Capitulo 19
- Eu... estou realmente surpresa. Eu... - Elis mal conseguia falar.
- Desculpe te colocar contra a parede desse jeito...
De repente me bateu um arrependimento, principalmente pelo silêncio desconfortável que se instaurou entre nós naquele momento. Eu não sabia o que dizer pra ela. Acho que não devia tê-la chamado pra morar comigo, pra largar o noivo, acho que tinha sido muito impulsiva.
- Eu vou ver se o Salem tem comida no pote... - Eu fiz menção de me levantar da cama. Queria mesmo era fugir dali correndo, mas nos tempos atuais, não tinha muito pra onde fugir. "Vou ali comprar remédio."
- Espera... - Ela disse segurando meu braço - Eu só estou digerindo essa informação... Você realmente me deixou surpresa...
Eu fiquei parada na cama. Suas mãos desceram até minhas mãos, entrelaçando nossos dedos.
- Eu não imaginava que você tinha essa pretensão... - Ela disse calmamente - Quer dizer... pra mim você estava querendo passar o tempo comigo... Eu digo isso pelo tipo de relacionamento que você tinha com a Carla, eu nunca imaginei que você fosse querer alguma coisa mais séria. - Ela me olhava com aqueles olhos azuis cheios de ternura. Mas também havia medo neles. - Quando a gente se conheceu você me disse que não era uma pessoa de relacionamentos, você se lembra? Eu fui formando uma ideia de você ao longo desse tempo... E aí, agora... - Ela riu sem jeito. - Eu não sei o que te dizer.
- Com você é diferente, Elis... - Eu disse baixinho, olhando para nossas mãos entrelaçadas.
- Por que é diferente? - Ela se sentou, ficando de frente para mim. Eu me aproximei, passei a mão em seu rosto.
- Por que você me dá vontade de fazer coisas que nunca fiz antes. Que nunca quis antes.
- Você está mentindo.
- Eu digo em relação a sentimentos, a me envolver emocionalmente com alguém. -Olhei para nossas mãos juntas. - Isso é novo pra mim.
Ela me olhava, pensativa.
- Qual garantia eu tenho de que amanhã você não vai voltar correndo pra Carla? Ou que não vai se interessar por uma mulher mais jovem?
- A mesma insegurança que eu teria de você se interessar por algum cara, Elis. Daria no mesmo.
- Você está nesse rolo com a Carla há mais de que, o que? 7 anos?
- É diferente, Elis.
- Eu não sei, Leah. Eu preciso de segurança na minha vida.
- Pra você isso é só diversão, então? - Rebati e ela se calou. Pareceu ofendida. Após alguns segundos respondeu.
- Não foi isso que quis dizer.
- Porque até agora eu não ouvi você dizer que não quer ficar comigo porque ama seu noivo. Aliás, você nem sequer tocou nesse assunto. Se não ama esse cara, o que está fazendo com ele? - Ela abaixou os olhos. - Você é feliz com ele? Verdadeiramente feliz?
- Isso não vem ao caso.
- É claro que vem.
- Leah, eu sou mais velha que você. Eu estou em outra fase da vida. Se...
Eu a cortei.
- Você fala como se tivesse 80 anos. Você não é tão mais velha assim, conheço casais com mais de 20 anos de diferença e que vivem super bem. Temos só 10 anos.
- Você não espera eu terminar de falar... - Eu a olhei. Tensa. Ela continuou. - Se for pra eu ficar com você, eu preciso que você me dê segurança. Eu quero algo sério.
Senti um arrepio gostoso percorrer meu corpo inteiro. Aquilo era um sim?
- Eu te chamei pra morar comigo. Acha que por acaso eu esteja brincando?
Ela fez uma pausa, me encarando, me analisando.
- Você realmente está falando sério?
- Sim.
- Você me abrigou aqui por causa da pandemia. Mas e quando isso acabar? Você consegue pensar em logo prazo como seria me ter morando aqui com você?
- Seria maravilhoso. – Eu disse baixinho.
E ela abriu um sorriso lindo no rosto. Abaixou os olhos.
- Ai, Leah... o que eu faço contigo, hein?
Aproximei-me dela olhando em seus olhos, rocei meus lábios nos dela.
- Sei que já disseram isso por mim, mas acho que nunca te disse diretamente. - Beijei sua boca suavemente, sussurrei - Eu estou apaixonada por você... Sou louca por você...
Ela colou nossos lábios, intensificando o beijo, senti sua língua em minha boca, tomando espaço. Não demorou pra sentir ela me puxando, fazendo-me pesar em cima dela, entrelaçando nossas pernas, nossos corpos. Sua mão em minha nuca. Ela me beijava de uma forma gostosa, louca. Daquele jeito que me fazia estremecer inteira. Até que o beijo foi diminuindo de intensidade aos poucos. Me dando vários beijos suaves em minha boca. Ela olhou em meus olhos. Aqueles azuis brilhavam de uma forma intensa. Sua mão estava em meu rosto, deslizando seus dedos pelo meu cabelo.
- Eu também me apaixonei por você, Leah. Essa é a grande verdade.
Meu coração parou de bater por alguns segundos com aquela informação.
Acho que até parei de respirar.
Abri um sorriso de orelha a orelha e senti uma emoção enorme, meus olhos ficaram marejados. Aquilo estava realmente acontecendo?
- É sério?
- Não sei porque está feliz. Quando seus pais descobrirem, eles vão me matar.
Eu ri alto, ainda com um sorriso bobo na boca, comecei a dar um monte de beijos em seu rosto, suas bochechas, seu nariz, sua testa, seus lábios.
- Ninguém tem nada a ver com a gente. Eu só quero ser feliz com você.
- Eu to falando sério. Você já pensou nisso? Nós somos duas mulheres, você é minha prima.
- E?
Enlacei-a pela cintura, beijando seu pescoço.
- Só me preocupo. Vai ser um falatório geral.
- Não se preocupe com isso.
Beijei novamente sua boca, seu nariz, seu queixo. Ela sorriu.
- Eu não imaginava que você fosse assim. Você me surpreendeu. - Ela disse.
- Assim como?
- Sei lá. Você me disse que era arisca, que era fria.
- Eu sou fria.
- Estou vendo. - Ela riu. - Você vive abraçada comigo, segurando minha mão, fazendo carinho em mim. Isso é ser fria?
Senti meu rosto corar.
- Se quiser que eu pare é só falar. - Disse envergonhada.
Ela riu me beijando, me apertando forte.
- Eu adoro essas coisas. Estou só te enchendo. – Beijou meu pescoço, sussurrou em meu ouvido. - Você faz com que eu me sinta... especial, sei lá.
- Você é especial.
Seus dedos passavam por minha nuca.
- Mas você acha que seus pais iam ficar muito bravos se soubessem?
- De novo com essa história?
- Sério, você acha?
- Não. Faz tempo que eles cagam e andam pra mim.
- Não fala desse jeito, sua mãe se importa com você. Ao menos nas vezes que falei com ela, ela sempre falou de você com carinho.
Eu fiquei calada.
- Sério?
- Sim. Ela só acha que você não gosta muito de seguir regras. O que não deixa de ser verdade, né? Mas tenho certeza que ela te ama. Ela até liga pra perguntar como você está. Quer saber se você está bem. Às vezes é só você dar uma brecha e abaixar um pouco sua guarda. - Fiquei calada. Eu nunca tinha pensado por esse lado antes. Ela continuou - Às vezes se afastar faz bem quando isso te faz mal. Mas quem sabe você não deveria tentar dar uma nova chance a eles?
Fiquei pensativa com tudo que ela me disse. Talvez ela estivesse certa. Eu tinha ligado pra minha irmã e não tinha sido tão ruim assim. Acho que eu era uma pessoa muito rancorosa. Com meu pai eu nunca tive grandes problemas. Não sabia porque tínhamos nos afastado tanto com o decorrer dos anos.
À noite, abrimos um vinho. Estava tocando Florence and The Machine no rádio, mais especificamente Dog Days Are Over. A bancada estava cheia de farinha e Elis esticava a massa da pizza que ela tinha prometido que faria. Eu apenas a observava. Happiness hit her like a train on a track, dizia o começo da música. Era exatamente como me sentia naquele momento.
- No que está pensando? - Ela me perguntou.
- No quanto você é linda com farinha na cara.
Ela riu, passando a mão no rosto, sujando mais ainda. Eu ri, me aproximando dela, pousei minha taça num canto e abracei-a por trás, coloquei a cabeça em seu ombro e fiquei ali quietinha vendo-a abrir a massa. Já tínhamos deixado fermentar por mais de uma hora. Agora era a melhor parte. Adorava o perfume dela. Adorava o cabelo dela. Adorava as mãos dela. Adorava tudo nela.
- Você sabe que nem sempre vai ser assim, né?
- O que?
- A vida de quando duas pessoas moram juntas.
Eu ri, beijando seu pescoço, apertando-a ainda mais junto a mim.
- Por que está estragando meu momento?
- Só estou tentando te alertar pra realidade que nem tudo são rosas. Às vezes eu posso ser insuportável.
- Acho difícil você ser insuportável. - Afastei seu cabelo, que estava preso num rabo de cavalo, beijando sua nuca. Ela gem*u, pousando as duas mãos na bancada, parando o que estava fazendo. Respirou fundo, talvez tentando se recompor.
- Eu só quero que você tenha certeza. – Ela se virou pra mim. - Isso não é brincadeira, sabe? Eu vou terminar um relacionamento com uma pessoa. Um noivado. Isso envolve família. Dinheiro investido. Tempo. Sentimentos. Você tem consciência disso?
Eu não tinha consciência de tudo isso pra ser sincera. De que era algo tão sério assim. Mas afirmei.
- Sim.
- Outra coisa. Se for pra ficar comigo, você vai ficar só comigo. Eu não aceito isso de ficar com outras pessoas ao mesmo tempo. Se for pra ser minha, vai ser só minha.
Eu estremeci. Mordi os lábios.
- Tem coisas que você fala, Elis... que...
- O que tem?
- Me deixam toda molhada.
- Ah é? – Ela me beijou suavemente.
- É.
Nossas bocas se encaixaram num beijo gostoso, lento. Segurei um dos seus seios nas mãos, apertando-o de leve, em seguida senti seu mamilo ficar duro entre meus dedos, por cima do sutiã. Enfiei a mão por baixo de sua blusinha, passando por sua barriga, sua cintura, buscando seus seios novamente, queria sentir sua pele na minha.
- Deixa só eu colocar a pizza pra assar... – Ela disse entre beijos. – Se começar eu não vou conseguir parar.
Afastei a mão.
Ela se virou ficando de costas pra mim, voltando à massa. Tomei mais um gole do vinho.
- Fica aqui perto. – Ela disse me olhando de canto de olho. – Daquele jeito que estava.
- Assim? – Eu disse a abraçando por trás, com a cabeça em seu pescoço.
- Isso. Eu gosto de sentir você assim.
- Hum.
Ela ajeitou a massa na forma e começou a recheá-la. Colocamos calabresa, cebola, palmito e muita mussarela. O forno já estava pré-aquecido e ela colocou lá. Lavou as mãos sujas de molho e farinha.
- Acho que fica pronta em meia hora. – Ela disse. Olhou no relógio – Lá pelas 21:40.
- Vem cá, então. – Eu disse rapidamente, a puxando pela mão até o sofá. Dava pra fazer muita coisa em 30 minutos. Sentei-me e bati na minha perna para que ela se sentasse em meu colo. Ela ignorando meu pedido, sentou-se ao meu lado.
- Vem cá. Eu que quero você no meu colo. - Ela disse séria, mas eu ri. - Vai logo, o tempo ta passando.
Insegura, sentei-me de frente, encaixando-me, colocando as duas pernas ao lado de seu quadril.
- Isso te incomoda? – Ela perguntou baixinho, perto de mim.
- Não. Só é... diferente.
Ela olhava em meus olhos, ainda séria.
- Isso me dá muito tesão... – Ela disse. – Você assim.
- Ah é?
- É.
Suas mãos estavam em minha bunda, me apertando, me trazendo pra perto dela. Gemi entre seus beijos, com minha língua em sua boca. Sabia que estava terrivelmente molhada. Me sentia toda mole e entregue em seu colo. Ela beijava meu pescoço, mordiscando de leve. Suas mãos levantaram minha camiseta. Ela apenas tirou um dos seios do sutiã e colocou o mamilo em sua boca, senti meu corpo envergando para trás. Deus, que loucura. Ela me segurou as costas. Gemi alto. Não sabia como, mas suas mãos já tinham aberto o feixe do sutiã e ela descia as alças, arrancando a peça. Segurei em sua cabeça pela nuca, guiando-a, beijando primeiro um, depois o outro.
Sem que eu esperasse ela enfiou a mão por dentro da minha calça de moletom. Gem*u, olhando em meus olhos. Talvez percebendo o quanto eu estava molhada. Ela me deixava louca. Só de estar na presença dela eu ficava louca, sentada no colo dessa mulher então... Beijava minha boca enquanto brincava comigo, me provocando, fazendo movimentos circulares. Só me dava mais vontade ainda de senti-la dentro. E como se lesse meus pensamentos, ela pediu.
- Tira essa calça...
Levantei e tirei minha calça e calcinha, ficando completamente nua em sua frente, olhando em seus olhos. Sentei novamente em seu colo, segurando em sua nuca. Beijei sua boca e senti seus dedos me invadindo devagar. Gemi gostoso, rebol*ndo em seu colo.
- Bate na minha bunda. – Eu pedi.
Ela bateu com a outra mão e eu gemi alto, completamente grudada nela. Eu adorava aquilo. Adorava estar ali com ela. Adorava senti-la daquele jeito. Adorava me entregar daquele jeito pra ela. Adorava ser dela. Ela comia gostoso, no ritmo que ela mesma tinha imposto. Eu beijava sua boca como se precisasse daquilo pra respirar. Senti então sua mão deslizando por minha bunda novamente. Ela buscou meus olhos e senti um dedo escorregando para trás... Seus olhos me pediram permissão.
Eu ri.
- Você é muito safada. – Eu disse.
Ela mordeu os lábios, me tocando daquele jeito. Aquilo me dava muito tesão.
- E você é muito gostosa rebol*ndo desse jeito... me deixa louca...
- Continua assim... – Eu pedi.
E sem tirar meus olhos dos dela, g*zei em suas duas mãos, estremecendo em seu colo. Ela me segurou forte me apertando junto a ela. Beijando minha boca, fundindo nossos corpos. Seus braços me envolveram e ficamos ali, sem dizer uma só palavra, apenas abraçadas, até ouvirmos o timer soar na cozinha.
Eu tombei para o lado, toda mole. Ela beijou minha boca docemente e foi até o forno. Lavou as mãos na pia e tirou a pizza.
- Nossa, deve estar muito boa... – Ela disse. Realmente devia estar, a casa toda cheirava a pizza.
Eu estava encolhida no sofá ainda, abraçando meus joelhos. Começava a sentir frio. Estendi minha mão para o chão, buscando minha camiseta e a coloquei meio desajeitadamente. Eu não conseguiria andar. Estava muito mole. Deitei no sofá novamente. A observava de longe cortando a pizza.
- Quer mais vinho, linda? – Ela perguntou.
Ela nunca tinha me chamado de linda antes.
Eu fiquei ali com meu coração aquecido apenas observando aquela mulher maravilhosa na minha cozinha, me perguntando o que eu tinha feito pra merecer uma pessoa tão boa na minha vida. Logo eu que sempre tinha ferrado com tudo.
- Leah?
- Quero. - Sorri.
- Você quer comer ai no sofá?
- Não, na mesa. Eu só estou recuperando a força nas minhas pernas.
Ela me trouxe uma taça de vinho e eu beijei sua boca. Eu sentia tantas coisas por Elis que era difícil descrever, era difícil de colocar em palavras. Eu gostava de tudo nela. Desde a forma como ela andava, a forma como ela servia o vinho e levava a taça a sua boca. A forma como ela me olhava. Seus olhos, seu rosto. Seu temperamento. A forma safada como me comia. A forma doce como me beijava, como me abraçava.
Eu acho que nunca tinha sido tão feliz em toda a minha vida.
Fim do capítulo
Florence + The Machine - Dog Days Are Over https://www.youtube.com/watch?v=iWOyfLBYtuU
Agradeço a todas que estão acompanhando a história. Muito obrigada!
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MayOlivier
Em: 22/05/2020
Uau, vc escreve de um jeito que... da ate um calor aqui kk
Muito bom, tudo, a escrita, o enredo as personagens.
Elis é muito corajosa, mas ta certo, no amor tem que arriscar e acho que e por isso que estou solteira.
Abracos
Resposta do autor:
hahaha
Acho que a Leah pegou a Elis de um jeito ali que não tinha pra onde correr ou se arriscava ou voltava pro morno, pro mais ou menos. Muito obrigada pelo comentário! Fico muito feliz que esteja gostando!
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 22/05/2020
Olá! Tudo bem?
Bom capítulo, Autora! A trama fica cada vez melhor. Sua escrita é limpa e flui muito bem - apesar de não ter procurado por erros, e se os tem não atrapalhou a leitura.
No entanto, uma dúvida: qual é a razão para não terminar ou não ter terminado Riffs Entre Lágrimas E Chuva? Afinal é uma boa história também.
É isso!
Resposta do autor:
Olá! Fico muito feliz que esteja gostando! Comentários assim me deixam mais animada pra continuar a escrever. A Riffs é um caso antigo haha Eu comecei a escrever ela há alguns anos e acabei desistindo de colocar aqui por andanças da vida. Reli algumas partes quando você entrou nessa questão, percebi que existem muitos elementos dela que acabei incluindo nessa. Achei a continuação dela em um computador antigo, vou dar uma revisada, quem sabe não volto a atualizar (; Agradeço o comentário!
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thays_ Em: 19/04/2023 Autora da história
KKKKKKK o se dá!