Capítulo 4

 

Era sábado e Rebecca chegou cedo a casa de Luiza. A ruiva estava ansiosa para rever a menina e não se importou com a hora. Luiza tomava café com a irmã, quando escutaram a campainha. Carol deu de ombros e Luiza se levantou para abrir a porta. Ficou surpresa quando viu que era ruiva e se sentiu envergonhada, pois estava completamente relaxada. 

 

Rebecca analisou a menina curiosa. Luiza vestia uma camisa que dava quase até o joelho, conseguiu ver que ela também usava um short curto e seu cabelo estava uma bagunça. Percebeu que Luiza ficou sem graça e sorriu.

 

 

-- Interessante sua roupa - disse brincando. 

 

-- Rebecca, nossa. Não imaginava que fosse você. 

 

A ruiva corou. 

 

-- Cedo demais né...  Melhor voltar outra hora - disse virando-se 

 

-- Não! - Luiza segurou carinhosamente no braço da ruiva, que a encarou - Fica... Eu tava com saudade - confessou a menina. 

 

Rebecca sentiu o coração aquecer, também estava morrendo de saudades da garota. Luiza a abraçou fortemente e beijou seu rosto. 

 

-- Entre... Venha tomar café comigo e a Carol - disse a soltando. 

 

Rebecca conseguiu respirar. Luiza segurou na mão da ruiva e a conduziu até a cozinha. 

 

-- Deu formiga na cama, ruivis? -  Carol perguntou enquanto comia um pedaço de bolo de milho. 

 

-- Desculpe, eu não sabia a hora certa pra vim...  - disse tímida.

 

-- Te relaxa, ruivis. Tu é bem vinda a qualquer momento. És quase da família - Carol piscou para a irmã que revirou os olhos - Senta aí e come com a gente. 

 

-- Obrigada - disse se sentando -  Eu já tomei café. 

 

-- Aposto que só foi um suco - Carol debochou. 

 

-- Quase... Também comi uma torrada. 

 

-- Credo...  Esses ricos são unha de fome, cruzes!  Come isso aí. 

 

-- O que é isso? - perguntou olhando curiosa para aquele negócio branco. 

 

-- É tapioca com  manteiga - explicou Luiza - Prova...  Se você não gostar não precisa comer mais. 

 

Rebecca cortou um pequeno pedaço e provou.  Ficou um tempo mastigando com uma expressão enigmática. Luiza e Carol a observavam. 

 

-- É bom - Rebeca enfim falou. 

 

Luiza e Carol sorriram. 

 

-- Já comeu ovo frito, Ruivis? Sanduíche de mortadela? 

 

-- Não que eu esteja lembrada. 

 

-- É muito princesa Véio - disse a baixinha rindo. 

 

As três ficaram conversando sobre comidas típicas e nem perceberam o tempo passar. Os pais de Luiza chegaram com as coisas para o churrasco e a menina foi ajudá-los. Rebecca conheceu o pai das garotas e ficou muito vermelha quando ele a abraçou. Luiza organizou algumas coisas, mas depois subiu para se trocar. Rebecca e Carol colocavam as cadeiras em ordem. A ruiva ficou um tempo observando os pais das meninas que conversavam algo perto da churrasqueira. 

 

Rebecca analisou Carol por alguns minutos, enquanto a menina havia sentado para descansar. Carol não era parecida com os pais. Rosana era morena e tinha os olhos castanhos, Luiza era muito parecida com ela, mas tinha os olhos verdes do pai,  assim como o cabelo ondulado. O pai das meninas era branco, tinha alguns cabelos brancos e os olhos iguais aos de Luiza, que era mais clara que a mãe. Uma mistura perfeita dos dois. Já Carol era bem branca e tinha sardas espalhadas pelo corpo, eram poucas e delicadas. Não se parecia em nada com Luiza. Era magrinha, baixinha, usava aparelho, tinha algumas espinhas. O sorriso da garota era sapeca. Carol dificilmente perdia o sorriso. Rebecca nunca tinha visto ela séria. Carol tinha um sorriso enorme e o nariz sempre ficava franzido. Rebecca tinha vontade de apertar a menina. Era uma fofa. 

 

-- Que cara é essa ruivis? - Carol perguntou rindo. 

 

-- Hã? 

 

-- Ihh tá no mundo da lua... Aff, lá vem aqueles dois malas, não dá papo ruiva. 

 

Rebecca observou as pessoas que haviam acabado de chegar. Um homem e uma mulher muito bonitos, pareciam ser um casal e o homem era muito parecido com Pedro, mas era mais velho. Havia dois meninos com eles que pareciam ter quase sua idade e pelo que pôde notar, eram gêmeos. Percebeu que os meninos estavam olhando na direção delas e conversando alguma coisa. Não eram idênticos, mas tinham cabelos castanhos os olhos escuros, brancos e tinham sardas. 

 

Lembravam um pouco de Carol. Um deles era mais baixo e usava óculos, parecia um nerd, todo certinho. O outro era mais despojado, mas Rebecca não se sentiu bem com olhar que ele a lançava. Garoto estranho demais.

 

-- Esses são meus tios e primos - explicou a baixinha -  O de óculos se chama Felipe e o outro é o idiota do Fernando, nem preciso dizer que são gêmeos né. 

 

-- Você é parecida com eles - comentou a ruiva. 

 

Carol bufou. 

 

-- Credo! 

 

Não haviam percebido que eles tinham se aproximado. 

 

-- Oi Carol -  Felipe disse simpático e sorrindo. 

 

-- Oi Felipe - Carol estava desanimada. 

 

-- Carol... -  cumprimentou Fernando com um leve balançar de cabeça. 

 

-- Fernando - respondeu séria.

 

-- Não vai apresentar sua amiga pra gente -  Fernando encarava a ruiva com interesse. 

 

Carol fez as apresentações sem nenhuma animação. Rebecca foi educada com os dois,  gostou de Felipe, era um menino tranquilo, mas não conseguiu se sentir bem ao lado de Fernando, algo nele deixava a ruiva desconfortável. 

 

-- Cadê a Luiza? - Fernando perguntou com interesse. 

 

A ruiva estranhou a forma como ele falou e estranhou mais ainda a forma como Carol o respondeu. 

 

-- Não é da tua conta, mané! - disse grossa. 

 

Rebecca agradeceu que outros primos das garotas apareceram.  A ruiva foi apresentada a eles por uma baixinha mais animada. Murilo e Letícia. Os dois eram filhos do único irmão que Rosana tinha. Eram mais velhos e faziam faculdade, Murilo tinha vinte anos e Letícia dezoito. A ruiva gostou dos dois e Murilo era bem maluco, parecia com Carol na versão masculina. Fernando foi ajudar o pai e o tio, Rebecca agradeceu mentalmente. A conversa estava animada, Murilo e Carol eram dois malucos e a ruiva ria das bobagens que os dois diziam. 

 

Luiza voltou toda arrumada e cheirosa. Bermuda curta e regata preta colocada, cabelo amarrado num rabo de cavalo. A menina sorria e seus olhos estavam fixos na ruiva, que estava completamente hipnotizada com a beleza da garota. Aquele sorriso perfeito era de matar qualquer um. Carol viu a irmã e ficou de pé,  chamando a ruiva para fazer o mesmo. Luiza se aproximou sorrindo e ainda encarando a ruiva. 

 

-- Essa minha prima tá ficando mais gata a cada dia... Uii - Murilo disse sorrindo. 

 

Luiza desviou os olhos para o primo.

 

-- Sempre você hein Murilo. 

 

-- Claro gata - piscou. 

 

-- Agora é nossa vez! - disse Carol puxando Rebecca - Fica com eles Luh...  Já voltamos. 

 

Carol rebocou a ruiva que olhou para trás e sorriu para Luiza. As duas seguiram para o quarto da baixinha. 

 

Luiza continuou o papo com os primos e agradeceu por Fernando não está ali. Victoria não demorou a chegar e se juntou aos primos. A menina era filha de Rafael que era o irmão mais novo de Pedro e Júlio. Era filha única. Luiza amava cada um dos primos era sempre um prazer estar com eles, só não sentia o mesmo por Fernando que sempre era um idiota e não se importava de dar em cima dela na maior cara de pau e era uma pessoa insuportável de conviver, tinha pena de Felipe, pois o menino tinha que aguentar o gênio difícil do irmão. Os dois eram tão diferentes. Luiza adorava Felipe e não suportava Fernando. Gêmeos, porém diferentes em tudo. 

 

-- Cadê tua irmã,  Felipe? - Luiza perguntou, estranhado a demora da prima.

 

-- Não sei...  Ela disse que ia passar na casa de uma amiga antes de vim pra cá... Deve tá lá até agora e esqueceu da vida. 

 

-- Ela não perder essas manias. 

 

-- Não -  Felipe concordou rindo -  Quer ser sempre a última a chegar...  Um dia fica sem comer.

 

-- Verdade - Luiza concordou rindo. 

 

-- Lu, cadê a Carol? - Vick perguntou enquanto bebia um refrigerante. 

 

-- Se arrumando. 

 

-- Então vai demorar - disse desanimada. 

 

-- Não tenha dúvidas. 

 

Pedro chamou a filha que foi ajudá-lo. Luiza estava organizando algumas coisas quando Fernando se aproximou.

 

-- Pensei que você nunca fosse ficar sozinha - sussurrou perto do ouvido da garota. 

 

Luiza levou um susto enorme. 

 

-- Droga Fernando! Que susto! 

 

-- Sinto muito, não queria te assustar - tentou colocar as mãos na cintura de Luiza que se afastou de maneira brusca. 

 

-- Não encosta em mim! - disse brava. 

 

-- Calma Lu...  Pra que tanto estresse? 

 

-- Escuta Fernando...  Você sabe que eu odeio essas coisas que você costuma fazer! 

 

-- Poxa Luiza...  Tem primos que ficam e namoram sabias?  A gente podia ser assim... 

 

-- Eu nunca ficaria com você, garoto! 

 

-- Você sempre se fazendo de difícil...  Mas agora tudo bem...  Estou interessado no momento naquela ruivinha gostosa. 

 

Luiza se enfureceu e apontou o dedo bem na cara do garoto. 

 

-- Nem pense em se aproximar da Rebecca!  - disse entre dentes. 

 

-- Por que não? Ela é tão gatinha...

 

-- Você é um idiota! 

 

Luiza saiu de perto do garoto antes que fizesse algum escândalo. Queria dar uns tapas na cara daquele inútil, mas conseguiu se controlar, mais um pouco e tinha partido a cara dele. Fernando era um cara mesquinho ao extremo. Não suportou quando ele falou de Rebecca de uma forma tão vulgar. Parecia que a ruiva era um pedaço de carne. Rebecca era perfeita demais para merecer escutar as asneiras daquele indivíduo, teria que grudar na ruiva, não deixaria aquele pedaço de porcaria chegar perto de sua ruiva. A protegeria desse tipo de ser humano.  Rebecca era uma princesa e merecia ser tratada de tal maneira. 

 

A ruiva observou toda a discussão dos primos da janela do quarto de Carol.  Ficou intrigada com aquela situação toda. 

 

-- A Luiza não se dá bem com o gêmeo? - Rebecca não conseguiu se conter e perguntou a baixinha. 

 

Carol experimentava uma camiseta e olhou a ruiva pelo espelho. 

 

--  Não. A verdade é que Luiza não suporta o Fernando, aliás,  eu também não gosto nenhum pouco dele - somente nesses momentos Carol ficava séria. 

 

-- Por  que?

 

Carol sorriu. 

 

-- Ê ruivis curiosa... - disse sorrindo. 

 

Rebecca ficou vermelha no mesmo instante.

 

-- Desculpe, estou sendo indelicada - disse tímida. 

 

-- Dá em nada,  ruivis... - Carol estava rindo da timidez da garota - Fernando sempre que pode dá em cima da Luiza. Ele sempre quis ter algo com ela... Vive enchendo minha mana... Pior de tudo é  que esse mala insiste, mesmo que Luiza sempre corte qualquer tipo de tentativa dele...  Um mané. 

 

Rebecca observava o movimento da família. Seus olhos estavam fixos em Luiza que conversava alguma coisa com Letícia. 

 

-- Eu entendo. 

 

-- Pois é...  Cuidado com ele..

 

Rebecca a olhou. 

 

-- Por que? 

 

-- Ele mostrou interesse em você e sempre marca em cima quando isso acontece é só não dar bola, ruiva. Ignora a existência dele. 

 

-- É isso mesmo que vou fazer...  Além disso,  esse garoto não faz meu tipo. 

 

Carol parou e virou-se para encarar a ruiva. 

 

-- Qual seu tipo, ruiva? - perguntou interessada. 

 

“Sua irmã!” 

 

Rebecca sorriu desse pensamento. 

 

-- Romântico, sensível, carismático... E outros. 

 

-- Ah entendi, você tem um gosto interessante - passava as mãos na roupa,  se olhou mais uma vez no espelho e depois virou -  Como estou, ruivis?  Seja sincera. 

 

Rebecca observou a menina atentamente.  Carol estava uma bonequinha.  Seus cabelos castanhos que um dia já foram loiros estavam soltos, eram lisos e faziam cachos nas pontas, lindos. Carol vestia uma blusa de alcinha na cor rosa e uma saia. Perfeita. Rebecca só não conseguia entender o porquê daquela demora enorme. 

 

-- Você está linda! 

 

-- Ahh obrigada, confesso que queria ser mais parecida com a Luh... Tipo ela é alta e tem um corpo que dá inveja. 

 

-- Mas você também é linda e não precisa ser parecida com sua irmã. 

 

-- Sei...  Com esse aparelho, essas espinhas e esse corpo...  Muito linda mesmo - disse irônica -  Vamos ruiva. 

 

Carol pegou a mão de Rebecca e correu. Desceu em disparada a escada e acabou perdendo o fôlego. As duas estavam vermelhas. 

 

-- Nossa... Quase atacou a asma agora - a baixinha disse rindo. 

 

-- Melhor a gente andar,  Carol. 

 

-- Sim,  é melhor. 

 

Luiza conversava com Vick e Letícia animadamente. Estavam rindo de alguma coisa que Victoria havia dito, nem perceberam a aproximação de Carol e Rebecca. 

 

-- Qual a graça, povo? - perguntou a baixinha que se sentou ao lado de Victoria -  Oi Vick. 

 

-- Oi Carol - disse sorrindo. 

 

-- Tu não comeu tudo né? 

 

-- Claro que não! Não sou nenhum dragão - Vick respondeu brava. 

 

-- Hum...  Vai saber né

 

-- Senta aqui - Luiza disse a Rebecca indicando uma cadeira ao seu lado. 

 

Rebecca sorriu e se sentou. Letícia e Vick olhavaram para a ruiva curiosa. Luiza fez as apresentações e Rebecca foi bombardeada de perguntas. Victoria era muito curiosa. 

 

-- Uau...  Você é a estrangeira... Que gata! Gente que cabelo é  esse? - disse eufórica -  Que tudo! Ai que inveja...  Uma inveja do bem, Rebecca...  Que fique claro -  sorriu. 

 

Rebecca ficou tímida, mas gostou do jeito de Vick, era uma menina animada. 

 

-- Cala essa boca Vick - disse Carol entediada. 

 

-- Quando é você todo mundo tem que aguentar né, pois agora fica quieta no seu canto. 

 

-- Oxi, grossa! - a baixinha fez bico. 

 

Ficaram vários minutos assim. Vick perguntou muitas coisas e Rebecca respondia a tudo com um sorriso nos lábios. Letícia também mostrava interesse em saber mais sobre as aventuras da ruiva. Luiza olhava para Rebecca de forma encantada e a ruiva quase sempre a fitava e sorria.  Carol era a única que estava quieta, permanecia bicuda. 

 

-- Você conhece alguma celebridade? - Vick continuava com as perguntas. 

 

-- Algumas...  Muitas vão nessas festas chiques, mas eu nunca falei com uma. Apenas as vi pessoalmente. 

 

-- Nossa! Me diz uma... 

 

-- Hum... Cantor ou ator?

 

-- Tanto faz...

 

-- Angelina Jolie e Beyoncé. 

 

Victoria e Carol ficaram de boca aberta.

 

-- Caraca! - falaram juntas.

 

Rebecca, Luiza e Letícia riram.  Carol fez uma careta. 

 

-- Cara,  eu tô morta...  Quero comer! 

 

-- Eu também - Vick. 

 

-- Vem Vick.... Vamo comer besteira na cozinha...  Tem chocolate - fez cara de nojo. 

 

-- Eba! - Vick disse toda animada e as duas sumiram em direção a cozinha. 

 

As três continuaram conversando. Letícia falava como era conviver com dois homens malucos que eram seu pai e irmão. A garota só faltava ficar louca com os dois. Letícia e Murilo ficaram órfãs de mãe bem novinhos, doze e dez anos. Momentos difíceis, mas todos superados pela força da união daqueles três. O pai era tudo para os dois. Criar duas crianças sozinho não foi fácil. Francisco era um grande pai.  Era um velho safado, mas o importante é que sempre esteve ao lado dos filhos e o irmão era a cópia perfeita dele. 

 

Rosana chamou a filha, pois estava precisando de ajuda. Luiza olhou para Rebecca hesitante, não queria deixar a garota sozinha. 

 

-- Tudo bem,  Luiza. Pode ir, eu ficarei bem - a ruiva tentou tranquiliza-la. 

 

-- Letícia não deixa ela sozinha,  por favor. 

 

-- Ok Lu. 

 

 

Luiza foi ajudar a mãe, mas estava sempre olhando para a ruiva. Rebecca e Letícia conversavam de uma maneira tranquila. 

 

-- Então você será médica? - a ruiva perguntou interessada. 

 

-- Sim...  Esse sempre foi meu sonho - disse com os olhos brilhando.

 

-- Vai se especializar em que? 

 

-- Cirurgia geral. 

 

-- Uau...  Que legal - falou encantada.

 

-- Eu fico contando os minutos pra viver essa emoção. 

 

-- É muito lindo essa sua forma de amor pela sua profissão. 

 

-- Ah sempre fui ligada à ela... Amo demais. 

 

-- Atrapalho? - Fernando perguntou se sentando ao lado da ruiva. 

 

“Sim!”  pensou a ruiva. 

 

 

-- Não...  Estávamos conversando sobre meu amor pela medicina. 

 

-- Não sei que merd* tem demais nisso. Você irá passar horas presa em plantões, sem dormir e muitas vezes as condições de trabalho são péssimas. Além disso, você ainda tem que conviver com certos tipos de pessoas. Sinceramente Letícia, você devia ter escolhido algo melhor. Isso é um tiro no pé. 

 

-- Ah Fernando...  Eu não me importo com as dificuldades. Amo o que faço e é isso que importa...  Licença...  Vou beber uma água - disse irritada e nem percebeu que havia deixado a ruiva sozinha com o lobo mau.

 

-- Enfim...  Sozinhos...  - disse o garoto com um sorriso malicioso - Eu já disse que você é linda? 

 

Rebecca estava nervosa e não conseguia dizer nada. 

 

-- Por que esse silêncio todo,  gatinha? - tentou tocar nos cabelos da menina, mas ela se esquivou. Fernando sorriu - Você é tímida? - outra vez tentou tocá-la, mas Rebecca novamente se afastou - Não precisa ter medo de mim... 

 

Luiza observava tudo a distância e estava a ponto de fazer uma loucura, mas outra vez foi salva.  Carol e Vick voltaram para a mesa e a baixinha foi logo salvando a ruiva. 

 

-- Cai fora, Fernando! Você não ver que ela não quer papo? 

 

-- Não se mete, anã... Ela que tem que me dizer isso, não você. 

 

-- Fernando você está sendo indelicado - disse Victoria. 

 

-- Vocês duas voltam de onde vieram e não se metam na conversa. 

 

-- Eu não quero nada com você, por favor, me deixe em paz - Finalmente a ruiva falou alguma coisa. 

 

Fernando a encarou com olhar com um olhar indecifrável. 

 

-- Tudo bem, ruiva. Você é gatinha, mas eu prefiro as morenas e de cometer um bom trocadilho um certa menina - disse debochado e se afastando das garotas. 

 

Carol e Vick se sentaram e baixinha tocou no braço da ruiva. 

 

-- Você está bem? 

 

-- Sim,  ainda bem que vocês apareceram. Seu primo me deixa nervosa. 

 

-- Ele é um idiota, ruiva. Mas é melhor não dá trela pra ele. 

 

-- Carol tem razão... - concordou Vick

 

Demorou um pouco para a ruiva conseguir se acalmar e de fato só conseguiu quando Luiza voltou e segurou suas mãos apertando.

 

-- Desculpa ter te deixado sozinha. 

 

-- Eu estou bem,  Luiza - disse a encarando. 

 

-- Não vou mais te deixar sozinha. 

 

Luiza não desgrudou mais da ruiva. Letícia voltou. Felipe e Murilo se juntaram a elas novamente. Fernando não se aproximou mais e todas agradeceram.  Rebecca voltou a ficar relaxada e sorria das coisas que eles diziam. O churrasco foi servido para a felicidade de Carol e Vick,  que eram magrinhas de ruins.  Tudo estava na paz novamente. 

 

-- Nunca me esperam para começar a festa hein. 

 

Rebecca já tinha escutado aquela voz antes, mas se virou para ter a certeza de  quem se tratava. 

 

“Não acredito!” 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo