Capitulo 3
Capitulo 3 - E se...
Elena abriu os olhos, mas imediatamente voltou a fechá-los. Gem*u como sempre fazia, rolou na cama, abraçou o travesseiro e voltou a fechar os olhos.
Sensação de corpo descansado e outra coisa qualquer, que não soube definir. Esticou os braços e gem*u alto.
--Myk... - Assobiou chamando seu animal de estimação.
Ouviu um barulho na madeira da cama, que já conhecia. Mykonos afiando as unhas e isso também significava que ele estava entediado.
--Estás aqui, meu amor. - Sorriu com a cabeça pendida para o lado direito da cama.
O gato miou e aproximou-se mais de Elena.
--Myk, estou leve...parece que bebi uma garrafa de vinho sozinha e a ressaca é essa cabeça leve. Ah, não faz sentido?
Ela riu da cara do gato. Eles lá se entendiam...
--Às vezes, a ressaca é leve e é como me sinto agora, gato inquisidor. Ah Myk, sei lá o que estou a sentir e não me olha com essa cara. Sabes de antemão, que a tua Elena não acerta todos os ponteiros.
Ela riu das próprias palavras e Mykonos correu em direção à cozinha.
Sinal de que estava com fome e que queria comer.
--Mas já, gato?
Ela saiu da cama para atender ao gato e estranhou a absoluta nudez ao passar perto do espelho.
--E porque não? - Riu alto, enquanto caminhava descalça em direção à cozinha.
Encheu o pote de comida e olhou para a janela da cozinha, surpreendendo-se por já não quase ter luz do dia.
--Ah Nova York e o clima peculiar...
Olhou para o gato que tinha parado de comer e a observava.
--Sim, é peculiar, mas eu gosto. Nós gostamos.
Voltou para o quarto e pegou o telefone para ver as horas.
O susto que levou, por pouco não provocou uma queda aparatosa do aparelho de suas mãos.
--Mais de cinco horas da tarde? Não acredito...
Andou rapidamente até à cozinha e certificou-se das horas no relógio de parede.
--Eu nunca durmo mais de 4 horas seguidas. Jamais...
Tentou lembrar-se a que horas tinha ido para a cama. Confusão de acontecimentos...
Olhou para o computador e a tela estava negra. Passou o dedo e imediatamente tudo se iluminou na sua página de trabalho. Talvez tivesse trabalhado até tarde...
A frase era a mesma e até o ponto de interrogação ainda estava ali, piscando, gritando na sua cara, que não conseguia.
Caminhou em direção ao quarto, sentindo intensamente o contacto dos pés descalços, no soalho de madeira.
Bateu a cabeça e riu de si mesma.
--Elena, estás doida. Mais doida.
Mais um sorriso.
Pegou o telefone e a quantidade de chamadas perdidas causou-lhe estranheza.
--Mas é claro que a Milanka ligou. Sete vezes? Nem é exagerada...
Decidiu que retornaria à amiga e vizinha depois que comesse alguma coisa. Também precisava ligar aos amigos, com quem sairia um pouco mais tarde. Claire também estava na lista de chamadas não atendidas.
--Ânimo Elena, ânimo!
*****
--Troia, viste a quantidade de vezes que eu liguei? Criatura, traduza esse hiato em prazer, pelo amor dos teus deuses gregos.
Elena riu com vontade.
--Olha o exagero, Milanka.
--Sabes que fico preocupada...
--Eu sei e agradeço pelo cuidado. Mas está tudo bem, estive a dormir...
--Isso significa que saíste ontem e voltaste para casa já era hoje...
Foi a vez de Milanka rir do outro lado, sabendo de antemão, que aquela versão dos fatos estava errada.
Elena sorriu e a mente voou para pensamentos desconexos, mas que de alguma forma a causavam uma sensação maravilhosa.
--Ah Troia, tu és um desperdício retumbante.
Risos.
--Hoje vou sair com a Claire e o Jason.
--Poderias estar mais animada, mas não te condeno. A Claire só sabe falar daquela editora, do quão Brigite é nojenta e do jardim de inverno, que está a montar no apartamento novo que comprou.
Gargalhadas dos dois lados.
--Ainda bem que gostas de mim.
--Alucinadamente! Por isso, quero para a minha amiga uma noite com mais futuro.
--Futuro? Esqueceste que nós só vivemos pelo presente.
--Ah, Troia...sei lá. Vão para onde?
--Um pub com shots maravilhosos, segundo a Claire. Ah e uma vista perfeita...
--Algum rooftop de Manhattan. Vê lá se aproveitas a vista, porque shot eu sei que não é teu forte.
Gargalhadas altas.
--Milanka, não ligaste duzentas vezes, para falar da minha vida sem emoção. Quero saber de ti.
--Sim, algumas novidades. Mas, quero que a senhorita prometa, que vai escolher um dos looks maravilhosos que tem e vai badalar por Manhattan.
Risos altos.
--Troia, precisas viver...intensamente.
--Há muitas formas de viver intensamente.
--Quais?
--As minhas...
--Porr*, mulher misteriosa dos infernos! Sinceramente não sei como é que nunca me apaixonei por ti.
Gargalhadas.
--Eu respondo. Porque não daria certo e porque até onde sei, não faço o teu tipo...
Risos.
--Tu fazes o tipo de qualquer criatura que saiba apreciar coisa boa.
--Meu Deus, me senti um pedaço de carne.
--Da melhor qualidade!
Gargalhadas.
--Por falar em mulher, Elena não vais acreditar...
--Chamaste-me de Elena, é séria a coisa.
Gargalhadas.
--Idiota. Mas voltando ao assunto, Troia. O Ethan levou-me a um evento surpresa. Passou o dia a dizer que eu adoraria...ele é todo atencioso sem ser chato...
--Hmmm...e?
--Troia, eu quase fiquei sem palavras...
--Tu?
Risos.
--Lugar maravilhoso. Espaço para comer, com uma cozinha de fusão que eu quase desfaleci, cada iguaria. Ahhh...
Risos.
--Mas, não foi tudo. Depois fomos para um espaço reservado a pocket shows, para pouca gente. Duas atuações soberbas e a última era...
Longo suspiro do lado de Milanka.
--Não...Jadah?
--Em carne, osso, sensualidade e voz divina.
--Acho que esqueceste outros adjetivos pelo caminho.
Risos.
--Troia, tu não vais acreditar. Não senti nada.
--Nada?
--Absolutamente e tu sabes o poder que essa diaba tem sobre mim...
--Ela viu-te?
--Claro. Pocket show para meia dúzia de privilegiados.
--E provocou, claro.
--O de sempre e que a idiota aqui quase sempre tem recaídas...
--Não sabias que ela estaria em Chicago?
--Não...
--Não?
--Não te contei, mas comecei com sucesso um detox dessa mulher, e começou por parar de seguir os passos dela nas redes...
--Milla, não vou esconder, estou muito feliz.
--Eu sei que sim. Primeiro, porque não és muito de dar opinião na vida dos outros e se o fazes...
--Sim senhora! E segundo, porque quero o melhor para ti. Essa instabilidade emocional não é saudável. Já sei que vais dizer que é bem melhor do que a minha vida morna...
--Não, jamais! Mil vezes a tua vida morna, a um vulcão insano como essa mulher. Quero o teu bem, Troia. Mas...
Gargalhadas.
--Vou sair hoje, caramba!
Risos.
--E faça o favor de voltar para casa de manhã. Passe o domingo todo a dormir, mas por um motivo plausível. Trabalho? Para a editora da Brigite?
Gargalhadas altas.
--Sabes o que me intriga?
--Hmmm?
Elena sorria, adorava aqueles momentos com a amiga. Não importava se presencialmente, ou a quilómetros de distância.
-- Que aparentemente não sentes falta de calor, confusão, tesão, orgasmos, loucura.
Gargalhadas felizes.
Por segundos, Elena teve uma espécie de flash. Veio-lhe à mente um sorriso inesquecível e um par de olhos rasgados. Eram reais ou peça da sua mente?
--Troia, estás aí?
--Deitada na minha cama.
Risos.
--Ouviste o que eu disse? Perguntei-te se não serias um ET.
Elena riu até doer-lhe a barriga.
-- Teu planeta só tem deusa? A única explicação para o teu caso...
--Seria?
Elena adorava as loucuras da amiga.
-- És um ET, de um planeta onde só tem seres maravilhosos, e nós, meros mortais, não conseguimos fazer cócegas nessa tua aura misteriosa.
Muitas gargalhadas.
--Adoro-te, doida.
--E eu mais ainda...ET maravilhosa.
--E para hoje? Esse Ethan, que eu ainda não conheço, vai levar minha amiga para qual céu?
Risos felizes.
--Ele adora fotografia, assim como eu, e queria levar-me a uma exposição. Acho que de algum fotografo que está a fazer muito sucesso.
--Hmmm interessante...
--Mas, já não vamos. Um casal de amigos dele está cá, são do Texas e vamos jantar com eles. Eu preferia ver uma exposição fotográfica de um génio, sob o olhar critico do meu crush, mas...
--Milla, está tudo bem?
Risos.
--Já sei. Tu me conheces...
--Hum-hum...
--Está fora do padrão, não está?
--Um pouco...
-- Sim, está diferente com ele e não parei para pensar, aliás nem consigo...
--Não passas a vida a bradar que sou racional e penso demais?
--Não retiro uma virgula.
Risos.
--Então? Pensar para quê? Não é apenas mais um crush?
--Sim...
--E estás feliz?
--Muito.
--Então está tudo certo.
--Elena, que vibe positiva é essa? Mulher bipolar...
Gargalhadas altas.
--Amo-te muito, sua doida. E onde anda esse crush, que permite que me faças rir por tanto tempo ao telefone? Jogando golfe?
--Golfe?
--Mas não é esse que é o empresário dos campos de golfe?
--Troia, preste atenção à minha vida amorosa.
--Mas não tinha um amante que era do golfe?
--Tinha, passado. O Ethan é empresário da área de restauração e tem uma pequena empresa de informática. Acho que de desenvolvimento de aplicativos...
--Hmmmm...
Risos.
--Ele foi a uma reunião, enquanto eu cuidava desse corpo maravilhoso que Deus me deu e tentava um contato com a ET, que mora ao lado do meu apartamento.
Gargalhadas.
--Mas, já avisou que em instantes entrará por aquela porta para me fazer feliz, por isso, adeus ET. Ah, e faça tudo que eu faria numa noite de sábado, e um pouco mais.
Gargalhadas.
*****
Depois da conversa com Milanka, Elena sofreu uma vertiginosa mudança de humor. Tinha combinado encontrar os amigos por volta das 9 da noite e decidiu que iria bonita. Raramente saía com o único propósito de se divertir, e Milanka tinha razão, um pouco de diversão não lhe faria mal.
A euforia era tanta que ligou o som do seu laptop no máximo e começou a dançar enquanto escolhia roupa.
Escolhida a roupa e todos os acessórios que queria usar, olhou as horas e percebeu que ainda tinha mais algum tempo livre, antes de começar a se arrumar.
Olhou-se ao espelho e desatou a rir, sem mesmo saber o motivo. Tirou a camisa que vestia e de sutiã e short jeans todo rasgado, começou a dançar.
A música era Something unreal dos The Script e ela pulava e gritava...Yeaaaaah. A liberdade que sentia era estranha e ao mesmo tempo viciante. De onde vinha aquele estado de alma?
Mykonos a olhava profundamente. Provavelmente, tentando entender aquela súbita mudança de atitude.
--Não me julgues, Myk. O prédio está vazio, posso ouvir música no último volume que ninguém virá reclamar.
Mykonos levantou ainda mais uma das orelhas.
--Sim, gato. A Milanka viajou e ela não reclamaria. Daniel deve estar perdido na Austrália, Sandra e a filha foram para a casa da mãe dela e lá em cima não tem ninguém. Sozinha. - Riu da cara de Mykonos.
O gato balançou o rabo e foi para a varanda.
--Ah Myk, esse povo nem deve saber que eu existo. Sou sempre quieta e educada, hoje quero dançar.
E seguiu dançando e pulando para o banheiro.
*****
Elena olhava para a mesa de amigos que aparentemente se divertiam, e pensava que Milanka estava coberta de razão. Claire passara grande parte da noite a reclamar do trabalho ou então a falar do apartamento novo. O namorado e os outros dois amigos também falavam pelos cotovelos, mas assuntos que não lhe interessava.
Aproveitou um momento que Claire atacava em outra frente e percorreu o pub com os olhos. Lugar interessante e com uma música muito boa. Sim, a vista era perfeita. Tinha-se a ilusão de tocar com as mãos o emblemático Chrysler Building.
Olhou com mais vagar para as pessoas. Tinha a mania de escolher aleatoriamente algumas pessoas estranhas e tentar imaginar a história delas.
Levou o copo de cuba libre aos lábios e foi nesse instante que experimentou uma espécie de formigamento pelo corpo. Uma estranha tinha acabado de entrar na porta norte do Pub e alguma coisa chamou a atenção de Elena. Seguiu-a com o olhar, ainda que de forma muito discreta. Era mestre nessa arte.
A mulher, de cabelos curtos e encaracolados, foi recebida por um homem que a abraçou efusivamente. Ele sorria para ela, mas Elena não podia ver-lhe a cara.
A calma que tão bem a caracterizava deu lugar a um desassossego, mas que nem de longe foi notado pelos amigos.
A cabeça fez um looping e a sensação de estar num universo paralelo voltou com força. A estranha do parque...o cachorro...o sorriso, a leveza...o encantamento...
Mas, aquilo fora real? Não, claro que não! Projeções de uma mente que não parava ou delírios de uma noite de insónia, ou...
Suspirou e decidiu ir ao toilete. Desculpa inventada para Claire, mas a colega nem ouviu. Já estava meio bêbada.
Na volta do toilete, olhou diretamente para a estranha. Não tinha nada a ver com a estranha dos seus delírios. Nem o sorriso, nem os olhos rasgados, nem a capacidade de...
--Ah, estou completamente insana. - Concluiu ao olhar para o relógio e decidir que já estava mais do que na hora, de pegar um táxi e voltar para o Queens.
Os amigos tentaram dissuadi-la, mas só precisou usar a desculpa de ter de trabalhar domingo e tudo se resolveu. Claire era a líder do grupo e totalmente aficionada por trabalho.
*****
4:30 da manhã. Elena já desistira de tentar fazer algum progresso no trabalho. Não conseguira escrever uma linha. Nada. Mas, não era nenhuma novidade.
O projeto, tal qual a sua vida, estava em standby.
Vida...
Sentou-se no parapeito da enorme janela e pasmou-se no silêncio lá fora. As luzes das casas todas apagadas. Claro, as pessoas dormiam...menos ela.
Não demorou a ter a companhia de Mykonos, que se enroscou nas suas pernas.
Prestou atenção na música que tocava, a partir do seu laptop. A única coisa que evoluíra naquelas horas...música.
Big girls cry, Sia... e de repente lágrimas, que ela demorou a perceber, lhe rolavam pela face.
Abraçou o gato com força. Mais lágrimas acompanhadas de soluços.
--É Myk, a Milanka está certa. Eu sou bipolar, doida, desequilibrada e sabe-se lá mais o quê...
Mykonos miou.
--Sou sim, gato. Mykonos, eu quero sair a essa hora...quase cinco da madrugada. O que achas que vou encontrar nas ruas? Quem sabe um tiro no meio da testa...
Mykonos pulou para o chão e correu para a cozinha. Elena ainda demorou algum tempo, perdida na sua confusão mental, mas decidiu despedir-se do seu amigo, antes de tentar dormir.
Ficou parada algures na cozinha, chamando Mykonos que tinha desaparecido. Prestou atenção às roupas que estavam na secadora e uma em especial chamou a sua atenção. O pijama de porquinhos tomando sorvete. Sorriu sem entender muito bem a razão.
Desistiu de encontrar o gato. Verificou se tudo estava trancado. A porta principal estava trancada e a chave não estava na fechadura.
--Estava assim quando acordei...
Bateu a cabeça já sem discernimento para entender mais nada.
*****
Domingo foi mais um dia lento e sem qualquer tipo de produtividade. Elena saiu da cama perto do meio dia e com a clara sensação que não dormira quase nada. Nada de novo. Comeu, alimentou seus bichos, tentou ler alguma coisa, mas a cabeça parecia desconectada.
--Culpa do álcool. - Repetiu essa frase algumas vezes, mas sabia que não era uma verdade absoluta.
Grande parte do dia foi passado à janela. Perto das quatro horas, resolveu sair para passear e levou Mykonos como companhia. Aqueles passeios, eram de certa forma rotineiros aos finais de semana.
Assistiram ao por do sol no Gantry Plaza Park, em Long Island City. Era um espetáculo que Elena não cansava de admirar. E que sempre lhe renovava as esperanças e a fé de que estava no caminho certo. Ultimamente sentia-se um bocado sem rumo, ainda que soubesse claramente onde queria chegar. Sempre soube, desde muito jovem.
Estaria obcecada? Conhecia tão bem o mundo em que atuava, que às vezes, muitas vezes, acreditava que não passava de uma menina de cidade pequena, deslumbrada com um mundo de gigantes nada amistosos.
"Tu podes ser o que quiseres!"
A frase que mais ouvira a vida toda. Mesmo em momentos conturbados, quando a mãe tinha que matar dragões como ela mesma dizia, a certeza de que tudo daria certo jamais esvaneceu.
--Melina...Melina...o que me dirias agora? O que verias nos meus olhos? Que saudade, mãe.
Riu ao perceber que falava sozinha. Olhou para os lados e as outras pessoas estavam tão presas aos próprios mundos, que sequer notaram a sua presença.
Já era noite, quando voltaram para casa. Já perto do seu edifício, ouviu um cão a ladrar. Parou abruptamente e não entendeu aquela reação. Cães a ladrar não era nada de extraordinário. Olhou de um lado para o outro, à espera de entender alguma coisa. Nada. Nem entendeu a reação inusitada e muito menos viu o tal cão.
--Preciso dormir, Myk. Hoje eu tenho que desligar a mente ou o corpo sucumbe...
Usava terapias alternativas para combater o problema de insónia. Drogas não eram o seu forte e ainda bem que a sua terapeuta partilhava da mesma visão. Contudo, já pensara várias vezes em tomar comprimidos para dormir dias seguidos.
Segundo a terapeuta, ela não precisava de muitas horas de sono, para manter o organismo funcionando em pleno. Provavelmente ela estava certa, já que seu semblante nem de longe denotava alguém, que praticamente não dormia.
Nos últimos tempos tinha conseguido alguma melhoria. Pelo menos as crises mais sérias, já não aconteciam há algum tempo...
Será? Mas, e os flashes que lhe perseguiam? Tão reais e ao mesmo tempo tão desconexos...
E logo agora Milanka tinha viajado...
Parou o olhar no aquário e viu seus peixes alheios ao seu quase desespero. Era quase desespero, porque não entendia claramente o que estava a acontecer. Talvez fosse um episódio diferente, dos seus surtos habituais...
Tantas dúvidas... mas, o fato curioso é que estava ansiosa por alguma coisa. E, não era uma sensação angustiante...
Apertou os olhos e teve medo. Seria loucura? Esse diagnostico jamais foi ponderado, aliás, segundo opinião médica, ela não tinha nada grave.
"Só precisas relaxar a mente, Elena."
Frase de eleição da sua terapeuta.
--Relaxar a mente...relaxar a mente. Mykonos, ei gato por onde andas?
Mykonos apareceu e em segundos estava no seu colo.
Relaxar a mente...relaxar a mente...Mantra.
Ouvia uma música ao longe e tinha a cabeça encostada na parede e um braço estendido. No limbo, percebeu quando o gato pulou para fora do sofá...
*****
Madrugada...
Elena andava no parque Astória há algum tempo. Não vestira roupas de treino, mas agora tinha vontade de correr para aplacar a ansiedade. Queria correr e esgotar o corpo, correr para não pensar em nada.
Ansiedade, isso era novo.
--Nunca fui ansiosa na minha vida. Quem tem o meu sonho, e que vem de onde venho, não pode ter a ansiedade como handicap.
Respirou fundo e esfregou as mãos nas calças. Olhou de um lado para o outro, como quem espera algo, alguém...
O relógio marcava quase 2 horas. Não era uma pessoa que desistia fácil das coisas, mas não sabia o que esperava...
Olhou mais uma vez e nada. Nada que lhe chamasse a atenção, nada que a fizesse querer ficar.
Levantou do banco experimentando algo perto de frustração. Deu alguns passos, a princípio sem muita convicção. Mas, já andava com passos firmes para a saída mais perto da sua casa, quando ouviu um cão ladrar. Conhecia aquele som...
Continuou a caminhar sem olhar para trás. Essa mania repentina, de prestar atenção a cães latindo. Loucura. Mas, loucura maior era o coração batendo na garganta e as pernas trémulas.
--Elena.
O vento bateu-lhe na cara e imediatamente parou de andar. O coração subia na garganta e as mãos tremiam. Aquela voz de sotaque inconfundível...
--Ei Elena. Será que me confundi? Não podem existir duas gregas diferentes, que gostam de correr na madrugada. - disse a voz ofegante atrás dela.
Elena virou devagar e foi presenteada com aquele sorriso. Sentiu moleza nas pernas, tremura nos lábios e uma vontade de gritar de satisfação.
--Já ias embora? - A pergunta pareceu-lhe tão sem sentido. Ir embora? E o brilho nos olhos da estranha? Tanta coisa...
--Olá...estranha. - Conseguiu falar e num tom inexplicavelmente calmo.
As duas riram com vontade.
O reencontro na madrugada parecia ser aguardado com a mesma intensidade...
Fim do capítulo
Que adoro escrever não é novidade para ninguem. Uma das coisas que mais me encanta na escrita é a possibilidade de ir para lugares que nunca fui, ser o que quiser através dos meus personagens e agir através delas rsrsrs
Quem me conhece pessoalmente vai me ver na cena de Elena dançando alucinadamente ao som de Something Unreal dos The Script ( banda que eu adoro)e gritando Yeeeeah kkkkk
Ah, essa musica me deixa leve e carregada de esperança.
Abraço e boa leitura.
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Sione
Em: 06/01/2024
Moça tu és de longe a pessoa que me faz viajar em todas as suas escritas, amo parar de vez em quando para dar aquele suspiro, fechar os olhos e imaginar tudo isso que você passa ao escrever aqui para nós leitoras.
E vamos lá para esse segundo encontro.
Sione
Em: 18/01/2024
E o que fazes é maravilhoso, nos faz viajar nas palavras, isso realmente é um dom e não é pra qualquer pessoa não, é para aqueles seres iluminados.
Tu es muito especial moça.
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Veka
Em: 23/04/2020
kkkkkk... já imagino Myk, ahhh humana, devaneando a essa hora da manhã? Tô com fome! Puxa logo para a cozinha!
Gentchy, oq uma madrugada com uma estranha não faz... a pessoa dormiu o dia todo!
"Ah Troia, tu és um desperdício retumbante." Ahhhh as amizades! kkkkkkkkkk.... adoroooo.... Ahh essas conversas!!!! kkkkkk....
Elena sou eu tentando acompanhar a vida amorosa de uns amigos! kkkkkkkk....
A bipolaridade reina....
Temos algumas questões emocionais e um mistério por aqui, não é Elena? Surtos... verdade ou ilusão...
E esses encontros na madrugada...
E vamos lá ver o que isso irá render...
Até!
Ps: Te vi dançando por aqui! ;)
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cris05
Em: 20/04/2020
Mais um capítulo maravilhoso! O problema é que termina, e na melhor parte. E SE... eu morrer de ansiedade hein, autora? Kkkkkk...Brincadeirinha.
Amo as conversas da Elena com o gato. Amo as conversas da Elena com a Milanka. Amo os encontros com a estranha. Amo as músicas que a autora indica. Resumindo: Amo essa história (pra variar)!
Espero que esteja melhor da tendinite, Nadine.
Beijos e até o próximo capítulo.
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Vanderly
Em: 20/04/2020
Olá Nadine tudo bem?
Olha essa Elena e seu gato deixou-me zonza. Afinal ela está sonhando ou esse negócio é real?
Muitas risadas com ela e suas conversas com o gato.
Também amo gatos!
Beijos â¤ï¸!
Resposta do autor:
kkkkkkkkkkkkk se estás em duvida, quer dizer que meu objetivo foi alcançado. Palmas para mim kkkkkkk
Bjs e muito obrigada
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brunafinzicontini
Em: 20/04/2020
“... a tua Elena não acerta todos os ponteiros.” Dei boas risadas, Nadine. Você é hilária - e é engraçada essa mania de conversar com o gato.
Mas realmente Elena "não acerta" muito os ponteiros. Tão ansiosa, enxergou a estranha no bar. O encontro da madrugada realmente mexeu muito com ela, a ponto de se sentir doida. E depois de tanto desassossego, novamente um encontro na madrugada! Ah... Deus! Quem ficou ansiosa agora fui eu! Um sonho se realizando.
By the way... adorei Something Unreal, dos Script! Queria mesmo ver você dançando como Elena...
Até mais, autora querida! Obrigada por nos alegrar o domingo. Sigamos para mais uma semana de retiro.
Beijos,
Bruna
Resposta do autor:
Bruna :)
A Elena nao acerta todos os ponteiros e acho que é aí que reside a maior parte do charme dela rsrsrs
Something Unreal é TUDO. Eu vivo com essa musica.
Bjs e muito obrigada
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Lii37
Em: 19/04/2020
Ai ai coração! Estamos ferrados. Isso que dá ler histórias de Nadine.
Nos encantamos e ficamos viciados. Ela malvada como sempre para na melhor parte. Kkkkk
Desejo que tenha muita inspiração e volte logo minha Deusa cunhã da escrita.
Bjs
Lii
Resposta do autor:
Kkkkkkkkkk não sou tão má assim. Minha ideia com essa historia era publicar duas vezes na semana, mas estou limitada. Tento meu melhor, mas nem sempre vai ser possivel.
Muito obrigada.
Bj
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paula7
Em: 19/04/2020
Autora,
Amando essa coisa toda de esperar por momentos na madrugada....quem me dera acontecer comigo...esses encontros com uma estranha....
O mais legal e que a Elena espera esse encontro na vida real...muito louco isso..tem lembranças...mas não certezas..
Autora espero que se recupere logo da sua tendinite e uma dor horrível, mas vai melhorar..
Bjo
Resposta do autor:
Kkkkkkk esses encontros na madrugada sao bons demais.
Muito obrigada. Bj
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NovaAqui
Em: 19/04/2020
NH!
Hoje foi difícil terminar a leitura desse capítulo. Olha que disputa:
Live da Simone, uma das minhas cantoras preferidas, ou melhor, minha cantora preferida â¤ï¸, live do médico que fez cirurgia em mim e em minha esposa e seu capítulo.... Foi difícil terminar, mas deixei as Live ali baixinho para terminar esse capítulo.
E elas se encontraram novamente. Só falta a estranha dizer o nome. Acho que no próximo capítulo saberemos. Oremos
Minha esposa e minha filha falam que: quanto mais alto está o som, mais disposição para fazer as coisas eu tenho kkkkkk e se forem aquelas músicas que me fazem cantar loucamente, aí eu limpo até o corredor do prédio kkkk
Ultimamente eu tenho ouvido uma playlist do YouTube com 235 músicas Sobre protesto e Liberdade - ditadura Nunca mais: Chico, Caetano, Elis, Geraldo Vandré, Bethânia, Clara Nunes, Simone, Legião, Taiguara, Ivan Lins, Gal, Gonzaguinha E tantos outros
Espero que esteja tudo bem nessa Terra Linda e Abençada
LVY
Abraços fraternos procês aí â¤ï¸ðŸ¥°ðŸ˜˜
Resposta do autor:
kkkkkkkkk pois é, tempos de lives. Eu como nao vejo live, escrevo quando o braço permite kkkkk
Assista as tuas lives meu bem, os capitulos vao sempre estar aqui, pelo menos enquanto estou a desenvolver a história.
Eu amo musica e sou parecida ctg, se gosto sou capaz de limpar o predio todo. Só nao gosto de musica alta. Alta so no headphone e mesmo assim num volume normal :)
Bjs e muito obrigada
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Nadine Helgenberger Em: 18/01/2024 Autora da história
Muito obrigada. Eu amo o que faço.
Bjs