CapÃtulo 56
Última Noite de Amor -- Capítulo 56
-- Poderosa??? -- André deu um passo para trás, com os olhos fixos em Alexandra -- O que você está fazendo aqui em Luanda?
Alexandra olhou para ele incrédula.
-- Não! Eu não escutei isso.
Alexandra deu um passo à frente, André deu mais um para trás.
-- Eu e o Ramon estamos em nossa lua de mel -- falou sem olhar para ela, seu rosto estava em um leve tom vermelho e não conseguia encará-la por receio de se entregar.
-- André não mente -- deu mais um passo a frente -- Pensa que eu sou boba.
-- É verdade Alex. Eu juro -- deu dois passos para trás e saiu correndo. Entrou no quarto e se trancou no banheiro.
-- André espera! -- Alexandra saiu correndo atrás dele -- Não foge seu bicha safado.
A empresária fez o mesmo trajeto que ele e parou diante da porta do banheiro. Forçou o trinco, dando fortes empurrões para ver se ela abria.
-- André abre essa porta. E vem ter uma conversa de Homem pra mulher.
Alexandra e Bruna se olharam por instantes.
-- O que está olhando doutora? Falei alguma besteira?
Bruna deu de ombros e sentou-se confortavelmente em uma poltrona próxima a janela.
-- André não me faça perder a paciência -- falou com voz mais firme.
André continuou no mais absoluto silêncio.
Ouviram o barulho do trinco sendo girado e a porta de entrada do quarto foi aberta devagar. Ramon e as garotas faziam a maior algazarra ainda no corredor.
-- Quem nunca teve dor de barriga num ônibus, não sabe o significado literal da expressão: "Cagando e andando" -- Tatiana falou e todos caíram na gargalhada.
Quando ultrapassaram a porta do quarto e viram Alexandra com as mãos nos bolsos parada próxima a porta do banheiro, calaram-se de imediato. O susto foi tão grande que por alguns instantes sentiram-se parar de respirar.
-- Chefe? -- Ramon fechou os olhos apertando as pálpebras.
-- Só não pergunte o que estou fazendo aqui em Luanda, como fez o seu noivo André -- Alexandra sentou-se na cama, encostando-se a cabeceira e repousando os braços sobre a barriga -- Quem vai me explicar o que está acontecendo?
Depois de alguns instantes de silêncio ouviram a descarga e logo em seguida a voz fina de André.
-- Eu explico -- ele disse abanando-se após fechar a porta do banheiro e sentando-se de frente para Alexandra.
-- Pode começar então -- sorriu sem mostrar os dentes -- Mas não tente me enrolar.
-- Você me pediu para comprar dez passagens aéreas e eu comprei quatorze -- baixou os olhos olhando para as mãos -- Você assinou o documento de autorização sem ler.
-- Eu nunca leio -- falou assumindo o seu descuido -- Eu sempre confiei em vocês.
-- Eu sei. Perdoe-me, mas eu queria muito vir junto com você -- falou com sinceridade -- Você sempre levou a gente em suas viagens. Porque agora não?
-- Porque é um assunto que só diz respeito a mim e a Isa. Não havia necessidade de envolver vocês.
-- Como não Alex? -- Tatiana também sentou na cama -- Fique sabendo que eu e Isa fomos sequestradas pelo Bob. Então queira você ou não, esse é um assunto que nos interessa, sim -- falou com extrema segurança dando ênfase ao "SIM" -- A Isa é nossa amiga e nós também queremos ajudar.
As palavras de Tatiana causaram em Alexandra um misto de alivio e revolta.
-- Vocês foram sequestradas? Você está me dizendo que aquele desgraçado realmente trouxe a Isa a força aqui para Luanda?
-- É isso mesmo Alex -- disse ela, inclinando-se para frente -- Isa sabe demais, conhece quase todo o esquema de tráfico de mulheres, por isso se transformou em uma grande ameaça para eles. E agora ainda esses dois canalhas que se juntaram a eles. Você sabe muito bem que Gustavo e Valentina odeiam Isabel de morte.
Alexandra jogou as pernas para fora da cama e levantou-se vagarosamente com uma decisão já tomada.
-- Eu vou matar aquele filho da puta! -- disse isto fechando a mão em punho -- Escutem o que estou falando. Ele, Gustavo, Valentina e toda a sua corja vão pagar caro por terem se metido com a namorada de Alexandra Girani.
-- Para com isso Alex -- Bruna foi até ela e colocou a mão sobre seu ombro -- Não vai ser dessa maneira que a justiça será feita.
-- Você tem toda a razão doutora. Não vai ser dessa maneira. Vai ser bem pior... Vai ser...
-- Cruel Isa, muito cruel -- Malú contava sobre as meninas assassinadas pelos terroristas, enquanto pintava as unhas -- Você não faz ideia de como esses traficantes são desumanos e frios.
-- Pior que faço Malú -- Isabel sabia, por isso fechou os olhos, encostou a cabeça no travesseiro, pensou nas meninas e no quanto elas devem ter sofrido nas mãos deles.
-- A megera está aí -- Malú falou fazendo uma careta e arqueando uma sobrancelha -- Parece até a dona do pedaço.
-- Quem é essa megera de quem vocês tanto falam? -- Isabel levantou um pouco a cabeça para encarar a mulata.
-- Uma bruxa, nem sei o nome. Uma loira insonsa odiosa. Odeio loiras! -- falou assoprando as unhas com raiva.
-- Pois fique sabendo que eu amo as loiras -- falou sorrindo -- Conheço uma que é maravilhosa e nem um pouco insonsa.
Malú olhou para ela sem entender.
-- Eu hein! Estou te estranhando. Mudou de time agora é?
Isabel a princípio pensou em contar sobre o seu amor por Alexandra, mas resolveu deixar para outro momento. Não queria envolver a sua mafiosa em mais nenhuma confusão.
-- Minha mãe, sua bobona -- disfarçou pegando as mãos da mulata para examinar suas unhas -- Dá para o gasto.
-- Estão perfeitas isso sim. Invejosa.
Repentinamente a porta foi aberta com violência, surpreendendo e assustando as duas garotas.
-- O que é isso? Não sabe bater à porta, não? -- Malú falou alto e olhou para Isabel. Percebeu que a amiga estava paralisada e muito, muito pálida -- Que houve Isa? Você está sentido alguma coisa? -- segurou no braço dela com certa preocupação.
-- O que houve é que sua amiga nesse momento deve estar morrendo de medo de certa loira poderosa que acaba de entrar nesse chiqueiro.
-- Hááá... Tá... Porque galinheiro deve ser o seu quarto não é mesmo? -- Malú respondeu sentindo-se ofendida.
-- Deixa Malú -- Isabel a puxou pelo braço -- Essa aí é a Valentina, um antigo desafeto meu -- tentou falar com calma, mas, na verdade, seu corpo chegava a tremer de nervosismo -- O que você faz aqui Valentina? Resolveu fazer um bico?
A loira deu uma gargalhada debochada.
-- Olhem vocês. Duas piranhas esnobes -- deu outra gargalhada irritante.
-- Hoje eu entendi o verdadeiro significado da expressão: "Mundo Pequeno". O que você faz aqui Valentina? Não estou conseguindo fazer uma ligação lógica entre você e os traficantes.
-- Pasme querida! Sou amicíssima do Bob e agora também do Vemba -- falou cheia de orgulho.
Isabel não deixou transparecer, mas estava apavorada. Aquela mulher faria de tudo para transformar a sua estadia naquele lugar um verdadeiro pesadelo. Sentiu uma imensa vontade de chorar. Seu coração gritava por Alexandra, pela sua proteção, pelo seu poder de resolver tudo na base da porr*da. Como ela mesma falava: "Primeiro bato, depois pergunto".
-- Não pense que você terá mordomias aqui. Seus dias como a princesa Girani acabaram meu amor. Prepare-se, pois hoje à noite você trabalhará como outra qualquer.
Valentina fez uma cara de deboche, deu meia-volta, andou até a porta, saiu e a fechou com uma força desproporcional.
Isabel se jogou na cama, de bruços, os braços abertos, o rosto enfi*do no travesseiro.
-- Droga! Que inferno! Como se não bastasse todos os problemas, mas isso agora.
-- Não estou entendendo Isa. Quem é essa mulher? O que aconteceu de tão grave para ela te odiar tanto?
-- Ai Malú. É uma longa história minha amiga -- colocou o travesseiro em cima da cabeça. Não estava com animo para falar sobre esse assunto naquele momento.
No Hotel.
Alexandra estava com o sorriso de orelha a orelha.
-- Ela ainda me ama doutora mediúnica, você ouviu isso? Ela só voltou para a boate porque foi obrigada -- deu um beijo na mão de Bruna -- Sua bênção.
-- Sai fora! -- puxou a mão com força.
-- Não acredito que depois de tudo que vocês passaram você ainda duvidava disso Alex?
- Sei lá Tati, as pessoas às vezes aprontam cada uma que até Deus duvida. Fiquei na dúvida sim, mas nunca desistiria sem ter certeza.
-- E eu poderosa? -- André perguntou todo encolhido -- Vou ser punido?
-- Por enquanto não. Vou precisar de vocês para uma operação paralela.
André abriu um sorriso enorme e pulou no pescoço de Alexandra.
-- Muito, muito obrigado poderosa, obrigado mesmo -- deu um beijo molhado no rosto dela.
-- Aaaah que nojo! -- passou a mão pela bochecha -- Precisava babar assim?
-- Qual é o plano Alex? -- Valéria perguntou empolgada, ansiosa para logo entrarem em cena.
-- Van Damme traz o Dengo e aproveita para chamar o gaúcho. Tenho um servicinho para ele -- Alexandra deu um sorrisinho maldoso -- Vamos entrar em campo e jogar pra ganhar.
Na boate
-- Gustavo, você e Valentina retornarão ao Brasil para buscarem mais um grupo de mulheres. O general Sebastian solicitou mais cinco com urgência.
-- Quem é esse Sebastian, Vemba? -- Gustavo puxou uma cadeira e sentou ao lado dele.
-- Sebastian é general da reserva das Forças Armadas angolanas. Ele é um dos maiores empresários do país. Com negócios na África e em Portugal. Ele é uma pessoa muito influente nesse país.
-- Intocável?
-- Eu não diria intocável, Gustavo. Mas tem uma força muito grande junto às autoridades. Ele nunca deixa pistas e você sabe sem provas ninguém consegue fazer nada.
-- Ele tem alguma exigência que eu deva lembrar na hora que for fazer as escolhas?
-- Ele não gosta de baixa, ele gosta de mulher super-bolada. Ele gosta de mulher com carne, a bunda grande e bem durinha. Aí ele pira.
-- Faz tempo que você conhece o Bob? -- perguntou com curiosidade.
-- Eu o conheci em um show. Bob é Músico, produtor de eventos. Ele visitou Angola pela primeira vez em 2003 como percussionista de um grupo de pagode. Foi nessa época que começamos a parceria. Bob é basicamente o líder da organização no Brasil -- revelou Vemba.
-- Então se é isso que você deseja, traremos as garotas que atendam aos requisitos do general -- deu uma risada sinistra -- Pode ter certeza.
-- Ótimo! Agora chama a Valentina, preciso falar com ela.
No hotel.
Alexandra colocou a mão sobre o ombro de Gaúcho.
-- Gaúcho você vai fazer um trabalho importantíssimo para mim.
O rapaz vibrou.
-- Será uma honra chefinha.
Todos reviraram os olhos.
-- Puxa saco -- André sussurrou cheio de ciúmes.
-- Com a ajuda no nosso amigo Google, faz uma pesquisa sobre Liechtenstein. Quero que você tenha na ponta da língua todas as informações sobre esse lugar.
-- Pode deixar hó grande e poderosa chefona -- saiu do quarto e passou por André com o nariz empinado.
-- Gaúcho quando encontra a mulher dele com outro na cama, mata a mulher e fica com o homem.
-- O que é isso André? -- Ramon deu um tapinha no braço dele.
-- Dengo preciso de mais informações. Aquelas que você me passou não são suficientes para montarmos um plano perfeito.
-- Conheço uma pessoa que poderá nos ajudar. Ela já trabalhou para o Vemba.
-- E como ela conseguiu fugir de lá? -- Valéria perguntou quase de imediato?
-- Ela ficou muito doente, com tuberculose. Ficou três meses internada no Hospital Municipal de Luanda. Estava muito magra, sem cabelo porque eles cortaram em uma briga lá. Eles pensaram que ela morreria então a largaram na porta do Pronto Socorro e nunca mais voltaram para saber notícias.
-- Caramba! Como eles são maldosos -- André estava chocado.
-- Com eles é assim mesmo. Se as garotos ficam doentes não servem mais para eles e são jogadas na rua para morrerem.
-- Vai atrás dessa garota Dengo.
-- É Demo Alex.
-- Eu sei -- Alexandra coçou a cabeça como se estivesse pensando, depois olhou para Van Damme -- Vai com ele e trás essa garota a qualquer custo.
-- Vai ser difícil pode ter certeza. Ela não quer ser identificada por ainda ter muito medo da máfia do tráfico.
-- Pois a convença de qualquer maneira. Ofereça dinheiro, proteção. Diga que se ela quiser retornar ao Brasil e começar uma nova vida, eu darei isso em troca dela abrir a boca e contar tudo.
-- Sério? -- Demo perguntou admirado.
-- Tenho cara de quem está brincando?
-- Não -- Demo caminhou até a porta e se virou com uma expressão estranha no rosto -- Posso fazer um pedido também?
Alexandra estranhou, mas achou justou, afinal ele estava ajudando muito.
-- Pode pedir, mas sem trapaças. Você tem cara de que só nasceu porque o espermatozoide que ganhou a corrida trapaceou.
Demo se aproximou e sussurrou algo bem baixinho no ouvido de Alexandra. Ela sorriu e depois concordou.
-- Fechado! -- falou com enorme entusiasmo e satisfação.
Na boate.
-- O que você está aprontando Valentina? -- Vemba debruçou se e, com os cotovelos sobre a sua mesa encarou a loira com um olhar penet*ante.
-- Aprontando? Eu? -- respondeu se fazendo de desentendida.
-- Não se faça de boba mulher. Eu percebi que você está o tempo todo rondando a Isabel. O que você tem contra ela?
-- Eu odeio essa garota. Ela atrapalhou meus planos no passado, por isso vai pagar caro por isso.
-- Não que me importe com essa sua vingança, mas tome cuidado, não tome atitudes contra ela que venham a prejudicar os nossos planos. Não deixe que a sua raiva lhe cegue e faça besteiras.
-- Pode deixar Vemba. Minha única intenção é coloca-la para trabalhar. Essa será a minha vingança contra Alexandra Girani.
No Hotel
-- Então Gaúcho? O que descobriu sobre Liechtenstein?
-- Então chefa. Liechtenstein é o sexto menor país do mundo, com apenas 160 Km, é um pouco menor do que a Barra da Tijuca (bairro do Rio de Janeiro que tem 165 Km2) e um pouquinho maior do que a ilha de Manhattan (bairro de Nova York). A capital é Vaduz. Fica escondidinho nos Alpes, entre a Áustria e a Suíça.
A máxima: "tamanho não é documento" se ajusta com perfeição a Liechtenstein. Minúsculo e poderoso. É um dos países mais ricos do mundo.
É governado por um monarca durão que mora do topo de uma colina, num castelo gótico. Famoso por ser um paraíso fiscal. Têm apenas 36 mil habitantes. Exporta dentaduras.
-- Mais alguma informação chefa?
-- Não Gaúcho. Já tenho o suficiente.
-- Não estou entendendo Alex.
-- Na verdade, ninguém está entendendo Bruna -- Valéria levantou as mãos impaciente.
-- Calma pessoal. Já explico qual é o plano -- Alexandra puxou Gaúcho pelo braço, levou ele até a porta e falou bem próximo ao seu ouvido -- Vai lá. Coloca o seu melhor terno e volta para receber as instruções.
-- Sim chefe.
Na boate
-- Porque esse desespero Isa? Afinal você é uma garota de programa seu trabalho é esse.
-- Uma ex-garota de programa Malú. Ex coloque isso na sua cabeça -- Isabel caminhava em círculos nervosamente de um lado para o outro em seu quarto, sufocada por um desespero quase insuportável.
-- Existe ex-garota de programa?
-- Existe sim. E eu sou uma delas -- falou, quase berrou.
-- Se você quer uma ajuda, eu posso te dar, mas vão custar cem paus.
-- Pago até mil se der certo.
Malú deu uma gargalhada.
-- Eita, que tá, desesperada mesmo hein?
-- Estou -- sorriu nervosa e colocou a mão no rosto de Malú -- Me ajuda.
-- Tá certo. Então senta aí que eu vou te explicar o que fazer para enganar o bobão.
Sentaram-se na cama e Malú explicou a Isabel o que ela deveria fazer.
No Hotel.
-- Girani, essa aqui é Terezinha, a garota que lhe falei.
Demo segurou na mão da mulher e a levou até Alexandra.
-- Muito prazer Tere. Posso chama-la assim?
A mulher concordou com um balançar de cabeça.
-- Pois bem. O Dengo já lhe contou o que quero de você, não é mesmo?
-- Quem? -- A mulher olhou para Demo e ele fez círculos imaginários com o dedo ao lado cabeça, assoprando um: -- Ela é meio lelé da cuca.
-- Contou ou não contou?
-- Hããã... Claro... Contou...
-- Então o que me diz?
-- Tenho algumas condições -- falou olhando para todos os presentes.
-- Fala logo -- Alexandra já estava perdendo a paciência.
-- Quero voltar para o Brasil. Também quero uma casa e um salão de beleza para trabalhar -- falou e olhou de canto para observar a reação de Alexandra.
-- Só isso? Está feito -- ela girou nos calcanhares e caminhou até Ramon -- Já vai providenciando o passaporte dela. Liga para Janaína e diz para ela ir adiantando tudo.
Os olhos de Terezinha cresceram.
-- Fácil assim?
-- Não vai ser tão fácil. Você terá que depor contra eles. Está disposta a isso?
-- Estou claro que estou -- falou ansiosa. Seu sonho era retornar ao Brasil e a sua família -- Falarei tudo o que sei.
-- Ótimo. Então agora me conta um pouco sobre esses bandidos e como você veio parar aqui.
-- Planejava juntar grana e largar a prostituição, mas enquanto isso não ocorria, vivia com alegria e não me arrependia de ter feito essa escolha.
Sai de Lages, minha cidade natal e cheguei ao Rio ainda muito jovem, com a ideia de ter oportunidades. Aos 13 anos comecei a me prostituir. Aos 18, encantada por uma vida melhor no exterior, aceitei a proposta de trabalhar como cabeleireira aqui em Luanda.
O convite chegou por uma amiga. Viver no exterior, ganhar em euros, mudar de vida... Quem sabe até se casar. Grande ilusão -- Terezinha falou com profunda tristeza -- Quando cheguei aqui descobri que não havia emprego algum a nossa espera. Foi um desespero. Sem passaporte e dinheiro me obriguei a trabalhar para o Vemba.
Tinha dia que eu estava tão cansada que não conseguia levantar da cama, o corpo doía e vinha o desânimo. Ai eles ofereciam cocaína, eu tinha que cheirar para conseguir trabalhar.
-- Foi assim que você se viciou? -- Valéria se aproximou um pouco mais para ouvir melhor a mulher.
-- Sim. As amigas usam, a gente fica envolvida e acaba achando que é melhor assim. O cliente também pagava mais se rolava droga.
-- Você viu alguma garota ser morta? -- André juntou as mãos e ficou imóvel na frente da mulher.
-- Algumas mulheres não aguentam a escravidão a que são submetidas. Tentam fugir e são mortas. Outras são assassinadas como uma espécie de queima de arquivo mesmo. Sabem como funciona aquela rede e estão dispostas a denunciar. Foi o caso de uma de minhas amigas. Ela foi assassinada diante de mim -- sua voz ficou embargada, mas não chorou -- Até hoje me arrependo de não ter denunciado, tive medo deles. Nunca vou esquecer aquele dia, faz tempo, mas as lembranças sempre voltam. Foi uma atitude errada.
-- Não fique assim -- Alexandra fez um carinho no ombro dela -- Metades das decisões que já tomei na vida foram erradas e a outra metade eu não tomei ainda, mas tenho certeza que vão ser erradas também.
Todos reviraram os olhos. Alexandra soltava umas pérolas que chegavam a doer.
-- Segundo o nosso amigo... -- continuou.
-- Demo.
-- É isso aí... Tem um cara bem mais poderoso por trás de tudo isso. Você sabe quem é?
-- O general Sebastian, ele é o cara, mas ninguém consegue provar nada contra ele.
-- Escutaram isso pessoal? Essa vai ser a missão de vocês -- Alexandra caminhava devagar entre os amigos, com as mãos nas costas, parava e olhava no rosto de cada um como se fosse o chefe de uma quadrilha -- Enquanto eu me infiltro no bordel para salvar a Isa, vocês vão atrás do tal de Sebastian.
-- Uau! Que louco! -- Tatiana comemorou -- Muito irada essa missão quase impossível.
Já André não gostou.
-- Que chato! Preferia ir com você salvar a Isa.
-- A vida às vezes é chata meu amigo, mas a gente não vive sem ela. Você chefiará essa equipe...
-- Hú, hú. Obrigado mãe!
-- Que mãe. Ô Mané?
-- Ué? Você não é a mãe da facção?
-- Vai à merd* André.
Mais tarde na Boate.
A boate estava cheia, a música soava alta. Havia muito barulho na sala enorme, os homens bebiam, falavam alto. Mulheres se esfregavam neles se oferecendo e recendo passadas de mãos como resposta.
Sem se importar com tudo isso, um rapaz loiro, elegantemente vestido encostou-se ao balcão e dirigiu-se educadamente ao barman.
-- Boa noite! Chamo-me Fagner. Gostaria de falar com o responsável pelo estabelecimento.
O barman olhou para ele de alto a baixo.
-- O chefe está no escritório. Sobre o que seria o assunto?
-- Estou aqui a pedido da princesa de Liechtenstein. Por favor, me anuncie e diga que a herdeira do trono é uma pessoa muito ansiosa e mal humorada. Detesta esperar.
O funcionário fez um bico sem entender muita coisa, mas o pouco que entendeu, percebeu que a tal da princesa devia ser uma celebridade.
-- Me espere aqui. Eu já volto.
-- Danke guter Mann (obrigado bom homem).
-- Mann pra você também -- falou e saiu em direção ao escritório.
Valentina entrou no quarto de Isabel com uma fisionomia de felicidade invejável, apoiava a ponta da língua sobre o lábio inferior, como se fosse um gesto habitual. Seu rosto bem maquiado e os cabelos esvoaçantes davam-lhe a aparência enganosa de uma mulher glamorosa.
-- Ainda não está pronta? Ora, ora, você nem parece uma profissional -- falou cheia de cinismo -- Te dou dez minutos, nada mais que isso -- foi até a porta e antes de sair se virou para falar -- Vou adiantando minha querida. O cliente que passará a noite com você é... Digamos... Um pouquinho violento e insaciável. Mas acho que você está acostumada a isso, não é mesmo? -- gargalhou.
Isabel esperou Valentina fechar a porta para jogar o copo que tinha na mão contra a parede.
Entrou no banheiro chorando e derrubando tudo que encontrava pela frente.
-- Xanda! Xanda meu amor. Onde você está? -- olhou para a sua imagem no espelho e não se reconheceu -- Eu olho para mim e só vejo você meu amor.
Daquele momento em diante fez tudo no automático. Vestiu-se, arrumou o cabelo e maquiou-se. Estava uma deusa, mas nem havia caprichado muito. Sua beleza já era natural.
Esperou pelo tal cliente sentada na cama com dois copos de bebida na mão e, quando ele chegou ficou algum tempo parado na porta admirando-a.
-- Mas você é muito mais boazuda do que me falaram.
O estomago de Isabel embrulhou diante da figura do velho barrigudo e peludo a sua frente. Ele babava e fedia a bebida.
Ela engoliu em seco e falou cruzando as pernas de forma sexy:
-- Senta aqui gostosão. Vou te dar a noite de amor mais quente e louca que você já teve em sua vida!
"Guarda a lição do passado, mas não percas tempo lastimando aquilo que o tempo não pode restituir." (André Luiz).
Beijo.
Vandinha
Fim do capítulo
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lucy
Em: 21/07/2016
quero ver a Swat em ação e pra salvar a bel rs...e affz tomara que ela seja salva pela chegada do loiro , pois acho que é funcionário de Alexandra, tomara que seja pois imaginar ela com o seboso, affz creeedo....a Valentina fez de propósito mas vai ser bem legal ver a hora que a casa cair levando ela o Heitor e Gustavo juntos.....aaah vai ser ótimo !! bjs até.....e Nota Mil Forever
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wood
Em: 07/04/2016
Ameiiiii 😃😀.Estão ferrados na mão da Alex,torcendo pelas duas.Tenho vontade de espancar a Valentina deixar até o céu da boca dela com ematomas😂😂😂😂😂parabéns adoro você Vandinha🌻🌻😚😚😘😘
Resposta do autor em 07/04/2016:
Quando ódio nesse coraçãozinho meu amor. Kkk... Vou deixar a Valentina para você então. Também te adoro meu anjo. atéééé...
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