Inconstante por LaiM
Capitulo 28 Maus bocados
Cacau e Laura via quais as esculturas de balão ficariam legais para colocar na piscina enfeitando-a. Sereno estava de longe sentado, cansado daquela vida de lavoura e casa, parecia que tinha trabalhado um mês inteiro, viu Emme tentar encher as bexigas, sorriu, ela se atrapalhava por não conseguir encher, claro que não desejava a namorada de sua irmã, mas era impossível não olhar e admirar tanta beleza, ainda mais ela usando aquele salto, o short curto e uma blusa de manga longa solta no corpo. Cacau viu aquela cena, logo fechou mais ainda a cara, da família ela era a única que se parecia com sua mãe, sempre reservada, usava as palavras na hora certa e logo depois se calava. Ao ver seu irmão com aquele olhar para sua namorada se aproximou dele, colocou a mão na cintura.
_E ai Sereno, perdeu alguma coisa? – Perguntou um tanto séria.
A morena era ciumenta, Emme ainda não tinha visto nenhuma cena sua.
_Não estou fazendo nada – ele sorriu.
_Que ótimo, a piscina está com um pouco de sujeira, por que não vai tirar? Diego está ocupado com a mamãe – E bateu em sua cabeça, igual quando ele era mais novo e fazia alguma danação.
_Tá desculpa, só estava olhando, não era “pour malveillance”. – Confessou e se levantou. Sereno era muito mais alto que a mulher, lhe abraçou forte e colocou no colo levantando-a. Emme viu aquela cena, sorriu. _Prometo não olhar mais ciumentinha.
_Me põe no chão Sereno – ele obedeceu _eu tô de longe, mas observo tudo – disse e se retirou. _Emme?
Emme foi até ela.
_Tenho um presente para você – foram até o quarto _sei que você disse que não precisava porque já tinha roupas que trouxe da Itália, mas queria te presentear – lhe entregou uma caixa de uma boutique.
Emme abriu, sorriu, era um vestido longo de sua medida. Ela gostava de vestidos longos, mas aquele era comportado demais, cobria até seus ombros, não gostava de roupas muito fechada.
_É lindo, mas...
_Não gostou?
_Adorei, só que... – Ficou sem jeito de falar.
_Só prove, se não gostar podemos trocar.
_Certo – Emme se trocou ali mesmo, olhou-se no espelho, não fazia seu estilo _ele é todo fechado, não sou freira para andar até com os ombros cobertos, eu só uso esses vestidos quando me pagam para usar. Se ele fosse com alças seria melhor. Eu adorei, mas se importa se eu trocar?
_Mostrar os ombros para quê?
_Por Deus, não vai começar a controlar meu jeito de vestir, certo? Tenho meu estilo, já me conhece um pouco para saber que não uso vestidos assim tão fechados. Conheço tua filha há uma semana e sei bem que se eu der um brinco grande à ela, ela irá gostar mais do quê se eu der um salto. Eu sei disso porque vi que ela sempre troca os brincos. Ele é lindo, a estampa é maravilhosa. Não gosta das roupas que uso? Sabe que não ando vulgar.
_Achei que ia gostar, gosto do teu estilo, me apaixonei por você também pelo teu modo de vestir. Mas já que não gostou quando tivermos um tempo vamos lá trocar.
_Não se preocupe, Juliana está vindo, vou com ela lá, enquanto você termina de organizar.
_Juliana é?
_Esqueceu que vamos pegar o bolo?
_Verdade, que cabeça a minha – beijou sua boca e tirou da bolsa um cartão _use se precisar acrescentar algo.
_Obrigada amor, eu amei tá? Mas realmente não faz o meu estilo – voltou a lhe beijar.
_Vai no shopping com esse short? – Perguntou antes de saírem do quarto.
_Esse short é comportado Cacau, que tanta implicância é essa?
_Está fazendo frio e lá faz muito mais frio.
_Se vai te fazer feliz trocarei esse vestido por outro longo, só que de alças. Não gostei desse porque cobre meu ombro.
Emme trocou mensagens com Juliana, perguntou se antes de pegar o bolo poderiam passar no shopping.
_Ela já está vindo – pegou a bolsa e aguardou-a. Quando a mulher chegou Cacau foi até o carro e olhou as vestimentas da mulher, ela usava um vestido que mostrava as pernas.
_Não demorem e cuidado com o bolo.
_Vou ter cuidado Cacau.
_Tá bom – beijou seu rosto e saíram.
No carro ficaram caladas por um tempo, era a primeira vez que as duas ficavam a sós, Juliana colocou uma música.
_Laura deve está animada – tentou puxar assunto com a modelo que vez ou outra lhe observava.
_Muito, quer que chegue logo à noite.
_Conheci ela com onze anos, já está uma adolescente e linda. Vai trocar o presente que Cau te deu? – Disse ao olhar para a sacola.
_É, a Cacau me deu um vestido que nada se parece comigo.
_Entendo.
Juliana a levou na loja, Emme devolveu o vestido e pediu para ver outros.
_Cacau tem um bom gosto – deu um volta na loja, roupas e calçados caros e bonitos.
_Emme Albuquerque?
_Isso.
_Ela ligou, disse que você viria, separei uns vestidos e calçados para você. – Emme foi ao vestiário que a vendedora mostrou, ao sair pediu a opinião sincera de Juliana.
_Posso ser honesta?
_Claro.
Emme colocou uma roupa meio sem graça, para testar a mulher e saber se de fato ela era honesta como Cacau sempre dizia. Emme não confiava em ex, não tinha histórico bons com ex de seus ex.
_Não ficou boa, desculpa. Tenta esse vestido aqui.
Emme gostou da resposta, olhou para a mulher novamente ela tinha uma leveza na voz, era calma e doce, pegou alguns vestidos retornando ao vestiário, por fim escolheu um de estampa avermelhada e um salto. Pediu novamente sua opinião e Juliana buscando ser o mais honesta possível aplaudiu.
_Esse daí está lindo.
_Gostei também, obrigada por tua sinceridade.
Ao saírem do shopping Juliana recebeu a ligação de sua namorada, a mulher pediu que ela fosse até seu apartamento lhe fazer um favor.
_Renara, estou indo pegar o bolo de Laura, quer isso agora?
A mulher disse que seria algo rápido, as roupas já estavam no saco, só precisava pegar e levar a lavanderia.
_Certo, pois se vista estou com visita.
_Quem? – Renara quis saber.
_A namorada de Cacau.
_Ok. Obrigada, preciso descansar para ir a esse aniversário, se não fosse por isso, eu mesma levaria para lavar.
_Sei Renara – Juliana riu, ela não levaria. Desligou o aparelho, olhou para Emme _se importa de passarmos no apartamento de Renara? Vou pegar umas roupas e levar a lavanderia.
_Tudo bem, a gente tem tempo.
Seguindo o trajeto até a casa da mulher Emme sentiu uma curiosidade de conhecê-la de tanto Juliana e Cacau falarem de sua pessoa.
Emme aproveitou o momento que estavam mais à vontade e procurou saber mais do relacionamento de Cacau com Samya, se Juliana chegou a conhecê-la e como que ela aguentou a pressão de ter uma ex louca perseguindo sua namorada na época. Queria que Cacau não se preocupasse com Bernadete, que não sentisse ciúmes, pois não sentia mais vontade de ficar com a mulher mais velha.
_A Cacau me contou que antes de você ela tinha pessoas loucas na vida dela – Juliana lhe olhou surpresa.
_A Cau te contou?
_Sim.
_Então tá tudo bem? Ela achou que você ia julgar sabe, mas como que ela te contou?
_Eu antes dela também tive alguns casos e infelizmente também tive uma pessoa bem descontrolada na minha vida.
Juliana parou, queria saber se de fato estavam falando do mesmo assunto para não colocar Cau em maus bocados.
As duas se olharam, logo souberam que falavam de assuntos diferentes.
_Do que está falando Emme?
_Da Samya.
_Que Samya? Ah sei... – Ela não sabia.
Emme a olhou.
_Do que você está falando?
_Estamos falando da Cau – a olhou meiga.
_Sei... você não sabe quem é a Samya?
_Sei, claro.
_Ei, não te conheço direito mais acho que está mentindo.
_Desculpa Emme, mas na verdade eu não sei, faz um bom tempo a minha história com a Cau, tem coisas que não lembro.
Tentou amenizar, Juliana não fazia ideia de quem era Samya.
_Então não sabe da primeira namorada dela?
_Sei que antes de mim ela teve outra mulher, pouco falamos dela, se ela te contou sobre ela é porque confia em você, eu tinha esquecido de seu nome, mas é verdade, o nome dela é Samya ou era. Sabe-se lá o que foi feito dela.
Juliana fingiu lembrar. Emme ficou calada, pegou bem a parte que a outra disse que Cacau estava com medo de ser julgada, agora pelo quê?
A mulher abriu o portão indo de encontro ao apartamento de Renara, pegaram o elevador.
_Relacionamento tem disso, elas gostam quando a gente cuida – Juliana disse depois do silêncio que se instalou no carro _Renara está acostumada com isso.
_Pensam em morarem juntas?
_Está nos planos. Assim que comecei com a Cau ela me colocou em um apartamento, era minúsculo, mas era muito confortável – parou de frente à ela _olha, todo mundo tem seus defeitos, mas a Cau ela é um diamante que você vai ter que aprender a lapidar. Eu gosto de você Emme, gosto mesmo, e quero que nós duas nos demos bem, porque a Cau ela é minha única família. Perdi minha mãe para um câncer, tenho dois irmãos, mas eles não moram aqui, dificilmente os vejo. A Cau pode ter todos os defeitos e você vai conhecer cada um deles com o tempo, mas ela tem um bom coração, é incapaz de te querer e te fazer o mau. Vejo no olhar de vocês duas que estão apaixonadas, então pra quê se prender no passado não é verdade?
_Sim, você está certa. As vezes eu me pergunto o que tanto ela fez, mas você está certa, não vou me prender a esse passado. – estava mentindo, agora que sentia mais vontade de saber do passado de sua namorada. Emme era um livro aberto, o que Cacau quisesse saber ela falava.
_Você encontrou uma amiga, uma parceira, uma pessoa que vai te apoiar nos teus projetos, que só vai exigir de ti respeito.
Emme sorriu. Juliana admirava a morena.
_E além dela você me encontrou também viu? Pode contar comigo sempre, se ela também aprontar que ninguém é santo me fala que eu puxo a orelha dela e te defendo, eu sou justa assim como a matemática.
As duas sorriram.
_Que tal um cafezinho em? Pedi pra Renara fazer.
_Ótimo, eu amo café. Cacau me mandou aqui umas quinhentas mensagens perguntando onde estamos. Vou ligar pra ela... Oi amor... Juliana é uma boa amiga viu.
Juliana pegou a chave e abriu a porta. Renara estava na cozinha preparando o café.
_Cheguei Renara.
_Eu tô na cozinha, vem aqui – a mulher era desajeitada, tinha sorte de Juliana gostar de cozinhar _faltou a Cacau.
_Ela está ocupada, não vamos demorar aqui também.
Emme acompanhou Juliana segundos depois quando desligou o celular, foi até a cozinha. Renara colocava o café na garrafa.
_Oi – Emme gesticulou com a mão, não queria atrapalhar. Renara lhe olhou, ficou pálida, como quem visse um fantasma _ai meu Deus cuidado – a mulher derramou o café toda atrapalhada caindo um pouco em sua mão.
_Ai... ai... – Sua única atitude foi ligar a torneira e se refrescar na água. Juliana foi de encontro a ela para ajudar. Emme tampou a garrafa e tirou de perto _odeio essa cozinha. Por que existe cozinha em uma casa?
Juliana riu.
_Se não tivesse cozinha como iríamos preparar esse café que tá cheiroso em?
_Pareceu que viu um fantasma – Emme contou. Se aproximou das duas oferecendo ajuda.
_Emme, ali naquela gaveta tem uma pomada. Aqui sempre tem pomada de queimadura. Renara é um desastre. Amor, tenha mais cuidado.
_Olhei rapidamente para dar oi e olha o que deu. Ta ardendo.
Cada vez que Emme lhe ouvia tentava buscar em sua memória de onde era aquela voz. Pegou a pomada e entregou a Juliana, parando em seguida a olhando por um longo tempo.
Fim do capítulo
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 13/05/2020
Ola! Tudo bem?
Mistérios são bons ganchos, mas, às vezes, quando revelados nos deixam frustrados: acabam em reviravoltas desnecessárias e ao invés de unir, separa. Esperemos por eles, então!
É isso!
Resposta do autor:
Oie, bem vinda!
Vamos esperar essa turma aí se resolver não é mesmo?
Grande abraço. Espero te ver nos próximos capítulos.
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