Capítulo 45
Capítulo 45
Após quinze horas de viagem com uma parada para abastecimento em Natal, eles pousaram na ilha de Ofidoussa Nisida, nos arquipélagos gregos. O fuso horário de mais de cinco horas fazia com que os relógios locais marcassem duas horas da manhã. Nesta ilha, Giovanna há dez anos atrás havia comprado terras e possuía quase metade da ilha.
Assim que pousaram Diego ligou para os caseiros de Giovanna, o Senhor Niko e a senhora Pepa. Um casal de meia idade que mantinham como se fosse deles a casa de Giovanna e a pequena fábrica de azeite que a propriedade produzia. Eram de extrema confiança e só conheciam Giovanna por Beatriz. Quando chegaram ao aeroporto local com o jipe, se assustaram com a quantidade de pessoas que aguardavam para irem para a casa, especialmente pela quantidade de crianças.
Diego cumprimentou os dois que não via há quase seis anos e mostrou Giovanna/Beatriz que ainda estava deitada dentro do avião. Resolveram então levar Giovanna em uma viagem, uma vez que ela iria deitada e ocuparia todo o banco traseiro do jipe. Depois na outra viagem levariam Carolina com as duas bebês e os três meninos mais velhos de Diego, e na última viagem levariam o restante dos ocupantes do vôo.
Senhor Niko com a ajuda dos filhos Hermes e Indra, ajudaram a levar Giovanna para a suíte dela no segundo pavimento, que era a maior e a melhor suíte da casa. Depois Hermes retornou ao aeroporto, com o senhor Niko dirigindo o outro carro para buscar os outros hóspedes.
Quando pisou em solo, Carolina não entendia, como conseguiram entrar em outro país sem serem barrados. Questionou Diego, que a informou que sempre usavam este avião que tinha dispositivos especiais para não ser rastreado, assim poderiam entrar em quase todos os países do mundo. E sempre usavam aeroportos pequenos ou pistas clandestinas para abastecimentos, pousos e decolagens e davam muito dinheiro para os abastecedores e controladores de vôos para calá-los.
Quase trinta minutos depois os carros chegaram e todos foram levados à mansão de Giovanna. Diego informou à Carolina que a mansão possuía dez quartos e ficava no lado norte da ilha, em um dos locais mais lindos da ilha. E Giovanna havia "comprado" as terras de um Russo que prestou serviços há dez anos atrás.
O mafioso russo havia perdido toda a família em um atentado do IRA e Beatriz eliminou todos que haviam matado a família dele e o traído. Em forma de gratidão, ele "vendeu" a metade da ilha para Giovanna.
A mansão era toda branca com telhado azul, como as construções de Santorini, era simplesmente divina. Era cercada por plantações de oliveiras e por uma mata nativa. As paredes grandiosas da casa subiam na beira de uma encosta rochosa, que era banhada pelo mar, possuía uma piscina que brilhava com a cor do céu e havia escadarias que levavam até uma pequena praia e docas particulares, o mar era de um azul tão intenso quanto os olhos de Giovanna e das bebês.
Carolina foi acomodada a pedido de Diego no mesmo aposento que Giovanna. O senhor Niko e a senhora Pepa não entenderam no início, mas depois compreenderam que se tratava da mulher de sua patroa. Ficaram um pouco chocados, afinal Giovanna nunca havia dito nada e nunca levou nenhuma mulher consigo para a Ilha. Fazia mais de três anos que Giovanna não ia até lá, mas ligava todos os meses para saber como eles estavam, o que eles precisavam, como estava a produção do azeite e a venda para o mercado local e analisava com eles os pagamentos dos funcionários da casa e da fábrica.
Indra a filha mais nova do casal tinha vinte e três anos, a pele morena do sol do mediterrâneo e lindos cabelos negros, longos e ondulados. Sentiu ciúmes ao saber de Carolina e Giovanna, pois desde adolescente sempre se sentiu atraída por Giovanna, mas esta nunca a tratou especialmente. A tratava como uma amiga e funcionária, sempre atenciosa, mas sem intimidades. Indra sempre sentiu que Giovanna não gostava de homens, pois Hermes seu irmão mais velho era um belo homem, desejado por todas as mulheres locais e ele sempre se insinuou para Giovanna e esta, sempre o rejeitou.
Senhor Niko providenciou uma cama extra para o quarto de Giovanna. Carolina acomodou as meninas na cama, protegendo as beiradas com travesseiros, assim as duas pequenas não corriam o risco de caírem.
Diego e Amélia ficaram em um aposento conjugado de duas grandes suítes anexas. Assim, deixaram os meninos maiores em um quarto e se acomodaram com os menores no aposento anexo, dessa forma poderiam cuidar de todos.
A noite foi longa, em arrumações da casa e carregamentos de malas. Pepa, Indra e mais algumas funcionárias da casa, passaram a noite na cozinha providenciando alimentos para todos e arrumando os aposentos. Somente no início da manhã todos se recolheram para descansar da viagem.
Após dar banhos, trocar as fraldas, arrumar, amamentar e colocar as filhas para dormir, Carolina checou como Giovanna estava e resolveu tomar banho também, precisava relaxar, tinha passado por um turbilhão de informações e acontecimentos nas últimas horas e estava esgotada.
O calor do início do dia no mediterrâneo lembrava o nordeste brasileiro com a brisa forte que vinha do mar. Carolina se despiu e entrou em uma enorme banheira de mármore redonda, que ficava no centro do banheiro, a água estava gelada, mas a temperatura externa era tão quente, que era refrescante aquela água. As janelas estavam abertas e ela ficou admirando o nascer do sol e o mar absurdamente azul e magnífico que quebrava nas rochas e fazia um som magnânimo. As lembranças dos últimos acontecimentos e o cansaço das últimas vinte horas eram imensos. Acomodou-se na banheira com os pés apoiados e ficando somente com os ombros, pescoço e cabeça para fora da água, sem perceber adormeceu.
Giovanna sentiu uma pontada aguda na cabeça. Abriu os olhos e a claridade que vinha da janela era insuportável, precisou de alguns minutos para poder enxergar direito. Olhou a sua volta e se viu em um enorme quarto branco, com o piso de mármore também branco. Não sabia onde estava, sentia sua cabeça latejando e somente após alguns minutos percebeu que seu pescoço estava preso com alguma coisa. Levou a mão até o pescoço e sentiu um pano e plásticos. Tentou puxar, mas a cada movimento que fazia, sentia uma pontada aguda na cabeça. Ainda estava muito zonza, não entendia onde estava e como chegou ali. Reuniu suas forças e apoiando-se nos cotovelos sentou. Assim que fez isso, sentiu outra pontada forte, somente neste momento levou a mão até a cabeça e sentiu um curativo no lado direito de sua cabeça. Sabia que algo tinha acontecido, mas não sabia exatamente o que. Quando a tontura diminuiu, ela percebeu que em uma cama ao lado da sua, tinham duas crianças dormindo de lado. Ela fez outro esforço e conseguiu romper a fita adesiva que segurava o pano em seu pescoço. Após se livrar de tudo, movimentou lentamente a cabeça para os lados, para frente e para trás. Sentiu um incomodo e a dor na cabeça como antes. Colocou as pernas para fora da cama e ainda cambaleante, caminhou até uma porta que estava entreaberta. Ali, viu alguém dentro de uma banheira. Aproximou-se e pode ver que era uma mulher, sua pele era branca e lisa, tinha cabelos castanhos que estavam presos em um coque no alto da cabeça. Seu rosto era lindíssimo e seu corpo nu também era maravilhoso. Giovanna sentiu seu coração disparar, não sabia quem era aquela mulher, mas sentia uma emoção inexplicável ao vê-la. Ousou tocar em seu braço delicado e nesse momento a mulher acordou.
- Gio!!! Meu amor, você acordou? - Carolina falou alto e levantou bruscamente da banheira, saiu desta e foi ao encontro de Giovanna.
Giovanna se assustou com a mulher e deu alguns passos para trás. Não sabia o que fazer, quem era aquela mulher e onde estava.
- Quem é você? - Giovanna mantinha as mãos em frente ao corpo e empurrava a mulher molhada que tentava abraçá-la.
- Giovanna, sou eu Carolina! Você não se lembra de mim? - Carolina entrou em pânico. A única coisa que faltava acontecer e seu maior temor desde o momento que Giovanna havia batido a cabeça, se concretizou. Ela havia perdido a memória.
Carolina se afastou de Giovanna, passou a mão pelo próprio rosto nervosamente e pegou a toalha de banho, se enrolou nela e voltou-se para Giovanna, que permanecia parada com os olhos muito abertos e a respiração ofegante. - Vem comigo!
Carolina segurou em uma mão de Giovanna e a conduziu para se sentar ao seu lado na cama. E disse calmamente.
- Eu sou Carolina Andrade.
- Eu não me lembro de você! - Giovanna parou alguns segundos e pensou que não lembrava seu próprio nome. - Como eu me chamo?
Carolina pensou em como explicar toda aquela confusão de nomes que Giovanna tinha. Resolveu não dizer nada por enquanto.
- Seu nome é Giovanna Masteranni!
- Nós nos conhecemos de onde? - Giovanna disse estranhando tudo.
- Fui sua noiva e sou a mãe daquelas duas meninas ali. - Dizendo isso, Carolina apontou para a cama onde as meninas dormiam, preferiu não dizer nada de inseminação por enquanto, isso confundiria ainda mais Giovanna neste momento.
- Eu... eu gosto de mulheres? - Giovanna dizia ainda sem entender nada.
- Sim! Você gosta de mulheres! - Carolina disse isso e a palavra em plural a deixou um pouco enciumada. Afinal, ela queria dizer que ela gostava dela, mas não queria se impor.
- Nós somos um casal? - Giovanna inocentemente perguntava à Carolina.
- Mais ou menos. Ficamos quase dois anos separadas. Mas ainda nos amamos. - Carolina não sabia como explicar as coisas para Giovanna.
- Porque não me lembro de você? Nem meu nome, nem onde estou, nada? - Giovanna começou a sentir desespero e seus olhos ficaram marejados.
- Você caiu ontem à noite e bateu a cabeça. Provavelmente você ficou com uma sequela da queda. Mas esta amnésia pode ser temporária, eu não sei! - Carolina tentava explicar da melhor forma.
- Caí como? Onde? - Giovanna não compreendia. Nenhuma lembrança vinha em sua cabeça, estava tudo em branco. Não se lembrava de absolutamente nada.
- Caiu no quarto e bateu a cabeça em um criado-mudo! - Carolina apontou para um móvel, semelhante ao que tinha em seu quarto onde Giovanna se machucou. Como falar para ela, que estavam na Grécia e há vinte horas atrás estavam no Rio de Janeiro e em fuga?
Giovanna levou a mão ao curativo e sentiu dor ao tocá-lo.
- Não mexa nele, eu o suturei, precisa manter o curativo!
- Você que suturou? Como? - Giovanna franziu o cenho e não entendeu.
- Sou médica! Eu tinha os materiais necessários. Foram oito pontos, um corte fundo. Precisa de cuidados!
- E eu sou o quê? - Giovanna não sabia.
Carolina pensou um instante. Como dizer para uma pessoa que não se lembra de nada, que ela é uma assassina internacional? Simplesmente não poderia fazer isso com Giovanna.
- Você é advogada! É diretora jurídica de uma empresa. - Carolina achou melhor dizer a estória que conhecia e que não chocaria Giovanna.
- Sou isso é? Nossa! Não me lembro! - Giovanna tentava forçar a memória, mas só sentia dor ao fazer isso. Sentiu uma pontada na cabeça e levou a mão à testa.
Carolina concluiu que eram muitas informações de uma única vez e achou melhor Giovanna descansar.
- Você precisa descansar. Logo você vai ver, a sua memória voltará.
Giovanna deitou e Carolina foi até o armário colocar um vestido. Quando deixou a toalha cair, viu que Giovanna a olhava.
Giovanna viu Carolina caminhando e sentiu uma ansiedade, assim que a viu completamente nua, sentiu seu sex* latejando. Desejava poder encostar-se à pele dela e não conseguia desviar o olhar, ficou observando ela colocando as peças de roupas. Giovanna não entendia como poderia se esquecer de uma mulher tão magnífica quanto aquela. Então pensou consigo mesma que realmente gostava de mulheres, pois se sentiu muito atraída por Carolina.
Fim do capítulo
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