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  • Duas vidas, um amor inesquecível
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Duas vidas, um amor inesquecível por Enny Angelis

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Palavras: 22703
Acessos: 6302   |  Postado em: 17/06/2020

Capitulo 82 - Final

 

 

 

Uma delicada lágrima escorregou pela face direita da mulher que encarava a cena no celular em suas mãos, ela tinha uma família linda, pensou, deixando o sorriso estampar a euforia feliz que existia em seu coração, seus olhos fixaram na morena ali na foto, o sorriso fora alargado pelo amor que sentia por ela. Samantha, foi uma luz em sua vida, e sabia que sempre seria, aquela com quem pôde construir o que tanto sonhara, ela era sua paz, sua amiga, sua amante sua estrutura forte e confortável em todos os momentos, todos... Ao colo dela estava Agatha, o ser pequeno mais especial que tivera a sorte de conhecer, sua admiração e amor pela menina fora instantâneo, lembrou. Quando ainda era uma total estranha entre elas, a menina fora de uma simpatia e companheirismo impecáveis, orgulho era a definição que sempre sentia a cada feito da pequena, até o presente momento. Nattely ali também, foi mais um motivo do persistente sorriso alegre em seu rosto, o seu primeiro amor de mãe fora com ela e para ela, o seu primeiro presente divino, sorriu, com mais lágrimas que tentou conter com uma das mãos, se tivesse que viver todo o seu passado novamente, não teria dúvidas de que faria aquilo, por ela, para tê-la de novo em sua vida... E, finalmente, seus olhos brilharam em tão intenso amor ao notar o pequeno ser eu seu colo, era tão pequeno e indefeso, sorriu amorosa e protetora, ele era o mais recente laço entre ela e Samantha, talvez o mais amado, não entre os filhos, claro que não, embora em diferentes etapas e formas, o amor delas era intenso por cada um deles, mas por Benício ser o mais novo, ele era o centro das atenções de todas as mulheres daquela família, observou e lembrou do quão ele ainda seria, isso só aquele dia, afinal era seu aniversário, sorriu maravilhada e ao mesmo tempo assustada, como o tempo passava rápido, notou.

-- Amor? -- Samantha a chamou ao vê-la sentada a beira da cama. -- O que faz ai? -- Indagou aproximando-se dela e assim, notou o celular que ela segurava, sorriu com a imagem nele, em carinho lhe beijou o ombro. -- Ei? -- Disse tomando o queixo dela com gentileza a fazendo olhá-la e com a mesma delicadeza Samantha enxugou o molhado ali presente. -- Tudo bem? -- Questionou preocupada, não era nem seis horas da manhã e a esposa parecia já estar acordada a bastante tempo.   

-- Está! -- Amanda afirmou dando um leve sorriso -- Passa tão rápido não é? -- Ela notou voltando a olhar a foto.

Samantha sorriu, também passando a encarar a foto e entendendo bem os sentimentos dela. Aquele dia o filho delas estava completando um ano e o tempo parecia ter passado voando sob o olhar delas.

-- Hoje é um dia bem especial. -- Samantha afirmou se referindo ao aniversário do menino, assim como, a festa que elas haviam preparado para comemorar tal fato.

-- Sim. -- Amanda concordou voltando a olhar Samantha com um lindo sorriso. -- Nem dormi direito de tanta ansiedade. -- Ela confessou e Samantha riu sabendo que era verdade. No dia anterior ela estava agitada organizando os últimos detalhes junto com Carmen, Amanda queria supervisionar tudo e por várias vezes, estressou-se por besteiras, a esposa ficou mais nervosa com aquilo do que, com os preparativos do casamento delas, riu em lembrança, nunca pensara que Amanda fosse tão perfeccionista a ponto de ficar brava com tudo, sorriu, no fundo a compreendia.  

-- Vem cá. -- Samantha disse após pegar o celular das mãos da esposa e a pôr no lugar, a seguir a puxou para deitar na cama. -- Eu te amo tanto. -- Afirmou distribuindo beijos por todo o ombro da mulher em seus braços.

-- E eu a você. -- Amanda sorriu se aconchegando mais no carinho da mulher atrás dela e assim, até conseguiu cochilar mais um pouco, isso até, o filho delas resolver acordar também, e quando isso acontecia, ninguém mais dormia...

-- Agatha, olha seu irmão, filha. -- Samantha advertiu do topo da escada avistando o filho lá embaixo, já dois degraus acima.

-- Ben!? -- Agatha proferiu largando seu tablet e correndo na direção do menino. -- Não pode nem piscar né moleque!? -- Ela advertiu já com ele entre seus braços, a olhando enquanto ria achando tudo divertido. -- Ri não que não tô brincando. -- Advertiu para vê-lo abrir mais ainda o sorriso mostrando os raros dentinhos, sorriso lindo que a fez rir também o pegando no colo e o levando para a cozinha.

Samantha sorriu observando os dois filhos de forma amorosa, Agatha se tornara uma protetora nata do irmão, dando a ele todo amor e cuidado, era admirável o quão ela também tinha amadurecido em tão pouco tempo, e como estava crescendo rápido. Claro ela ainda era uma criança e fazia todas as coisas de tal idade, principalmente as birras típicas dela, entretanto, não ser mais a filha caçula e ainda ter adquirido certa responsabilidade para com o irmão a fizeram ter certa maturidade, suspirou entre o fascínio e a preocupação futura, a filha já tinha oito anos e o outro um, Amanda estava certa, como o tempo voava, notou e após mais um suspiro os seguiu até a cozinha.   

-- Bom dia, bom dia. -- Samantha proferiu em um sorriso ao entrar na cozinha encontrando sua família à mesa, parte dela na verdade, faltava Amanda que estava terminando de arrumar-se.

-- Bom dia querida. -- Lúcia sorriu a cumprimentando.

-- Mamãe... -- Benício proferiu estendendo as mãos na direção de Samantha, assim que ela se acomodou à mesa ao lado de Agatha.

-- Toma que o filho é teu. -- Agatha afirmou o passando sem rodeios para o colo de Samantha, riu.

-- É, e não esquece que eu mando nele e em você também mocinha, mais respeito! -- Advertiu em tom sereno, porém sério o bastante para se fazer respeitar.

-- Vaiii. -- Natelly disse olhando Agatha rindo.

-- Por que chegou tarde ontem, Natelly? -- Samantha lembrou olhando-a em espera de uma resposta plausível.

-- Vaiiii. -- Agatha proferiu mostrando um sorriso vingativo.

-- A sessão do filme terminou tarde, passamos da hora. -- Natelly afirmou de forma calma e ao final, mostrou a língua para a menina e ambas riram amistosas. -- A tia Mari veio me deixar, eu poderia dormir lá com a Lis, mas a mamãe não deixou. -- Explicou.

-- Não mesmo, sempre teremos regras nesta casa mocinha, finais de semana, apenas. -- Amanda advertiu dando o ar de sua graça no ambiente. -- Bom dia meus amores. -- Ela sorriu admirando cada rosto ali, e após depositar um beijo em cada um deles, e um abraço em Cida, ela se juntou a sua família à mesa para o café da manhã. -- Ai Cida, se Deus não tivesse te posto na minha vida, eu ia te procurar até encontrar. -- Ela afirmou admirando a bela mesa posta a sua frente, a vendo servir sempre o que cada uma delas gostava.

-- Aqui o do Ben. -- A mulher em questão estendeu para Samantha o desjejum do menino que avançou nele de imediato.

-- Tá com fome meu amor gordinho. -- Amanda sorriu afastando a pequena tigela de salada de frutas para longe dele.

-- Mãinnn. -- Ele proferiu começando a chorar agoniado.

-- Parece que ele acordou com o peso de um ano só em fome. -- Natelly observou e todas ali riram.

-- Alimentem a fera. -- Agatha proferiu rindo, olhando o irmão inquieto nos braços de Samantha. A cada dia que passava ele parecia ficar mais lindo ainda, tinha um amor enorme por aquele pequeno de olhos negros brilhantes e cabelos de um castanho claríssimo, sorriu vendo ele abocanhar a porção de salada lhe oferecida por Amanda, e mastigando o alimento ele voltou a se acalmar mais, por hora, lembrou iniciando o seu próprio desjejum. Adorava aqueles momentos em família, e aquele dia era mais especial por ser o dia que comemorariam o primeiro ano do menino, a festa em família e amigos íntimos seria logo mais, na casa dos avós, estes fizeram questão daquilo, além de terem um espaço melhor e mais adequado para aquela ocasião.

-- Cida, sabe que por mais que eu saiba que você faz questão disso, te ver parada feito uma porta nos olhando, me dá uma agonia. -- Samantha advertiu encarando a mulher amiga. -- Senta, põe uma uva na boca, finge que tá comendo pelo menos, pelo amor a Família. -- Completou para ver Cida gargalhar em resposta. 

-- Tá eu vou sentar. -- Cida afirmou se juntado a elas. -- Vou só no café preto mesmo. -- Advertiu sorrindo, já havia tomado seu café mais cedo, apesar de ser tratada como da família e amá-las como tal, era seu modo de ser e de trabalho, adorava trabalhar ali, para elas e jamais se sentia excluída apenas em observa-las, pelo contrário, se sentia à vontade de todas as formas, sempre.

-- Mania de tomar café sozinha, meu Deus. -- Samantha alegou. -- Tô achando que ela não gosta da gente amor. -- A médica disse para Amanda como se fosse um segredo, porém todas haviam escutado e sorriram.

-- Será vida? -- Amanda questionou entrando na brincadeira.

-- É, pode ser. -- Samantha afirmou e viu Cida sorrir embalando a cabeça em negação. -- A culpa é do Ben, ele come demais, além de dá muito trabalho pra ela também.

-- Com certeza é isso. -- Amanda concordou e olhou o filho que já estava com o rosto todo sujo das frutas. -- Está vendo filho, a culpa é toda sua. -- Alegou rindo.

-- Credo, não falem besteiras para meu fofo lindo. -- Cida advertiu olhando a criança que parecendo entender a olhou e caiu em um sorriso. -- Oh coisa linda da tia Cida, tá gostoso tá? -- Ela questionou em voz melosa e o viu rir alto. 

-- Tu gosta ne safado. -- Samantha proferiu sorrindo e o encheu de beijos. -- Coisa linda da mamãe, te amo. -- Ela afirmou em felicidade extrema. 

-- Mãe eu tenho mesmo que ir pra escola hoje? -- Agatha questionou sem a menor vontade de ir.

-- Lógico que tem meu amor, não pode está faltando sem motivos. -- A médica disse em explicação.

-- Mas é o aniversário do Ben. -- Argumentou, tinha um resquício de esperança da mãe a liberar aquele dia.

-- Sim filha, mas isso não interfere na sua vida escolar, e a festa é só no fim da tarde, portanto, vai para a escola sim. -- Samantha advertiu e a beijou na testa.

-- Tá bom. -- A menina concordou sem mais argumentos.

-- A tarde todos liberados, pela manhã, tudo normal. -- Samantha informou. -- Inclusive para mim, estou cheia de coisas pra resolver agora de manhã no hospital. -- Lembrou. -- Você se importa se eu for amor?  -- Questionou olhando a esposa.

-- Que pergunta Sam, claro que não. -- Amanda assegurou sincera e sorriu sendo beijada pela morena.

-- Eu marquei de ir ao shopping com a Lis depois da aula, pra ela ver o presente do Ben, será que a Val nos leva?

-- Acho que sim, filha. -- Amanda proferiu não vendo nada de mais. -- Mas só depois que ela pegar a Agatha na escola, hoje não vou poder. -- Lembrou.

-- Deixa que eu pego a Agatha. -- Samantha informou. -- Vamos filha termine rápido seu café, estamos quase atrasadas. -- Pediu e após dá um beijo no filho o entregou para Amanda. -- Coisa linda da mamãe. -- Disse brincando com ele que riu feliz.

-- O que a senhora vai fazer mãe? -- Amanda quis saber, Lúcia havia chegado no dia anterior para participar do aniversário do neto.

-- Eu? Bom, eu tenho a agenda cheia. -- Disse como se fosse algo bem impressionante. -- Vou ao mercado daqui a pouco com a Cida e depois vamos fofocar da vida alheia enquanto fazemos o almoço. -- Completou para lodo todas rirem do fato.

-- Vocês duas se acharam mesmo. -- Samantha observou, sabia o quanto Cida se dava muito bem com sua sogra.

-- Ah ia esquecendo, papai falou que vão chegar em cima da hora, mas eles vão vir. -- Natelly advertiu de forma contente, estava com saudade do pai.

-- Ótimo meu amor. -- Amanda sorriu também feliz pelo ex marido e ótimo amigo confirmar presença naquele dia especial para ela e sua família.

-- O papo está bom, mas precisamos ir, vamos filha. -- Samantha lembrou se pondo de pé. 

-- Vou pegar minha mochila. -- Ela advertiu já saindo correndo.

-- Quando que ela vai parar com essa mania? -- A morena questionou em voz alta ao ver a menina correr.

-- Dona Regina me disse que você era igual. -- Amanda disse em constatação e riu com a cara de incrédula que Samantha fez a olhando.

-- Não lembro disso não. -- Samantha confessou cruzando os braços e viu Amanda rir mais ainda. -- Que foi? -- Indagou curiosa.

-- Ela também cruza os braços desse jeito ai quando tá irritada. -- Amanda advertiu.

-- Ah! -- Samantha proferiu rindo e descruzando os braços, reconhecia que sua filha realmente continha traços e manias que ela tinha ou tivera. -- Deixa eu ir, senão nos atrasamos mais. -- Constatou dando um beijo em Amanda, outro no filho, e em carinho ela também se despediu das demais ali.

 

* * * *

 

-- Amor você viu aqueles meus brincos de pérolas? Aquele bem pequeno? -- Marcela questionou em voz alta pondo a cara para fora do quarto.

-- Você deixou lá em casa. -- Marina afirmou enquanto estava em pé olhando de um lado a outro da sala e os sofás.

-- Droga, eu queria ele. -- Marcela proferiu lá de onde estava.

-- Viu o meu pendrive? -- Gritou em questionamento para a loira que de novo colocou a metade do corpo para fora do quarto para avisar que estava na casa dela e não ali. -- Mas que droga. -- Marina proferiu, precisava de um documento.

A garota sentada no sofá e as pernas cruzadas sobre a mesinha de centro, tentando se concentrar no seu jogo, apenas riu em negação, mediante os dramas da irmã e sua cunhada. Era engraçado presenciar aqueles momentos entre elas, que moravam juntas em dois apartamentos diferentes, contudo, aquilo também a irritava. Marina havia mudado seu trabalho e vida para Curitiba há um ano, e aquilo fora com certeza uma felicidade enorme para sua irmã, Marcela era cada dia mais feliz, era notório o quão ela havia mudado para melhor, Marina também estava feliz, e ambas a seu modo, totalmente torto, riu sozinha, eram felizes, percebeu. Marina havia alugado um apartamento, segundo ela, era cedo para viverem juntas sem um casamento, Marcela entendeu todos os pontos abordados pela outra mulher e, então seguiam em um namoro, que se tornou mais presente desde a vinda de Marina para a mesma cidade, porém, o que elas ainda não haviam percebido, ou não queriam perceber era que, embora ainda não tivessem formalizado a relação em um casamento, ambas já viviam como um casal há tempos, e o que estavam fazendo era simplesmente complicando as próprias vidas como um casal, vivendo em dois lugares ao mesmo tempo, pensou Lisandra dando de ombros e voltando a prestar atenção no jogo em seu celular, ao menos tentando.

-- Amor me dá aí esse meu salto preto perto da porta? -- Marcela gritou do quarto. -- Por favor.

-- Só tem um nude aqui. -- Marina afirmou ao olhar para o local, a seguir voltou sua atenção agora para o computador em seu colo.

-- Mas eu deixei ele aqui. -- Marcela veio do quarto já totalmente vestida, porém descalça.

-- Não querida, você deixou ele lá. -- Marina apontou para a porta indicando que tinha ficado em seu apartamento.

-- Droga! -- Lisandra proferiu ao perder o jogo por distração causada pelo casal nutela a seu lado. -- Oh na boa, cansei dessa ladainha de todo dia de vocês! -- Ela advertiu sentando direito no sofá, chamando a atenção de ambas as mulheres que, a encararam de forma séria e bastante surpresa.

Então a menina se levantou e continuou. -- Amor onde tá isso? Tá lá em casa, quando a outra tá lá, liga, querida onde tá aquilo? Ficou aqui em casa. -- A menina proferiu forçando a voz em uma imitação e dramatização da situação o que fez ambas as mulheres rirem, mas pensarem em observação dos fatos. -- Quem é a adolescente aqui mesmo? -- Indagou já estressada pela falta de atitude de ambas as mulheres ali. -- Vocês já são casadas e moram juntas a um tempão, a diferença é que só estão dificultando as coisas para vocês mesmo. Qual é!? -- Ela questionou abrindo os braços observando a loira e a morena se olharem em silêncio, provavelmente, finalmente notando o óbvio. -- Se querem casar, casem logo de uma vez ou então morem juntas sem casar, oh eu não sei. -- Gesticulou as mãos em um basta. -- O que sei, é que não bato o recorde do meu jogo há meses, porque vocês ficam nesse ping pong de tá aqui, tá ali, tá lá, me desconcentrando total, então, pelo amor de Deus, resolvam isso de uma vez, ou lá ou aqui, falou!? Beleza, eu vou pra escola de busão mesmo, porque tá mais calmo que aqui. -- Ela proferiu tudo de uma só vez, pegou sua mochila e simplesmente saiu as deixando totalmente silenciosas e pensativas, encarando a porta por onde ela tinha saído.

Marina no sofá, depois de um tempinho em silêncio buscou o olhar de Marcela em pé a sua frente com as mãos na cintura, se encararam por mais alguns instantes, para então, caírem nunca gargalhadas juntas, ambas notando que mesmo sem querer elas haviam conseguido estressar e muito a jovem e não o contrário. 

-- Vem cá, ela foi mesmo? -- Marcela questionou ainda rindo.

-- Parece que sim. -- Marina disse da mesma forma, ambas já estavam mais calmas. -- Está linda. -- Ela observou, Marcela vestia um terninho feminino de cor azul.

-- Gosta? -- Marcela sorriu maravilhada.

-- Amo! -- Marina afirmou se pondo de pé e abraçando a namorada com um sorriso apaixonado. -- O conjunto da obra inteiro. -- Completou a olhando nos olhos bem próxima.

-- Ama é? -- A loira indagou em um sorriso de canto provocante deixando as mãos acariciarem a nuca da outra.

-- Muito. -- A promotora falou e em desejo buscou os lábios próximos aos seus em um beijo de tom moderado.

-- Não amor. -- Marcela gritou em risos ao ser girada por Marina. -- Vou ficar tonta. -- Avisou.

-- Já parei. -- Marina sorriu a pondo de volta ao chão.

-- Ai eu estou atrasada. -- Marcela notou ao olhar no relógio de pulso da namorada. -- Preciso ir. -- Lembrou saindo dos braços de Marina.

-- Espera. -- Marina lhe segurou a mão e sorriu ao ter a atenção dela. -- Tem algo inadiável na primeira hora?

-- Não, por quê? -- Ela indagou enquanto ainda revisava sua agenda mentalmente.

-- Porque precisamos conversar, e tem que ser agora. -- Marina afirmou sincera. 

-- Olha, a Lis é assim, explosiva às vezes, mas é o jeito dela, logo passa. -- Marcela alegou encarando-a.

-- Não se trata dela, e sim de nós. -- Alegou puxando-a para sentarem no sofá. -- Sua irmã está certa. -- Marina afirmou de forma calma, fazendo um leve carinho na mão junta a sua.

Marcela ficou a encarar a mulher a sua frente por alguns instantes e em seguida respirou fundo, também concordava com aquilo.

-- É, não dá mais para nos enganarmos não é? -- Marcela sorriu em acordo retribuindo o carinho que recebia em sua mão.

-- Eu sei que a ideia de morarmos separadas por um tempo foi minha e...

-- Sim, mas você estava certa e eu concordei com isso. -- Marcela alegou logo a seguir.

-- Eu sei, naquele momento era o certo a ser feito e, fico feliz que tenha aceitado a ideia. -- Marina colocou de forma branda mediante a um sorriso contente. -- Mas eu acho que esse momento mudou, o nosso momento é outro agora e mesmo isso sendo óbvio, foi preciso um empurrão básico para nos fazer enxergar a verdade. -- Declarou para ambas lembrarem de Lisandra e rirem. -- O que você acha? -- Questionou muito interessada na opinião dela.

-- De verdade, eu concordo com tudo, de novo. -- Marcela afirmou e sorriu. -- Esse tempo que passamos, meio separadas e meio juntas. -- Marcela proferiu as palavra em um aceno de cabeça de um lado a outro e Marina riu. -- Foi muito bom para percebermos e termos certeza do que realmente queremos, antes eu já sabia o que queria com você, e esse ano com você aqui comigo, só me deu mais certeza disso. -- Marcela confessou com toda sinceridade e amor que sentia pela morena a frente dela, sorriu arrebatada. -- Eu quero você Má, quero todos os dias ao meu lado, não importa onde seja, desde que você esteja comigo. -- Assegurou levando sua outra mão ao rosto de Marina que, lhe sorriu deslumbrada de amor e felicidade.

Marina tocou a mão em seu rosto em um carinho amoroso enquanto admirava-a com um sorriso contente, amava-a tanto, que tais palavras lhe tomara todos os sentidos, e em desejo maior tomou a boca de sua namorada em um beijo onde tentou expressar todo amor que existia em si.  

-- Vem morar comigo!? -- Marcela questionou em um sorriso feliz ao separarem do beijo.

Marina não disse nada de imediato, ficando apenas a olhando enquanto pensava naquela pergunta sugestiva da outra. Marcela, esperava um resposta rápida, o que não aconteceu, então tentou argumentar. -- Eu iria para lá com você, mas a Lis gosta daqui, mas a gente pode ver com ela, então...

Marina sorriu mediante o leve nervosismo de sua namorada, a verdade era que tinha sido pega de surpresa sim na proposta, mas diferente do que talvez Marcela houvesse imaginado, não tinha dúvidas em sua resposta. Afinal era o que mais queria também, apenas estava pensando em uma outra coisa que lhe veio à mente repentinamente, claro já havia imaginado aquela ideia de várias formas perfeitas e lindas para se fazer, porém nenhuma delas fazia tanto sentido naquele instante, talvez o momento perfeito fosse apenas o momento em si e não a beleza que pudesse estar envolvida nele.

-- Eu venho sim! -- Marina afirmou abrindo o seu mais lindo sorriso e tão rápida teve uma Marcela euforia a abraçando. -- Mas com uma condição. -- Alegou.

-- Qual? -- Marcela perguntou se afastando para olhá-la.

Então, sem nada dizer, Marina sorriu e saindo do sofá, ela pôs um joelho sobre o chão e ficando assim, pegou ambas as mãos de Marcela que, ao ver a cena, sentiu o coração disparar entre a alegria e o nervosismo juntos.

-- Marcela eu te amo muito, muito mesmo e sempre farei tudo que puder para te fazer feliz. -- Marina falou e mediante uma pausa ela sorriu, suspirou decidida e continuou. -- Má, meu amor, você casa comigo? -- Indagou deixando um sorriso ansioso permear seus lábios, observando a loira a sua frente.

-- Sim! -- Marcela afirmou em um sorriso radiante de felicidade. -- Meu Deus, é sim, sim, claro que caso. -- Advertiu se pondo também de joelhos a frente de Marina a tomando em um abraço apertado e cheio de amor.

Marina sorriu em retribuição dos mesmos sentimentos de sua agora noiva e mediante aquela ideia, a apertou mais ainda em seus braços, estava feliz, muito feliz e não tinha dúvidas de que aquilo era apenas o começo do que estava reservado para elas.

-- Eu te amo. -- Marina afirmou após desfazer o contato.

-- Eu também amo você, muito. -- Marcela sorriu fazendo um carinho no rosto dela a beijando logo em seguida, contato que fora ficando cada vez mais intenso e ousado nas bocas, mãos, corpos...

-- Espera, e seu trabalho? -- Marina indagou parando um beijo, elas já estavam deitadas sobre o sofá, notou, sem nem lembrar de como foram parar ali tão rápido.

 -- Que trabalho? Hoje é meu dia de folga! -- Marcela afirmou e sorriu de forma safada o que fez a mulher embaixo dela sorrir contente e voltar a beijá-la de forma desejosa e amorosa. Ambas sabiam que eram e seriam muito felizes juntas, estavam apenas no começo de uma linda vida juntas.

 

 

* * * *

 

Os olhinhos estavam atentos na tela da TV, vez e outra o rostinho se abria em um sorriso eufórico diante das imagens presentes na tela, era evidente que ela estava calma e feliz naquele momento, o colo da mãe deitada a seu lado, dava a pequena Louise todo conforto e carinho...

Um sorriso se formou nos lábios da recém chegada ao ambiente e deparar com a cena, Júlia dormia tranquilamente com a filha acomodada confortavelmente sobre o seu braço direito, era sempre assim, a mãe da menina sempre dormia na metade do desenho animado preferido da filha, notou e sorriu se aproximando em silêncio de ambas as ruivas da sua vida, com cuidado ela sentou na cama, a filha notando a sua presença a olhou, sorriu e logo voltou a encarar a tela à frente de forma concentrada. Susan sorriu verdadeiramente deslumbrada com o que presenciava, com delicadeza ela deixou seus dedos tocarem uma mexa ruiva de sua esposa a tirando do rosto, sorriu com a beleza ali presente, tinha uma esposa linda, e sabia o quão Júlia era uma mãe extraordinária para a filha delas. Movida por um desejo avassalador de brindar aquele momento, Susan deixou seus lábios tocarem o rosto da esposa em um beijo, tanto o toque quando o sentimento era de como se beijasse algo mais precioso do universo, sorriu ao se afastar e abrindo os olhos voltou a encarar a mulher ainda dormindo serenamente. Olhou para a filha que sorria olhando a tela, sorriu junto com ela, já estava no finzinho do desenho, então resolveu esperar terminar, para depois fazer a higiene matinal da pequena...

-- Mamãe. -- Louise proferiu com perfeição apontando para Júlia ao seu lado.

-- Shiii. -- Susan proferiu baixinho com o dedo na boca para a filha ver o sinal de silêncio. E sorriu ao ver a menina sorrir repetindo o mesmo som e gesto, era impressionante como Louise se desenvolvia e aprendia rápido, notou estendendo as mãos para ela que foi para seu colo imediatamente.

-- Bom dia meu amor. -- Susan desejou tendo ela no colo enquanto seguia para o banheiro.

-- Bumô. -- Ela proferiu com dificuldade e Susan sorriu em compreensão, porém repetiu a frase mais algumas vezes com a filha, sabia o quão importante era ir estimulando-a a falar sempre e de forma correta, tanto ela quanto Júlia faziam frequentemente aquilo com a filha.

Meia hora depois a pequena estava banhada, vestida e de volta a cama junto com a mãe, cuja a filha fizera questão de acordar com beijos, ação sugerida por Susan que, sorriu assistindo Júlia já totalmente acordada, abraçar, beijar e cheirar a filha com muito amor e carinho.

-- Bom dia meu amor. -- Susan se juntou a elas desejando mais uma vez bom dia a esposa e a seguir um beijo.

-- Bom dia vida. -- Júlia sorriu em prazer.

-- Mamãe dô. -- Louise sorriu.

-- Sim filha, a mamãe acordou. -- Júlia concordou com a menina, a puxando para mais abraços e beijos. -- Ela tá falando rápido amor. -- Júlia observou maravilhada.

-- Viu? Eu estava certa, quanto mais falarmos certo com ela, logo ela aprende rápido. -- Assegurou com um sorriso contente.

-- Eu nunca duvidei, meu amor. -- A ruiva afirmou com um sorriso.

-- Eu sei. -- Susan constatou.

-- Enho. -- A menina disse apontando para a televisão.

-- Ah não mocinha, desenho não, agora é hora de tomar o café da manhã. -- Susan advertiu de forma calma, porém firme. Louise ainda fez uma leve cara de choro, porém Júlia a puxou para o colo lhe fazendo cócegas o que fez ela abrir vários risos descontraídos.

-- Espero você, não demora. -- Susan alegou dando mais um beijo na boca da esposa e saiu com a filha para que ela iniciasse seu desjejum daquele dia. 

-- Amor que dia é o retorno da Lou com a pediatra? -- Júlia questionou lembrando, sabia que a filha tinha consulta marcada, porém não recordava o dia, com tanto trabalho no dia anterior havia esquecido de verificar a agenda da menina.

-- Eita amor, é hoje! -- Susan alegou em lembrança olhando a esposa que acabava de sentar a seu lado à mesa. -- Às Dez! Amor eu tinha esquecido. -- Confessou em constatação.

-- Tá bom, vai dá tempo, fica calma. -- Júlia afirmou em um sorriso acalmando a outra mulher que apenas sorriu em acordo.

-- Amor, precisamos de uma babá. -- Susan tocou no assunto de forma delicada.

Júlia suspirou e a olhou. -- É preciso mesmo? -- A ruiva indagou sem muita vontade, a ideia de ter uma estranha tomando de conta da filha era para ela bastante assustadora, estava cheio de casos sobre o tema na mídia, e todos eles a assustavam muito. Sabia o quão era trabalhoso para elas administrarem os trabalhos e os cuidados com a filha, os avós sempre ajudaram, mas ainda assim, era complicado para ambas. Haviam entrado em acordo mediante aquele tema, esperar a filha ter um ano de idade, porém havia mais de mês que estava adiando aquela conversa.

-- Ou uma creche...

-- Ah não Susan, creche não! Muita criança pra olhar, vai saber se vão cuidar da nossa filha direito, não, não, não. -- A ruiva negou veementemente de pronto o que fez Susan rir, para quem não queria uma criança no começo, havia se tornado uma protetora nata da filha, até demais, notou.

-- Eu sei amor, mas o que vamos fazer? -- Indagou. -- Estou aberta a sugestões. -- Susan alegou interessada.

-- Eu saio da farmácia e cuido dela. -- Sugeriu de pronto.

Susan ficou a encarando de forma surpresa e descrente.

-- Espera tá falando sério? -- Questionou em dúvida.

-- Duvida? -- Júlia rebateu de forma séria e desafiadora.

-- Não. -- Susan suspirou, sabia que ela era capaz daquilo, porém não queria que a esposa largasse tudo para apenas cuida da filha delas, admirava, claro, aquela atitude, mas achava de fato bem exagerada. -- Amor isso seria desnecessário e exagerado de sua parte e da minha em concordar com isso, não pode largar seu trabalho assim, você ama o que faz, seria injusto, mesmo que por uma causa nobre. -- Sorriu tocando a mão de Júlia sobre a mesa em um carinho. -- Existem métodos bem seguros de se contratar uma babá, mas saiba que jamais quero que faça algo de que não esteja segura, pense no assunto com calma, por hora, a gente cuida da nossa pequena, está bem? -- Indagou de forma branda, sorriu.

Júlia sorriu concordando, era a primeira vez que de fato estava disposta a pensar no assunto, teria que aprender a lidar com mais aquela fase da vida delas, da vida da filha delas, suspirou, no fundo sabia que Susan estava coberta de razão, em todos os aspectos.

-- Obrigada! -- Agradeceu a esposa por todo amor e compreensão.

-- Eu te amo. -- Susan sorriu naquele sentimento.

-- Eu também te amo, tanto... -- Alegou sincera mediante um sorriso apaixonado.

Um beijo selava todo aquele amor uma pela outra, beijo esse que foi interrompido por uma garotinha que enfiou uma colher suja de Danone entre elas que, riram voltando a dá a devida atenção para a menina que, sorriu as acompanhando, embora ainda bastante nova para entender todo o mundo em que vivia, Louise já tinha a devida noção de uma coisa, era muito, muito amada.

 

 

* * * *

 

-- Bom dia. -- Victória, sorriu ao se aproximar do balcão de recepção do hospital tão familiar para ela.

-- Doutora Vic? Que surpresa. -- A mulher abriu um enorme sorriso ao avistá-la.

-- Tudo bem, Jú? -- Victória a cumprimentou de forma amável enquanto sorria. -- Me dá dois crachás de visita, pra sala da Samantha, por favor. -- Pediu.

-- Claro, só um minuto!

Victória concordou e desviou o olhar em busca de sua companheira, sorriu ao ver Kiara literalmente girando enquanto observava toda a área a seu redor.

-- Prontinho, Doutora. -- A recepcionista disse lhe entregando os crachás. -- Está de volta mesmo? -- Indagou.

-- Espero que sim. -- Victória sorriu em resposta e agradeceu saindo. -- Ki? -- Ela chamou por Kiara com outro sorriso.

-- Cara, esse hospital é enorme. -- Kiara falou em comprovação.

-- Nunca tinha vindo aqui? -- Victória questionou enquanto ela mesmo anexava o crachá na blusa da amiga.

-- Tá brincando né? Eu não tinha dinheiro nem praquele cafezinho ali da recepção, que deve custar uma nota, imagina pra uma consulta aqui. -- Kiara advertiu gesticulando de forma óbvia e Victória riu, não dá revelação, mas dá forma que ela a contou.

-- Aquele cafezinho é de graça. -- A morena avisou dando uma leve piscada.

-- Ok, venho tomar café aqui todos os dias agora. -- Kiara disse em brincadeira, causando mais uma risada na outra.

-- Vamos. -- Victória a chamou pegando em sua mão a levando consigo em direção ao elevador... -- Como vai a loira de olhos azuis mais linda do pedaço? -- Victória questionou, assim que, o elevador se abriu e ela dera logo de cara com Sheila que, ia se dirigindo a seu posto de recepção à sala de Samantha.

-- Vic!? -- Sheila proferiu em um sorriso surpreso ao vê-la ali. -- Não acredito, voltou! -- A loira constatou indo ao encontro da morena que saiu do elevador em sua direção e ambas se juntaram em um abraço terno. -- Aí que saudade, que bom que voltou. -- Sheila afirmou se separando para encará-la com um sorriso feliz.

-- É bom estar de volta também. -- Victória alegou em contentamento e, então, viu Sheila desviar o olhar, sorriu sabendo que ela olhava sua amiga. -- Deixa eu te apresentar. -- Disse estendendo a mão para a amiga que se aproximou já com um sorriso. -- Essa é Kiara, uma grande amiga. -- Assegurou sincera. -- Kiara essa é Sheila, enfermeira chefe, secretaria e amiga de Samantha e de todos aqui, ela é uma espécie de faz tudo pra todos. -- Victória afirmou e Sheila riu, não era tão mentira.

-- Prazer, seja bem vinda. -- A loira disse a cumprimentando em um aperto de mão.

-- Prazer também, obrigada. -- Kiara proferiu gentil.

-- É daqui mesmo ou tá a passeio? Já se conheciam? -- Sheila questionou curiosa olhando de uma para a outra das mulheres ali.

-- Sou daqui mesmo, mas conheci a Vic em Portugal. -- Kiara foi quem respondeu de forma simpática.

-- Ela foi meu anjo da guarda protetor e amigo por todo esse tempo lá. -- Victória confessou a olhando com uma gratidão e carinho enorme. -- E nem pense que vai se livrar de mim aqui não hein. -- Advertiu sincera, Kiara apenas sorriu.

-- Chegou agora mesmo? -- A loira quis saber.

-- Ontem de manhã. -- Victória respondeu. -- Sam, está aí? -- Indagou interessada.

-- Tá sim, ela e a...

-- Vic!? -- Alexsandra proferiu mais alto do que queria quando avistou a amiga ali, avançou em sua direção tendo um sorriso eufórico no rosto e, o mantendo assim, quando agarrou Victória em um abraço apertado de saudade e carregado de emoção. Alexsandra a ergueu do chão a fazendo girar consigo ainda em um contato caloroso. Estava sendo emocionante tê-la perto de si novamente, sentir o cheio e o contato de alguém que aprendeu a amar e respeitar mediante as adversidades da vida. E depois de uma separação tão dolorosa, para ambas, porém necessária, aquele novo reencontro era, para as duas mulheres, uma nova oportunidade de continuar com o amor tão genuíno que sempre existiu entre elas, o de uma amizade verdadeira. E aquilo estava claro, tanto naquele ato tão entregue, quanto nas lágrimas felizes que ambas deixavam cair por seus rostos sorridentes, estava ali o início de mais um ciclo da felicidade.

Samantha, Sheila e Kiara, respiraram de forma aliviada, não era segredo para nenhuma delas o passado entre as outras duas mulheres. Porém, mais que qualquer uma ali, Kiara foi quem presenciou todo o sofrimento de sua amiga, e sorriu com sincera felicidade diante do reencontro de Victória e Alexsandra, sabia o quanto aquilo estava sendo importante e necessário para sua amiga. 

-- Meu Deus, você está aqui! -- Alexsandra proferiu após a colocar no chão e a olhar, tocar de forma inacreditável, o sorriso era constante, porém, ela resolveu enxugar às lágrimas voltando a encarar sua melhor amiga com alegria. -- Vic... -- Proferiu maravilhada.

-- Deguinho... -- Victória proferiu sentindo novamente os olhos embaçarem cheia de saudade e, sem nenhuma mágoa, só amor e leveza, tudo que almejara sentir diante daquele momento.

Alexsandra sorriu mediante seu apelido carinhoso, e a abraçou de novo, não pôde medir o quão maravilhoso era ouvir aquilo novamente, sem ressentimentos, sem dor, sem mágoas, apenas carinho e amor...

-- Sam... -- Victória sorriu se pondo na frente dela, e sorriu sendo abraçada também com muito carinho que, era recíproco.

-- Seja bem vinda de volta. -- Samantha alegou ainda no contato.

-- Obrigada. -- Victória agradeceu e a encarou sorrindo. -- Ah deixa eu apresentar a vocês. -- Ela falou voltando seu olhar para Kiara e a chamou. -- Essa é Kiara, meu bem, essas são Samantha é Alexsandra. -- Victória disse apontando cada uma das mulheres e sorriu olhando a mulher a seu lado.

Kiara sorriu estendendo primeiro a mão para Samantha que sorriu a cumprimentando, fizera o mesmo com Alexsandra que, repetiu o mesmo gesto da irmã, nas raras vezes que falou com Victória por telefone, a mesma a citou com certo carinho, sentia-se mais aliviada por sua amiga ter feito uma nova amizade, se é que eram somente amigas, pensou e sorriu mediante tal pensamento, Victória merecia muito ser feliz, e Kiara parecia fazê-la.    

-- Sam, eu estou louca pra ver o gorduchinho de perto. -- Victória confessou se referindo ao filho da amiga.

-- Falando nisso, hoje é aniversário dele, vamos nos reunir lá na mamãe, quatro horas, está convidadíssima. -- Samantha advertiu-a. -- Você também, Kiara. -- Ela afirmou olhando-a sorrindo.

-- Estaremos lá, com certeza. -- Victória alegou por ela e por Kiara. -- Sam, podemos conversar na sua sala?

-- Claro, vamos. -- Samantha concordou de pronto já tomando à frente.

-- Alex, depois conversamos com calma? -- Victória buscou a amiga com o olhar.

-- Com certeza! -- Alexsandra afirmou e sorriu sendo retribuída de imediato. -- Grandona, não esquece do nosso combinado. -- Ela advertiu para a irmã que, sabia bem do que se tratava. -- Vou indo. -- Alexsandra disse para Victória que, sorriu ganhando um beijo carinhoso em seu rosto. -- Vou te esperar. -- Afirmou já se afastando contente.

-- Quer vir comigo? -- Victória questionou agora para, Kiara.

-- Não, vai lá, eu te espero aqui. -- Kiara alegou tranquila, sabia bem qual seria o teor da conversa delas. -- Tenho certeza que a Sheila, será uma boa companhia, pode ser? -- Ela indagou olhando a loira.

-- Claro! -- Sheila sorriu.

-- Ok. -- Victória sorriu em acordo e entrou com Samantha.

-- Quando chegou? -- Samantha quis saber deixando seu corpo encostar a vontade em sua cadeira.

-- Ontem de manhã, descansei um pouco e fui ver meus pais, acabei dormindo lá. -- Confessou. -- Agora estou aqui. -- Sorriu em verdade.

-- Vejo que tá feliz. -- Samantha observou encarando a mulher a sua frente.

-- Eu estou sim. -- Victória confessou sincera. -- Esse tempo que passei fora, foi muito importante pra mim, como pessoa e para minha vida profissional, os primeiro meses, na verdade ano, foi bem difícil, doloroso, ruim de se concentrar em meus objetivos... -- Victória confessou e após uma leve pausa em lembranças ruins e boas, ela sorriu. -- Mas hoje, principalmente depois de rever a Alex, eu tive mais certeza de que foi primordial, principalmente sentimentalmente. -- Alegou.

-- A esqueceu mesmo? -- Samantha perguntou realmente interessada. -- Digo, em relação ao amor que...

-- Eu entendi, Sam. -- Victória riu se antecipando. -- Eu aprendi a “re-amar” a Alex, era preciso, porque eu não saberia ficar o resto de minha vida sem a presença dela, disso eu tenho certeza. -- Afirmou, sentiu muito a falta de sua amiga, em todos os aspectos de amizade que elas tinham. -- Como disse a Kiara, eu sou uma nova Vic. -- Lembrou em um sorriso.

-- Eu fico feliz, de verdade. -- Samantha sorriu. -- Muito bonita a sua amiga. -- Insinuou a olhando atentamente.

Victória sorriu entendendo bem aquela atitude da velha amiga.

-- Ela é linda sim, mas diferente do que insinua, somos apenas boas amigas. -- Victória advertiu e Samantha riu vencida. -- Kiara foi minha maior força esses anos, foi leal e companheira em todos os momentos, sou muito grata por ter a tido comigo esse tempo. -- Assegurou sincera em contentamento.

-- Sendo assim, ela já tem o meu respeito. -- A morena alegou em verdade. -- Mas suponho que está aqui, pra conversar sobre seu posto de volta neste hospital?

-- Meu segundo objetivo era isso sim. -- Victória sorriu.

-- Vic, eu fui sincera quando disse que sua vaga sempre estaria disponível. -- A morena advertiu calma. -- Deseja voltar?

-- Será um prazer. -- Victória afirmou. -- Tá ciente que vai ter que ser um salário maior né? Voltei mais inteligente. -- Advertiu fazendo Samantha rir com a observação. 

-- Mais esperta também.

-- Vivendo e aprendendo. -- Ambas riram.

-- Só que não será no seu antigo posto, tenho uma proposta pra você. -- Confessou.

-- Sou toda ouvidos. -- Victória proferiu curiosa.

-- Acredito que saiba sobre o projeto que a Alex criou aqui no hospital. -- Samantha relatou.

-- Não em detalhes, mas ela me falou sim, foi uma ideia maravilhosa. -- Ela relatou orgulhosa por sua amiga.

-- Pois é, é exatamente nesse projeto que queremos que você trabalhe. -- Samantha confessou com um sorriso.

-- Sério? -- Victória sorriu empolgada. -- Eu vou amar. Como será? -- Indagou em empolgação e alegria. Samantha então passou a explicar a ela sobre a sua nova função de trabalho naquele hospital.

 

 

* * * *

 

-- Filha a Alex chegou!

Laila ouviu a voz do pai, sorriu satisfeita em saber que a morena já a aguardava, deu mais uma olhada em seu reflexo no espelho e gostou do que viu, pegou a pequena bolsa a tiracolo e deixou o quarto.

Alexsandra, sorriu, ao ver sua namorada se aproximar com um sorriso, a beijou nos lábios a abraçando com carinho.

-- Está linda. -- A mastologista observou com muito agrado. Laila vestia um vestido branco floral longo, a fenda nada discreta subia até o nível do quadril, mostrando o shortinho ali por baixo dando um ar sexy e também casual ao look. -- Maravilhosa. -- Completou com aquele sentimento mediante um sorriso.

Laila sorriu extasiada, tinha a sensação de que, Alexsandra, sempre a faria corar entre o contentamento e a típica timidez, e adorava aquilo.

-- Ah minha namorada é muito gata! -- Alexsandra proferiu a erguendo do chão em um abraço apertado, sorriram juntas.

-- Essa felicidade toda é só por me achar linda? -- Laila indagou notando uma felicidade a mais em sua namorada.

-- Sempre. -- Alexsandra afirmou a pondo no chão. -- Mas hoje eu tenho mais motivos para estar feliz. -- Ela confessou em meio a um sorriso.

-- Posso saber? -- Laila questionou curiosa.

-- A Vic, está de volta. -- Revelou deveras feliz por aquilo.

-- Sério!? -- Laila sorriu surpresa.

-- Sim. -- A morena advertiu sorrindo. -- Eu a vi hoje, ela foi no hospital, conversamos e... -- Alexsandra deu uma pausa em pensamento. -- E foi maravilhoso, amor. -- Revelou. -- Tivemos uma conversa leve, divertida, ela estava... -- Tentava explicar seus sentimentos. -- Estava diferente sabe, não sei explicar, mas era um diferente bom, estava feliz, mas no fundo ainda era a Vic que eu conhecia, que conheço, que é minha amiga, e hoje eu senti que apesar de tudo, ainda temos a mesma conexão de amizade, foi ótimo amor e, eu estou feliz. -- Alexsandra narrou tudo com uma felicidade enorme e Laila a escutou com paciência, ao mesmo tempo em que sentia-se muito aliviada por Alexsandra ter a amiga de volta em sua vida, não sentia receios e nem ciúmes em relação a isso, sabia o quanto sua namorada sofreu com a distância entre ela é Victória, e o quão aquela amizade era necessária para ambas, foi apenas um obstáculo da vida, e graças ao tempo e escolhas certas, foi superado, sorriu sinceramente feliz e nesse sentimento, puxou Alexsandra para um abraço terno.

-- Eu estou feliz por você, Alê, muito feliz mesmo. -- Afirmou voltando a olhá-la nos olhos a fazendo um carinho no rosto, Alexsandra sorriu, sabia que Laila estava sendo verdadeira, sempre era e amava aquele lado dela. 

-- Eu sei que sim. -- Alexsandra sorriu convicta daquilo, Laila foi a primeira pessoa para quem desejou declarar sua felicidade, era sempre assim, desde que a conheceu, lembrou e, sem avisos a puxou para um beijo todo especial, a amava, amava muito. -- Mas... -- Ela lembrou de outra razão para sua eufórica felicidade aquele dia. -- Eu tenho mais um motivo maravilhoso para estar feliz. -- Confessou encarando o olhar amarelo de Laila que, abriu um sorriso sem nem mesmo saber do que se tratava, aquela era sua namorada, perfeita, notou.

-- Eu trouxe um presente para você. -- Alexsandra completou deixando suas mãos apertar delicadamente a cintura de Laila, esta, sorriu já curiosa, adorava os mimos que a morena dava a ela, eram sempre tão lindos e fofos. A namorada passou a compreender bem seus gostos e manias e se aproveitava muito bem daquilo de todas as formas.

-- Cadê? -- Laila questionou já a procura de algo referente ao que sua namorada lhe dissera. Da última vez, ganhara um ursinho de pelúcia com chocolates brancos, seu preferido, e o mais lindo, era que não comemoravam nada, apenas um mimo em um dia comum, igual aquele, por exemplo. -- Fala amor -- Pediu voltando a olhar Alexsandra que sorriu ainda em silêncio. -- Tá no carro? -- Indagou curiosa. 

-- Mais ou menos, está lá fora. -- Alexsandra proferiu com um sorriso misterioso. -- Vai ter que usar isso, pra sairmos. -- Avisou tirando um lenço do bolso de sua jaqueta e sorriu com a cara surpresa que a outra fez. -- Vira. -- Pediu.

-- Ai, quanto mistério. -- Laila observou virando de costas para Alexsandra que riu. -- Pai fica de olho, a Alê pode querer me sequestrar. -- Proferiu em tom mais alto para o homem que, estava na cozinha, ouvir, fazendo também Alexsandra cair na gargalhada.

-- Não seria má ideia. -- A mastologista proferiu em voz provocante ao pé do ouvido de Laila, que já vendada, sentiu um leve arrepiar pelo corpo, sorriu tendo aquela mesma certeza. -- Vamos. -- Disse pegando as mãos de Laila e com todo cuidado a guiou até a rua na frente de casa. -- Fica paradinha aí, um segundo, deixa eu tirar isso aqui. -- Falou desfazendo o nó do tecido.

-- Alê, é um urso gigante dessa vez, pra tá fora de casa? -- Laila indagou tendo novamente a visão da namorada a sua frente, estava de costas para a rua.

-- Não. -- Alexsandra negou e com um sorriso a fez virar para encarar seu presente. -- É seu, e não é um urso gigante. -- Advertiu em um sorriso contente.

Laila arregalou os olhos e boca em extrema surpresa, levou uma das mãos a boca, tirou, levou aos cabelos, olhou para Alexsandra, voltou e manteve o olhar no seu "presente", mas ainda não conseguia acreditar no que seus olhos estavam vendo, estava sem ação, sem palavras para descrever todas as sensações que estava tendo em questão de segundos, sorriu, parou de sorrir, ainda em um choque repentino, voltou a sorrir de novo...

-- Um carro, Alê? -- Laila proferiu constatando o óbvio, voltando seus olhos para a namorada que apenas sorria a assistindo de forma maravilhada.

-- Seu carro! -- Alexsandra afirmou ainda em meio ao sorriso sereno e feliz.

-- Não pode ser! -- Laila proferiu voltando a encarar o seu tão sonhado objeto de consumo, um Beetle Fusca em um tom cinza prateado, sorriu entre um sentimento de euforia e orgulho receoso, e fora este último que permeou sua mente em maior peso, sabia exatamente quanto custava um daquele, e sabia o quanto custaria em tempo e dinheiro para que ela conseguisse finalmente comprar um para si, não podia aceitar, era tudo o que tinha em mente no momento...

-- Não, não... -- Laila proferiu buscando os olhos de Alexsandra. -- Não posso aceitar esse carro, Alê! -- Advertiu convicta daquilo.

-- Por que não, amor? -- Alexsandra indagou sem entender aquela recusa, na verdade ela entendia bem o porquê da recusa, lembrou, mas não desistiria até vê-la aceitá-lo. -- É seu, não dá pra devolver. -- A médica alegou com um sorriso.

-- Alexsandra!? -- Laila proferiu em agoniada aflição passando a dá voltas de um lado a outro o que fez a morena rir. -- Um ursinho, flores, chocolates, uma joia, tudo bem, mas um carro? -- Ela advertiu apontando ambas as mãos para o veículo ali parado, e ainda com lacinhos fofos sobre os retrovisores. -- E não é um carro qualquer, é um carro caro, C. A. R. O. CARÍSSIMO! -- Ela advertiu olhando do carro para a namorada e vice versa.

Alexsandra não teve como conter a gargalhada diante do drama da namorada.

-- Oh Deus ele é tão lindo. -- Laila constatou em admiração do mesmo. -- Mas está fora de cogitação, devolve! -- Afirmou virando-se para Alexsandra com o dedo em riste.

-- Ah não, devolver é o que está totalmente fora de cogitação aqui, meu amor. -- A morena advertiu sincera.

-- Então fique com ele, não sei. -- Laila disse dando de ombros.

-- Não, ele é seu, fique com ele você. -- Alexsandra proferiu também dando de ombros, se fazendo não estar nem aí para a mulher à sua frente.

-- Ahrhr. -- Laila proferiu já em leve irritação, fazia tempo que Alexsandra não aprontava uma daquelas, fazer algo sem o seu consentimento, principalmente, em se tratando de dinheiro, odiava aquilo, não se sentia bem.

-- Não tenho medo de cara feia. -- Alexsandra afirmou rindo.

-- Alex, já conversamos sobre isso.

-- Ah qual é amor? -- Alexsandra questionou gesticulando os braços a encarando séria. -- Você vive falando que quer ter mais independência, um carro hoje em dia é um objeto necessário e não de luxo, vai te dá mais independência, ir e vir pra aonde quiser a hora que quiser, de forma confortável. -- Advertiu de forma calma.

-- Eu sei, Alê. -- Laila concordou. -- Mas o que vão pensar de mim, quando me verem com um carro desse? O povo já fala só por eu ser sua namorada, não quero ter mais uma fama, a de que...

-- Ei, pode para! -- Alexsandra advertiu tocando o rosto dela com ambas as mãos. -- Até onde eu sei, quem paga as suas contas é você, quem deu duro e ainda dá todos os dias naquele hospital é você, e não importa o quão pessoas maldosas falem, eu sei quem você é, você sabe quem é, então o que fazemos ou deixamos de fazer, juntas ou não, não é da conta de ninguém! -- Advertiu com toda sinceridade e amor que sentia pela mulher a sua frente.

Laila suspirou, sabia que Alexsandra estava totalmente certa, ainda assim, havia certos limites que ainda não conseguia cruzar.

-- Eu sei meu amor, mas... Não dá...

-- Ok. -- Alexsandra disse a fazendo calar, suspirou, tinha uma namorada difícil de lidar, lembrou. -- Estou vendo que terei que partir para o plano B. -- Sorriu constatando.

-- Que plano B? -- Laila indagou estranhando.

-- Aceite-o, foi um presente muito sincero de minha parte. -- Alexsandra confessou em ternura e carinho.

-- Alê...

-- Deixa eu terminar. -- Pediu. -- Eu banquei metade do valor e Samantha através do hospital a outra metade, ou seja, ele está quitado, já está em seu nome, mas como eu conheço bem a namorada que tenho. -- Alexsandra sorriu. -- Sabia que seria difícil de te convencer a aceitá-lo, simplesmente. Então, será descontado do seu salário um valor todos os meses, sem juros e todas as burocracias, enfim, até você pagar...

-- Sério? -- Laila questionou sentindo novamente um leve contentamento voltar. 

-- Sim. Você, mesmo irá pagá-lo, e na pior das hipóteses, pode devolvê-lo. -- Explicou sincera. -- O que espero que não aconteça! -- Afirmou.

-- Ah, assim eu aceito! -- Laila afirmou pulando nos braços de Alexsandra em uma felicidade enorme. -- Mas tem um porém. -- Alexsandra alegou com ela em seus braços.

-- Qual? -- Laila a olhou voltando a seriedade.

-- A minha metade do valor, não está incluída, me recuso que pague, de verdade Laila, não quero, é o meu presente é a minha condição. -- Alexsandra afirmou de forma serena, porém bastante sincera.

Laila apenas sorriu a olhando cheia de amor e também orgulho, a sua morena cada vez mais provava que a compreendia muito, mas também queria ser compreendida, e não seria ela a se negar fazer aquilo, não mesmo, sorriu tomando a boca dela em um beijo cheio de amor e felicidade, dando a ela a resposta de que sim, aceitava aquela condição.

-- Eu te amo tanto. -- Alexsandra afirmou a olhando com um sorriso loucamente apaixonado.

-- Eu te amo muito mais. -- Laila proferiu com olhar e coração sincero. A seguir saiu do colo de Alexsandra e com um sorriso extasiado ela passou a admirar o seu presente, com as pontas dos dedos ela o tocou com cuidado e alegria. -- Ah céus eu vou passar o resto da minha vida pagando isso. -- Ela disse olhando Alexsandra.

-- Só se vive uma vez. -- A morena advertiu sacudindo a chave do automóvel em sua mão.

Laila abriu um sorriso eufórico encarando a chave com o olhar brilhante de alegria.

-- Posso mesmo dirigir?

Alexsandra riu em negação mediante a pergunta. -- É seu meu amor, lógico que pode dirigir. -- Advertiu sorrindo e sem aviso jogou a chave para ela que, em reflexo a pegou de imediato.

-- Ai eu não acredito eu tenho um carro. -- Laila disse dando pulinhos de alegria olhando o automóvel a sua frente. -- Pai, olha. -- Ela gritou ao vê-lo em pé na porta de casa a olhando com um sorriso.

-- Você merece meu amor. -- Ele afirmou com sinceridade, tanto ele quanto Cida, foram sondados por Alexsandra, e ambos concordaram que a decisão final sobre o presente, era de Laila.

-- Será que a minha namorada linda, me daria uma carona? -- Alexsandra questionou a olhando com um sorriso.

-- Carona, não. -- Laila disse em negação andando até ela. -- Um passeio sim, aceita? -- Sorriu a abraçando com carinho.

-- Será um imenso prazer. -- Alexsandra confessou e a beijou cheia de amor.

-- Então vamos. -- Laila disse pegando a mão dela e a puxando até a porta do carona, em gentileza abriu a porta para Alexsandra que, maravilhada sorriu e se acomodou no banco do veículo, assistindo a seguir, Laila correr e se acomodar ao lado na direção do veículo.

Ainda anestesiada de felicidade e descrença Laila sorriu olhando cada detalhe do interior do veículo, e da mesma forma ela o ligou, e em euforia deslumbrada ela assistiu a capota dele baixar e se recolher toda para trás.

-- Se for um sonho, não me acorde! -- Laila proferiu com sinceridade para Alexsandra que, sorriu, acariciando o rosto dela e após mais um beijo, Laila finalmente pusera seu presente para andar, seu sorriso era só felicidade e gratidão naquele momento. 

 

 

* * * *

 

"O nosso santo bateu, o amor da sua vida sou eu..." -- Caroline riu ao ouvir a voz da namorada permear seus ouvidos, ao retornar ao quarto do hotel. -- "Tudo que é meu hoje é seu, e o fim nem precisa rimar..." -- Ela continuou junto com a música original tocando no celular. Sorriu seguindo para o banheiro, de onde vinha a cantoria um tanto desafinada, entretanto, era uma das peculiaridades de Lauren que apreciava, lembrou encostando-se na pia, passando a admirar a mulher embaixo do chuveiro, completamente nua, linda, achou...

-- Oi paixão. -- Lauren sorriu ao vê-la ali. -- Nem demorou. -- Constatou desligando a água. -- Valeu. -- Ela sorriu agradecendo a toalha lhe estendida pela loira.

-- Ao contrário de alguém que conheço. -- Caroline disse rindo.

-- Não adiantaria muito eu sair do banho sem ter isso ai. -- Lauren apontou o absorvente nas mãos da namorada.

-- Eu não acredito que você menstruada, esquece de colocar absorventes na mala. -- Caroline lembrou ainda descrente, pois a outra a fizera ir à rua atrás do objeto essencial para ela naquele momento.

-- Foi mal amor, a gente estava com pressa, lembra? -- Ela sorriu se pondo na frente da loira com a toalha enrolada nos cabelos.

Caroline balançou a cabeça em negação, mas sorriu permitindo seu olhar percorrer o corpo da outra a sua frente. Deixou suas mãos a tocar na cintura a fazendo colar em seu corpo, com um sorriso malicioso e apaixonado iniciou beijos demorados por todo o lado direito do pescoço de Lauren que, fechou os olhos apreciando aquela carícia deliciosa.

-- Não, nem pense, estamos atrasadas. -- Lauren advertiu ao lembrar daquele fato. Pegou seu celular e a pequena sacola sobre a pia e seguiu para o quarto.

-- Eu não pensei nada. -- Caroline mentiu a seguindo. Desde que passou a namorar Lauren, seguir horários estando com ela, era complicado, a outra sempre encontrava um meio de atrasá-las, não conseguia entender aquilo. -- E a culpa não é minha lembra? -- Questionou a olhando literalmente correr pelo quarto se vestindo. -- Falei pra arrumar a mala ontem e não hoje na hora de sairmos. -- Advertiu.

-- Você arrumou sua mala hoje que eu sei. -- Lauren lembrou. -- Ah se bem que você já deixa praticamente tudo certinho no guarda roupa, só pegar jogar na mala e sair correndo. -- Lembrou rindo. -- Esse negócio aí é legal eu devia aderir. -- Se pôs a pensar.

-- Concordo! -- Caroline afirmou. -- Seu guarda roupa é uma zona. -- Lembrou.

-- Não, muito metódico. -- Lauren constatou por fim.

-- Eu mereço. -- A loira disse rindo.

-- "Mudando de assunto, cê tá tão bonita..." -- Lauren cantou acompanhando a música que tocava em seu celular. -- “Que cheiro gostoso que vem de você” -- Sorriu ao ver Caroline sorrir, seguiu até ela cantando. -- E se eu te contar você nem acredita. Se eu tava brigando eu nem lembro o porquê...” -- Finalizou a abraçando de forma terna, sorriu a olhando nos olhos de bem perto. A policial sorriu arrebatada, e a beijou... Cada dia que passavam juntas a certeza de que queria mais ao lado dela e com ela, permeava a sua mente com maior frequência, talvez estivesse na hora de propor irem além, pensou e sorriu a admirando com amor...

-- Branca ou azul? -- Lauren perguntou sobre duas camisas a tirando se seus pensamentos.

-- Branca. -- A loira alegou. -- Por que molhou o cabelo? Vai demorar pra secar isso. -- Constatou.

-- Foi sem querer, quando vi, já era. -- Lauren confessou fazendo uma careta. -- Veja pelo lado bom, pelo menos você não vai ter que comprar um secador de cabelo. -- Ela disse com ele em mãos sorrindo.

-- Arhrh. -- Caroline proferiu. -- Onde eu fui amarrar meu burro? -- Se perguntou deixando seu corpo cair sobre a cama. Ouviu a namorada rir alto, riu também, com certeza seriam as últimas a chegarem no aniversário de seu sobrinho...

 

 

* * * *

 

Por um instante, Amanda parou dando uma olhada a sua volta, e numa mistura de alívio e satisfação com o que via, ela respirou aumentando mais o sorriso feliz em seu rosto, estava tudo pronto. A grande área da casa da família Cooper estava toda decorada em tons de azul e dourado, o tema era "O Pequeno Príncipe Benício", e logo, logo, os convidados estariam todos ali, lembrou. Embora ela e Samantha houvessem caprichado bastante na decoração, comidas e bebidas, os convidados eram apenas aqueles familiares e amigos essenciais para aquela data especial e sabia que todos, todos estariam com elas naquela dia de comemoração e felicidade.

-- Pessoal, já estão cientes de tudo, certo?

Ela ouviu a voz da morena e sorriu a observando se especificar de que tudo estava entendido pelos garçons e buffet. Abriu um sorriso amoroso ao vê-la vir a seu encontro, linda como sempre.

-- Tudo certo por aqui? -- Samantha questionou em um sorriso terno.

-- Sim. -- Amanda afirmou a olhando com um sorriso contente e sem mais palavras a morena lhe capturou os lábios em um beijo calmo e amoroso.

-- Nosso príncipe e princesas onde estão? -- A médica questionou sentindo a falta dos mesmos.

Amanda sorriu. -- As princesas estão lá dentro ajudando sua mãe e a minha a manter o príncipe porquinho limpo ao menos até os parabéns ser cantado. -- Advertiu e Samantha riu compreendendo bem a situação. 

-- Missão impossível, então. -- Samantha declarou é ambas riram.

-- Vamos ver. -- Amanda disse rindo.

-- Meus amores, o rapaz do som chegou. -- Cida avisou. -- Vou mostrar a ele onde vai ficar. -- Disse já se dirigindo ao homem que se aproximava pelo Jardim que, também estava devidamente decorado e preparado para a acomodação dos convidados.   

-- Eu vou, Cida. -- Samantha a deteve. -- Obrigada! -- Sorriu a olhando grata. -- E por favor, dá pra parar de caçar trabalho, hum? É nossa convidada, nem era pra ter vindo cedo demais pra cá. -- A morena advertiu, Cida estava ali desde cedo ajudando em tudo, mesmo a contragosto dela e de Amanda, sorriu, amava e admirava aquela mulher, lembrou a beijando no rosto e saiu.

-- Ela está certa. -- Amanda concordou olhando a mulher a seu lado.

-- Não me importo, muito pelo contrário, eu amo ajudá-las, vai além de ser só meu trabalho. -- Cida confessou olhando Amanda com um sorriso sincero. -- Vou ver como estão o Ben e as meninas. -- Ela falou saindo para mais uma missão.

Amanda apenas concordou, sabia bem que não adiantaria contrariá-la, ela fazia por amor, ir contra aquilo seria até mais afrontoso para ambas.

Sorriu ao ouvir uma música internacional soar no ambiente, estava tudo perfeito e para sua alegria os primeiros convidados já estavam chegando, Elisa e o marido, e com eles também estavam Nádia e Richard. Sorriu observando o quão linda e feliz sua irmã estava, após uma decepção com o ex namorado, Nádia havia decidido se fechar para um novo amor por um tempo, no entanto, como sempre o destino pregando suas peças da vida, lhe apresentou Richard, este, com certeza a seu ver, estava provando ser o namorado que sua irmã merecia, notou, sorriu mais um vez feliz pela felicidade de Nádia, ela era merecedora daquilo, contatou e a seguir, respirou fundo e caminhou até eles.  Samantha se juntou a ela e juntas deram as boas-vindas a eles, a partir daí, Benício também estava sempre presente na recepção, era ele quem mais recebia atenção e carinho na chegada de todos. E apesar de todos os esforços para mantê-lo limpo e com vestimenta intacta, em poucos minutos a criança já rolava literalmente pela grama do jardim junto com a irmã e o primo, Henri. Amanda riu em negação, porém não se importava de fato, sabia que os filhos estavam felizes, notou abrindo mais o sorriso, e olhando a sua volta, foi tomada por lembranças...

Sempre imaginou que, a vida que tinha antes de conhecer Samantha, estava sendo, de certa forma plena, claro que, no fundo, sempre soubera que faltava algo, algo que lhe trouxesse leveza e intensidades diferentes em todos os aspectos ao lado de alguém. Em sua juventude ela amou o pai de sua filha, porém tal momento passou, os sentimentos mudaram, a vida lhe apresentou uma Marina intensa, decidida e ao mesmo tempo dona de uma doçura que a encantou de primeira, o seu primeiro amor com doses intensas de paixão e tesão, com quem aprendeu a se permitir mais a viver mais, em ser feliz de verdade, conheceu outras pessoas, outros ares...

E embora mantivesse um casamento de fachada, por obrigação sim, porém mais por medos de revelar quem realmente era, medo de ser julgada e renegada pelo que era e sentia. E ainda negando a si mesmo o prazer da liberdade, pôde desfrutar por alguns anos um novo amor, dessa vez por Caroline, a loira entrara em sua vida de forma repentina, mas ao mesmo tempo tão intensa, lhe proporcionando um prazer e um amor mais maduro, mais objetivo, e claro com aquele friozinho na barriga de algo novo, inesperado e, ao mesmo tempo desejado, foram felizes da forma delas... Sophia foi seu mais recente envolvimento, diferente de tudo que já tinha vivido, ar mais jovial, intempestivo, sorriu em lambança, elas se amaram, claro que sim, um amor passageiro, com um ciclo de começo e fim, contudo, nada foi perdido, aprendeu com ela a ser mais intensa, aproveitar o momento, a simplesmente se permitir sentir, pensando bem, fora um envolvimento que a fez crescer mais interiormente, sem dúvida não fora por acaso, sempre acreditou naquilo, tudo estava mais claro que nunca, tudo tinha um propósito.

Como havia pensado no dia de seu casamento, seu acidente fora a melhor coisa que a aconteceu, retirando todas as hipóteses ruins daquilo, não poderia negar que foi a partir do término com Sophia e, de seu descontrole ao volante aquele dia, que, estava ali, plenamente feliz com sua vida, de uma forma como nunca, nunca em momento algum imaginou que fosse possível. Ela deduziu deixando uma gota banhar o rosto, ás vezes sentia que estava em um sonho perfeito, e sem que pudesse conter, também sentia um aperto no peito, o medo de que tudo aquilo viesse ter um fim a qualquer momento, como se de repente aquele sonho feliz, aquela vida perfeita fosse acabar de uma só vez... Esforçava-se ao máximo, para sempre dissipar tal pensamento, nas raras vezes que ele se fazia presente em sua mente, e assim, foi naquele momento, os mandou para longe, Sorriu deixando mais lágrimas felizes escorrer por seu rosto ao voltar a assistir seu filho correr pela grama com a irmã logo atrás dele em ameaças de que o fosse pegá-lo, aquilo era real, fechou os olhos com força, para assim, expulsar e deter as lágrimas e ao abri-los, o sorriso nos lábios foi esplêndido e genuíno os observando agora rolaram juntos pela grama novamente aos risos. Deus fora muito, muito generoso com ela e não havia um dia sequer que não o agradecia por aquilo.

-- Agatha, filha, não faz isso. -- Samantha proferiu, assim que, viu os filhos rolando na grama. A seguir, Henri se aproximou correndo e se jogou sobre Agatha e Benício, juntando-se a eles na brincadeira.

-- Henri, sai de cima filho, vai machucar. -- Jaqueline prontamente retirou o filho de cima dos primos, ficando com ele no colo, porém a criança zangou, e ela o pôs de volta ao chão e o viu sentar na grama ao lado de Benício. -- Ah eu desisto. Ei, Murilo, vem pegar teu filho. -- Saiu chamando pelo marido.

-- Louise, nem pense. -- Susan advertiu de longe ao perceber que sua pequena ruivinha estava observando os meninos sentados na grama querendo copiá-los, era sempre assim. Porém seu aviso serviu apenas como fonte de incentivo, para que a menina fizesse justamente o contrário, em ousadia todos ali viram ela sorrir a ignorando e se jogar na grama ao lado de Benício e Henri, todos riram com a cena.

-- Deixa eles, é mesmo uma missão impossível isso. -- Amanda foi quem advertiu para as outras mães, enquanto olhava a sua esposa com um sorriso. E assim elas fizeram, sempre em observação, as crianças ficaram mais à vontade brincando a seu modo, afinal a festa era de uma delas. 

Kiara, sorriu admirando as crianças, no fundo sentia uma pitada de inveja, todas inocentes sem preocupação nenhuma, notou suspirando de forma conformada. Percorreu o olhar a sua volta, todos felizes e engajados em uma conversa, um sorriso, uma bebida, beliscando uma comida. Já havia socializado o bastante com as pessoas cujo todo o conhecimento que tivera fora através das narrativas de sua amiga. Eram pessoas ótimas, ponto que Victória não errara. Já passava das dezessete horas, o sol brilhava apenas o suficiente para aquecer a pele sem nenhum outro dano, era agradável de sentir, notou.  E em se tratando do lugar, Victória também não havia exagerado nem um pouco, quando se referiu sobre a casa dos tios Henrique e Regina, como sendo uma mansão, lembrou deixando seu olhar passear novamente pelo local, em uma procura certa, para logo sorrir avistando a fonte daquele espasmo delicioso e, logo a seguir, um suspiro resignado. Se Victória soubesse seu reais sentimentos por ela, talvez fosse diferente, observou, e de imediato sua consciência lhe cobrou por uma postura diferente, mediante tais fugas de pensamentos e sentimentos reprimidos, lógico que seria diferente, conjecturou, jamais teria a amizade da outra, caso revelasse que estava apaixonada por ela, suspirou procurando tirar tal ideia da cabeça, jamais poderia pôr a amizade delas em risco. Sabia bem o quanto a morena havia sofrido por declarar-se a uma fiel amiga e não ser correspondida da mesma forma, não! Se negou mentalmente decidida, jamais a colocaria mediante tal situação de novo, e embora soubesse que daquela vez, a possível rejeitada seria ela, sabia que tudo poderia desencadear velhas lembranças e novas dores em Victória, então não, a amizade delas era importante demais para correr tal risco, raciocinou, tentando conformar também o seu coração daquilo...

-- Oi.

-- Ahh. -- Kiara, proferiu pondo uma das mãos sobre o coração em um susto.

-- Me desculpa, querida, não quis assustá-la. -- Regina alegou de forma amável, enquanto sorria olhando a bela jovem a sua frente.

-- Não, eu estava mesmo distraída, não vi a senhora chegando. -- Afirmou com sinceridade, dando uma última olhada em Victória que, parecia muito feliz em uma roda de conversa com Samantha, Amanda, Susan... Alexsandra, amiga e ex amor, embora acreditasse piamente que Victória houvesse superado tal sentimento por Alexsandra, ainda havia um resquício de receio, talvez ciúmes, suspirou tentando esquecer tal fato.

-- Eu percebi. -- A senhora de meia idade sorriu buscando exatamente a mesma direção e pessoa para quem a sua recém conhecida olhava. -- O que faz aqui sozinha? -- Questionou tentando apurar novos fatos, sorriu a olhando.

-- Ah, só olhando mesmo. -- Kiara informou e sorriu. -- Linda a sua casa, na verdade mansão. -- Ela notou.

-- A Vic também fala assim. -- Regina comentou em lembrança.

-- É, ela quem me falou. -- Ela confessou voltando a encarar a pessoa em questão e, seu olhar a traiu de imediato quando notou Victória sendo abraçada efusivamente por Alexsandra, ambas sorriam felizes, de certa forma aquilo a agradava, Victória estava feliz.

-- Não sinta ciúmes, é somente uma amizade verdadeira sendo reestabelecida.

-- Ah não, não estou com ciúmes. -- Kiara negou de pronto enquanto ria sincera. -- A amizade entre elas não interfere na minha com a da Vic. -- Alegou da mesma forma.

-- Não, isso não. -- Regina concordou. -- Mas eu não me referia a ciúmes de amizades. -- Confessou para logo ver o sorriso leve da mulher, morrer.

-- O quê? -- Kiara proferiu nervosa. -- A senhora tá dizendo que eu... e ela... que nós... -- Ela falava e gesticulava em negação, sem formar nenhuma frase plausível enquanto ria. -- Ah não, não, não mesmo, somos somente amigas, só isso! -- Afirmou com convicção real daquilo. 

-- Eu acredito em você.  -- Regina sorriu.

-- Graças à Deus. -- Foram as palavras de uma Kiara, aliviada.

-- O que não significa exatamente que é somente o que vocês querem uma com a outra.

-- O quê? -- Kiara, praticamente gritou, por sorte ninguém lhe deu atenção. -- O que a senhora quer dizer com tudo isso afinal? -- Indagou decidida por uma resposta clara.

-- Que você está apaixonada por Victória e está com medo de dizer isso a ela, ser rejeitada, magoá-la, se magoar e no final perder a única coisa que tem entre vocês, a amizade. -- Regina ditou cada palavra com uma clareza absurda e cada uma delas foi recebida por Kiara, como se fossem chutes no estômago, aquilo era de fato a sua realidade nua e crua, mas não podia se deixar levar, não podia...

-- A senhora nem me conhece. -- Ela legou sorrindo em negação e nervoso. -- Não sabe o que está dizendo. -- Completou tentando soar natural.

-- Não a conheço, isso é verdade. -- Regina persistia no assunto, com a mesma leveza que o havia iniciado. -- Mas com a vasta experiência que adquiri nessa vida, sei bem reconhecer um olhar apaixonado e a mentira por detrás das suas palavras em negação de um sentimento tão bonito como o amor. -- A senhora disse deixando Kiara completamente sem argumentos e muito menos forças para rebater tal verdade. -- E de novo, fazendo uso dessa experiência, insisto em dá um conselho. -- Regina sorriu notando que finalmente a mulher baixara a guarda. -- Não espere por Victória, por mais que ela possa ter os mesmos sentimentos por você, ela jamais poderá ter a coragem de confessá-los. Creio que você sabe tanto quanto eu sei, os motivos pelo qual eu digo isso, ela tem medo e talvez nunca esteja disposta a cometer o mesmo erro novamente e, se você, não tiver a atitude por vocês duas, talvez nunca sejam felizes da maneira que ambas querem e merecem. -- Regina colocou seus argumentos de forma sincera.

-- Eu... eu não posso. -- Kiara finalmente confessou sentindo o medo tomar conta de si, como sempre.

-- Não tenha medo de subir até o topo da montanha, a vista do meio dela pode até ser bonita, mas poderá estar perdendo uma vista deslumbrante ao negar-se a seguir até o final. -- Sorriu realmente satisfeita com suas belas e sinceras palavras. -- Pense nisso. -- Pediu deixando sua mão tocar o rosto da mulher mais alta e saiu a deixando da mesma forma que a encontrou, pensativa... 

-- Ei? Que faz pra cá sozinha?

Victória a despertou se aproximando, com aquele sorriso lindo, pensou. Mentalmente, proferiu um xingamento, virando-se de costas para a recém chegada, aquela era de longe a pior das horas para que Victória resolvesse ter o desejo de sua companhia ou conversa, notou sentindo todas as reações inimagináveis, tanto corpórea quanto sentimentais que, um ser humano, em sua situação pudesse ter e sentir em um momento como aquele.

-- Você está bem? -- Victória questionou tocando no braço dela de forma preocupada. -- O que... Kiara? -- Chamou ao vê-la literalmente sair correndo em direção a lateral da casa, em uma angústia enorme a seguiu da mesma forma. -- Kiara? -- Não imaginava o que poderia estar acontecendo com a outra mulher, e aquele fato só a deixava mais angustiada. -- Kiara, espera! Para! -- Victória pediu de forma mais efusiva e a viu parar de imediato, ainda permanecendo de costas para ela, parou logo atrás. -- O que aconteceu? -- Indagou levando sua mão até o ombro dela em um toque delicado e preocupado.

-- Nada! -- Kiara alegou voltando a se afastar dando mais dois passos para longe da amiga. -- Eu... -- Ela respirou fundo tentando literalmente engolir o nó de angústia que tinha em sua garganta. -- Eu... Eu só preciso ficar sozinha um pouco. -- Alegou fechando os olhos com força, mas foi inevitável conter às lágrimas neles.

-- Está chorando? -- Victória indagou, todavia, era uma resposta que já tinha, saber que ela estava chorando só piorou o seu desespero em querer ajudá-la, porém não sabia como, já que a outra se recusava ao menos olhar para ela. -- Kiara, pelo amor de Deus o que você tem? -- Perguntou a fazendo virar de frente para ela, tendo então, a real convicção de que a amiga não estava nada bem, era doloroso vê-la chorar e não saber o porquê, muito menos o que fazer. -- Olha pra mim, meu bem. -- Victória pediu carinhosa, deixando suas mãos tocarem da mesma forma o rosto da mulher amiga, e então vagarosamente pode ter os olhos castanhos a encarando, eles eram sempre lindos, mas naquele momento estavam carregados de dor e tristeza, aquilo a afetara mais do que algum dia pudesse prever, a vontade que tinha, se pudesse, era arrancar dali toda aquela tristeza.

-- Não faz isso, por favor. -- Kiara pediu em sofrimento, fazendo com que Victória deixasse de lhe acariciar o rosto de forma tão doce e próxima. -- Vai embora, depois conversamos. -- Pediu dando novamente as costas para ela.

-- Não vou embora. -- A morena advertiu a agarrando pelo braço a fazendo encará-la novamente, totalmente sem paciência, de tamanha que era a sua preocupação mediante o estado da outra. -- Foi eu? Eu te fiz algo? Por favor, se foi me perdoe, não tive a intensão. -- Victória alegou com sinceridade e medo, tudo que não queria era ter a magoado de alguma forma.

-- Não Vic, por Deus, não... -- Kiara negou veemente, porém ainda em prantos, respirou fundo tentando inutilmente se acalmar, conter às lágrimas e o desespero angustiante diante da pressão de Victória em querer saber a verdade.

-- Por Deus, digo eu Kiara! -- Victória alegou a olhando firme nos olhos. -- Me diz o que você tem, me deixa te ajudar, por tudo que mais ama. -- Pediu voltando a tocar o rosto dela, dessa vez apenas com uma das mãos.

Kiara baixou a cabeça fechando os olhos com força novamente, suas lágrimas pareciam cada vez mais fortes, assim como, toda a angústia consumindo o coração, suspirou mais uma vez procurando um motivo se quer, para aguentar mais um pouco, só mais um pouco, porém não conseguia mais, resignada, as palavras de Regina lhe permearam a mente, decidida ela tocou a mão em seu rosto e voltou a abrir os olhos encarando a mulher por quem estava perdidamente apaixonada, seria tudo ou nada.

E então, permitindo-se ser tomada por aquele sentimento enorme de amor, carinho e cuidado, Kiara levou sua mão até o rosto da outra tocando-a em extrema delicadeza e necessária de mais proximidade, deixou os corpos se embarraram em pontos estratégicos, ocasionando correntes elétricas em cada um dos toques em seus corpos, já sem nenhum domínio sobre seus próprios atos, seu olhar caiu para a boca de Victória, a vontade de sugar aqueles lábios, sentir o sabor deles tocando os seus, era absurdamente insana.

Ainda de forma questionável, Victória mergulhou naquele lugar intenso e doce, que era o olhar da mulher, agora colada nela, e a cada instante sua respiração ficava rarefeita, enquanto seu coração batucava louco em seu peito, sentiu os dedos macios e quentes dedilhar em seu rosto, e isso, junto a proximidade dos corpos a provocaram uma avalanche de sensações... Porém, ainda era, incompreensível, tudo aquilo que estava acontecendo, não poderia ser o que estava pensando, poderia? Sua boca estava prestes a ser beijada por Kiara? Se questionou mediante a um pedido suplicante de seu eu interior, para que aquele desejo se tornasse real...

Estava sendo impossível conter a vontade que Kiara sentia em tomar aqueles lábios tão próximo aos dela, todo seu ser convergia no desejo de beijá-la... Capturada por aquele arrebatamento, apoderou-se dos lábios de Victória em um toque comedido, e, preenchendo-se de um bel-prazer, moveu seu lábios na procura de mais sabor e contato, pedia por tudo que era mais sagrado, ser correspondida.

Possuída por aquele aprisionamento lhe oferecido, Victória quase gem*u em êxtase quando sentiu a boca colada a sua, abrir-se em uma liberação de intimidade e, nesse convite irrecusável adentrou com sua língua em exploração daquele mundo quente e extremante delicioso. Guiou sua outra mão ao rosto de sua então amante, apropriando-se também daquele bailado lento e intenso. Nunca, nunca mesmo tivera tão entregue em um beijo calmo e avassalador como aquele, nunca ninguém lhe fizera viajar numa mistura de sabor e sensações como o toque do lábios da outra no seu a proporcionavam. Era tudo mais maravilhoso do que um dia imaginara, e embora, tudo, tivesse um sabor deliciosamente real, aquela realidade a assustou severamente...

Diferente da forma que havia começado, aquele contato mágico fora interrompido por um rompante assustado de Victória que, com ambas as mãos sobre os ombros de Kiara, a empurrou abruptamente, passando a encarar a outra de forma confusa e receosa.

-- Eu... -- Victória disse ofegante levando as mãos a boca e depois aos cabelos em uma agitação incomum, ao se dar conta do que haviam feito ali.

Kiara sentiu o coração disparar descontrolado em angústia, seu corpo inteiro parecia estar em uma queda livre sem controle, não soube interpretar aquela reação de Victória, muito menos o olhar dela, era tudo ao contrário do que demonstrara no beijo, o sentimento de arrependimento passava a tomar conta de todo o seu ser, havia estragado tudo, pior, talvez tivesse provocado as mesmas dores que tanto a fizeram sofrer por meses seguidos.

-- Vic, me perdoa! -- Kiara implorou voltando a se aproximar dela a tocando ambos os braços em culpa e receio. -- Eu... Eu... Me perdoe, por favor. -- Insistiu a olhando nos olhos.

Victória novamente sentiu uma confusão de sentimentos e medos permearam seu pensamento, as ações e palavras da mulher ali a sua frente eram contraditórias demais para que entendesse, e de repente, tomada pelo desejo absurdo da verdade e da clareza, deixou todos os possíveis efeitos colaterais de lado, e perguntou simplesmente.

-- Por quê? -- Victória a olhava firme nos olhos, não sabia exatamente o que deixava transparecer neles, mas tentava ao máximo ser gentil e amorosa, sentimentos que passou a ter por Kiara, ao poucos.

-- Porque eu não devia ter feito isso, eu... você... somos amigas, me desculpa, eu fui tão... Tão egoísta. -- Kiara proferiu abaixando a cabeça diante de sua confissão.

-- Esqueça o egoísmo, esqueça tudo que pensa que eu achei mediante o que fizemos aqui e, simplesmente, me diga a verdade. -- Victória alegou sentindo seu coração ser tomado por uma esperança maravilhada, delicada ela deixou seus dedos tocarem o rosto caído de sua amante de coração forçando-a a olhá-la, e então, serena, perguntou mais precisa. -- Por que me beijou, Kiara? 

-- Porque... -- Ela proferiu e respirou fundo, decidida. -- Porque eu sou apaixonada por você, completamente apaixonada e não suportava mais a angústia de te ter tão perto e não poder te ter como eu queria, isso estava me consumindo demais, eu...

Ela não teve tempo para expressar todos os motivos pelos quais tivera a ousadia de beijá-la, pois Victória a deteve no instante em que levou sua boca até a dela, se apossando da mesma em um toque cheio de saudade e vontade, há tempos queria aquilo, cogitou tantas vezes poder ter aquela liberdade de expressão, de correspondência, de amor... Que fora impossível conter-se diante de tão sonhada confissão.

Kiara ainda custou a acreditar que aquilo estava de fato acontecendo, mas em embriagada apreciação dos lábios insinuantes nos seus, entreabriu a boca deixando para a outra mulher o poder de escolha, e logo a sentiu aprofundar o beijo, em certeza de total entrega dela, deixou suas mãos pousarem na cintura de Victória a apertando mais contra seu corpo, aumentando mais a veemência do beijo.

Não tinha dúvidas, aquele beijo fora ainda melhor que o primeiro, Victória notou, estava totalmente perdida na imensidão de sentimentos que, Kiara, conseguia a proporcionar...

Em necessitada carência de fôlego, elas concederam aos lábios, uma pausa. Porém, mantiveram os rostos em uma carícia sôfrega, e de olhos fechados, respiração ofegante, elas apenas permitiram-se ao prazer daquele momento de cumplicidade... 

-- Por quê me beijou? -- Foi a vez de Kiara ter necessidade da verdade, embora todo o seu ser já soubesse a resposta, queria ouvi-la dizer, fizera questão de abrir os olhos a encarando a espera da resposta.

Victória sorriu ainda de olhos fechados, e após aproveitar mais uma vez a boca da outra em um selinho, ela abriu os olhos decidida.

-- Porque isso era tudo o que eu mais queria também. -- Ela firmou e sorriu de forma grata e apaixonada. -- Eu amo você, Kiara, sou perdidamente apaixonada. -- Victória confessou a proporcionando um carinho no rosto e assim enxugando de vez todo resquício de lágrima que ainda tinha ali, se elas ousassem cair novamente, que fosse de felicidade, assim como, ela estava sentindo naquele instante. E mais uma vez, pôde descobrir uma nova versão de sorriso da mulher a sua frente, e ele era todo seu, só seu, sorriu maravilhada.

-- Eu não acredito. -- Kiara proferiu em um sorriso, ainda parecia ser um sonho e tinha medo de acordar.

-- Eu sei... -- Victória concordou com a mesma sensação. -- Mas é real. -- Afirmou a abraçando de forma apertada, enterrando seu rosto no pescoço dela, permitindo-se naquele perfume já tão peculiar, entretanto, tudo era diferente, tinha um sabor a mais de plenitude e felicidade. E sorriu sentindo-a curvar-se ligeiramente a correspondendo no mesmo ato... Um riso sonoro escapou ao ser levantada do chão de forma inusitada por Kiara, e mais apertada no abraço carinhoso delas, a olhou, estavam felizes e era tudo deslumbrante, notou e a beijou, era impossível se conter diante da saudade guardada por tempos... Ao longe um olhar as encarava atento, e o sorriso que surgiu no rosto sereno da senhora era de imensa alegria, tudo havia dado certo, afinal, observou Regina.

-- Sem correria, me bem. -- Regina advertiu para a neta que passava correndo por ela naquele momento.

-- Tá. -- Agatha proferiu, porém continuando no ato. -- Oi. -- Ela disse com um sorriso sincero olhando a menina de olhos azuis à sua frente.

-- Oi. -- Ela respondeu deixando um sorriso, ainda tímido, surgir mediante o cumprimento.

-- A Naty me falou que teu nome é Sophia e que você é irmã dela, é verdade? -- Agatha questionou ainda com certa dúvida.

-- É sim, o meu pai, Fabrício, também é o pai dela, por isso nós somos irmãs. -- A outra criança explicou devidamente aquele fato.

-- É, ela me falou isso também. -- Agatha sorriu agora em constatação da verdade. -- Quer brincar comigo e com a Milena? -- Agatha perguntou apontando para a outra criança a sua espera logo ali próximo.

-- Não sei... -- Sophia proferiu em dúvida.

-- Pode ir filha. -- Fabrício advertiu em incentivo a olhando com um sorriso, havia escutando toda a conversa entre elas.

-- Obrigada pai. -- Sophia proferiu contente e sem mais nenhum receio seguiu Agatha até onde Milena estava.

-- Milena ela vai brincar com a gente. -- Agatha afirmou em contentamento, foi ideia de ambas convidá-la para se juntar a elas na brincadeira com os balanços. -- Oi, tia Vic. -- Ela sorriu vendo-a ali próximo. -- Nós vamos brincar nos balanços, não tinha visto que tava aqui. -- Advertiu olhando entre ela e Kiara.

-- Ah não, sem problemas. -- Victória avisou, sabia bem o quão Agatha era esperta, provavelmente havia entendido bem a sua situação com Kiara. -- Divirtam-se meninas, já estávamos de saída. -- Confessou com um sorriso e realmente saíram as deixando à vontade no espaço.

-- Ela é muito bonita. -- Milena observou admirada. -- Amei o cabelo dela. -- Sorriu.

-- Elas são namoradas? -- Sophia indagou curiosa.

-- Talvez. -- Agatha disse dando de ombros. -- Sophia senta aqui e Milena você senta aqui, eu vou empurrar vocês e depois a gente troca. -- Ela ditou as regras e ambas concordaram de pronto.

-- É legal ter duas mães? -- Sophia indagou bastante curiosa para ambas as meninas, pois sabia que ambas tinhas somente mães.

-- É! Às vezes, tem crianças da escola que acham estranho, e ficam rindo, mas eu não ligo, eu amo ter duas mães. -- Milena respondeu com extrema tranquilidade enquanto revezava entre um balanço e outro, na sua vez de empurra-los.

-- Você gosta, Agatha? -- Sophia indagou se dirigindo a menina a seu lado no outro balanço.

-- Gosto. -- Agatha afirmou com sinceridade. -- Antes eu só tinha a mãe Samantha, mas aí a Amanda casou com ela e então, se tornou minha mãe também, ela não é a minha mãe desde bebê igual é do Ben, mas ela é minha mãe e eu chamo ela assim. -- A menina esclareceu com verdadeiro entendimento sobre o assunto. -- Eu gosto de ter duas mães, mamãe Sam sempre me disse que não importa se a gente tem duas mães, ou uma mãe e um pai, o importante é a gente ser feliz com a nossa família. -- Completou convicta da felicidade que tinha na sua própria.

-- Minha mãe já me falou isso também. -- Sophia confessou em acordo e compreensão das palavras da mais nova amiga.

-- Então também é legal ter um pai e uma mãe!? -- Milena quem constatou a seguir.

-- Sim, é legal do mesmo jeito. -- Sophia assegurou deixando seu corpo cair para trás apreciando o leve vento mediante o balanço. Agatha fez o mesmo e as duas riram em apreciação do momento.

-- Ah, já deu o tempo, agora sua vez Sophia. -- Milena observou ao ver que elas estavam se aproveitando dela.

Elas riram, e Sophia prontamente fora fazer a sua parte na brincadeira. Um novo laço de amizade se formava entre elas, amizades essas que estavam apenas começando...

 

-- Lis! -- Natelly falou em protesto, tendo sua mão presa a da outra garota que, corria a puxando, consequentemente, a obrigando fazer o mesmo. -- Você tem que parar com isso, sabia? -- Advertiu quando finalmente pararam, à beira da piscina.

-- Isso o quê? -- Lisandra questionou a puxando pela cintura, fazendo-a colar em seu corpo, sorriu tendo o rosto de Natelly bem próximo ao seu.

-- Sair me arrastando desse jeito pelos lugares. -- Declarou apreciando o carinho daquele contato. -- Seria bem mais fácil, simplesmente, me chamar para acompanhá-la. -- Aconselhou e sorriu adorando o boca próximo a sua.

-- Mas, qual seria a graça nisso? -- Lisandra rebateu e ambas riram. -- Eu queria ficar assim com você, a sós. -- Confessou deixando sua mão subir para o rosto da namorada. 

-- Eu também. -- Natelly, alegou em um sussurro, deixando sua boca roçar levemente na de Lisandra em uma provocação carinhosa, logo sentindo-a ser tomada em um beijo cheio de desejo. O toque era intenso, porém apreciado com calma.

-- Eu amo a sua boca. -- Lisandra assegurou e sorriu ao ver a namorada sorrir mediante sua confissão.

-- Ela diz que fica lisonjeada. -- A outra retrucou com sinceridade e contentamento.

-- A minha disse que já está com saudade. -- Avisou e a beijou sem dá tempo para ela argumentar... -- Quer pular na piscina? -- Lisandra investigou entre um beijo e outro.

-- Não! -- Natelly negou veementemente, fazendo a outra gargalhar com vontade.

-- Relaxa! Desse vez, é brincadeira. -- Informou rindo. -- Mas podemos sentar, vem. -- Argumentou e, após retirar o tênis, subir a perna da calça até os joelhos ela sentou-se na borda deixando os pés molhar na água morna.

Natelly sorriu somente a observando por um instante e, sem protestos se juntou a ela.

-- Eu quase te beijei naquela piscina aquele dia. -- Ela lembrou olhando a namorada a seu lado com um sorriso, dentro da água os pés delas brincavam.

-- Eu teria gostado. -- Natelly confessou a olhando com um sorriso sincero.

-- É... eu também. -- Lisandra confessou voltando seu olhar para a água onde os pés delas formavam ondinhas, riu vendo seu pé ser cutucado pelo da outra, rebateu em brincadeira. -- Por que demoramos nos entender? -- Indagou lembrando daquele fato.

-- Não sei... Minha avó costuma dizer que tudo na vida não é por acaso, se tem um propósito e um tempo certo de acontecer. -- Declarou e a olhou. -- Então, não era a hora ainda. -- Natelly constatou, sorriu tendo o olhar de Lisandra fixos no seu, a beijou nos lábios de forma rápida e colou mais seu corpo ao dela.

-- Sabe? -- Lisandra proferiu e deu uma pausa pensativa. -- Se dependesse só de mim, a gente ficaria juntas pra sempre. -- Afirmou verdadeira enquanto mantinha o olhar perdido na água de cor azulada, a noite já se fazia presente.

Natelly, a olhou numa mistura de surpresa e contentamento, sentia cumplicidade naquelas palavras, elas eram felizes juntas, e aquele desejo era recíproco, também estava disposta a fazer dá certo. Com certeza elas teriam os obstáculos da vida, mas não era o momento de pensar naquilo, o presente era o importante e estavam muito bem naquele tempo, sorriu e sem nenhuma palavra ela apenas voltou a se aconchegar nos braços daquela que, aprendia a amar mais a cada dia, em pensamentos elas faziam uma promessa mútua, a de sempre estarem juntas, independente, de qualquer outra coisa.

 

“Val, Problema aqui no portão” -- A mulher ouviu pelo comunicador em seu ouvido e se dirigiu para lá rapidamente.

-- Ei, ei, ordem! -- Valéria proferiu ao ver seus subordinados agarrarem o homem de forma mais violenta que o necessário. -- Tudo bem. -- A segurança disse acenando para que os mesmos o soltassem e, logo que, pôs os olhos em Carlos, o reconheceu de imediato. Aqueles anos trabalhando para Samantha e Amanda, lhe deram uma boa prévia de quem era aquele senhor e de como ele reagia perante o casamento e vida da filha. -- Carlos, correto? -- Ela questionou o encarando de forma séria e meramente profissional.

-- Sim, pai da Eloá. -- Afirmou a olhando. -- Você é uma mulher. -- Ele disse em constatação a olhando de cima a baixo, enquanto tentava arrumar seu terno voltando a sua compostura.

-- Por protocolo, terei que revistá-lo. -- Ela afirmou ignorando sua observação óbvia.

-- Mas...

-- Revistem-no. -- Valéria ordenou antes mesmo que Carlos pudesse se negar os dois segurança o revistaram por completo. -- Obrigada, voltem ao trabalho, eu cuido daqui. -- Ela ordenou aos outros que, prontamente, a obedeceram e saíram aos olhos curiosos e admirados de Carlos.

Valéria apenas esboçou um sorriso discreto, era óbvio que o homem à sua frente não estava acostumado a ver outros seguirem ordem de mulheres, suspirou deixando aquilo de lado, já estava mais que acostumada. Após o período de um ano trabalhado como segurança particular de Agatha, Samantha e Amanda resolverem relaxar mais a medida protetiva da menina, porém, ela fora promovida a segurança da família de forma geral, embora de forma mais relaxada, era seu dever cuidar de medidas protetivas tanto de Agatha quanto do restante da família, incluindo momentos como aqueles.

-- Valéria, chefe da segurança da família Cooper. -- Ela disse estendendo a mão para ele que, a apertou de pronto em cumprimento, o que a surpreendeu por um momento.

-- Olha a minha esposa está com o convite, é só chamá-la, eu preciso mesmo entrar aí. -- Ele confessou agora de forma branda e quase desesperada.

-- Tudo bem, me acompanhe. -- Ela disse se pondo de lado e mostrando o caminho para que ele a seguisse.

-- Até que faz um bom trabalho. -- Ele disse em constatação olhando a mulher de postura firme ao seu lado.

-- Para uma mulher? -- Valéria indagou, porém arrependeu-se de imediato. -- É meu dever. -- Advertiu de forma sincera em um aceno positivo de cabeça e sem mais palavras ela o conduziu sem alardes até a área da casa. -- É com você. -- Ela advertiu o deixando livre. Não sabia bem quais os planos do homem naquele momento, entretanto, era conhecedora da história de resistência e preconceitos que existia da parte dele para com Amanda e família, seu instinto dizia que se ele estava ali, seria por uma boa causa, ainda assim, ficaria perto e de olho, suspirou torcendo para que seu lado amigo da família, não fosse falho naquele momento...

Carlos olhou de um lado a outro, todos ao redor tinham um sorriso no rosto, era evidente que, literalmente, todos ali estavam felizes em poder compartilhar daquela festa, linda por sinal, notou ao escutar os parabéns ecoar em forte e bom som... E devido ao aglomerado das pessoas a sua volta não conseguia ter nenhuma visão daquele que a tempos sonhava ver de perto, suspirou de forma tão culpada por se obter daquele prazer por tanto tempo... Será que ainda havia tempo? Sua filha nunca mais fizera questão de falar com ele. Sua pequena flor, não era mais sua. Não o amava mais? E no fundo sabia que tudo, absolutamente tudo, foi por sua culpa, e naquele sentimento de culpa, que, sabia que o consumiria por toda a vida, ele girou o corpo começando a andar de volta em direção a saída, não saberia lidar com uma rejeição, da filha, do neto... Eram tantos sentimentos permeando sua mente e seu coração, não conseguia entender quais deles eram mais fortes, odiava o fato da filha ter se casado com outra mulher e odiava a si mesmo por ter aquele sentimento em seu coração, passou mais de ano odiando o fato de que todos a sua volta sempre estavam felizes e ele não, todos a sua volta tinham companhias, alegrias, sorrisos... Também sentia o mesmo ódio ao lembrar que somente ele não conseguia ter aquela mesma leveza e felicidade, não entendia o porquê, apenas sentia e, a cada dia que passava aquele pavor de ficar sozinho e sem amor era o que mais lhe doía o coração. Ao mesmo tempo não conseguia se entregar aquela felicidade, talvez seu orgulho fosse maior ou talvez fosse o medo de que nunca mais fosse aceito como pai, avô, como parte de uma família, a sua própria família, e a mesma que ele por tanto tempo renegou, sem ao menos entender ao certo o porquê de tanto ódio e rancor, e como sempre, apenas se negou a ir até o fim, seja ele bom ou ruim, era tão constrangedor não saber o que de fato queria, seria constrangedor deixar os outros saberem que ele também sofria, a seu modo, mais sofria, e de novo o orgulho receoso fora mais forte.

-- Quer dizer que fez todo aquele escândalo, por nada? -- Valéria questionou logo atrás dele o seguindo.

-- Não é da sua conta, vai trabalhar e me deixa em paz. -- Carlos proferiu de forma ríspida sem se quer a olhá-la.

-- Escuta aqui seu velho idiota. -- Ela proferiu se pondo na frente dele, perdendo toda sua paciência tanto pessoal como profissional e da mesma forma ela continuou quando agarrou-o pelo colarinho o deixando completamente sem argumentos e muito assustado. -- Não sei muita coisa sobre o senhor, mas pelo pouco que sei, me dão bons argumentos sobre a sua pessoa. -- Ela proferiu de forma baixa, porém ríspida. -- Mas diferente do que todos a sua volta, não tenho a mínima pena de te falar umas boas verdade de forma bem grosseira mesmo. -- Confessou sincera. -- Logo bem ali tá a sua filha, a esposa dela, seu neto e netas, e não me venha com essa teoria idiota de sangue que em se tratando de amor, aquele bem verdadeiro mesmo, isso não tem a menor importância, até mesmo pra velhos ultrapassados como você. -- Alegou séria. -- Elas formaram uma família linda e incrivelmente cheia de amor e felicidade, coisa óbvia de se ver que o senhor não está tendo ultimamente não é? -- Valéria observou para vê-lo abrir a boca querendo protestar, porém nem teve tempo. -- Que tu é um velho preconceituoso dos infernos todos nós aqui já sabemos, certo? -- Ela se permitiu sorrir mediante o olhar e expressão atômica que ele fez. -- Agora das duas uma, ou o senhor vai lá, pede perdão de joelhos e tenta rever seus conceitos de amor e família vivendo de forma feliz até morrer e quem sabe ir pro céu, ou vai pra sua casinha, se trancar no seu mundinho perfeito e infeliz e morrer sozinho sufocado nesse teu preconceito sem sentido nenhum, até mesmo pra você, afinal, está aqui não está, para que veio, senhor Carlos? -- Valéria questionou o soltando e sem mais nenhuma palavra ela o deixou ali sozinho...

Completamente alheias, Amanda e Samantha eram só sorrisos cada uma ao lado do filho que, também sorria eufórico diante do brilho da vela sobre o bolo a sua frente, ao contrário do que todos ali pensavam o menino ainda estava com todo o gás, naquela espetacular noite da sua festa... As mães mostraram para o filho como o mesmo deveria soprar a velinha e junto com ele elas fizeram o gesto ao final dos parabéns cantando por toda família e amigos ali em volta...

-- O primeiro pedaço do bolo vai para a tia mais linda, que sou eu, porque como ele tem duas mães não vai poder escolher. -- Alexsandra proferiu e todo riram a vontade, sua teoria era válida.

Benício totalmente alheio àquilo, estava apenas atraído pelo enorme bolo a sua frente e com um leve descuido das mães, ele guiou sua mãozinha e a sujou por completo ao conseguir tocar em seu alvo.

Samantha o puxou o pondo no colo e todos ali voltaram a rir com a cena.

-- Perdeu Alex, ele quer é pra ele o primeiro pedaço. -- Caroline afirmou sorrindo.

Amanda prontamente pegou um lenço o limpando enquanto também sorria revezando o olhar entre os amigos e o filho. De repente, aquele sorriso morreu, piscou algumas vezes por pensar estar sendo enganada por seus olhos diante do que os mesmo encaravam logo ali a sua frente, sem conseguir esboçar nenhuma outra reação, ela apenas encarava o homem que a olhava da mesma forma.

Samantha teve sua atenção chamada diante da repentina e estranha reação da esposa, buscou de imediato a direção para onde Amanda olhava, entendendo o seu motivo. O senhor também deveras incomodado com o olhar indecifrável da filha, desviou o seu próprio para algumas pessoas que ainda sorriam alegres, alheias a sua presença, e em desejo curioso ele buscou o pequeno ser nos braços da Médica, o menino sorria sem motivos aparentes, e sem que pudesse deter, sentiu um sorriso se formar em seus lábios, fora tão sincero e leve, sentiu um sentimento tão bom tomando conta de si, como a tempos não se permitia... Porém, ainda era tudo tão confuso e misterioso, mas estava decidido a ir além.

Embora Amanda relutasse fervorosamente para que seu coração não lhe desse falsas esperanças novamente, era difícil encontrar forças para rebater a avalanche de sensações que sentia todas às vezes que seu pai resolvia aparecer daquela forma na sua vida. Da última vez fora em seu casamento, sonhou tanto com uma possível aceitação de seu pai, sonhou tanto que, dali em diante, eles poderiam voltar a viver de forma amena e feliz, como uma verdadeira família, com amor... Contudo, embora seu coração sonhasse tanto com aquelas mesmas esperanças, também estava devidamente registrado todas as tristezas e decepções que aquele mesmo homem lhe causou nos últimos meses, não conseguiria mais lidar com aquilo, era sofrimento demais para tentar esquecer de novo, lembrou sentindo um incômodo em seu peito, tudo vinha à tona quando via Carlos em sua frente... 

-- Gente, vamos atacar, tá liberado. -- Caroline proferiu batendo palmas, assim que viu o alvo que as duas mulheres encaravam.

-- Serve primeiro o meu pedaço viu. -- Alexsandra saiu em apoio e ordens. E sem muitos alarmes, todos começaram a circular novamente, retornando a uma festa e um clima saudável, ao menos para a maioria.

-- Mas que droga, o que ele tá fazendo aqui? -- Marina questionou se pondo ao lado de Caroline.

-- A mesma merd* de sempre pelo visto. -- A loira proferiu olhando Carlos que estava em um canto agora em companhia de Lúcia, suspirou aliviada a esposa o manteria na linha por hora, a seguir olhou Amanda, esta, brincava com o filho, porém sabia bem o quão ela estava péssima com aquele imprevisto, notório a todo instante que ela olhava o pai...

-- Não estou gostando nada disso! -- Marina afirmou.

-- Nem eu. -- Caroline concordou. -- Sério, eu espero que lá no fundo do meu ódio, esse velho não apronte nada hoje, ou eu mesmo jogo ele pra fora daqui. -- Completou sincera, fazendo Marina rir, mas não duvidar.

-- Voltamos. -- Marcela disse ao voltar junto com Lauren, cada uma se deliciando com um pequeno pedaço do bolo. -- Aconteceu alguma coisa? -- Perguntou notando que a namorada não tirava os olhos de Amanda.

-- O pai da Eloá tá aqui. -- Marina informou e Marcela rapidamente entendeu toda a apreensão dela.

-- Mas ela parece bem. -- Observou olhando para Amanda que até então continuava dando atenção para o filho e Samantha.

-- Isso não vai prestar. -- Caroline falou ao ver Carlos ir até a filha.

-- Filha, podemos conversar? -- Carlos indagou ao se aproximar junto com Lúcia.

-- Filha? -- Amanda questionou rindo de forma irônica. -- O senhor cansou de me dizer que eu não era sua filha, inclusive depois de ter vindo no meu casamento, e dito que me amava. Foi só eu engravidar do Ben que todo seu preconceito aflorou de novo, se recusou a vê-lo, inclusive depois de ter me renegado como filha também, que espécie de amor é esse hein? Pra mim, já deu eu cansei fisicamente e emocionalmente. -- Amanda proferiu fazendo um esforço enorme para não chorar e com certo ódio por ainda sentir tal vontade. -- Então não, foi você mesmo quem disse que eu não era sua filha e nem meu filho era seu neto. -- Advertiu séria e magoada ao extremo.

-- Amor... -- Samantha a olhou tentando, acalmá-la, pois sabia que não estava sendo nada fácil para sua esposa.

-- Que tal entrarmos, e acalmar os nervos primeiro. -- Regina sugeriu tentando não chamar a atenção do convidados ali presente.

-- Ótima ideia. -- Lúcia concordou puxando o marido consigo. Carlos, simplesmente se deixou levar, estava impactado demais com as duras e verdadeiras palavras da filha.

-- Mama... -- Benício proferiu estendendo os braços para Amanda que o olhou e sorriu genuinamente sincera e cheia de amor, passando a brincar com ele, porém não o pegou ele estava mais seguro não braços de Samantha, a presença de seu pai ali a deixara fisicamente e emocionalmente fraca.

-- Mãe? -- Natelly chamou ao se aproximar. -- Tudo bem? -- Indagou de forma preocupada, apesar de aparentar estar bem, sabia que a presença de seu avô ali a abalava. -- Ele insiste em conversar com você. -- Revelou.

-- Não. Estou cansada de sempre ouvir as mesmas desculpas sem sentido, diga que eu o mandei ir embora. -- Advertiu séria.

-- Vida, eu sei bem o quanto sofreu todo esse tempo e sei também que lá no fundo, seu coração desejava que seu pai estivesse aqui hoje e em sua vida sempre. -- Samantha alegou de forma branda e sincera. -- Se ele se deu ao trabalho de vir até aqui, escute-o, e se depois do que ele falar, você achar que não valeu a pena, eu mesmo terei o prazer de o pôr pra fora daqui, para fora de nossas vidas, sem volta, sem mais chances... -- A morena afirmou com extrema certeza daquilo.

Amanda suspirou, sua esposa estava certa. -- Tudo bem. -- Concordou, no fundo era o que também sentia e pensava, precisava por um ponto final em sua angustia, de uma forma ou de outra. -- Filha, você olha o Ben? -- Amanda perguntou dando um beijo no seu pequeno sorrindo com leveza para ele.

-- Claro! Me dá ele aqui, Sam. -- A jovem sorriu o pegando.

Amanda respirou fundo e junto com sua esposa se dirigiu ao encontro de Carlos.

-- Naty, o papai tá mesmo aqui? -- Nádia chegou indagando a sobrinha.

-- Tá sim tia, mamãe foi lá dentro falar com ele. -- Informou.

-- O que será que o papai quer dessa vez? -- Nádia indagou preocupada que o mesmo, mais uma vez, causasse mais sofrimento a sua irmã.

-- Eu também quero saber e vai ser agora. -- Caroline afirmou já passando por ali.

-- Cá, me espera. -- Marina pediu a seguindo.

-- Ei, vocês duas? -- Nádia proferiu, porém ambas nem ligaram, óbvio, nenhuma delas estava confortável com a presença de Carlos ali, e as compreendia bem, suspirou e seguiu para lá decidida.

-- Ah, eu que não vou ficar aqui só na curiosidade né Ben? Vamos lá. -- Natelly afirmou sorrindo e após dá um beijo no irmão, também se juntou as tias...

-- Filha? -- Carlos proferiu se pondo de pé ao ver Amanda entrar na sala. -- Que bom que veio. -- Ele disse dando um breve sorriso sincero de satisfação por aquilo, porém sua decepção foi instantânea ao ver que Samantha não estava mais com o menino no colo, internamente o achara tão mais lindo que por fotos, fora um sentimento real e singelo. -- Será que podemos conversar? -- Ele indagou encarando Amanda receoso, como nunca estivera em todo a sua vida, era nítida a armadura que a filha havia colocado perante suas atitudes, e não poderia a culpar por aquilo.

-- Eu estou aqui não estou. -- Amanda advertiu parada com certa distância do pai.

-- Mãinn... -- Benício proferiu ao ver as mães e agoniado ele reclamou, sem conseguir contê-lo Natelly o colocou no chão, de maneira bem espontânea Benício dava passos aleatórios pela sala enquanto brincava com um balão em sua mão e isso chamou a atenção de todos, principalmente de Carlos que, não escondeu sua admiração diante da presença do menino que sempre sorria para todos a seu redor.

-- Vem cá com a mamãe meu amor? -- Amanda chamou estendendo as mãos para o filho que a olhou, sorriu e correu até ela sem nenhuma recusa. -- Olha só pai, diga o que quer de uma vez, como ver, eu estou bem ocupada aqui. -- Amanda advertiu de forma ríspida o olhando da mesma forma, a seguir buscou o olhar de Benício e sorriu o beijando. 

-- Certo, eu... -- Ele disse olhando a sua volta, caras conhecidas como sua esposa, Natelly, Nádia, Felipe, Marina e Caroline, o ex genro, bem como outras novas para ele estavam ali presentes. -- Gostaria que fosse a sós. -- Confessou certamente incomodado com todos os olhares a sua volta. -- É um assunto delicado, não convém falar na frente de... estranhos, entende? -- Ele completou realmente crente em suas palavras.

-- Estranhos? -- Amanda proferiu e riu em negação. -- Estranhos para quem? Pra você certo? -- Questionou convicta daquilo.

-- Bem, não vem ao caso. -- Ele argumentou a olhando e vez e outra seu olhar pairava sobre o neto. 

-- Vem ao caso sim, e antes que fale qualquer outra besteira Doutor Carlos, dê uma boa olhada a sua volta e pense bem antes de se referir a quem quer que seja aqui, como alguém estranho. -- Amanda advertiu de forma calma, porém bastante séria em cada palavra. -- Cada uma dessas pessoas, lá fora e principalmente as que estão aqui dentro, fizerem e fazem parte da minha vida, e da minha família então se tem alguém aqui que, de alguma forma, se tornou alguém estranho para mim, esse alguém foi o senhor. -- Ela completou o deixando totalmente silencioso por um bom tempo. -- O senhor não tem o direito de vir aqui, como se nada tivesse acontecido e se achar no direito de me exigir nada! -- Amanda proferiu deixando o seu tom de voz aumentar no final e novamente sua agonia voltar e aflorar na vontade de chorar, porém se segurava ao máximo, e em força e apoio ela sentiu a mão da esposa em sua cintura em um carinho terno. -- Então, o que quer que tenha vindo fazer aqui, terá que ser na frente da minha família, toda ela. -- Assegurou.

Carlos encarou a filha de forma pensativa, o muro entre eles estava mais rígido do que pensou, e a culpa era totalmente sua, olhou em volta, além daquela defesa própria da filha, era óbvio que a mesma também estava protegida por todos ali, de fato, Eloá tinha uma família verdadeira e leal a sua volta, todo amor e carinho que ele como pai falhara, completamente, e jamais se perdoaria por não ter conseguido enxergar aquilo antes e que, talvez, naquele momento fosse tarde demais, a filha estava certa, não estava em condição de exigir nada ali, notou com pesar.

-- Eloá... -- Ele iniciou e deu uma pausa tentando organizar suas ideias, e continuou. -- Eu errei em muitas coisas na minha vida, e errei feio quando reneguei você por... -- Ele suspirou fundo. -- Por nunca te aceitar como você realmente era...

-- Como eu sou. -- Amanda o corrigiu de pronto.

Ele concordou da mesma forma e continuou a olhando com arrependimento. -- Eu te ofendi, tantas vezes, ofendi suas... amigas. -- Ele disse olhando rapidamente entre Marina e Caroline e voltou para ela. -- E por mais que eu merecesse, você sempre estava comigo e, assim eu sempre sentia que apesar de tudo, de tudo mesmo, nós estávamos bem, eu tinha você, seu amor incondicional, éramos uma família feliz... -- Ele declarou realmente sincero em seus argumentos e pensamentos. -- Ao menos era isso o que eu pensava, mas nos últimos dois anos tudo isso mudou, virou de cabeça para baixo de repente, aquela filha que mesmo a contragosto, me fazia todas as vontades, parou de existir...

-- Eu aprendi a separar as minhas vontades das suas pai, melhor que isso, eu aprendi a deixar de ser manipulada pelo senhor, que sempre teve a mania de querer controlar tudo e todos a sua volta. -- Amanda advertiu de forma rancorosa tais fato de sua vida passada, era angustiante somente de lembrar, notou sentindo uma lágrima escapar de seus olhos, porém a limpou de imediato.

-- Sim, eu sei. -- Carlos disse em acordo de forma pensativa. -- Eu era assim, ainda sou, mas não significa que eu não queria o seu bem e dos seus irmãos, do meu jeito, eu criei vocês, eu e sua mãe. -- Ele lembrou. -- E do meu jeito também eu cuidei de vocês... Dei a cada um a vida que eu achei que cada um merecia ter para ser feliz, a você um bom casamento, o maior negócio da família, você tinha a sua família. -- Carlos confessou se referindo ao casamento com Fabrício e sobre Natelly. -- A Nádia a Fazenda, sempre fazia o que mandava, ela sempre adorou aquele lugar, mas nunca a deixei livre de fato e ao seu irmão. -- Ele voltou o olhar a um canto da sala onde Felipe se encontrava calado o olhando como todos ali presente. -- Enfim, a ele a vida de marmanjo que sempre levava. -- Completou verdadeiro. -- Mas surpreendentemente, ele foi o primeiro a te defender não importando as consequências, e isso de certa forma me deixou orgulhoso. -- Confessou voltando a olhar o filho mais novo. -- E lamento mesmo que não adiantou muita coisa escolher a vida perfeita para cada um de vocês. -- Notou. -- Você se casou com outra mulher. -- Ele sorriu resignado, finalmente deixando seu olhar cair sobre o chão. -- Nádia seguindo seu exemplo tomou as rédeas da Fazenda, eu agora sou apenas o senhor que observa. E Felipe, parece que finalmente encontrou o lugar dele ao lado da irmã, ninguém depende mais de mim, entende? -- Constatou sentindo-se solitário. -- Mas eu era apenas o velho ranzinza que tentava a todo custo manter uma família unida e diga-se de passagem nos padrões da sociedade. -- Ele confessou sincero como nunca havia feito antes nem para si mesmo. -- Agora a pouco, por medo e também muito orgulho em confessar meus erros, eu estava de novo desistindo de fazer o certo, mas uma mulher me abordou de forma muito gentil. -- Ele disse se referindo a Valéria que, riu ao ouvir aquilo, também estava ali presente, de forma discreta. -- E tudo que ela displicentemente em forma de palavras jogou na minha cara, me fez pensar numa pergunta. Que sociedade seria essa? -- Ele questionou olhando a sua volta, às pessoas, todas diferentes, jovem, idosos, crianças, homens, mulheres... -- Aqui, diante de todos os fatos... -- Carlos estendeu os braços mostrando o cenário sua volta. -- Que padrões? -- Questionou e voltou a encarar sua filha, o neto e sua então nora. -- Hoje em dia está tudo tão... diferente! -- Constatou. -- Vocês não são nem de longe aquela família com a qual eu fui criado e acostumado a acreditar como padrão familiar. -- Afirmou em um tom mais elevado de voz enquanto apontava seu dedo indicador convicto daquilo para Amanda e Samantha. -- Mas... -- A voz voltara ao normal e por mais uma vez naquele dia longo ele suspirou buscando forças para ir até o fim. -- Mas esta é a sua família, filha. -- Ele observou finalmente aceitando aquele fato, e embora não compreendesse ou não fosse acostumado, ele precisava respeitar, era o mínimo de sua parte para com a sua própria filha. -- E você? -- Ele disse sentindo a voz lhe faltar em emoção e de ar. -- Você... Eloá, faz parte da minha família, a família que construí e me dediquei sempre, embora de um jeito um tanto errôneo, mas é tudo que eu tenho, agora eu sei disso, você é a minha filha, meu botãozinho... -- Ele confessou sincero sentindo uma dor forte no peito, em agonia levou a mão ao lado esquerdo do peito deixando-se cair sentado sobre o sofá.

--- Pai!? -- Amanda proferiu em extrema preocupação já em meio a lágrimas.

-- Ah mais que droga, de novo! -- Samantha proferiu correndo até ele ao notar o que poderia estar acontecendo.

-- Carlos? -- Lúcia o chamou em agonia.

-- Eu estou bem. -- Ele advertiu ainda com a mão no peito, a dor era real e absurda, mas sua vontade em seguir até o fim de qualquer jeito, seja qual fosse o resultado, era maior. -- Filha? -- Ele a chamou de forma agoniada. -- Eu preciso que me... que me perdoe. -- Implorou.

-- Isso é um princípio de infarto, ou o senhor se acalma ou vai morrer. -- Samantha advertiu séria.

-- Já tá passando, eu preciso falar com a Eloá. -- Ele afirmou tentando se pôr de pé novamente, porém Samantha o impediu enquanto tentava examiná-lo de qualquer forma.

-- Depois! -- Amanda assegurou também de forma preocupada próximo à ele. -- Deixa a Sam, examiná-lo. -- Pediu.

-- Tudo bem, mas já passou, foi só uma pontada. -- O senhor informou de forma sincera deixando seu olhar pousar agora em Samantha. Esta, resolveu apenas, afrouxar a gravata e o terno, e medicá-lo de forma básica, não seria daquela vez que ele partiria para outro plano, observou, contudo, o orientou a procurar um especialista no dia seguinte, sem falta.

-- Obrigado! -- Carlos disse se referindo a morena que, apenas acenou em acordo. Suspirou fundo e sem mais empecilhos se pôs de pé, decidido ele olhou para sua filha mais velha e sorriu, nos últimos instante viu esperança entre eles, pois havia visto preocupação no olhar dela, apesar de tudo e de talvez não merecer, ela ainda o amava, sabia daquilo, e precisava fazer o certo mais uma vez em sua vida, só que daquela vez o certo para ambos os lados, e não somente o seu. -- Você nunca deixou de me amar, eu sei disso. -- Ele disse voltando a olhar sua filha nos olhos.  -- Eu ainda não consigo aceitar seu modo de vida, talvez nunca ache isso tudo normal, mas eu juro que estou aqui por que vou respeitar você e a sua família, eu amo você, amo de verdade e só peço que não me exclua mais da sua vida...

-- Não fui eu quem o excluiu dela pai, foi o senhor mesmo quem fez isso. -- Amanda advertiu de forma mais branda enquanto encarava o homem ainda de forma receosa.

-- Eu sei, e se algum dia eu voltar a te ofender ou a quem quer que você considere a sua volta, me ajuda a ver que estou errado, tudo que quero é ter a minha família de volta, e se algum dia conseguir me perdoar, eu serei grato. -- Ele confessou voltando a encarar a criança nos braços da filha. -- Eu... eu posso pegá-lo? -- Ele questionou realmente interessado.

Amanda o encarou de forma extremamente surpresa com aquela atitude e declaração, após tanto tempo se negando, finalmente estava disposto aquilo? Buscou o olhar se sua esposa que, prontamente, se dirigiu até ela se pondo ao seu lado em apoio e proteção caso precisasse, assim como, acenou em concordância do que Carlos pedia.

-- Se ele aceitar, sim. -- Amanda disse em constatação olhando para o filho, ele decidiria.

Carlos então deixou seu olhar cair sobre o menino com cabeleira de fios claros e olhar negro alegre, caminhou até ele sentindo seu coração disparar vivo, como nunca, ao mesmo tempo em que também sentia-se com medo da recusa, lembrou parando bem próximo a eles e seu sorriso fora tão genuinamente sincero quando teve o olhar curioso de Benício sobre ele, estava sendo analisado, afinal, era um estranho para ele, para seu próprio neto. Seu neto! Era tão libertador admitir aquele fato a si mesmo, fora como se tirasse um peso gigantesco de seus ombros, sentia-se incrivelmente aliviado e como nunca há tempos não se sentia, feliz. 

-- Ãh! -- Benício proferiu estendendo o dedinho onde estava amarrado o fio que prendia o balão ali suspenso, para Carlos que abriu um sorriso eufórico diante da repentina ação do menino.

-- Quer que eu segure seu balão? -- Carlos questionou o olhando.

-- Ãhh. -- O menino insistiu na mesma ação e o senhor continuava sem entender nada.

-- Ele quer que você solte do dedo dele. -- Amanda informou, já havia perdido a conta de quantos balões o filho já havia soltado ao ar, era somente alguém desamarrar que ele liberava a bexiga de forma alegre. 

-- Ah sim, vejamos então garotinho. -- Carlos disse sorrindo e com todo o cuidado do mundo presente nas pontas dos já levemente enrugados dedos ele desfez o laço do fio, fazendo assim, a vontade do menino que sorriu eufórico ao ter o fio preso agora na mão, sem nenhuma demora ele o soltou e riu mais alto assistindo o balão subir vagando pelo ar na sala.

-- Hummm. -- Ele balbuciou apontando com o dedinho o balão preso ao teto alto da casa. Carlos e ele riram observando-o de forma maravilhadas. O senhor foi o primeiro a baixar o olhar de volta para a criança, em seguida pediu o apoio de Amanda para com o menino que voltou a olhá-lo e sorrir batendo palmas, riu com ele.

-- É só estender as mãos e o chamar, se ele quiser ele vai com o senhor. -- Amanda informou com calma.

O homem acenou em acordo, não estava nada habituado com aquela situação, no entanto, convicto de seu desejo e necessidade ele encarou o garotinho a sua frente e guiou as mãos que, literalmente, estavam trêmulas de insegurança, em um convite silencioso ao neto.

Benício de forma bem peculiar mediante a ação do então desconhecido a sua frente, apenas ficou a encará-lo de forma analítica, e todos ali esperavam por uma ação do menino, Carlos mais apreensivo que todos juntos, porém em ação repentina a criança abriu um riso sonoro e a seguir estendeu os braços se jogando nos outros estendidos para ele, Carlos não soube medir as misturas de sentimentos e sensações que sentiu ao ter Benício em seu colo, seu sorriso foi junto a algumas lágrimas, e assim abraçou o pequeno ser em seus braços, se perguntando como fora capaz de se negar a algo tão extraordinário como aquilo, por tanto tempo?

Amanda não conseguiu conter as lágrimas emocionadas, por tanto tempo desejou ver aquela cena, e mal conseguia acreditar que estava sendo finalmente real.

-- Tudo bem? -- Carlos perguntou desfazendo o abraço e o olhando ali de tão perto.

-- Hãoo. -- Benício sorriu mostrando mais uma vez o balão enquanto revezava o olhar entre o homem e o objeto no ar.

-- Quer mais um balão daquele? -- O senhor questionou-o enquanto sorria sem se conter.

-- Hrumm. -- E mais uma vez tipicamente a criança moveu-se de formar agoniada enquanto tentava explicar que queria descer dali.

-- Ele quer descer. -- Samantha informou.

-- Tudo bem, tudo bem. -- Carlos disse o pondo no chão e logo todos assistiram ele correr em direção a saída, porém ele parou, olhou para Carlos e balbuciando apontou na mesma direção em que estava indo. Carlos totalmente alheio ao que a criança queria, não soube o que fazer...

-- Hrumm. -- Benício de novo proferiu de forma mais feroz insistindo em apontar a saída. -- Hãumm.

-- Perdeu mesmo a prática em coroa? -- Alexsandra foi quem proferiu totalmente em agonia ao vê-lo sem saber o que fazer. -- O menino tá quase desenhando pra te dizer quer que o siga pra pegar outro balão e tu aí parado feito porta. -- Disse sem paciência e todos riram a vontade.

-- Ben, vem com a mamãe. -- Amanda o chamou de volta e novamente sem protestos ele correu até seus braços.

-- E então filha? Como que ficamos? -- Carlos questionou a olhando deveras interessado. -- Você vai me perdoar? -- Completou ansioso.

Amanda suspirou de forma pensativa, olhou para o filho em seu colo, em seguida buscou o olhar de Samantha a seu lado, e mesmo com a morena em silêncio, sabia que ela jamais se oporia a uma reaproximação dela com o pai, assim como, a apoiaria numa escolha contrária aquilo, igualmente, os demais ali presente. No fundo a decisão era somente sua, porém, nem ela sabia qual era a opinião sobre o pai, era fato que sempre quis que o ele a compreendesse e acima de tudo a aceitasse, simplesmente a amasse como era, sem objeções. Contudo, o próprio confessou que talvez aquilo nunca acontecesse, embora Carlos também tenha dito que procuraria respeitar sua vida e família dali em diante. Mas um outro fato lhe permeava a mente, seu pai era com toda certeza de pensamento bem convicto e atitudes deveras instáveis, a exemplo de sua presença ali, pedindo seu perdão, notou, no fundo no fundo estava presa em uma dualidade de vontades e receios, talvez somente o tempo resolveria tudo, notou decidindo por hora. 

-- Eu gostaria de verdade que as coisas se resolvessem de uma hora para outra, principalmente, em se tratando sobre nossa conturbada relação nos últimos anos. -- Amanda confessou sincera o olhando. -- Porém não é assim, eu confesso que suas palavras me emocionaram muito, confesso também que esperava mais de sua parte, talvez se elas tivessem sido ditas lá atrás, tudo fosse diferente, não sei. -- Ela disse e sorriu fraco em pensamentos. -- Me surpreendeu bastante com a atitude de vir aqui, dizer tudo que disse e ter pedido perdão, eu vi sinceridade em todas as suas palavras, mas só elas não bastam mais, preciso que realmente esteja disposto a mudar e provar isso em atos. -- Amanda advertiu de forma branda enquanto encarava o homem da mesma forma. -- Então, o tempo nos dará essa prova, por hora, o senhor é bem-vindo e sempre que estiver disposto a fazer parte de minha vida e da de seu neto, da forma certa, o convite está feito. -- Ela afirmou. -- Quanto ao perdão? O tempo também me dará esta resposta. -- Confessou verdadeiramente de forma leve. -- Agora, ainda temos uma festa para aproveitar. -- Concluiu em um sorriso.

-- Mama... -- Benício estendeu os braços na direção de Samantha que prontamente sorriu o pegando e o beijando.

-- Filha? -- Carlos chamou ao vê-la lhe dá as costas. -- Obrigada. -- Ele agradeceu assim que teve a atenção dela.

Amanda sorriu em um aceno de acordo e saiu sendo seguida pela esposa e logo os demais ali presentes. Carlos suspirou profundamente pensando em tudo que aconteceu ali, era óbvio a desconfiança da filha diante de sua atitude, assim como, a frieza nas palavras e principalmente no modo de tratá-lo, a resistência dela em perdoá-lo estava bem mais forte do que pensou e não podia culpá-la por tal atitude, depois de tudo que causou a ela, estava ciente de que voltar e a ter o mesmo amor e confiança da filha iria requerer paciência, dedicação e principalmente respeito de sua parte e, apesar de tudo, talvez nunca fosse a mesma coisa, além do fato, de que ainda tinha sérios medos de falhar naquilo, como sempre falhara...

-- Hãumm.

Carlos foi tirado de seus pensamentos por um ser risonho lhe mostrando outro balão, sorriu extasiado com tamanha doçura que recebia daquela criança, Eloá estava certa em temer perdoá-lo, como conseguiu ser tão perverso com a filha e principalmente, consigo mesmo se negando a viver em felicidade e amor?

Carlos encarava Benício em pensamentos, ao mesmo tempo em que ainda receava sobre quais deveriam ser suas atitudes diante do ato tão terno daquela criança. Delicadamente, ele sentiu uma mão sobre o ombro, buscou a fonte daquele ato e viu a esposa lhe sorrir amável, outra que sempre esteve ao seu lado, independente, de qualquer coisa, lembrou.

-- Na vida, crescemos, aprendemos, nos moldamos, e nessa jornada, continuamos apostando em um sentimento que nos enche de esperança apesar de tudo, o amor. -- Lúcia proferiu com sabedoria o olhando com serenidade, a seguir olhou o neto e sorriu voltando a olhá-lo. -- “Amar é o ato mais fácil que existe e também o mais difícil, porque o melhor que pode se dá é algo que não se pode comprar”. -- Ela afirmou convicta daquilo e complementou. -- Não desperdice a oportunidade que a vida está te dando. -- Alegou e após depositar um beijo no neto ela saiu.

Carlos sorriu olhando o menino ainda ali sorrindo para ele, tomado por uma emoção, o pegou no colo e sentou-se com ele no sofá, passando a admirá-lo brincar com o balão... Ali próximo, Amanda era a filha e a mãe que, sorriu emocionada, finalmente, talvez as coisas fossem diferentes, talvez, observou...

-- Acredito que todos nós aqui, de alguma forma, simplesmente, já nos assistimos fazendo coisas que se quer imaginávamos por alguém, para fazer esse alguém feliz. -- Amanda iniciou olhando cada uma das pessoas sentadas a sua volta, a maioria dos convidados já haviam se despedido, estavam ali somente as amigas mais intimas e a família de Samantha e Amanda. Esta, buscou os olhos negros brilhantes de amor a seu lado, sorriu. -- Assim é o amor. -- Ela afirmou para ver sua esposa sorrir, via aquele sentimento no olhar dela, desde o primeiro instante em que os viu pela primeira vez, lembrou extasiada. -- O amor nos prega peças de todas as maneiras e sentidos e, ás vezes, não compreendemos nenhuma delas. -- Amanda confessou voltando a olhar os demais ali, sorriu. -- Ele pode ser inconveniente, ele é imprevisível, inconsciente, inconsequente, guardado, aguardado, é o começo, o recomeço, é a esperança de sermos felizes... É o suportar dos momentos difíceis é o sorriso nos momentos inesperados e espontâneos da vida. E complicado também. -- Ela sorriu ao ver todos os casais ali sorrirem em cumplicidade, continuou. -- Ou talvez não, talvez seja somente nossos defeitos, que, de alguma forma, são jogados contra esse sentimento tão lindo, fazendo dele algo tão bom e tão contraditório e temível ao mesmo tempo, seja por não o termos ou pôr o tê-lo. Contudo, onde quer que seja, quem quer que seja, aonde quer que vá, o amor estará lá, provando que é forte, brando, ciumento, corajoso, e inesquecível... -- Ela imediatamente sentiu sua mão ser apertada por Samantha, a olhou em compreensão, devolveu o carinho terno e ambas sorriram em felicidade cumplice. -- Muitos amores ficam no passado, alguns se reencontram no presente, talvez se separem no futuro, mas nunca, em qualquer que seja o tempo, eles serão esquecidos, serão lembrado por um detalhe que seja, por um laço familiar, o olhar, o sorriso, o toque... -- Ela disse tais palavras enquanto permeava o olhar por Fabrício, Marina, Caroline e Sophia, amores de seu passado e amigos do seu presente. -- E, sempre terá almas dispostas a viver um amor ao menos uma única vez, por uma hora, uma noite, a vida inteira e sempre será infinito enquanto durar... Quando duas pessoas se apaixonam. -- Amanda buscou especificamente o olhar daquela por quem se apaixonou perdidamente, sorriu deixando sua mão tocar o rosto de Samantha, esta, sorriu em reciprocidade do amor e do carinho. -- Aprendem que, tudo a partir daquele momento é compartilhado, as ideias, os objetivos, os sonhos, o amor, a vida. São vidas que se encontram, que se reinventam, que se complementam, que se amam... Eu amo tanto você. -- Ela alegou sentindo uma lágrima permear seu rosto, sorriu em felicidade ao sentir o toque delicado da sua morena a detendo de imediato em um carinho.

-- Eu também amo muito você. -- Samantha assegurou e tomadas por aquele sentimento arrebatador, as bocas se tocaram em um selo daquela promessa.

E aquela era a realidade delas, aquela era a família delas, o amor que existia entre elas as deixavam mais fortes, e aquilo era tudo que as definiam, duas vidas que se uniram por meio de um amor inesquecível.

 

 

FIM

 

Fim do capítulo

Notas finais:

 

 

 

Olá gente guerreira!

Gostaram das minhas crianças prodígios? Rsrs Espero que sim!

Então, chegamos ao final de Duas Vidas, um amor Inesquecível, e de verdade eu nem sei por onde devo começar aqui... Mas bora lá.

Primeiro, eu quero agradecer à Deus por ter me concedido a oportunidade de chegar ao fim dessa estória, Duas vidas me proporcionou grandes conquistas pessoais, e uma delas foi conhecer minha namorada, meses após postar os primeiros capítulos, passamos a conversar, eu dei um fora nela, rsrs ela guerreira insistiu e eu já balançada disse sim, hoje estamos com quatro anos e dois meses de namoro, e sou grata e feliz por tê-la em minha vida. Eu amo muito você amor ❤

Segundo, porém não menos importante, eu quero agradecer à todas vocês que se dispuseram a embarcar junto comigo nessa longa, longa, longa, longa... longa jornada que foi Duas vidas, um amor Inesquecível. Muito obrigada mesmo, de coração por terem tido disposição e coração para seguirem lendo até aqui. Sou bastante grata por todo carinho, toda atenção de vocês para comigo e com a história, obrigada por cada comentário, cada correção, cada crítica, tudo, tudo mesmo foi de grande importância para Duas vidas, para mim como pessoa e como escritora (Eu tento ser né kkk). Duas vidas particularmente foi um marco em minha vida, escrevê-la me proporcionou uma mudança de vida gratificante, muito, muito obrigada mesmo por me proporcionarem forças para conseguir chegar até aqui.

Terceiro, me desculpem os erros de digitação, erros de português mesmo, ainda sou péssima nessa língua nativa, nas outras então kkkk. Mas sério, aprendi muito também, isso graças à vocês que humildemente se dispuseram a me corrigir, me apontar o erro e principalmente a me explicar o correto, obrigada. Me desculpem a demora nas atualizações, mas digo também que toda demora havia uma explicação plausível, precisei muitas vezes deixar a história de lado por questão de saúde, emocionais, familiares, falta de tempo, falta de inspiração, trabalhos, enfim... Mas aqui estamos, obrigada!

Quarto... É isso, chegamos ao fim de Duas Vidas depois de tanto tempo, e é com uma mistura de satisfação e saudade que me despeço, é o fim dessa estória, mas não é um adeus dessa pessoa que vos escreve, é um até logo... Então, até breve meus amores.

Ah! Tem um breve Epílogo, uma pequena amostra de como Samantha e Amanda estão após 10 anos de casadas...

Um grande beijo no coração.

Enny Angelis

 


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Comentários para 82 - Capitulo 82 - Final:
Lea
Lea

Em: 18/10/2021

Amei cada linha desta estória! Muito linda, emocionante e envolvente!!!

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Lujan
Lujan

Em: 27/01/2021

Muito obrigada querida por terminar essa linda história de amor e superação.

Agradeço a você o carinho com todas suas leitoras pra terminar a história um abraço

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Andreia
Andreia

Em: 24/11/2020

Amanda e Samantha construíram uma linda família feliz onde o mais importante tem respeito, diálogo e muito amor uns pelos outros da família e sinceridade.
Até que em fim Marina tomou vergonha na cara e pediu Marcela em casamento mais isso tudo com ajuda da Lisandra, as duas merecem muito ser feliz.
Júlia e Susan é uma casal lindo onde tem muita compreensão, carinho, diálogo e amor e juntas construíram uma linda família com nascimento da pequena Louise e estão aprendendo juntas superar os problemas do dia dia.
Muito emocionante o encontro da Vic com Alex a amizade delas merecia este resgate, agora quem a Vick quer enganar que não gosta ou nao ama a Kiara ela merece ser feliz com pessoa bacana.
Laila e Alex um casal a parte leve descontraído e como muito amor do jeitinho delas elas foram superam os problemas as dificuldades e juntas descobrindo o amor uma pela outra.
Lauren e Caroline lindo casal e do jeito delas superaram e conseguiram descobrir o que unia as duas Lara viver juntas a felicidade.
Como sempre Enny lindo ficou o amor que foi passou no desenrolar de Kiara e Victoria escreveu com muito carinho entre ela foi maravilhoso o amor delas que seja muito feliz as duas porque merece.
Nao senao em um futuro muito próximo a Aghata e Milena.
Sabe as crianças não são preconceituosa, são os pais idiotas os que se transforma em adulto que coloca a homofobia, preconceito, raça,diferença social, bullying em primeiro lugar na vida de uma criança e não o amor que tem q ser pela família e pelo próximo se fossem assim o mundo era um lugar um pouco melhor p viver igual você colocou o diálogo entre as três Milena Achava e Sofhia que mostrando que não importa a forma que ela tem de família o importante e ser feliz e ser amada.
Casal lindo Nagy e Lisa e fiquem juntos no futuro.
Sem comentários com Carlos no fundo ele não vai mudar eu que acho pelos pensamentos e ações deles, bem fez Amanda em se prevenir esperar e atitudes não em palavras.
Enny muito emocionante meus parabéns foi lindo, maravilhoso, cada palavra frase dava para sentir que era feito e escrito com muito carinho e amor foi muito emocionante.
Minha esposa está lendo e quase terminando ela amou cada capítulo e conversamos e debatiam os sobre os capítulos ou algo da trama nos duas amamos muito parabéns. Te amo muito minha esposa .
Adorei conhecer você através da suas história e seus comentários, te admiro bastante.
Bjs e abraços nossos.......

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Vanderly
Vanderly

Em: 19/10/2020

Boa noite autora!

Que estória intensa, porém branda.

Eu ri,chorei, gargalhei, senti um pouco de raiva, mas enfim amei.

Parabéns pela linda história!

Beijos no coração!

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rhina
rhina

Em: 19/07/2020

 

Oi

Bom dia.

Parabéns!

Sucesso.

Rhina

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Manubella
Manubella

Em: 13/07/2020

Amei cada palavra dita, cada jesto e cada capitulo. Uma história de amor de tirar o fôlego com  Direito a tudo de cada coisa um pouco, amei cada casal cada história de amor simplismente perfeita parabéns autora mais uma vez vc é incrível.😍😍😍😍

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Rain
Rain

Em: 18/06/2020

Não tenho palavras para definir sua história. É ela maravilhosamente incrível. Uma história linda tanto de palavras lindas como de cenas Inesquecível. Parabéns!! 

Agatha como o Ben é uma graça. Benício é devorador de comida, até o bolo o menino atacou. Família Cooper é uma comédia estranha e divertida.

Marina e Marcela são tão fofas. Nem a Lizandra aguenta a fofura acaba se irritando logo kkkk. Percebi que todas duas se chamam pelo mesmo apelido " Má". E engraçado. 

Se Marina e Marcela são fofas , eu não sei nem o que dizer da julia com Louise. É uma gostosura só. Os desenhos de hoje em dia não tão graça nenhuma, por isso a Júlia cai no sono. 

Laila parece uma criança, quando ganha o que pediu de presente de natal. Fiquei imaginado o urso com chocolate, queria um. Alex é doida, mas é romântica. Queria uma Alex também. 

Carol e Lauren continua sendo estranho e engraçada. 

Vic e kiara, duas doidas como casal. Lizandra dizendo que Naty par sempre, cute, cute. Espero que não tenha um triângulo ali entre as Agatha, Milena e Sophia. Carlos tava precisando receber umas daquelas pela Valéria. 

Final, lindo. Mais um vez parabéns pela história inesquecível e palavras tão marcantes e inspiradoras. Vou ler o epílogo. 


Resposta do autor:

Olá amore,

Assim como você não tem palavras para definir a história, eu não sei como agradecer pot toda a sua atenção com Duas vidas, e tbm para comigo, então eu te agradeço de verdade por todo carinho, atenção em comentar, cada elogio sempre, e obrigada por ter seguido lendo até o fim, muito obrigada mesmo! Fico muito feliz!

Grande beijo.

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Vanny
Vanny

Em: 18/06/2020

História maravilhosa, Parabéns!!!

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