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E se... por Nadine Helgenberger

Ver comentários: 11

Ver lista de capítulos

Palavras: 3446
Acessos: 4373   |  Postado em: 22/04/2020

Capitulo 4

 

Capitulo 4 - E se...

 

Apesar do inusitado da situação, as duas mulheres não disfarçavam a alegria de estar exatamente ali. Elena, ainda de forma tímida, mas a estranha sorria escancaradamente, o que provocava um festival de sensações novas e uma delas era a vontade de permanecer.

Andavam lado a lado falando amenidades, até que Elena percebeu que ela estava sem o cão.

            --Ele fugiu de novo? - Provocou.

            --Quem? - Ela parecia não saber mesmo de quê ela falava.

            --Zayco...acho que é esse o nome do teu cachorro.

A estranha sorriu e Elena teve necessariamente de desviar o olhar, porque parecia que um sol nascia no seu peito. Loucura. Uma loucura sem tamanho.

            --Lembras o nome do Zayco...

            --Claro! Ele roubou grande parte da minha sanidade numa madrugada qualquer.

A estranha riu às gargalhadas.

            --Sim, ele tem esse poder. Mas não te preocupes, ele só foi correr por aí, mas sabe o caminho de volta.

Mais uma troca de sorrisos e silêncio.

Mais alguns passos e a estranha sentou-se num banco. Elena, completamente sem pensar, imitou a atitude dela.

            --Vieste passear com o Zayco ou vieste me ver? - Elena quase não acreditou que tinha tido aquela ousadia. Ainda bem que usara um tom de brincadeira.

A estranha encarou-a com vontade. Parecia estar a pensar e, de repente, uma sonora gargalhada.

Elena sentiu a sua face arder, mas não se fez de rogada.

            --E tu?

            --Eu o quê?

            --Querias me ver?

            --Estou mesmo aqui? Já nem sei... -Elena parecia estar mais baralhada ainda.

            --Eu sei...

            --Sabes?

            --Sei que queria muito voltar a ver-te.

            --Sim?

            --Muito. Queria conversar, decifrar, desvendar...

            --Tanta coisa...

            --Muita coisa...

Risos tímidos e dos dois lados.

            --Passei aqui ontem, à mesma hora, sozinha. Voltava de um trabalho e vim ver se a sorte batia à minha porta duas vezes seguidas...

Elena arregalou os olhos e mordeu a boca.

            --Não, não sou psicopata e não estou a perseguir-te com pensamentos homicidas.

Elena riu até doer-lhe a barriga. A estranha interpretara de forma errada a sua expressão. Não estava preocupada com a eventual loucura dela, estava sim arrependida de não ter saído na madrugada depois de ter voltado de Manhattan.

            --Nem pensei nisso...

            --E pensaste em quê?

            --Que estou doida.

Risos.

            --Mas isso não é de todo mau, no fundo somos todos meio doidos.

Mais uma troca de olhares com suspiros. Silêncio e nada constrangedor.

            --Lembras do nosso último encontro?

Elena sorriu escancaradamente.

            --De qual parte?

Foi a vez da estranha rir alto.

            --Da parte que eu tentava te desvendar.

            --Hum-hum... - Elena mordeu o canto da boca.

            --Conta-me o que quiseres. - Desafiou a estranha.

Elena suspirou balançando a cabeça.

            --Já disse e volto a repetir, não há nada de interessante.

            --Desafio-te a contar e depois eu avalio.

            --Além de perspicaz ela é persistente.

A estranha riu.

            --Hum-hum, muito. E se o assunto me interessa...

            --Não tenho nada de especial para contar.

            --Shhhh, eu avalio. Tenta.

Elena mordeu a boca e sorriu. Gostava cada vez mais daquele jogo. Já tinha sido a mesma coisa da primeira vez.

            --Eu sei que aceitei o desafio de ser desvendada na madrugada...

Gargalhadas.

            --Sei que eu sou o alvo...

            --Hmmm...

Risos.

            --Doida. Mas posso dizer uma coisa?

            --Até duas.

Risos.

            -- Gosto do teu sotaque. Sempre achei o sotaque inglês muito sexy...

            --Ah gostas? - A estranha provocava falando baixinho e muito próxima de Elena.

            --Foda-se! É tão...

            --Britânico.

Gargalhadas altas e muito cúmplices.

            --Bom, já sei mais alguma coisa...

            --O quê?

            --Que a mulher linda de Ohio, nem sempre controla a língua.

Gargalhadas.

            --Sim, às vezes, eu digo umas palavras menos bonitas. Normalmente, penso bem mais do que falo.

            --Fale mais. Além de ser muito bom, ameniza problemas de estômago.

Gargalhadas.

            --Acho que contigo por perto, eu jamais teria problemas de estômago. - Elena falou totalmente sem pensar. Agia com muita espontaneidade na presença daquela estranha.

            --E eu gosto de te fazer rir e a melhor parte é que dou muitas gargalhadas também.

Elena teve a sensação que a estranha também agia com uma espontaneidade acima do que pudesse ser o seu habitual.

Ela sorriu e Elena mergulhou de forma definitiva no jogo.

            --O que queres saber?

            --Não me dês asas ou ficas nesse banco por semanas.

Risos altos.

            --Ok, faça perguntas que eu penso se respondo ou não.

            --Acho que ainda não percebeste. Não existe a possibilidade de não responder.

Gargalhadas.

            --Sim senhora! O que quer saber? - Elena olhou-a de cima, arrancando uma risada da estranha.

            --Comecemos pela cidade pequena de Ohio...há, 30 anos atrás.
Elena sorriu. A estranha não esquecia nada.

Fez um breve relato até mais ou menos seus 10 anos de idade e sempre dando a impressão que era uma história comum, sem nada de especial.

            --Quando meu avô morreu, as coisas tornaram-se um pouco mais difíceis para a minha mãe. Ele nos ajudava em tudo e era o cozinheiro do nosso pequeno restaurante de comida grega. De repente, minha mãe teve que se reinventar como cozinheira, eu passei a ajudar no que podia, mas Melina sempre me fez acreditar que era apenas uma fase. A fase mais difícil durou até os meus quinze anos. Vida de imigrante nunca é muito fácil...

            --Pois, não é mesmo. Tua mãe não tinha irmãos?

            --Não. Minha avó morreu quando ela tinha 4 anos e meu avô nunca mais teve outra mulher. Ela tem tios e tias, mas moram em estados diferentes e nunca fomos muito próximos. Mas, tínhamos muitos amigos na nossa cidade. - Elena sorriu com uma certa nostalgia no olhar. - Minha mãe tem muitos amigos, eu nem por isso...

            --Menina tímida...

            --Isso. Sempre fui muito tímida e bastante determinada. Nada me desviava do foco...acho que até hoje sou assim...

            --Acredito que foi essa determinação, que te trouxe a Nova York.

Elena sorriu sentindo-se orgulhosa.

            --Sim. Como deves imaginar não foi muito fácil, mas eu me esforcei muito e não desisti até conseguir.

A estranha sorriu de forma estranha. Um brilho diferente nos olhos, que não passou despercebido a Elena.

            --Depois de muito empenho e de meses sem dormir, consegui uma bolsa de estudos numa boa universidade em Nova York. Eu quis tanto isso, que quando recebi a confirmação, levei muitos dias para processar.

A estranha riu, parecia entender muito bem aquele assunto.

            --Já deves imaginar que durante os estudos eu não fiz mais nada.

            --O tal foco...

Risos.

            --Isso mesmo. Estudei e estudei mais um pouco. Era para isso que estava longe da minha mãe...

            --São muito próximas...

            --Muito. Mas somos muito diferentes. Minha mãe explode vida, eu...

            --Tens muita vida escondida algures por aí...

            --Pareces a Milanka. Ela está sempre a dizer que sou misteriosa, que escondo sei lá o quê. Não tem nada disso...

            --A Milanka do sorriso lindo e que não é a tua namorada, mas de quem não esqueces nem por um minuto.

Elena riu até quase tocar na estranha. Estava relaxada, leve. Aquela mulher a fazia sentir coisas que não imaginava possível...

            --Se fosses minha namorada, eu diria que estás com ciúme da Milanka. -Mais uma provocação fora de propósito, mas Elena já nem se preocupava com o fato de estar fora de órbita.

A estranha mordeu o lábio e olhou para os lados e depois para Elena. Olhares cruzados e faíscas por todos os lados. Por fim, um sorriso, sacana.

            --Nunca namorei uma mulher, não entendo desse tipo de ciúme.

            --Porr*! Tu tens sempre a reposta na ponta da língua?

Gargalhadas altas.

            --Eu não namoro mulheres, não era uma cantada e nem sei o que é isso. -Elena justificou-se com a face ardendo.

Foi a vez da estranha rir até tocar os ombros de Elena. Na realidade, deixou a cabeça cair em cima dos ombros dela.

            --Vamos mudar de assunto. Namoro ainda é muito íntimo para nosso grau de envolvimento.

Elena riu com vontade. A estranha era uma doida viciante.

            --Só mais uma pergunta...

            --Ai mulher...

Risos.

            --Tens namorado?

            --Não!

            --Ok. Mudemos de assunto. Mas...

            --Lá vem...

            --Só um reparo...as pessoas estão cegas?

            --Ah já sei, ninguém com uma boca naturalmente vermelha e olhos que nos desvendam, pode estar sozinha.

A estranha riu, mas riu tanto que Elena pensou que lhe pudesse faltar o ar.

            --Essa boca...é natural?

            --Ah vá...

Gargalhadas.

            --A senhorita é muito bonita. Mas, voltemos ao nosso assunto inicial.       

            --Que eu já nem sei mais o que era. Mas, a senhora como atenta que é, não deve ter esquecido.

Risos.

            --Só um pequeno parêntese antes de continuarmos. Eu gosto de ti, Elena.

Elena sentiu um formigamento no estômago. A estranha não tinha dito nada demais, mas o tom era...não era o tom, o olhar talvez...profundo. Que confusão.

            --Onde estávamos?

            --Terminamos a faculdade...

Risos.

            --Sim. Depois disso, eu fiz mais não sei quantos cursos e trabalhava de freelancer num jornal para sobreviver. Morei numa cave com mais duas meninas, que hoje em dia não sei por onde andam. Trabalhei em algumas coisas, que não tinham muito a ver com o meu sonho...

            --Que era?

            --Ser bem-sucedida em Nova York, trabalhando numa grande editora.

            --O sonho era teu, ou era o que esperavam de ti?

Elena parou para pensar e não soube responder de imediato. A expressão na face da estranha também era diferente. Ela parecia pensar em alguma coisa que extrapolava aquela conversa.

            --Sempre quis ser alguém...sempre quis que minha mãe se orgulhasse de mim e meu avô também, mesmo não estando mais aqui...

            --E estás feliz?

Elena pensou que naquele momento estava muito feliz. No resto do tempo a sua vida estava uma confusão sem precedentes.

            --Eu gosto de trabalhar no departamento editorial da Eyes Wide Open e sei que Elena Paneredes, ainda vai trilhar um longo caminho por lá.

A estranha sorriu e Elena sentiu vontade de falar de coisas mais íntimas. Mas, concluiu a tempo que era um absurdo. Era reservada e não mudaria diante de uma estranha.

            --Então gostas de ler?

            --Eu amo ler. Adoro viajar nas histórias que as linhas tecem. Eu entro nos personagens, sinto tudo o que sentem. Quando mergulho nas letras, eu sinto que vivo...

            --Estás no emprego perfeito.

            --Sim, perfeito.

            --E não gostas de escrever?

            --Mas eu escrevo. Meu trabalho basicamente é ler e escrever. Às vezes, reescrevo histórias inteiras...

            --Não era sobre o teu trabalho...

            --Não?

            --Não, mas deixa para lá...não quero esgotar nossos assuntos.

Elena sorriu. Experimentou algo estranho, queria conversar por horas a fio com a estranha, mas não queria que os temas acabassem...

            --Pois, vá que o acaso resolva nos brindar com mais um encontro na madrugada...

            --Temos sido agraciadas...

Risos.

            --Mas preciso deixar assunto para novos encontros. Se esgotamos tudo agora, tu perdes o interesse...- O tom que Elena usou não era o que queria, mas a estranha conseguia dela coisas que já nem lembrava de ter lutado para camuflar.

            --Não corres esse risco...

            --Não?

            --Não. Pretendo saber mais, tudo. Digo mais, pretendo ir o mais fundo possível para desvendar essa alma misteriosa.

Elena riu com vontade.

            --Porque todos têm essa mania de achar que tenho uma alma misteriosa? Tem gente que acredita que escondo uma vida dupla...

            --E não escondes?

            --A perspicaz és tu...

            --Sabes que vou descobrir...

Risos altos.

            --Provavelmente vais sofrer uma grande desilusão, o que me deixará triste, mas eu avisei...

            --Ilusão...

Ela pareceu pensar em outra coisa qualquer e seus olhos ficaram mais escuros. Mas, no minuto seguinte já sorria com a mesma luz de sempre.

            --Eu poderia jurar que és uma grande advogada...

A estranha riu com vontade.

            --Ou uma empresária implacável, dessas que todos temem e que é tão brilhante que não faltam bajuladores...

            --A sério que pensas isso de mim?

            --E se eu disser que não sei o que pensar...

            --Direi que estás no rumo certo...pensar para quê?

            --Doida!

A estranha piscou um olho e Elena sentiu uma estranha vontade de ficar ali até que o sol raiasse. Tempo...não tinha mais noção de nada.

Silêncio e elas se olhavam. Sorriam sem motivo aparente.

"Só pode ser um sonho" - Pensava Elena cada vez com mais convicção.

            --Eu sei que aceitei ser desafiada...

            --Hum-hum...

Risos.

            --Sei que não tenho direito a perguntar nada...

            --Hum-hum...por enquanto é assim, porque com certeza a tua vida é bem mais interessante que a minha...

            --Ok, vais perceber que não é nada disso, mas ate lá, eu quero pedir uma coisa...3, na realidade.

            --Hmmm, e ela pede muito...

            --Não pedi nada até agora...

Risos carregados de muitas intenções. Veladas, sim, mas elas já existiam...

            --Sim Grega, o que tu queres?

            --Quero o direito de fazer-te 3 perguntas.

Gargalhadas altas.

            --Com direito de resposta, suponho.

            --Claro. Mas não te preocupes, eu sou discreta...

            --Posso negar-me a responder?

            --Podes tudo. Mas vais responder, porque não são perguntas difíceis...

            --Vá lá, Elena. - Suspirou fingindo apreensão.

            --Pergunta número 1: Moras por aqui?

A estranha sorriu e olhou para os lados.

            --No estado de Nova York.

Gargalhadas.

            --Evasiva...claro.

Risos.

            --Mas eu gostei da resposta.

            --Posso saber porquê?

            --Moramos no mesmo estado, ou seja, poderemos ter outros encontros na madrugada.

            --Parece que alguém gostou de esbarrar numa estranha na madrugada do Queens.

            --E adianta eu mentir?

Gargalhadas.

            --Não...

            --Claro que não. Tu lês a minha alma...

 A estranha sorriu de forma diferente. Parecia desnuda...

            --Há alguma coisa que queiras de mim? - Elena falou sem pensar e claro que sentiu a face arder. A estranha baralhava tudo e já não sabia mais o que dizia, e pior, a sensação não a incomodava.

            --Muitas... - Quando aquela mulher falava com o tom mais baixo, Elena tinha vontade de...

Ela mordeu a boca, para não fazer algo que pudesse se arrepender amargamente.

            --Digo algo em relação a mim... - Elena ficava mais confusa e exposta e não queria correr dali. Estranho, mas tudo era estranho quando estava perto daquela mulher.

            --Não deveria... - Falou muito baixo, mas Elena ouviu claramente. O coração disparou e percebeu mais uma vez a luz diferente nos olhos da estranha.

            --O quê? - Perguntou ciente de que ela não responderia.

            --Nada. Se há algo que eu queira? - Ela sorriu mudando o tom mais uma vez.

Elena sorriu e bateu a cabeça. Sim, estava num universo paralelo e não queria sair dali.

            -- Sim, quero uma foto tua. -Ela sorriu de uma forma tão espontânea, que Elena teve a sensação que o parque todo ficara iluminado.

            --Foto dessa cara doida e amassada na madrugada?

Gargalhadas altas.

            --Notaste que eu trouxe a máquina? - Ela fez uma expressão tão cómica, que Elena teve vontade de abraçá-la.

Risos altos.

            --Sim, agora eu vejo a tua amante.

Risos cada vez mais cúmplices.

            --Zayco amor e a máquina amante.

Gargalhadas.

            --São dois amores profundos. Mas, aceito que a máquina seja amante.

            --Já sei o motivo...

Risos.

            --Mulher sábia.

Risos.

            --Tenho que fazer pose?

            --Vais permitir?

            --Claro. Não arranca pedaço e tu me convences de qualquer coisa...

A estranha sorriu e os olhos brilharam intensamente. Apertou o queixo de Elena em sinal de agradecimento e ficou de pé.

Elena não parava de rir. Estava nervosa e o mais estranho de tudo é que gostava daquilo.

De repente estava fazendo poses, de engraçadas a sensuais.

A estranha sorria e parecia encantada.

            --Tu és linda, Grega. Lindíssima.

Aquela voz ainda levaria Elena à loucura.

            --Minha máquina te adora. Meu Deus! Como ela te adora.

Ela estava muito perto de Elena. O alvoroço só aumentava, precisava sair daquele momento.

            --Para! - Arrancou-lhe a máquina das mãos.

Gargalhadas.

            --Cuidado. - A estranha fingiu preocupação.

            --Eu sei, não brinco com amante alheia.

Gargalhadas.

Elena devolveu-lhe a máquina e por instantes as mãos se tocaram. Calor bom, muito bom. Mas a madrugada estava fria...

            --Vamos à segunda pergunta.

Risos.

            --Sim senhora.

            --És fotografa profissional ou é um hobby?

            --É um hobby que me ajuda a respirar. - E o brilho nos olhos era intenso.

            --Intensa... - Elena falou mais uma vez sem pensar, e sentiu uma onda de calor pelo corpo todo.

            --Sim, em tudo. Mas...não vamos falar de mim.

A gargalhada ecoou pelo parque.

            --Não vamos falar de ti. Mas saiba que é apenas por enquanto, eu sou curiosa e tu me deixas mais curiosa ainda...

Risos. E mais um momento de silêncio a duas.

De repente, Elena percebeu que o parque já estava mais movimentado. Prestou atenção e viu que a escuridão do céu aos poucos perdia a intensidade, dando lugar a nuances de dia. Precisava ir embora. Não queria sair dali, mas precisava ir ou ainda se atrasaria para seus compromissos diários.

            --Eu preciso ir. Mais uma vez perdemos a noção do tempo.

            --A editora espera a sua colaboradora mais enigmática.

            --Ah para. Enigmática? Tu me desvendas com o olhar...

Sorrisos trocados.

            --Espero pelo próximo encontro...

            --Eu já nem digo que a probabilidade de acontecer é remota...

            --Já vimos que não.

            --Eu queria...

Elena foi interrompida por um cão a ladrar. Olharam para a mesma direção e lá vinha Zayco pulando como uma criança feliz. Elena agradeceu aos seus deuses e ao cachorro. Fora salva de dizer uma asneira sem precedentes.

Ela aproveitou que a estranha estava toda derretida com o cachorro e anunciou que já ia embora. Brincou rapidamente com o cachorro, que mais uma vez pulava nas suas pernas, e disse adeus deixando a estranha com uma expressão indecifrável.

Elena quase correu, mas não porque estava atrasada. A sensação que tinha era que podia voar. Sem duvida, tinha enlouquecido.

Não muito longe de onde deixara a estranha parada, virou nos calcanhares e correu na direção dela.

            --O que foi? - A estranha perguntou surpreendida e com um sorriso maravilhoso estampado no rosto.

            --Ainda tenho direito a mais uma pergunta.

Riram às gargalhadas.

            --Pois tens. Eram três...

            --Sim, eram três e tu me desviaste...

            --Nem por isso...diria, que nos desviamos...

Risos. 

            --O que queres saber?

            --Não quero mais pensar em ti como a estranha.

            --Hã?

            --A estranha tem nome? Já lhe dei alguns. - Risos. - Inglesa e estranha já não são suficientes.

            --Eu nunca disse o meu nome? - A estranha parecia genuinamente admirada.

            --Não. Eu não me esqueceria. Ao que parece somos duas doidas.

Gargalhadas e elas muito próximas uma da outra.

            --Joy (Alegria).

            --Hã?

            --Meu nome é Joy.

Sorrindo, Elena segurou a face de Joy com as duas mãos, aproximou-se tanto que podia sentir o hálito dela. Os olhares cruzaram-se e Elena experimentou algo novo e intenso. Desviou os olhos e beijou a bochecha de Joy. Beijou devagar e aspirou o cheiro dela. Alguma coisa tremeu dentro dela, mas não tinha condições de prestar atenção a nada.

            --Joy...nada do que imaginei supera a realidade. Adorei teu nome...adorei...preciso ir...

Ela afastou-se andando de costas e sempre a sorrir.

            --Joy...lindo! - Gritou e correu para longe.

Joy ficou parada olhando na direção de Elena. Zayco ladrou e ela sentou-se pesadamente no banco.

Continuou sem reação e o cão ladrou mais uma vez.

            --Sim Zayco. Lembra-me que preciso respirar.

Soltou uma gargalhada e abraçou seu cachorro.

Alguns minutos depois...

            --Zayco, eu pensei que ela fosse me beijar. Eu estou doida...

O cachorro olhou-a de frente e emitiu um som que ela já conhecia.

            -- Eu não beijo mulheres, mas se ela me beijasse eu chegaria perto da lua...e ela mora lá...ah Zayco, estou louca e essa mulher me deixa pior ainda.

O cachorro sentou aos pés dela e encarou-a.

            --Eu sei cachorro. Sei que preciso parar com isso, mas deixa-me ser feliz por esse momento...apenas esse momento.

E riu alto fazendo carinho na cabeça do cachorro.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá,

Confesso que estou apaixonada por essas mulheres e pelas inúmeras possibilidades que elas colocam na ponta dos meus dedos. Acho que mais uma vez falharei no propósito de escrever uma short story rsrsrsrs

 

Ah, agradeçam esse capitulo à Nih Carvalho. Ela fez-me rir tanto ontem num comentário que hoje tomei coragem, esqueci a tendinite e escrevi o quarto. 

Boa leitura.

NH


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Comentários para 4 - Capitulo 4:
rhina
rhina

Em: 20/11/2020

 

Caranguejos.....

Que emoção é essa mulher!

 Rhina

Responder

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Vanderly
Vanderly

Em: 30/04/2020

Olá autora, tudo bem?

Olha,estou amando essas possibilidades. 

Elena e Joy são muito engraçadas. Até eu pensei que sairia um beijo.

Ahh autora, não seja má! Acorde-me deste sonho!

Beijos ❤️!


Resposta do autor:

Olá, tudo bem graças a Deus :)

Muitas possibilidades rsrsrs

Beijo na madrugada, ahhhh que delicisa rsrsrs

Será sonho?

Continue a acompanhar rsrs

Bj e muito obrigada

Responder

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mtereza
mtereza

Em: 25/04/2020

Maravilha de capítulo 


Resposta do autor:

Muito obrigada.

Bj

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 24/04/2020

Cada vez mais lindo esses encontros na madrugada.


Resposta do autor:

Não é? rsrsrs

Bj e muito obrigada.

Responder

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Brescia
Brescia

Em: 23/04/2020

             Boa noite mocinha.

 

Então finalmente temos um nome e bem alegre por sinal. O jogo das duas está tão bom que não conseguem nem perceber a atmosfera mágica que as envolve.e que cada dia querem mais.

 

         Bacia piccola.


Resposta do autor:

Joy, adorei rsrsrs

Bj e muito obrigada.

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 23/04/2020

É o amor.


Resposta do autor:

Será? rsrsrs

Continue a acompanhar que hás de descobrir o que é isso tudo...rsrs

Bj e muito obrigada.

Responder

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Veka
Veka

Em: 23/04/2020

Caramba! Milanka ficaria orgulhosa agora! A pessoa saiu na madruga em busca de algo, mesmo com as suas incertezas, e ainda me joga um: Vieste passear com o Zayco ou vieste me ver? kkkkkk... essa espotaneidade

Aí a estranha me joga um "Não existe a possibilidade de não responder." Arrepiada fiquei!

A delícia dessas conversas... de tentar conhecer e entender a pessoa, observando mínimos movimentos ou reações... Focados no ponto de vista da Elena, da até para passar despercebido. Mas nesse momento, a gnt vê que a estranha, agora nomeada (kkkkkkk), estava tão ou mais perdida que ela nisso tudo. Joy!

Obrigada Zayco, voltei a respirar aqui tb. Tive uma recordação... Joy, coisinha linda! Respira, respira profundamente! Eu te entendo!

E a nossa rainha do mistério, Joy, finaliza esse capítulo!

Oi linda! Adorando cada linha aqui! Obrigada por compartilhar conosco esse seu dom! Obrigada pelos retornos! Simplesmente obrigada! Se cuida!

Lov u!

Beijinhos....

Ps: cheia dos mistérios.... short storie, né?

Veka


Resposta do autor:

Kkkkk Milanka e Elena ainda aprontarão bastante nesse universo E se...

Elena é qualquer coisa...ousadia nota 10 e ainda disfarça com timidez...ai ai ai

Jpy...ai meu Deus, nao vejo a hora de...parei kkkkkk

Mil possibilidades e a doida aqui viaja rsrsrs

Nao vai ser short, nao ha condições porque essas mulheres me dao asas...

Bjs e muito obrigada.

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 23/04/2020

NH!

Bruna! Eu vi o capítulo ontem, mas...... (essa palavrinha tão pequena e cheia de possibilidades rsrs).  Mas..... Ontem teve live do Belo. Eu não gosto de Belo, mas minha esposa aaaammmmmaaaa 🙄esse feio kkkkkk belo, música, Graciane, o povo zoando no whatsapp, petiscos e uma bebidinha para no outro dia esquecer que vi Belo. O pior foi dançar kkkk ah! O amor! 

Você acha que eu teria condições de ler nossa maga das Letras ontem ?Achei melhor deixar para hoje

Ontem teve também live da Roberta Sá, mas Belo venceu. Perdão! Roberta Sá por isso❤️

E cá estou para responder sua pergunta

Operamos as três hérnia inguinal kkkkk pois é defeito de fábrica nas três. E o médico que nos operou, também é cirurgião plástico. Aí demos uma esticadinha na barriga   aproveitando a oportunidade. O médico acabou ficando amigo da família. RFilhinha por ser criança fez com um médico encaminhado pela pediatra. Tudo tranquilo. E nessa onda de quarentena, nosso médico enviou o link da live. Ele já está marcando outra. Ele gostou realmente disso

Joy e Elena? gostei

Agora vimos que não foi sonho

Devagar com essa mão para não atrapalhar o tratamento da tendinite e outras utilizações 😂😂

Adorei o capítulo

Cheio de possibilidades

Aqui é feriado hoje. Dia de São Jorge! Salve Jorge! Salve Ogum!

LVY

Abraços fraternos procês aí nessa sua Terra linda e abençoada

 


Resposta do autor:

Kkkkkkkk tu és muito engraçada. Mulher, Deus me livre competir com Belo e o seu amor pela tua mulher. kkkkkkkkkkk dance com ela e veja live de Belo. E se... fica para outra hora kkkkkk

Estou bem devagar meu bem. Queria escrever mais até porque estou com mais tempo, mas nao dá. O punho está totalmente fucked up porque alem de escrever, invento de ser jardineira, faxineira, atleta...enfim kkkkkk

Bj e muito obrigada.

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brunafinzicontini
brunafinzicontini

Em: 22/04/2020

Aliás, como sou muito curiosa, fui procurar o comentário da Nih Carvalho e não achei... Onde é que está, afinal?

Ainda sua,

Bruna


Resposta do autor:

Rsrsrsrs, a Nih Carvalho comentou no facebook da Nadine.

Bj

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brunafinzicontini
brunafinzicontini

Em: 22/04/2020

Fiz um short comment porque tive mesmo a intenção de correr, senão a "Nova Aqui" chegaria antes de mim...

Aliás, "Nova Aqui", acho que está na hora de atualizar seu pseudônimo, você não acha? A gente já está tão familiarizada com você aqui que já ficamos até querendo saber mais da sua vida... (Tipo: "do que será que ela e a esposa foram operadas?"). Isso já é efeito causado pela Srta. Nadine Helgenberger, que nos desperta tanta curiosidade e atenção que acaba nos levando a ler até os comentários que são feitos sobre os capítulos.

By the way... ainda tenho que agradecer à Nih Carvalho pelo comentário que inspirou Nadine a voltar antes do tempo previsto para este capítulo, aproveitando já o ensejo para pedir bis. Vamos lá, Nih, não deixe de fazer comentários, por favor. A propósito, acho que consegui aparecer aqui antes da Nova só porque a publicação deste capítulo foi uma surpresa. Ela deve estar esperando pelo domingo.

Bem... um comentário tão longo sobre estes assuntos só pode ser efeito do Coronavírus, que nos deixa um tanto atrapalhadas no uso do tempo, né?

Um forte abraço (virus free),

Bruna

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brunafinzicontini
brunafinzicontini

Em: 22/04/2020

Ah... Não acredito que hoje sou a primeira! Que felicidade!

Vou parafrasear Elena e dizer: nada do que imaginei supera a realidade deste capítulo! Elena me surpreendeu - tanto quanto surpreendeu nossa maravilhosa inglesa! Joy... Realmente, o nome não poderia ser mais significativo! Ela tem sido a alegria mais surpreendente das madrugadas de Elena! E Elena foi cativante nas suas reações maravilhosas! Mais ousada do que ela jamais possa ter imaginado.

Ai, que delícia de história! E que delícia saber que nossa amada autora já lança olhares carinhosos sobre uma história mais longa.

Beijos,

Bruna

 

 


Resposta do autor:

Olá Bruna,

Pois é, a Elena pode ser surpreendente rsrsrs

Bom, short nao vai ser com certeza ( frustrada por mais uma vez nao conseguir). Só nao sei quantos capitulos estou disposta a escrever. Vamos rsrsrs até onde essa tendinite me permitir. Não está fácil, mas lancei esse desafio agora tenho que dar conta, ainda que sem forçar meus limites.

Bjs e muito obrigada.

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