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An Extraordinary Love por Jules_Mari

Ver comentários: 6

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Palavras: 7648
Acessos: 2937   |  Postado em: 09/09/2018

Notas iniciais:

Boa noite, 

Espero que ainda estejam comigo após o ultimo capítulo rs... 
Tomara que sim e torço para que o que estou planejando, agrade vocês. 
E continuo agradecendo o retorno que vocês tem me dado nos comentários. 

Desejo uma ótima leitura e uma excelente semana. 

Xeros.

Capítulo 62 Destino (Parte 2)

Sentiu como se uma tranquilidade acolhedora lhe envolvesse e afastasse qualquer dor e desespero que a estava consumindo. Apenas uma sensação de paz permanecia lhe abraçando, um abraço quente e um desejo de ‘boa noite’ da pessoa amada antes do mergulho num sono sereno e até mesmo eterno.

Cosima se sentiu tentada a mergulhar naquela quietude, onde se sentiria segura, longe de todo o tormento que estava dilacerando a sua alma. O cansaço que a acometeu parecia cada vez mais distante e cada vez mais aquela serenidade lhe seduzia. Porém, algo em sua mente lhe impedia. Uma voz bem baixa, quase como um sussurro que chegava a sua consciência com uma brisa leve, quase imperceptível.

Olhou ao redor e se viu deitada sobre uma superfície dura, mas que parecia não lhe incomodar. Reconheceu aquele lugar de uma memória antiga e logo percebeu que havia estado ali há poucos instantes, só que agora não era mais noite nem tão pouco era dia. Parecia um meio termo entre ambos os períodos, se é que isso existe. Achou peculiar as cores que tingiam o céu e encantada com elas ergueu-se ficando sentada, com as pernas cruzadas.

Estava sozinha!

Não havia mais ninguém ao seu redor. Os gritos haviam cessado, na verdade um silêncio ensurdecedor chegava a quase lhe incomodar, pois lhe permitia ouvir seus pensamentos. Contudo, esses pareciam estar cada vez mais distantes como se a medida em que ela permanecesse ali eles fossem sendo esquecidos, relegados a esse vazio, pois poderiam não ter tanta importância assim.

“Onde estou?” Questionou para si mesma e percebeu que a resposta que tinha há alguns instantes, já se perdera. Sentiu uma pressão sobre sua barriga e ao olhar para lá, percebeu que suas mãos a apertavam. Mas ela não conseguia lembrar exatamente o motivo. O lindo vestido que usava estava impecavelmente limpo e sem trazer vestígio algum do terror que viveu e que parecia ainda mais distante. Levantou-se como se seu corpo pesasse nada. Sentiu um vento fresco sacudindo seus cachos e um calor suave beijou-lhe a face.

“Será que estou morta?” Resquícios de sua racionalidade ainda perambulavam em sua mente cada vez mais vazia e chegou a pensar que o que estava experimentando nada tinha a ver com os inúmeros relatos que já viu sobre EQM[1]. “Mas quem garante que é isso mesmo que está acontecendo Cosima?” Questionou-se e riu de si mesma.

De repente um movimento atraiu sua atenção e girou sua cabeça, teve sua visão brevemente ofuscada pela luz que incidia do que parecia ser o seu. Algo parecia estar voando com aquela brisa. Seria um lençol? Não, era grosso demais e os movimentos não eram suaves como deveria ser um tecido fino e delicado. Afastou-se alguns passos para que aquele pedaço de plástico caísse ao chão ainda um pouco dobrado, escondendo parte das inscrições que ele trazia. A cor lilás lhe chamou a atenção e aguçou sua curiosidade. Posicionou-se de frente para aquele retangular tecido plástico e parte de um desenho lhe soou familiar.

Foi então que uma nova brisa se aproximou e trazida com ela veio um sussurro suplicante.

“Cosima... Meu amor... Não me deixe...” E a parte dobrada revelou todo o conteúdo do cartaz que trazia a capa de um livro estampada logo acima de seu nome.

“Ordem do Labrys...” Leu em sua mente e foi atingida por uma série de imagens que caiam como uma enxurrada diante de seus olhos, como uma retrospectiva de sua vida, levando-a até aquele momento. Aquele lugar repleto de vazio, só que algo havia mudado.

Abriu seus olhos e percebeu que estava de pé, ao lado de uma pequena multidão que atônita assistia a uma triste cena. Vários daqueles rostos lhe eram familiares.

Amigos?

“Sim, os melhores!” Suspirou e se compadeceu das lágrimas que caiam aos montes do rosto de uma linda mulher negra. “Amélia?” Ela era amparada por um rapaz jovem e de feições pálidas e olhos esbugalhados, “René...” Ao lado deles e ajoelhada tendo o corpo sacudido por soluções copiosos, uma bela mulher ruiva era amparada por dois belíssimos rapazes. Um deles parecia estar repetindo o seu nome repetidas vezes.

“Sophie, Félix e... Marc.” Um quase imperceptível pontada em seu coração a surpreendeu, obrigando-a a levar a mão até lá. Continuou perambulando entre aquele grupo e viu duas belíssimas mulheres completamente atônitas e abaladas, uma mais velha de longos cabelos cor de vinho estava com a boca entreaberta e parecia respirar com dificuldade, levando suas mãos a cabeça.

“Siobhan?” Era ela sim. E, andando a esmo uma outra mulher parecia aflita, angustiada e irada, tendo uma arma nas mãos. Cosima parou bem diante dela e leu nos lindos olhos azuis o quão desesperada ela estava. “Stella?”

“Cosima!” Uma voz tão conhecida e querida pronunciou seu nome e foi a primeira coisa que ela lembrou-se de ouvir desde que se percebeu naquele estranho lugar. E isso lhe fez sorrir, muito embora a dor contida naquele chamado fosse extrema. Logo avistou quem a proferia. A sua mais antiga e querida amiga. Parou ao seu lado. “Nita!” E uma nova pontada em seu peito, só que dessa vez mais forte a fez arregalar os olhos e a estranha coloração daquele céu pareceu ser cortada por uma leve faísca.

“Tanta dor... O que os deixou assim?” Questionou-se, sendo tocada pelo lamento presente e que permeava aquela atmosfera. Foi então que percebeu que todos ali olhavam para a mesma direção, para algum evento que os estava deixando daquela maneira. Desviou de algumas últimas pessoas e não conseguiu discernir o que experimentou. Parecia impossível, mas lá estava ela, deitada no chão, envolta por uma poça de sangue que era...

“Meu...” Sussurrou, mas ninguém ouviu. “O que aconteceu?”

Uma mulher sentada, de cabeça baixa encarando as mãos embebidas naquele líquido vermelho. Ela chorava e balançava a cabeça em negação. O sentimento emitido por ela era puro e sincero. Era amor. Ajoelhou-se diante dela e viu seu lindo rosto lavado

Sentiu-se ser atingida por um sofrimento indescritível que não era seu e nada que viu nos olhos de seus amigos aproximava-se daquela dor. Alguém sofria intensa e dolorosamente por ela.

“Shay...” A compaixão que sentiu daquela pessoa tão boa lhe tocou profundamente e lhe trouxe um pesar dolorido. Voltou-se para seu próprio corpo inconsciente e então a viu. Aquela mulher que emanava tanta força, ao ponto que seu corpo parecia possuir um brilho próprio que parecia estar sendo ofuscado por uma neblina escura e imediatamente foi atingida pela avassaladora dor em que estava ela mergulhada. O lamento que aquele ser emitia chegava a ser palpável no ar.

“Delphine!” Aquele nome tinha um poder absurdo sobre ela. Olhou seu próprio rosto adormecido e então se surpreendeu ao sentir o toque que a mulher desferia ao acaricia-lo. Tocou seu próprio rosto e fechou os olhos... Deixando-se preencher com todo aquele incrível sentimento. Aquele amor ancestral que sempre as uniu. Que as conduziu até aquele momento.

"Não me deixe meu amor...” Cosima abriu os olhos atordoada, pois conseguiu ouvi-la. Não havia ouvido mais ninguém, mas surpreendentemente a Delphine conseguia se comunicar com ela.

“Del... Eu estou bem aqui!” Tentou se comunicar, mas pareceu que a outra não a ouviu. Apenas deixava que lágrimas despencassem de seus olhos.

“Não suportaria perde-la novamente!” A morena franziu o rosto, não compreendendo o que a mulher que amava estava dizendo. A confusão começou a lhe deixar tonta e a dor em seu peito foi ganhando ainda mais força. “Esperei tanto para que você voltasse para mim...”

“Como assim Delphine?” As ideias adormecidas e ignoradas em sua mente voltaram a ganhar força e ela encarava a mulher diante dela, ansiando para que seus olhos se encontrassem, precisava ler em seus olhos a que ela estava se referindo. Contudo, um calor crescente começou a incomodá-la ao ponto de afetarem seu folego e a arrastarem para longe dali. “Delphine!!” Tentou chama-la. Sua mente girou e no instante seguinte não estava mais lá.

Com um desespero perturbador soube para onde foi levada e as chamas que lambiam suas pernas não lhe deixavam dúvidas. Contudo, não sentia a dor das queimaduras, pois elas já não mais lhe feriam. E a despeito das grossas cordas que prendiam seu corpo, conseguiu se mover andando tranquilamente por entre as altas labaredas. Num pequeno salto foi ao chão e assim que se virou o horror daquela cena lhe atingiu.

“Melanie.” Pouco restava do lindo rosto daquela jovem mulher, pois o fogo já havia cumprido a sua missão, ceifando lhe a vida. Lamentou com todas as suas forças, mas sentiu um pouco de alívio, pois o sofrimento daquela pobre mulher havia chegado ao fim. Novamente o silêncio imperava e os gritos e risos emanados pelas pessoas que assistiam aquela terrível execução não podiam ser ouvidos, exceto aquela voz tão conhecida e amada. “Mas como?”

A procurou em meio a turba alucinada que ora aplaudia, ora repudiava o que acabaram de assistir. Caminhou seguindo aquela voz, a procurando e a medida que passava por cada pessoa, essa tornava-se fumaça e desaparecia. Ignorou aquele surreal evento, abandonando assim a sua frágil racionalidade e então, poucos metros da pira que já se transformava em brasa, a viu.

“Não pode ser...?” Voltou a olhar para a mulher sem vida que jazia no meio da pira. Aquela era Melanie, alguém que passou a conhecer tão profundamente, como conhecia a si mesmo. E isso só poderia significar que que aquela que chorava só poderia ser... “Evelyne”. Chamou pelo nome tão conhecido. Aproximou-se cautelosamente. A noite era escura, sem estrelas, sem lua. Apenas um véu negro caia sobre elas. Analisou aquela cena completamente estarrecida e se sentindo preencher por um ódio desconhecido para si.

Ajoelhada ao chão, com ambos os braços afastados do corpo, puxados e presos por grossas correntes engatadas a pesadas argolas fincadas ao chão. Estava ela. Vestia trapos imundos de lama e sangue. Tinha a cabeça pendendo para frente, mas havia algo preso a ela. Algo semelhante a uma...Gaiola. Um pesado cadeado podia ser visto em meio aos logos cachos dourados.

“Longos demais...” Mas ela os reconheceria em qualquer. “Tão parecidos”. Temerosa e assustada ajoelhou-se diante dela. Precisava ver seu rosto apenas para confirmar o que nas profundezas de sua mente, já sabia. “Eve?” Chamou por ela algumas vezes, mas pareceu não ser ouvida. Tentou lhe tocar, mas não podia fazê-lo. O corpo machucado dela tremia muito mais pelo sofrimento do que pelo frio. “Por favor... Olha pra mim!” Suplicou. Para sua surpresa, ela lentamente começou a erguer a cabeça, mas com certa dificuldade, pois o artefato era pesado e feito para lhe machucar sempre que se mexia. Um hediondo instrumento de tortura reconheceu.

Cosima afastou-se estarrecida com o que viu. Parecia que seus olhos queriam lhe pregar uma peça, mas não restavam mais dúvidas. Era ela.

“Delphine?” Mesmo com os cabelos bem mais longos e traços mais joviais, era ela. “Mas como isso é possível? Essa é a Evelyne...” Buscava desesperadamente alguma lógica naquilo.

De repente, o olhar perdido daquela mulher pareceu forcar nela e uma sutil mudança em seu rosto pode ser percebida. Nesse exato instante Cosima levou as mãos à barriga devido a um dor aguda. Quando as afastou elas estavam ensanguentadas e subitamente compreendeu o que havia acontecido.

O tilintar das correntes a fez olhar para a mulher diante dela, o metal que a prendia esfacelou-se e tornou-se pó, que fora carregado pela brisa. Até mesmo aquele instrumento no rosto dela, sumiu. Cosima sentiu uma náusea profunda que a obrigou a se apoiar nos cotovelos.

“Cosima!” Ouvir seu nome proferido por ela foi atordoante ao extremo e como por mágica, os trapos sujos que ela usava deu lugar a roupas diferentes, exatamente iguais as que ela vestia na noite em que... Olhou para o ferimento em seu abdômen e pendeu para trás, mas antes de sua cabeça chocar-se com o chão, foi amparada por ela. Tentou balbuciar algo, mas não conseguiu, pois a emoção que estava experimentando era extraordinária demais. O toque suave e macio em seu rosto fez com que uma lágrima caísse e então deixou-se perder nos olhos que tanto amava. Permitiu-se apenas sentir. Preenchida pelo mais poderoso dos sentimentos a ouviu mais uma vez.

“Não tenha medo!” Ela lhe olhava com ternura e devoção. “Eu nunca irei lhe deixar.” A intensidade da promessa contida naquelas palavras lhe obrigaram a fechar os olhos, mergulhando não numa fria escuridão, mas numa luz intensa e silenciosa, assim aos poucos a quietude começou a ser quebrada por vozes distantes, que iam se aproximando. Começou a discernir algumas frases.

- Deixa-a ir Delphine...

- Ela se foi...

- Não! Ela está viva! Eu a sinto... Meu amor... Volta pra mim.

...

- Cosima? – Shay alarmou-se quando pensou ter visto uma lágrima escorrer de um dos olhos da mulher que já havia dado como morta. Todos olharam para ela apreensivos. Debruçada sobre ela, Delphine afundava seu rosto sob o queixo dela, sussurrando palavras que mais ninguém ouvia.

- Ev... – A loira ergueu a cabeça com os olhos arregalados. Teria ouvido Cosima falar algo.

- Meu amor? Cos? – Segurou o rosto dela entre as mãos permitindo-se preencher por uma esperança desconhecida.

- Eve... – Delphine arregalou os olhos e sentiu a mão tremula de Sionhan em seu ombro. A ruiva ajoelhou-se ao seu lado, também tomada pelo mesmo sentimento. Se entreolharam. E com um alívio impossível de ser mensurado, viram o lento abrir de olhos da mulher que jazia diante delas.

- Evelyne... – Disse com um filete de voz, suficiente apenas para quem estava bem próxima a ela ouvir.

- Sim meu amor... Sim! – Delphine chorava e ria ao mesmo tempo. – Você voltou pra mim! – Um frisson tomou conta de todos que assistiam aquela cena, fazendo com que se abrasassem em plena alegria.

- Del... Você... é... – Não concluiu o que pretendia dizer, pois tonou a cair na inconsciência.

- COSIMA!? – Delphine desesperou-se e olhou procurando respostas a Shay.

- Ela tem pulso... Fraco mas tem. – Shay informou, já gesticulando para que os paramédicos se aproximassem para leva-la. – Saiam da frente. E comandou todo o processo de socorro e foi ajudada por Genevieve que a ajudou. Em poucos instantes já haviam descido com maca e já a colocaram na ambulância.

- Delphine... – Shay pensou em proibir a entrada da mulher naquele veículo, mas desistiu de tal tentativa assim que olhou nos fundos dos verdes olhos dela.

- Stella... – Delphine virou-se para sua irmã e não precisou dizer mais nada, ela saiu em disparada chamando algumas outras membros do Exercito de Ártemis. Na ambulância, Genevieve juntou-se a elas e seguiram em alta velocidade para o hospital. Lá dentro, Delphine apertava a mão de Cosima enquanto Shay aplicava uma série  de medicações para garantir a vida da morena. – Não a deixe morrer! Por favor! – Delphine tocou o antebraço da médica que segurava uma seringa. As duas se entreolharam e não disseram mais nada, não era preciso. Ambas agarraram-se, cada uma a seu modo a ténue esperança que emanava da impressionante força vital de Cosima.

Pouco mais de dez minutos depois a ambulância subia a rampa de emergência do hospital onde Shay trabalhava, um pequeno batalhão de médicos e enfermeiros já estavam a espera e foram mobilizados pela médica, que deu todas as informações necessárias para os colegas assim que desceu da ambulância.

Entraram na ala de emergência chamando a atenção de todos. Os comandos dados por Shay e seguidos por Genevieve eram obedecidos e tornavam o ambiente caótico, mas controlado.

- Ela precisa de uma cirurgia imediata. – Shay virou-se para Delphine que estava paralisada no meio do corredor do hospital. - Delphine? – A médica sacudiu a mão diante do rosto dela, tentando lhe chamar atenção. Quando várias pressoas irremperam aquele corredor, a loira pareceu acordar de algum transe e focar na médica.

- Cer... Certo. – Delphine respondeu sem muita convicção e seguiu Shay assim que ela se virou.

- Onde você pensa que vai? – A médica a questionou com os braços abertos.

- Eu... Eu... – Não conseguia articular palavras coesas.

- Delphine... Ficaremos aqui fora, esperando. – Siobhan a segurou pelos braços, puxando-a para sentarem-se nas cadeiras que havia ali. Ainda gesticulou para a jovem médica que sumiu através da porta que dava acesso a ala de cirurgias. S levantou-se e caminhou até Genevieve que também participaria daquela cirurgia. Delphine ergueu o rosto, mas não conseguiu ouvir o que suas irmãs disseram, pois estava com os pensamentos em plena confusão. Seus sentimentos em frangalhos, sem conseguir pensar com coesão. Há poucos metros, o amor da sua vida estava lutando pela vida e ela não podia fazer mais nada para ajuda-la. Por outro lado, sua mais querida amiga estava em perigo sabe-se lá onde nas mãos sádicas de seus grandes inimigos!

- Merde! – Explodiu se pondo de pé e várias luzes daquela corredor piscaram, assustando todos que, assim como ela, estavam ali por Cosima. Não se incomodou com aquilo, nem mesmo o olhar de reprovação de Siobhan lhe afetou.

- O que foi que aconteceu? – Delphine ouviu seus orientandos se questionando do ocorrido há pouco e inclusive mencionaram seu outro estudante que fora assassinado a pouco tempo. O olhar deles em sua direção indicava que, mesmo sem saberem o porquê, ambos os eventos tinham a ver com ela. E não estavam enganados.

- Que merd* de esquema de segurança foi esse? – Delphine disse entre dentes bem próxima a Siobhan, que a puxou pelo braço, para que se afastassem dos demais.

- Verificamos tudo Delphine. Lista de convidados, jornalistas, funcionários... Tudo! – Siobhan tentou se explicar. – Mas aparentemente o Paul... – Viu o maxilar de sua mestra travar em ouvir aquele nome. – Veio ao evento como acompanhante de uma de suas estudantes. – As duas voltaram-se para o grupo de pessoas que estavam sentados e atordoados. Delphine suspirou, tentando se tranquilizar. Presumiu qual deles foi, pois a jovem Sophie estava mais desolada que os demais. Mas sabia que ela não teve culpa de nada.

- Coitada... Ela deve ter sido usada por aquele cretino. – Sacudiu o os cabelos, procurando recompor sua aparência e seus pensamentos.

- Mas e a Helena Siobhan? Que porr* vocês estão escondendo de mim? - S sabia que não poderia mais esconder aquele fato de Delphine.

- Recebemos uma informação de que havia uma movimentação suspeita do Martelo aqui em São Francisco. – S baixou os olhos.

- “Recebemos?” Joana! – Delphine jogou a cabeça para trás assim que obteve a resposta positiva. – Merde! O que foi que aconteceu com vocês? Não conseguiram enxergar que era a merd* de uma armadilha? – Explodiu, pouco se importante com quem ouvisse. Siobhan arriou os ombros, pois sua Mestra tinha razão. Agora ela conseguia enxergar que tudo foi friamente planejado por Paul.

- Delphine... A Joana! – S arregalou os olhos e viu que sua Mestra já havia concluído o mesmo que ela.

- Já deve estar morta a essa altura! – A loira colocou as mãos na cintura enquanto andava de um lado para o outro. – Conferiu as horas e percebeu que havia se passado poucos minutos desde que Cosima entrara na sala de cirurgias. Caminhou até a porta e recostou sua testa no vidro gelado. Sentiu o toque cuidadoso de Siobhan em seu ombro. – Ela me chamou pelo nome S. – Virou-se com os olhos marejados.

- Eu sei... Eu ouvi. – Siobhan sorriu também tocada por aquela emoção.

- E agora ela está lá dentro e eu aqui... Impotente. Do que vale todo esse poder se não posso salvá-la? – Não havia resposta para aquela pergunta. – E enquanto estamos aqui, perdidas... Helena está sofrendo em algum lugar... – Levou as mãos a cabeça, cobrindo os olhos.

- Calma Delphine! Podemos presumir que ela ainda está na cidade. Falamos com ela há poucas horas. – S tentou tranquiliza-la de alguma maneira. – Stella é muito boa quando precisa encontrar alguém e ela está em casa. – A loira a encarou com olhar de súplica, ela sabia que a mulher diante de si estava tentando, assim como ela, acreditar no que dizia.

A aproximação de Shay alertou a ambas. Ela já estava devidamente vestida com toda a indumentária médica e a expressão séria em sua face lançava uma seta de desespero diretamente ao coração de Delphine, porém, a ligação profunda entre suas almas, lhe dizia que Cosima ainda estava nesse mundo. A sentia em sua mente.

- Conseguimos estancar a hemorragia. – Shay discursou para a pequena multidão que se amontoou atrás de Delphine. – Mas... – A Ressalva causou arrepio em todos que ficaram ainda mais apreensivos. – Ela sofreu ferimentos sérios e o fígado pode ter sido bastante comprometido... – Encarou a todos finalizando seus olhos em Delphine.

- Mas ela ficará bem não é? – Amanita atropelou a fala de Delphine. A hesitação de Shay potencializou a angustia que já imperava ali.

- Ela está sendo preparada para uma cirurgia complicada... E não retomou mais a consciência e isso está me preocupando muito, Afinal de contas... – Olhou com receio para Delphine, como se pedisse algum tipo de permissão para o que poderia dizer. – A Cosima... Morreu! Por alguns minutos ela morreu... Em termos médicos... Ela ficou sem oxigenação no cérebro por tempo que não conseguimos precisar e isso pode... Deixar alguma sequela. – Encarou as próprias mãos. Detestava dar aquelas notícias, pois assim como todos ali, ela também se importava demais com Cosima. – Ei... Alguém avisou a Sally? – A jovem ergueu a cabeça como se estivesse procurando alguma coisa.       Delphine arregalou os olhos, pois de fato não havia pensado na mãe da Cosima.

- Vamos busca-la. – Nomi se ofereceu para ir faze-lo. – Não acho prudente avisar por telefone de algo assim. – Amanita olhou com ternura para a companheira e foi seguida por Delphine, que ensaiou um leve sorriso de agradecimento.

- Bom preciso voltar agora. A operação pode ser bastante demorada. – Alertou e curvando um pouco a boca, virou-se para sua missão.

- Shay! – Delphine segurou a porta assim que a médica passou. A mulher virou-se para ela com o olhar preocupado.

- Eu prometo trazê-la de volta pra você! – Estendeu e tocou o ombro de Delphine que sem pensar mergulhou na mente de Shay e viu o quanto a mulher também amava sua Cosima e do quanto ela estava sendo sincera em tudo o que dizia. Instintivamente puxou a jovem para um abraço. Pega de surpresa, Shay hesitou um pouco, mas findou devolvendo o abraço.

- Você é uma pessoa muito boa! – Delphine disse assim que o abraço foi desfeito, constatando o que já sabia. A bondade que emanava daquela jovem mulher era algo raro, pouco visto por ela ao longo de sua longuíssima existência. Intimamente desejou que ela fosse verdadeiramente feliz e soube que poderia confiar nela cegamente. E com um sorriso tímido, Shay tomou seu caminho.

- Delphine! – Siobhan aproximou-se com expressão urgente e preocupada, contudo bastante resoluta. A loira percebeu que ela apertava seu celular com firmeza, indicando que havia descoberto alguma coisa. Coincidentemente Stella irrompeu o corredor. Delphine a viu e foi impossível não se compadecer com a aflição estampada no lindíssimo rosto dela. Sabia que sua irmã amava Helena e, assim como ela, o pavor de não saber onde aquela mulher estava lhe consumia o juízo.

A Mestra recebeu o celular de S e assim que leu as poucas palavras contidas numa mensagem, deixou um pequeno e sádico sorriso de canto de boca surgisse. Stella percebeu aquela sutil mudança no semblante dela e se permitiu preencher pela esperança que já estava quase perdida.

- Digam-me que vocês tem alguma notícia de Helena. – Suplicou e teve sua solicitação atendida assim que leu a mensagem no celular de S. Nela estava contido um endereço que ficava na cidade de São Francisco, seguido de um pedido de perdão e mais uma súplica:

“Salvem-na!” Não possuía assinatura, e o remetente era desconhecido. O código do número era da Índia, o que lhe dizia que era uma artimanha para evitar o rastreamento. Algo muito usado por Siobhan e suas meninas.

- Joana? – Stella perguntou já sabendo a resposta e a obtendo do olhar cumplice de Siobhan.

- Isso pode ser uma armadilha. – S as alertou.

- Talvez sim, porém esse endereço faz sentido. Rastreamos o celular da Helena até esse bairro. – Stella prosseguiu. – Essa localização é nas docas. – Olhou para as suas irmãs apreensiva. – Muitos armazéns e containers para todo lado. Local perfeito para uma emboscada. – Depositou ambas as mãos na cintura.

- Precisamos ser cautelosas... Mas não temos muito tempo... – Siobhan pausou sua fala. A situação era de extrema urgência e elas precisavam ser práticas, mas também não poderia demorar demais. Ela sabia e as demais também, que a vida de Helena estava por um fio. – Paul a está usando como uma espécie de garantia, mas... – Fitou a expressão de pavor pousar sobre o rosto de Stella e o mesmo acontecer com Delphine. – Não sabemos até quando eles a manterão viva. – Verbalizou o que todas mais temiam.

- Temos de ir mediatamente. – Stella apressou-se. – Levarei o máximo de reforço que eu puder. Certamente eles estarão com um baita esquema a nossa espera. – Coçava a cabeça enquanto digitava freneticamente em seu celular. Sabia que as probabilidades estavam todas contra elas. Deveria haver um verdadeiro esquema de guerra para recebe-las e mesmo que recrutasse todas os membros do Exercito de Ártemis que estivessem na cidade, não seria o suficiente. Além do fato de não terem tempo para isso.

- Eu vou com vocês! – Delphine anunciou lacônica. – Foi inevitável para Stella esconder o alívio que tomou conta dela assim que ouvia aquelas palavras, ao ponto que Siobhan exasperou-se.

- Não sei se é prudente Delphine... Lembre-se... Você pode estar... Um pouco vulnerável. – Olhou para a porta que as separava da ala de cirurgia.

- Siobhan... Ambas sabemos o que está preparado para nós. – A ruiva anuiu temerosamente diante da certeza daquela afirmação. – E isso significa que Stella precisará de toda a ajuda possível. – E as duas mulheres se entreolharam certas de que não haveria ajuda maior e mais poderosa do que a que estava sendo ofertada por sua Mestra. Todas sabiam que essa provavelmente era a única chance que Helena tinha.

- Delphine... Podemos nos virar sozinha... Fique aqui com a Cosima – Stella disse sem certeza alguma em suas palavras.

- Eles capturaram minha amiga... – A dureza se instalou na face de Delphine. – Feriram a mulher que amo... Ambas estão lutando contra a morte nesse exato momento. Aqui eu não posso fazer praticamente nada. Ela está nas mãos da Shay então... – Empertigou sua postura, transmitindo aquela sobrenatural confiança sempre necessária nos piores momentos que elas precisavam.

- Tudo bem então... Deixe-me tentar avisar Genevieve que...

- Não S! – A mão de Delphine pousou sobre o ombro da mulher que a olhou surpresa. – Preciso que você fique aqui. A ameaça a Cosima pode não ter acabado. – A ruiva arregalou os olhos e se recriminou por não cogitado aquela possibilidade. Agora, mais do que nunca a existência da mulher que estava sendo operada naquele instante era a maior ameaça para Lamartine e ele não descansaria enquanto ela ainda vivesse. E esse pensamento lhe causou um pavor extremo.

- Você tem toda razão Delphine... Inclusive irei convocar mais reforços imediatamente. – As informou e recebeu um aceno positivo de cabeça das duas. Stella lhe apertou o braço e seguiu pelo corredor já acionando um esquema de resgate.

- Por favor, S... Mantenha-me informada sobre ela...

- Com certeza! – Lhe segurou pelos ombros. – E... Tome cuidado. – Havia legitima preocupação no tom de voz dela e isso ficou evidente no marejado de seus olhos. Delphine tomou a mão dela sobre seu ombro e não foi capaz de dizer mais nada. Pela primeira vez em sua existência estava partindo para uma batalha que não tinha a certeza de ser capaz de vencer.

A passos largos passou pelo corredor onde todos os amigos de sua amada estavam sentados e apreensivos e como se fossem atraídos por ela, lhe olharam impressionados com a energia emanada por ela. As interrogações em seus olhares indicavam que eles estavam estranhando a saída dela, porém de certa maneira sentiam que ela precisava ir. Não trocaram palavra alguma e a viram sair do hospital, sendo seguida por quatro outras mulheres.

Duas SUV pretas já as aguardavam e assim que entraram, os carros partiram em disparada. De acordo com o endereço informado, deveriam cruzar a cidade que àquela hora da noite já estava com suas avenidas menos movimentadas. O que fez com que o tempo fosse encurtado.

Delphine ouvia as instruções que Stella passava para as demais, mas sem muita atenção. A confusão em sua mente lhe impedia de pensar com muita coerência e ela sabia que isso seria um enorme perigo. Precisava desesperadamente conciliar suas emoções ou as coisas poderiam fugir ao seu controle e isso poderia ser muito perigoso para ela suas irmãs.

Seu coração doía em seu peito ao ter as terríveis imagens de Helena machucada invadindo lhe o pensamento e essas misturavam-se com o horror que foi ter Cosima quase sem vida em suas mãos.

"Será que ela de fato morreu?” Essa ideia lhe ocorreu, levando-a a questionar o seu maior medo. A visão de Manu. Teria sido aquela a efetivação do que foi profetizado pela pequena Pitonisa? Agarrou-se a constatação com todas as suas forças e focou sua atenção no elo que possuíam. Em seu intimo sentia a vida de Cosima pulsando, embora bastante frágil e lembrou-se que, quando a teve em seus braços, deixou de senti-la por uma fração de segundos. E aquilo só poderia significar uma coisa. Abriu os olhos que estavam cerrados e sentiu-se preencher por um alívio fortalecedor. Mas sabia que para fazer o que precisava ser feito a seguir deveria afastar esses temores, nem que apenas momentaneamente.

- Temos de parar aqui e esperar o melhor momento para agirmos – Stella anunciou e trouxe Delphine de volta. Ela olhou ao redor e percebeu que estavam numa região mais afastada da cidade. Esperaram por um por pouco miais de uma hora até que o movimento na região estivesse mais vazia. Assim que saiu do carro, Delphine sentiu o cheiro de maresia.  – De acordo com o que Joana nos enviou... – Ela olhou e procurou se situar. – Devemos seguir descendo aqui e atravessarmos alguns armazéns ali embaixo. Anne e Ingrid... Vocês contornem e sigam através daquele beco... – E seguiu dando as ultimas instruções. Retirou sua Walther Colt automática e engatilhou as balas. As demais fizeram o mesmo. Ela ainda estendeu a arma para Delphine, mas essa apenas lhe olhou incisivamente e com um leve manear de cabeça, indicou o que todas já sabiam, que ela não precisava de nada como aquilo.

O suspiro de admiração que suas irmãs soltaram era quase palpável e isso as encheu da coragem necessária para cumprirem suas missões. Delphine pode perceber nos olhares delas que estavam dispostas a darem suas vidas por ela e pela Ordem. E isso lhe deixou cheia de admiração. Prometeu a si que faria de tudo para que nada acontecesse com nenhuma delas, mas sabia que isso seria muito complicado.

Dividiram-se em dois grupos, sendo que o delas era mais numeroso, totalizando seis com elas duas. Stella seguia a frente, verificando se havia alguma ameaça.

- Stella... – Delphine a alertou pouco antes de dobrarem a ultima esquina. A tocou no ombro e assim que olhou nos olhos de sua mestra, sentiu sua mente ser invadida por uma série de imagens levando-a a arregalar os olhos. Imediatamente Stella irrompeu naquela viela munida de sua pistola que possuía um silencializador. Com uma pontaria impressionante, esvaziou quase completamente o seu pente de balas, abatendo sete homens de seus respectivos esconderijos. Sentindo o latejar de seu coração e o cheiro de pólvora, olhou para Delphine que lhe anuiu positivamente com a cabeça. Ainda estava impressionada com o que acabara de acontecer.

Delphine havia mergulhado em sua mente e lhe lançou visões dos lugares exatos onde aqueles homens estavam, pois ela os havia sentido. Era realmente surreal o que aquela mulher poderia fazer.

Viram algumas luzes acesas num primeiro andar, logo acima de um armazém que parecia abandonado. Stella e as demais correram e pararam ao pé de uma escada assim que o outro grupo vinha em direção oposta trazendo dois homens algemados com elas. Também fizeram sua tarefa e assim que chegaram próximas a demais, empurraram os dois que caíram de joelho em meio àquelas mulheres.

- Onde ela está? – Stella questionou com toda a fúria que cabia dentro dela. Nenhum dos dois se pronunciou e um deles ousou, inclusive, a rir em deboche. Recebeu uma dolorosa coronhada em sua têmpora. – Vou arrancar a informação e esse sorrisinho dessa sua cara horrorosa. – Mas ele manteve o riso  de desdém levando a mulher diante dele a engatar sua arma novamente pressionando-a em seguida contra a bochecha dele.

- Deixe-o! – Aquela poderosa voz se fez ouvir e o grupo de mulheres lentamente se espalhou revelando que estava vindo. O ambiente escuro e pouco iluminado dificultou a visão deles que franziram a testa e sentiram a frieza do pavor começar a descer por suas espinhas quando viram dois pontos brilhantes queimarem em meio ao negrume da noite. O silêncio se fez, quebrado apenas pelo som seco de passos. Os dois homens transpiravam pavor a medida que aquela fantasmagórica figura saiu das sombras.

Segura, resoluta e firme, Delphine se aproximou dos homens. Um abafado e agonizante som de ossos sendo quebrados foi ouvido. Estarrecido, um dos homens olhou para o lado e viu seu colega caído tendo seu pescoço retorcido de uma forma mortal.

- A moça lhe fez uma pergunta! – Delphine curvou-se, parando seu rosto bem próximo ao dele que só teve tempo de abrir a boca e segundos depois já havia se juntado ao seu parceiro, sem vida. – Ela está realmente lá em cima e tem uns quinze homens com ela.

- Paul? – Stella perguntou.

- Não está aqui.– Delphine iniciou sua subida.

- Vamos? – Stella despertou suas irmãs que ainda estava boquiabertas diante da demonstração de poder que acabaram de testemunhar. Poder que apenas ouviram falar e algumas julgavam ser impossíveis ou exagerados. Com suas armas em punho, seguiram subindo juntas. O som de carros se aproximando as alertou, fazendo com que se abaixassem, buscando refúgio na pouca iluminação que só provinha de uma lâmpada no topo da escada. Stella adiantou e passou por Delphine, buscando uma melhor posição para observar. Com a ira lhe consumindo, viu Paul ser retirado do segundo carro, com um capuz em sua cabeça.

Com ele chegaram mais nove homens, o que aumentava ainda mais a desvantagem que possuíam em relação a eles.

- Subam! – Delphine ordenou, fazendo com que o grupo de mulheres se entreolhassem um tanto quanto confusas. – Vão! – Foi ainda mais incisiva e Stella gesticulou para que seguissem. O arrepio que sentiu em seus pelos chegou a quase lhe fazer ter pena daqueles homens. Ela foi a ultima a atingir o topo da escada e ainda assistiu quando Delphine desceu do derradeiro degrau.

A lâmpada logo acima de sua cabeça estourou, alertando os homens lá de baixo e os de dentro daquele recinto. E um frenesi de disparos ensurdecedores teve início. Os homens que acabaram de chegar correram alarmados e com suas armas em punho, mas pararam bruscamente assim que viram a figura daquela mulher diante deles. Alguns tentaram erguer suas pistolas para atirarem nela, mas baixaram seus braços violentamente como se uma poderosa força os puxasse e os grudasse em seus corpos.

Paralisados e apavorados eles a viram caminhar em sua direção e por ela passava, um corpo sem vida caia ao chão. Um a um aqueles homens tiveram suas vidas arrancadas como se nada fossem. Ela se quer olhava para eles, e aqueles que conseguiam ver seus olhos, morriam de medo do que viam neles. Mas o objetivo dela era um só.

Paul cambaleava para trás, sentido seu coração ser tomado por um medo inominável. Olhou ao seu redor, buscando alguma rota de fuga, mas não havia nada e logo os sons de tiros que ecoavam no andar de cima cessaram. E ali embaixo o ultimo homem com vida era ele.

- Você pensa que ganhou alguma coisa? – Ele disse em desespero, tentando adiar o inadiável. Teve seu corpo sendo empurrado contra o metal do carro e a pressão que estava experimentando em seu peito estava tornando o respirar cada vez mais difícil. – Você perdeu... – Sua voz saia engasgada e parecia queimar sua garganta. – Tarde demais... – Ele lutava para manter a sanidade, mas as dores que começou a sentir eram absurdas demais. Soltou o primeiro grito diante do que pareciam mãos lhe apertando as entranhas.

Delphine estava imóvel diante dele, tendo apenas os punhos fechados desferindo uma força impressionante, ao ponto de suas próprias unhas ferirem sua carne. Paul urrou mais uma vez quando percebeu o que parecia ser impossível. Em estalos baixos cada um de seus dedos foi sendo revirado para trás, quebrando-os.   A mulher sorria o mais assustador dos sorrisos, exalando o mais puro ódio sádico. Os negros olhos eram a mais perfeita definição de trevas.

- Ele... – Urrou novamente e esforçou-se para manter a lucidez que vacilava devido as terríveis dores que o levavam para o inevitável destino. – Sabe... – Pereciam que ossos começaram a ser pulverizados dentro de sua carne. – QUEM ELA É! – Gritou com toda a força de seus pulmões e aquela afirmação arrancou Delphine da escuridão, pois o pavor que sentiu foi ainda mais poderoso.

Como se fosse um monte de farrapos, Paul caiu ao chão respirando com dificuldade e lutando contra a morte que parecia iminente, contudo vislumbrou uma chance de escapar, pois sua inimiga demonstrou sua maior fraqueza. E se ainda existia alguma dúvida de quem Cosima era, naquele instante não havia mais. Ele conseguiu sentir o pavor se instaurar na face dela e os dois passos que ela deu recuando lhe encheu de esperança.

Num esforço sobre-humano ele conseguiu se por de pé e cogitou a possibilidade de mergulhar num daqueles carros e fugir. Foi então que um estrondo ecoou por entre aquelas paredes e o estilhaçar de vidros anunciaram o que havia acontecido. Delphine assustou-se e olhou para trás para ver a pistola em riste de Stella que ainda tinha fumaça saindo dela. Focou ainda mais seus olhos e sentiu seu coração em pedaços ao ver, sendo amparada pelas demais, Helena que mal conseguia ficar de pé. Voltou a olhar para Paul e ele se contorcia no chão agora sob a dor do ferimento em sua barriga de onde jorrava uma quantidade absurda de sangue.

Delphine o ignorou e correu em direção as suas irmãs e assim que passou por Stella, parou por alguns instantes e numa troca de olhares carregada de significados, deu a permissão que aquela mulher tanto necessitava. Stella partiu em direção a Paul, fazendo questão de soltar sua pistola no chão.

Helena balbuciou algo assim que foi amparada por Delphine.

- Calma... Agora vai ficar tudo bem! – Disse com a voz embargada, diante da visão do estrago feito no belo rosto de sua amiga. Ela mal conseguia abrir os olhos devido aos inchaços e cortes sérios que ela possuía. Estava enrolada em um casaco que fora lhe dado por uma de suas irmãs e lutava para ficar acordada.

A despeito daquela cena, o abafado som de socos e chutes era ouvido, juntamente com gemidos cada vez mais baixos do homem que estava literalmente sendo morto pelas mãos nuas de Stella.

Helena e Delphine viraram em direção aquele lugar e viram quando Stella se postou atrás de uma cambaleante Paul que estava ajoelhado. O brilho de um finíssimo arame foi visto descendo pela frente do rosto dele e numa precisão certeira, foi pressionado contra sua garganta. O ódio que a mulher sentia dele potencializou a sua força e a pressão que tirou a vida dele, quase decepou sua cabeça.

Paul caiu morto sobre seu próprio sangue e Stella passou por cima dele tranquilamente, como se nada tivesse acontecido. A perda da consciência de Helena alertou a ambas e rapidamente correram para o carro que Anne havia ido buscar.

Stella deu as ordens do que deveria ser feito com os corpos dos homens que jaziam ali, para que nada pudesse liga-los a elas. E no carro deitou Helena em seu colo, sob os protestos de dor dela.

- Acho que ela quebrou algumas costelas, mas só saberemos no hospital. – Stella acariciava o rosto tão amado. Delphine, que ia no banco da frente concordou com um aceno de cabeça e o som de um celular tocando as alertou. Stella atendeu o seu.

- Sim S... Estamos como ela. – Olhou para a mulher em seu colo. – Bastante machucada, mas ela é durona... – Sorriu lindamente tendo os olhos marejados de lágrimas. Aquilo surpreendeu Delphine, pois nunca havia visto aquela mulher derramar uma lágrima se quer. – Sim, certo... Mas... – O sorriso que havia em seus lábios se desfez, alertando Delphine. – Tudo bem. Estamos chegando. – Ouviu algo mais e desligou o aparelho.

- O que foi? – Delphine questionou temerosa. Só após toda a adrenalina começar a baixar que sentiu o desespero voltar a tomar conta de si.

- Parece que... Houve uma complicação na cirurgia de Cosima. – Stella disse com cautela, temerosa do que aquela informação poderia provocar com sua Mestra. Ainda mal conseguia acreditar que sozinha ela deu cabo de nove homens.

- O que... ? Delphine não concluiu sua frase, pois cerrou os olhos buscando sentir sua amada Cosima, a tênue linha que as conectava parecia estar mais fina. – Não... – Sentiu o pavor voltar a tomar conta de seu tão machucado coração. – Não pode ser... Cosima? – Sussurrou o nome dela e Ingrid, que dirigia o carro acelerou ainda mais, queimando vários sinais vermelho. Rapidamente estavam parando diante do hospital e quase com o carro ainda em movimento, Delphine saltou dele e não percebeu que elas não pararam ali para socorrer Helena. Seguindo em frente.

A cada passo que dava em direção a Cosima parecia que estava se afastando cada vez mais dela. Sentiu aquela sufocante ameaça novamente. As palavras de Paul ecoando em sua mente. “Ele sabe quem ela é...”

- Não Cosima... Eu vou protegê-la. -  Dizia para si baixinho e assim que irrompeu no corredor, sentiu uma força avassaladora roubar-lhe o ar. Apoiou-se na parede e esbarrou em um jarro derrubando-o. - Cosima? – Repetia o nome dela, como chamasse por ela. Apertou o próprio peito como se estivesse sendo acometida pela mais brutal das dores e buscou desesperada aquela linha, aquele elo. E como a leveza da fumaça, ele se partiu.

- COSIMA!! – Berrou assim que parou no corredor, atraindo a atenção de todos que estavam ali. – Não! Não! Não! – Ao longe viu a figura cabisbaixa de Shay saindo pela porta. Seu rosto estava lavado de lágrimas. A médica evitou os olhos de Delphine o quanto pode e por alguns instantes conseguiu, pois foi rodeada pelos amigos e por Sally que a sobrecarregaram de questionamentos. Ela não conseguiu dizer nada... Apenas fez um movimento de negação com a cabeça.

O grito doloroso de Sally feriu a alma de todos e lançou Delphine num vazio... Um lugar que já esteve uma única vez. E aquela dor dilacerante a fez cambalear e cair encostada num canto.

Diminuta... Frágil... Derrotada.

Viu Siobhan vir em sua direção, tão consternada como os outros. Ela parou diante de sua Mestra e estremeceu diante do que viu.

- De novo não... – Foi tudo o que Delphine foi capaz de balbuciar.

 

*

*

*

UM POUCO ANTES!

 

´- Srta. Davydov? – Shay foi abordada por Genevieve e Siobhan logo após ela sair.

- Sim? – A médica respondeu com expressão duvidosa.

- Precisamos de sua ajuda!

 

______

 

Um dos hangares de embarque privado do aeroporto internacional de São Francisco estava bastante movimentado, onde um avião estava sendo preparado para transportar uma paciente que necessitava de cuidados médicos.

- Rápido, temos de embarcar ainda essa noite. – Stella ordenava enquanto caminhava para lá e para cá verificando se estava tudo sendo feito de forma correta.

O som de uma sirene de ambulância chamou sua atenção, deixando-a alerta. Viu que aquele veículo se aproximava direto pela pista e em vinha em direção àquele hangar. Ela ergueu as mãos, indicando que aquele veículo parasse e, por instinto, levou sua mão até as costas, onde esta sua pistola.

O som das portas traseiras daquele veículo sendo abertas fez com que outras mulheres se posicionassem da mesma maneira que ela, aumentando a tensão ali.

- Pode baixar a arma Stella. – Genevieve saiu da ambulância, causando surpresa e uma estranha tranquilidade. A loira caminhou até ela.

- Que merd* S... Detesto trabalhar as escuras assim, o que a S está tram... – Interrompeu a própria frase quando viu quem vinha sendo trazida sobre a maca e cercada por equipamentos. - Cosima?

- Sim... – Genevieve indicou onde deveriam coloca-la.

- Ela vai para Dublin conosco? – Stella questionou, já começando a ter uma ideia do que sua antiga treinadora estava planejando. A mulher mais velha anuiu positivamente com a cabeça.

- E Delphine não pode jamais saber disso!

 

 

1] Experiência de Quase Morte


Fim do capítulo


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Comentários para 62 - Capítulo 62 Destino (Parte 2):
Lanezann
Lanezann

Em: 18/09/2018

Amei!!! Li os três últimos de uma só vez e confesso que chorei junto com a Del.

 

Aiiii! O que é essa Manu, lindinha demais, adoro sua espontaneidade.

Não dá para postar um capítulo por dia??? kkkkkk

Aguardando ansiosamente os próximos capítulos.


Resposta do autor:

Postar um capítulo por dia? Ahahahaha Quem me dera viver só para escrever como eu gostaria rs...

E Manu é realmente nosso xodó.

Xeros

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LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 11/09/2018

Uau! Li este capítulo segurando o fôlego da primeira à ultima frase. Tá, não literalmente, mas quase...

Parabens, moça. Não custa elogiar mais uma vez, escreves muito bem. Mas fiquei com pena da Del, sei que S e as outras vão fazer o que de melhor puderem por Cosima, mas Delphine ficará no escuro pensando que ela morreu?? E conseguirão esconder isso dela?? Tenho aqui comigo um palpite, imagino que tentarão fazer a mesma “profecia” (me faltou o termo correto agora) que a deixou imortal para salvar a vida de Cosima. Ou o plano é afastar Cos para proteger as duas e fazer Del ir com tudo pra cima do demônio do Martelo? Sei la, vou apenas esperar e torcer porque está boooom!

Sabe qual o pior de tudo? É que hoje recém é terça-feira...hahahaha

Beijo grande! Otima semana!


Resposta do autor:

Agradeço muitíssimo pelos elogios. Fico muito feliz.

É mais do que necessário que a Del fique no escuro. Existem bons motivos para isso.

São ótimas expeculações as suas rs...

Mas o domingo sempre chega. 

Responder

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Nina
Nina

Em: 10/09/2018

Olá!! Uauuu,que aflição gente, isso não se faz, nem conosco nem com a Del, já sofreu tanto tadinha,  como conseguiram quebrar essa ligação delas? Como convenceram Shay?Até entendo o ocorrido, já que o martelo já sabe a informação, melhor que pense que acabou a ameaça, e também se ela está sendo transferida para outro país, deve estar em condições, não seriam tão irresponsáveis. Pensando assim vou esperar ansiosa por domingo, fazer o que?! Ler de novo kkk. Abraço 


Resposta do autor:

Olá... Aflição é uma boa palavra.

Tudo serpa explicado nos próximos capítulos 

E sim, o Martelo precisa acreditar que a grande ameça foi neutralizada, ou seja, que a Cos tá morta. 

E domingo está logo ai.

Xeros

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patty-321
patty-321

Em: 10/09/2018

Não . Oh del . Ela já sofreu tanto . Pq?


Resposta do autor:

Tudo tem um motivo em AEL. Nada é por acaso rs...

Xeros

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MariFeijolle
MariFeijolle

Em: 09/09/2018

Hei pq tão fazendo isso com a Del?  Maldade ..  

Mal posso esperar pelos próximos capítulos !!  

Roendo as unhas aqui... . 


Resposta do autor:

Espero que já tenhas compreendido os motivos de deixar a Del no escuro rs...

Xeros

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LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 09/09/2018

Oi!

Mais tarde lerei e comentarei os dois capitulos, 61 e 62. Semana passada vi que o titulo era Destino parte 1 e, para sofrer menos, deixei para ler as duas partes juntas hahaha Mas...será que são mais de duas? ai,ai,ai...

Não abandonei a história, não! Já volto com comentários. Embora com um certo medo, mas confio na autora e na toda poderosa tudo de bom Delphine ;) 

Beijo!!

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