Capítulo 19 - Anjo
# Giovanna
No instante que fechei a boca tive a certeza de que estava perdendo a mulher da minha vida. Depois de ter duvidado de mim daquela maneira, ela não acreditaria agora que aquela noite havia ocorrido sem meu consentimento.
Nunca nenhuma imagem me veio a cabeça, nunca passou por minha mente o que tinha ocorrido. A última coisa que lembrava era de ter sido segurada por Henrique, mas para mim tudo tinha acabado no instante em que entrei em meu quarto.
Nunca senti tanto nojo de mim como ainda sentia. Ouvir Henrique falar tudo aquilo me embrulhou o estômago. E o pior de tudo era ouvi-lo falar como se tudo tivesse sido prazeroso para nós dois. Mas não foi, claro que não foi, eu jamais iria para a cama com aquele homem, jamais! Maria Luíza era a minha vida, ninguém jamais saberia o tamanho do amor que eu tinha por ela, nem ela mesma.
Fiquei encarando Luíza, ela me olhava, mas era claro que ela não estava ali, era somente o seu corpo. Seu olhar era vazio e sem brilho. E para piorar tudo para mim eu não conseguia esquecer nenhuma palavra sequer do que aquele homem nojento me disse em meu consultório.
**********
Algumas horas atrás.
Eu estava louca para ir para casa, louca! Desde a hora que sai de casa que não estava me sentindo bem. Claro que não contei isso a Luíza, do contrário ela me impediria de trabalhar, e eu não queria me sentir doente. Estava me sentindo cansada, com sono, sem falar na vontade de fazer xixi – que era constante.
Recolhia meus pertences quando a porta de minha sala foi aberta.
-- E ai minha ruiva, como é que você ta?
-- Não sou sua ruiva Henrique. E não me lembro de ter lhe dado a liberdade para entrar na minha sala quando bem entendesse. – falei dando atenção aos objetos que colocava em minha bolsa.
-- Ah agora você vai me dizer que depois da noite que tivemos nós não temos intimidades e liberdades?
-- Está doido Henrique? Do que você está falando?
-- Você não pode ter esquecido.
-- Eu não sei do que você ta falando, não faço a mínima ideia. Agora, por favor, me dê licença.
-- Giovanna, nós trans*mos depois da festa de encerramento das palestras. Eu te levei até o seu quarto e você começou a me beijar, a passar a mão pelo meu corpo, se ensinar. E eu não sou de ferro, não deu para resistir e acabamos trans*ndo. Você é maravilhosa.
-- Isso é mentira!
Meu coração batia descompassado dentro do peito. Olhei para aquele homem sem ter a mínima condição de acreditar. Eu não me lembrava de nada daquilo, e eu jamais ficaria com ele, nem sob o efeito de bebida. Nunca tive olhos para ninguém, além de Luíza, isso nunca aconteceria.
Henrique andou até onde eu estava e sorrindo falou perto de mim.
-- Você é muito fogosa.
-- Henrique sai daqui! Sai de perto de mim.
-- Saio assim que você me disser como está o nosso filho.
-- Que filho?
-- Wilson me falou sobre a sua gravidez, e como eu disse, você é fogosa demais. Não tive tempo de pôr o preservativo.
Levei as mãos até a boca. Aquilo não podia ser verdade.
-- Seu canalha! – parti para cima dele socando o seu peito – Esse filho é meu, só meu. É fruto de inseminação artificial.
-- Ora Giovanna, você faz parte da medicina, sabe que uma inseminação artificial tem possibilidade quase nula de dar certo na primeira tentativa. – falou segurando meus pulsos.
-- Você abusou de mim, eu estava bêbada, não estava bem. Como você pôde?
-- Isso não importa Giovanna, o que importa é que teremos algo que vai nos unir para sempre.
-- Não! Não! – falei tentando socar seu peito.
-- Quando vai contar para a Maria Luíza? Quer que eu conte? – perguntou sorrindo.
-- Seu miserável! Você nunca chegará perto dessa criança. Eu vou te denunciar, você abusou de mim, isso não ficará.
-- Pode tentar, mas acho melhor se acostumar com a minha presença, você não tem como provar nada. E se quiser podemos fazer o teste de DNA. Aposto que essa criança é minha, sangue de meu sangue, e ninguém me afastará dela.
-- Seu canalha. Fique longe de mim, fique longe da minha família.
O que eu sentia não dava para ser explicado com palavras. Era uma mistura tão intensa e tão arrasadora que eu não conseguia pensar em nada, tudo o que eu queria naquele momento era ferir aquele homem, queria que sentisse a dor que eu estava sentindo.
Tentei agredi-lo novamente, mas dessa vez ele segurou meus pulsos com mais força. Eu queria arrancar aquele sorriso do rosto dele a qualquer preço.
-- Não haja assim comigo amorzinho, seremos papais...
-- Saía daqui! Isso é um absurdo. Saia, eu não quero te ver na minha frente nunca mais. Não ouse falar comigo. Ouviu bem? Saia. – Explodi tentando me soltar.
Maria Luíza entrou naquela sala em um rompante e eu fui capaz de sentir meu mundo intero girar. Aquilo não podia estar acontecendo, não agora, justo agora.
**********
# Aquele instante...
Eu buscava o olhar de Maria Luíza, tentava encontrar algum vestígio que deixasse a mostra o que ela estava sentindo e pensando, porém, não fui capaz de ler nada em seu olhar e semblante.
Ela permanecia imóvel e calada. Seus olhos pareciam estar em mim, mas era como se não me enxergassem ali a sua frente. Eu começava a temer pela reação dela, estranhava aquele silêncio. Meu peito apertava cada vez mais, como se a caixa torácica já não o coubesse. Sentia medo, angustia, desespero, dúvida, temor...era tanta coisa junto.
-- Amor? Por favor, fala comigo...
Assim que fechei a boca, a mulher morena a minha frente olhou-me diretamente. Seus olhos estavam marejados e levemente avermelhados. Ainda sim não consegui entender o que eles queriam me dizer. Ela apoiou as mãos fechadas sobre as coxas, e levantou ainda sem se pronunciar.
De ombros caídos e passos lentos ela caminhou até a porta do apartamento. Ao passar pela mesinha próxima a porta ela pegou um objeto cintilante, estremeci quando me dei conta do que era.
-- Luíza aonde você vai com essa moto?
Ela girou sobre os calcanhares e me olhou com tristeza, porém, permanecia irredutível, ela não falava comigo. Mais do que depressa eu levantei e a alcancei no instante que ela colocou a mão sobre a maçaneta.
-- Por favor, não saia agora, não saia nessa moto. – segurei a mão em que estava a chave, tentando tirá-la.
-- É só uma volta, para tirar a poeira dela.
-- Você me prometeu que nunca mais sairia nela Luíza, por favor.
-- Eu preciso.
Ela me olhou com aquele olhar doce, cheio de ternura. Mesmo com aquela névoa de tristeza. Larguei sua mão, ela tentou sorrir e curvou-se dando um pequeno beijo em minha testa.
-- Só preciso de um tempo. Já volto.
Tentei abrir a boca, dizer algo, qualquer coisa, mas não tive tempo, ela saiu apressadamente, fechando a porta atrás de si. Fiquei encarando a porta de madeira, deixando que milhões de coisas se passassem por minha mente sem realmente me dar conta de cada uma delas.
Fiquei ali até sentir mãos quentes tocarem meus braços.
-- Ela só precisa pensar, ela voltará logo.
-- Ela nunca vai me perdoar Alice. – sussurrei deixando aquele vazio tomar conta de tudo dentro de mim.
**********
# Maria Luíza
Eu sentia o vento tocar o meu rosto, me trazendo aquela velha sensação de liberdade. Sorri com a ironia. Sentia aquela sensação de liberdade e ao mesmo tempo sentia meu coração tão preso. Apertado.
Repassava cada palavra que ouvi durante aquele dia, cada fato, tudo o que aconteceu e não entendia como Deus podia estar fazendo isso comigo. Por que Ele havia me levado tão alto? Para me fazer cair? Por que Ele me fez viver um sonho tão lindo? Para depois me mostrar que ele poderia se tornar o meu maior pesadelo?
Ainda sorria quando senti um gosto salgado invadir minha boca. As lágrimas desciam silenciosas e sorrateiras. Quietas, apenas deixando um rastro molhado em me rosto. Acelerei a moto em busca de algum lugar que me trouxesse conforto.
Estava quase chegando a praia, mas uma sede fora do comum me fez parar ao me deparar com um bar bastante convidativo. Parei a moto, entrei olhando para todos os lados e sentei nos bancos que havia no balcão. Pedi a bebida mais forte daquele lugar.
A primeira dose desceu arranhando a minha garganta, ardendo e fazendo com que meus olhos enchessem de água. Bati com o copo no balcão pedindo outra dose. Sorri com aquilo, nunca fui de beber em bares, sempre achei ridículo, e ali estava eu, me sentindo amarga e achando que a única coisa que sanaria aquela dor em meu peito seria a ardência da bebida enquanto escorregava por minha garganta.
Depois da quinta deixei de contar. Ou seria depois da oitava? Não sei. Nem me importava, o que eu queria era beber mais. Senti o celular vibrar dentro do bolso de minha calça, o tirei apenas para constatar que eu daria de cara com aquele sorriso maravilhoso na tela.
Devolvi o celular para o bolso da calça, pedi uma cerveja para o homem atrás do balcão e levantei. Quer dizer, tentei, porque assim que pus os pés no chão o bar resolveu dar um giro de 360º. Gargalhei alto.
-- Quer uma ajuda ai moça?
-- Não. O-obrigada. Eu to bem.
Levei algum tempo até conseguir ficar de pé sem cair para a esquerda ou direita. Caminhei lentamente até a porta de saída. Pelo menos eu achava que era a saída, minha visão não era das melhores.
Procurei as minhas chaves dentro do bolso, mas pelo visto eles estavam furados, porque não consegui encontrá-las por nada. Frustrada, bebi o restante do conteúdo da garrafa de vidro que eu carregava comigo e caminhei. Sabia que a praia estava próxima.
Não sei por quanto tempo andei, só sei que enfim tinha chegado. Eu podia sentir a brisa e aquele cheirinho de mar. Tirei os tênis e caminhei sentindo a areia entre meus dedos. Joguei o velho par de all star de lado e caminhei até sentir a água tocar minhas pernas. Entrei. Meu corpo estava debaixo d’água.
De repente senti frio, senti meu corpo ficar cansado e eu já não conseguia bater os braços e as pernas. Meus pés não tocavam mais a areia que se dissolvia debaixo de meus pés. Tentei voltar, mas a água me puxava fazendo minhas forças esvaírem-se pouco a pouco.
Meu corpo foi puxado para fora da água e eu não entendi muito bem o que aconteceu.
-- Está tentando se matar?
Eu cuspia a água salgada de minha boca enquanto tentava puxar o ar e respirar novamente.
-- Eu não...
-- Você está bêbada, dá para sentir o cheiro do álcool daqui. Como entra na água assim?
A voz que falava comigo era tão recriminadora que me senti como uma criança que acabara de fazer algo errado.
-- Desculpe.
Uma risada.
-- Está tudo bem?
-- Sim.
-- Ainda bem que eu estava correndo aqui por perto e vi quando você entrou na água.
Forcei bem a vista para finalmente reconhecer a dona daquela voz. Marcela.
-- O que está fazendo aqui? Cadê a Giovanna?
-- Estou sozinha. – falei enrolando a língua.
-- Está sozinha e muito bêbada. Vem, levanta, você está parecendo um empanado com toda essa areia pelo seu corpo.
Marcela me ajudou a levantar com certo esforço, e eu tentei a todo custo ficar de pé sem cambalear. Devo dizer que foi uma tarefa um tanto difícil.
-- Você veio pra cá descalça?
-- Não. Eu tava de tênis.
-- Deixa pra lá, em casa eu te empresto alguma coisa.
-- A minha moto ta ali. – apontei em uma direção qualquer, nem sabia se eu tinha vindo mesmo daquela direção.
-- Você só pode estar brincando né? Acha mesmo que eu vou deixar você subir numa moto nesse estado? Já esqueceu o seu último acidente foi?
Ok, a cada segundo que se passava eu me sentia uma criança teimosa e arteira.
-- Não.
-- Vem, meu carro está aqui perto. Eu levo você até o meu apartamento, você troca de roupas e depois liga pra casa.
Não falei mais nada, apenas me deixei ser levada pela mulher mais baixa ate o seu carro. Entrei sentindo meu corpo tremer de frio. Abracei meu próprio corpo e encolhi-me no banco do carro.
Pouco tempo depois descemos do carro.
O apartamento de Marcela era enorme, o meu caberia dentro do dela com a maior facilidade do mundo. Tudo estava calmo, e quando entramos estava tudo escuro. Ela segurou em minha mão e me levou por um corredor.
-- Aqui é o banheiro, pode tomar um banho, tem alguns shampoos e tem toalhas limpas no armário, pode usar. Eu vou buscar uma roupa pra você, mas antes eu vou tomar um banho também.
Só então me dei conta de que Marcela estava com uma blusa branca completamente colada no corpo. Sem falar que estava totalmente transparente. Desviei o olhar sentindo minhas bochechas arderem.
-- Tudo bem.
Tentei entrar o mais depressa no banheiro, mas acabei tropeçando feio e me apoiando em Marcela. Me agarrei aquele corpo sentindo que poderia cair a qualquer momento. Pode apostar que se me pedissem para fazer um 4 eu cairia de cara no chão.
-- Acho que você não vai conseguir sozinha. Vem, eu te ajudo.
-- Não...eu..eu consigo.
-- Deixa de bobagem Malu, eu te ajudo, prometo não olhar.
Marcela me sentou na cama, levantou meus braços e tirou com certa dificuldade a blusa que eu vestia. Tentei não olhar para ela, baixei a cabeça e fechei os olhos. Senti um pequeno arrepio e acabei contraindo meu corpo quando as mãos de Marcela tocaram a minha barriga.
-- Desculpa. Levanta um pouco, eu vou tirar a sua calça.
Eu até tentei desabotoar a calça, mas tava impossível, minha mão parecia mil vezes maior do que o botão. Ela desabotoou e deslizou o jeans molhado enquanto sorria de minha tentativa. Fiquei apenas de calcinha e sutiã.
-- Me ajude meu Deus. – ouvi ela falar baixinho após um longo suspiro.
O banho foi rápido. Marcela, assim como eu, sentia-se constrangida. Agradeci aos seus por ela sempre tentar desviar o olhar. Ela me envolveu em uma toalha e me enxugou dessa maneira. Logo após deixou o quarto dizendo que traria uma roupa para mim.
Ela me entregou a roupa e deixou o quarto novamente dizendo que tomaria um banho. A roupa, no entanto ficou colada e muito curta. Marcela era menor do que eu, não tinha como esperar que fosse diferente.
Sentei na cama sentindo uma enorme vontade de chorar, um nó crescer em minha garganta. Queria falar com Giovanna, queria ouvir a sua voz, explicar para ela o que tinha acontecido. Alcancei a calça molhada e peguei o celular dentro do bolso. O coitado nem mesmo ligava, estava encharcado. Como sou idiota! Como fui entrar com o celular dentro d’água? Suspirei.
Deixei o quarto e fui até a sala. Quando cheguei lá encontrei a mulher sentada no sofá com uma xícara nas mãos.
-- Como está se sentindo?
-- Um pouco tonta.
-- Senta e toma isso aqui, vai te fazer bem.
-- Preciso ir pra casa.
Ela me estendeu a xícara e eu peguei. Sentei ao seu lado, calada e pensativa. Na verdade estava em outro mundo. Ficamos em silêncio por alguns instantes. Eu só conseguia pensar na minha ruiva, queria muito ir para casa, mas também não queria chegar a casa daquela maneira.
-- Foi torturante te dar esse banho. – ela falou.
-- Desculpe.
-- O que houve com você?
-- Perdi a cabeça por alguns instantes.
-- Quer conversar?
-- Acho melhor não.
-- Eu também posso ser sua amiga Malu, pode falar comigo.
-- Tudo bem. – disse após um suspiro – Acho que preciso mesmo de alguém neutro para conversar.
-- Sou todo ouvido. – disse sentando de frente para mim.
Contei para ela desde as minhas desconfianças, as surpresas e a última bomba que foi jogada em meu colo horas atrás. Ela me ouviu com atenção, não pronunciou nenhuma palavra até que eu terminasse. Sua expressão mudava vez ou outra, e algumas eu até achei divertidas.
-- Olha, eu vou ser bem sincera. É a minha opinião, ta certo?
-- Pode falar.
-- Eu poderia mentir e te jogar contra a sua esposa, te fazer acreditar que ela está mentindo e que ela tem algo com esse Henrique. Magoada como você está, acreditaria facilmente, mas eu sei que isso te faria sofrer, e eu não quero isso. Então, pode ter certeza de que o que eu vou falar agora é verdade. É a visão de uma mulher que é apaixonada por você e que está vendo tudo de fora.
Enxerguei uma outra mulher a minha frente.
-- A Giovanna te ama Malu. Eu consigo ver amor quando ela olha pra você. Tá certo, eu não conheço o amor há muito tempo, mas, ela te olha da maneira que eu queria que você me olhasse. Ela te olha de uma maneira que me deixa até sem ar. E olha que eu não vi isso muitas vezes. Giovanna jamais faria algo contra você. Vai lá, conversa com ela, ouça tudo o que ela tenha a dizer, e enquanto ela estiver falando com você, olhe bem nos olhos dela, veja como ela te olha e terá todas as certezas e respostas que precisa. Não conheço esse Henrique, mas tenho certeza de que a estória não é bem como ele conta.
Coloque as mãos em forma de concha e falei um pouco mais alto.
-- Tá certo, agora você já pode devolver a verdadeira Marcela. – sorri.
-- Eu aqui falando sério e você brincando.
-- Não tenho palavras para te agradecer Marcela. Por diversas vezes você veio como um anjinho e me deu a mão.
-- Não esqueça que também já fui o diabinho. – sorriu. – Eu vou pedir um táxi.
Pisquei para ela e fui até o quarto recolher minhas roupas. Sentei na cama por alguns instantes e pensei em tudo. Desejei, fiz uma pequena oração para Deus. Ele colocou em meu caminho a pessoa certa no momento certo, agora eu pedia para que ele colocasse a pessoa certa no caminho dela. Marcela merecia.
Quando voltei a sala Marcela estava em uma das janelas do apartamento, de costas para o corredor. Chamei-a e quando ela olhou para mim vi que ela chorava. Entendi tudo na hora. Me aproximei dela e a abracei.
-- Como eu sou idiota! – ela disse baixinho.
-- Você não é idiota, é uma pessoa especial. Você é maravilhosa, e sei que ainda vai encontrar toda a felicidade do mundo.
-- Ela está no meu abraço neste momento. – ela se afastou e olhou para mim – Eu gosto tanto de você, mas tanto que dói.
Não disse nenhuma palavra, apenas dei um beijo demorado em sua bochecha. Ela fechou os olhos e suspirou. O interfone tocou nos tirando daquele momento. Ela limpou as lágrimas e foi atender.
-- É o taxista.
-- Então eu vou indo.
-- Escute tudo.
-- Obrigada.
-- Eu sou mesmo uma idiota. – ela falou sorrindo.
Deixei o apartamento de Marcela decidida a conversar com Giovanna. Mas, nem me importava o que ela ia dizer, não me importava o que aconteceu, eu amava demais aquela mulher para ser diferente, eu jamais a abandonaria. Enfrentaríamos tudo juntas.
Enquanto bebia, lembrei daquele sonho, do sonho com a pequena Anna Sophia. E houve um momento em que eu bebia sem saber se era pelo que Giovanna tinha me contado ou pela dor que a lembrança do sonho me trouxe. Lembrar do sonho doía bem mais do que o que Giovanna tinha me contado. Claro, que tínhamos muito para conversar, mas nada mudaria a minha decisão de amar aquela mulher para o resto da minha vida.
Quando o taxista parou na porta de meu prédio, tive um pequeno problema. Eu não tinha dinheiro, o que tinha em meus bolsos não se parecia em nada com cédulas. Pedi para que ele esperasse um pouco, falei com o porteiro e ele me conseguiu o valor da corrida. Paguei o taxista, agradeci algumas vezes ao porteiro do prédio e subi as escadas correndo.
Entrei em casa alvoroçada, sentindo meu coração bater na garganta. Um sorriso tinha tomado conta de meus lábios e nem mesmo a falta de ar por subir tantos lances de escada correndo tinha conseguido tirar ele de lá.
A sala estava escura, e assim que ascendi uma das luminárias vi uma cena que sempre estaria na minha memória. Giovanna dormia no sofá, agarrada a uma camisa minha. Uma de minhas favoritas do Guns N’roses. Em seu rosto havia marcas de um choro recente, e a sua mão direita repousava em sua barriga. Aproximei-me lentamente, retirei algumas mechas de seu cabelo que cobriam seu rosto e depositei um beijo cálido.
Imediatamente ela acordou. Olhou-me surpresa.
-- Amor?
-- Oi meu amor. – sentei na ponta do sofá.
-- Amor me desculpa. Eu...
-- Anna Sophia é nossa filha, nós somos e sempre seremos uma família. Eu te amo mais do que qualquer coisa nessa vida, e sempre lutarei por nós, não vou deixar que nada de mal aconteça a vocês duas. Eu te amo minha ruiva...
Fim do capítulo
Desde já peço que me desculpem, minha inspiração e criatividade resolveram dar um pequeno passeio. Mas, mesmo assim, espero que gostem.
Beijos
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Flavia Rocha
Em: 08/03/2016
Olá, autora. Primeira vez q comento sua história. Estou adorando. Parabéns ela esta boa mesmo.
Tô aqui torcendo pra que a encomenda endereçada a Mulu não mude a decisão q ela teve no fim deste capitulo.
A decisão de não deixar a familia. E esse Wilson hein? ajudando o Henrique. Ficaria feliz com esses dois perdendo o emprego deles.
Autora, tenha uma boa semana. E que vc se encha de inspiração :D.
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Baiana
Em: 07/03/2016
Capítulo fofo. A Marcela subiu no meu conceito,bem que ela poderia se aproximar da Tais,vai que cola? Ela merece arrumar alguém especial.
E quanto ao médico safado, pela frieza que demonstrou contando que abusou da Gio bêbada, provavelmente não é a primeira vez que ele faz isso, to louca para ver a surra que a Luiza vai dar nele,antes de denunciá-lo para a polícia
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Mille
Em: 07/03/2016
Que capítulo lindo Chris.
A Marcela não pensou só nela, foi que uma atitude ímpar. Espero sinceramente que ela encontre uma amor lindo que possa lhe fazer feliz.
Malu e Gio terão que se unir para tirar o sorriso de vitória desse malandro. E torço que o bebê seja do irmão da Elise mais vamos ter muita confusão armada por esse FDP.
Bjus e até o próximo
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