Um olhar esverdeado se prolongou na mão da pessoa que se movia ao seu lado. Sua boca secou nesse instante e os batimentos em seu peito esquerdo aceleraram. Queria sentir aquela mulher que usava uma roupa de malha colada ao seu corpo.

Sem pensar duas vezes, envolveu aquela mão desejada com a sua mão e notou que Sófia sorriu satisfeita.

Já passava das dezoito horas e estava fazendo o mesmo percurso de sempre com os seus cachorros, mas algo estava diferente do dia anterior, parecia que o amor que existia pela outa havia aumentado.

— Como foi seu dia, amor? —Raquel perguntou a Sófia enquanto andavam de mãos dadas.

Quase não haviam se encontrado naquele dia na construtora, estavam muito ocupadas com seus afazeres.

— Bom... e estanho — Sófia sorriu fazendo o coração de Raquel se aquecer.

— Por que estranho? — Olhou para suas mãos unidas. Era tão maravilhoso estar assim com a mulher que amava.

— Ricardo... ele não apareceu na construtora. Isso não é comum de acontecer.

— Ele realmente não é disso.

— Amor — Sófia parou fazendo a engenheira fazer o mesmo — As coisas andam muito estranhas... Ricardo não é o mesmo. Temo ele fazer alguma coisa se ele realmente estiver sabendo de nós. Ele não é confiável — Falou ao se dar conta de que não poderia mais confiar em seu ex.

— Eu não queria dizer isso, mas concordo contigo... Ele não está normal... Sinto por vê-lo nessa situação — Raquel abaixou o seu campo de visão.

— Ei... Não fique dessa forma... Não temos culpa. Ele poderia muito bem reagir de outra forma ao termino, mas ele escolheu agir dessa forma.

—Eu sei, você está certa — Sorriu um pouco sem jeito — Eu te amo, Sófia, não vou mais desistir de você por conta disso, mas acho que precisamos tomar cuidado no momento. Melhor as pessoas ainda não saberem sobre nós.

— Vamos deixar passar um tempo do meu termino com Ricardo — Voltaram a caminhar enquanto observavam Nino e Nina que andavam juntinhos na frente — Mudando de assunto, meu pai já vai embora e não sei como lidar com isso.

— Ele podia ter ficado mais com você... até para eu conhecê-lo melhor. A gente teve pouco contato.

— Tiveram pouco contato, mas ele amou você... ele sabe o quanto você me faz feliz e bem.

— Ele é uma pessoa maravilhosa. Foi uma sensação tão boa que senti quando ele disse que eu fazia parte de sua família agora — Raquel disse pensativa, pois sabia que em sua casa, ele não encontrava o que Geraldo havia lhe oferecido na noite anterior. Foi um abraço sincero, foram palavras sinceras... havia verdade em tudo que Geraldo havia dito. Ele tinha sido ele mesmo ao dizer tudo aquilo, não forçou uma aproximação.

Sófia ao notar que o olhar de Raquel passou a ser distante, apertou com um pouco de mais força a mão da sua companheira.

— Não quer desabafar um pouco? — Perguntou, pois notou que sua amada precisava disso, colocar para fora o que sentia com relação a sua família.

Raquel respirou fundo — Sabe, eu sinto a necessidade de ser aceita por meus pais. Bom... eles são minha família, as pessoas que tenho... queria ter um motivo para orgulha-los... queria voltar a ter um lugar aqui, mas parece que não me cabe mais... a empresa não é um lugar que me sinto confortável... Noto que parece que nesses 5 anos, na vida de meus pais, eu não existi... eu não existia para eles... e agora voltei, mas parece que ainda não existo... que tudo que estou fazendo é em vão, pois estou tentado ter algo que não me serve mais — Disse sentindo seus olhos marejarem.

— Amor, eu sei que você está se esforçando muito para voltar a fazer parte da vida da empresa e de seus pais, mas será que isso não está custando sua felicidade?

— Está, eu notei que estava custando minha felicidade quando me vi longe de você e com medo do que eles pudessem pensar... eu estava sendo infeliz, para poder voltar a ser considerada uma filha para eles, mas eu sei que não estou conseguindo... O meu pai noto que está tentando, mas a minha mãe... Parece que para ela, ela só tem o Ricardo de filho e eu fico perto para manter as aparências — Deu uma pausa — Amor, eu não queria te assustar, mas acredito que minha mãe pode ser ainda pior do que Ricardo.

— Eu não estou entendendo.

— Ela é capaz de fazer tudo para deixar o Ricardo feliz e para fazer suas vontades... ela não liga para mim, mas pelo Ricardo, ela é capaz de tudo — Disse sentida, pois sabia que sua mãe não se importava com ela da mesma forma que com o irmão.

_*_

Raquel abriu a porta de seu apartamento e se deparou com Norma sentada em seu sofá muito pensativa. Sorriu ao se dar conta do que tinham acontecido.

— Transaram? — Raquel perguntou ao se lembrar de como Norma falava com ela quando conheceu Sófia.

— O quê? — Parecia que estava tão perdida em seus pensamentos que não havia notado sua presença ali.

Raquel balançou sua cabeça negativamente enquanto sorria.

— É, agora só faltam marcar para trans*r — Abaixou-se para tirar a guia de Nino que depois foi correndo para seu prato de ração.

— Raquel, não é nada disso que você está pensando.

—Uai, e quem disse que estou pensando alguma coisa? Você acha que estou pensando o quê?

— Que eu trans*ria com a Laura — Disse se sentindo totalmente desconfortável ao pensar na possibilidade — Como seria passar uma noite com uma mulher? — Pensou e olhou para Raquel. Sua amiga sabia, mas a advogada não queria tirar suas dúvidas sobre isso com a engenheira.

— Tá pensando o quê?

— Nada — Balançou a cabeça tentando dispersar aqueles pensamentos — Estava com a Sófia?

Raquel sorriu ao notar que a amiga queria mudar de assunto. Poderia insistir para saber como havia sido o almoço entra as duas mulheres, contudo, achava que Norma não estava preparada para falar sobre isso. Já que ainda era algo novo entre elas.

—Sim, saímos para caminhar com as crianças.

— Nino deve estar todo feliz.

— Se você não estivesse aí toda distraída pensando na Laura, você teria visto a felicidade dele — Sorriu ao pensar.

— O que houve, Raquel? — Norma perguntou desconfiada e nervosa. Sabia que sua amiga só poderia estar tentando saber o que ela estava pensando com relação a Laura.

— Nada, tava aqui me lembrando da Sófia — Mentiu — O Nino está muito feliz. Você sabe, ele ama a Nina.

— Claro que sei, o mesmo dia que você ficou caidinha pela Sófia, ele também ficou — Norma se levantou — Vá tomar um banho que eu vou preparar algo para comermos.

— Está bem — Raquel se levantou do sofá e em seguida depositou um beijo na testa de Norma — Norma, você sabe, você pode me contar tudo... seus medos... seus desejos... eu estou aqui para isso... sou sua amiga... bom... somos uma família... não de sangue, mas há um laço forte que nos une.

— Eu sei disso, meu amor, quando eu estiver sabendo o que estou sentindo, eu te conto.

— Certo — Voltou a beijar a testa de Norma e depois seguiu para o quarto.

Enquanto notava Raquel se afastando, Norma sorriu ao se dar conta de que podia contar com a engenheira para tudo.

_*_

Chegando ao seu quarto, Raquel começou a despir suas roupas e a cada movimento que fazia, lembrava de Sófia. O passei havia sido agradável com a mulher que amava.

O celular tocou avisando que uma mensagem havia chegado.

Ao pegar o celular que estava sobre a cama, Raquel se deparou com uma mensagem de Sófia.

“Oi, amor!

Estou mandando essa mensagem para dizer que foi muito bom passar esse tempinho com você. Na verdade, eu queria dizer que já estou sentindo sua falta rsrs Eu sei, faz pouco tempo que nos vimos, mas é que está sendo tão difícil ficar longe de você... queria te ter sempre por perto”

Outra mensagem

“ Ahhh... foi muito bom você se abrindo para mim, hoje. Contando como você se sente com relação a sua família.”

Raquel sorriu ao se dar conta de que se sentia da mesma forma que Sófia. Já estava com saudade, mesmo tendo acabado de se ver.

“Oi, meu amor!

Sinto da mesma forma que você. Já estou com saudade. Não vejo a hora de te ver novamente... queria poder ficar mais tempo contigo... Senti tanta vontade de te pegar nos meus braços e te encher de beijos. Você é uma pessoa incrível em minha vida e ficar longe de você está sendo muito... muito difícil. Bom... eu vou tomar banho agora e o que eu mais queria era ter você aqui comigo.”

Após enviar a mensagem, Raquel jogou o celular sobre a cama e seguiu para o banheiro.

Ao sentir a água morna tocando seu corpo, Raquel fechou os seus olhos e levou as suas mãos até os cabelos. Estava em um momento relaxante... um momento somente dela.

O líquido transparente escorria pelo seu corpo, a sua mente viajava enquanto suas mãos começavam a percorrer o seu corpo. Seu pensamento passou a ir para de encontro a Sófia. Tudo ao seu redor parecia não existir mais. A sua pele se arrepiou... as suas mãos foram levadas para de encontro aos seus seios... a respiração ficou pesada ao notar o bico de seus seios rijos.

Seus batimentos passaram a acelerar... sua boca entreabriu... Suas mãos passavam pelo seu corpo acariciando... excitando.

De repente, os seus dedos longos e finos começaram a descer por sua virilha indo de encontro para o lugar que ansiavam ser tocado.

Enquanto, a sua mão massageava... contornava o seu íntimo... Raquel passou a se lembra de Sófia... de seu corpo... de como ela ficava totalmente entregue em seus momentos de amor.

Um gemido escapou por entre os seus lábios e passou a sentir os seus dedos lhe invadindo de uma forma intensa.

Sua respiração fica mais pesada a cada instante...

Suas pernas ficaram ainda mais abertas...

Raquel jogou a sua cabeça para trás enquanto cerrava seus olhos com força.

Depois de alguns instantes, Raquel sentiu um tremor tomando conta de seu corpo...

Havia uma pressão em seu ventre...

Isso fez Raquel aumentar os movimentos de seus dedos dentro de si...

O vai e vem se tornava rápido e não demorou muito para ela soltar sua respiração e sentir-se totalmente relaxada enquanto a água caia sobre seu corpo.

— Raquel, você está bem? Aconteceu alguma coisa? Você está demorando — Norma gritou da porta, preocupada.

— Estou bem — Raquel gritou tentava normalizar os seus batimentos.

­­_*_

Era sexta-feira de manhã, Sófia estava na sala de Ricardo e como no dia anterior, ele não havia dado sinal de vida.

Sófia até se preocupou por conta disso, pois não era comum o engenheiro faltar ao trabalho sem avisar, no entanto, sabia que notícias ruins corriam rápido. Se caso tivesse acontecido algo com Ricardo, ela e todos na empresa já estavam sabendo.

Como não tinha o que fazer com relação a Ricardo, Sófia encarou os papéis sobre a mesa e começou a se lembrar de Raquel. Ainda não haviam se visto naquela manhã e isso era algo que lhe angustiava... deixava ansiosa.

De repente, Sófia escutou leves batidas na porta.

Era a secretária de Ricardo.

— Sófia, a dona Rita está aqui— A moça falou aparentando estar assustada.

— Peça para entrar — Sófia se ajeitou na cadeira e ficou pensativa, pois a senhora não costumava aparecer na construtora depois que Ricardo e Raquel começaram a tomar conta de tudo junto com Rogério.

Não tendo um bom pressentimento, Sófia se levantou de onde estava sentada e se moveu para o meio da sala, enquanto esperava ansiosamente pela senhora.

A porta foi aberta e Rita surgiu com cara de poucos amigos. Sófia estranhou, mas achou que pudesse ser só o jeito da mulher mesmo.

— Dona Rita, que surpresa a senhora por aqui. Ricardo não está — Foi até a senhora, toda cordial.

Rita ao ver Sófia se aproximando, sentiu uma raiva começando a tomar conta de seu corpo. Aquela moça estava fazendo mal ao seu filho e ela não podia deixar assim.

Levou a sua mão para o alto e depois atingiu a face de Sófia com força.

— Sua vagabunda! — Rita disse furiosa enquanto via Sófia com a mão sobre a parte de seu rosto atingida.

Fim do capítulo