Gostaria de começar já pedindo perdão e por favor tenham pena dessa singela professora que vos escreve, mas essa semana que passou foi bastante intensa e por este motivo o capitulo de hoje é um pouco mais curto que o normal.
Obrigada pelos comentários deixados no ultimo capitulo, visto que foram muito importantes para que eu soubesse que estou seguindo pelo caminho certo.
Boa semana e chega logo domingo!!!!!!!!!!!!!
Xeros <3
Capítulo 63 Destino (Parte 3)
O Sol de São Francisco recusou-se a sair naquela manhã de domingo e o inverno pareceu querer chegar mais cedo, pois uma chuva incessante castigava a cidade e respingava nas janelas daquele salão funerário onde um grande número de pessoas completamente consternadas e incrédulas lamentava a morte de uma pessoa amada.
- Como ela está? – Genevieve questionou Siobhan assim que ela se aproximou.
- Devastada... Destruída... Arrasada... Escolha a palavra e nenhum delas é capaz de se aproximar de como ela está. – A ruiva ajustou seu casaco para proteger-se do estranho frio que fazia naquele dia.
- Será que fomos longe demais? – Genevieve preocupou-se, sem parar de manusear uma espécie de colar que parecia ser de contas, mas na verdade não era.
- Fizemos o necessário! – Siobhan engrossou um pouco a voz. – Deixe que eu cuido da Delphine, você tem algo muito mais importante para se concentrar. – Indicou o que a mulher trazia nas mãos.
Siobhan caminhou por entre o elegante embora frio salão do Centerville Pioneer Cemetery onde estava sendo velado o suposto corpo de Cosima, que seria, muito em breve, cremado, como sempre fora a vontade dela. O sofrimento era palpável e lhe doía saber que todas aquelas pessoas estavam sendo enganadas. Chorando diante de um caixão vazio. Parou próxima a ele e repousou sua mão sobre a finíssima madeira negra lustrada.
“É uma mentira necessária!” Repetia para si, tentando se convencer de que aquela era a melhor alternativa. Um choro incontido e mais elevado de uma mulher chamou sua atenção. Uma jovem ruiva parecia estar inconsolável e Siobhan poderia imaginar o motivo. Ela realmente acreditava que tinha alguma culpa naquela falsa morte, pois foi através dela que Paul Dierden se aproximou o suficiente para quase ter sucesso em sua missão.
E justamente pelo ocorrido que S tinha a certeza que havia tomado a melhor decisão. Eles agora sabiam quem era Cosima e não restava mais dúvidas que estavam dispostos a tudo. Jogaram pesado investindo contra a Ordem duplamente. Felizmente as duas vitimas escaparam com vida e as perdas foram quase todas do outro lado. Lamentou apenas a morte de duas agentes que perderam a vida durante o resgate de Helena.
Ainda estava impressionada com o relato de Stella acerca da investida contra o Martelo. Segundo a loira, eles realmente haviam preparado um esquema praticamente invencível e que certamente teria custado muito mais vidas se Delphine não tivesse ido com elas. Não cansava de se surpreender com os sensacionais e assustadores poderes de sua Mestra. Na forma como ela literalmente pulverizou seus adversários e novamente agradeceu às deusas por ela lutar ao lado da Ordem, caso contrário, ela seria uma adversária invencível.
E foi esse relato que reafirmou que o caminho escolhido foi o mais correto. Definitivamente Cosima era o ponto fraco de Delphine e isso já é mais do que sabido pelo Martelo, aumentando enormemente o perigo contra a vida daquela mulher. Então, para a segurança dela e do destino da Ordem, o mundo precisava pensar que Cosima havia realmente morrido e isso incluía Delphine. Fechou os olhos e suspirou resignada. Checou seu celular mais uma vez afim de verificar se havia alguma nova mensagem de Stella, embora soubesse que ainda não havia dado tempo do avião ter chegado em Dublin, onde todo um verdadeiro aparato estava sendo montado para receber e cuidar de Cosima e Helena.
“Ah Helena...” Suspirou enquanto relia a ultima mensagem recebida de Stella, onde ela informava do estado de sua irmã. Exames preliminares informavam que ela estava com três costelas quebradas e que precisou de uma série de pontos, mas aparentemente não haviam ferimentos internos mais graves e que isso se devia a excelente forma física em que a mulher se mantinha. Não podia deixar de orgulhar-se de sua pupila, pois mesmo sendo capturada, acabou com a raça de vários dos capangas do Martelo antes de cair. Riu de canto de boca, mas não deixou que esse sorriso fosse visto, ele não combinaria com aquele ambiente.
Uma movimentação numa sala lateral chamou sua atenção. Olhou por sobre o ombro, para o lugar onde havia deixado Delphine e percebeu que a mulher permanecia lá. Sentada encostada em uma lápide qualquer, sob a forte chuva que não cessava. Suspirou pesadamente e foi até aquela sala onde Shay e Sally estavam.
- Com licença. – Desculpou-se. Sally, que estava sentada num sofá tendo uma xicara de chá nas mãos gesticulou com um aceno de cabeça.
- Pode entrar Sra. Sadler!
- Siobhan, por favor! – Sorriu timidamente. Não cabia aquele tipo de tratamento entre elas, pois não era muito mais nova que ela.
- O avião já chegou? – Sally perguntou com certa apreensão.
- Ainda não. – Respondeu para ela e para Shay, que permanecia em silêncio. – Pelas minhas contas, devem pousar na próxima hora.
- Que bom! Por favor, me avise quando chegarem e me dê notícias de minha filha. – Siobhan anuiu com a cabeça.
- Sally? – S a interrompeu antes que ela voltasse para o salão e desse continuidade a sua encenação. – Eu gostaria de lhe agradecer. – Disse sinceramente. – Se não fosse pela sua colaboração e da Dra. Davydov, nada disso seria possível.
- Siobhan... – Sally disse com seriedade em sua voz. – Tudo o que eu mais quero é a segurança de minha filha. Ainda não entendi muito bem essa história de Ordem e Martelo, mas se a Shay me disse para confiar em você, é o que estou fazendo. – Trocou um olhar com a médica e saiu da sala.
- Isso tudo é uma tremenda loucura. – Shay disse após se jogar num sofá e esfregar o rosto que já trazia olheiras indicando que assim como todos ali, ainda não havia dormido. – Você tem noção de que posso perder meu registro médico? – Disse em tom sarcástico. – Pior, não só o meu... Pois envolvi amigos nesse esquema maluco. – Shay referia-se aos colegas médicos que precisou convencer a ajuda-la em toda aquela armação.
- Uma loucura necessária! – Siobhan disse ao sentar-se ao lado dela.
- Continue repetindo isso, quem sabe assim você acredita. – Apoiou a cabeça no encosto acolchoado.
- Shay... Você sabe que isso...
- É para manter a Cosima em segurança... Perdi as contas de quantas vezes você me disse isso. – Exasperou-se. – Eu só queria que você tivesse me deixado ir com ela... E porque a Irlanda? – Virou-se para a mulher ao seu lado.
- Temos toda uma equipe pronta esperando por elas. – S referia-se não apenas a Cosima e Shay sabia disso, pois foi pedido a ela que fosse até o aeroporto e prestasse os primeiros socorros em Helena. – E em Dublin fica o lugar mais seguro possível para garantir a segurança da Srta. Niehaus. – A médica encarou Sionhan e era simplesmente impossível não sentir a confiança que aquela mulher transmitia.
- Essa história de Ordem e Martelo... Embates violentos... E de como tudo isso atingiu a Cosima... Tudo isso só me faz pensar que talvez seja melhor para ela se afastar disso tudo... Se afastar da Delphine. – Finalmente externou o que queria dizer desde que foi abordada logo após sair da cirurgia.
Sionhan a fitou pensativa. Não foi possível contar muitos detalhes a ela, não podia mencionar quem Cosima era ou nada sobre a previsão de uma jovem vidente. Muito menos que o destino dela estava intrínseco ao de Delphine. Que foram feitas uma para outra e só essa união seria capaz de por fim às ameaças e ações perversas do Martelo.
- Mas eu sei... Sinto que o amor entre elas é poderoso demais. – S surpreendeu-se com a sinceridade da mulher. – E saiba que acho crueldade demais com a Delphine... Não tenho coragem de encará-la. – O que Siobhan agradecia intimamente, pois sua Mestra poderia ver nos olhos de Shay a verdade e isso estragaria todo o engenhoso plano traçado por ela.
- Acredite quando lhe digo que aquela mulher já passou por muita coisa... – Ponderou um pouco e pegou-se pensando na resiliência absurda que sua Mestra possuía. Qualquer outra pessoa já teria sucumbido mediante tanto sofrimento enfrentado e isso a deixava sentindo-se ainda pior por estar enganando-a.
- Realmente não queria ser ela nesse momento. – Shay espreguiçou-se e levantou. – Acho melhor irmos, pois a “cremação” já vai começar. – Gesticulou as aspas com as mãos. – Ainda não sei como a Delphine e os demais não questionaram o caixão fechado.
- Bom, quando sua mãe fala que esse era um pedido seu... Fica difícil não acreditar. – S referia-se ao suposto pedido de Cosima a sua mãe e de como Sally convencera a todos fazendo-os aceitar a solicitação de uma mãe em luto. Motivo pelo qual Sally acabou fazendo parte daquele esquema todo. Além do fato que seria crueldade demais com aquela mulher.
Uma mãe seria um alvo perfeito para as investidas do Martelo, mas isso só tonava a falsa morte de Cosima um plano ainda mais brilhante, pois eles iriam deixar em paz todas as pessoas próximas a ela. As mulheres da Ordem sabiam que por mais que tentasse proteger a todos, o Martelo tinha seus recursos para vigiar cada uma daquelas pessoas.
Siobhan seguiu para o salão onde todos estavam dando seu ultimo adeus diante do negro caixão. Como a família Niehaus não era religiosa, não havia nenhum tipo de sacerdote orando pela alma daquela mulher. Cosima não iria gostar daquilo, nem morta, nem muito menos viva.
Choros mais copiosos se fizeram ouvir, quando Scott, René, Marc, Félix e mais dois outros amigos ladearam o caixão, o erguendo do suporte onde estava. Cabisbaixos e cortejo seguiu para fora do salão, rumo a sala de cremação. Lentamente e em passos quase ritmados, passaram pelo corredor sustentado por colunas de granito cinza e todos sentiam o respingar da pesada chuva que caia incessante.
Silenciosamente depositaram o caixão sobre a plataforma metálica em forma de gaveta. Os seis condutores se afastaram e Marc demorou um pouco mais próximo a ele. Recostou sua testa na madeira e chorou ainda mais. O rapaz, de alguma maneira, sabia que tudo o que aconteceu tinha a ver com Delphine e com a morte de Louis, de forma tão trágica quanto à dela. Tudo estava relacionado à pesquisa que sua amiga desenvolvia e que caiu em conhecimento quando seu livro foi lançado.
“No que você se meteu hein?” Questionou silenciosamente.
Um funcionário do cemitério anunciou que dentro de poucos instantes, iniciariam a cremação, deixando implícito que quem desejasse se despedir aquele seria o momento. Alguns deles conseguiriam caminhar até lá, mas todos estavam mais preocupados com o estado de Sally. Parecia que a mulher estava em estado letárgico, com o olhar distante como se sua mente não estivesse ali.
Incrédulos, todos foram saindo pouco antes do início da cremação, mas de repente paralisaram e quando ergueram os rostos, foram atingidos pela dor que aquela mulher emanava. Parada, sob a soleira da porta estava Delphine. Se possível, ainda mais vulnerável e frágil que na noite que ela havia retornado e invadido a festa de Cosima. A desolação estampada em seu rosto chegava a doer em todos.
Cada um a seu jeito sentiam a dor da perda de uma pessoa querida, mas nenhum deles era capaz de imaginar o que aquela mulher estava sentindo. Nem mesmo aquelas poucas pessoas que sabiam de toda a história das duas, conseguia se aproximar da definição da dor que ela estava vivenciado.
Novamente!
Lentamente, abriram passagem para ela passasse. O corpo encharcado pela chuva que não dava trégua, e naquele exato instante, caia torrencialmente, parecendo que o céu chorava pela morte de Cosima. Mal sabiam os desavisados, que cada gota representava um fragmento do sofrimento de Delphine.
Ela caminhou com passos curtos e trêmulos. A pele ainda mais branca como o mais raro e puro mármore. Os olhos arregalados e sem brilho algum. Era como se a luz dentro dela houvesse sido apagada. Sophie e Amanita tentaram tocá-la, mas ficaram apenas na intenção. Ninguém fazia ideia do que dizer para confortar alguém como Delphine Cormier e dado o seu estado, não deveria haver pessoa no mundo que fosse capaz disso.
Do lado de fora da sala de cremação a viram se aproximar do caixão e acaricia-lo repetidas vezes em silêncio. Sua mão indo e vindo como uma caricia na mais delicada das peles. Sua cabeça tombada para baixo e os olhos fechados. As gotas de chuva que caiam das pontas de seu cabelo se misturavam com as lágrimas que era vertidas aos montes.
E no momento exato que um estrondoso trovão irrompeu no céu cor de chumbo, um grito de dor foi emanado por ela, que debruçou-se sobre a madeira, inconsolável. Siobhan sentiu a dor emanada por sua Mestra e sentiu-se a pior das pessoas. Buscou os olhos de Genevieve, mas essa não teve forças para olhar para canto nenhum, exceto para o colar de contas que manuseava desde que decidiram colocar aquele plano em prática.
No instante seguinte e parecendo ignorar o ultimo pedido de sua amada, segurou nas alças do caixão, forçando para abrir a tampa. Siobhan arregalou os olhos em desespero e antes que pudesse um passo em direção a Delphine, Sally, que assistia a tudo sentada num canto próximo, alcançou a mão de Delphine tocando-a gentilmente.
Surpresa, Delphine olhou para a mão que lhe tocava e chegou a sentir uma pontada de raiva da ousadia daquela pessoa, mas quando encarou o rosto terno de Sally suavizou seu coração e voltou a focar na dor que sentia.
“Como são parecidas...” Pensou ao analisar o rosto da mulher diante dela e essa constatação aflorou ainda mais emoções levando-a a derramar mais lágrimas, num choro copioso que fazia toda a imponência de seu corpo sacudir a cada soluço. Só então pensou na dor que ela também estava sentindo. Havia perdido a única filha que tinha e ainda assim estava pronta para lhe consolar quando na verdade deveria odiá-la. Foi por causa dela que Cosima havia sido morta. Mas as Niehaus não eram assim e num carinhoso abraço, Sally fez com que Delphine encostasse sua testa sobre o ombro dela e a envolvesse em seus braços.
- Me desculpe... – Tais palavras saíram baixas e abafadas, dificultando a compreensão, mas ela as repetiu com mais veemência. – Sally, me desculpe! Me perdoe... – Ergueu o rosto.
- Calma criança... – A mulher acariciou o rosto de Delphine que achou inusitada a expressão usada para ela. – Não me deves perdão algum. Não tenho raiva ou coisa do tipo em relação a você. – Disse de forma terna, mas com dureza na fala. – Minha raiva é toda daqueles que fizeram isso com minha menina. – Sally trincou o maxilar e carregou de ódio suas palavras e segurou o rosto de Delphine entre as mãos e bem próximo ao dela. – Não sei ao certo o que toda essa história significa, mas, por favor... – Respirou fundo... – Acabe com eles! – Disse entredentes lançando aquela mensagem direto ao coração despedaçado de Delphine.
A loira a olhou intensamente e um lampejo do fogo da vida pode ser visto nos opacos olhos verdes de Delphine que num gesto lento, anuiu positivamente com a cabeça.
- Eu prometo a você! – Disse com toda a sua sinceridade e pensou no fim que Paul teve e quase sorriu de satisfação com aquilo, mas ela sabia que aquele homem desprezível era só o braço e que todo o mal ainda estava vivo e certamente comemorando a sua vitória.
Era isso mesmo! O Martelo havia conseguido a maior de todas as vitórias, apesar da sequência de inúmeras derrotas infligidas pela Ordem em várias batalhas, a guerra havia sido vencida por eles. A única que capaz de por fiz aquele embate milenar jazia ali, diante dela e o choro que agora era liberado era o de derrota.
Apertou a alça de ferro do caixão com tanta força que as pontas e nós de seus dedos ficassem embranquecidos. E foi sua vez de debruçar-se sobre ele e encostar a testa na madeira fria.
- Não sei como viver sem ela... – Confessou o seu amor máximo, a sua devoção desolada.
- Delphine... – Sally a tocou no braço e acariciou as costas dela, totalmente compadecida e ainda olhou por sobre o ombro para uma tensa Siobhan – Cosima não está aqui dentro. – Genevieve suspendeu sua respiração enquanto Shay parava ao lado de S, as três completamente atordoadas com o que aquela mulher havia dito. Delphine ergueu-se lentamente e encarou a mulher diante dela. - Não minha filha... Ela está aqui! – E com sua mão tocou o peito da loira indicando o metafórico lar no coração dela. Delphine sorriu com a ingenuidade daquela mulher e agradeceu pelas palavras consoladoras. Ficaram lado a lado encarando o brilho negro da madeira.
Foi quase audível o suspiro de alívio das três mulheres mais atrás que pensavam que teriam seus planos descobertos. Mas agora que viram que Delphine havia desistido de abrir o caixão, puderam relaxar. Até por que tudo o que ela encontraria lá dentro eram algumas pesos de ferro e um colar de contas semelhante ao que Genevieve manuseava e o mesmo que Cosima estava usando no pescoço nesse exato momento enquanto pousava em Dublin.
______
Uma pressão pesada em sua cabeça foi à primeira coisa que sua consciência identificou assim que percebeu que não mais dormia. Ainda de mergulhada na escuridão, Cosima esforçou-se para compreender onde estava e o que acontecia. Sentia uma exaustão imensa e um amargo gosto em sua boca completou o seu desagradável estado.
Lutava contra sua mente para tentar conciliar as ideias que iam e vinham, fazendo sua compreensão pregar-lhe peças. Fragmentos de lembranças que mais lhe pareciam sonhos que insistiam em lhe atormentar desafiando tudo o que pudesse julgar certo. Toda a sua racionalidade foi novamente chacoalhada pelas descobertas que estava fazendo. Era algo que já estava se tornando costumeiro desde que entrou em contato com a Ordem e com...
“Delphine...” O pensamento nela novamente a lançou numa espiral de lembranças deturpadas e caóticas, que começaram a lhe angustiar de alguma maneira. Cerrou os olhos, obrigando-se a buscar algum tipo de coerência e a imagem que ficou como se esculpida na profundidade de sua mente, foi a de sua amada... Machucada, presa, desolada e... Atendendo por um nome tão antigo e poderoso quanto impossível.
“Não pode ser!” Buscava o conforto da negação que já lhe bastava mais. Isso é impossível.
“É possível sim!” Uma suave, mas vigorosa voz reverberou em sua mente, trazendo-a de volta de seus devaneios e lhe obrigando a retornar a “realidade.”
Parecia que estava acordando de mais dos surreais sonhos que ela já estava se acostumando a ter e que sabia tratar-se de uma memória, contudo a confusão ainda era latente e o desnorteamento era o que predominava em sua mente.
Como se fosse o mais hercúleo dos esforços tentou abrir os olhos, mas parecia que suas pálpebras pesavam muito mais do que deveriam e só conseguiu após várias tentativas. A cada feixe de luz que chegava a seus olhos, parecia lasers que queimavam sua retina.
“Quanto tempo eu dormi? Questionou a si mesma, mas novamente para sua surpresa teve uma impertinente resposta.
“Um tempão! Eu já estava cansando de esperar!” Imediatamente uma sensação de tranquilidade passou a lhe envolver quando começou a conciliar o que poderia estar acontecendo.
Esfouçou-se mais uma vez e lutou contra o desconforto causado pela luz que feria seus olhos. Inicialmente um clarão branco lhe atingiu os olhos e borrões desfocados começaram a adquirir alguma forma conhecida. Um apito fino em seus ouvidos foi o que lhe incomodou em seguida e isso lhe obrigou a fechar os olhos novamente, na tentativa de focar sua frágil consciência em sua audição. A medida que o zumbido foi baixando de intensidade percebeu um bip insistente e ritmado e logo identificou do que se tratava.
Agora o cenário começou a fazer sentido para ela. Deveria estar em um hospital, mas sua mente confusa ainda não lhe permitia compreender o que havia lhe levado a um hospital e a voz que ouvia em sua mente não contribuía para sua compreensão. Sabia que precisava esforçar-se um pouco mais e com esse foco, abriu os olhos novamente, resistindo ao máximo a dor causada pela claridade.
Pacientemente esperou que sua visão se ajustasse aquele ambiente, mas a ausência de seus óculos não lhe ajudava em nada. Concentrou-se o quanto pode e a dor em sua cabeça começou a se instalar.
“Droga...Onde estão meus óculos?”
“Aqui!” Um vulto bem ao seu lado lhe estendeu algo. Com dificuldade, tentou erguer a mão para receber o que estava lhe sendo entregue, mas estava fraca demais e seu braço também parecia ter adquirido um peso descomunal. Inusitadamente sentiu a delicadeza de mãos em seu rosto que lhe ajudaram e colocaram seus óculos em seu rosto.
Após alguns instantes de adaptação, focou sua visão e a primeira coisa que viu foram dois grandes, redondos e curiosos olhos de um amarelo esverdeado com um traço bem fino entre eles. Sua audição alternou sou foco do bip para um som abafado, lembrando um pequeno motor em funcionamento.
Um miado baixinho lhe disse quem era aquela pequena criatura que a olhava atentamente.
- Andrômeda está feliz em te conhecer! – A menina disse assim que sentou-se ao lado de Cosima.
- Manu? – Sua voz era fraca e rouca. Parecia que não usava suas cordas vocais a tempo demais. Pigarreou algumas vezes.
- Oi Cosima! – Um dos sorrisos mais lindos que a mulher já vira lhe foi oferecido. – Que bom que você acordou! Eu já estava ficando preocupada.
- Onde... Estou? – Tentou se mexer, mas não conseguiu, estava zonza demais. De onde estava olhou até onde pode e percebeu uma série de equipamentos médicos ao seu redor, mas não estava em um hospital. O quarto era grande demais e as grandes e medievais janelas contribuíram para aquela conclusão.
- No lugar mais legal do mundo! – Manu ergueu os braços, deixando que a gata caminha-se e saltasse para fora da cama. Cosima franziu a testa tentando interpretar o que a menina queria dizer e lembrou-se do primeiro encontro entre elas e de onde ele ocorreu.
- Eu estou na Fundação? – Arregalou os olhos.
- Isso mesmo. Você chegou aqui a uns... – A menina bateu os dedos no queixo como se estivesse contando mentalmente – Ah... Há uma semana! – A informação foi chocante para Cosima que não conseguia lembra-se de muita coisa e não tinha certeza se aquela criança seria a melhor pessoa para lhe esclarecer.
- MANU! – Uma voz rígida e conhecida irrompeu do quarto repreendendo a criança que estremeceu com o susto, mas depois revirou os olhos azuis. – Quantas vezes eu mandei você sair daqui? E ainda trouxe essa gata... A Cosima pode pegar uma infecção sabia? – Siobhan parou ao lado da cama e se surpreendeu ao vê-la acordada. – Cosima!! – O tom de surpresa e felicidade não passaram despercebidos. Também havia alívio no suspiro que a mulher soltou.
- Oi S... – Falou com extrema dificuldade.
- Calma criança, não se esforce tanto. – Tocou gentilmente o ombro dela. – Manu, vá chamar a Genevieve. – Demandou e a menina saltou da alta cama. – Devagar menina! – Manu diminuiu os passos, mas assim que passou pela porta voltou a correr. O berro que ela deu chamando a outra mulher pode ser ouvido por quase todo o castelo. Siobhan riu e até mesmo Cosima esboçou um sorriso, mas a dor que sentiu em seu abdômen a impediu e lhe alertou. Parecendo que havia lido a questão que pairou no rosto da morena, lhe respondeu antes mesmo de ser questionada. – Você ainda está se recuperando de um... Ferimento sério! – Lhe olhava intensamente e o arregalar de olhos de Cosima indicava que aquela informação lhe assustou.
- S... Eu... eu... Tá tudo tão confuso. – Tentou novamente erguer os braços para levar as mãos até a testa num gesto tão seu, mas não conseguiu. – Por favor... Me fala o que aconteceu. – Suplicou girando o rosto para ela. Siobhan respirou fundo e colocou a as mãos nos bolsos. Uma sutil mudança no ritmo dos bips indicava um leve descompasso em seu coração. A ruiva ficou alerta.
- Ouvi dizer que a nossa paciente acordou! – A voz segura e gentil de Genevieve as interrompeu assim como os passos rápidos de Manu correndo e freando assim que recebeu o olhar de reprovação de S.
- Oi... – Foi o que Cosima conseguiu dizer.
- Não se esforce tanto. Para tudo o que a Srta. Passou... – Calçou luvas cirúrgicas, o que completou o seu visual usualmente branco, mas que o jaleco branco com seu nome bordado lhe atribuía a seriedade e o profissionalismo que ela estava pondo em prática ao examiná-la. – Precisas poupar energias. – Começou a gentilmente retirar a coberta que ia até pouco acima do peito dela. Olhou significativa para Siobhan e depois, com um sutil movimento de cabeça indicou a menina que estava atenta sobre a ponta dos pés observando.
- Nem pensem que sairei daqui! – Manu se adiantou a qualquer advertência ou ordem que receberia, levando as duas mulheres a se surpreenderem.
- MANU! – A já clássica entonação que ecoava pelos corredores daquele castelo foi novamente ouvida. – Quantas vezes eu já disse para que não ler os pensamentos das pessoas? – A expressão dura de Siobhan pareceu atingir seu objetivo, pois o tremor no queixinho e o brilho aquoso das lágrimas que se formaram nos olhos dela, indicavam isso.
- Tudo bem criança... – Genevieve interferiu. – Você pode ser minha ajudante... – Foi a vez dela receber o olhar de reprovação da ruiva. – Desde que... – Abaixou-se para que seu rosto ficasse na altura do da criança. – Nos prometa que não fará mais isso! – Piscou um dos olhos para ela.
- Sim senhora! – Estufou o peito.
- Ótimo! – Ergueu-se e também piscou o olho para Siobhan. O fato era que todas não faziam ideia de como lidar com os absurdos poderes que aquela pequena criatura possuía. Todas concordavam que precisavam controla-la, mas estava cada vez mais difícil. – Então coloque isso aqui. – Sacou um par de luvas da caixa e viu o arregalar de olhos da menina e o imenso sorriso se formar. – Pegue pra mim aquele rolo de bandagens. – Prontamente a menina obedeceu e mesmo com as luvas maiores que suas mãozinhas, imprimiu toda a seriedade que possuía em seu corpo.
Com eximia segurança e cuidado, Genevieve retirou a coberta de Cosima, revelando que ela vestia uma camisola hospitalar fina e frente única. além disso também usava em volta de seu pescoço um colar idêntico ao que Genevieve usava e ao que repousava dentro do caixão no lugar de seu corpo. Com gentileza a ergueu deixando a mostra um significativo curativo que cobria quase todo o lado esquerdo da barriga dela. A morena tentou erguer a cabeça para ver do que se tratava e a disritmia acusada no monitor, denunciou seu estado.
- O que foi isso? – Disse em tom desesperado. As duas mulheres trocaram olhares apreensivos, procurando escolher quais palavras deveriam usar. Não faziam ideia do quanto Cosima conseguia se lembrar, além do fato que o estado dela ainda era delicado.
- Um dos caras do Martelo tentou te machucar! – A impaciência infantil resolveu o impasse entre elas.
- MANU! - Mais uma repreensão que não atingiu seu objetivo. A honestidade inocente da menina atingiu Cosima com força, e uma imagem turva do que havia acontecido veio a toma de seu subconsciente e dessa vez, buscando uma força que parecia não ter, levou uma das mãos a testa a esfregando.
- Sim... Eu me le... AI! – Um gemido de dor interrompeu sua frase. Com todo o cuidado possível, a médica da Ordem retirou a bandagem do curativo, mas a dor foi inevitável.
- A cicatrização está muito boa! – Genevieve examinava o local da cirurgia e as marcas deixadas após todo o tratamento de emergência eram as menores possíveis e surpreendia pela velocidade da recuperação. – Bom... – Genevieve sabia que a responsabilidade seria dela. – Você sofreu sérios ferimentos infligidos por um ataque com algum tipo de faca ou adaga. – Cosima engoliu em seco e continuou ouvindo o aterrador relato de Genevieve e como se um filme passasse em sua mente, voltou até aquela fatídica noite, que deveria ter sido um dos momentos mais felizes de sua vida, mas terminou tragicamente. A voz da médica parecia um eco distante e enquanto eram narrados os estragos deixados pelas duas facadas que levou, imagens do estranho e revelador sonho vieram a sua mente.
- Igualzinho ao meu sonho... – Manu interrompeu o relato e pegou as três de surpresa. As emoções envolvidas naquele momento as fizeram momentaneamente esquecer da relação que a menina tinha com toda aquela história.
- Isso mesmo criança! – Siobhan contornou a cama e parou atrás da menina que estava com suas mãozinhas tapando a boca.
- Mas... Mas... – Ela tentou argumentar, mas parecia que tudo aquilo era demais para alguém tão jovem como ela, mesmo não se tratando de uma criança comum. – No meu sonho... A Cosima tinha...
- Morrido? – Foi a própria quem perguntou e a menina apenas anuiu positivamente, abraçando-se a cintura de Siobhan.
- Tecnicamente a Cosima morreu. – Genevieve respondeu... – Por pelo menos alguns breves minutos. – Novamente aquela informação acelerou seu coração e as imagens do sonho que teve ganharam todo um novo sentido.
- Eu me... lembro de algumas coisas... – Confessou. – Um sonho como os que eu tinha com a Melanie... – Aquela informação alertou as duas mulheres. – Mas eu voltei.
– Sim. Provavelmente você teve uma EQM. – Genevieve, que aliava tranquilamente a ciência com os fenômenos metafísicos. – E algo ou... - Trocou um olhar cumplice com S – Alguém a trouxe de volta!
- Delphine... – Sussurrou. Não houve resposta de nenhuma delas, pois ela mesma tinha aquela certeza. E como se uma nevoa pesada começasse a se dissipar, as lembranças do sonho ficaram cada vez mais nítidas e ela estava lá ao seu lado. E tão vividamente lembrou-se do que ela lhe disse.
“Não tenha medo!” “Eu nunca a deixarei!”
Aquelas palavras reverberaram profundamente nela e uma lágrima escorreu assim que fechou os olhos. Porém, algo lhe incomodou e voltou a deixa-la confusa. Delphine estava em sua EQM, porém ela estava diferente, embora fosse a mesma pessoa. Mas ela atendia por outro nome. Abriu a boca duas vezes, mas não ousou verbalizar o que pensou. Guardou aquele pensamento só para si, pelo menos por enquanto. Esperaria conversar com a sua amada e isso a alertou de algo.
- Onde ela está? – Olhou ao redor como se a estivesse procurando. O silêncio desconfortável que imperou no quarto preocupou Cosima, e dessa vez nem mesmo a Manu ousou responde-la, pois ainda estava tentando processar em sua cabecinha que o seu sonho de fato aconteceu.
- Cosima... – S sentou-se na beirada da cama e pediu permissão silenciosamente a sua irmã para continuar. – Você sabe o motivo pelo qual tentaram lhe matar não é mesmo?
- Para atingir a Delphine... Mas onde ela está? – Exasperou-se. E uma tontura a fez embolar um pouco as palavras. O piscar lento de olhos alertou Genevieve.
- Você deve repousar. Não podes fazer grandes esforços ainda.
- Não! – Forçou com os antebraços contra o colchão, para se levantar. – Vocês estão me escondendo alguma coisa. Cadê a Delphine? – O turbilhão de informações que estavam sendo processadas por ela, juntamente com o seu estado bastante debilitante combinaram para que sua consciência voltasse a oscilar. Indo e vindo. – S... – Voltou a se deitar. – Onde ela está? Aconteceu alguma coisa com ela? – A aflição se instalou em seu coração. E a agitação não era nada boa para ela. Uma pequena arritmia teve inicio e ela lutava para tentar se levantar o que poderia ser bem ruim para a vasta cirurgia que ainda não estava totalmente cicatrizada.
- A Delphine está bem! – Siobhan disse de uma vez só. – Mas não está aqui... Conosco. – Havia demasiada ambiguidade naquela resposta, o que estava irritando Cosima. Embora o alívio de saber que sua amada estava bem houvesse lhe tranquilizado um pouco.
- Mas... Porque ela não está aqui, comigo? – Demandava por respostas mais concretas e claras.
- Porque ela não sabe que você está aqui! – Uma nova vez juntou-se aquela conturbada conversa. Utilizando muletas para ajudar em sua locomoção, Helena parou na cabeceira da cama de Cosima que assustou-se ao ver aquela poderosa mulher naquele estado. Alguns hematomas e curativos em seu rosto e uma bota imobilizadora.
- Como assim? Por que não? – A náusea começou a lhe incomodar com o amargor que lhe subiu pela garganta. E aliada a isso veio uma tontura cada vez mais forte.
- Porque ela não sabe que você está viva! – Helena disse com expressão dura, contendo raiva em sua voz.
- O que? – Foram as ultimas palavras coerentes proferidas por Cosima, pois aquele foi o golpe de misericórdia em sua frágil consciência. Retornou para a escuridão.
______
Seus scarpins chocando-se contra o granito perfeitamente encerado ecoavam ritmados ao longo do silencioso e quase fúnebre corredor. Seus passos eram dados quase que automaticamente, pois não havia vontade alguma de dá-los. Mas mesmo assim esforçou-se para sair da clausura na qual estivera confinada nos últimos dias. Não comia, não dormia, apenas se permitia afundar na mais profunda e intensa das dores.
Aquela dor que ela conhecia tão bem. Que fora sua companheira por muito tempo e retornara como uma boa e velha amiga que nunca a abandona. Nem mesmo a insistência de Stella que trouxe boas notícias acerca da recuperação de Helena, conseguiu retirá-la de sua amargura. Foi preciso que um de seus alunos chegasse até ela com um pedido o qual não poderia recusar.
Por isso, naquela manhã de segunda-feira estava indo em direção ao memorial de Cosima, que havia sido carinhosamente preparado por seus amigos e colegas de turma.
Naquela nublada manhã, a sala de aula que pertencia a professora Cormier estava lotada, contando inclusive com a presença de outros professores e funcionários do departamento de humanidades. Todos que conheceram e que, de alguma maneira, foram tocados por aquela mulher.
As conversas foram cessando assim que o ranger da porta dos alunos anunciou a entrada da Professora Cormier. O inusitado se deu pela escolha daquela porta. Muitos questionaram-se se foi uma homenagem que ela decidiu fazer, pois jamais havia entrado por ali, ou se a utilizou por confusão. O fato é que o estado em que ela se encontrava era realmente lastimável.
Vestiu uma roupa que foi Stella quem separou e estava usualmente elegante e vestida de acordo com a ocasião, mas a expressão derrotada em seu rosto não podia ser escondida nem mesmo pelos imensos óculos escuros que usava.
Desceu os degraus que dividam que ladeavam as fileiras de carteiras de cabeça baixa, evitando ao máximo olhar para a foto que estava emoldurada em um tripé logo a frente de birô. Caminhou e sentou-se numa cadeira que havia sido reservada para ela, logo ao lado de Stella e próxima aos Semideuses que estavam novamente inconsoláveis.
Seguindo o plano do Memorial, um a um, seus amigos franceses foram até ao lado do retrato e prestaram sua homenagem a amiga que havia perdido a vida tão drasticamente. Delphine pouco ouviu do que diziam, pois sua mente divagava envolta em sua dor. Só quando Marc, o ultimo dos Semideuses, teve a fala.
- Ela foi a melhor amiga que se pode ter... Uma pessoa linda, iluminada e extremamente humilde. Confesso que havia escrito algo para falar, mas nada do que consegui pensar, seria a altura dela. E sabem o que é curioso? – O rapaz, que tinha o rosto lavado de lágrimas, questionou a plateia. – Enquanto eu estava escrevendo pensei... “Vou pedir ajuda a Cosima, ela certamente saberia as palavras certas que eu poderia usar.” – Alguns sorrisos comovidos foram ouvidos e até mesmo Delphine suspirou, finalmente encarando a belíssima foto dela. Inevitavelmente voltou a sentir as lágrimas querendo vir a toma. O peso da mão de Stella sobre a sua lhe chamou a atenção, enquanto Marc terminava sua belíssima homenagem. – Então, gostaria de deixar aberto para quem mais quiser prestar sua homenagem. – Olhou para Delphine, mas ela desviou o olhar poucos segundos depois. Ele baixou a cabeça, mas compreendeu que deveria estar sendo muito difícil para ela.
Ele não fazia ideia.
- Que bom que a Sra. veio professora! – Marc parou diante dela e lhe tocou o ombro. Ela levou a mão até lá e a apertou gentilmente. Não disse nada ao jovem, apenas agradeceu o carinho com um sorriso fraco.
Alguns colegas de turma e um professor tomaram a palavra e todos disseram palavras gentis sobre ela. Porém, já estava sendo demais para aquela mulher que tinha sua alma dilacerada. Estava sendo terrível para ela estar ali, fingindo que ainda tinha alguma força nela. Quando na verdade a sua vontade era simplesmente deixar de sentir... De existir. Sem mais suportar, levantou-se pouco depois que o professor encerrou sua fala. Stella a seguiu e pouco antes de alcançar a maçaneta da porta que sempre usava, ouviu algo que soou aterrador.
Aquela voz!
- Eu gostaria de prestar as minhas sinceras condolências a Srta. Niehaus e dar os meus pêsames a Professora Cormier. – Era impossível medir todo o cinismo e sarcasmo contidos naquelas palavras. Delphine paralisou imediatamente, sentindo uma onda gelada percorrer seu corpo.
“Ele não ousaria...”
Virou-se lentamente desejando com todas as suas forças que estivesse enganada. Não estava!
Numa troca de olhares capaz de mudar a atmosfera daquela sala, eles se encaram.
E, prestando sua “homenagem” lá estava John Lamartine com uma rosa vermelha em mãos.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
LeticiaFed
Em: 29/09/2018
Oiiii! Antes de mais nada desculpa pelo atraso, estive viajando e atolada de tarefas, então só hoje consegui ler quase tres capitulos acumulados. Mas não poderia deixar de comentar cada um deles, ne. Primeiro de tudo, que peninha da Delphine...pobre criatura! Vontade de ir consolar a mestra, mas acho que ela não iria dar bola pra mim hahaha
Louca de medo dela conseguir ler a mente de alguém e descobrir a verdade antes da hora certa. Ela é educada e não sai lendo a torto e a direito como Manu. Ainda bem ;)
E a peste mor foi na homenagem...muita cara de pau. Pra cima dele, Delphine! Ai que raiva!
Vamos pro próximo! Beijo!
Portelinha29
Em: 18/09/2018
Impossível não sofrer junto com a Del. Quero ver qual vai ser a reação dela quando souber que a Cos tá viva.
Não vejo a hora desse Lamartine ser derrotado. Espero que isso aconteça logo.
Querida autora, parabéns pelo seu talento! Obrigada por alegrar nossas vidas com essa belíssima história!
Resposta do autor:
Nossa! Fico muitíssimo feliz em proporcionar algo positivo a vocês.
Quanto ao embate entre os grandes inimigos... Ele está mais próximo do que nunca.
Xeros!
[Faça o login para poder comentar]
Nina
Em: 17/09/2018
OIêeee, pelos Deuses, o que estão esperando para tirar Dephine dessa comiseração, não consigo imaginar a reação dela ao descobrir o ocorrido, se a felicidade vai permitir que ela nem pense no que suas irmãs foram capazes de fazer, obvio que pelo bem delas (Cos e Del ) e da ordem. Sinto que a chave desse bloqueio está nesse colar que ela usa,só acho, e querida autora se quiser já trucidar esta criatura maléfica, até a alma e toda e qualquer geração futura já pode, por favorzinho, nunca te pedi nada hoje,( olhinhos do gato de botas). Hahahaha, ta bom, segue o jogo. Bjim. Mata ele Del!!!
Resposta do autor:
Sim... Existe uma razão para a S ter tramado toda essa farsa. E espero muitíssimo que ela compreenda a imntenção das irmãs.
Opa... Percebeu o colar. Muito bem! Ele será explicado.
Quanto ao embate DelxLamartine... aguarde e verás rs...
Xeros
[Faça o login para poder comentar]
deni77
Em: 16/09/2018
O que fazer agora...
Como esperar OITO DIAS.... 190 horas....e os minutos então???
Prezada autora faz isso não... são muitas possibilidades passando na cabeça do povo, esperar pela sequência dessa "cena"...
Por um acaso isso é teste para cardíaco?
Acaba com ele Del...
Resposta do autor:
Nossa... Contagem regressiva? Putz! rs...
Desculpe, mas esse é o nosso ritmo mesmo. Adoraria poder postar antes, mas para isso preciso produzir rs...
E não é teste algum. Acredito que vai valer a pena a espera.
Xeros!
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]