Capítulo 32 - Onde sentir com o coração é como respirar…permitindo sentir…
Skya e Catherine olhavam para a senhora que tentava fazer-se coerente mas sem o menor sucesso. Ela dizia frases que não faziam sentido e voltava à estaca zero.
Catherine não podia fazer muita coisa porque não entendia quase nada e Skya, mesmo entendendo a língua não compreendia onde a senhora queria chegar, não obstante todo o esforço dela.
--Mãe...Nenê, onde estás? Nenê...
--É a Nina, falamos depois, ok?
--Claro, quando quiser.
--Não comentem nada com a minha filha...por favor.
--Tudo bem, mas eu não entendi nada dona Nenê...
--Eu explico, mas chama-me de Nenê, sinto-me melhor.
--Tudo bem.
Skya sorriu e a senhora pareceu ter ficado mais tranquila.
--Vou lá antes que ela me veja aqui na conversa quando deveria estar às voltas com as minhas panelas. Obrigada Skya...Catherine...assim que a Nina sair nós conversamos e de preferência no meu quarto onde não seremos interrompidas.
Ela saiu caminhando de forma apressada em direção ao interior do casarão.
--O que ela queria?
--Eu não entendi nada Cathe...nada.
Skya sorriu e abraçou Catherine.
--Ai, melhor não...Ah sei lá, e se o problema dela fosse preconceito?
--Como assim?
--Quando ela chegou estávamos muito próximas...
--Beijando mais concretamente.
--Sim...ela pode não se sentir à vontade...
--Quando procurei um lugar para ficar na internet, uma das minhas preocupações foi exatamente o preconceito, e as informações desta quinta eram muito claras relativamente a isso...
--Dizia o quê? Eu nem me ative a esse fato...é tão sem sentido para mim...
--Para mim também meu bem, mas infelizmente para grande parte do mundo ainda não...dizia claramente que aqui não se descrimina nada e nem ninguém.
--E também nós não estávamos exatamente transgredindo nenhuma regra e estávamos sozinhas...
--Claro, sou louca, doida por ti, mas ainda sobra noção.
Risos.
--Doida!
--Sim, mas com noção de espaço e dos direitos dos outros, e dos meus também, como é óbvio.
--Sim...concordo.
Cathe fez uma careta e Skya fingiu que ia morder-lhe a bochecha.
--Doida.
--Umhum...e tem mais, como ela pode nos recriminar por causa de um beijo se as donas daqui são amantes, ou sei lá o quê.
--Acho que são bem mais que amantes, parece-me que já foram casadas...
--Sim?
--Sim, e os filhos são das duas, a Alanis disse-me claramente que a menina parece com ela e o menino com a Cassandra que é a outra mãe.
--E ela disse-te isso assim? Onde? Quando?
--Hello Miss FBI.
Gargalhadas.
--Não é ciúme...juro. Ela é linda, toda misteriosa mas confio em mim...
--Ah...jura?
Risadas altas.
-Ok, um pouquinho de ciúme é normal...mas convenhamos que essa Nina é um bocado exagerada nessa linha mulher da montanha, toda sexy como quem não quer ser e ainda conta-te intimidades...
--Isso não é ciúme?
Risos.
--Sim, é, mas normal...tu és tão...sei lá...
--Sou o quê?
--Apaixonante. E se ela gosta mesmo de mulher...
--Ela gosta, mas eu não...
--Não?
--Não...eu não gosto de mulher, eu gosto de ti...não vejo nada de especial em outra mulher...se queres saber, nem passa pela minha cabeça, nunca passou...
--Assim não sei se fico feliz ou assustada...
--Assustada?
--Sim...e se olhas para mim amanhã e descobres que sou apenas uma mulher e que não gostas de nós...
Catherine sorriu misteriosa.
--Hmmm?
--É um risco que corres meu bem...
--Ai bandida...além de linda ainda é inteligente e sarcástica...mereço.
--Quero ver mais fotos e saber detalhes dessa tua aventura nas montanhas.
--Claro, ah estou apaixonada. Foi só a primeira trilha de várias e eu vou tentar fazer o máximo que puder. Vens comigo? Pelo menos uma vez...por favor, eu sei que vais enlouquecer com a beleza...vens?
--Ah...vou ver...não gosto de altura...
--Mas aqui é alto Cathe...
--Mas estou em terra firme, não preciso galgar montanha acima...olha como fico arrepiada...não gosto.
--É seguro Cathe, olha para mim, voltei inteira...inteirinha.
--Inteira e mais doida...e sedutora...e persuasiva...
--Isso é um sim?
--Quase isso...mas lá para o fim da nossa jornada por aqui, tenho que me acostumar com a ideia.
--Vais adorar e eu mais ainda, quero que vejas a beleza e sintas a energia...ah Catherine...sem palavras.
--Ok, já estou convencida.
Risos felizes.
********************
--Finalmente pude tirar uns minutos, esse povo não faz nada sem mim. Sentem-se, desculpem-me por recebê-las aqui mas é o lugar mais sossegado dessa casa.
Catherine e Skya sentaram-se numa poltrona que ficava numa saleta que antecedia o quarto em si.
--A Nina que inventou esse espaço para que eu possa assistir aos meus filmes sem estar na cama, isso tudo porque o fofoqueiro do José foi inventar que eu durmo nos primeiros 10 minutos.
Skya riu muito e Catherine não entendeu uma vírgula, mas permaneceu com a atenção toda virada para a senhora.
Nenê, de forma atabalhoada tentou explicar o que lhe afligia mas sem que suas palavras fizessem o menor sentido, ainda mais que Skya entendia sim o português mas não corrido como ela falava.
--Entende Skya?
--Mais ou menos, a senhora...Nenê, precisas ser um pouco mais clara.
--Eu fico incomodada porque a Catherine não entende nada do que estamos a falar, parece má educação.
Skya riu e traduziu rapidamente a Catherine que sorriu para a senhora, deixando-a mais tranquila.
--Pode falar Nenê, depois eu explico à Catherine.
Nenê suspirou e olhou para a janela do seu quarto como quem tenta encontrar as palavras certas.
--A minha filha, ela é especial...ela não era...quer dizer ela sempre foi...ai...
--Sim, ela namora mulheres, é isso?
--Sim, mas nem sempre foi assim...só com a Cassandra eu acho, antes ela namorava rapazes...tu sempre namoraste mulheres?
--Sim...meninas quando mais nova e hoje mulheres. - Skya riu da cara da senhora que parecia muito atrapalhada.
--Muitas ao mesmo tempo?
--Não, claro que não...
Skya não se conteve e contou a Catherine.
--Vê lá o que vais responder sua violinista sedutora.
Risos.
--Hã?
--Eu explico Nenê...a Catherine quer saber o que vou responder sobre namorar várias mulheres ao mesmo tempo...
--Mas ela não sabe que gostas dela? Até eu percebi...
--Ela sabe sim...ela sabe.
Skya acariciou levemente o rosto de Catherine que sorriu mesmo sem entender as palavras mas captando a essência do olhar.
--Sim, voltando...
--Então, a Nina, sempre teve namorados...poucos, mas veio essa mulher e aconteceu...no princípio eu não entendia, não aceitava, mas depois...aconteceu tanta coisa...
--Hoje em dia já é natural... é isso?
--Muito, e eu nunca vi minha Nina tão feliz...era feliz... essa casa era uma felicidade sem tamanho Skya, depois que veio o Arthur parecia quase um filme. Elas gostavam tanto uma da outra, eu via tanto brilho na troca de olhares, passaram por tanta coisa juntas...a Cassandra já até morreu uma vez...
--Como?
--É uma longa história que só prova mais ainda que a ligação delas é forte, é poderosa...não pode acabar assim...minhas crianças adoram a Cassandra, eu não posso nem imaginar se ela vai embora daqui...
--Mas há essa possibilidade?
--Eu creio que sim, não tenho mais ilusões...não sabes como era e como está agora, elas nem se falam...antes Skya, parecia que se controlavam para não estarem sempre aos beijos, e isso não foi apenas no inicio do namoro, não, isso foi até há um ano atrás...mesmo com os filhos, com toda a atribulação da vida, elas sempre tiveram esse brilho, essa sintonia linda que me fez ver que não havia nada de errado no fato da Nina namorar outra mulher...de repente...
--Aconteceu alguma coisa que justifique essa mudança?
--Claro que sim...
--A minha pergunta foi mal formulada, o que aconteceu para causar essa mudança?
--Eu não sei minha filha...talvez o Carlos saiba de alguma coisa mas ele não diz nada, ele e a Nina são como irmãos...eu poderia saber se a Xanda estivesse por aqui mas não...a Xanda é a melhor amiga da Nina...será que o amor acaba assim?
--Ah Nenê...é complicado, às vezes nos perdemos e as coisas complicam-se e depois é como uma bola de neve que cresce e despenca montanha abaixo...não conheço as pessoas em causa, acabo de chegar aqui, mas a Cathe, que é muito mais madura do que eu, percebeu alguma coisa, aliás ela disse-me que elas eram namoradas, ou seja, se ela percebeu algum tipo de conexão entre elas, é porque ainda existe alguma coisa...
--Existe Skya, claro que existe, o sentimento entre elas é forte, já ultrapassaram tanta coisa, venceram a mim, venceram o mar, o problema de saúde de Arthur que quase acabou com a minha Nina, e mais uma vez a força de Cassandra foi fundamental...
--Arthur teve problemas?
--Sim, ele nasceu com problemas no coração mas tudo piorou quando fez dois anos, não deram muitas esperanças, mas a Cassandra pegou esse menino e levou para a Holanda, aliás, foram todos e depois de muita luta, meu menino voltou firme, forte e mais traquinas do que nunca...a Nina quase desabou e ela foi uma autentica guerreira, depois desse episódio, a impressão que dava era que o amor tinha ficado mais forte...
--Acredita Nenê, se há tanto amor assim e tanta luta vivenciada em conjunto, não acaba assim...
--E se uma delas apaixonou-se por outra pessoa? Pode acontecer? Pode?
--Pode sim, mas se tivesse sido isso não estariam mais juntas...
--Há um tempo atrás um rapaz bem bonito que veio fazer um trabalho na estufa lá de Ribeirão, encantou-se pela Nina...elas já não estavam muito bem...acho que piorou depois disso...
--Mas isso sempre vai acontecer, elas são bonitas e sempre vai haver assedio, precisam é estar certas do que querem...eu não sei muito bem o que dizer Nenê...
--Minha filha, vocês assim, felizes, de bem com a vida, quem sabe isso não estimule minhas meninas, de repente é disso que precisam...eu sempre achei que elas viviam muito aqui, presas...ultimamente é só trabalho e cuidar das crianças, a Nina trabalha muito e a Cassandra passa muito tempo em Porto Novo, ou em Mindelo...isso desgasta e elas não tem mais gente assim como vocês, e às vezes eu penso que essa falta de casais iguais deve perturbar...
--Não acredito muito nisso, claro que morando aqui que é muito pequeno e onde as coisas ainda podem parecer quase uma nave espacial, é mais complicado, mas se dizes que elas vivem no seu mundinho...olha sinceramente eu não sei o que dizer, a Catherine seria de muito mais valia nessa conversa. Eu nunca tive problemas com essas questões, sempre soube o que queria, sempre namorei meninas e no meu mundo é tão natural quanto namorar meninos, então...desculpa Nenê por não ser de muita valia.
--Ah Skya, só de poder falar com alguém abertamente já ajuda muito...aqui não é muito fácil...tem o José mas ele tem a mania de não gostar de se meter, também tem a Juliana mas desde que a filha dela se mudou para a capital ela passa mais tempo em Roma. Obrigada e só peço uma coisa, mostre para essas meninas como é bom estar apaixonada, olhe para a sua Catherine como agora, parece que faíscas podem pular dos teus olhos, não se iniba por mim e nem por ninguém, se tiver vontade de fazer um carinho, dar um beijo, força...quem sabe assim elas não se animam. Quero o meu povo feliz.
Skya abraçou a senhora que pousou a cabeça no colo dela.
--Conte comigo, isso que pediste não é nada...é o meu dia-a-dia com essa mulher maravilhosa.
--Maravilhosa mesmo, tens muita sorte menina...ela ficou quietinha ouvindo nosso grego aos seus ouvidos e sem reclamar.
--Minha namorada é um achado Nenê.
Skya olhou para Cathe e beijou-lhe as mãos com carinho.
--Hmmm?
--You are my gift!
--Ah, queres ver-me vermelha? O presente és tu Skya, meu presente, o melhor de todos.
Nenê sentiu-se a mais no momento em que ouviu a voz de Cassandra do lado de fora chamando pelo seu nome.
--Mas o Zé não presta para nada mesmo.
Risos.
--Vou lá e peço por favor que fiquem aqui até que eu dê o sinal...não quero que vejam que eu vos trouxe para o meu quarto, além de fora do regulamento da quinta, eu não quero que ninguém me questione.
--Tudo bem, nós aguardamos o teu sinal.
--Obrigada Skya e agradeça à Catherine também. Muito obrigada.
--De nada Nenê.
A senhora saiu sorrateiramente provocando um risinho nas estrangeiras.
--Eu me senti num filme de conspiração agora.
Risos.
--Eu também, ela é muito engraçada e tu dona Cathe, tinhas toda a razão...como é observadora essa mulher, se não tivesses dito eu não perceberia nada...
--É que és muito interativa e quando assim é, a tendência é não perceber os pormenores.
--Isso é errado?
--Claro que não...eu sempre fui mais de ouvir do que falar, então percebo mais pequenas coisas...mas eu adoro a tua maneira de ser, tu encantas as pessoas, todos ficam atraídos...
--Hmmm, todos quem?
--Para Skya...ai...para menina, estamos em quarto alheio...ah meu Deus...
--Só um beijinho...eu não te beijo há seculos.
--Doida...
--Tu não tens saudades?
--Umhum...claro que sim...
Skya beijou Cathe deixando-a sem ar, provando que estava sim com muita saudade...
********************
--Nenê, preciso concluir um plano e vou lá para casa mas assim que meus filhos chegarem, grite por mim. Estou com muitas saudades deles.
--Sentimento comum, eu e Zé não sabemos mais viver sem nossas crianças. Mas a Nina não disse quando voltava?
--Não...
--Ah, ela deve ter ficado à conversa com a Lina, mas não devem demorar e ela tem treino, não tem?
--Acho que sim...vou trabalhar um pouco e não te esqueças, Luna e Arthur aqui, tu me gritas.
--Claro. Vou preparar um bolo para o lanche da tarde.
--Metade banana e a outra metade ananás para agradar aos dois.
Risos felizes.
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Skya saiu do banheiro e viu que Cathe dormia. Ela estava com muita vontade de passear pela quinta que oferecia muitas opções de lazer e queria que Cathe fosse junto, mas ela dormia tão profundamente que preferiu não incomodá-la.
Ficou parada ao lado da cama com um sorriso iluminando o rosto. Sentou na beirada sem fazer muitos movimentos e contornou o rosto de Catherine com a ponta dos dedos e depois com a costa das mãos. Teve vontade de rir alto, ainda parecia sonho, elas ali, juntas e Cathe um registo tão...nem sabia como definir, mas era a melhor coisa que podia acontecer. Catherine era surpreendente, deliciosamente imprevisível...era incrível como se adaptava às situações, à quinta, ao povo, tudo de repente parecia familiar. Lembrou da Cathe do início da sua paixão repentina, a evolução era gritante e só podia culminar naquele sentimento que transbordava os limites do peito, se estendia pelo ser todo, alma, corpo...
Era bom estar ali, era muito bom saber que Cathe estava ali e era melhor ainda saber que Cathe estava cada vez mais com ela. O elo crescia, e tudo faria para que a conexão fosse cada vez mais sólida.
--Cathe...eiii...
--Hmmm...sono bom.
--Vou lá fora escrever um pouco enquanto observo a natureza. Ok?
--Umhum...só vou dormir um pouco...estou sonolenta.
--Normal mudança de rotina às vezes tem esse efeito.
--Acho que é a desaceleração, meu corpo e mente agradecem...
Skya beijou os cabelos de Cathe e saiu levando o tablet e o gadjet de música.
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--Tu fizeste o quê?
Zé olhava estupefacto para Irene.
--Isso mesmo que acabei de dizer, pedi ajuda à estrangeira mais novinha porque é ela que entende a nossa língua e elas vivem como a Nina e a Cassandra. Não me olhe assim José, eu preciso fazer alguma coisa para ajudar a nossa família.
--Tu és doida mulher, completamente inconsequente. Não aprendes nunca, elas são hóspedes, não podes misturar as coisas...
-- Eu sei o que faço, meu coração me guiou e elas são como a Nina e a Cassandra que mal há?
-- Nenê, ninguém pode se intrometer assim...
-- E deixar as coisas acabarem de vez? Lembras quando a Cassandra passou aquele tempo fora, meu Deus a Nina parecia uma máquina de trabalho de manhã, e à noite ela vegetava, ainda bem que existem essas crianças para minimizar esses momentos.
-- Eu só espero que não tenhas estragado tudo nesse teu ímpeto de salvadora da pátria. Não sei com que cara vou olhar para as meninas.
--Meninas? Mas tu não mudas mesmo...
--Para tua informação, a Skya conversa muito comigo e não me aventuro com a Catherine porque meu inglês anda um bocado enferrujado.
Gargalhadas altas de Irene.
-- José, elas mal chegaram aqui... - Continuou Irene em tom irônico.
-- Ah deixa-me em paz velha. Não lembraste disso quando foste fazer fofoca com a vida da dona Alanis e da Cassandra.
-- Cala a boca e me ajude a escolher uma ementa para o jantar, algo que os meninos gostem.
-- A Luna adora peixe e o Tujito gosta de tudo, mas ainda é cedo mulher.
-- Quero fazer algo diferente e com sobremesa também, quero todo mundo feliz.
--A Skya já me pediu um quarto novo, uma amiga delas vai chegar dos EUA.
-- Boa, mais gente, adoro esse lugar cheio de gente. Temos quarto José?
-- Sim senhora, não é minha área mas sei que sim porque sou muito bem informado.
E assim permaneceram, trocando farpas enquanto escolhiam ingredientes para o jantar de mais tarde.
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--Mãe, é hoje que vamos ao parque?
--Não posso meu filho...a mãe precisa resolver um assunto importante. Outro dia nós vamos.
--Ok.
O menino pareceu resignar-se e continuou a brincar com o seu boneco.
--Mãe, a Tashi está em casa? Ela pode nos levar ao parque...
--Não sei Luna, mas a essa hora é bem provável que esteja...
--Mãe...mãe.
--Diga meu filho.
--Eu tenho um segredo e acho que vou contar.
O menino deu um risinho de quem sabia que estava a fazer uma travessura.
--O segredo é teu?
--Mais ou menos...
--Hmmm, o que eu te ensinei sobre segredos que não são teus?
--Que devo guardá-los na caixinha dourada.
--Exatamente e trancados.
--Ok.
--Está tudo bem filha? Estás tão calada...
Alanis observava a filha pelo retrovisor que parecia distante.
Luna bateu com a cabeça afirmativamente mas o olhar continuou perdido.
--Mãe, a Luna chorou ontem à noite.
--Cala a boca Arthur.
A menina arrancou o brinquedo das mãos do irmão e arremessou longe.
--Choraste sim senhora e disseste à Sophia que estavas com medo que a Tashi fosse embora.
A menina começou a chorar e bateu nas pernas do irmão.
Nina parou o carro, desceu e foi para o banco de trás onde os filhos estavam sentados.
--Mãe, ele é mentiroso.
A pequena chorava e soluçava. Nina abraçou a filha e tentou acalmá-la. Passado o choro ela quis entender o que estava a acontecer.
--Luna, queres contar o que se passa?
Luna permaneceu abraçada à mãe mas não disse nada.
--Arthur?
--Não posso mãe, a Luna me bate...ela é maior.
--Meu amor, sabes que podes dizer tudo à mãe, não sabes? Qualquer coisa, sempre.
--Eu sei mãe Nina...eu sei. Nina, a Tashi vai embora?
Luna sempre fora assim, direta. O olhar firme e doce desarmava qualquer um, e à mãe não era diferente.
Alanis não sabia o que responder, mas aquela possibilidade já lhe passara pela cabeça, mas para o coração seria difícil gerir...
--De onde veio essa hipótese filha?
--Mãe...desculpa, sei que não devo, mas foi sem querer...- A menina falou com a voz muito baixa.
--Luna?
--Mãe, eu ouvi uma briga...várias brigas, mas as brigas pararam e agora vocês não dizem nada...
Alanis suspirou e abraçou os filhos com força, queria protege-los de tudo, até dela mesma.
--Ela não vai meu amor, não vai Tujito.
--Juras Nina?
--Juro Luna.
--E vamos para a nossa casa de pedra azul e branco? Mãe, não vamos para lá há um montão de tempo...assim...- O menino abriu os braços mostrando o tempo. Nina sorriu emocionada e beijou a cabeça do pequeno.
--Nina, a Tashi vai ficar na nossa casa? No teu quarto?
Alanis não sabia o que dizer à filha, aquela resposta não dependia apenas dela, mas precisava dizer alguma coisa...
--Vai sim Luna.
As crianças sorriram felizes e beijaram a mãe em simultâneo.
--Mãe, eu não choro porque sou menino mas se a Tashi for embora eu vou chorar dia e noite.
--Ela não vai e não vais precisar estragar tua cara linda com lágrimas.
Risos.
--A Luna ganhou o primeiro lugar na escola.
--Em quê meu amor?
--Tu falas demais garoto.
Risos de Nina.
--Mas ganhaste que eu sei. Ela ganhou o primeiro lugar em desenho e pintou a Tashi.
--Isso é verdade Luna?
--Sim, e pintei a Tashi porque pediram para desenharmos alguém importante com quem sonhamos sempre.
--Depois quero ver.
--Sim, e vou mostrar à Tashi também.
--Claro meu amor, aliás vamos ver se ela já chegou para cuidar de vocês porque eu tenho que me ausentar por algum tempo.
-- Oba, estou com saudades da Tashi. Será que ela nos leva ao parque que montaram na cidade? Eu quero andar de bicicleta.
-- Ela leva sim, desde que não esteja ocupada.
Nina abraçou os filhos que a beijam muito.
--Eu te amo mãe Nina. - Disse o menino.
--Eu te amo muito Nina. - Enfatizou a menina apertando os bracinhos em redor do pescoço de Alanis.
Ela sentiu os olhos marejados e agradeceu a Deus pelas crianças lindas que ganhara de presente da vida. Agradeceu a Cassandra também, já que a importância dela na educação daquelas crianças era inegável.
Retomaram a viagem rumo à quinta mais alegres, cantando e rindo. Nina contou das hóspedes novas e a curiosidade tomou conta dos pequenos.
********************
--Luna, despacha com essa roupa. - Gritou Arthur já impaciente para poder brincar com a irmã.
Cassandra riu feliz enquanto preparava um suco de melancia para os filhos.
--Tashi, olha o que colhi no quintal, é para ti.
O menino entregou uma flor amarela à mãe e a abraçou com seu jeito fofo e amoroso.
--Obrigada meu amor, sabes que eu adoro amarelo.
--Eu sei e a flor lembra o sol e tu pareces o sol, não é Luna?
--O quê? - Gritou a menina do quarto.
--Tashi essa flor é para que nunca esqueças do Arthur.
--Mas eu nunca vou esquecer-te meu amor, nunca.
-- É que a Luna chorou e disse que tu vais embora. Tu vais embora Tashi?
--Não Tujito, claro que não.
--Ainda bem pois eu preciso muito de ti. Quem é que vai ajudar-me a subir em árvores? A minha mãe Nina não sabe, ela joga a bola, nada comigo, mas a subir em árvore não e eu adoro subir em árvore, aquela enorme de Ribeirão, mas nós não vamos lá há muito tempo.
--Nós iremos um dia desses, eu prometo meu menino lindo.
--Como estou? Bonita? - A menina rodopiou o corpo com a saia nova e fez graça.
--Guapa mi preciosa. - Cassandra sorriu encantada enquanto ganhava mais um abraço.
--Eu adoro as roupas que me compras Tashi, essa saia é a minha favorita. Que a Nina não me escute, mas tens um gosto para roupas mais parecido ao meu, a Nina compra umas roupas que eu não gosto muito mas eu uso para ela não ficar triste.
--Eu gosto das roupas que ganho das duas e das outras que a Nenê me dá, o Zé...
--Ah e adoro as roupas que a minha madrinha me compra, ela também tem bom gosto. Quando é que ela volta?
--Brevemente Luna, e a Alana também para poderem brincar.
--Sim, estou com muitas saudades dela. Tem suco?
--Claro, como sempre.
--Eu te adoro Tashi, daqui até a lua.
--Eu também Tashi.
Cassandra recebeu bracinhos carinhosos por todos os lados e sentiu-me feliz. Aquelas crianças eram a sua maior alegria.
O suco foi acompanhado de muito diálogo, risadas e brincadeiras.
Luna saiu correndo dizendo que ia ver se seu pássaro tinha dado à luz os filhotes e Arthur foi logo atrás da irmã rindo alto.
********************
--Ela parece um anjo...será? - Perguntou a menina ao irmão enquanto olhava admirada à figura da mulher sentada no banco, de olhos fechados e a cabeça encostada ao tronco da árvore.
--Ela é bonita, será que está morta?
--Claro que não Arthur, para de dizer asneiras. Ela só está a dormir.
--Então vamos acordá-la, quem sabe ela aceita brincar connosco.
-- Melhor não, lembra o que a Nina sempre diz, não incomodar os hóspedes.
-- Mas a Tashi diz que devemos ser simpáticos, simpatia é incomodar?
--Acho que não...
Continuaram as suas indagações por alguns minutos até que Skya acordou.
--Olá.
--Oi moça, nós estávamos preocupados se estaria morta.
--Arthur! - Luna puxou a orelha do irmão.
-- Estava tendo um sonho tão bom...- Skya sorriu.
-- Desculpa moça, o Arthur fala muito alto.
--Bom, desta vez a culpa não foi dele...vocês devem ser os filhos da Alanis.
--E da Tashi também. - Completaram em simultâneo.
Risos.
--E a senhora é uma das hóspedes novas, bem que a minha mãe disse que eram bonitas. A senhora é muito bonita e o seu cabelo parece o das minhas bonecas...
--A Luna adora cabelo, ela passa a vida a pentear a minha mãe e qualquer pessoa com cabelo grande.
--Luna, e tu como chamas?
--Arthur, mas pode chamar-me de Tujito.
--Muito prazer Tujito...Luna, e eu sou a Skya.
--Skya...bonito. Posso chamar a minha próxima boneca de Skya? A minha madrinha vai voltar da Alemanha e tenho a certeza que meu presente será uma boneca linda.
--Claro que podes Luna.
--Obrigada. A tua amiga é bonita como tu?
--Ela é mais bonita ainda, ela é linda.
--E ela não vem brincar connosco? - Perguntou Arthur segurando a mão de Skya.
--Ela está a dormir, mas assim que acordar tenho a certeza que adorará brincar connosco.
--Skya, tenho um pássaro...
--Ele não é só teu. - Retrucou o pequeno.
--Sim, temos um pássaro que vai dar a luz, queres ir connosco ver se os filhotes já nasceram? É logo ali...
--Claro, vamos.
Seguiram colina acima e Skya foi contando as suas aventuras na Tailândia quando tinha mais ou menos a idade deles para total deslumbramento das crianças.
********************
--José que cara de enfado é essa?
--Não é enfado mulher, é preocupação...
--O que aconteceu?
--A Cassandra...ela fez rodeios, daquele seu jeito educado, mas eu percebi, ela queria saber da Nina, para onde ela foi, mas eu não soube responder...
--Hmmm...
--O problema Nenê, é que fica cada vez mais claro o grau de distanciamento entre elas, eu fico preocupado, parece que não existe mais diálogo, onde isso vai parar?
-- E ainda brigas comigo por eu tentar ajudar, eu luto com as armas que tenho.
--Se calhar tens razão...
--Como sempre. - Disse Nenê muito séria.
--Como sempre.
--Hã? Concordaste comigo? Tu só podes estar doente.
Risos.
--Deixa de ser mais chata criatura.
--E os meninos?
-- Estão lá para os lados do bosque, passei por lá e eles estavam com a moça do céu.
--Quem?
--A hóspede recente com nome de céu, a Skya, Irene. Cassandra foi busca-los para não incomodarem, mas ela não me parecia nada incomodada, sabes como essas crianças conseguem ser sedutoras, o Arthur então.
--Que seria de nós sem nossos pequenos?
--De uns tempos para cá, eles são a vida dessa quinta...
--Com minhas preces e atitudes, tudo vai voltar a ser como dantes ou melhor ainda.
--Amém.
--Vamos caprichar no jantar?
--Tomara que apareça muita gente, o pessoal vai sair para a festa na Ribeira da Torre.
--Pois, estamos com muitos hóspedes jovens...mas se a minha família e as hóspedes novas aparecerem já estarei mais do que feliz.
--Puxa-saco.
--Cala a boca e me ajuda.
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Cassandra olhava admirada para o trio à sua frente. Luna fazia tranças no cabelo de Skya, Arthur estava sentado nas pernas dela que lhes contava histórias da sua infância. A visão harmónica transportou-a a outros momentos, quase outra vida...
Permaneceu em silêncio por algum tempo observando, e pensando em várias coisas. A vida requeria uma atitude, mas ela ainda não sabia exatamente o que fazer. Naquele momento queria apenas a alegria dos seus filhos, ver sorrisos nos seus rostos, sentir-se amada e amá-los um pouco mais.
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--Só preciso passar rapidamente no quarto e volto.
--Voltas?
--Sim eu volto, quero conhecer o parque e andar de bicicleta e...
--Tomar sorvete, não é mãe?
--Sim meu filho, vamos tomar sorvete.
As crianças começaram a pular de alegria e correram para buscar as bicicletas.
--Obrigada Skya, sei que não é um programa muito interessante...
--Eu vou com muito gosto, adorei teus filhos. Só preciso ver se a Cathe já acordou e se quer ir junto. Já volto.
Skya correu ladeira abaixo e Cassandra experimentou mais uma vez aquela nostalgia quase sufocante.
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O passeio ao parque estava sendo um verdadeiro regresso à infância para Skya. Ela brincou de tudo, correu, andou de patins, subiu no labirinto de cordas, baloiçou, sempre sorrindo e sendo agarrada por crianças felizes. Arthur era pura energia e um doce de criança, Luna já mais crescida, fazia brincadeiras de menina, conversava com amiguinhas mas também participava das brincadeiras do irmão e dos outros meninos, sempre rindo às gargalhadas.
Depois de tanto pular, correr de um lado para o outro, Skya procurou Cassandra que estava sentada num banco e foi fazer companhia à mãe das crianças.
--Ufa, esqueci que não tenho a idade deles.
Risos.
--Mas tu tens muita energia e as criança adoram-te.
--Eu adoro crianças e teus filhos são especiais, crianças felizes, cheias de vida...
--Eles são a minha vida e a felicidade deles é minha maior meta.
--Que lindo e forte, tens toda a razão, essas crianças merecem cada luta tua.
Sorrisos trocados.
--E tu, com todo esse instinto maternal aflorado, pensas em ter filhos?
--Sim, claro. Sempre disse que teria o primeiro com 28 anos, ainda faltam dois.
Risos.
-- É muita responsabilidade, é instigante e ao mesmo tempo dá medo...às vezes parece que eles sabem mais do que nós e não existe nada mais aterrador, a sensação de não ter resposta, não saber o que dizer, aí vem um sorriso, um abraço, um gesto, uma vitória deles...ah, é bom demais e antes de ser agraciada com esses dois anjos, eu jamais tinha pensado nessa possibilidade...
--Ficas tão linda quando falas deles...aliás tu és uma mulher linda...ah isso não é elogio com segundas intenções...
Gargalhadas altas.
--Eu sei disso, não te preocupes.
--Sim, até porque meus métodos são outros.
Risos.
--Essas crianças são a minha vida. E a tua namorada, ela pensa em ter filhos?
-- Não...nem passa pela cabeça dela...ainda.
Risos.
--Então pretendes seduzi-la com essa ideia?
-- Olha, eu estou a viver a história mais linda e aliciante da minha vida, a mulher mais encantadora, surpreendente, incrível que eu poderia conhecer...Catherine parece uma flor que desabrocha aos meus olhos, a cada amanhecer uma mulher mais completa...já passei por algumas coisas menos boas, sou a primeira namorada dela e obviamente que não foi nada fácil no inicio...
--Primeira?
--Sim.
--Wow...menina de sorte, ou mulheres de sorte.
Risos.
-- Muita sorte...eu me apaixonei por ela de tal forma que passei por cima de muita coisa com a certeza que valia a pena...e Cassandra a cada dia, cada momento eu me apaixono mais e mais...e, quem sabe um dia ela não me surpreenda com a ideia de termos um filho?
--Quem sabe...- Cassandra já tinha os pensamentos vagando pela própria história.
--Mas não estou preocupada com isso, quero a minha Cathe, essa é a única certeza que tenho. Quero que nossa história cresça, quero que minha flor se abra inteira para mim, para nós...o que foi?
Cassandra pasmava em Skya e paradoxalmente parecia estar em outra galáxia.
Depois de um longo suspiro, conseguiu verbalizar algumas coisas...
--É tão bom ouvir isso, olhar para ti e ver-te exalando amor...
--Mas eu amo essa mulher, de uma forma que nem eu com a minha essência às vezes infantil sabia ser capaz...por ela, para ter o que nós estamos a construir, vale qualquer sacrifício...
--Eu tenho saudades...
--De quê?
--Do tempo em que pensar em Alanis era uma eterna sensação de estar a flutuar...saudades de ver esse amor que vejo nos teus olhos nos olhos dela, saudade de ter as certezas que tu tens, saudade de sentir meu peito arfar só de saber que ela estaria prestes a chegar...saudade...saudade da felicidade...
--E quando e porquê vossa história mudou?
Cassandra forçou um sorriso triste, chamou os filhos e disse:
--Aceitas jantar connosco?
--Sim!
--A Catherine não fica chateada?
Skya lembrou no pedido de Nenê e no emprenho de Catherine em tentar entender aquela história e quem sabe ajudar, e logo respondeu:
--Não.
--Então vamos jantar e se os meus filhos permitirem eu te conto em resumo o ultimo ano e meio da minha vida.
Skya sorriu e Cassandra retribuiu certa de que faria a melhor coisa. Precisava conversar com alguém neutro, alguém que não a conhecia e muito menos à Alanis...quem sabe não mudaria a perspetiva...e aquela mulher, apesar do seu ar de menina, parecia ser um poço de sensatez.
********************
Alanis passava na ala dos bungalows rumo à sua casa quando viu Catherine sentada na rede vendo alguma coisa no computador. Seguiu o impulso e desviou em direção ao bungalow 7. Não estava com a menor disposição de ficar sozinha em casa remoendo problemas e tinha gostado dos contatos anteriores com a estrangeira.
--Olá, tudo bem?
--Oi, sim. - Catherine sorriu.
--Voltei agora de um compromisso de trabalho e fui informada que meus filhos saíram e pensei em tomar um chá, ou quem sabe um vinho...aceita me acompanhar?
--Com certeza, até porque eu também estou sozinha...
--Sim, a Nenê disse-me que meus filhos seduziram a Skya e ela foi junto ao parque.
--Pois, ela adora crianças e não resiste a um pedido infantil.
--Modéstia à parte, meus filhos são irresistíveis.
--Ainda não tive o prazer de os ver ao vivo e a cores.
Risos.
--Não? Mas eles estavam por aqui...
--E eu a dormir...
Risos.
--Normal...está relaxada, parece feliz e meu lugar leva a isso, ao relaxamento...
--Sim, meu corpo deve ter estranhado essa paz e a reação é essa sonolência, mas agora estou completamente desperta.
--Vamos?
--Sim, vamos.
Sorrisos.
********************
--Esses dois, veja isso, já se encantaram com aqueles meninos.
Risos.
--E os meninos e os pais com eles também. Ser criança é tão bom, tudo é simples...quando crescemos qualquer atitude precisa ser pensada e repensada, perde-se um bocado a naturalidade...mas tem lá os seus encantos também...
Risos.
--Pois...há bocado querias saber em que ponto minha vida saiu do rumo...na realidade foi uma sucessão de fatos. Há pouco mais de um ano minha avó ficou muito doente e perdi um bocado o prumo. Fui criada pelos meus avós porque minha mãe sempre foi meio excêntrica e me deixou para trás para correr atrás dos seus próprios sonhos. Tive que sair daqui algumas vezes para cuidar dela, e principalmente para dar respaldo ao meu avô. Minha cabeça estava focada neles, eu não tinha condição de lidar com mais nada e a Nina sempre foi muito forte. Mas ela sempre teve um problema de insegurança e isso já afetou nosso relacionamento algumas vezes ao longo dos anos mas sem maiores consequências. Mas minha avó piorou muito e tive que deixar tudo para trás para ficar na Holanda a cuida dela nos seus últimos dias de vida, passei mais ou menos três meses por lá e coincidentemente a Emanuelle estava a morar em Amsterdam e ela deu-me todo o apoio possível num momento negro da minha vida e eu comentei com a Alanis como aliás comentava qualquer coisa...
--E quem é Emanuelle?
--Ex namorada...quando conheci a Nina eu ainda estava envolvida com ela...
--E dessa vez tiveram um revival?
--Não, eu não tinha cabeça, vontade...eu sou apaixonada pela Alanis e respeito muito essa mulher, por ser a mãe dos meus filhos e acima de tudo por ser essa pessoa incrível que me fez crescer e querer ter um rumo diferente na minha vida.
--Então?
--A morte da minha avó mexeu muito comigo, voltei introspetiva, sou consciente disso e ela também não me recebeu da forma calorosa como esperava, ou como achava que merecia...fomos nos distanciando e de repente nosso elo eram os filhos e o trabalho o escape...aos poucos. Teve o episódio de um idiota que veio trabalhar nas terras da Alanis em Ribeirão, um engenheiro agrónomo...
--Ele se apaixonou por ela?
--Não é muito difícil...
--Pois...
--O pior é que a Alanis parecia não se importar com o assédio...antes de mim ela namorava homens e na minha cabeça tudo tinha voltado a ser como dantes...
--Mas as coisas não são simples assim, desliga um botão e o desejo muda, o foco muda...
--Eu sei Skya, inteligência emocional a isso obriga mas eu estava cega, desligada de mim, morri um pouco com a minha avó e esperava que a Nina me ressuscitasse e ela...
--Mas talvez ela não tenha tido a força necessária, ou quem sabe ela também não estivesse bem e tudo virou uma bola imensa...mas vocês não conversam muito?
--Nossa história sempre foi pautada pelo diálogo, às vezes diálogos duros, mas necessários, mas nos perdemos e não sei o que fazer...
--Ainda gostas dela?
--Muito, mas não sei o que fazer...
--O mais importante é o sentimento, estarmos certos do que sentimos...
--E será que ela gosta de mim?
O ar de derrota de Cassandra comoveu Skya a ponto de fazê-la levantar-se do seu lugar e abraça-la.
********************
Catherine olhava para Alanis sem piscar, completamente envolvida no relato dela.
--Alanis eu sou das pessoas menos românticas que existem na face da terra, embora ultimamente haja controvérsias, mas sinceramente, nunca ouvi história mais linda. Parece filme...
--Mas é real, é a nossa história...
--Eu sei que é real, as paredes da tua casa provam isso, as crianças lindas que ainda
não conheci mas cujas fotos estão espalhadas por todos os cantos, a mulher linda que está por aí algures, tu, com esse olhar perdido e ao mesmo tempo forte, a vossa quinta, esse lugar lindo, a tua família, eu sei que é real...não permita que sentimentos mal resolvidos acabem com essa fortaleza que vocês construíram, eu sei que há amor, só pode ser isso, do contrário cada uma já teria ido para outro lado, no caso a Cassandra já que tu estás no teu mundo...
--Eu não saberei andar se ela for embora...meus filhos...meu Deus, essas crianças adoram a Cassandra...
--Então mostre isso a ela...esquece essa insegurança, eu entendo, não tens a noção de como te entendo, mas trabalhe isso, sozinha ou com a ajuda de profissionais...
--Sempre fui insegura e sempre achei que a Cassandra cedo ou tarde vai embora e a Alexandra me critica muito por isso. Ela diz que sou sabotadora da minha própria vida...saber que aquela mulher linda e do mundo dela estava por perto, quando a avó morreu, aquilo deixou-me baralhada...
--Nina, o mundo dela agora é esse, tu, as crianças, a quinta, o trabalho dela...essa mulher, pela história que acabaste de me contar, já deu provas suficientes de que a vida dela é essa.
--Nós já tivemos outros problemas por causa dessa minha insegurança...sempre achei que tinha superado, mas não...eu fiz algumas coisas das quais não me orgulho, tudo em nome da insegurança, queria me sentir forte, de alguma forma queria me sentir acima do medo de perder a mulher da minha vida...
--Posso saber o que fizeste?
--Muito estupido...há tempos atrás fui muito assediada por um homem que veio trabalhar para mim, lindo, galanteador, sedutor, enfim...
--Dormiste com ele...
--Quase, eu estava sentindo-me tão só, tao absurdamente sozinha, a Cassandra só trabalhava, viajava muito a trabalho, passava semanas em Mindelo, às vezes ia a Madrid, Las Palmas e parecia que eu não existia...mas no momento não tive coragem e nem vontade, mas isso é fácil de compreender, eu nunca fui muito fã de sex* com homens...
--Mas o fato dessa possibilidade ter-se colocado baralhou ainda mais a tua cabeça, certo?
--Completamente...e na minha cabeça doida, segundo minha comadre eu sou completamente doida e imatura e ela deve estar certa, na minha cabeça passava a seguinte ideia, se eu tive essa oportunidade, com ela deve acontecer sempre...e estando longe de mim...
--Nina...
--Eu sei, sou insegura demais e com o tempo eu só pioro...
--Porquê?
--Porque eu adoraria passar o resto da minha vida com a Cassandra e tenho medo que isso acabe...
--Vai acabar, acredite em mim...vai acabar se continuares a agir assim.
--Como é que perco essa insegurança?
--Conversando, não foi sempre assim, tenho a certeza ou não estariam juntas por tanto tempo...
--Nós já vivemos num autêntico paraíso se é que eles existem.
Risos.
--Mas esse clima de quase guerra fria, ele aplica-se a todas as áreas?
--Como assim?
--Ainda existe sex* ou nem isso?
Nina sorriu e mordeu a boca involuntariamente.
--Sempre...e Xanda não entende...
--Eu entendo...
--Sim?
--Sim. E como é?
--Quase sempre sem palavras, às vezes de forma brusca, mas sempre com muito prazer e para as duas porque eu conheço a minha mulher e sei como ela fica...
--A tua mulher, é isso que ela é e precisas acreditar mais no que dizes.
--O que pensas disso? De não nos falarmos, ou de trocarmos apenas frases necessárias e no entanto no sex* tudo fluir muito bem...não fazemos amor, mas sex* muito bom...
--É uma forma de conexão...durante muito tempo na minha vida, essa foi a única forma que eu tinha de me conectar com os parceiros...
--É bom, ou não?
--Nem uma coisa nem outra, é apenas uma forma de nos ligar a alguém...no vosso caso, acredito que há muito amor envolvido e todas as implicações que esse sentimento causa e vocês, não sabendo lidar com as coisas mais complexas mas ainda assim querendo e precisando manter o elo, fazem do sex* a conexão.
Catherine sorriu e pareceu deslocar a mente para outro lugar.
--O que foi?
--Lembrei agora de Susan, minha amiga de todas as horas...ela sempre diz que as coisas acontecem no momento exato em que devem acontecer, ela é toda cheia de crenças e essas coisas, mas tenho que concordar com ela.
Mais um sorriso.
--Ainda não entendi...
--Mas vou explicar. Há um tempo atrás eu não seria capaz de manter essa conversa contigo, eu não entenderia grande parte do que acabaste de me contar, provavelmente acharia tudo um enorme disparate e sem sentido. Hoje, eu só não entendo como me vejo em muitas passagens que descreveste, me vejo em muitos dos teus medos, mas acredito que esteja um passo à frente. Não permito que o medo me trave, já fui assim, perdi tanta coisa, hoje prefiro sofrer porque vivi se for esse o caso, a ficar em banho-maria, no raso...
--É complicado...
--E muito, mas eu prefiro assim...sabes essa menina linda que me acompanha nessa viagem, ela, o que sinto por ela, fez-me ver que não vale a pena deixar-se dominar pelo medo, não adianta ter todas as certezas e muito menos ter domínio de tudo, controlar sentimentos...tu já viveste os dois lados, diga-me com franqueza, o que é melhor, fazer sex* sem palavras, muitas vezes com raiva, ou sex* com amor? Pode ser vigoroso, brusco, repentino, mas com amor...
--Prefiro fazer sex* com muito amor, nisso eu e a Cassie eramos mestres...
--Então...eu já fiz muito sex* por fazer, às vezes para a satisfação do corpo, outras para alimentar o ego, e tantas outras porque não queria voltar para casa sozinha depois de uma noite de loucuras e no dia seguinte, quando não era nas horas seguintes, tudo o que eu queria era ficar sozinha e não ver resquício do homem que passara horas comigo...
--Como entra Skya nisso tudo? Ela foi a primeira mulher?
Catherine sorriu com os lábios e com a alma.
--Sim, ela veio como um vendaval mas ao mesmo tempo suave como uma brisa...não foi fácil para mim e muito menos para ela que teve que lidar com uma doida como eu, mas essa mulher com cara de menina sabe muito bem o que quer e para minha alegria, ela me quer, sempre quis desde o nosso encontro num trem...
--Num trem? Quero saber tudo.
Catherine resumiu tudo tentando não omitir nenhum fato mais importante.
--Ah eu entendo muito bem o que essas mulheres fazem connosco...a Cassandra transformou meu mundinho...
Risos.
--Transformou teu mundinho numa paleta de cores, sabores, sentidos...
--Sim...
--Se eu disser que só conheci o verdadeiro prazer sexual com essa mulher não estarei cometendo nenhum exagero...minha amiga, a Susan, sempre diz que eu praticava sex* de performance...ela estava certa. Sexo com Skya é profundo, libertador, sinto coisas que nem sei explicar...cada vez é melhor, permiti-me sair do controle, deixei-me ir, vou, flutuo, ela sabe bem o que faz, ou meu corpo entende bem o dela, não sei...é a melhor coisa do mundo...
Alanis suspirou profundamente.
--Eu sei o que é isso...
--Levei 15 anos para atingir esse ponto e digo-te francamente, não quero outra coisa. Dá insegurança? Sim, muita, não tens noção, ou melhor até tens...ela é linda, do mundo, vive cercada de mulheres maravilhosas e descomplicadas, ela encanta as pessoas e tem esse jeito todo livre, mas eu não vou deixar de viver o meu presente maravilhoso por medo de um futuro incerto. Cada vez que a Skya olha para mim...ah Alanis, eu sinto vontade de ficar, criar raízes e a certeza que tenho, aliás a única, é que enquanto for assim, eu vou ficar e fazer de tudo para que o olhar dela para mim seja sempre esse, brilhante, vivo...
--É tão bom conversar contigo...é bom ver as coisas na perspetiva de quem não vive o nosso quotidiano mas que já viveu outras vidas, noutros mundos, outros problemas e que de alguma forma mesclam-se com nossas próprias inquietações...
--Eu adorei também e espero que possam escrever mais capítulos da vossa história e todos regados de muito amor.
Alanis sorriu sonhadora.
--Precisamos conversar muito...
--Mas vocês sempre foram boas nisso pelo que pude entender...
--Sim.
--A pergunta que deves responder é: Vale a pena todo o esforço para manter meu casamento?
--Todo, mas nós não somos casadas, eu nunca quis, acreditas?
--Conhecendo-te agora um pouco melhor, acredito sim e espero que mudes de ideia porque essa Cassandra é para casar.
Risos.
--Olha as horas, meu Deus, perdemos a noção de tudo...
Risos.
--Eu estou de férias...
Risos.
--E eu com fome e saudade dos meus filhos que já devem ter jantado, se bem que não estou a entender esse silêncio, normalmente eles já estariam aqui me enchendo de beijos e contando todas as aventuras. Vamos jantar no casarão?
--Vamos, porque eu também estou com fome e com uma certa curiosidade para saber as aventuras da Skya por aí.
Risos.
********************
--Sossega Irene, mulher vais afundar esse chão de tanto andar para lá e para cá.
--Mas Zé, elas ainda estão lá...
--E daí?
--José, estão sentadas dentro desse carro há mais de meia hora e sempre sorrindo uma para a outra e nesse escuro e pior, o carro está parado na parte de trás...
--Se está escuro como podes ver sorrisos?
--Porque a luz de dentro do carro está ligada oh inteligência.
-- E o que tem de mais estarem estacionadas na parte de trás Irene?
--Sei lá, parece que querem esconder alguma coisa...não sei Zé.
--Tu estás doida mulher, vendo asas em tartarugas.
Zé riu do desconforto da mulher enquanto bebia seu cálice de aguardente.
--Zé, e minhas crianças?
--Estão com a mãe delas.
--Provavelmente dormindo...
--E?
--Ah Zé e se a Nina não gostar de ver a Cassandra com a Skya?
--Mas não és tu que passas a vida a dizer que elas não estão bem? Que mal há se a Cassandra sair com outras mulheres? - Zé provocou a senhora para vê-la brigar mais um pouco.
--Esse lugar é habitado por gente decente José, e a moça está cá com a namorada...ah José para de me provocar.
--Até que enfim percebeste que é provocação. Irene, a Cassandra quase não tem amigas, não sai daqui a não ser para trabalhar ou levar as crianças para passear, deixe a mulher divertir-se ora essa.
--Mas não há riscos, há Zé?
--Vou beber porque tu não estás nada bem...doida.
--Zé, fica aqui comigo...Zé.
--Deixa-me em paz sua velha fofoqueira.
********************
Alanis e Catherine comerem uma sopa e estavam sentadas perto da varanda tomando um chá, sempre conversando e sorrindo. Não dava para ouvir o que diziam mas Irene estava mais doida do que nunca.
--Parece que os papéis estão trocados José, pares trocados...
--Pois, olha de repente as coisas mudam por aqui.
--Deixa de ser irónico homem.
--Só sendo muito irónico, tu és uma completa desequilibrada criatura, nunca ouviste falar em amizade, afinidade?
--Eu sei Zé, mas fico preocupada. Essa Catherine está a falar com a Nina há muito tempo...
--E estavam sozinhas em casa da Nina.
--Sério? Como sabes disso?
--Sabendo, sei de tudo o que passa nessa quinta...
--E essas duas que não param de conversar nesse carro meu Deus.
Zé bateu com a cabeça e sorrindo disfarçadamente deixou Irene falando sozinha.
********************
--Nenê, a Cassandra não disse nada, já é tarde. Viste se as crianças saíram agasalhadas?
--Sim Alanis, saíram com os casacos. A Cassandra sempre pensa nessas coisas.
--Eu sei Zé, mas sabes como sou...
--Mãe preocupada e é assim que deve ser. Esse velho está muito cheio de razão.
Gargalhadas e Alanis explicou a Catherine do que se tratava.
--Eles brigam desde que o mundo começou.
--E eu achava que eles eram casados.
--Nada, mas é a história de amor mais linda que eu já vi na vida.
Risos.
--Olá, boa noite a todos.
Cassandra e Skya entraram, cada uma com uma criança ao colo. Arthur dormia nos braços de Skya e Luna estava sonolenta nos braços de Cassandra.
Nenê olhou para Zé que fingiu não perceber. Alanis olhou a cena e sentiu um leve desconforto. Catherine sorriu e olhou profundamente para Skya.
--Já jantaram Cassie? Tem comida para vocês.
Nenê iniciou uma conversa de circunstância ciente de que o clima não estava muito tranquilo. Ela conhecia a filha como ninguém e seu olhar dizia tudo.
--Sim, já jantamos e os meninos comeram muito bem. A Skya é perfeita com crianças.
Cassandra olhou para Skya com admiração que retribuiu com um sorriso luminoso. Alanis sentiu alguma coisa tremer no seu peito e Catherine não soube entender o redemoinho na boca do estomago.
--Mãe...Nina, estou com saudades de ti.
Luna abriu os olhos e estendeu os braços em direção à mãe. Ela aproximou-se imediatamente e pousou o olhar sobre Cassandra, a troca foi intensa...há muito que não acontecia.
Nos braços da mãe, Luna pediu um beijo a Skya que a beijou com muito carinho.
--Mãe, a Skya é minha amiga, ela é muito linda e brinca de tudo. O Arthur está apaixonado por ela, só quer saber da Skya para tudo e ela brinca coisas de menino com ele e de menina comigo, se bem que eu brinco coisas de menino também. Skya, amanhã brincamos mais? Podemos ir para a nossa casa em Ribeirão não é mãe? Tashi?
--Sim Luna, podemos...
--Sim...
Elas responderam quase em simultâneo e mais uma vez houve uma troca intensa de olhares.
--Então já sabes Skya, vamos para Ribeirão e lá é lindo, tem cachoeira, tem árvores, tem frutas, tem queijo, doces de todas as frutas, cavalos, vacas, vamos brincar muito. Leva a tua amiga também.
--Sim, claro. Preciso de um banho urgente. Cassandra, segura o Arthur, ele é pesado.
Risos.
--Muito pesado apesar de ser esguio. Obrigada Skya, pelo jantar, pela companhia, por tudo.
--De nada, foi um prazer. Vens comigo Cathe?
--Vou daqui a pouco...vou tomar mais um chá com os bolinhos da dona Irene.
--Ok, mas não demores muito...
--Umhum...
Skya saiu e logo em seguida Alanis e Cassandra despediram-se dos demais pois as crianças estavam caindo de sono. Cada uma seguiu para casa com um filho ao colo, como nos velhos tempos...
********************
Catherine não demorou cinco minutos tomando o chá e despediu-se dos senhores desejando uma boa noite.
Zé acompanhou-a até à entrada da área dos bungalows e regressou ao casarão com um sorriso misterioso no rosto.
--Vais dizer alguma coisa ou vamos começar o jogo das adivinhas?
Risos do velho Zé.
--Alguma coisa vai mudar, ou muitas coisas vão mudar e para muito melhor.
--Como assim?
-- Às vezes, tudo o que precisamos é de chacoalhadas para ver o que está prestes a nos esvair pelos dedos, e valorizar as coisas boas...acho que essas mulheres bonitas e aparentemente felizes, vieram para mostrar às nossas meninas que ainda há tempo...
--Tomara Zé...tomara.
--Tem filme novo que meu sobrinho trouxe, queres assistir?
--Sim, claro.
--Mas na saleta do teu quarto porque do contrário...
--Já sei, durmo em dez minutos e tu espalhas pela quinta e adjacências.
Gargalhadas felizes.
********************
Skya saiu do banho, vestiu um short e uma t-shirt de rock que adorava, colocou algumas gotas do seu perfume favorito e que Catherine adorava e com os cabelos molhados saiu do quarto. Preparava-se para dirigir para o casarão quando viu Cathe em pé e olhando para o céu no extremo oposto do bungalow.
Correu para junto dela e a abraçou com força. Catherine afagou-lhe os braços e gem*u levemente.
--Estava com saudades de ti Cathe...
--Cheiro bom...--Catherine cheirou o cabelo de Skya que sorriu.
Ficaram em silêncio por algum tempo, Skya com a cabeça apoiada nos ombros de Catherine enquanto a abraçava.
Catherine suspirou profundamente e Skya pulou imediatamente à sua frente. Olhou-a ao pormenor, passou a ponta dos dedos na testa dela e sorriu.
--O que foi?
--Porquê?
--A testa está frangida e o coração agitado...
--Como sabes do coração?
--Está ou não está?
--Um pouco...
--Vem cá...vem.
Catherine seguiu Skya e sentaram-se na parede da varanda do bungalow.
--Hmmm?
--E o medo de parecer idiota...
--Para com isso, tu nunca és idiota. O que aconteceu?
--Eu não gostei, ou melhor, fiquei incomodada com o fato de teres passado a tarde toda fora e sem me avisar.
--Mas Cathe...
--Espera, a situação aqui é outra. Em Boston eu jamais diria isso, porque lá a nossa realidade é outra mas aqui, estamos as duas, eu só tenho a ti...fiquei um bocado fora do lugar, mas ainda bem que a Alanis é essa mulher tão fácil de se conectar.
--Meu bem, eu vim ver se estavas acordada antes de aceitar o convite das crianças e de Cassandra mas dormias tão profundamente que não quis acordar-te e sei que passear com crianças que gritam e que pulam a toda a hora não é exatamente um programa que te atrai...eu fui, mas não quis deixar-te sozinha, jamais...agora eu consigo perceber que não agi muito bem, no teu lugar eu também ficaria perturbada...
--Tu sabes que eu não sou assim, eu não gosto de impor a minha presença, não contigo, não na nossa relação, mas é que aqui é diferente...
--Eu sei, aqui tens mais tempo para pensar, sentir...sente-se com maior profundidade no silêncio desse vale...eu sinto tantas coisas, tudo parece ganhar a forma exata que deve ter, eu tenho vontade de muitas coisas...vejo com clareza o que quero para amanhã, depois...
Skya falava devagar e olhava Catherine com tamanha profundidade a ponto de deixá-la sem respirar. Ela fê-lo no sobressalto e sorriu abertamente.
--Desculpa Cathe, eu sei que sou impulsiva e às vezes infantil, mas eu só queria ajudar a dona Nenê, lembras do pedido dela?
Catherine sorriu completamente apaixonada.
--Eu não tenho que desculpar nada. Tu simplesmente és das melhores pessoas que já tive o prazer de cruzar caminho nessa vida.
Foi a vez de Skya sorrir com alma, o corpo todo.
--Conseguiu ajudar dona Nenê?
-- Elas têm todo o potencial para ficarem bem porque há muito amor, pelo menos por parte da Cassandra, só andaram meio perdidas...
--Da parte da Alanis também, ela é muito apaixonada pela Cassandra mas deixou-se enredar pela insegurança e outros sentimentos menos bons.
-- Sou meio boba mas entendo alguma coisa da vida e das pessoas...
--Tu não és boba...
Catherine levantou e encostou-se na porta do quarto que estava entreaberta.
--Não?
Skya fez a mesma coisa e aproximou-se devagar de Cathe quase encostando os corpos.
--Não. Entendes muito de mulher, isso é fato...
--Hmmm...entendo de ti?
Skya provocou Catherine metendo uma das pernas no meio das dela e beijando-lhe o pescoço.
Uma fúria louca apoderou-se de Catherine e ela virou-se bruscamente e empurrou Skya para dentro do quarto encostando-a numa das paredes. Prendeu-lhe os braços contra a parede e beijou-lhe com loucura. Skya sentiu suas pernas fraquejarem mas teve o corpo amparado pelos braços de Catherine.
Seguiu-se um jogo sensual de enlouquecer os corpos já ardentes de prazer.
Sem parar de beijar, morder, lamber e muitas vezes ch*par o pescoço de Skya com muita vontade, Catherine tirou-lhe o short, a t-shirt deixando-a quase nua e toda arrepiada.
Skya gemia a cada pegada mais ousada, a cada beijo de tirar o ar e arqueava o corpo em direção ao de Cathe, não queria brechas, queria união, queria fundir-se no corpo que a despertava para o melhor prazer.
Mas Catherine queria enlouquece-la e ela sabia ser mestre naquelas artes. Beijou-lhe a boca mas sempre partindo para outra parte do corpo antes de saciá-la por completo e Skya gemia, arranhava-lhe a pele e dizia coisas desconexas.
Cathe adorava os seios e a barriga de Skya e sabia que ela tinha pontos muito sensíveis entre os seios e perto do umbigo...perdeu-se entre beijos e leves mordidas nesse vaivém barriga, seios, umbigo, cintura e Skya teimava em deslizar o corpo em direção ao chão e era sempre amparada.
Cathe beijou-lhe entre as coxas e Skya gem*u alto puxando-lhe o cabelo com fúria, total descontrole. Doeu, mas o prazer era imensamente maior e Cathe seguiu a sua viagem, a missão era deixar Skya no céu como ela muitas vezes já a tinha deixado, como deixava sempre.
Mais um beijo e um gemido encorajador. Valendo-se de seu excelente preparo físico e da vontade pulsante de dar prazer à sua mulher, posicionou uma perna dela no seu ombro esquerdo, a outra no direito e embarcou no centro do prazer de Skya. Queria tanto aquilo, tinha um prazer que causava delírio e Skya com as costas na parede puxava-lhe o cabelo, mordia as próprias mãos e gritava. A viagem seguia, a língua hábil sabia muito bem os caminhos a percorrer, os lábios beijavam milímetros de pele e o corpo correspondia, cada centímetro dele e a viagem seguia...Skya já não gemia, mas gritava e o nome de Catherine era repetido várias vezes. Ela descontrolou-se e quase sufocou Catherine entre as suas pernas, mas ela não parou, também já tinha perdido o controle, só o prazer importava.
Skya caiu ao chão, no tapete do quarto sacudida em espasmos, Catherine sabia ser mestre e ainda havia mais campo para o prazer...muito mais. Skya tremia no chão e tinha as mãos entre as pernas. Catherine deitou-se sobre ela, beijou-lhe a boca com toda a paixão que a consumia e deixou-se guiar pela vontade descontrolada de morrer de prazer.
Skya a agarrou com os braços, pernas e suplicou por mais beijos e eles vieram e juntamente com os beijos veio a viagem alucinante dentro do centro do prazer. Catherine queria tanto e seus dedos ganharam uma vida que ela desconhecia.
Freneticamente, sentindo com o corpo todo...dando, dando muito prazer e sentindo na própria carne o gozo de Skya...delirante, enlouquecedor...Skya arqueava, gemia alto, pedia mais, com o corpo, com palavras com arranhões, mordidas e Catherine, naquele momento tinha um único propósito, fazê-la feliz, dar-lhe prazer, proporcionar-lhe um gozo inesquecível...e ele veio mas para as duas e em simultâneo. Parecia uma explosão de cores, sons, corpos em partículas, molhados de suor, corações a mil, bocas secas, peles quentes, arrepiadas...desfaleceram lado a lado e o silêncio reinou.
********************
Alanis entrou no seu quarto e a cena diante dos seus olhos a enterneceu. Cassandra dormia com Luna e Arthur na cama. Ela estava no meio e ladeada pelos filhos. Luna tinha o seu boneco favorito debaixo do braço e Arthur estava quase colado em Cassandra. Há muito que cena assim não acontecia...Cassandra quase sempre dormia na sala, ou então no quarto de uma das crianças. Agora estavam todos ali, seu mundo estava ali, ou quase isso...
Pensou em dormir noutro quarto mas a cama era imensa, aliás elas sempre adoraram aquela cama que já fora palco de muitas noites de amor e loucuras.
Foi ao banheiro, vestiu seu pijama de short e blusinha e ficou parada junto à cama. Sentou-se e Cassandra abriu os olhos, aquele verde...os olhos mais lindos que já vira na vida.
--Posso? Não quero incomodar...dormem tão bem...
--Eles estão cansados, nada é capaz de acordá-los.
Cassandra olhou para Alanis e fez um gesto para que ela deitasse.
Ela deitou, abraçou Luna e deixou o braço estendido...
Sentiu um leve toque e de seguida seus dedos foram entrelaçados.
********************
--Ei...
--Hmmm...
--Vamos para cama?
--Eu não consigo levantar desse chão...Catherine tu és...
--Sou?
--Perfeita...doida...deliciosamente doida...ai estou sem forças...
--Não acredito.
Catherine sentou-se no tapete e riu alto.
--O que foi?
--A porta está aberta.
Skya esqueceu a letargia e sentou-se no chão.
Gargalhadas com abraços e muitos beijos.
--Nós somos completamente insanas.
--Completamente. Será que alguém passou por cá?
--Acho que não...mas se alguém viu, fazer o quê, já foi...
Mais risos.
--Vem para cama. - Catherine puxou Skya.
--Posso tomar outro banho? Estou toda suada...
--Depois...estás cheirosa, linda...maravilhosa.
Caíram na cama entre risos e beijos.
Skya pulou da cama e trancou a porta para gargalhada alta de Catherine.
--Loucas.
--Completamente.
Skya encaixou o corpo nu nas costas de Catherine que a agarrou com os braços.
--Eu ainda acho que preciso de um banho...
--Depois, tomamos juntas...
--Ok, a senhora manda.
Risos.
Cathe virou-se e beijou Skya devagar. Olharam-se nos olhos...faíscas.
--Tu me entendes como ninguém Catherine...o prazer é tão completo...tão...
--Quase arrancaste meu cabelo. - Risos tímidos de Skya e Catherine sorrindo linda, feliz.
--Eu poderia arranca-lo, estava fora de mim...culpa dessa tua forma enlouquecedora de me tomar, me desnortear de prazer...eu te adoro mulher...minha mulher...minha Cathe...
--Tua, completamente tua...
--Sabes o que eu quero agora? - Perguntou já em cima de Cathe que a recebeu com vontade.
--Hmmm?
--Fazer amor até amanhecer...devagar...quero sentir-te meu amor, cada pedacinho, cada toque, cada beijo, cada palavra, arrepio...agora sou eu que vou deixar-te sem controle, gritando por mim...
Skya já fazia coisas que Cathe simplesmente adorava e precisava cada vez mais para seguir o caminho ao lado daquela mulher que a surpreendia a cada movimento, palavra, sorriso...
Sexo com amor, a noite toda...devagar, com pressa, com palavras, no silêncio...amor em todas as suas nuances.
Fim do capítulo
Boa leitura a todas.
Abraço,
NH
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Ana_Clara
Em: 01/05/2016
Nossa, cada dia mais apaixonada por essa 4. Que lindas! E a saudade gritando da Nina e da Cassie. Caraca, são rainhas, sempre! E olha, a Beka vem pra movimentar mais esta Quinta, hein! E será um amor entre ela e o Carlos?! Kkkk Viajando aqui!
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Adriana
Em: 30/04/2016
Olá Nadine. Eu nunca havia deixado um comentário pra vc, mas como em tudo há sua primeira vez, aqui está: Antes de mais nada, quero te dar os PARABÉNS, vc é fantástica! Seus Romances são maravilhosos. Perfeitos! Adoro TODOS!
Tua escrita é mágica, envolvente, contagiante. Se vive as personagens. É maravilhoso ler/viver o que vc escreve!
Sobre "The Gift", simplesmente perfeito, impecável, apaixonante. Catherine é tudo de bom e mais..., Skya um sonho. Mas, gostaria de fazer uma pergunta, pergunta não, cobrança: Onde está a 'gatinha' que Skya comprou? Me lembro que Catherene iria até ajudar escolher o nome... Gostei dela e gostaria de saber notícias.
Bom, não sei se devo ou posso, mas gostaria de sugerir um tema para um futuro Romance. O tema me encanta e chego a imaginar vc escrevendo maravilhas sobre "Professora/Aluna". Isso seria possível um dia?
No mais, obrigada!
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Lana Santos
Em: 28/04/2016
Aí Naná então o problema entre a Nina e a Cássio era insegurança...tadinhas! Ainda bem que a Nenê não brinca em serviço e já escalou as nossas queridas Cathe e Skya pra ajudar! E ajudaram já, só delas colocarem pra fora as coisas já é um ponta pé pra resolverem agir! Adorei!
A Cathe anda bem soltinha hein e num fogo...Jesus!Kkkkkkkkkk
Ah Naná você viu que nosso bebê, a Ella Eyre, lançou o primeiro cd dela? Está lindo! Chama Feline e ela está fantástica! Como sempre! Hoje estava escutando ele é lembrei de você! ;-)
Bjos amore! Fique bem!
Resposta do autor em 29/04/2016:
Rsrsrsrs, insegurança e outras coisinhas mais.
A Cathe nao anda soltinha, ela sempre foi, só está mais à vontade com a Skya...e só tende a melhorar se é que me entendes rsrsrs. Sorte tem essa Skya kkkkkk
Moçaaaaa, e tu achas que eu nao sabia do cd do nosso bebé???? Caraca, viciada é minha definição. Amo, amo, amo e amo mais um pouco essa menina e amo vc mais ainda por me introduzir no delicioso mundo dela Ella rsrsrs
Adoro todas, mas hoje cheguei em casa acabada depois de uma semana de canseira de manhã à noite, larguei tudo por ai, coloquei o headphone e ouvi mil vezes Alone too e Dont follow me, pulei, ri, dancei mesmo com o cansaço e as costas acabadas rsrsrsrs e depois estava leve. Amo a Ella e amo vc minha capriquinha linda...ah, descobri uma cantora que é a tua cara kkkk, igual, mas depois falamos sobre isso :) ah adoro Always, Together, adoro o cd todo kkk
Bjs amor
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Sem cadastro
Em: 26/04/2016
My Gift!
Esqueci de falar da trilha sonora! Como você não colocou uma música, eu escolhi a minha; Li ontem à noite mesmo, mas hoje reli e apreciei como um bom vinho. Pode ser um vinho de Chã das Caldeira. Coloquei Sade, já que Sade faz parte da trilha sonora de No Encanto da Ilha e li calmamente hoje no trabalho. Nossa como foi delicioso ler assim.
Você consegue despertar sensações que poucas autoras conseguem em mim. Gostaria muito de poder dizer isso pessoalmente. Espero ter essa opotunidade um dia.
Beijo grande, my Gift!
Resposta do autor em 29/04/2016:
Música...nesse capitulo nao dava, minha cabeça nao estava para tal. No proximo ha de ser diferente e seguir minha paixão por sons rsrsrs
Vinhos de Chã das Caldeiras são encorpados e deixam um gosto na boca que demora a passar...uva pura rsrsrs. Wow Sade para ler é simplesmente maravilhoso.
Eu também espero poder trocar impressoes contigo vis a vis um dia desses rsrsrs
Beijos darling
:)
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Sem cadastro
Em: 26/04/2016
My Gift!
Há capítulos que parecem que foram feitos para nós. Muitas coisas se encaixam e nos colocam para refletir.
Maravilhoso como sempre. Essa junção de Nina e Cathe e Skya com Cassie foi perfeita. Cada uma sabe muito bem o que se passa em seu íntimo e entende o que se passa com a outra. Tashi se viu em Skya e Cathe se viu em Nina e vice e versa. Foi bastante intensa essa troca delas.
O melhor foi o ciúme no retorno do parque. Acho que despertou em Alanis e Catherine muitas coisas que estavam adormecidas ou não foram faladas ainda.
Sem querer ser redundante, porém já sendo: Você é a melhor. Insuperável.
LVY, my Gift!
Resposta do autor em 29/04/2016:
Rsrsrs, pois...a vida.
Quando comecei a historia, essa, jamais passou pela minha cabeça fazer esse encontro. Lá pelo meio pensei...elas (as atuais) em Santo Antao seria o maximo. A Cassandra e a Alanis com problemas pareceu-me logico, ja que eu nao acredito em happy ending rsrsrsrs e muito menos em relaçoes de muito tempo ( essa sou eu ok, quem sabe a vida nao me prove o contrário), mas elas se entrosarem tão perfeitamente foi...sei lá...era para ser. Elas realmente conseguem compreender-se muito bem, que bom que assim é rsrsrs
Muito obrigada meu bem, sempre.
Bjs
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Ada M Melo
Em: 26/04/2016
essa insegurança da Nina ja uma velha conhecida nossa, mas ela precisa procurar ajudar ou vai perder o amor dessa deusa....skay e Cathe continua fofo demais....tão matar a saudades dessa turma ai.....
abraço!
Resposta do autor em 29/04/2016:
Muito obrigada.
Bjs
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Maria Lua
Em: 26/04/2016
Nadine capítulo enormeee como gostamos emmm...olha a Nina e Cath estao passando pela crise dos 7anos hahaha tbm passei com minha mulher...mas superado ja estamos para comemorar dia 05de Maio 11...assim espero um início de conversas e que o amor triunfe sempre...bjs Escritora
Resposta do autor em 29/04/2016:
Rsrsrsrs, crise dos sete anos gostei. Se eu nao me esquecer, vou fazer alusao a isso no proximo capitulo.
Obrigada.
Bjs
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Carmen
Em: 26/04/2016
Ei moça!
Sabia que a primeira coisa que faço antes de ler um novo capítulo é ver a quantidade de palavras? Quanto mais palavras, mais feliz fico. E esse wow, o maior de todos. Amei!
É interessante ver esse paralelo que voce traçou entre Cathe/Skya e Cassie/Nina. Duas mulheres que sempre tiveram relaçoes com homens, duas histórias em momentos completamnete diferentes mas totalmente identificáveis. Lindo ver essa Cathe e a forma como ela evoluiu. A forma como ela aprendeu a lidar com seus medos. E mais lindo ainda ver que Skya reconhece tudo isso e sabe apreciar. Tenho cá com meus botoes que essas crianças e principalmente Luna, fará com que Cathe repense sobre ter filhos. Desde que anunciou que elas passariam um tempo no paraiso, eu já imaginei que isso poderia acontecer. O lugar e os seus habitantes parecem mágicos e tem o poder de mudar. Se aconteceu com Cassie, pode acontecer com Cathe.
Li todo o capítulo em suspenso. Esperando, ansiando pelo desenrolar da história de Cassie e Nina. Para tentar entender os problemas que as levaram a esse momento que vivem hoje. Providencial a vinda dessas duas maravilhosas. Sei que sao humanas, mas confesso que senti uma ligeira decepçao com Nina cometendo os mesmos erros do passado, embora possa entender sua insegurança. Ela nao aprendeu nada? E Cassie, caiu nas mesmas armadilhas? Como depois de tudo elas foram capazes de deixarem as coisas chegarem a esse ponto? E o diálogo que prometeram manter? Estou sendo dura, eu sei. Mas sabe? Todas as outras personagens que voce revisitou parecem ter evoluído e elas nao. Mas a cena (sim, porque vejo tudo aqui em minha mente) da Cassie com as crianças na cama e as maos entrelaçando, deixou tudo mais calmo, porque sim, elas se amam e as pontes começam a ser reconstruídas! Lindo! Tens uma sensibilidade e uma forma de desenhar as histórias, que devem dizer muito sobre a tua pessoa.
Preparaste e deixaste tudo engatilhado para um próximo capítulo de emoçoes sem fim! Tenho certeza!
Para ti, uma semana excelente. Espero que estejas melhor e sem dores! Bj!
Resposta do autor em 29/04/2016:
Rsrsrsrs, a Cathe é como eu, pode até gostar de crianças e tal mas filhos? Sei nao...talvez noutra história em que ela apareça de "penetra" daqui a 10 anos rsrsrsrs
A Nina...se eu desenvolvesse a outra historia mais (impossivel, 50 caps já é um absurdo para os meus moldes) provavelmente essas crises dela viriam à tona. A Alanis é muito complexa e ela aprende com muitos erros. Se estivesse na vida real, já teria perdido muitas coisas e quem sabe assim aprenderia mais depressa, mas como é ficçao e ela tem mil e uma caracteristicas maravilhosas alem de ser insegura, então...rsrsrsrs
Ela aprendeu sim, à maneira dela, mas aprendeu. Olha sobre evoluçao, eu nao compartilho da tua opiniao, nós, na vida, evoluimos em varias frentes e nem sempre todas as vertentes seguem no mesmo ritmo...elas amadureceram em muita coisa, mas nem tudo seguiu uma linha reta. Pois, tens razao, elas se amam e o amor está longe de ser um sentimento linear...ah e elas são muito diferentes e com histórias de vida que podem sempre interferir na forma como reagem...
Olha, tem uma amiga minha que diz que escrevo melhor quando nao estou bem...nesse dia do capitulo 32 eu estava pessima, e se existir adjetivo mais forte, era esse mesmo. Meu sábado foi quase de filme de terror, e no domingo eu escrevi...sei lá, é minha compensaçao para nao enlouquecer de vez nessa vida real que muitas vezes é uma grande encruzilhada...
Obrigada. Bjs
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patty-321
Em: 26/04/2016
Feliz. Q crianças lindas. Saudades dos meus qdo pequenos. Q bom q cathe e skya estão ajudando as duas cabeças duras. Há muito amor e elas irão vencer a distância q impuseram a si mesmas. Skya e cathe cada vez mais apaixonadas e soltas. Lindas. Obrigada maga das letras. Bjs
Resposta do autor em 29/04/2016:
Beijos meu bem e muito obrigada.
:)
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Simone
Em: 25/04/2016
Ei, minha querida!!!
Que tornado de emoções foi esse????
Deus!! Que intenso!! Que lindo!!! Tocante, envolvente, profundo, picante!!!! (ai ai ai, sem sono e imaginação voando. rsrsrsrs)
Cada vez mais eu me encontro nas suas histórias! Na verdade, histórias que podem ser de toda e qualquer pessoa que se permita viver um grande amor.
Essa crise no relacionamento, tão comum a todos.. Poder se ver no outro... Encontrar-se em gestos, palavras e ações alheias... esse saudosismo gostoso que devolve a vontade de ser. Acho que estou ainda mais apaixonada por essas QUATRO!!! (Impossível escolher só uma, né! rsrssrsrs)
Amei as crianças!!! Zé e Nenê... quanto entrosamento!!! Eles são tao apaixonantes!!!
E o desconforto da Cathe e da Alanis diante da chegada da Skya e da Cassie?! (rsrsrsrs) Inseguranças... Afinal de contas, quem nunca??
Ansiosa pelo desenrolar de tudo isso.
Nadine, sei que faz maravilhas em momentos difíceis e que transforma a adversidade como ninguém... Mas cuide-se, tá?!
Desejo com todas as minhas forças que seus "altos e altos" ultrapassem o campo da escrita e invadam sua vida particular!
Ah! quase me esqueci de mencionar!!! 10.410 palavras!!! Wow!!!! Novo recorde!!! Estou amando esses capítulos cada vez maiores!!!
Muitos beijos e abraços apertadados!!!
Agora só faltam nove capítulos, não é mesmo??? :) ;) (kkkkkkk)
Dod na bo, nha linda!!!
Simone
Resposta do autor em 29/04/2016:
Oi,
O capitulo deve ter seguido todas as minhas emoções rsrsrsrs.
Zé e Irene merecem uma história de amor só deles, ou pelo menos uma história em que sejam protagonistas rsrsrs
Nao viaja muito ok, sem muitos desenrolares e mais nove capitulos só me internando num hospicio ou numa cama de fisioterapia, lembras da coluna fucked up? Pois, seja a amiga que tanto dizes ser e manda-me parar de ser doida.
Oh altos e altos na vida particular...milagres existem? rsrsrs, sarcasmo em alta, enfim...
Bjs
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vickviegas
Em: 25/04/2016
Brígando com o tempo...
Não posso deixar de comentar.
Que mulher é essa!!!!! Queima a Ferro e Fogo.
Ohhhhhh!!! Buscando ar.
Maravilhosa NH, como sempre... Ímpar.
Abraço fica bem.
At.te. Drika.
Resposta do autor em 29/04/2016:
Rsrsrs muito obrigada.
Bjs
:)
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