Capítulo 18

 

O silêncio reinou ali por vários segundos. Mariana observou a ruiva curiosamente. Rebecca a fuzilava. 

 

-- Não vai apresentar sua amiga, Luiza? -  perguntou a menina. 

 

Rebecca encarou a namorada de forma questionadora. 

 

"Amiga... Sou a namorada dela, isso sim!"

 

-- Mariana essa aqui - disse abraçando a namorada com apenas um braço -  É a Rebecca e bem... 

 

-- Sou namorada dela! - a ruiva completou -  E você quem é? - perguntou seca. 

 

Mariana ficou muito sem graça. Não imagina que Luiza estava namorando, mas já fazia algum tempo que não se falavam. Uma pena, pois realmente nutria um sentimento diferente pela garota. Observou a ruiva e constatou o quanto a menina era bonita. 

 

" Uau, a Luiza tem um bom gosto. Que menina linda! Mas ela tá querendo me matar, olha esse olhar... Vou sumir daqui"

 

-- Sou Mariana... Uma conhecida das meninas - a garota fingiu olhar para algum lugar -  Ah, estão me chamando, preciso ir...  Foi um prazer revê-la, Luiza... E também foi um prazer é... - a menina não lembrava o nome da ruiva. 

 

-- Rebecca - disse a ruiva. 

 

-- Rebecca... Err.. Tchau - Mariana deixou as duas sozinhas.

 

Rebecca afastou-se de Luiza e começou a caminhar. Luiza a seguiu logo atrás. 

 

-- Rebecca... - a chamou, mas a ruiva não respondeu e nem parou de andar - Amor... - Luiza segurou delicadamente o braço de sua amada e ela finalmente parou de andar -  Rebecca me escuta, por favor, a culpa não foi minha... Eu...

 

-- Luiza não fala comigo nas próximas horas! - disse brava.

 

-- Mas eu não fiz nada! - Luiza passava as mãos nos cabelos em desespero. 

 

Rebecca a encarou seriamente.

 

-- Você precisa aprender a cortar as meninas que ficam te cercando. Parece que você tem dificuldade pra fazer isso. 

 

-- Eu não consigo ser grossa... 

 

-- Mas às vezes é preciso ser assim. Tem pessoas que não entendem o significado da palavra "não" e por isso muitas vezes temos quer ser grosseiros! Quantas vezes a Daniela não encheu minha paciência nesses últimos meses hein? Várias! E eu sempre fico cortando isso! E já fui muitas vezes grosseira com ela, porque ela é insistente demais. Você precisa saber colocar cada pessoa em seu devido lugar. Pois algumas não entendem quando nós falamos que estamos namorando e eu nem acho que esse seja o caso dessa menina, pois ela assim que percebeu que você estava comprometida resolveu ir embora. Até agradeço por isso, mas isso não impede que eu me irrite com você, pois é você que tem que cortar essas investidas e não eu! - a ruiva estava bem irritada. 

 

-- Amor eu ia falar...

 

-- Tá bom... Eu vou andar um pouco... 

 

Rebecca se afastou deixando Luiza sozinha. Carol e Vick aparecem. A baixinha abraçou a irmã apertado. 

 

-- Maninha, tu sobreviveu! 

 

-- Ué... Cadê a Rebecca? - Vick perguntou olhando em volta.

 

-- Foi andar um pouco. Ela queria ficar sozinha - disse tristemente - E vocês me deixam sozinha na hora que preciso de vocês! 

 

-- Oras, pensei que tu pudesse resolver isso sozinha né, Luh. Afinal, era só a Mariana...  Mas o que houve? 

 

-- Rebecca ficou brava porque eu não consigo cortar as meninas que chegam em mim. 

 

-- Eita! - Vick. 

 

-- Mas ela tem razão. Luh,  tu tem uma namorada bem ciumenta e tem essas meninas que ficam querendo te dar uns pegas. Tu quer ser simpática com elas e as garotas acabam pensando que tu quer ter algo a mais.

 

-- Mas eu deixo claro que tenho namorada e eu não consigo ser grosseira.  E isso só aconteceu uma vez e com essa agora são duas.

 

-- A ruiva quer apenas atitudes suas! - Vick. 

 

-- Verdade. 

 

-- Ok, já entendi que sou uma lerda! 

 

-- É isso aí! - Carol e Vick falaram juntas. 

 

Luiza ficou se distraindo com as loucuras da irmã e prima. Esperava ansiosa a volta da ruiva. Não gostava de brigar com a namorada, ficava se sentindo mal. Queria ficar logo de bem com ela. 

 

A ruiva encontrou com Érika que estava sentada em um banco sozinha e olhava para o céu. A ruiva também observou o céu, as estrelas estavam lindas aquela noite. 

 

-- Posso sentar ao seu lado? - perguntou tímida.

 

Érika a encarou.

 

-- Claro. 

 

As duas ficaram em silêncio olhando para as estrelas. 

 

-- Engraçado... Eu morro de ciúme da Luiza, mas quando se trata de você, eu não sinto. Apesar de saber que você a ama. 

 

-- Eu sei qual é meu lugar, Rebecca - disse seriamente - Além disso, tenho um respeito enorme por vocês duas. 

 

-- Entendo. 

 

-- Você brigou com a Luiza? 

 

-- Sim - disse triste. 

 

-- Você precisa contratar o seu ciúme e a Luiza precisa parar de ser tão lerda. Eu posso imaginar a motivo da briga de vocês e eu entendo os dois lados. Você precisa ter mais confiança na Luiza. 

 

-- Mas eu confio na minha princesa - Érika fez uma careta ao ouvir o apelido carinhoso de Luiza - Só não confio nessas meninas que ficam perto dela. 

 

-- A Luiza é  a menina mais fiel que você pode imaginar. Se seu medo é ser traída, fique sabendo que a Luiza jamais seria capaz disso. E ela ama muito você, nunca vi ela desse jeito. 

 

-- Eu sei disso, só fico com raiva dessas garotas. 

 

Érika sorriu.

 

-- Coitada da Luiza.

 

-- Eu a amo muito... Acho que é por causa disso o meu ciúme, não é? - perguntou na duvida. 

 

-- Sim - disse indiferente.

 

-- Me fala dessa tal Mariana - disse com ciúme, porém, interessada. 

 

-- A Luiza sempre que vinha pra cá ficava com ela e tal, mas nunca passou disso. Acho que a Mariana nutre alguma coisa por Luiza. 

 

-- Do jeito que a olhei hoje , ela não irá nutrir mais nada! - disse brava. 

 

-- Você é louca! 

 

Rebecca fez uma careta. 

 

-- Nem tanto. 

 

-- Sei...  Vamos voltar - a loira se levantou - A Luiza deve estar quase pra ter um ataque. 

 

-- É melhor mesmo. Já estou um pouco mais calma. 

 

As duas caminharam lado a lado. Luiza viu a namorada e ficou mais aliviada. As meninas voltaram para casa. Luiza e Rebecca não conversaram. Só se ouvia a voz de Carol e Vick. 

 

Assim que chegaram Érika, Vick e Carol foram para seus quartos. Luiza seguiu a namorada em silêncio. Rebecca ficou procurando algo em sua mala e Luiza ficou a observando. A ruiva pegou a escova de dente e saiu do quarto para ir ao banheiro. Demorou alguns minutos e voltou. Ela não encarava Luiza que a seguia com o olhar. 

 

-- Vai ficar assim até quando? - questionou. 

 

Rebecca suspirou e guardou sua escova. Levantou e encarou a namorada. 

 

-- Eu não estou mais brava - disse aproximando-se e sentado no colo de Luiza que sorriu. A ruiva passou as mãos pelo rosto da garota - Você é tão linda. Acho que é impossível não ficar com ciúme de você...

 

-- Amor... Você é a única pra mim. Prometo que vou cortar as meninas melhor da próxima vez - disse sorrindo - Minha bravinha linda. 

 

Rebecca fez bico. 

 

-- Preciso ficar de olho nessas garotas que querem se aproximar de você... 

 

-- Nenhuma delas é importante... Só tenho olhos pra você... 

 

-- Fico muita feliz em saber disso... Promete que sempre serei a única? 

 

-- Enquanto eu te amar... Você sempre será a única - disse sincera. 

 

-- Então vai ser por toda a vida, porque não pretendo te deixar nunca! Imagina deixar minha princesa pra esses bandos de galinhas... Nunca! 

 

Luiza a encarou surpresa. 

 

-- Onde você aprendeu a falar essas coisas? 

 

-- Carol me ensinou - disse sorrindo. 

 

-- Ah, tinha que ser - revirou os olhos. 

 

-- Adoro sua irmã - sussurrou perto da boca de Luiza. 

 

-- Eu também, mas prefiro ela calada - disse antes de colar os lábios nos da ruiva. 

 

 

Selaram com um beijo a reconciliação. O resto da noite foi entre beijos e carinhos. As duas dormiram agarradinhas. 

 

**************

 

Luiza e Rebecca acordaram assustadas com os gritos que estavam ecoando pela casa. Elas se levantaram rapidamente para ver o que estava acontecendo. 

 

-- Carol sua idiota, isso não se faz! - Vick estava furiosa e corria atrás da baixinha. Elas rodeavam o sofá da casa da avó. 

 

-- Ah Vick, cê tá maior gata de todas! - disse rindo muito e fugindo da prima. 

 

Victoria estava com o rosto completamente vermelho de batom. Quando a menina acordou não percebeu, mas assim que entrou no banheiro se assustou com o que viu e foi atrás da prima que já estava preparada para fugir. 

 

-- Seu pedaço de gente, quando eu te pegar não vai sobrar nada de você! - gritou. 

 

Henriqueta escutou os gritos da neta da cozinha e foi ver o que estava acontecendo. Quando a senhora viu o rosto de Vick se assustou e aproximou-se tocando com todo o cuidado no rosto da menina.

 

-- Meu Jesus! Menina o que houve? Precisamos ir para o hospital! - disse nervosa - Olha como está isso... Nunca vi tanto sangue! Na certa ficará com alguma cicatriz! Mas o que aconteceu! Meu Deus! 

 

-- Calma vó, isso não é sangue. A Carol passou batom em mim - Vick falou tentando acalmar a velhinha. 

 

Henriqueta apertou os olhos tentando enxergar melhor. 

 

-- Isso não é sangue? - passou a mão no rosto da neta e sentiu o cheiro. Percebeu que era realmente batom - Eu podia jurar que era sangue... Graças a Deus que não é... Estava pra ter um ataque. 

 

-- Isso tudo é culpa dessa coisa! - Vick disse correndo atrás da baixinha. 

 

Carol abriu a porta da sala e correu para fora sendo seguida por Victoria. A baixinha correu pela estrada sendo seguida por um Victoria furiosa. 

 

-- Bom, vamos tomar café - disse a velhinha -  Uma hora essas duas voltam. 

 

Luiza, Rebecca e Érika sorriram. Todas já estavam acostumadas com a briga daquelas duas. Foram tomar um café divertido, enquanto Henriqueta contava a ruiva sobre às várias brigas de Victoria e Ana Carolina, a ruiva ria de tudo. 

 

 

Carol correu tanto que acabou tendo crise de asma. Victoria aproximou-se dela preocupada. 

 

-- Carol, o que houve? Você está bem? 

 

A baixinha tinha dificuldade para falar e fez apenas um sinal para Vick esperar. Passou alguns minutos e ela respirava melhor, mas ainda puxava o ar. 

 

-- Asma - sussurrou baixinho. 

 

Vick passava a mão pelo cabelo da menina  com carinho. 

 

-- Vamos voltar - disse Carol. 

 

-- Vamos... 

 

Vick ajudava a prima a andar. Um menino viu que as duas precisavam de ajuda e se aproximou. 

 

-- Vick,  Carol... Estão precisando de alguma coisa? 

 

Era Luís, o filho dos vizinhos. Victoria fechou a cara e Carol fez uma careta. 

 

-- Você está bem Carol? - o menino tentou se aproximar. 

 

-- Ela está bem sim e a gente não precisa de ajuda. Estamos com pressa, pois a vovó está nos esperando -  Vick falou nada simpática - Vamos Carol - disse apressando os passos. 

 

-- Nos vemos a  qualquer hora Carol - disse o menino um pouco alto, pois as meninas já estavam longe. 

 

Vick bufou e Carol revirou os olhos. Todos sabiam da paixão do menino pela sardentinha. 

 

-- Idiota! - resmungou Victoria. 

 

-- Muito - concordou Carol que não suportava o menino.

 

As meninas voltaram para a casa da avó e ficaram o resto do dia conversando com todas. Até as meninas inventarem de ir pescar. Foi muito divertido. Rebecca nunca havia se divertido tanto em sua vida. Carol escorregou, Vick foi abandonada sozinha na canoa e a menina não sabe nadar, ficou desesperada. Luiza caiu no rio quando tentava puxar o anzol. E sem "querer" Carol jogou um peixe em Érika que só faltou ter um ataque. Xingou a baixinha de tudo quando é jeito. Rebecca caiu na lama e se sujou toda, Luiza tentou ajudar a namorada, mas acabou perdendo o equilíbrio e foi de cara na lama. Carol e Vick se acabaram de rir e a baixinha se jogou na lama também, sendo seguida por Vick. Érika decidiu voltar mais cedo para ficar com a avó. 

 

Henriqueta tomava café na varanda deitada em sua rede e Érika estava sentada em uma cadeira de frente para a senhora. 

 

-- Como anda as coisas em sua casa, minha querida? 

 

-- A mesma coisa de sempre...

 

-- Eu sinto uma grande vontade de bater no Júlio, uma pena eu  não ter mais força. 

 

-- E nem vale todo o esforço vovó. 

 

-- Fique sabendo que o que você precisar pode contar comigo. 

 

-- Eu sei -  a loira sorriu e foi abraçar a velhinha. Que fez carinho na neta. 

 

 

O resto da semana se passou tranquilamente. Rebecca havia adorado a avó das garotas. Para o alívio de Luiza, Mariana tinha sumido. Tudo entre ela e a ruiva estava numa total paz e fogo ao mesmo tempo. As duas viviam se agarrando e já não aguentavam mais esperar. Talvez o momento certo estivesse próximo.

 

Infelizmente as meninas tiveram que voltar. Carol precisava continuar os tratamentos, Henriqueta apertou a neta fortemente e deu vários beijos, amava demais aquela baixinha e sentia uma profundo tristeza por saber que a neta estava tão doente. Rebecca precisa voltar, pois teria que viajar com os pais. Luiza ficou triste, mas teve que aceitar. Victoria poderia passar mais alguns dias com avó, mas queria fazer companhia a prima. Érika decidiu ficar mais uns dias com a velhinha. A loira amava a companhia da avó.

 

Tudo estava tranquilo e perfeito... Por enquanto. 

Fim do capítulo