Por Acácia:

Depois que a Helane foi embora, voltei para dentro da casa como se flutuasse. Pensei o quanto ela surpreendeu-me; não fizemos amor, ou melhor não fomos até o fim; porque ela controlou a situação. Com aquela atitude vi o quanto ela foi racional. Eu não teria conseguido, as emoções fortes me deixam impulsiva. Só a timidez freia a vontade de fazer loucuras.

Percebi que a Helane não se deixa dominar pelas emoções. Não que ela fosse uma criatura indomável, mas possuía um auto controle nunca visto em alguém, que eu conhecesse.

Reconheci o quanto sou legível demais; pois deixei claro o quanto ela dominava sobre mim; enquanto ela mostrou-se indecifrável. Ela tinha a opinião formada, e não se preocupava com o que as pessoas pensavam ou falavam sobre si; do contrário não teria me agarrado daquele jeito na frente de casa. Já eu não sei como irei reagir, quando as pessoas começarem a falar.

Eu aceitei seu pedido de namoro, agora precisava falar com meus pais, e também com a Yasmin; antes que eles ficassem sabendo por terceiros, e de uma forma vulgar. Então eu teria que está um passo a frente das fofoqueiras da rua.

Apesar das fortes emoções tive uma ótima noite de sono. Acordei um pouco mais cedo pois precisava conversar com meus pais o quanto antes. Tomei um banho rápido, me vestir e desci. Logo de cara encontrei meu pai mexendo no carro. - Bom dia pai! - Cumprimentei lhe dando um beijo num lado da cabeça e recebendo outro. - Bom dia filha, vejo que levantou mais cedo hoje! - Sim, preciso conversar com o senhor,e com a mãe, antes de irmos para o trabalho. - Vá indo pra cozinha, enquanto tiro essa graxa das minhas mãos. - Meu pai falou limpando as mãos com um pedaço de estopa.

Minha mãe estava arrumando a mesa do café quando entrei cumprimentando-a. - Bom dia mãe! - Oi querida, bom dia! - Minha mãe falou enquanto eu a beijava. Sentei e fiquei esfregando as mãos uma na outra, um pouco nervosa. - Pronto filha,pode falar! - Meu pai disse entrando e sentando numa cadeira de frente a mim. - Pai, mãe, o que eu vou falar é meio complicado, mas gostaria que vocês me ouvissem sem interrupções. Bom, eu conheci uma pessoa há pouco tempo, mas não sei como a gente foi se encontrando por acaso, as coisas foram acontecendo, a gente foi se envolvendo, e ontem fui pedida em namoro e aceitei. - 

Meus pais olharam um para o outro, depois para mim que estava trêmula. - Filha, você está nos pedindo permissão prá namorar aos vinte e cinco anos, ou apenas quer nossa benção? - Meu pai falou com um sorriso de canto. - Não fala assim Agenor, a menina já estar nervosa e você ainda a interrompe! Continue filha! - Minha mãe falou olhando feio para meu pai. Minha coragem foi embora, fiquei sem palavras, estática, não conseguia encarar meus pais. Sabia que eles queriam um nome, mas estava muito difícil pra mim; vi que ainda não estava preparada pra suportar uma possível rejeição deles.

- Filha, você não precisa ter receio de nós, somos teus pais e te amamos muito! Você é nossa princesa Cá. Fique tranquila, nós já entendemos, e não achamos complicado você namorar uma moça em vez de um rapaz; desde que essa pessoa goste de você e te respeite. - Meu pai falou sério, e minha mãe baixou a cabeça. - Pai, como o senhor ficou sabendo, alguém te contou algo? - Perguntei emocionada.

- Não filha, ninguém disse nada, mas vocês disseram. Veja bem: eu sou um homem vivido; desde o aniversário da minha neta que aquela moça apareceu aqui, você foi mudando, mais distraída, pensativa, alegre você sempre foi, mas ri atoa só quando a gente se apaixona. Logo na festa eu saquei o interesse dela por você. Ela não perdia a oportunidade de trocar olhares com você. Todos foram embora,mas ela ficou, me ajudou. Não estou dizendo que ela só ajudou porque estava interessada em você; mas se não fosse por você, teria ido embora quando terminamos, mas ela subiu pra conhecer tua casa. E te garanto que se o acaso não tivesse colocado vocês na mesma estrada; ela daria um jeito de te encontrar.

Quer saber o quanto essa moça gosta de você de verdade? Convide pra jantar conosco hoje, pois sei que você não terá aula, pois ainda não ficou pronta a troca do encanamento da escola. - Pai, assim a Helane vai se sentir pressionada! - Filha, vocês têm pouco mais de uma semana que se encontraram, e ela já te pediu em namoro. Convide e pronto! - 

Fiquei pasma com a atitude do meu pai, mas estava feliz pô ele não ficar contra mim. Minha mãe muito tímida apenas sorria envergonhada. Mas antes que eu fosse acordar a Yasmin pra conversar ela disse: - Olha filha, eu sempre rezei pedindo, que você encontrasse uma pessoa boa pra cuidar de você, e da minha neta. Parece que minhas preces foram ouvidas.

- É verdade filha, eu e sua mãe sempre conversávamos sobre o fato de você ser só, e torciamos para que você se curasse da decepção que sofreu com o Rogério, e encontrasse o amor dos teus sonhos. É claro que nunca cogitamos a idéia de que seria uma moça ao invés de um rapaz, mas se essa é a forma que você encontrou para ser feliz, nós iremos apoiar no quê for preciso. Quanto a teus irmãos não se preocupe, eles entenderão. Apenas seja discreta com as pessoas de fora, pois apesar dos avanços, ainda há muita gente má e preconceituosa. - Meu pai falou, e logo depois os dois me abraçaram.

Após tomarmos o café, subir e já encontrei a Yasmin arrumando a cama, como sempre a ensinara. Bom dia meu amor! - Falei depositando um beijo no topo da sua cabeça. - Bom dia mãe! Pensei que a senhora já tinha ido trabalhar, pois assim que acordei, fui ao banheiro, vi a porta do teu quarto aberta e a cama já arrumada. - Ela disse me abraçando. - Levantei mais cedo e fui conversar com seus avós. Teu café está pronto, vá indo pra cozinha que vou terminar de me arrumar.-

Entrei no meu quarto, peguei minha bolsa, a sacola com meu jaleco branco; olhei meu celular, tinha uma mensagem da Helane, respondi, joguei dentro da bolsa e fui em direção a cozinha. A Yasmin comia calmamente uns pãezinhos frescos que minha mãe fizera, uma fatia de bolo de laranja e tomava suco de abacaxi. - Não vai comer mãe? - Ela perguntou assim que me viu sentar e ficar apenas observando. - Já tomei lá em baixo com seus avós! -

Esperei ela terminar sua refeição e só então falei: - Filha, o que você diria se soubesse que eu encontrei uma pessoa pra namorar? - Ela me olhou pensativa. - Não sei dizer mãe,mas se for uma pessoa legal, que goste muito da senhora e também possa gostar de mim; diria que é bom. - Lágrimas vieram em meus olhos, minha filha tão pequena, e tão sábia. - E, se a pessoa for diferente, se não for um rapaz? - De repente os olhos da Yasmin brilharam. - Diferente, tipo a tia Beca ou a tia Lane? - Fiquei assustada com o nível de informações que havia na fala da minha filha. Aquela criança só tinha oito anos e estava captando coisas além da sua maturidade. Corei violentamente com o olhar divertido da minha filha após sua fala; pigarreei e tive que abrir a boca afinal a adulta era eu. - É, mas explique, como você chegou a essa conclusão? - Ué, a senhora falou-me, e se não for um rapaz? Então é óbvio quê é uma moça. E eu só conheço duas moças que gostam de meninas; a tia Beca e a tia Lane.-

Meu coração estava em tempo de sair pela boca, não sabia se ria ou chorava de tanto nervoso. Meu avô dizia que "o amor deixa a gente burro", e lá estava eu com cara de idiota, diante de uma menininha.

- Então filha, eu e a Helane estamos namorando, quero dizer, ela pediu pra namorar ontem e eu aceitei.- Falei toda encabulada. - Eu já imaginava! Ouvi sem querer uma conversa do vô com a vó; sobre achar que a tinha Lane gostava da senhora como mulher. Depois, naquele dia que fui tomar sorvete, ouvi a tia Déa fazer um comentário, com a tia Lane, sobre está rolando algo com alguém; então fiquei prestando atenção na conversa, e apesar delas não falarem nomes, entendi que falavam da senhora, quando falou algo sobre buscar no curso, daí peguei no sono. - Filha, é feio ficar ouvindo a conversa dos outros! - Reclamei fingindo estar brava. - Eu sei mãe, mas foi sem querer, e por uma boa causa.-

Meu celular vibrou, era outra mensagem da Helane, respondi e tive que encerrar a conversa com a Yasmin, pois as horas avançaram e o dever me chamava. Por sorte peguei carona com meu pai que deixou-me no local do estágio.

Já passava de meio dia quando chegou uma nova mensagem da Helane, mas não pude abrir para responder, pois o celular ficou sem bateria, então assim que cheguei no trabalho coloquei para carregar. Somente depois das 16:00 horas é que fui ver a mensagem. Precisava falar com ela sobre o jantar, mas faria isso pessoalmente. Eu deveria ligar quando estivesse saindo do trabalho, o que fez eu crê que ela viria me buscar. Pelo ao menos foi o que eu entendi da mensagem.

Assim que coloquei os pés na calçada, a Helane já aguardava por mim com os dois capacetes nas mãos, e aquele sorriso lindo que me deixava boba. - Boa tarde meu bem! Como foi o teu dia? - Ela falou entregando um dos capacetes e beijando meu rosto. - Boa noite Helane, está sendo ótimo! E o teu? - Falei retribuindo o beijo. - Vai ficar ótimo agora com você do meu lado. Respondeu enquanto ajeitavamos os capacetes.

Fiquei tão entregue a quentura dos nossos corpos enquanto seguiamos, que de olhos fechados não pude ver que ela tomara outro caminho; só quando a moto parou mais rápido do que estava acostumada que vi quê estávamos em outro bairro. - Eu vou te levar pra casa, mas antes quero apresentar a minha namorada para umas pessoas que moram aqui. - Helane falou divertida com minha cara de assustada. Entramos, e assim que vi uma senhora sentada confortavelmente numa poltrona, a reconheci.

Por Helane:

Boa tarde Helane! Vejo que você mudou muito de seis anos para cá. Só não contava te encontrar tão mal educada. E respondendo a tua pergunta, vim,por causa do serviço quê teu escritório prestará a empresa para a qual trabalho. - Érica respondeu-me com um sorriso cínico nos lábios, demonstrando certa arrogância, enquanto estendeu-me uma pasta com alguns documentos fiscais a serem analisados. - Sim, eu e meu cunhado fizemos um contrato de prestação de serviços para essa empresa, e o advogado ficou de voltar hoje com as devidas assinaturas, mas não lembro de alguém ter citado teu nome durante esse processo. - Falei sem ao menos convidá-la a sentar. Queria ver até onde iria aquela pose dela. - Então,o Antônio Carlos é apenas nosso estagiário, eu é quê sou a responsável pelos trâmites legais, o setou fiscal dessa filial estava uma bagunça; a solução prática foi contratar um escritório de contabilidade responsável para nos ajudar a arrumar tudo, antes que um auditor da Receita federal bata na porta e o prejuízo seja inevitável. Confesso que eu não viria pessoalmente, mas quando vi o contrato desse escritório me bateu uma curiosidade por causa do sobrenome Borba.

Na verdade já estive aqui hoje, encontrei teu cunhado, nos falamos rapidamente ele estava saindo para o almoço, mas garantiu que você estaria aqui no horário marcado.-

O contrato que redigimos estava perfeitamente assinado pelos responsáveis legais, os documentos que pedimos constavam na pasta, parte do pagamento já tinha sido transferido para a conta do escritório, constatei ao ler a notificação no celular enviada pelo banco, só então vi a chamada perdida do meu cunhado, provavelmente pra me avisar da visitante e do cliente agendado; ele tinha mania de me ligar em cima da hora.

- Bom, pode sentar-se enquanto preparo o recibo. - Preparei o documento ela assinou a parte que ficava comigo, Eu também assinei o recibo da transferência e lhe devolvi. Depois de tudo acertado olhei as horas, eram 17:30, lembrei de uma certa loira que com certeza me ligaria a qualquer momento.

- Helane, me perdoe por ter ficado todo esse tempo sem dá notícias. Você sabe como eu era totalmente dependente dos meus pais. Durante anos eles me monitoravam, praticamente vivia numa prisão. Quando saí daqui fiquei quase dois anos numa clínica de recuperação, porque segundo eles eu estava doente. Depois me mandaram para Portugal, lá fiquei na casa de uma tia, e deixaram-me fazer faculdade, desde que nunca tentasse falar com você. Estou de volta a pouco mais de um ano, mas só agora tive coragem de procurá-la. Eu juro que não houve um dia,em quê não pensasse em você.-

Fiquei olhando para aquela mulher na minha frente, mas não vi mais a menina por quem fui apaixonada um dia. - Tudo bem Érica eu te perdôo. Mas, vamos deixar o passado onde ele estar, e viver apenas o hoje. Eu tenho um compromisso e já estou quase atrasada. Vou analisar tudo direitinho, se faltar algo comunico com vocês. - Levantei, estendi minha mão num cumprimento formal e fui levá-la até a porta.

Meu celular tocou e fui atender: - Alô! - Era a Acácia. - Oi, você pediu pra ligar. - Sim, aguarde uns minutinhos que já chego aí meu bem! - Eu não costumava sair do escritório aquela hora, as vezes ficava até as oito,nove da noite; mas agora, eu tinha uma mulher linda pra cuidar, então tinha que dá prioridade, pensei enquanto descia as escadas correndo feito uma criança.

Resolvi fazer uma surpresa para a Acácia, e outra para meus pais; eu a levaria para casa, mas só depois de apresentá-la para eles. Quando parei a moto em frente ao portão de casa e informei a Acácia, minha namorada ficou branca que nem papel, desesperada. Ajudei a descer da moto e tirar o capacete, pois parecia que ia desmaiar. Entramos e já encontramos minha mãe sentada na sua poltrona assistindo a tevê. Oi mãe! - Falei enquanto lhe dava um beijo. - Boa noite pra vocês! Vem cá querida dá-me um abraço! - Minha mãe falou direcionando seu olhar para a Acácia que se escondia em vão atrás de mim. Boa noite dona Helen! Desculpe aparecer assim toda descabelada, e desarrumada, é que a Helane trouxe-me de surpresa. - Acácia falou enquanto a minha mãe a abraçava forte. - Que é isso meu bem, você está linda, chame-me apenas de Helen! - Enquanto elas trocavam cumprimentos meu pai chegou tocando no meu ombro, beijando minha cabeça, ficando do meu lado e sussurrando em meu ouvido. - Quê norinha mais linda tu foi me arrumar! - Eu sorri de satisfação.

- Acácia, este é meu pai! - Falei e meu pai foi logo a puxando para um abraço e beijo na cabeça. - Prazer, seja bem-vinda a família Borba! Pedro Borba a tua de disposição, mas pode me chamar de sogrão! - Todos rimos da rima do meu pai; até a Acácia deu um sorriso tímido e aos poucos seu rosto foi ficando corado.

Então vocês ficam para o jantar? - Minha mãe perguntou. - Hoje não será possível, pois meus pais estão esperando a gente para o jantar. - Acácia falou me pegando de surpresa. - Acácia, fica aí conversando com meus pais enquanto tomo um banho rápido. - Ela fez um gesto afirmativo com a cabeça e eu corri para o quarto. Quando voltei para a sala os três estavam numa conversa animada, que pareciam amigos de longa data. Fiquei parada observando, até que minha namorada olhou na minha direção. - Vamos! - Falei já beijando meus pais.

Assim que parei a moto em frente ao portão, esse começou a abrir-se por si só, e logo pude ver seu Agenor junto a Yasmin com um controle na mão. Entrei e parei a moto no lugar de sempre. Quase nem tinha conseguido descer e a Yasmin já se jogava em meus braços. - Tia Lane! - Oi meu bem! - Falei enquanto a abraçava forte. - Calma filha, assim você derruba a Helane! - A Acácia falou sorrindo.

- Ah mãe, a tia Lane é forte igual o vô! Não é como a senhora e a vó que quase cai quando pulo no colo. - Todos gargalhamos da fala da Yasmin. A coloquei no chão e fui cumprimentar seu Agenor. - Boa noite seu Agenor, como tem passado? - Falei enquanto lhe estendia a mão que ele apertou firme, mas depois surpreendeu puxando-me para um abraço apertado; só então respondeu. - Boa noite filha! Eu estou muito bem e você? - Estou ótima! Obrigada! - Falei quando nos separamos.

- Helane, fica na companhia do pai enquanto tomo um banho? - Acácia falou baixinho. - Claro meu bem, fique a vontade. - Ela erubesceu e saiu rapidamente em direção a escada que dava acesso a sua casa. Vamos entrar! - Seu Agenor falou caminhando em direção a uma varanda enorme onde havia algumas poltronas de madeira forradas com almofadas marrom, duas espreguiçadeiras e uma cadeira de balanço. Adentramos pela porta aberta, e a figura da dona Carmélia apareceu com aquele mesmo sorriso tímido a cumprimentar-me. - Boa noite! Seja bem-vinda! - Apertei sua mão, mas achei por bem aproximar-me, depositando um beijo sobre o topo da sua cabeça, que retribuiu com um tímido abraço. - Boa noite dona Carmélia! Obrigada! -

Fui convidada a sentar-me a mesa, seu Agenor me ofereceu um aperitivo que recusei pois não bebo. Logo a Acácia chegou com a Yasmin, o jantar foi servido; uma massa com ervas finas bem leve, acompanhada de salmão levemente grelhado, uma salada de alfaces, vinho branco suave para os adultos, suco de uvas para a criança, e água. Jantamos em silêncio, senti-me num momento de meditação, nem mesmo a Yasmin falava, mas percebi que todos os olhares discretamente se voltavam pra mim em algum momento.

Surpreendida eu estava, mas resolvi quebrar o silêncio, assim que notei que todos estávamos satisfeitos e surpreendelos. - Com licença! - Falei levantando da mesa, e recebendo a atenção deles.

- Seu Agenor, dona Carmélia, Yasmin! Eu sei que a gente se conhece muito pouco, mas esse pouco passou a significar muito para mim. Nunca pensei quê um dia eu estaria de pé diante da família de uma garota, para pedi, não a permissão pra namorá-la, mas que permitam-me descobrir junto com ela o significado de nós. - Suspirei fundo, olhei para a Acácia, ela estava igual camarão frito, a Yasmin sorria de orelha a orelha, dona Carmélia olhava pra mim tão corada quanto a filha, mas logo desviou o olhar para o marido, seu Agenor fitava-me de forma indecifrável; levantou-se, veio até mim, pôs a mão no meu ombro e disse olhando para a Acácia. - Filha, você estava com medo de quê a senhorita Helane se sentisse pressionada com o jantar, agora me diz, quem estar pressionando quem? - Em seguida virou-se para mim e soltou: - Tu és mesmo filha legítima do Pedro Borba, cabra macho, que fez uma filha fêmea mais destemida do que muitos homens que conheço. Olha, por mim vocês já podem casar.-  Depois de alguns tapinhas nas minhas costas,encerrou o discurso.

Ficamos todos emocionados, mas só a Acácia não conseguiu conter o choro, quando finalmente nos abraçamos, ela deu vários tapas em minhas costas, que já ardiam dos tapinhas do meu sogro. - Poxa Helane você queria me matar de emoção? Achou pouco o que fez comigo na sua casa? Ainda te mato! Eu deixo você me matar! Sussurei em seu ouvido e ela ficou arrepiada.

Depois de algum tempo a Yasmin reclamou de sono, nos despedimos, subimos para a casa da Acácia, a Yasmin foi escovar os dentes, depois voltou pra dá-me um beijo. - Quando a senhora casar com minha mãe, promete me levar pra cama no colo todas as noites? -

Fim do capítulo