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  • Capítulo 64 Destino (Parte Final)

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An Extraordinary Love por Jules_Mari

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Palavras: 7293
Acessos: 2647   |  Postado em: 23/09/2018

Notas iniciais:

Boa noite a todxs. 
Novamente peço desculpas por um capítulo não tão longo como gostaria, mas tive outra semana tumultuada. Porém não posso falhar com vocês. 
Agradeço muitíssimo o carinho e a companhia de vocês até aqui. 
Espero que gostem do capítulo. 

Uma ótima semana!

Capítulo 64 Destino (Parte Final)

(...)“Ele não ousaria...”

Virou-se lentamente desejando com todas as suas forças que estivesse enganada. Não estava!

Numa troca de olhares capaz de mudar a atmosfera daquela sala, eles se encaram.

E, prestando sua “homenagem” lá estava John Lamartine!

 

CINCO DIAS ANTES

 

Os primeiros raios da manhã de segunda-feira começaram a penetrar pelas frestas deixadas nas janelas daquele moderno avião. O clima dentro dele ainda era bastante tenso devido ao estado de duas de suas ocupantes. Aquela aeronave, que dispunha dos mais sofisticados equipamentos médicos onde uma daquelas mulheres agarrava-se a vida.

            O bip lento dos batimentos cardíacos mostrados no monitor logo acima da maca que a carregava era a trilha sonora que praticamente não deixava nenhum dos tripulantes e equipe médica descansar. As longas horas daquela viagem tornaram-se mais vagarosas devido a aflição que imperava. Todos e tudo ali estava preparado para qualquer eventualidade e Stella, aquela que fora incumbida para a mais importante das tarefas, mal conseguia retirar os olhos no pontinho verde que subia e descia a cada pulsar do frágil coração de Cosima.

Logo ao lado dela, em outra maca e com menos aparelhos conectados ao seu corpo, Helena repousava por causa da enxurrada de analgésicos que lhe foi ministrada devido aos ferimentos que sofrera. Stella caminhou e posicionou-se no estreito espaços entre as duas mulheres e as olhou com atenção. Não era o tipo que rezava e poderia muito bem ser considerada uma descrente, se não fosse ela parte de uma organização milenar onde o sobrenatural era o normal.

Suspirou enquanto repousou a mão sobre o antebraço de Cosima em meio aos tubos injetados em suas veias e focou sua atenção no que ela usava no pescoço. Um estranho e inusitado adereço para quem estava passeando sobre a tênue linha que separa a vida da morte. Atentou-se aos detalhes e percebeu a perfeição daquela peça. Para muitos poderia passar como um simples colar, uma peça que tinha o intuito de apenas adornar o pescoço, porém aquele não era nem o local nem o momento ideial para usar algo assim.

Ele era composto por um finíssimo cordão entrelaçado a partir da casca fina de uma árvore. O tipo dessa planta variava de acordo com a finalidade para a qual o Milah foi desenvolvido.

- Que perfeição! – Stella sussurrou baixinho assim que debruçou-se sobre Cosima para ver mais de perto aquele raríssimo amuleto. Mal dava para ver a sobreposição das fitas o que indicava a maestria de quem o confeccionara. Pendurados nesse fino cordão estavam um conjunto do que poderiam ser tidas como contas, mas eram pequenas peças retangulares e com as extremidades arredondadas esculpidas em madeira da mesma árvore da qual foi extraída a casca. Cada uma daquelas peças continha um diagrama que lembrava uma letra e também foram esculpidos pela mesma autora de todo o resto e na combinação daqueles desenhos estava a função do feitiço empregado.

- Onde... Estou? – Stella alertou e ao se virar percebeu que Helena havia despertado, atraindo a atenção da enfermeira que estava a postos para ajuda-las.

- Olha quem decidiu acordar! – Stella acariciou o rosto dela com todo o cuidado, desviando dos curativos. A belíssima face que ela tanto amava estava bastante maculada e isso lhe causava uma dor profunda, aliviada apenas pelo fato de que cada um dos responsáveis por aquilo foram mortos e que ela tinha sido a responsável por algumas daquelas mortes, embora uma delas tivesse sido ainda mais prazerosa. Sorriu de canto de boca.

- Isso é um avião? – Mesmo machucada a perspicácia e a atenção dela não falhavam. Stella apenas anuiu com a cabeça. Helena ergueu uma das mãos e viu que um tubo estava injetado nela. Seguiu com os olhos e percebeu que era algum tipo de soro. Quis levantar-se, mas foi impedida pela outra mulher.

- Ei... Se acalme Katz. Ainda precisamos fazer alguns exames para descobrir se algo mais está quebrado.

- Algo mais? – Alertou-se.

- Sim srta. Katz. – Outra voz feminina e meio sonolenta aproximou-se. – Sou a Dra. Hernadez! – Uma mulher de cabelos acinzentados e traços latinos aproximou-se. – Estás com três costelas fraturadas, uma luxação séria no pulso direito e uma pequena fratura na tíbia esquerda. – Aproximou-se para checar os curativos mais de perto e instintivamente Helena recuou em direção a parede da aeronave, mesmo sob as dores em seu corpo.

- Não se assuste Dra. Essa dai é metida a durona e detesta que cuidem dela. – Stella sorriu e esse sorriso aumentou significativamente quando recebeu o olhar de reprovação de Helena.

- Não duvido nem um pouco que sejas durona. – A médica ergueu as mãos já com as luvas calçadas, num gesto de paz, solicitando permissão para examiná-la. – Mediante ao que ela passou... – Pausou e escolheu melhor as palavras assim que percebeu a mudança nos semblantes das duas. – Ousaria dizer que é um milagre ela estar viva. – Concluiu assim que devolveu um curativo de volta ao supercilio direito dela.

Helena relaxou um pouco e permitiu que as memórias dos últimos acontecimentos viessem a tona. Percebeu que Stella estava atenta e bastante interessada em saber o que havia acontecido para ela ser capturada daquela maneira, mas não sabia se deveria ou não confiar naquela médica e nos enfermeiros que compunham sua equipe. Achou pertinente guardar aquele relato para outro momento.

- Quanto a Srta. Summer aqui...

- Quem? – Helena achou estranho haver outra pessoa ali e desconheceu aquele nome. A despeito do que lhe foi recomendado, inclinou-se um pouco e seu queixo machucado foi ao chão quando a Dra. Hernadez afastou-se um pouco revelando quem era a outra paciente. Olhou para Stella incrédula e essa estava com a expressão impassível, embora tensa que Helena pudesse soltar algo, mas sabia que a inteligência dela iria possibilitar-lhe juntar todos os pontos imediatamente. E foi o que aconteceu. – Ah Sim. Como ela está? – Fingiu total conhecimento do que se passava ali.

- Bom... A pressão arterial dela está estável, embora fraca. A meu ver a cirurgia pela qual passou foi um sucesso a despeito da gravidade dos ferimentos. – A médica checava o prontuário digital em um tablet. – Diria que fizeram mágica nessa moça! Mas ainda está em estado crítico, pois não temos como saber se ela sofrerá alguma sequela devido a falta de oxigênio do cérebro. – Helena arregalou os olhos e voltou a encarar Stella.

- Obrigada Dra. Acredito que podes voltar a descansar. Ainda faltam algumas horas até chegarmos a Dublin. – A médica sorriu.

- Qualquer coisa podem me chamar. – E se retirou do ambiente reservado para as pacientes.

- O que porr* aconteceu? – Helena esforçou-se para não gritar. – O que aconteceu com a Cosima? – Arregalou os olhos e ergue-se de supetão, ignorando qualquer dor ou ordem médica. – Onde está Delphine? – Só então Stella deixou sua postura controlada e deixou os ombros arriarem e toda a tensão das ultimas horas virem a tona, o que assustou ainda mais Helena que não conseguiu se lembrar de jamais ter visto uma expressão como aquela na mulher que estava sempre tão segura.

Após um longo e derrotado suspiro, Stella passou a relatar o que acontecera logo após o final do lançamento do livro. O atentado contra Cosima. A artimanha utilizada por Paul para deter Delphine e tentar escapar ileso àquele crime e de como depois foram ao resgate dela e da forma como Delphine resumiu todos aqueles homens a nada.

- Então o Paul... ?

- Morto! – O brilho quase sádico em seus olhos foi o suficiente para ela compreender o que havia acontecido.

- Certo... Então estamos indo para Dublin... – Ajustou a coberta e os travesseiros para sentar-se. A proteção em seu braço e perna não ajudavam muito e as dores nas costelas eram excruciantes, mas ela não dava o braço a torcer.

- Sim. Por causa dela. – Stella recostou-se na maca ao lado de Helena.

- Mas porque a Delphine não está aqui? Ela está bem não é? – Voltou a alertar-se.

- Imortal como sempre! – Foi a resposta lacônica dada após um desvio de olhar. Aquele gesto não passou despercebido por Helena que podia gabar-se de conhecer aquela mulher muito bem para conseguir lê-la, mesmo com todo o treinamento de espião que ela possuía.

- Stella... O que está acontecendo aqui? Não consigo imaginar nenhum outro lugar no mundo que Delphine poderia estar a não ser aqui dentro desse avião com a Cosima. Ainda mais ela estando desse jeito. – Apontou para a mulher que dormia completamente alheia a tudo que lhe acontecia ao redor. Foi então que Helena hesitou antes da próxima pergunta e inclinando-se para tentar enxergar melhor, percebeu algo que lhe chamou atenção. – Aquilo é um Milah? – Arregalou os olhos. Aquela era o indicio mais sério de que algo muito ruim estava acontecendo.

- Antes de qualquer coisa eu preciso que se acalme e não faças nada impensado.

- O que diabos eu poderia fazer Gibson? Estamos a milhares de metros de altura, sobre o oceano e em um avião. – Stella não pareceu muito segura, pois sabia do que aquela mulher poderia ser capaz quando contrariada.

- A Cormier não sabe que a Cosima está a caminho da Irlanda. – Disse com cautela, analisando a mudança nas expressões de Helena.

- E onde ela pensa que a Cosima est... – Não concluiu sua questão, pois sua ágil mente já estava montando aquele quebra-cabeça. Num movimento de negativa ela se inclinou para trás, evitando gem*r de dor. – Vocês perderam o juízo? Por favor, não me diga que a Delphine não sabe que a Cosima esta viva! – Stella não disse nada, apenas anuiu positivamente com a cabeça. – Que loucura é essa? – Gesticulou e precisou conter seu tom de voz, para que não fossem ouvidas, pois estava mais do que claro que não queriam que aquela informação vazasse, tanto que Cosima viajava com outro nome.

- Precisávamos tomar uma decisão... O Martelo já sabia quem ela era, então a Siobhan...

- Siobhan? – Dessa vez Helena não conteve seu tom de voz.

- Sim! – Stella alcançou as mãos de Helena e as baixou, buscando assim tentar acalma-la um pouco. – A ideia inicialmente foi dela, mas todas nos concordamos que é melhor a ser feito.

- Como assim? Isso é desumano! – Protestou enquanto cedia as dores e voltava a se deitar. Stella a ajudou a erguer o encosto da maca para que ela ficasse um pouco sentada, mas sem forçar tanto as costelas sob as bandagens.

- Katz... Pensa um pouco. Tente deixar de lado o seu amor pela Delphine... – Stella falava bem próxima a ela. – A Cosima praticamente morreu devido a esse ataque, mesmo sob todo o esquema de segurança que fizemos. Você mesma foi parte de tudo. E todas sabemos do que eles são capazes quando estão encurralados. – Helena parecia estar processando tudo o que a outra lhe dizia. – Na verdade era para ela estar morta agora e tudo pelo lutamos não aconteceria. Mas de alguma forma que me foge a capacidade de explicar, ela voltou e está aqui lutando pela vida.

- É mais seguro para ela e... Para nós que ela lute pela vida enquanto o mundo pensa que ela está morta. – Concluiu Helena.

- Sim! E isso, deveria incluir... Lamentavelmente, a Delphine. Só assim Lamartine acreditaria que ela está mesmo morta.

- Sim... É um plano perfeito exceto pelo fato de Delphine estar destruída... Onde ela está agora? – Questionou. Stella olhou seu relógio de pulso.

- Nesse exato momento... No velório da Cosima. – Helena abriu a boca algumas vezes, mas não foi capaz de dizer coisa alguma, pois foi tomada pela compaixão em relação a sua amiga. Lágrimas vieram a seu rosto em apenas imaginar pelo que ela deveria estar passando naquele instante. Sabia que todas as irmãs envolvidas naquele plano estavam tristes em precisar chegar aquele ponto, mas para ela doía ainda mais e isso nada tinha a ver com algum sentimento diferente da mais pura amizade.

Todas as consideravam uma rocha de firmeza e segurança, mas se havia algo que lhe machucava profundamente era ser testemunha do sofrimento de Delphine e lhe doía ainda mais não poder estar ao lado da amiga para lhe amparar. Porém, começou a se odiar, pois agora estava fazendo parte de tudo aquilo.

- Ela vai acabar conosco. Você tem dimensão disso? – Afirmou em tom de questionamento. Stella apenas a encarou de volta. Não havia o que discordar, pois certamente ela estava mais do que certa.

- Pelo menos a felicidade de descobrir que a Cosima está viva, pode amenizar um pouco a ira da Cormier. – Riu forçadamente ao final.

Um bip descompassado e o som preocupante de um alarme acionado em seguida espalhou um clima de desespero naquele confinado ambiente. Poucos segundos depois a médica afastou a porta de correr que as separava da área de descanso e já iniciou os comandos que desejava serem feitos a fim de evitar o inevitável.

- Parada cardíaca! – O tom de desespero da enfermeira lançou um pavor gélido aos corações de Helena e Stella que se entreolharam apreensivas.

Tomadas pela aflição, assistiram em silêncio as repetidas tentativas da equipe médica em literalmente trazer Cosima de volta. A segunda dose da adrenalina injetada direto no já frágil coração da mulher desacordada provocou segundos de tensão enquanto todas as pessoas presentes encaravam apreensivas, o monitor que mostrava um silvo persistente enquanto a torcida era por um bip constante e ritmado.

Um suspiro quase coletivo veio assim que o som tão desejado se fez ouvir, só que dessa vez um pouco mais fraco do que gostariam, mas pelo menos tinham batimento.

- Quanto tempo falta para pousarmos? – A Dra. Hernadez questionou para Stella que conferiu seu relógio.

- Pouco mais de uma hora. – Preocupou-se com a careta que a médica fez. – O que foi?

- Ela precisa ser levada para um hospital imediatamente.  Apesar de termos o que há de mais moderno aqui, não temos como fazer uma cirurgia e temo que... Ela não resista a uma nova parada cardíaca. – Aquela afirmação poderia ser desesperadora para qualquer outra pessoa, mas aquelas duas mulheres sabiam que Cosima estava sendo levada para o melhor lugar onde poderia ser salva. A questão era ela conseguir resistir até lá.

Nunca uma hora durou tanto tempo e ninguém arredou o pé de perto da paciente que ficava cada vez mais fraca a cada instante. Os estragos causados pelos ferimentos foram severos demais e o tempo em que ela estava desacordada também era algo bastante preocupante.

Pousaram em Dublin nas primeiras horas da manhã da segunda e na área de desembarque particular já havia toda uma equipe preparada para o transporte de Cosima. A equipe médica que veio no avião não foi junto nas ambulâncias, pois aqueles veículos não iriam seguir para hospital algum.

Stella seguiu num carro logo atrás onde Benjamim guiava e aquele comboio cortava as ruas do centro do comercial da cidade e não encontrava resistência em meio ao pesado tráfego. Logo afastaram-se da área comercial e seguiram pelo subúrbio até que após descer uma pequena ladeira, a imponência da Fundação Ártemis pôde ser vista.

As ambulâncias contornaram a construção principal e pararam próxima a garagem. Com todo o cuidado, mas com urgência, transportaram Cosima e Helena de forma cuidadosa, para que o mínimo de pessoas pudessem vê-las.

A maca onde Cosima estava trepidava contra as irregulares pedras e era seguida pela de Helena que protestava, informando que queria ir andando e brigou com todas e com suas dores para acompanhar o tratamento daquela mulher.

O abafado e sufocante ambiente das catacumbas da Fundação foi totalmente tomado por uma mistura quase incomoda de vários cheiros que remetiam a ervas.

- A coloquem na pedra! – Uma mulher já de bastante idade e com voz autoritária ordenou. Foi imediatamente obedecida e assim que as mulheres se afastaram, ela se aproximou. Vestia uma túnica escura e com o tecido bastante desgastado, indicado que aquelas vestes poderiam ser tão antigas quanto ela. O peso da idade lhe fazia curvar as costas, mas ainda assim era uma mulher bastante alta. Ela se aproximou da pedra e sem preocupação ou gentileza alguma arrancou os tubos inseridos nas veias de Cosima, para em seguida afastar os equipamentos que monitoravam e de ajudavam a manter a vida.

Stella sobressaltou-se com aquilo, mas antes que ela pudesse se pronunciar, sentiu a mão de Helena em seu braço, impedindo-a.

- Deixe-a fazer o que ela sabe! – Helena disse um pouco ofegante devido ao seu estado. Stella olhou receosa para ela e quando voltou sua atenção para o centro daquele sombrio salão a mulher olhava para elas por sobre o ombro. Só então a loira percebeu que um dos olhos dela era completamente preenchido por uma névoa branca indicando que ela só enxergava por um deles. Stella sentiu-se arrepiar com aquela visão, e mesmo fazendo parte da Ordem a tanto tempo, ainda existiam questões sobrenaturais que realmente a assustavam. – Essa é a Sacerdotisa de Ártemis. Nenhuma de nós, exceto Delphine, sabe o nome dela ou a sua idade. Mas certamente é a mais velha entre nós. - Helena, percebendo o desconforto da outra, lhe segurou a mão. Por muito tempo compartilhou daquele mesmo medo e desconfianças, mas desde que testemunhara a ação daquela mulher salvando a vida de Delphine na noite de seu atentado que ela jamais duvidou de mais nada.

- Exceto pela própria Delphine! – Stella ainda conseguiu manter traços do seu sarcasmo característico.

Focaram sua atenção nas ações da Sacerdotisa que ergueu os braços para baixar seu capuz, revelando uma longuíssima cabeleira de um branco cor de neve, revelando seu rosto coberto de pinturas semelhantes a de seus braços que lembravam tatuagens ritualísticas, que ficaram a mostra durante este movimento, mas que naquela pouca luminosidade, ficava difícil de perceber com certeza.

Novamente sem cautela alguma, a Sacerdotisa rasgou a bandagem que cobria os pontos deixados pela cirurgia e para o estarrecimento de Stella, usou uma faca para abrir arrancá-los. Uma quantidade significativa de sangue saiu de lá, indicando que estava acumulado e que provavelmente tratava-se de uma hemorragia. A mulher baixou sua cabeça até bem próximo do ferimento aberto, o olhou com atenção e até mesmo o cheirou e, num idioma que nem Stella nem Helena conheciam demandou suas ordens.

Sabe-se lá de onde, outras três mulheres já de bastante idade se aproximaram dela trazendo tudo o que ela pedira. Recipientes com pastas, soluções e toda a sorte de coisas que fugiam a compreensão de Stella.

Ela limpou o ferimento, inseriu uma serie de substâncias lá e quando fez, pela primeira vez, Cosima emitiu um gemido, balbuciando algo. A mulher mais velha aproximou sua cabeça do rosto da morena, como se quisesse ouvir o que ela dizia. Como se conversasse com ela, balbuciou palavras incompreensíveis no ouvido de Cosima que já transpirava em demasia. A Sacerdotisa esticou a mão e um copo que parecia ser de madeira lhe foi entregue. Ela ergueu um pouco a cabeça de Cosima e depositou o liquido daquela frasco na boca dela, muito escorreu pelos lados da boca da mulher que tinha sua consciência oscilando. Mas uma tosse que sacudiu todo o seu corpo indicou que ela havia engolido um pouco.

Um aceno vigoroso de cabeça indicou que a mulher estava satisfeita com a resposta de Cosima. Voltou a se dedicar ao ferimento que de forma impressionante já não sangrava mais. Solicitou silenciosamente que outro frasco lhe fosse entregue e espalhou uma basta cor de mostarda cobrindo quase toda a barriga de Cosima e por fim, colocou algumas folhas de um verde vivo sobre o ferimento, e com uma segurança que não deveria pertencer a mãos tão velhas, enfaixou o abdômen da mulher e afastou de olhos fechados enquanto erguia a cabeça e as mãos, como se estivesse fazendo alguma oração.

- Deixem-na aqui conosco agora! – A velha senhora disse e indicou a saída para quem não pertencia aquele lugar, ou seja, Helena e uma incrédula Stella. Mas antes que elas saíssem ouviram a mulher mais uma vez. – Que belíssimo trabalho. – As duas voltaram-se para ela e viram que ela acariciava o Milah que Cosima trazia no pescoço. - Genevieve? – Stella anuiu positivamente e novamente surpresa. A velha levou ambas as mãos as costas e sorriu satisfeita com a resposta.

- O que foi isso? – Stella questionou quando já estavam no corredor.

- A Ordem em sua mais pura essência! – Helena respondeu vagarosamente. – Agora... Eu realmente preciso de ajuda... – E arriou ao chão, finalmente sucumbindo às suas dores.

 

______

 

HOJE.

 

Cada individuo naquela sala, ou daquela instituição pode sentir uma formigar estranho em seus corpos, como se invisíveis pequenos pontos, os prendessem, paralisando-os na posição em que estavam. Muitos olhos arregalados assistiam a cena de um homem, publicamente conhecido, segurando uma rosa vermelha e a estendendo para Delphine, que tremia dos pés a cabeça.

Instantaneamente, assim que o viu, cada fragmento de seu ser entrou em alerta e uma agonia começou a percorrer seus membros, como uma coceira crescente e que precisava ser coçada. Ela tinha a certeza do que aquilo significava. Do que estava por vir! E ela sabia que era exatamente isso que aquele homem desprezível desejava.

Há poucos metros deles, Stella estava em total alerta e a um passo do desespero, pois sabia do que Delphine era capaz quando perdia o controle sobre si. Olhou ao redor e viu que Lamartine não havia ido até ali sozinho. Contou mais pelo menos cinco homens que haviam se posicionado estrategicamente. Numa fração de segundos varreu a sala com os olhos e calculou a dimensão da tragédia que estava prestes a acontecer.

O silêncio gutural foi rompido pelos passos dados por Delphine em direção a Lamartine. Num ultimo instante de razão, ela olhou suplicante para Stella que literalmente cambaleou para trás quando testemunhou, pela primeira vez, os lindos olhos verdes de Delphine serem cobertos pela negritude mais intensa. Num estalo correu porta a fora, como se estivesse fugindo para tentar salvar sua vida, mas na verdade foi até o corredor e começou a procurar algo. Assim que localizou o que queria, usou o punho de sua pistola para quebrar o vidro e acionar a alavanca de incêndio. Imediatamente sirenes que alertavam contra incêndio, foram acionadas dando início a uma frenética movimentação das pessoas que trataram de sair por onde era possível.

Com um profundo alivio, viu que todas as pessoas que estavam na sala de aula estavam saindo. Ajudou como pode para que todos saíssem pela escada de emergência e assim que percebeu que não havia mais ninguém a vista, tentou retornar para a sala, mas não conseguiu, pois as portas foram violentamente fechadas, contudo ela ainda conseguiu um fragmento de imagem do que parecia ser Delphine empurrando a mão de Lamartine, fazendo a rosa que ele segura ser lançada ao ar. Seu sangue gelou em seu corpo.

Lá dentro, as pétalas da rosa atingiram o chão no exato instante em que a gargalhada cínica de Lamartine se espalhou por aquele ambiente, fazendo com que Delphine parasse a poucos centímetros dele perplexa com aquela reação, ao ponto de conseguir retomar a sua consciência.

Como se despertasse de um longo sono olhou ao seu redor, como se procurando por algo ou se estivesse tentando se situar. Respirou visivelmente aliviada ao perceber que não havia mais ninguém ali além deles. Novamente o som nauseante da risada dele a atingiu.

- Fraca! – Ele ousou dizer. – E sempre foi isso que nos diferenciou... Você sempre colocou os outros antes de seus objetivos.

- Sim... Você não se importa em sacrificar quem for para atingir seus objetivos. – Disse mal movendo os lábios. Por um rápido instante, o semblante sádico do homem se desfez, pois ele sabia a que ela estava se referindo. Ambos seguraram o olhar um no outro o quanto puderam e aquela violenta troca de olhares daqueles dois seres poderosíssimos causava uma carregada atmosfera de energia que fazia todas as janelas da sala vibrarem cada vez mais forte, prestes a serem estilhaçadas.

Lamartine foi o primeiro a ceder, mas escancarou um largo sorriso, indicando que não havia “perdido” aquele embate. Delphine permaneceu imóvel, com os punhos cerrados, tentando agarrar-se a frágil consciência que ainda possuía. Ela sabia o quanto ele a provocava e a impelia ao que tinha de pior, àquela sobra escura que a envolvia e que trazia a tona o que de mais visceral e poderoso ela possuía. Mas assim como ela, ela tinha a certeza de que não poderia controlar aquele seu lado... Aquele ponto em que ela estava na plenitude de suas forças... Atingindo o ápice de sua energia. Sendo quem ela foi criada para ser.

- Tanto poder... Tanta força... Desperdiçados! – O desdém em sua voz era mais uma pitada de provocação. – Hum! – Ele caminhou pela sala, olhando ao redor, inspecionando o ambiente. Delphine não tirava os olhos dele, analisando seus movimentos, tentando buscar uma explicação para a presença dele ali, embora soubesse exatamente o que ele pretendia. O sadismo dele parecia não ter limites. Um poderoso calafrio percorreu sua espinha quando ele parou diante da fotografia de Cosima. – Então era ela. – Ergueu a mão para tocar a superfície brilhosa, mas teve sua mão impedida por uma força invisível.

- Não ouse tocá-la! – Disse entre dentes. Lamartine tentou esconder o seu receio diante do controle que ela conseguia exercer sobre ele. Tudo o que ele menos queria era que ela tivesse a dimensão de tudo o que ela poderia fazer.

- Era ela quem estava roubando a minha preciosa imortalidade... – Colocou ambas as mãos nas costas. – E... A sua também! Isso é maluco! – Ele riu debilmente.

- Eu a amava mais do que minha própria vida e trocaria a eternidade para poder passar apenas mais um dia com ela. – A dureza de sua voz sumiu e a tremenda dor que sentia voltou a transparecer. Ela não precisava mais esconder nada dele. Até porque era exatamente isso o que ele queria, regozijar-se dela.

- Amor! – Só faltou cuspir no chão tamanho o seu desdém. – O amor rouba a razão... Nos deixa fracos... Vulneráveis. Veja você! Completamente destruída por esse sentimento egoísta. – Ele a rodeava enquanto destilava seu veneno. – Perda de tempo o amor!

- Mas você já amou um dia! – Havia pouca emoção em sua voz e ele não esperava aquela afirmação. A olhou intrigado. – Minha mãe! – Ele separou seus finos lábios e seus olhos azuis gélidos pareceram receber um lampejo de vida.

- Não! Eu odiava sua mãe!

- Amor e ódio... Uma linha tênue os separa. – Ela tomou para si o cinismo dele. – Ambos sabemos que... Do seu modo doentio, você a amou... E é por isso que me odeias tanto. – Foi a vez dela rodeá-lo.

- Você a tirou de mim... Você tirou tudo de mim. – Ele disse e Delphine provou o doce gosto da vitória. Era tão fácil entrar na cabeça dele. Também conhecia seu ponto fraco.

- Estamos quites então... Pois você tirou tudo de mim! Duas vezes! – Ela levantou o tom de voz no exato instante em que um trovão explodiu no horizonte.

- Duas vezes? – Ele questionou e Delphine arrependeu-se imediatamente do que disse. Lamartine deu largos passos de volta a foto de Cosima. – Sim... Seu grande amor... Almas gêmeas... – Gargalhou! – Isso é muito do feitio da Emanuelle! – Virou-se para a foto e curvou-se como se pretendesse beijar a imagem. – Minha... Filha? – Riu debilmente. – Então era isso que a profecia dizia? – Ele parou, levando ambas as mãos a boca. – E você esperou todo esse tempo por ela? – Gargalhou mais uma vez, empurrando Delphine para seu limite. – E como da primeira vez... – A mulher mal o ouvia, pois estava se deixando levar pela ira e tristeza que lhe preenchiam naquele instante. – Você a perdeu... Ou melhor... A matou! – Uma verdadeira explosão fez com que todas as janelas não só daquela sala, como de todo o prédio explodissem e uma onda varresse a sala arrancando as cadeiras que eram presas ao chão.

Lamartine sentiu uma força gigantesca forçando seu corpo, mas resistiu. Porém recuou quando viu que Dephine vindo resoluta em sua direção. Tentou revidar contra a energia que vinha dela, mas percebeu que não tinha o poder necessário. Sentiu-se consumir pelo pavor quando estarrecido percebeu o que acabara de acontecer. Abriu os olhos e se percebeu envolvido pelos braços dela.

Delphine estava abraçando Lamartine! O homem não conseguia compreender a enxurrada de sentimentos que experimentou dentro daquele abraço, mas ao final, o que ficou mais evidente foi uma reconfortante sensação de segurança, algo que aquele homem não sentia a muito tempo. Contudo, foi assolado por uma sensação dolorida e imagens que conhecia bem dançaram e sua mente.

- Melanie? – Ele balbuciou o nome da filha enquanto se deparava com a imagem derradeira dela, lhe olhando com pena em meio as chamas, só que dessa vez, o prazer que sentiu naquela ocasião deu lugar a uma tristeza profunda como se toda a vontade de viver lhe fosse arrancada e então percebeu que estava provando os sentimentos da mulher que o abraçava.

E aquele era o pior dos castigos que ela poderia infligir a ele.

Os dois agora choravam copiosamente.

- Pare! Por favor PARE! – Ele implorava enquanto lutava para se desprender dos braços dela. Era inútil! E então novas imagens chegaram a sua mente, só que dessa vez de Cosima. A felicidade do reencontro... A emoção do primeiro beijo... A plenitude suprema de quando fizeram amor pela primeira vez... A dor do afastamento... – Eu não quero mais! – Suplicava e quanto mais ele lutava, mas apertado Delphine o segurava e então veio à imagem do reencontro delas, da felicidade em estarem juntas novamente. Uma felicidade que aquele homem jamais vivenciou. Finalmente ela o levou até aquela noite... A escadaria, o grito... O sangue... Aquela dor que dilacerava seu coração e então o vazio... O silêncio... Ele percebeu que não estavam mais naquela sala e sim num lugar que parecia não ter mais fim. E então ele a viu... Delphine, encolhida naquele lugar escuro, frágil... Entregue... Sucumbido sob a pressão que carregava consigo.

Lamartine, estranhamente tocado por aquela cena, abaixou-se e com uma delicadeza que não lhe pertencia, afastou uma mecha de cabelo do rosto dela e percebeu que lágrimas escorriam copiosamente. Tocou o rosto dela ao ponto de equilibrar em seu dedo uma gota daquele salgado líquido. Delphine o olhou com pesar e assistiu enquanto ele ergueu a mão e depositou a lágrima dela em seu próprio rosto e logo outras lágrimas seguiram aquela e o choro dolorido dela, foi experimentado por ele. E como se suas posições se invertessem, agora ele era quem estava sentado no chão, sofrendo como se não conseguisse mais viver.

- Por favor... – Ele novamente suplicou. – Acabe logo com isso!

- Quem me dera! – A frieza na voz dela o atingiu em cheio. Ele ergueu a cabeça e então se deparou com o mais assustador dos olhares. O escuridão que viu naqueles olhos congelou o seu gélido coração e então ele foi violentamente erguido do chão. – Venho tentando acabar com isso há tanto tempo... – Lamartine percebeu que haviam retornado para aquela sala e que não mais tocava o chão. Seus braços esticados em forma de cruz. – Mas você não deixa! – O arremessou contra a parede que ficava do lado oposto de onde eles estavam. A força foi tanta que parte do reboco da parede cedeu e caiu sobre o corpo do homem no chão.

Lamartine tentou se levantar, mas sentiu a mão firme de Delphine em seu pescoço e a outra mão dela contra seu peito.

Todo o prédio parecia tremer, como se sacudido por um terremoto.

- Posso não ser mais capaz de mata-lo... – Cravou suas unhas no peito dele arrancando-lhe o grito mais desesperado que ele possuía. – Mas isso não me impede de machuca-lo. – Berrou essa ultima parte e Lamartine perdeu a consciência pouco antes das sirenes anunciarem a chegada dos bombeiros.

 

______

 

- Vamos Cosima... Acorda! – A animação de Manu parecia não ter fim.

- Oi Manu. – Esforçou-se para abrir os olhos. Ainda estava bastante confusa e sentindo-se fraca.

- Você já dormiu demais e a Sra S disse que já está na hora de você acordar. – A menina tentou puxar o lençol que a cobria.

- Onde está todo mundo? Que horas são? – Tentou olhar ao redor e percebeu que já era noite.

- Tarde! Pelo menos no conceito de horário da Tia Helena. – Cruzou os braços emburrada. Cosima sorriu da reação da menina.

- Ela faz isso porque crianças devem descansar. – Com alguma dificuldade conseguiu se sentar.

- Muito bem! Vejo que os remédios das anciãs são realmente muito bons. – A menina disse saltando e sentando na cama, ao lado de Cosima. A mulher olhou curiosa para a menina e deixou que algumas lembranças borradas viessem a sua mente. Lembrou-se das pedras, e do rosto enrugado e coberto de marcas de uma mulher. Frases estranhas... Seu nome sendo chamado. – Elas cuidaram de você. – Manu tocou gentilmente na barriga dela onde estava o curativo.

Tomada pela curiosidade, Cosima alcançou a pontinha da atadura que estava levantada e puxou toda a bandagem revelando o que ela escondia.

- Eca! – A espontaneidade de Manu quase arrancou um riso dela, mas a surpresa do que encontro foi mais forte. Folhas secas e com cheiro forte cobriam seus machucados. – Milo... Mile... Milefólio! – Manu estalou os dedos assim que conseguiu lembrar o nome daquela planta.

- Você sabe o que é isso?

- Sim! Sou muito boa com herbologia. – Estufou o peito com pleno orgulho. – É uma folha ótima para cicatrização.

- Com certeza você é... – Olhou pensativa para a menina, lembrando-se quem ela fora e de tudo que lera a respeito de Emanuelle Chermont. Surpreendeu-se com o estado das cicatrizes que estavam bastante secas e sem sinal algum de inflamação. – Ganharei uma bela cicatriz. – Acariciou de leve o ferimento e subiu sua mão por sua barriga até que sua mão alcançou o estranho colar que estava pendurado em seu pescoço.

- Um Milah! – Manu disse enquanto recolocava as folhas de volta sobre o machucado de Cosima.

- O que é um Milah? – Cosima o acariciou e baixou a cabeça na tentativa de vê-lo melhor.

- Um colar mágico! – A inocência da menina não amenizou em nada aquela resposta.

- Como assim?

- A sra S foi quem o colocou. Mas foi a Sra. Cormier quem fez.

- Genevieve?

- Ela é a melhor do mundo em fazer Milah. – A menina respondeu.

- Para que serve?

- Tem um feitiço nele... Não sei bem... Mas parece que é para que a Delphine não ouça você. – Levou as mãos a cabeça. – Eu não entendi muito bem essa parte. - Cosima ficou ainda mais confusa com tudo aquilo e então lembrou-se da ultima conversa que teve com Siobhan e a revelação de Helena.

“...Ela não sabe que você está viva.”

- Por que elas não querem que Delphine não saiba que estou viva? – Manu deu de ombros, demonstrando que não possuía aquela resposta.

- Tem muitas coisas mágicas e lugares secretos nesse castelo. – Levou o dedo em riste aos lábios, no universal sinal de silêncio. – Eu te mostro se você quiser. – E piscou um dos olhos. Cosima arregalou os olhos e apenas anuiu positivamente com a cabeça.

Sentia em seu intimo que ainda estava sendo mantida nas sombras, que escondiam algo dela e pretendia descobrir. Acariciou novamente aquela peça e percebeu que aquilo também fazia parte de toda aquela estória. Tentou retirar o colar para vê-lo melhor.

- Sugiro que não tire! – A voz de Helena se fez ouvir.

- Meleca! – Manu deu um salto da cama. – Eu estava sem sono Tia Helena. Ainda nem é tão tarde assim... E...

- Manu! – A mulher ergueu a mão sinalizando que a menina deveria se calar. – Esta tudo bem, mas vá já para o seu quarto. A Cosima precisa descansar. – A menina quis protestar.

- Vá Manu... Também vou dormir logo. – Cosima incentivou a ordem dada por Helena.

“Vá Manu, e quando todas estiverem dormindo, você volta aqui!” Falou com a menina por suas mentes e lhe piscou um dos olhos.

“Pode deixar!” Manu saiu sorrindo imensamente e quando percebeu o olhar confuso de Helena bocejou enormemente e espreguiçou-se, fingindo estar com um tremendo sono.

- Por que estão fazendo isso Helena? – Questionou o que tanto queria.

- Realmente você não faz ideia? – Sentou-se apoiando a muleta numa mesa ao lado.

No fundo ela realmente imaginava o que estava acontecendo, mas não sabia a dimensão de tudo.

- Estão realmente fingindo a minha morte?

- Com direito a funeral com cremação e tudo! – Helena cruzou o braços e recostou-se na poltrona que ficava próxima a janela.

- Mas... Como?

Ouviu estarrecida toda a engenhosidade do plano engendrado por Siobhan e Genevieve, desde seu atentado, a captura de Helena e da forma que Shay a salvou e de como a médica foi incluída naquele plano.

- E você... Está bem? – Apontou para a perna da morena.

- Bem melhor. Foram só alguns arranhões. – Aquela mulher detestava demonstrar fraqueza.

- Mas... Por que manter a Delphine no escuro? Como ela está? Pelas deusas... Meu amor! – Levou novamente a mão ao colar.

- Também não compreendi a principio, mas... É o melhor. O Martelo não descansaria enquanto você não estivesse morta. – Helena não maneirava nas palavras. – E a crença da Delphine nisso é crucial.

- Como? – Helena levantou-se e foi mancando até a cama para entregar algo a Cosima. Um tablet ligado na página da BBC que relatava o bizarro incidente ocorrido na Sorbonne onde parte do Bloco A do Departamento de Humanidades ruiu e que, inusitadamente o Ministro da Cultura fora a única vitima, mas que escapara com vida.

- Seus amigos organizaram um memorial para você... E o Lamartine foi até lá... Para... – Havia raiva na voz de Helena.

- Tripudiar da Delphine! – Cosima partilhou do mesmo sentimento.

- Sim... E agora ele tem certeza de que você está morta! Portanto, enquanto o plano estiver acontecendo, não podes tirar o Milah.

- Mas até quando?

Helena parou pouco antes de sair do quarto. Ponderou se caberia a ela a tão esperada revelação, mas não sentiu-se merecedora daquilo.

- Você saberá até quando! – Foi sua resposta lacônica. – Boa noite Cosima. – E saiu do quarto.

Cosima ainda se demorou relendo aquela e outras matérias relatando o acontecido e entre um link e outro, chegou até as notícias do seu atentado e de como as investigações estavam levando a um grupo extremista misógino que desejava acabar com a divulgação de seu livro sobre uma instituição de empoderamento feminino. Uma das matérias dizia que aquele fato fez com que a procura por seu livro triplicasse, atingindo números impressionantes e que vários manifestos estavam sendo organizando para protestos contra a tal organização que se intitulava...

- O Martelo... – Sussurrou. Não sabia como, mas desconfiava que algumas informações havia sido vazadas de proposito. Encarou novamente a foto do prédio onde estudava e de como ele fora destruído por um suposto incêndio acidental. Não cansava de se surpreender com a dimensão do poder de Delphine.

- Psiu!

- Merda! – Soltou um pouco mais alto do que deveria devido ao susto.

- Não pode falar palavrão! – Manu aproximou-se com olhar repreensivo. – Você consegue andar? – Manu sorriu marotamente.

- Acho que sim. – Jogou as pernas para fora da cama e sentiu-se um pouco zonza, pois estava deitada a muito tempo. Manu tentou segurá-la, mas seria em vão. Olhou ao redor. – Ali! – Apontou para a muleta esquecida por Helena. Apoiou-se nela e com bastante alivio, percebeu que seu machucado já não doía tanto como imaginava.

- Tem certeza? Sua cara não tá nada boa. – A menina referia-se as caretas que ela fazia.

- Tenho sim... Onde você quer me levar? – Fez uma cara serelepe, o que provocou um enorme sorriso na menina.

- Você vai adorar... – Em silêncio, e contando com a companhia sorrateira de Adromeda, as duas esgueiraram-se pelos corredores da Fundação, que naquelas horas estavam bem pouco movimentados.

“Onde você está me levando?”

“Ao meu lugar favorito no mundo todo”

“E esse lugar fica aqui no castelo?”

“Sim... Num lugar secreto. Tenho passado todo o tempo que posso lá.”

Conversavam mentalmente para não chamar atenção e evitar maiores barulhos.

“Essa é a sala da Siobhan!” Manu apresentou. “E atrás dessa porta estão os maiores segredos da Ordem do Labrys.”

“Você sabe como entrar?”

A menina não respondeu, apenas discou os números que serviam de código para acesso aquela corredor. Assim que passaram pela porta, luzes começaram a ser acesas e quadros pendurados em ambos os lados ilustravam algumas das irmãs mais proeminentes da Ordem, incluindo várias Mestras.

- Gertrude Stein foi Mestra da Ordem? – Perguntou para Manu, como se a criança soubesse de quem ela estava falando. A menina apenas anuiu positivamente e esperou o máximo que sua infantil paciência permitia. Enquanto Cosima sussurrava alguns dos nomes pendurados naquelas paredes. – Frida Khalo... Marie Curie? – Cosima levou a mão a testa, tamanho o seu choque.

- Vem... Quero te levar ao meu lugar favorito... – De ponta de pés, acionou o botão do elevador que as levou para baixo. Cosima sentiu seu coração gelar ao ver entre as grades do elevador, que haviam duas guardas diante de uma imensa porta que tinha o Labrys esculpida nas maçanetas.

- Não se preocupe! – Manu disse e abriu a porta de ferro. Caminhou normalmente passando pela frente das duas mulheres que pareceram ignorá-la totalmente. Gesticulou para que Cosima a seguisse e essa saiu completamente desconfiada, mas também não foi vista pelas guardas.

- Como?

Manu simplesmente apontou a própria cabeça e o queixo de Cosima foi ao chão mais uma vez naquela noite de revelações e que estava só começando.

- Chegamos! – Manu parou diante de uma porta de metal que passaria desapercebida para qualquer pessoa mais desatenta.

- Sua sala especial? O que tem nela? – O olhar maroto de Manu e seu risinho serelepe indicaram o quanto a menina estava ansiosa com aquilo. Abriu a porta após digitar outro código e puxou Cosima para dentro. A claridade inicial das luzes incomodaram seus olhos. - Manu? – Procurou a menina.

- Bem-vinda a história da Ordem do Labrys e da Delphine... – Manu estava diante de uma imensa pintura de época, uma tela de corpo inteiro que tinha estampada nela uma mulher que Cosima conhecia muito bem. – E sabe o que é mais legal? – Questionou e a morena sentiu sua cabeça girar a medida que se aproximava daquela pintura, que possuía uma pequena plaquinha dourada que a identificava.

- O... O quê? – Gaguejou.

- É a história da...

- Evelyne... – Cosima sussurrou enquanto seus dedos acariciavam o nome escrito na placa.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 64 - Capítulo 64 Destino (Parte Final):
MariFeijolle
MariFeijolle

Em: 30/09/2018

Ansiosa para o próximo cap.  To com mt pena da Del!!  

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LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 29/09/2018

Opaaaaaaaaaaaaa!!! Finalmente Cosima vai entender tudinho! Ah, que maravilha, adorei!! Obrigada, Manu!

E o colar, então...entendi agora para que serve e que tanto Genevieve mexia nele no pseudo-funeral. Ja estava pensando que seria algum feitiço para a imortalidade da Cosima, mas daí também acredito que não acabaria com a da Del (ate que não seria mau...) e da peste do martelo (nem pensar!), pelo que lembro da profecia.

A parte boa é que amanhã ja é domingo, aleluia! Prometo ler e comentar amanhã mesmo.

Beijo!

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deni77
deni77

Em: 23/09/2018

Muito bem Del machuque ele mesmo.

Depois quando tudo se encaminhar e você e Cosima estiverem juntas acabem com ele...

Mas, tá dando um peninha na bixinha, sofrendo tanto.

Já contando os dias para o próximo capítulo, aí... pelas deusas da "Ordem"....

kkkkk

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patty-321
patty-321

Em: 23/09/2018

Agora cosima entenderá tudo. Tao bom ver o ódios o Lamartine sofrer. Gratidão.  melhor estória do ano. Bjs

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