorista para lhe deixar em casa. Estava sofrendo. Ouvir Emme dizer que ela era ex, aquilo lhe machucou. Sentia falta da modelo. 

 

Chegou em casa e se deitou. Continuou a remoer tudo o que tinha feito, pegou pesado nas atitudes e palavras, mas não queria perdê-la. 

 

Esperou Laura e Juliana chegar para finalmente pegar no sono. O dia seguinte foi mais perturbador. Primeiro foi na construção da fábrica com Juliana, depois para a agência e a tarde passou o dia lendo um livro tentando tirar da mente Emme. Quando foi a noite, Juliana bateu rapidamente na porta de seu quarto. 

 

_Cau...? – Juliana estava assustada.

 

_Oi. 

 

_Você viu a publicação da Emme?

 

_Eu prefiro nem ver. 

 

Em seguida Laura apareceu na porta. 

 

_Mamãe, a senhora precisa ver. 

 

Cacau pegou seu aparelho.

 

_O que é gente? 

 

Juliana então se aproximou e mostrou. Estava ali a confirmação de que Emme saíra com alguém. Uma foto de duas taças  com vinhos e uma legenda. _Comemorando mais uma vitória.

 

_Ela deve está falando sobre o concurso de ontem. 

 

E cacau lembrou-se de que quando chamou-a para conversar ela disse que estaria ocupada. 

 

_Olha Cau, infelizmente você perdeu ela. 

 

_E essa foto diz tanto isso? São só duas taças, ela pode está bebendo as duas sozinhas ou com a mãe dela. – Tentou se enganar. 

 

_Olha mãe, rosas sobre a cama. A mão de Emme aqui, a senhora acha mesmo que ela tá fazendo isso sozinha ou com a tia Fernanda? 

 

Uma raiva tomou de conta de Cacau. Não bastava terem terminado a relação tinha que ver fotos de intimidade da mulher que ela amava. Olhando com clareza, aquelas fotos mostravam muito. Se Emme queria se entregar para outra pessoa, que se entregasse, mas antes precisava se era isso que ela queria mesmo. 

 

A única coisa que veio em sua cabeça foi ir atrás dela.

 

_Essa colcha de cama aqui eu conheço, estão lá na casa dela. Eu vou lá e vou acabar com esse romancezinho sem nexo. 

 

E sem pensar nas consequências, Cacau pegou a chave do carro e saiu. Estava indignada, precisava de uma certeza, precisava ver para seguir em frente assim como à modelo estava fazendo. 

 

Chegou à casa dela em dez minutos e tocou fortemente a campainha. Quem atendeu foi Fernanda, a morena sem ser convidada entrou. 

 

_E não diga que a Emme não está aqui, que eu sei que ela tá. 

 

_Oi Cacau, você está bem? – Fernanda ajeitava os brincos, iria sair com Vitor. _Sim, a Emme está aqui. – Deu passagem para ela entrar. _Você já sabe onde fica o quarto dela, eu não preciso nem te mostrar.

 

_Obrigada.

 

Cacau seguiu para o quarto e entrou sem ser convidada. A porta estava aberta e quando entrou surpresa maior tivera. 

 

Duas taças, uma cama com pétalas escrito te amo e Emme toda sorridente esperando-a. 

 

_Emme?

 

_Oi sua bobinha. 

 

_Então, isso tudo? Ah Deus... – Começou a chorar de alívio e felicidade. _Eu não te perdi? 

 

_É claro que não. Eu tive que ser dura contigo nesse mês todo. 

 

_Me perdoa? Eu estava com o coração que eu acho que nem bombear sangue ele faz. – Emme abriu os braços e ela se aconchegou em seu colo. _Como eu fiquei com medo de ter te perdido. 

 

_E eu fiquei com medo de você não vim. Viu como é ruim não ser ouvido? Não receber atenção? Ser ignorado? Viu como é ruim sofrer?

 

_É a pior sensação da vida. Eu só fiquei louca de ciúmes e acabei se esquecendo de nós. Mas eu prometo que nunca mais vou nos esquecer. Ah Deus, como eu amo você. – segurou seu rosto e lhe beijou por um bom tempo. _Eu amo, amo, amo muito você. – Beijou todo seu rosto. _Prometo viu te amar mais, ser mais compreensiva, ouvir mais. 

 

_Promete mesmo? Eu também prometo te ouvir mais, ser compreensiva também e te amar muito muito muito muito. – Outro abraço mais forte. _Você tem que entender Cacau, você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Você é linda, tem estabilidade emocional e financeira. Eu pedi isso em um homem, mas já que veio você é bem vindo. – Sorriu e tomou seus lábios. _Ontem quando você disse que estava sentindo minha falta eu fiquei toma trêmula e então decidir te tirar do castigo. Gostou? – Mostrou a cama com as rosas. 

 

_Eu amei. Você é incrível, você também é a melhor coisa já me aconteceu na vida Emme e essa mulher mais velha, não sei quem é, mas já sinto raiva dela. – As duas sorriram. 

 

_Que nem existe, é claro. Tudo foi combinado com a dona Fernanda, com o Léo, a Laura e a Juliana. 

 

E então Emme passou a contar de tudo.

 

_Eu ligava para o Léo ou para a Laura e mantinha o telefone ocupado sempre. E a mãe te dava informações falsas.

 

_A Fernanda é uma boa atriz. Juliana me fez ver onde eu errei, mas você errou Emme. Aquele beijo me doeu a alma. 

 

_E eu pedi perdão e você me pisoteando, não precisava tanto. Mas vamos esquecer o passado tá bom? 

 

_Já esqueci. Tudo o que eu quero é viver contigo, ficar contigo. Te amar, te dengar toda. Te jogar nessa cama. – E sorrindo jogou-a lhe dando mais beijos. Em seguida, se levantaram. Emme queria mostrar o que tinha preparado para a noite. 

 

_Sushi, queijos variados, uvas, tua fruta preferida e a nossa série favorita. Mas não vai me dizer que você está assistindo sozinha? – Fez cara de zangada e Cacau lhe abraçou por trás beijando seu pescoço.

 

_Claro que não, sabe que eu só assisto quando a gente faz programação. E eu adorei cada detalhe dessa noite. Cada pétala, cada comida, quero mais beijos. – Virou-a e lhe encheu de amor. 

 

As duas voltaram para a cama, ligaram a televisão, Emme deu play em HIMYM e passaram a assistir sem se desgrudarem. Sorriam de cada episódio, beberam o vinho, comeram e estavam felizes por uma está na companhia da outra se amando. Estavam se curtindo como há muito tempo não faziam e depois de prometerem que quando brigassem não passar mais de meses sem fazer as pazes, dormiram agarradas sentindo o cheiro uma da outra. 

 

Cacau foi a primeira a abrir os olhos. As mãos bobas logo percorrem o corpo da outra que permanecia dormindo. Ela sorriu e lhe dando vários beijos no rosto chamou-a.

 

_Emme? Bom dia amor. – Quando ela abriu os olhos, sorriu. 

 

_Oi, bom dia. Aqui tá tão quentinho. 

 

_Gostoso não é? – Ficou por cima da modelo e beijou seu pescoço, em seguida ajeitou o lençol que insistia em atrapalhar tocar o corpo da outra. 

 

_Achei que não iria me tocar nunca. – Disse Emme melosa dando espaço para ela. 

 

_Estava tão bom ontem, o clima não era para fazer amor, era para amar e eu amei cada segundo da tua companhia, mas agora eu quero te comer porque eu sei que você gosta do sex* matinal.

 

Emme sentiu as mãos da outra passeando pelo seu seio acariciando por cima do baybydool, em seguida descendo para sua barriga e lá levantou-o passando a língua. Ela se ajeitou e fechou os olhos para sentir a boca da morena, com a mão mostrou o caminho onde queria ser tocada, colocando-a entre suas pernas. Cacau afastou a calcinha, olhando para seu sex* fechou os olhos e passou a língua por toda sua bucet* sentindo molhada. 

 

Emme rebol*va aos poucos, logo que sentiu Cacau ch*par mais forte rebolou com mais vontade e pediu para ser penetrada. 

 

_Gem* vai. Gosto de te ver assim, entregue. Minha mulher, meu amor. – Disse ao lhe penetrar e sorriu ao ver Emme gem*ndo. _Goz* na minha boca. – Bateu em sua bunda e voltou a lhe ch*par com mais vontade. Quando sentiu o gozo de Emme permaneceu ali até terminar e prova-lá. _Gostosa! Safada. – Subiu beijando toda sua barriga. Tirou sua roupa com urgência e fez com que seu sex* se encontrasse com o dela. Dando ritmo a dança, apertou seu seio e segurou forte seu cabelo. _Tá gostando? 

 

_Não para... bucet* gostosa. Mexe mais vai. – Ainda no ritmo, corpos suados a morena ficou deitada sobre seu corpo, ch*pando seus seios. _Amo, demais. Meu lugar favorito é quando estou contigo.

 

_Eu amo você demais, e amo tuas coxas. – Cacau ficou do seu lado e Emme lhe abraçou. _Agora sim um bom dia de respeito dona Cacau. – Ajeitou o cabelo. A morena passou a mão pelas suas costas. Notou que ela não usava mais o Justino. _Está guardado, vou guardar para valorizar mais e estou respeitando não usar, porque naquela época que eu pedi para você deixar um pouco a amizade de Larissa você fez o que eu pedir. Compre um para mim, que seja exclusivo, sempre gosto de andar com um colar.

 

_Compro, vamos hoje atrás de um bem exclusivo. – Disse se levantando e pegando sua bolsa. _Cadê tua aliança? 

 

_Ai no guarda-roupa. – A morena abriu o móvel, pegou-a e voltou para a cama. 

 

_Aceita usar de volta? – Perguntou timidamente. 

 

_Claro que aceito, vamos continuar de onde paramos. – Ela esticou a mão e Cacau colocou no lugar onde não deveria ter saído. Depois abriu a bolsa e pegou sua própria aliança, Emme colocou no seu dedo também.

 

_Vamos continuar de onde paramos. – Cacau disse feliz.

 

_Estou muito feliz.

 

_É? – Perguntou voltando para seus braços e lhe fazendo cócegas. _Então eu namoro mesmo uma das dez mulheres mais bonitas de Metropolis? 

 

_Isso mesmo, para de fazer cócegas. Eu estou entre as dez, tem que se sentir honrada.

 

_E quem disse que eu não me sinto? Honrada, privilegiada, maravilhada, apaixonada. 

 

_O Eduardo disse que eu no máximo vou ficar no quarto, eu não me importo. Posso até não ganhar, mas a minha popularidade cresceu desde que aquelas fotos vazaram. Eu tenho um bom público. 

 

_E muitas pessoas me adicionaram. Me mandaram mensagens no privado, não aceito ninguém. Eu não conheço. Prefiro ficar com os cem amigos, que só tenho contato com vinte deles. – Sorriu. 

 

_Não vai se aproveitar da minha fama não, dona Cacau. Só se aproveite de mim que eu amo. 

 

_Você é meu grudinho, minha princesa. 

 

As duas foram em seguida para a cozinha. Estavam a sós, Emme fez o café. 

 

_O que vai fazer hoje amor? – Perguntou colocando o café à mesa e depois pegou alguns biscoitos de dentro do armário. 

 

_Ja fui informada que a Laura está na escola e Juliana está na obra, acompanhando. Daqui vou direto para a obra também e depois vou levar Laura para à agência, ela sempre foi interessada por moda, vai trabalhar lá. 

 

_Olha que legal, vai ser bom para a carreira dela. 

 

_E vou dar meio salário, já vai está trabalhando como menor aprendiz.

 

_Meu primeiro salário eu gastei em um piscar de olho. – Emme sorriu. Depois de fechar o contrato na top... – Ia prosseguir, mas calou-se ao ver que falaria o nome de Bernadete.

 

_Pode falar Emme. Eu já entendi que vocês não tem mais nada, ok? E eu sei muito bem que seu primeiro trabalho foi na Top Models. Eu só não quero que você saia beijando ela ou qualquer outra pessoa que não seja eu. Pode fazer dois ovos mau passado?

 

Emme fez os ovos como ela pediu, sentou ao seu lado e então continuou a falar sobre seu primeiro salário. Da primeira viagem e de como sua mãe foi importante lhe dando apoio financeiro, já que o dinheiro que recebia inicialmente não dava para muito coisa.

 

_Morar no exterior é bem difícil mesmo. 

 

_A mãe como sempre perfeita. E aqui estou graças a ela. Posso me tornar a mulher mais bonita de Metropolis. – Sorriu tocando o rosto de Cacau, admirando-a. _Nossa, você é linda. 

 

_Até comendo ovo? 

 

_Até quando ta mau humorada. Tá aprovado esses ovos?

 

_Ótimo. E você, o que vai fazer hoje?

 

_Eu ia para a academia, mas você me deixou com preguiça e eu quero passar o dia contigo. Só que eu tenho que ir no galpão, e queria até uma ajuda tua. – Disse com humildade. _Mas... 

 

_Mas. 

 

_Você sabe que estou com quatro pessoas trabalhando comigo. Só que o trabalho vem aumentando a cada dia. Tenho que repor as mercadorias que estão faltando e estou na dúvida se eu passo o galpão para o apartamento. A ideia inicial era perfeita, mas não sei se tenho estrutura para isso. 

 

_O galpão é grande?

 

_Enorme. O aluguel é o valor do condomínio. 

 

_Por que não compra o galpão?  

 

Emme então sorriu. 

 

_Fácil você falar isso assim, mesmo que eu tivesse o dinheiro, o homem não quer vender de jeito nenhum. 

 

_Meu amor, só não tem jeito para a morte, mas qualquer outra coisa tem jeito sim. Aluga o apartamento, se você pensa que montar um negócio em um condomínio é fácil e cômodo,  é porque você nunca ouviu o barulhos dos vizinhos reclamando de zoada e sem contar no espaço. Pode parecer grande de início, mas imagina só, você já tem quatro pessoas e as quatros já preenche uma sala pequena, imagina você com 8 ou 10 pessoas. Você é o CEO, tem que pensar grande. 

 

Emme então lhe beijou.

 

_Eu vou te ajudar a comprar esse galpão. Faço uma proposta para o dono e você vai pagando, já que eu sei que não vai aceitar minha ajuda financeira. Deixa comigo. E o Léo?

 

_Ele voltou ontem para casa, o pai dele é como a minha mãe, o apoia em tudo sabe? Disse que os irmãos não vão machucar mais ele. 

 

_Eu lamento por tudo o que ele passou. Minha mãe até hoje me olha torto, o que eu posso fazer não é mesmo? Vamos lá no  apartamento e depois olhar o galpão? Virou uma empresária mesmo em? 

 

_Tive que tomar um rumo na vida, sempre soube que faculdade não era para mim e sei bem que ser modelo é apenas uma fase. Vou só ali no quarto e volto já. 

 

Cacau conheceu o apartamento, não podia negar que era um imóvel bom e preferiu não imaginar o que as duas ja tinham aprontado ali. Naquele mesmo dia, Emme foi em uma imobiliária e colocou para alugar. A morena estava certa, olhando por outro ângulo o local se tornaria bem pequeno para o que ela imaginava no futuro. Em seguida foram para o galpão, bem conservado, não era forrado, usavam vários ventiladores. Emme havia lhe mostrado o contrato de aluguel, um ano. 

 

_Bem localizado, conservado. 

 

_As mercadorias estão tudo bem embalada. O Jayme cuida de pegar peça por peça e organizar. Ele sabe onde estão todos os tamanhos. A Sara imprime o que o cliente comprou, o Jayme separa as peças, embala e o Pedro leva para ser entregue e faz todo o processamento. 

 

_As vezes é muita encomenda e então a Emme me ajuda também. – Disse Pedro.

 

_Meu carro fica lotado Cacau. – Disse com orgulho. _E a Rebeca cuida do pagamento, notas fiscais e vai me inteirando de tudo e o dinheiro vai caindo na minha conta. Vou comprar uma remessa dos jeans Rolim, fazer como o Carson faz. 

 

_Inteligente, isso é muito bom. – Elogiou Cacau com orgulho. _Vejo que seu negócio vai crescer muito. 

 

Depois que saíram do galpão, Cacau lhe levou para a construção da fábrica. Juliana estava falando com o mestre de obras quando viu as duas.

 

_Olha só as duas madrinhas do meu filho juntas. – abraçou Emme. _Que susto que demos nela em Emme?

 

_Ela disse que você não me queria mais, fiquei zangada. – Cacau contou. 

 

_Pra você ficar atenta né Cau e eu sei que você ficou pensativa quando eu te disse isso. 

 

_Eu gelei. – Segurou a mão de Emme.

 

_Vamos almoçar? Está tudo andando aqui e eu agora vou comer por dois.

 

As três sorriram e seguiram para a casa da morena. Quando Laura viu a modelo lhe abraçou. Gostava da Emme, ela lhe entendia. Falaram do concurso, falaram do novo trabalho de Laura, sobre a gravidez de Juliana também e naquele noite Emme abraçou a morena por trás quando estavam a sós. Cacau parecia pensativa.

 

_O que está pensando? De repente se calou, eu fiz algo? 

 

_Não. – Se afastou e sentou-se pegando um hidratante para passar nas pernas. _Já estou ficando velha.

 

_Todos estão ficando velhos, é um ciclo meu amor. – Ela sorriu.

 

_Eu sei... É que... nada Emme. Deve ser porque estou de TPM, fico pensando demais. 

 

Emme então se sentou de frente à ela e tomou seus pés passando a massagear.

 

_TPM? E também vai ficar velhinha daqui há cinco dias.  O que você quer de presente? 

 

_Qualquer coisa está bom. – Disse. Sua mente se ocupava em vários coisas ao mesmo tempo. Depois do seu aniversário iria para San Caetano, passaria dez dias para cuidar da empresa, mas não era com isso que estava preocupada. _Se você ganhar o concurso vai poder morar um ano fora. – Disse por fim. _Ganhar mais experiências, trabalhar com pessoas de alto padrão, entende? Posso está distante do concurso, mas sei de tudo o que se passar dentro. 

 

_Eu sei... mas não vamos pensar nisso agora. 

 

_Emme, não é deixar para depois, é nos sentarmos e conversarmos sobre isso. Você nunca abriu a boca para me dizer isso. 

 

_Acontece que lá tem tantas mulheres bonitas, eu concorro com dez mulheres Cacau. 

 

_Eu quero construir uma família Emme. A Juliana está grávida...

 

_E...? 

 

_Eu quero ter filhos Emme. 

 

_Não tenho culpa se você não poder ter filhos. – Cacau lhe olhou e sorriu. _Desculpa Cacau, desculpas. Eu amo você, e estamos ainda nos conhecendo. A gente nunca falou nem em morar juntas. 

 

_Eu não posso te pedir um filho agora Emme. Mas eu quero ter um filho e eu preciso saber se você quer caminhar comigo para isso ou não.

 

_E quem vai ser o pai dessa criança? 

 

_Vamos ser mães adoráveis. 

 

_Cacau, eu tenho transtorno bipolar, você realmente sabe o que é isso? Você sabe como eu me sinto todos os dias quando vou tomar meus remédios? Você sabe ao menos os horários dos meus medicamentos?

 

_Todo dia pela manhã. Você tem uma vida normal Emme. 

 

_E se de repente eu sair pelo mundo feito uma louca agindo impulsivamente como eu já fiz, você ainda vai me amar? 

 

Cacau calou-se. 

 

_Adota uma criança Cacau. Você pode, você tem estrutura, tem dinheiro e pode fazer isso. Um beijo você me rejeitou, imagina se eu sair pelo mundo como eu fiz quando fui para Vilarinho. É claro que eu quero ter filhos, é claro que se depender de mim eu vou estar contigo. Se fosse você a beijar alguém eu juro para ti como eu entenderia e nós não iríamos ter passado tanto tempo sem nos comunicar. Mas olha o que você fez, um caos. E se eu ter outra crise? Será se você vai está ao meu lado? 

 

Foram alguns minutos de silêncio até Cacau lacrimejar. 

 

_Confia em mim Emme? 

 

_Claro. Confio, amo e posso me dedicar muito mais a você. Já você, não sei se confia em mim. – Disse sincera. 

 

_É isso que acha? 

 

_Estou sendo sincera. Você quer ter filhos, estou dizendo para adotar, não vou me importar. Vou gostar, vou amar essa criança, ela pode me chamar de tia. Só que eu só vou ter filhos com alguém depois de três ou quatro anos juntos. 

 

_Eu confio em você Emme. Eu aprendi muito com isso te desprezando por causa daquele beijo. Obrigada por ter tirado aquele colar, eu não estava aguentando mais ver ele no teu pescoço.

 

_E por respeito eu tirei, fiz isso porque eu sei que te magoou. A gente não tem nem um ano e já brigamos demais.

 

_Eu não quero brigar. Eu gosto de nós assim, conversando e colocando os pingos nos is. Você tem certeza que está tudo bem eu adotar? 

 

_Completamente. – Disse sincera. _Eu quero te conhecer mais, quero te curtir muito mais, quero viajar contigo, quero andar de paraquedas. Eu quero me aventurar muito com você, mas quando eu tiver preparada para ter um filho eu falo com você e nós vemos como proceder. Mas agora, não é o momento para mim. Mas você fica à vontade. Eu vou te dar o total apoio.

 

_Obrigada pela massagem. – Se levantou e deitou na cama. _Quando deitar apaga a luz, por favor. 

 

Emme apagou a luz e ligou a do abajur. Cacau já estava de olhos fechados. 

 

_Ei, eu vou tá aqui contigo para tudo. – Disse e Cacau abriu os olhos. 

 

_Você está certa, temos pouco tempo de namoro. Eu não vou falar de filhos para você, ainda nem moramos juntas. – Sorriu. _Boa noite, ta bom? 

 

Emme sorriu e lhe deu um selinho. 

 

_Outro beijinho Cacau. Que preguiça é essa pra beijar? 

 

_Acho que é a TPM. 

 

Emme ficou em cima dela e ajeitou seu cabelo. 

 

_Vai embora TPM, quero minha namorada de volta. – Beijou cada um de seus olhos. _Quero amar ela. 

 

_Ouvir amar? 

 

_Ouviu. 

 

_Ela vai foi embora, pode beijar agora. 

 

_Teste de beijo. – Sorriu e lhe beijou. _Teste feito com sucesso.

 

_Eu amo você demais. – Segurou sua cintura, sentiu a mão de Emme invadir sua calcinha. _Ai... 

 

_Saudade desse corpo. Dessa perna gostosa, dessa bucet*.

 

_E eu que pensei que você era passiva. 

 

_Eles devem pensar isso. 

 

_Teus fãs? 

 

_É... cala a boca. – Tampou a boca com sua mão e mordeu seu pescoço.

 

_Ai Emme. 

 

_Quero você Cacau. Abre a perna. 

 

O sex* de Cacau pulsou. Sentiu os dedos de Emme, fechou os olhos quando a modelo desceu  ch*pando seus seios, apertando suas pernas e depois lhe ch*pou, segurando seu clítoris e passando a língua por todo seu sex*. 

 

_Cadê nosso brinquedo? – Perguntou quando tomou fôlego. Cacau mostrou onde estava. 

 

_Como é bom te comer com ele Emme. 

 

_Gosta? – Sorriu safado e o vestiu. _Mas eu que vou te comer. 

 

Emme voltou a deitar sobre seu corpo e com cuidado lhe penetrou. Ch*pou os seios da morena e beijou sua boca lhe dando tapas no rosto e mordendo seus lábios. 

 

_Ai Emme... gostoso demais. 

 

_Safada, minha. Goz* mais vai. Quero lamber teu gozo Cacau.

 

Ao goz*r, Emme voltou a lhe ch*par e depois se abriu para Cacau lhe domar. Se entregaram ao prazer, em seguida Cacau caiu ao seu lado suada e segurou sua mão. 

 

_A gente se dar bem demais Emme. Vamos viver não é? 

 

_Vamos. 

 

Viver aquele amor louco que uma sentia pela outra. Cacau amava cada gesto de Emme, amava seu jeito e seus defeitos, assim como a modelo. Exceto pelos cigarros quando sentia na boca e tentava mudar aquele seu jeito. 

 

O aniversário de 36 anos de Cacau chegou e com ele muitas alegrias. A festa não foi para muitos e sim para os melhores. Incluindo Fernanda que conheceu a família toda da morena.

 

Dentre os que tinham sido convidado estava Isa. Morta de vergonha, parecia colocar o nariz de palhaço pelo papel de trouxa que infelizmente tinha feito. Envergonhada, pediu desculpa as amigas e disse para elas que tão cedo queria conhecer alguém.

 

_Ah, você é a mulher que deu total apoio a Emme? – Perguntou Isa para Juliana.

 

_Claro, e se Emme tivesse perdendo a briga eu entraria no meio e agrediria aquela falsa. – Disse enchendo a boca de salgadinhos e a olhou. Uma vontade de vomitar lhe invadiu e ela saiu correndo a procura do primeiro banheiro.

 

_O que deu nela? – Perguntou Isa para Emme. 

 

_Vai atrás dela, ela deve tá precisando de um ombro amigo.

 

_Mas eu nem conheço ela. 

 

_E você só ajuda quem conhece? Que egoísmo Isa. Vai atrás vai. 

 

Isa saiu atrás de Juliana sem saber o que dizer. Mas esperou-a sair do banheiro e lhe deu um copo com água. 

 

_Eu entendo de má digestão. Eu amo aquela gordura da pizza, mas se eu comer demais eu passo mal igual a você. Mas isso é normal. – Disse e tirou um remédio de sua bolsa. _Esse remédio aqui vai te dar uma aliviada. 

 

Juliana então sorriu alto. 

 

_Não é má digestão, eu estou grávida. Senti um cheiro insuportável e não me contive. 

 

_Que tola que sou. Onde está teu marido? 

 

_Ah não, é produção independente. Homens, não servem para nada. 

 

_Deve ter sofrido um bocado para dizer isso. 

 

_Ah não, só estava de casamento marcado e fui traída. Nada demais.

 

_Que safado. E ele sabe que você está grávida?

 

_Estávamos combinando essa gravidez há muito tempo inclusive. Mas descobrir as traições dela um dia antes do casamento. 

 

_É uma mulher? Oh, lamento muito. Você viu aquela lá não é? Temos uma coisa em comum: Chifres. 

 

As duas sorriram e Isa olhou para sua barriga.

 

_Posso tocar? Eu amo crianças. Eu acho que vai ser homem, o que você quer que seja? 

 

_Eu quero um homenzinho. E você pode tocar sim. 

 

Isa colocou a mão em sua barriga. Juliana arrepiou-se. Olhou mais de perto Isa, a mulher era bonita. Seu corpo era cheio, mas não exagerado e tinha dentes alinhados. 

 

Isa ajoelhou-se no meio das pessoa que por ali transitavam deixando Juliana sem graça. Tentou ouvir o coração do feto. 

 

_Ah que amor. – levantou-se. _Imagino que esteja do tamanho de um grão.

 

_Sim, está. – Isa se levantou e puxou a cadeira para ela. 

 

_E me conta qual o teu bairro e como conheceu a Cacau? 

 

 

 

Emme viu as duas conversando sorrindo, cutucou Cacau e apontou.

 

_O que foi que eu te disse sobre as duas? É ou não é um casal perfeito? 

 

_Hum... 

 

_Admite que eu estava certa. 

 

_Você estava certa senhora razão. 

 

_Obrigada. Eu sou ou não sou santa casamenteira? 

 

_Estão se conhecendo agora, será se elas se casam mesmo? 

 

_Bem, elas podem se casar primeiro do que a gente. – Disse brincando. _Assim como a mãe e o Vitor, estão de noivado. Olha os dois apaixonados. Está se divertindo? 

 

_Sim. 

 

_E você pensou sobre a adoção, está certa de que quer isso mesmo? Eu preciso me preparar também, é uma vida não é e querendo ou não vou estar em alguns momentos. O mel é um cachorro e a gente fica manhoso com ele... 

 

_Eu passei dias pensando e eu não vou adotar. Seja o que Deus quiser, eu pensei que estava nos meus planos adoção, mas não. A Laura pode me dar netos.

 

_Oi mãe? – Laura estava sentada, mas ouvia tudo. _Tão cedo quero filhos. Eu vou estudar moda e eu quero me divertir muito antes de isso acontecer. – Afastou-se das duas para mexer tranquilamente no celular.

 

_Enfim, seja o que Deus quiser. – Sorriu e abraçou Emme. 

 

O aniversário de Cacau passou, logo em seguida ela viajou com Juliana como já havia planejado e assim passou vários dias. Laura tivera que ficar devido suas provas finais e Emme participaria da última etapa do concurso. 

 

_Vou ficar aqui mais cinco dias amor, desculpa. Por aí está tudo bem? 

 

_Sim, estou nervosa. Você está aí há quinze dias Cacau, e eu sinto tua falta.

 

_Pense pelo lado bom, a virada de ano vou passar com você. 

 

_Podemos viajar. A Laura ta aqui do meu lado, está te mandando um beijo. 

 

_Passei de ano mamãe e já arrumei minhas coisas. 

 

_Não acredito que você vai viajar sem eu Laura. E mau vou ter tempo de matar a saudade de você. Eu tenho que desligar e Emme, boa sorte no concurso. Vou está aqui torcendo por você. 

 

_Obrigada. Te amamos. 

 

_Amo vocês também. 

 

Emme estava tensa e sabia que Cacau não estava completamente feliz com esse concurso. A morena estava certa, se Emme ganhasse o concurso ela teria o contrato de um ano para morar fora. Aquilo lhe abriria muito mais portas para o mundo da moda, mas teria que dar um tempo de sua loja online, a Emme Store.

 

A noite, ela se produziu, fez tudo o que Eduardo mandou. Enquanto se concentrava para desfilar viu na plateia Cacau no meio da multidão lhe aplaudindo, sorriu discretamente. Ver a morena ali de surpresa sentiu que não deveria vencer o concurso, que a amava e queria estar mais ainda ao seu lado.

 

_E agora vamos anunciar a vencedora deste ano, do concurso Miss Metropolis.... 

 

E anunciando o terceiro lugar o apresentador chamou a moça para lhe entregar o prêmio. Emme e mais outra candidata seguraram as mãos.

 

_Ai meu Deus, ela vai ganhar. Me dar o remédio da minha pressão. – Dizia Eduardo emocionado e segurou a mão de Cacau e de Fernanda ao mesmo tempo. _Diga logo que foi Emme Albuquerque. 

 

_Você vai quebrar meus dedos. – Cacau reclamou, mas deixou-o segurar. 

 

_E em primeiro lugar, venha aqui receber sua faixa...

Fim do capítulo