Peço perdão pela difícil escolha que lhes coloquei, mas era uma curiosidade minha e foi muito legal saber e conhecer um pouco mais das opiniões de vocês. Além do fato de perceber que temos gostos em comum. Também tenho os meus favoritos, como coloquei em alguns comentários, mas de uma maneira geral, essa pequena estória vem me surpreendendo a cada dia.
Bom... Agora sim as coisas começam a... Leiam e verão rs...
Boa semana a todxs!
Xeros
Capítulo 61 Destino (Parte 1)
Cosima encarava sua imagem no espelho, mas na verdade estava com sua mente distante. Os cabelos molhados, ainda respingando gotículas de água, indicavam que ela havia acabado de sair do banho. Olhou para a sua cama vazia e desfeita e lamentou a ausência de seu amor.
Pousou seus olhos na porta entreaberta de seu guarda-roupa que sustentava um grande saco plástico que envolvia um vestido que havia ganhado de Delphine e que seria o que usaria naquela noite. A sua grande noite, como a sua amada já estava se referindo ao momento do lançamento de seu livro. Sabia que deveria estar esfuziante de alegria, mas não conseguia relaxar. E isso tinha tudo a ver com os acontecimentos dos últimos dois dias, desde a chegada da Cúpula da Ordem e das terríveis notícias trazidas por elas.
Assim que soube do real motivo do afastamento de Delphine, que algo passou a lhe incomodar, mas até então não era algo palpável ou que pudesse verdadeiramente levar a sério. Sua racionalidade lhe dizia que seria impossível alguém prever algo tão pontual como a morte de outra pessoa, mesmo já tendo um pouco de prova dos poderes da pequena pitonisa. Porém, não apenas Delphine a levava a sério, como toda a Ordem também e a presença daquelas mulheres importantíssimas em sua cidade, atribuiu um medo real sobre a ameaça.
Estava evitando pensar nisso, mas falhava intensamente, e ter Delphine distante e apreensiva, só piorava seus receios e medos. Estava sendo perfeito tê-la de volta, mas nos dois últimos dias elas mal tiveram tempo de estarem juntas, pois ela entrou em uma série de reuniões com as demais mulheres, verificando repetidas vezes, todo um esquema de segurança. Nem se quer voltou para dormir com ela nas ultimas noites, passando-as no hotel onde as demais estavam hospedadas.
O clima, que deveria ser de entusiasmo e empolgação, estava tenso e carregando de apreensão. Até seus amigos, que desconheciam as supostas ameaças que ela sofria, já estavam percebendo a mudança repentina em sua atitude e em Delphine. Até mesmo questionavam os carros pretos parados no lado de fora do café e para todo lugar que ela ia. Assim como a presença constante de duplas de mulheres suspeitas frequentando assiduamente o café.
Abriu o zíper e afastou o plástico que envolvia o lindíssimo e delicado vestido que ganhara de Delphine. Acariciou o tecido cor de champanhe com discretos detalhes em vinho, sua cor favorita. O retirou do cabide e o encostou conta o corpo, por sobre o robe que usava e encarou seu reflexo diante do espelho. Pensou no tempo que sua amada passou escolhendo-o e soube que fora ela mesma quem o comprou, pois o cartão escrito à mão por ela lhe dizia isso. Pegou o mesmo que repousava sobre a caixa de sapatos que também foram um presente dela, e releu pela enésima vez.
“Para um momento tão especial quanto esse, deverias usar algo que represente a sua conquista e a mulher que és. Assim que o vi, pude enxerga-la nele. Saiba que estou muito orgulhosa por você e ainda mais por tê-la em minha vida.
Je t´aime.
“Também te amo!” Suspirou.
- A Delphine realmente tem muito bom gosto. – Amanita disse sorridente da porta do quarto.
- É sim. – Soltou o bilhete sobre sua escrivaninha e entregou o vestido para a amiga.
- Eu certamente precisaria trabalhar uns três meses para poder comprar só esses sapatos. – Tentou descontrair o clima pesado que sentiu assim que entrou no apartamento. Ela era a única com quem Cosima podia conversar acerca de seus temores e ela não conseguia fazer ideia do que a amiga poderia estar passando.
Amanita, por ser da Ordem, sabia que o Martelo era um grupo extremamente perigoso e suas ameaças reais. Quando soube que a vida de sua amiga estava em risco, alarmou-se. Foi exatamente quando começou a fazer sentido o seu chamado para aquela sociedade secreta. Lembrou-se de Siobhan lhe dizendo que teria uma tarefa importantíssima para a Ordem e tudo fazia sentido agora.
- Isso é tudo uma loucura! – Cosima jogou-se na cama com os braços cobrindo os olhos. – Eu deveria ter desistido de tudo isso quando tive chance.
- Do que você está falando? – Sua amiga sentou-se ao seu lado na cama.
- O livro... A Ordem... Tudo! – Bufou! – O arrependimento em sua voz era palpável.
- Calma querida! O que foi feito já está feito! Como diria minha mãe. – Amanita deitou-se ao lado dela, mas o revirar de olhos da amiga lhe disse que não estava conseguindo animá-la. – Cos! – Sentou-se e a obrigou a fazer o mesmo. – Eu não posso dizer que imagino o que devas estar passando, mas se tem uma coisa que eu sei é que Delphine não irá deixar que nada lhe aconteça. Além do mais, ela tem todo um exército atrás dela e todas estão dispostas a protegê-la. – Encostou sua testa na dela e segurou as mães dela. – Garota... Você tem dimensão do que é ter a Cúpula da Ordem do Labrys em seu pequeno café? São as mulheres mais poderosas do mundo garota! – Cosima reclinou um pouco a cabeça. – E você tem a maior delas caidinha por você. Ou não tens dimensão disso?
- A Delphine daria a vida por mim! – Disse sem hesitar, levando Amanita a entreabrir a boca diante daquela confirmação. Para qualquer mulher membro da Ordem, Delphine Cormier era o que mais poderia se aproximar de uma deusa. Alguém praticamente inalcançável, que vivia em seu pedestal de soberania e poder, contudo ela era humana e sua amiga era a responsável por trazer a tona esse lado de sua Mestra. A admiração que já tinha de Cosima, foi multiplicada inúmeras vezes e ela teve a certeza do poder que a mulher tinha sobre a deusa, quando a viu completamente entregue diante dela. Sem medo de demonstrar fraqueza... Vulnerável.
- Cos... Não queria dificultar as coisas para você, mas... Tens noção do que está acontecendo aqui? Eu mal acreditei em meus olhos quando vi aquelas mulheres aqui em seu café. Elas são verdadeiros mitos dentro da Ordem e estavam aqui para... Você! – Amanita gesticulou com os braços, chamando a atenção de Cosima que pareceu se dar contar do que ela queria dizer só naquele instante. Estava tão envolvida nas questões relacionadas a Delphine a seu livro que não pesou o que poderia representar a presença de toda a Cúpula da Ordem estar ali para ela.
- Valeu Nita! – Jogou-se novamente na cama, retirando os óculos e coçando os olhos que já estavam um pouco avermelhados, denunciando o sono conturbado que teve na ultima noite. Permeado com sonhos estranhos, que misturavam o passado, que agora sabia serem memórias, com coisas que não conseguia explicar, inclusive a presença constante da pequena Manu e de Delphine.
- O que tens de tão importante? – Amanita questionou sinceramente confusa. Alguém como ela não teve acesso as informações privilegiadas como só algumas poucas mulheres sabiam acerca da profecia e da maldição. Até mesmo a própria Cosima desconhecia detalhes primordiais de tudo aquilo.
- Eles pretendem atingir a Delphine através de mim. – Disse secamente. Isso era verdade, contudo era apenas uma vertente dela, uma fração. A complexidade do risco que corria ia muito além do que simplesmente atingir ou ferir Delphine. E era isso que ela ainda precisava compreender... Aceitar.
- Aqui estão vocês! – As duas olharam para a porta e encontram Nomi entrando no cômodo sorridente. – Cos... Tem algumas pessoas lá embaixo para você, - Ela disse abraçando sua companheira.
- Quem é? – A loira ergueu os ombros indicando que não tinha ideia. Cosima olhou para amiga sem realmente focar nela. Estava cogitando o que ainda estava por vir e percebeu que não dava mais para se refugiar na fortaleza de seu quarto. Em poucas horas precisaria sair para o evento e não poderia mais protelar. – Tudo bem Nomi. Vou me trocar e já desço. – Sorriu sem vontade e se obrigou a sair da cama. As amigas ficaram trocando caricias em sua cama enquanto ela se trocou rapidamente, vestindo uma calça estampada de tecido leve e uma camiseta de alcinha verde musgo. Remexeu em seus cachos e viu que estavam apresentáveis. – Por favor, deixem minha cama arrumada ok? – Brincou com as amigas que estavam deitadas em sua cama.
- Fecha a porta quando sair! – Amanita entrou na brincadeira, arrancando gargalhadas de Cosima e recebendo tapinhas de sua namorada. Levantaram e saíram junto a dona do apartamento. As duas desceram na frente e à medida que desciam, Cosima começou a ouvir vozes que logo percebeu serem conhecidas, e antes mesmo de passar pela porta, sentiu seu coração ser preenchido por uma calorosa alegria.
- O meu humilde café virou um verdadeiro panteão agora! – Anunciou sua presença atraindo a atenção de todos os seus amigos.
- Cos! – Quase todos disseram ao mesmo tempo, chamando a atenção dos fregueses que não passaram impunes pela agitação que aquele grupo de visitantes estava fazendo.
- Gente! Não acredito que vocês estão aqui! – Ela disse com um escancarado sorriso em seu rosto. Estava verdadeiramente feliz com a chegada dos amigos.
- Surpresa! – Sophie ergueu os braços também sorrindo.
- A Srta achou mesmo que perderíamos o seu momento mais especial? – Amélia foi a primeira a abraça-la.
- Jamais! – René foi o segundo.
- Além do mais... Não poderíamos perder a oportunidade de vir à cidade mais gay dos EUA. – Marc deu todas as pintas possíveis e foi seguido por Felix, que abraçaram a amiga juntos.
- Fico muito feliz mesmo gente. Mas... Vocês chegaram quando? Onde estão hospedados? – A mulher disse após finalizar o abraço em Sophie.
- Bom... Juntamos algumas milhagens, economias... E conseguimos diárias baratinhas num hotel super charmoso...
- Deixem-me adivinhar... Inn on Castro? – Ela os questionou.
- Como você sabe? – Marc se mostrou surpreso, mas ela apenas sorriu para eles.
- Deixem-me ver se estou certa... – Amanita se intrometeu na conversa, lembrando Cosima da presença das amigas. – Vocês devem ser os... – Estalou os dedos como se estivesse pensando.
- Os Semideuses! – Foi socorrida por Nomi.
- Isso mesmo! – A morena agradeceu a ajuda da namorada com um selinho em seus lábios.
- Os próprios! – Marc estendeu a mão e foi logo se apresentando. – E esses são Sophie, René e Amélia. – E esse homem maravilhoso aqui é o Félix! – Tratou de evitar o bico que o rapaz ensaiou fazer.
- Muitíssimo prazer! Amanita e essa é a Nomi! – Trocaram apertos de mãos e sorrisos sinceros daqueles que pessoas boas trocam sempre que se encontram.
- Mas Cos... Menina! Estou louco para ler a sua obra prima. – Marc retomou a fala.
- Isso mesmo! Não se esqueça de reservar os nossos exemplares. – Amélia sorriu.
- Nem se preocupem! Só não estou com nenhum aqui. – Lamentou. – Mas a noite eu os entrego para vocês.
- Nada disso! Fazemos questão de comprar os nossos. – Sophie anunciou e recebeu a confirmação dos demais. – Inclusive... Gostaria até de comprar mais alguns para dar de presente... Cos... – Olhou sorrateira para Amélia. – É possível levar alguém conosco para o coquetel de lançamento?
- Acredito que sim! – Cosima disse sem entender bem as expressões sacanas das amigas francesas.
- A querida Princesa Sophie aqui está de paquera... – Amélia segurou a jovem pelos ombros.
- Com um verdadeiro deus grego, vale salientar. – Félix brincou esperando alguma manifestação de ciúmes de Marc, mas essa não veio. – Alto, corpo escultural, barba perfeita... Ao melhor estilo Clark Kent com aqueles óculos e rosto perfeito.
- Nossa... Você observou bem hein? – Amélia cutucou, tentando provocar Marc.
- Como assim gente? – Cosima sorriu e se interessou pela informação de uma possível conquista de sua amiga. Estava adorando tê-los ali.
- Não sabia que havia marcado uma reunião de orientação aqui na Califórnia! – A serena e segura voz de Delphine se fez ouvir e causou um silêncio repentino de todos. Os cinco visitantes viraram em câmera lenta para darem de cara com a Toda Poderosa onde, até então, jamais esperariam encontra-la, pois até onde sabiam ela havia dado um fora e mandado Cosima embora.
- Professora Cormier!? – Marc disse sem necessidade.
- Sr. Pinnot! – Ela sorriu gentilmente e passou por eles até alcançar Cosima e lhe depositar um beijo carinhoso no topo de sua testa, deixando todos estarrecidos e confusos. – Como estão todos? – Lhes sorriu gentilmente envolvendo Cosima pelos ombros.
- Estamos... Bem! – Amélia respondeu após alguns desconfortáveis segundos. – Viemos prestigiar a Cos... No lançamento do livro dela.
- Imaginei! Pretendem ficar quanto tempo? – Delphine conversava com um tom de quem sempre participou daquela roda de amigos.
- Até a próxima terça-feira. – Marc respondeu.
- Hum... Pena que será tão pouco tempo. – Sua professore lamentou.
- Pois é... Existem prazos que precisamos cumprir e... – Marc sondou os brilhantes e enigmáticos olhos de Delphine e vislumbrou que ela já imaginava o que ele iria dizer. – Temos uma orientadora EXTREMAMENTE exigente. – Ousou brincar e piscou um dos olhos para ela, causando surpresa nos amigos.
- Ouvi dizer que ela é uma carrasca! – Delphine surpreendentemente entrou na brincadeira, suavizando o clima. – Mas olhem só... – Inclinou-se para frente indicando que baixaria o seu tom de voz. – Fiquei sabendo que ela vai demorar um pouquinho a retornar de sua viagem, e isso pode significar certa folga nos prazos de vocês! – Foi a vez dela piscar um dos olhos e sorrir marotamente inclinando a cabeça de lado. Quase deu para ouvir o suspiro de admiração que todos deram mediante o espetáculo que era sua Professora, ainda mais estando ao lado de Cosima, pois ela parecia brilhar.
- Será que ainda dá tempo de mudar nosso voou da volta? – Sophie perguntou séria e todos riram em seguida.
- Tomara que sim! – Delphine sorriu novamente. – Com licença um instante. – E puxou Cosima um pouco para o lado.
- Você não dormiu nada não é? – A morena constatou esse fato estampado nas olheiras discretas sob os olhos amados. Delphine mordeu o lábio e suspirou denotando seu cansaço. – Você precisa descansar meu amor. – Lhe acariciou a face e em resposta, a loira fechou os olhos para curtir o carinhoso toque.
- Eu sei e vim aqui para isso. Se eu permanecesse no hotel não conseguiria. – Espreguiçou-se. – Siobhan e Helena tornaram aquilo lá um verdadeiro quartel general. Você não faz ideia. – Riu sem muita vontade.
- Então deve estar tudo bem. Não tens mais com o que se preocupar! – Sorriu para ela.
- Quem me dera meu amor! – Lhe segurou o rosto entre as mãos.
- Confie nelas! Pelo que eu seu, são as melhores no que fazem. – Cosima tentou animá-la.
- Sem dúvidas que são. – Encarou os atentos e amorosos olhos de Cosima. Sabia que suas irmãs haviam feito de tudo e mais um pouco para garantir a segurança delas e que deveria deixar sua amada tranquila, contudo havia aquela desagradável sensação de alerta que ousava ouriçar seus pelos, roubando sua tranquilidade. – Tens razão! E... Será que posso dormir só um pouquinho em sua cama? – Desceu suas mãos pelas costas dela e as pousou na cintura. Cosima olhou de lado e percebeu que elas eram o centro das atenções dos amigos.
- Claro que pode... Deixe só eu me despedir dos meninos...
- Não não! Vá ficar com eles. Vocês devem ter muita coisa para conversar. Eu vou tomar um banho e tentar dormir um pouco. – Lhe beijou as mãos.
- Tem certeza? – Questionou olhando por cima dos óculos.
- Sim Sra! Meus caros... Vou deixa-los matar as saudades da Srta. Niehaus aqui. – Dirigiu-se aos visitantes. – Nos vemos a noite então. – Sorriu e deixou um beijo suave nos lábios de Cosima antes de sumir atrás da porta em direção ao apartamento dela.
- Cosima... – Marc esticou a cabeça para ver se Delphine estava longe o suficiente. – Me explica o que foi isso! – A morena sorriu e passou a responder a enxurrada de perguntas dos amigos que amontoaram-se ao redor de duas mesas e perderam a noção do tempo em meio a animadas conversas e delicias do cardápio da Rabbit Hole.
______
- COSIMA! – Delphine gritou ao chamar por ela, sendo consumida por uma angustia perturbadora. Demorou alguns instantes para se dar conta do que havia acontecido e focar no rosto que lhe encarava.
- Del? Calma... Foi só um sonho. – A mulher debruçada sobre ela tentava acalmá-la. Só então percebeu que estava deitada na cama de Cosima, tendo ela ao seu lado, lhe olhando apreensiva e preocupada. Levou a mão a testa e sentiu um leve incomodo devido ao sono que não fora o suficiente para recuperar seu cansaço.
- Cos... Que horas são? – Olhou ao redor e percebeu a tênue mudança na luminosidade do quarto, indicando que a noite se aproximava.
- Quase sete da noite. – Afastou-se para que a outra se sentasse. – Você dormiu a tarde inteira meu amor. Devias estar exausta realmente. – Afastou uma mecha de cabelo do rosto dela.
- A dor em minha cabeça me diz que ainda não foi o suficiente. – Sorriu. – Caramba! Já está quase na hora de irmos. – Exasperou-se.
- Ainda temos um tempinho... Sem contar que tudo já está pronto. – Tentou inutilmente mantê-la na cama, mas Delphine já estava de pé, retirando roupas de uma de suas malas.
- Tenho de checar o esquema de segurança... Verificar com a S e a Helena se tudo foi confirmado... – Falava sem parar.
- Ei... Meu amor... Está tudo bem. Helena esteve aqui mais cedo, enquanto você dormia e disse que já estava tudo confirmado, inclusive a lista de convidados já foi checada... – Contou nos dedos às informações que a Protetora da Ordem havia deixado de recado para Delphine. – E que todo o prédio do salão de convenções está com o monitoramento sendo acompanhado pelas meninas da Siobhan. Foi isso!
Delphine parou com as mãos repousadas na cintura e a encarou por alguns instantes. Sabia que todo mundo havia feito a sua parte de forma correta. Tinha segurança quanto à eficiência de suas irmãs, além do mais, ficava repetindo a frase de Stella, de que Lamartine e os homens do Martelo deveriam ser loucos demais para tentar algo naquele instante, cientes de que estariam preparadas para eles.
- Já tomou banho? – Relaxou um pouco.
- Sim... Ia começar a me trocar... – Apontou para o vestido que tinha ganhado e que estava pendurado sobre o encosto da cadeira. – Gostaria de chegar um pouco antes das 20h.
- Então me deixe ir ao banho. – Depositou um beijo na testa dela e correu para o banheiro e, enquanto estava sob a ducha morna, repassou todas as informações e ajustes planejados para garantir a segurança de Cosima. Não levou mais do que dez minutos e quando retornou para o quarto foi presenteada com a visão de Cosima já vestida no lindíssimo vestido que escolhera para ela. Não conseguiu esconder o olhar embevecido de admiração e se permitiu perder mais alguns instantes recostada na soleira da porta enquanto a observava terminar os retoques de sua sutil maquiagem.
- O que achou? – Cosima lhe sorriu pelo reflexo do espelho.
- Meu amor... – Suspirou audivelmente para que a outra a ouvisse. – Você está maravilhosa.
- É o seu presente! – Levantou-se para abraça-la. Delphine a virou gentilmente, parando atrás dela diante do espelho.
- O vestido é muito bonito sim... Mas é você meu amor... – Repousou seu queixo sobre o ombro dela e ficaram encarando a imagem, apenas curtindo o momento. – Você é tão linda...
- Não mais que você. – Saiu da frente dela, deixando que a nudez loira fosse refletida no cumprido espelho de parede. – Eu a amo tanto Delphine Cormier!
- E eu a amo com cada pedacinho de meu ser. – Delphine a encarou com doçura e devoção. – Cada detalhe... E quero que saibas que estou muito orgulhosa de você meu amor. – Acariciou o rosto da morena com as costas da mão e lhe puxou pelo queixo, para dar-lhe um demorado e intenso beijo, daqueles capazes de reacender as mais intimas vontades. E seus corpos, ainda estavam carentes um pelo outro. – Mas... – Tratou de colocar uma distância “segura” entre elas. – Já estamos quase atrasadas, então... Por favor... – Suplicou diante do olhar de cobiça que recebia. – Deixe eu me vestir. – Sorriu enquanto enfiav*-se dentro de um conjunto de lingerie preto. Cosima respirou fundo e literalmente engoliu a própria saliva.
- Tudo bem Srta. Cormier... Mas dessa noite você não me escapa. – Sentou-se de pernas e braços cruzados. – Vista-se! – E com a cara mais sacana possível, assistiu sua deusa vestir um elegantíssimo macacão bege, de corte reto e cinturado, com longos bolsos nas laterais e um blazer marrom café por cima. – Venha... Sente-se aqui. – Deu lugar para a loira diante da escrivaninha e postando-se atrás dela, passou a escovar os sedosos cachos dela. Delphine fechava os olhos mediante a forma carinhosa que seus cabelos eram penteados e gentilmente presos num coque frouxo, mas que combinava perfeitamente com o visual escolhido para aquela noite.
- Prontas? – Ficou de pé ao lado da morena e contemplou a imagem de ambas deslumbrantemente vestidas. Atentou-se novamente para o belíssimo vestido que contornava as curvas de Cosima e demarcava seu quadril e seios, que eram adornados por um belíssimo colar dourado, que fora um antigo presente de sua mãe. Ambas calçavam sapatos elegantes com saltos não muito altos.
- Prontas! – De mãos dadas, saíram do apartamento e quando chegaram na cafeteria, Nomi e Amanita as esperavam, assim como Anne e Ingrid que iriam protegendo-as.
- Minha nossa! – As duas primeiras disseram ao mesmo tempo e essa reação foi compartilhada por todas as pessoas presentes no café. – Não sei quem está mais linda de vocês duas. – Amanita soltou.
- E precisamos mesmo escolher? – Nomi emendou, causando um rubor em Cosima e um divertido sorriso em Delphine.
- Cos... Scott já foi pra casa para se trocar e deixou a Emily tomando conta do Rabbit. – Amanita indicou a jovem funcionária que lhe sorriu de trás do balcão. – Podemos ir? – As quatro mulheres saíram e entraram no carro tendo Delphine como motorista. Numa SUV preta mais atrás, Anne e Ingrid seguiram o carro das demais.
O céu daquela noite estava especialmente limpo, deixando a mostra milhões de pontinhos brilhantes que compunham um lindíssimo pano de fundo para a gigantesca lua cheia que já dava o ar de sua graça, encantando as pessoas que paravam para observá-la.
- Não poderias ter escolhido uma noite melhor. – Delphine sorriu quando pararam num sinal, no topo de uma das características ladeiras daquela cidade californiana e no final dela ficava o píer com o mar por trás e a Golden Gate ao fundo. Desceram a rua parecendo que estavam indo de encontro a imensa esfera perolada, que tinha seu reflexo dançando nas águas sob aquela famosa ponte. - Nervosa?
- Hum... Estou indo para o lançamento de um livro meu... No principal salão de eventos do maior grupo de livrarias do país... Talvez só um pouco! – Suspirou com os olhos arregalados, arrancando sorrisos das amigas que iam no banco de trás. Teve sua mão capturada pela loira que a beijou, para em seguida deixa-la descansar sobre sua coxa enquanto dirigia seguindo as instruções da mulher ao lado. Assim que adentraram na larga avenida onde o salão de eventos ficava, perceberam o aumento de carros parados nas laterais da avenida e assim que conseguiram parar seu carro mais próximo as escadarias tiveram um pequena dimensão do tamanho daquele evento.
- Vou matar a Samantha e a Melissa! – Cosima disse assim que desceu do carro. Teve sua mão firmemente segurada por Delphine, que desejou, assim lhe transmitir a força necessária. Subiram os degraus e quando atingiram o topo, viram as grandes portas de vidro que davam acesso ao salão sob os letreiros elegantes que tentavam esconder a frieza daquela empresa. Ladeando as portas estavam banners imensos estampando a capa de seu livro e seu nome sendo anunciado naquela noite.
- Cos... Eu não tinha dimensão do tamanho da sua obra... – Nomi suspirou ao tocar o braço dela.
- Pra lhe ser sincera, nem eu. – A morena respondeu. Delphine e Amanita não disseram nada, apenas trocaram olhares preocupados. A loira varreu toda aquela área, buscando encontrar o tão pensado e planejado esquema de segurança. Logo avistou Siobhan ao longe, conversando com duas mulheres que ela tinha a certeza serem do Exercito de Ártemis. A ruiva acenou com a cabeça e indicou com um movimento de queixo, várias outras mulheres que se espalhavam, misturadas aos visitantes.
- Ai está a nossa estrela! – Melissa se aproximou com os braços abertos.
- Mel... Para que isso tudo? – Cosima cochichou assim que foi abraçada pela mulher mais velha.
- Porque você escreveu algo realmente grande minha cara. Cinthya? – Melissa gesticulou para uma mulher de cabelos curtos e rosto firme.
- Cinthya Muller? – Cosima questionou a sua editora e olhou com ar de desespero para Delphine.
- Acho que sim! – Sua amada respondeu.
- Então essa é a autora... Srta. Niehaus? Muito prazer. – Aquela mulher lhe estendeu a mão. Cosima a apertou com certo receio, pois sabia exatamente quem ela era, uma das principais criticas literárias, que escrevia cônicas para o San Francisco Chronicle e era freelancer para o NY Times, entre outros. – Deixe-me dizer que estou ansiosíssima para o que ainda está por vir. – Apertou a mão de Cosima firmemente.
- Que está por vir? – Perguntou hesitante.
- Minha cara... O mundo pedirá por mais. Precisamos, necessitamos saber mais sobre esse incrível grupo de mulheres... – Enquanto Cinthya discursava apaixonadamente, Delphine afastou-se um pouco de Cosima. – A extraordinária irmandade entre elas... – Cosima procurou por sua amada e a viu, só que ela não estava sozinha. Stella e Genevieve estavam logo atrás dela. – Esse poderoso sentimento que as unia... Que é capaz de combater todo o tipo de opressão... – A morena ouvia o que a mulher versava e contemplava como testemunha tudo o que era descrito tão apaixonadamente. Por fim, Siobhan se aproximou das irmãs. – De protegerem umas as outras. Minha cara... Não tens o direito de privar o mundo disso. – Cosima abriu a boca, mas não conseguiu dizer nada. Um discreto som roubou a atenção.
- Com licença... – Delphine pigarreou. – Acho que está na hora da Srta. Niehaus entrar.
- Ah sim... Cinthya, essa é a Professora Delphine Cormier! – Melissa a apresentou e a mulher deixou seu queixo ir ao chão.
- Não pode ser! – Surpreendeu-se. Delphine apenas anuiu educadamente com a cabeça, confirmando quem era. – É uma honra conhece-la. Já escrevi inúmeros artigos e crônicas de seus livros. Não imaginei que estarias aqui nem que eras tão... – Educadamente segurou sua língua, pois iria falar da aparência dela e de como era praticamente impossível àquela brilhante pesquisadora ser a mulher espetacular e jovem diante dela.
- Não poderia estar em outro lugar. Vamos meu amor? – Estendeu a mão para Cosima. – E Srta. Muller, muito obrigada pelos elogiosos textos. – Sorriu e se afastou, tendo suas irmãs as seguindo.
Assim que se afastaram, viram os Semideuses já foleando seus exemplares recém-adquiridos do livro de Cosima. Os sorrisos largos estampados por todos indicavam que já haviam visto à pequena, mas emocionante menção que ela fez a eles nos agradecimentos de seu texto. Logo abaixo da discreta, embora direta, declaração de amor à Delphine.
- Assim você vai acabar conosco Cos! – Marc adiantou-se e puxou a amiga para um demorado abraço apertado e foi seguido pelos demais. Delphine ficou mais afastada observando o carinho sincero trocado por seus estudantes. Naquela altura já estava mais aliviada e tranquila após uma exaustiva investigação que ordenou sobre eles e que revelou que nenhum deles possuía qualquer ligação com o Martelo. Não estava disposta a incorrer no mesmo erro de Louis.
- Ela é realmente uma pessoa muito especial. – Siobhan falou enquanto contemplava a terna cena mais a frente. Delphine apenas a olhou fixamente e concordou com um aceno de cabeça. – Bom, já está tudo pronto para a entrevista de Cosima. Todos os convidados foram checados e estavam dentro das listas que estavam em posse das Seguranças estrategicamente infiltradas da Ordem. Procure relaxar mais e aproveitar um pouco. – Recebeu um olhar curioso de sua Mestra. – Delphine, não me diga que não estás sentindo nem uma pontinha se quer de orgulho...
- Claro que estou. Cosima é realmente uma escritora brilhante...
- Não estou me referindo a isso. Sei da competência da Srta. Niehaus, mas estou falando enquanto membro da Ordem. Todas nós, sempre quisemos, em algum momento, que o nosso trabalho fosse reconhecido, para além de nós mesmas. – Delphine ponderou o que sua antiga Protetora disse. Ela mesma, ainda nos tempos de Emanuelle, desejava que os feitos da mãe e das demais incríveis mulheres que conheceu, fossem reconhecidos.
- Sim S... Mas sabemos que isso não é possível... Não consigo ter dimensão das implicações que a revelação da Ordem, nos dias de hoje, poderia representar. Mas confesso que está cada vez mais difícil ficarmos em segredo.
- Exatamente! E podes ter certeza que após esse livro, o interesse por nós irá aumentar exponencialmente. – Siobhan alertou. Delphine suspirou com pesar. Aquela sábia mulher tinha razão. Da Ordem, nos dias atuais, o mundo só conhecia a Fundação Ártemis e mesmo assim, apenas a faceta filantrópica daquela instituição, desconhecendo totalmente a outra finalidade daquele grupo de mulheres. E mesmo assim, sofriam constantes ameaças de grupos extremistas que tinha a ver com o Martelo e outros não.
- Às vezes eu acho que o melhor seria nos revelarmos! – Stella atraiu a atenção das duas.
- Isso vindo de uma diretora da CIA é bastante paradoxal. – Delphine disse sarcasticamente.
- De fato! – Genevieve juntou-se à conversa. – Mas concordo que seria interessante ver como o mundo reagiria ao saber que essa antiguíssima Sociedade Secreta ainda existe nos dias atuais. Que reúne as mulheres mais poderosas do globo e que é uma das instituições mais ricas e influentes do mundo.
- E que é liderada por uma belíssima e extraordinariamente poderosa bruxa imortal! – O sarcasmo agora foi de Stella, provocando risos em todas.
- Onde está a Helena? - Delphine atentou-se para a ausência da amiga.
- Ela me disse que se atrasaria um pouco, pois foi verificar uma informação que chegou ao nosso conhecimento. Mas nada para nos preocuparmos. – Stella esforçou-se para soar natural e tranquila, mas diante de Delphine era praticamente impossível.
- Que informação? – O semblante sério e autoritário da loira causou arrepios nas suas irmãs. Poderia facilmente buscar o que queria saber na mente de sua irmã, mas havia a promessa de jamais fazê-lo.
- Del? – Teve sua atenção atraída por Cosima que lhe tocou o braço.
- Oi Sally! – Delphine abraçou a mulher diante dela. – Você está belíssima. – Fez um elogio sincero a sua sogra, que estava elegantemente vestida num longo vestido estampado adornado por belas joias. Demonstrando para todas ali de onde Cosima havia herdade parte de seus gostos.
- Você que está! – A mulher disse com certa pompa.
- Imagino que devas estar extremamente orgulhosa tanto quanto eu. – Delphine sorriu.
- Essa menina sempre me enche de orgulho. – Apertou a bochecha dela, tratando de envergonhá-la perante toda a Cúpula da Ordem do Labrys.
- Bom. mãe... E Del... Já estou indo viu? A entrevista deve começar em dez minutos. – Disse com denotado nervosismo na voz.
- Tudo bem meu amor. Vamos indo também, mas eu sei que vais arrasar. – A loira disse com segurança.
- Eu não tenho dúvidas disso! – Amélia engrossou o coro de apoio.
- Uma entrevista a toa é fichinha para quem conseguiu peitar a Toda Poderosa Professora Cormier em sua sala de aula. – Marc, ousado como sempre, se manifestou deixando o clima tenso, mas que uma piscadela de olho retribuída por Delphine, suavizou tudo. Caminharam até a porta e Cosima foi guiada por Samantha para os bastidores do Salão onde ocorreria aquela solenidade.
O restante daquele grupo entrou juntamente com os demais convidados e foram procurando seus assentos no belíssimo e sofisticado auditório que era disposto em formato de anfiteatro circundando o palco que possuía no centro duas poltronas de couro marrom, uma mesinha de apoio com taças de água e tripés sustentavam banners com a capa do livro que estava prestes a ser lançado.
Delphine e os demais ocuparam cadeiras que lhes foram reservadas na primeira e segunda fileira e assim que sentaram o piscar de luzes indicou que a entrevista teria inicio. Aplausos educados receberam Cinthya Muller que seria a entrevistadora naquela noite, para a surpresa de muitos dos presentes, pois ela era uma jornalista renomada e só não havia sido anunciada como tal, por não ter confirmado a tempo a sua participação.
- Boa noite Sras e Srs. Muitíssimo obrigada pela presença nessa noite especialíssima onde certamente estaremos sendo testemunhas do lançamento de um best seller mundial. – Mais aplausos seguidos de alguns assovios mais entusiasmados, um deles de Marc. – Portanto, sem mais demoras. Por favor, recebam a autora! Cosima Niehaus! – As palmas demoradas receberam uma desconfortável Cosima, que sorria timidamente e distribuía acenos comedidos. Sentou-se quando teve a poltrona oferecida por Cinthya que juntou-se a ela e indicou que ela deveria dizer algo ao público que lotava o salão.
- Obrigada a todos e todas pelo carinho comigo e, acima de tudo, pela paciência e tolerância com meu trabalho. – Fez uma linda careta e arrancou risos da plateia. Era sua maneira de tentar controlar o próprio nervosismo.
- Cosima... Posso lhe chamar assim? – A mulher mais velha se ofereceu.
- Claro... Cinthya. – Novos risos.
- Minha cara... Se por paciência você estiver se referindo ao puro deleite com a leitura de seu livro, estas de parabéns. – Novos assovios e palmas calorosas. – Sei que muitos aqui ainda não tiveram esse privilégio, mas lhes garanto enquanto leitora e jornalista literária que estamos diante de uma obra-prima que recomendo e, após saírem daqui, dediquem as próximas horas à leitura. – A cada elogio rasgado, Cosima aumentava um tom de vermelho na escala de cores e procurava os olhos de Delphine que estava a poucos metros dela, lhe transmitindo segurança e transbordando de orgulho. – Mas comece nos dizendo o que lhe levou a escolher esse tema tão singular e... Onde você encontrou essa preciosidade que é a Ordem do Labrys?
Cosima abriu a boca e depois a cerrou algumas vezes. Sabia que aquela seria uma pergunta que iria se deparar recorrentemente e tinha de estar preparada para ela. Um certo frisson começou a tomar conta da plateia e Cosima procurou buscar a melhor respostas nos rostos das mulheres bem próximas ao palco. Aquela história narrada, dissecada e analisada em seu texto dizia respeito a elas. A expressão tranquila de Siobhan lhe lembrou do dia em que ela entrou em seu estabelecimento e lhe entregou aquele tesouro, deixado apenas para ela, pois se tratava de um legado. Algo que era seu de direito.
A ruiva lhe sorriu e acenou com um leve movimento de cabeça, como se estivesse compartilhando daquela lembrança.
Do lado esquerdo dela estava toda a altivez e segurança de Stella aquela que se apresentou como Dana e que verdadeiramente apreciava suas guloseimas enquanto cumpria sua tarefa de vigiá-la. Pareceu que o sabor da geleia de framboesa com gorgonzola lhe passou pela mente naquele mesmo instante.
Finalmente teve seus olhos novamente atraídos e capturados pelos de Delphine, que estava com os dedos entrelaçados diante de seus lábios lhe encarando profundamente. Havia externado para o mundo uma verdade indevida, e sabia que precisava arcar com as consequências de seu ato.
- Cosima? – Cinthya Muller insistiu em lhe chamar, atraindo sua atenção novamente.
- A História das Mulheres e os Estudos de Gênero sempre foram campos de estudos que me interessaram e toda a minha vida acadêmica foi dedicada a eles justamente pelos motivos que motiva a todos nós, pesquisadores e pesquisadoras dessa área. – Tornou a olhar para sua amada e recebeu um aceno positivo de cabeça. – A urgência de desconstruir estereótipos e construções culturais de submissão e inferioridade. Dar voz e poder a todas as mulheres e aqueles historicamente subjugados por uma cultura machista. – Aplausos apaixonados foram ouvidos, reforçando que ali estavam pessoas que compartilhavam com ela dos mesmos desejos.
- E a Ordem? – A entrevistadora inclinou-se para frente e apoiou os antebraços nas pernas, demonstrando todo o seu interesse para aquela resposta. O que ela e todo o mundo acadêmico já estavam se perguntando era como nunca antes ouviram falar sobre aquela Sociedade, ou sobre as mulheres incríveis que fizeram parte dela. Todos estavam ávidos por aquela resposta.
- A Ordem... – Elevou um pouco a cabeça e após ajustar os óculos em seu rosto, entregou o que todos tanto queriam. – Foi um lindo e surpreendente presente que me foi dado. – Sorriu de forma quase infantil mediante o suspiro de espanto da plateia e a cara de confusão de Cinthya. – Isso mesmo que vocês ouviram. Chegou até mim um vastíssimo material que contava um pouco da história dessa rica sociedade e que me permitiu pensar e preencher as lacunas com minhas pesquisas e conhecimentos.
- Um presente e tanto não é mesmo!? – A entrevistadora se pronunciou. – Mas... Desculpe... – Hesitou algumas vezes.
- Porque eu, você quer saber? – Cosima sorriu já demonstrando estar conseguindo se livrar de seu nervosismo. Cinthya apenas concordou com um sorriso encabulado. – Isso é algo que ainda não posso responder. – Novo assombro na plateia. – Mas o que posso adiantar é que... – Olhou para a plateia, potencializando o clima de suspense e evitou o quanto pode o olhar de sua amada, mas foi inevitável pausar seus olhos nela. – Existe algo mais a ser contado. – Alguns assovios foram ouvidos e junto a pedidos de “mais”. – Existe um... Diário... Sob a forma de memórias de uma das autoras do livro que me serviu de base para meus estudos... – O arregalar de olhos da mulher diante dela traduzia perfeitamente a reação de praticamente todos ali presentes.
- Qual delas? – Perguntou de forma abrupta e de forma pouco articulada, indicando que estava se deixando levar pela emoção naquele instante.
- Melanie Verger! – Recostou na poltrona.
- Nossa! Diga-me que esse Diário já está transcrito e será publicado amanhã! – Cinthya apelou. – Gente, vocês entenderão a minha empolgação quando lerem essa maravilha. – Elevou um exemplar do livro que trouxe com ela.
- Ainda não... Não tenho a certeza se irei publicá-lo ou não.
- Por favor! Em nome de todos os seus futuros fãs, PUBLIQUE! – E risos foram ouvidos na plateia e esses aumentaram quando ela ergueu os ombros indicando que ainda não sabia o que faria.
A entrevista continuou de forma descontraída e mais voltada para pontos e conceitos defendidos e apontados por Cosima em seu texto. Ela respondia a todo com o seu característico gesticular de mãos e, por vezes, olhava para os amigos Semideuses que lhe sorriam orgulhosos e lhe impeliam a responder mais. Até um breve espaço para perguntas foi aberto.
Delphine assistia a tudo em meio a uma confusão de sentimentos. Por vezes sentia-se transbordar de alegria pelo sucesso alcançado por Cosima. Desde que leu o seu projeto e correu atrás de tudo o mais que pode dela, que provou de sua singular genialidade e sabia que, mais cedo ou mais tarde, ela ganharia o mundo. Contudo, o receio cortante não lhe abandonava e a cada revelação feita por ela, um medo incomodo ganhava mais força.
Havia deixado Cosima bastante a vontade para responder e falar o que achasse pertinente. Confiava nela e tinha a certeza que ela não exporia nada de mais sério ou que pudesse levar até Delphine e a Ordem na atualidade. Estava quase hipnotizada por ela, quando percebeu uma movimentação estranha entre Stella e Siobhan. As viu se levantarem e saírem, mas S gesticulou para que ela ficasse e que não era nada demais. Resignou-se, pois sabia que se levantasse dali em meio à entrevista de Cosima, isso poderia desconcentra-la. Esperou pacientemente o final daquela sabatina, que foi prolongada pela quantidade de curiosos que queriam perguntar algo e que Cosima pacientemente respondeu.
Assim que Cosima foi aplaudida de pé por um bom tempo e anunciou que faria uma breve rodada de autógrafos nos livros que estavam à venda naquela livraria, Delphine se levantou e saiu à procura de suas irmãs. No imenso espaço que ficava do lado de fora daquele salão, o coquetel já estava sendo servido e o ir e vir de garçons e garçonetes atraiu a pequena multidão presente, dificultando a tarefa de encontrar suas irmãs.
- Cosima tem um talento nato, não é mesmo? – Marc disse ao se aproximar de Delphine, juntamente com os demais Semideuses. A professora apenas sorriu e concordou com a opinião de seu orientando e tentou prestar a atenção na conversa deles, mas falhou com louvor e pediu desculpas em meio a um questionamento de René e se afastou deles assim que avistou Siobhan. Foi desviando das pessoas, tentando alcançar a mulher que falava ao telefone e parecia apreensiva.
- Del! – Ouviu a voz de Cosima que caminhava em sua direção com dificuldade, pois Melissa, Samantha e Cinthya puxavam conversa com ela, tentando apresenta-la a outros jornalistas. Gesticulou para ela, mas antes que pudessem se encontrar, Cosima foi conduzida até uma mesa onde deveria dar os autógrafos. Delphine esforçou-se para sorrir para ela e continuou a procura por Siobhan e Stella enquanto uma longa fila se formou para receber a assinatura da próxima grande autora de sucesso.
Permitiu-se ficar observando-a enquanto tentava ligar para Siobhan ou Stella, mas não obteve sucesso e voltou a perambular pelo salão atrás delas.
______
- Finalmente teremos uma chance com a famosa autora Niehaus! – Amélia forçou o tom de solenidade e René e Félix fizeram uma reverência. Os amigos esperaram o final da fila para poderem ter tempo e a atenção de Cosima que fez uma careta de reprovação para a atitude dos amigos.
- Deixem disso vocês! – Ela se levantou para abraça-los novamente. – Como me saí?
- Em uma palavra? – Marc disse com seriedade. – SENSACIONAL! Amiga, quando eu crescer eu quero ser igual a você! – E todos riram da brincadeira do rapaz, exceto Sophie, que estava um pouco carrancuda.
- Ei... Que bicho mordeu a Sophie? – Cosima perguntou enquanto finalizava uma dedicatória no livro de René.
- O deus grego deu o bolo nela. – René respondeu em tom zombeteiro.
- Ei! – Levou um tapa leve no ombro, dado por Amélia. – Tato meu jovem.
- Lamento Sophie... Mas ele não disse nada? – A jovem, que estava vidrada em seu celular apenas negou com um movimento de cabeça.
- Assim é melhor! – Marc se pronunciou e foi repreendido duplamente, por Félix e Amélia.
- A mesma recomendação do René serve para o senhor também. – A negra disse séria.
- Que foi Marc? – Cosima se interessou.
- Ele simplesmente não foi com a cara do boy. – Felix se adiantou. – Mal trocaram duas palavras. – Cruzou os braços em reprovação.
- Com licença! Será que eu poderia dar um abraço na minha filha famosa? – Sally disse atraindo a atenção para ela.
- Cos... Essa é a sua mãe? Parece sua irmã. – O galanteio de René arrancou risos até mesmo de Sally. E uma rodada de apresentações foi feita.
- Minha filha estou indo...
- Mas já mamãe?
- Estou bem cansada e amanhã levanto cedo. – Sorriu e encheu Cosima de beijos. Despediu-se de todos e seguiu tranquila.
- Sua mãe é ótima Cos. Você se parece muito com ela. – Amélia comentou.
Cosima anuiu com, mas uma leve dor em seu ombro direito roubou sua atenção.
- Está com dor? – Amélia tocou o ponto que era auto massageado.
- Tensão acumulada, e essa posição na mesa assinando...
- Nossa! Mas já tá cansada da fama? – Todos riram da sincera reação de René.
- Precisando de cuidados médicos? – Uma doce e conhecida voz se fez ouvir em meio aos Semideuses.
- Shay! – Cosima disse com um verdadeiro sorriso nos lábios. – Que bom que você veio. – Partiu para lhe dar um demorado abraço.
- Achou que eu perderia o seu grande momento? – A jovem médica disse enquanto estendeu uma cópia do livro para ser autografado.
- Pensei que estarias de plantão essa noite. – Cosima disse após devolver o livro devidamente assinado.
- Nada que uma troca de favores não pudesse resolver. – Shay piscou um dos olhos e logo foi festejada pelos Semideuses.
- Fico realmente feliz que tenhas vindo. – A morena disse para ela a admirando.
- Cos... Não é porque não posso tê-la como amante que não posso festeja-la como uma amada amiga. – A serenidade daquela mulher parecia não ter fim. Recebeu um caloroso sorriso e sentiu-se plenamente feliz e intimamente aliviada. Detestava imaginar que aquela pessoa incrível pudesse estar sofrendo por ela.
- Obrigada mesmo. És muito especial para mim. – Disse acariciando o braço de Shay. - Ei... Vocês viram a Delphine? – Cosima perguntou.
- Sim... Ela estava ali atrás conversando com outras três mulheres. – Amélia ergueu a cabeça. – Lá está ela. – Apontou.
- Ei... Já provaram o espumante que está sendo servido? – Cosima questionou aos amigos enquanto seguiu em direção a Delphine.
- Com certeza! – Responderam em uníssono.
- Peguem um pra mim. Já volto! – Quase esbarrou com Sophie que cruzou seu caminho. – Desculpa.
- Sem problemas! – A moça lhe sorriu lindamente e seguiu em direção ao banheiro.
- Tá tudo bem Del? – As quatro mulheres voltaram a atenção para ela. Os segundos para alguma resposta vir alertaram a morena.
- Sim... Nada com o que você precise se preocupar. – Delphine a abraçou pela cintura e afastou um cacho de cabelo da testa dela. – E eu preciso lhe dizer que estás de parabéns. Foste maravilhosa. – Lhe lançou um olhar apaixonado e orgulhoso.
- Sim Cosima... Tenho certeza que você honrou a memória da Melanie – Siobhan disse.
- E da Evelyne também! – Cosima emendou levando as mulheres a olharem para Delphine que contorceu um pouco o lábio.
- Sim... Todas aquelas mulheres sentiriam orgulho de você meu amor. – A loira suspirou.
- Voltas pra casa comigo? – Questionou esperançosa.
- Irei sim meu amor... Só que mais tarde. Tenho algumas coisas para resolver com a elas – Se compadeceu com o olhar triste da morna. – Eu prometo que irei. Já lhe disse que não irei mais ficar longe de você. – Ignoraram momentaneamente as demais e onde estavam e perderam-se num apaixonado beijo. – Não vais se ver livre de mim mocinha... Vá lá com seus amigos. – Indicou o efusivo grupo que, aparentemente havia conseguido duas garrafas de espumante. Cosima se afastou ainda deixando sua mão presa a ela.
- Del? – Perguntou quando já estava a alguns passos dela. – Pra sempre?
- Por todo o sempre! – Foi a resposta que obteve. Cosima sorriu o mais lindo e luminoso dos sorrisos e quase saltitando de felicidade, correu até os amigos que mostraram orgulhosos o espólio que conseguiram em nome da autora festejada naquela noite.
- Quem vai me dar uma carona no uber? – Ela brincou. E juntos saíram do prédio. – Cadê a Sophie? – Cosima percebeu a ausência da amiga assim que chegaram a escadaria. Todos olharam para os lados procurando a jovem ruiva.
- Cos? – A voz da moça vinha da base da escadaria. Todos se voltaram para aquela direção e viram que a amiga não estava sozinha. – Queria lhe apresentar uma pessoa. A morena sorriu e assistiu o casal subir as escadas e vir em sua direção. – Cosima Niehaus esse é o Peter Dierden... Peter... – Dois degraus abaixo o homem ergueu sua mão e como estivesse tomando impulso, partiu para abraça-la, ao invés de apenas lhe apertar a mão.
- Muito prazer Srta. Niehaus... Essa é pelo meu irmão! – Ele sussurrou ao pé do ouvido dela que o olhou assustada e, subitamente mergulhou num silêncio fantasmagórico, pode apenas arregalar os olhos e cambalear para trás com ambas as mãos apertando a barriga. Virou-se no mesmo eixo no exato momento em que as portas daquele prédio se abriram, dando passagem para Delphine e as demais. De repente voltou a ouvir.
- Sangue? – Amélia sussurrou apavorada assim que Cosima baixou as mãos e aquele líquido quente salpicou no chão.
- COSIMA! – O gutural berro de Delphine causou um verdadeiro tremor em todos ali e um inusitado trovão fez o céu tremer. Desesperada ela correu em direção a sua amada e com pavor a viu tombar para trás e ser amparada por Marc e Shay. – Não... Não... Cosima! – Jogou-se ao chão que já estava pintado com o sangue de sua amada.
- Del... – Tossiu aquele liquido vermelho, indicando que estava respirando com dificuldade.
- Quem fez isso? – Delphine olhou ao redor enquanto Shay tentava estancar o sangue que jorrava da barriga da mulher. Todos, ainda atordoados, afastaram-se e revelaram o algoz de Cosima. Delphine não conseguiu crer no que estava vendo. Mesmo com a barba e os óculos, o reconheceria em qualquer lugar. “Paul Dierden!” Pensou. E antes mesmo que pudesse dizer algo, ele foi lançado ao chão por Siobhan e Stella que já estava com uma pistola apontada para a cabeça dele. Outras cinco mulheres já estavam cercando-o e a postos.
- Del... Me ajuda... – Cosima agarrava-se ao casaco de Delphine, manchando-o de sangue e aumentando o desespero angustiado da mulher sobre ela. A loira não estava conseguindo crer no que estava acontecendo.
"Não pode ser!" Suplicou aos céus. "De novo não!"
- Alguém chame uma ambulância! – Shay berrou enquanto pressionava o casaco que havia retirado para diminuir a hemorragia que estava tirando a vida de Cosima.
- Por favor... – Delphine apertou o ombro de Shay, atraindo seu olhar. Ambas reconheceram o pavor que a outra sentia. – Salve-a! – Implorou. Recebeu um aceno de cabeça temeroso em reposta. Voltou a fitar os esbugalhados e apavorados olhos de Cosima e via que ela estava lutando, Encostou seu rosto no dela. – Vai ficar tudo bem... Xiii... – Tentou acalentá-la.
- Eu... Não quero... Morrer. – Disse com dificuldade e a dor que aquelas palavras causaram em Delphine a fizeram sentir um ácido e poderoso ódio há muito esquecido. Afastou-se de Cosima mesmo tendo a mão dela lhe puxando.
Os Semideuses e os curiosos que se aproximaram literalmente sentiram um frio congelante em suas espinhas e praticamente se curvam diante de uma força invisível que os empurravam para baixo.
- Delphine... – Siobhan tentou alertá-la, mas o que quer que tivesse a mais para dizer, ficou no caminho, pois o pavor tomou conta de seu ser quando viu os pavorosos negros olhos de Delphine.
- Soltem-no! – Ordenou! E sem resistência alguma S e Stella se afastaram. No instante seguinte o corpo daquele homem foi erguido do chão como se alguém o estivesse puxando e seus braços foram esticados para trás, na clara intenção de lhe causar dores indescritíveis.
O desaforado som dos risos dele alertou Siobhan e Stella que se entreolharam desesperadas e impotentes. Sabiam que ela seria dilacerado ali mesmo, diante de todos.
- Está achando graça seu cretino? – Delphine esbravejou. Siobhan voltou seu rosto incrédulo para Delphine. Os braços do homem foram mais intensamente puxados para trás e o riso deu lugar a um grito de dor.
- Se... Você me... Matar... Ela morre! – Ele conseguiu balbuciar em meio aos berros de dor. Todos ali próximos olharam para Cosima que continuava lutando e se contorcendo no chão. – Ela... NÃO! – Ele gritou e como se uma luz muito intensa fosse acesa em sua mente, Delphine retornou de seu transe, deixando que o corpo dele caísse ao chão.
- Quem? – Stella se adiantou.
- Se algo acontecer comigo, a sua vadia favorita morre! – Ele disse se recompondo. Levou a mão até o bolso de seu paletó mesmo sob a ameaça da arma de Stella, mas não retirou arma alguma de lá. – Eu não sei onde ela está... Não adianta vasculhar a minha mente... – Ele estava insanamente se divertindo. Delphine bufou frustrada... Havia tentado ler a mente dele, mas não teve sucesso. Ele começou a recuar, descendo os degraus. O cantar de pneus indicou que um carro parou e o esperava para fugir. Ele ainda se abaixou e pegou a faca que ainda tinha o sangue de Cosima escorrendo na lâmina e nela espetou alguns papeis que retirou de seu bolso.
- Onde ela está? – Delphine perguntou com dureza e em resposta recebeu uma gargalhada sádica.
- Diga-me Delphine... Como é sentir escorrer por seus dedos as vidas que você mais ama? – E jogou aquele macabro presente aos pés dela. Correu os demais degraus.
- Deixe-o! – Delphine ordenou para Stella que fez menção de correr atrás dele. Com as mãos trêmulas encarou em completo pavor o que lhe fora entregue. Deixou cair as fotos que traziam chocantes imagens de sua mais querida amiga nua e completamente coberta de sangue.
- NÃO!!! – O berro de Stella foi quase tal assustador quanto o de Delphine. – Helena...
- Delphine? – Shay chamou por ela que retornou desesperada para o lado de Cosima que parecia estar dando seus últimos suspiros no exato momento em que a ambulância chegou e os paramédicos subiam as escadas.
- Eu acho que estou morrendo – Ela disse com um filete de voz.
- Não! Eu não vou deixar! – Delphine beijou-lhe a testa e em seguida depositou um demorado beijo em seus lábios. Quando se afastou, a consciência havia abandonado sua amada.
- Cosima não! NÃO!
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
LeticiaFed
Em: 11/09/2018
Ai, ai, ai....ainda bem que deixei pra ler dois em sequência. Mas esse final foi pra matar a audiência, querida autora! Hahaha. Ta bem, se vc diz que tudo tem uma razão de ser, eu acredito. Mas pobre da Del, a melhor amiga e a paixao eterna em risco. Ficarei aqui só torcendo pela vinganca maligna e o mais dolorosa possível.
Beijo!
Resposta do autor:
Bom... O Martelo não ficaria quieto por muito tempo apenas apanhando da Odem.
A Batalha final se aproxima.
Xeros
Liana
Em: 03/09/2018
Mais um capítulo fabuloso !
Se possível não nos mate de ansiedade até domingo que vem . Kkk
No meu ver esse é um dos melhores contos do site , obrigada por nos dar o previlégio de lê-lo!
Resposta do autor:
Nossa! Fico sem jeito com um elogio assim. Fico muito contente que gostes do que escrevo, quanto a regularidade das postagens, é algo que eu valorizo muito e é o que dou conta de fazer rs...
Xeros
[Faça o login para poder comentar]
MariFeijolle
Em: 02/09/2018
Ai meu pai do céu, Cos,.
Diva como vc faz isso cmg? não me deixe uma semana nessa agonia (pfv) .
Preciso de mais!!! !
Resposta do autor:
Desculpe a demora em retornar, mas... Viu que não fiz nada de mal com a Cos? Aahahaha
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]