Marcella

Acabei adormecendo junto com Bianca e quando despertei tinha uma garotinha linda sentada na cama a nos observar. Ainda bem que não tinha idade o suficiente para perceber que a cena era um tanto quanto sexy. Bi havia dormido praticamente nua em meus braços, sem a camisa que estava jogada ao lado da cama e com a calça abaixada até o começo das coxas.

- Ei menina bonita. – Disse piscando pra ela

- Tia Cella eu acordei. – Duda estendeu os braços em minha direção.

Bem de mansinho me desvencilhei de Bianca, me sentei então a peguei no colo.

- Olha docinho, vamos deixar a Bi dormir mais um pouco. – Falei baixinho e com a bebê em meus braços, sai da cama e fui em direção a porta.

Já estávamos há uns quinze minutos assistindo televisão quando ela apareceu esbaforida na sala. A roupa amassada e os cabelos despenteados fez com que tudo o que havíamos feito mais cedo voltasse a minha mente e sorri sacana. Seu rosto ficou vermelho instantaneamente. Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, e abaixou os olhos.

- Eu levei um susto quando acordei e não vi Eduarda no quarto. – Comentou.

- Achei melhor trazê-la pra cá e deixar você se vestir com mais tranquilidade. – Retruquei sem parar de sorrir com malicia.

- Realmente foi uma boa ideia. – Ela não conseguia me encarar.

- Mas fica tranquila, estamos assistindo desenho e eu dei uma maçã para essa gulosa. – Fiz cócegas na barriga de Duda que começou a rir. – Se quiser se arrumar...

Ela me olhou e eu pisquei, então sem esperar que eu dissesse mais alguma coisa ela voltou rapidamente para o quarto.

Bianca retornou pra sala no mesmo momento em que minha avó chegou, seus cabelos molhados mostravam que havia tomado um banho, o que me fez pensar em como seria bom ter estado ao seu lado sob o chuveiro, amando aquele corpo que me fazia incendiar. Meu Deus o que estava acontecendo comigo? Só conseguia pensar em sex*... Balancei a cabeça pra tentar tirar aquelas imagens indecentes da mente.

- Marcella obrigada por cuidar da Eduarda, mas agora pode deixar essa mocinha bonita aos meus cuidados. – Falou sorrindo pra menina que foi correndo para seus braços abertos.

- Tudo bem. Vou aproveitar para tomar um banho também porque estou com um calor infernal. – Disse olhando diretamente em seus olhos.

Ela enrubesceu de imediato, mas uma sombra de sorriso pairou em seus lábios.

- Pode ir minha filha eu e Bianca tomamos conta desse anjinho lindo. – Vovó tornou, sentando-se ao lado de Bi e começando a brincar com a criança.

Sai pela para a varanda e quando passei pela porta de correr do quarto de Roxanne, sem querer escutei uma conversa entre ela e Milli.

- Eu posso te fazer uma pergunta? – A voz da menina estava um pouco triste.

- Adianta eu dizer que não? O que você quer? Desembucha logo, não tenho tempo a perder com papo furado. - Roxanne respondeu agressivamente.

- Porque você não gosta de mim? Eu fiz algo que te desagradou? – Emilia perguntou.

- De onde você tirou essa ideia? Te conheci ontem. Pra mim você não fede e nem cheira. – Retrucou grosseira.

- Pois não é o que parece. A impressão que tenho é que te incomodo.

- Como assim? Não me incomodo com sua presença sem graça. Cada uma que eu tenho que escutar! – Bufou.

- Então por que me trata mal? Se nada te fiz, se não se sente incomodada, gostaria de saber o porquê de tamanho desprezo. – A menina foi franca.

- Eu nem falo com você. É como se não existisse pra mim. Então como posso te tratar mal?  – Tornou a mal-educada com desdém.

- Por isso mesmo que tenho essa impressão. Nós estamos dividindo o quarto. Eu falo e você nem me responde. Fico conversando com as paredes.

- Ah pare de melodrama! Por acaso você é atriz de novela mexicana? Estou respondendo agora não estou? – Roxanne retrucou irritada.

- Sim, está. Porém de mal grado e grosseiramente. – A criança foi direto ao ponto.

- Olha aqui pirralha eu não tenho que conversar com você. Você é uma estranha que esta invadindo a minha vida, o meu espaço. Eu não tenho que ficar babando o ovo de ninguém. Não gosto disso. – Sua voz estava mordaz.

- Eu não estou invadindo nada Roxanne. Nem tenho essa intenção.

- Ah não! Imagine. Você é uma santinha... do pau oco é claro.

- Mas eu só vim passar um fim de semana. Nada mais. Conhecer o mar uma coisa que sempre sonhei, e pensei que faria uma nova amizade. Não entendo seus motivos para me ver como uma invasora.

- Sei. Como você é boazinha e ingênua, não é mesmo?  Só que eu não caio na sua. Você acha que eu sou surda? Ou idiota? Ou quem sabe ache que sou uma panaca que vai cair nas suas artimanhas.  Pensa que não escutei quando minha bisavó disse que você podia chamá-la de vó já que faria parte da família em breve? Também ouvi Marcella dizer que vai adotá-la. Nunca antes ela havia cogitado tal coisa. E agora está toda encantada com a ceguinha, coitadinha....

Nesse momento tive ímpetos de entrar naquele quarto e dar uma surra em Roxanne. Ela havia ido longe demais. Como podia humilhar assim uma criança? Mas Bianca que estava ao meu lado e eu nem havia percebido, segurou o meu braço e fez sinal para que eu ficasse calada.

- Ah, agora comecei a entender. Então é isso? A minha presença te causa medo. Por isso que me afasta de você. Eu sou a intrusa que vai roubar sua família. É assim que me vê não é mesmo? Um perigo, uma ladra, um ser maléfico e ainda por cima com um defeito físico que é pra causar ainda mais pena nas pessoas ao seu redor. – Agora era Emília quem estava sendo mordaz.

- Você está louca! Medo de uma pivete que é tão sem graça? Vê se se enxerga garota.

 - É verdade Roxanne. Assume que acha que vou tomar seu lugar no coração das pessoas que ama. Que vou roubar o afeto e carinho que você deseja pra você. Esse pensamento está te agoniando, pois você não se acha o suficientemente boa para ser amada do jeito que é. Você briga, xinga, faz as coisas que desagradam para chamar a atenção pois acredita que só assim te notam. Para com isso Zanne! Você está se machucando à toa. Não há necessidade de se fazer notar.

- Você não sabe de nada! Não me conhece. Como ousa dizer essas coisas pra mim. Cala a boca! – Gritou, mas notei que sua voz estava diferente.

- Todos te amam, se preocupam com você. Querem a sua felicidade. Você é a luz dos olhos delas. Tenha a certeza que não há nada nesse mundo que sua família não faria por você. Aposto que entregariam a alma se fosse preciso, para que tudo fosse perfeito em sua vida. Por mais que todos venham um dia a gostar de mim, nunca será como o que sentem por você. Roxanne é o sangue delas que corre em suas veias. Elas te viram nascer, e antes disso viram você se desenvolver no ventre da sua mãe. Já te amavam, mesmo sem poder ver seu rosto, ou tocar sua pele. Esperaram ansiosas por sua chegada, que pra elas foi um dos momentos mais felizes da vida, tenha certeza disso. Você nunca perderá o amor de sua avó e nem de sua tia, pois ele é imortal.

- E o que você sabe sobre perda? Quem você perdeu nessa vida pra falar com tanta propriedade? Eu já perdi coisas demais perder o amor delas seria apenas mais uma. Tem a ideia da dor que é perder uma mãe? O resto perto disso é fichinha. – Era perceptível a dor e o embrago em sua voz.

- De certa forma você tem razão, eu não perdi ninguém de fato, porque nunca tive alguém para perder visto que meus pais me abandonaram quando eu era um bebê por conta da minha cegueira. Às vezes me pergunto se eu fui amada e desejada pelo menos enquanto estava sendo gerada, mas nunca vou saber por que não tenho família. Quando estou em meu quarto á noite, muitas e muitas vezes eu crio em minha mente um quadro, onde minha mãe me abraça e diz que me ama do jeito que eu sou. O único afeto que conheci foi de pessoas desconhecidas, que por mais que gostem de mim, nunca será como o amor materno. É eu nada sei de perda, porque nada tenho para perder, afinal nem a minha visão perdi, já que nasci sem ela. Mas eu sei o que é senti-se sozinha, com medo, triste e perdida, pois em muitos momentos da minha vida me senti assim. E posso te garantir que isso é tão ruim quanto perder alguém.

- Quantos anos você tinha quando foi ... você sabe, deixada aos cuidados das irmãs? – Roxanne soou sinceramente interessada.

- Pode falar abandonada, eu não me importo mais com isso. Eu tinha cinco meses.

- Poxa vida! Você deve odiar seus pais. Eles foram egoístas e desumanos!

- Não Zanne, eu não os odeio, ao contrário disso, carrego no peito um sentimento de amor por eles, pois sou um ser humano com defeitos e qualidades como eles também são. Quem sou eu para julgar? Cada um sabe de si. Eu prefiro pensar que eles não tinham condições para me criar e que ficaram com medo. Que me abandonaram por amor e não por não me quererem.  Pode ser uma fantasia da minha cabeça, mas me sinto melhor assim. Sabe Roxanne, nós podemos ver as coisas de duas maneiras, uma é olhando o lado negativo de tudo, ficando com raiva, alimentando o ódio, a amargura, lamentando e deixando a vida passar sem abrir as portas para as coisas boas, a outra e percebendo o lado positivo da vida, agradecendo por tudo o que se tem, mesmo que não seja muito, amando, regando os pequenos momentos de felicidade, sorrindo e se abrindo para tudo de bom, porque creia tudo tem seu lado bom, mesmo quando parece ser muito ruim. São nossas escolhas que fazem a diferença em nossa trajetória. Sabe aquela velha do copo meio cheio, ou meio vazio? É bem assim.

- Como você consegue pensar assim? Desculpe-me o que eu vou falar, mas qual é o lado positivo em ser cega? Eu não consigo enxergar nada de bom nisso.

- Pois eu vou te falar que existem lados positivos. Vou citar um, por ser deficiente visual meus outros sentidos são mais apurados, por exemplo, eu agora sinto o cheiro da brisa marinha, ouço o canto dos pássaros, as ondas quebrando, o barulho da chuva. Garanto que você não nota isso tudo com tanta clareza. E também percebi a mudança de seu tom de voz, e notei que você se aproximou de mim o que me deixa bastante feliz.

- E o lado positivo em ter sido abandonada?

- Eu pude conhecer pessoas maravilhosas, que cuidaram de mim, me deram carinho e me mostraram que nem sempre ser abandonada significa ser rejeitada. É claro que eu sempre desejei o amor de mãe, mas ser mãe é muito mais do que apenas parir alguém. De qualquer forma eu aprendi muito com o meu abandono.

- Você pensa assim porque não teve uma mãe e a perdeu, assim como eu. É como ter uma parte do corpo arrancada a força, sem anestesia. Uma dor incalculável. – Então ela desabou em pranto, os soluços altos.

Houve um pequeno espaço de tempo em silencio, então Milli começou novamente a falar.

- Eu entendo a sua dor, não posso dizer que sei o que está sentindo, pois isso seria mentira, já que cada um tem um jeito de sentir, e só quem passa pelo martírio pode calcular sua própria dor. Mas deixa eu te falar uma coisa, se eu tivesse tido a chance de poder ter minha mãe ao meu lado, mesmo por um curto espaço de tempo, e pudesse ter visto seus olhos me olhando com mansidão, sentido seu amor por mim, escutado sua voz me acalmando em momentos de medo, seus braços me embalando, suas palavras de apoio e compreensão, seu incentivo a cada queda, suas mãos passeando por meus cabelos, seus lábios me dando um beijo de boa noite, e um dia então Deus em sua infinita sabedoria a tivesse levado embora, eu iria sofrer muito, chorar, sentir a sua falta loucamente e ficar triste, talvez meu coração se tornasse um lago frio e vazio, minhas lágrimas escorreriam por minha face infinitas vezes e chamaria por ela a cada momento de angustia, mas não iria reclamar e nem me revoltar contra Ele e nem contra ninguém. Na verdade, eu agradeceria a dádiva de ter convivido com ela, ter tido seu carinho, sua atenção e dedicação, de poder ouvir de sua boca que me amava incondicionalmente. Encararia como um presente cada dia, cada instante passado a seu lado, eu sofreria sim por não a ter mais comigo, mas o amor, esse nunca morre, então enquanto eu estivesse viva, ela estaria dentro de mim, ao meu lado passo a passo da vida, comemorando cada vitória e acalmando meu coração a cada derrota. E eu sorriria feliz a cada lembrança da sua terna presença. Ah, como eu gostaria de ter tido essa chance... – Era perceptível que começara a chorar.

Naquele instante minhas lágrimas já desciam por meu rosto abundantemente então caminhei em direção à porta entreaberta e a cena que eu vi me comoveu ainda mais, Roxanne estava abraçada a pequena menina, as duas chorando copiosamente.

- Me perdoa Emilia, por favor. Nem mesma eu sei o porquê sou assim. É como uma autodefesa entende? Quando eu sinto que algo vai me machucar eu agrido primeiro. Eu fui uma egoísta insensível. Só pensei em mim como sempre.

- Tudo bem Zanne, não precisa pedir perdão, eu entendo seu medo. No fundo você é apenas uma menina confusa como tantas outras e como muitas vezes eu me senti também.

- É tão difícil para mim, eu sinto tanta falta da minha mãe. É uma dor tão forte que sinto necessidade de colocar pra fora de algum jeito.

- Imagino que sim. Não deve ser nada fácil perder alguém que amamos com tanta intensidade. – A menina acariciou seu rosto.

- Ela era minha amiga, me amava mesmo com os meus defeitos e cuidava de mim. Nós conversávamos durante horas. Quando ela morreu eu ... eu me senti traída, roubada. Porque ela tinha que me deixar? Por que ela tinha ido trabalhar e me deixado em casa? Então eu fiquei com tanta raiva dela, eu queria poder machucá-la como ela havia me machucado, mas como eu não podia atacá-la eu passei a agredir minha tia, eu sabia o quanto minha mãe a amava e eu descontava nela toda a minha fúria descontrolada. Nada mais me importava. Eu só queria extravasar meu ódio, minha desilusão, minha angustia. Mas no fundo do meu peito o que existia era um vazio, uma tristeza imensa, e como você disse muito medo e insegurança, afinal quem me amaria da mesma forma que ela? Eu fiquei perdida...

- Mas Roxanne, isso não é verdade. Sua mãe não escolheu te deixar ela jamais faria isso, pode ter certeza que ela partiu com lágrimas no coração e com vontade de ficar. Saiba que se ela pudesse ter escolhido nunca te abandonaria e seja onde for que ela estiver, deve estar sofrendo tanto quanto você, eu acredito que até muito mais por ver essa revolta que carrega no peito sem nada poder fazer para apaziguar. Não faça isso consigo mesma e nem com ela. Além disso, sua avó e sua tia não podem pagar por algo de que elas não têm culpa. O sofrimento delas não é menor que o seu. A falta que sentem também é grande e com certeza também ficaram magoadas pela perda de alguém tão especial e querida. Elas te amam muito. Dá pra sentir. Não as machuque e nem magoe.

- Eu sei. No fundo do meu ser eu sempre soube que me amavam. E até estava começando a aceitar melhor a partida da minha mãe.  Aos poucos minha alma estava se acalmando. Já não sentia mais vontade de agredir, de chocar. Estava me aproximando da minha tia. Sabe Milli, eu a amo muito, mas nunca disse isso a ela, uma vez quase deixei escapar, mas a frase ficou presa em minha garganta. Eu tenho muito medo de deixar esse amor fluir, construir um laço e depois...A minha mente fica me questionando “e se acontecer alguma coisa e eu perdê-la também? ” Será que suportaria passar por tudo isso outra vez?  E se eu fizer algo errado e ela deixe de me amar? E se encontrar um alguém que ame mais que a mim e me deixe de lado? Mas ai eu peguei ela e a Bianca juntas e ... Você sabe que ela está apaixonada pela Bianca? Eu vejo como ela a olha. Seus olhos brilham. Parece que só ela existe no mundo. E eu vou ficar jogada para o escanteio como se diz por aí.

- É por isso que você está assim? Você acha que ela vai te trocar pela Bi? São amores diferentes... um nunca vai superar o outro.

- Eu vi as duas se beijando. Elas pensam que me enganam. Ela vai formar a própria família e eu e Duda ficaremos de lado.

- Não! Jamais isso vai acontecer.

- Vai sim eu sei. E depois eu sei muito bem o que é essa tal de amor que as pessoas tanto glorificam, ele destrói, desintegra as pessoas.

- Você está tão enganada. A Bianca é louca por vocês, você precisa ver como ela fala da Dudinha, com tanto carinho.... E como você pode falar desse modo de um sentimento tão lindo?

- Um sentimento lindo? Você já viu o que o amor pode causar a uma pessoa? Pois eu vi o que ele fez com minha mãe. Vou te contar uma coisa que só eu sei, um dia eu entrei no quarto da minha mãe e a encontrei soluçando, seu rosto banhado em lágrimas. Presa em suas mãos uma foto do meu pai. Ela murmurava baixinho “Meu Deus, porque dói tanto assim amar alguém. Tira esse sentimento de mim”. Sai de fininho, não queria que ela soubesse que tinha visto toda a sua angustia.

- Mas nem todo amor é assim. Existem lindas histórias. Amores perfeitos. Infelizmente não foi o que aconteceu com a sua mãe mas não podemos achar que todos serão iguais.

- Sério? Pois eu não acredito nisso. Em cada caso de amor sempre haverá uma pessoa que vai sofrer. E nesse caso em especifico eu creio que muitas irão. Espere pra ver. Eu sei que a minha tia já teve a sua cota de pecadora e de sofredora, mas ainda assim acho que haverá muito mais pela frente.

Ao ouvir aquilo meu cenho se franziu e meu coração se contraiu. Subitamente uma tristeza me invadiu e um frio percorreu cada canto da minha alma. Será que Roxanne estaria certa? Será que ainda haveria pecados e sofrimentos? A negritude em que eu um dia me encontrara voltaria?

- Porque você está dizendo isso? – Emilia questionou intrigada.

- Não sei, mas algo me diz que isso vai acontecer. Talvez pressentimento.

- Você está enganada deve apenas estar com medo de ser rejeitada, mas isso não vai acontecer. Você é muito amada. E mesmo que ninguém te quisesse o que não é uma verdade e nunca irá acontecer, eu adoraria ter você como irmã. Agora que conversamos e pude ver como você é realmente por dentro, sei que é maravilhosa. Eu sei que não é legal ter uma irmã defeituosa mas...

- Não fala assim, você não é defeituosa. Você é perfeita. Aliás, se tem alguém maravilhoso aqui é você. Nesse caso a cega fui eu. Desculpe-me, por favor.

- Então você não se importa de eu ser adotada por sua tia? Não vai se sentir roubada? Acredite, eu nunca vou querer ocupar seu lugar no coração de ninguém.

- Ficarei imensamente feliz de ter você na minha família.

- Obrigada Roxanne.

- Não me agradeça, sou eu quem tem que fazer isso. Foi tão fácil me abrir com você. Eu tirei um peso do meu coração. Consegui ver quanto mal o meu medo estava causando. Você é um anjo. Obrigada por insistir em conversar comigo. Minha alma esta mais tranquila.

Já me encontrava mais refeita, as lágrimas haviam cessado. Mas precisava ter uma conversa franca com Roxanne para que ela soubesse o quanto a amava e que jamais a abandonaria. Estava prestes a entrar no quarto quando meu celular começou a vibrar. Um arrepio percorreu minhas costas e um vento gelado soprou. Sai da porta do quarto e atendi. Realmente as noticias não eram nada agradáveis.

Fim do capítulo