Capítulo 3

 

-- Aqui é tão lindo - disse a ruiva encantada. 

 

-- Sabia que você ia gostar - Luiza sorria.

 

-- É perfeito, eu amei! 

 

As duas estavam sentadas embaixo de uma enorme árvore e observavam o rio de águas tranquilas que tinha ali. Dava para escutar os barulhos dos pássaros e aonde a vista alcançava só havia mato. Rebecca se encantou pelo lugar no mesmo instante. 

 

-- Obrigada por me apresentar a essa maravilha - tocou no braço de Luiza. 

 

-- Eu gosto de vim aqui...  É sempre bom, ajuda a pôr os pensamentos em ordem e deixa você tranquilo. 

 

-- Sim... -  Rebecca fechou os olhos para sentir o vento em seu rosto. 

 

Luiza aproveitou para admirá-la. Rebecca era uma ruiva que não tinha sardas, apenas alguns poucos sinais. Era muito branca e tinha um jeito tão delicado, parecia uma princesa de contos de fadas. Seus lábios eram finos e bem vermelho. Rebecca nem precisaria usar batom. A ruiva estava sempre de vestidos e parecia que todos os seus movimentos eram em câmera lenta, era delicada demais. Luzia desviou os olhos para o rio. 

 

-- Percebi que você é uma menina muito simples - comentou sem olhá-la. 

 

Rebecca sorriu largamente e encarou Luiza,  que permanecia observando o rio. 

 

-- Já conheci muitos lugares de belezas fantástica, arquitetura moderna, lugares cheios de luxos, mas eu sempre gostei de admirar a natureza. Isso é tão natural, você de alguma forma se conecta a ela. Também gosto de olhar as estrelas. 

 

-- Sério? Eu também gosto,  elas são tão lindas. 

 

-- São perfeitas. 

 

Ficaram em silêncio por várias minutos,  até Luiza quebrá-lo. 

 

-- Qual seu maior sonho, Rebecca? - Encarou a ruiva. 

 

Rebecca ficou presa no olhar de Luiza. Os olhos dela estavam mais verdes naquele momento e tinha aquele brilho perfeito. 

 

-- Ter uma vida normal... - respondeu sem desviar os olhos do dela.

 

-- Você não tem uma vida normal? 

 

-- Passei toda a minha vida viajando por diversos países. Minha vida até hoje é apenas retalhos. Queria ter um lugar pra chamar de meu - comentou triste. 

 

Luiza pôs as mãos em cima da mão da ruiva e apertou carinhosamente. 

 

-- Eu consigo te entender. 

 

Novamente ficaram em silêncio. Se conheciam há uma semana. Luiza levou a ruiva em vários lugares durante esses dias. Rebecca ficou animada e sorria de tudo, fazia algum tempo que não se sentia tão feliz.  Luiza estava a cada dia mais encantada, não se desgrudaram mais, todos os dias estavam juntas. 

 

Daniela não ligou para a ruiva nesse tempo. Rebecca se sentia triste, mas Luiza conseguia amenizar essa tristeza, bastava olhar naqueles olhos brilhante e naquele sorriso sincero.  Agradecia por ter conhecido Luiza, era um presente em sua vida.

 

-- Tenho algo pra te falar - Luiza disse nervosa. 

 

Rebecca a encarou e sorriu. 

 

-- Fale. 

 

Luiza respirou fundo algumas vezes e Rebecca percebeu que a menina estava nervosa. 

 

-- É algo delicado -  sorriu nervosa. 

 

-- Luiza você não precisa falar. 

 

-- Preciso sim. 

 

Luiza queria ser sincera com a ruiva, por isso decidiu que contaria toda a verdade a ela. Não gostava de esconder as coisas, além disso, Rebecca ficaria sabendo de qualquer jeito. Daniela sabia sobre ela e tinha certeza que aquela garota não perderia a oportunidade de envenenar a ruiva contra ela. 

 

-- Vou ser direta - disse sem conseguir encará-la -  Eu gosto de meninas, Rebecca. 

 

A ruiva a encarava e arregalou os olhos. 

 

-- O que você disse? - queria ter certeza do que tinha escutado. 

 

Luiza a encarou. 

 

-- Eu gosto de meninas...  Sou lésbica. Estou te falando isso porque não quero que você fique sabendo pela boca de terceiros. Metade daquele colégio sabe de mim e você facilmente ficaria sabendo. 

 

Rebecca estava pasma. Havia até perdido a fala. 

 

-- Entenderei se você não quiser mais falar comigo. 

 

-- Por que eu não iria mais querer falar com você? 

 

-- Há muitas pessoas preconceituosas nesse mundo e muitas costumam se afastar quando ficam sabendo...  - disse abaixando a cabeça. 

 

-- Não sou esse tipo de pessoa - disse fazendo uma leve carícia no cabelo de Luiza - Gosto de ser sua amiga e não me importo com nada disso. Para mim você continua a mesma pessoa que antes. Não irei me afastar de você. 

 

Rebecca abraçou Luiza de uma forma carinhosa e a menina se aconchegou em seus braços. Ficaram assim por vários minutos. Rebecca pensou em contar sobre ela e Daniela, mas sabia que a morena a mataria e além disso, não se sentia segura com a relação que estava vivendo. Em outro momento contaria tudo a Luiza.

 

-- Acho que agora a gente precisa ir - disse a ruiva sorrindo. 

 

-- É verdade. Tá ficando tarde. 

 

A ruiva tentou ficar de pé, mas quase caiu. Se equilibrou em Luiza, que ainda estava sentada. 

 

-- Aii meu pé tá dormente - disse fazendo uma careta de dor. 

 

Luiza gargalhou. 

 

-- Cuidado pra não cair por aí,  senhorita poderosa - Luiza ficou de pé e ajudou a ruiva a manter o equilíbrio -  Está melhor? 

 

-- Está passando aos poucos - sorriu sem graça - desculpa, eu praticamente cai em cima de você. 

 

-- Tudo bem,  foi o desconto por eu ter caído em cima de você no dia que a gente se conheceu. 

 

-- Ah é verdade, você quase me deixou sem andar - disse rindo e se afastando da garota.

 

-- Que exagero ruiva.  Quem escuta você dizendo isso, pensa até que você foi atropelada por um caminhão. 

 

-- Foi quase isso - Rebecca estava descontraída. 

 

-- Muito engraçada você. 

 

Luiza segurou na mão da ruiva e a guiou de volta por todo o caminho. Estavam em silêncio no carro da ruiva. Luiza observava curiosa o motorista.

 

-- Seu motorista parece o ator do exterminado do futuro - Luiza sussurrou baixinho. 

 

Rebecca a encarou e depois olhou o motorista. Ficou um tempo observando. 

 

-- Você tem razão, mas ele não é apenas motorista.

 

-- Seu segurança particular?

 

-- Sim, papai é muito desconfiado. 

 

-- Ele tem razão. Vocês são ricos e não podem relaxar com a segurança. 

 

-- Eu não gosto muito, mas se é necessário,  melhor aceitar então. 

 

Luiza estava se despedindo de Rebecca,  quando Carol apareceu. 

 

-- E ai ruivis, tudo bem? 

 

-- Oi Carol. estou bem e você? 

 

-- Tá beleza. Ruivis, eu sei que minha irmã é lerda e nem deve ter feito o convite, mas eu faço. Vai ter um churrasco aqui em casa no sábado e tu tá convidada. Não aceito não como resposta - disse a baixinha animada.

 

Rebecca hesitou e olhou para Luiza pedindo ajuda. 

 

-- É um churrasco pra poucas pessoas Rebecca. Você não vai se sentir deslocada,  todos são simpáticos, tenho certeza que vai gostar. Além disso, não vou te deixar sozinha em nenhum instante, prometo - Luiza disse carinhosa. 

 

-- Eu não sei... - Rebecca tinha vergonha de ficar perto de muitas pessoas. 

 

-- Para de fazer doce,  ruivis - Carol disse sorrindo. 

 

-- Parar de fazer doce? - Rebecca perguntou confusa. 

 

-- Apenas um jeito de “explessar” - explicou - Aceita vai.... -  Carol fez uma carinha fofa.

 

Rebecca sorriu.

 

-- Tudo bem. 

 

-- Aeee! - Carol pulou animada e abraçou a ruiva, dando um beijo no rosto da menina que ficou vermelha - Mas fica tão linda tímida, né Luiza? 

 

-- Fica mesmo - Luiza concordou sorrindo e viu Rebecca ficar ainda mais corada. 

 

-- Vamo deixar ela em paz, antes que a gente mate ela de vergonha. Vou tomar sorvete. Tchau ruiva - beijou mais uma vez a menina no rosto e riu da cara dela - Tu é muito comédia com essa vergonha toda, fui - Carol correu entrando em sua casa. 

 

Rebecca e Luiza ficaram sozinhas. 

 

-- Obrigada pelo dia perfeito. 

 

-- Foi um prazer. 

 

-- Então até sábado...

 

-- Vou ficar te esperando.

 

-- Tchau,  Luiza - Rebecca disse tímida.

 

-- Tchau, Rebecca - Luiza também estava tímida, mas abraçou a ruiva que correspondeu.

 

Rebecca entrou no carro e foi para casa. Luiza ficou acenando até a ruiva não poder mais vê-la e mandou alguns beijinhos. Rebecca ria do jeito da garota. 

 

A ruiva ficou pensando no que Luiza havia falado. Nunca imaginou que aquela garota gostava de meninas. Luiza era linda e delicada. Rebecca se sentiu mais próxima dela depois dessa confissão. Ficou pensando se a menina tinha namorada. 

 

“ Pensamento idiota, Rebecca! É claro que ela deve ter alguém, linda do jeito que é, não deve estar sozinha. Luiza deve ser uma excelente namorada, a menina que ficar com ela terá muita sorte...  Só não entendo o porquê pensar nisso me incomoda tanto, melhor eu dormir. E a Dani... Essa esqueceu de mim, ainda bem que conheci a Luiza, pois senão ainda estaria trancada nessa quarto chorando por ela. Daniela terá que me dá uma boa explicação”

 

A ruiva adormeceu imaginando como seria o churrasco na casa de Luiza e Carol. 

 

Luiza estava mais aliviada por ter falado toda a verdade a ruiva. Imaginava que Rebecca talvez fosse falar dela com Daniela, mas não aconteceu. Sabia que uma hora a ruiva ia falar, só esperava estar preparada para ouví-la. 

 

****************

 

Daniela olhava fixamente para o telefone. Tentava acalmar de todas as formas a vontade louca que estava de ligar para sua vermelhinha. 

 

“você  não vai ligar,  Daniela. Seja forte!” 

 

Estava tão distraída que levou um pequeno susto quando alguém a abraçou e beijou seu pescoço.

 

-- Devia ligar - comentou Gabriela com um sorriso tranquilo. 

 

-- Não posso... Isso é demonstrar fraqueza. 

 

-- Não, minha linda. Isso é demonstrar o que você sente por ela e não é nenhuma vergonha. 

 

-- Você não entende, Gabriela. Eu sempre fui apaixonada pelo meu melhor amigo e de repente essa menina aparece na minha vida e bagunça todos os meus sentimentos.  Se eu não tivesse feito a besteira de me envolver com ela nada disso estaria acontecendo. 

 

-- E qual o problema de você gostar dela? 

 

-- O problema é que eu não aceito! Não quero sentir isso por ela...  Eu quero ser a mesma menina normal de antes. Nunca fui lésbica. 

 

-- Você tem problemas em aceitar que gosta de uma menina, mas não tem nenhum problema em dormir com várias mulheres. Isso é bem louco. 

 

-- Com essas mulheres é  apenas sex* e é bom, gosto de novas experiências. O problema é eu estar gostando de uma mulher e saber que não é apenas sex*! Maldita hora que aceitei ficar com ela. 

 

-- Eu acho que você fez bobagem era só contar para a garota que você gostava do carinha. Pelo que você me fala dela, tenho certeza que ela iria deixar a barra limpa. 

 

-- Eu não conhecia ela tão bem,  fiquei com receio de falar...

 

-- E agora tudo está uma confusão dentro de você. 

 

-- Nem me fala... - disse a morena com um olhar perdido.

 

-- Mas você não quer ficar com ela? 

 

-- Eu não sei te responder. 

 

-- Vocês precisam conversar. 

 

-- No momento só estou querendo ficar longe. 

 

-- Não adianta fugir. Uma hora você vai ter que encarar. 

 

-- Enquanto eu puder evitar...  Assim farei. 

 

-- Sinto que essa história ainda vai render  - Gabriela disse enquanto bebia um suco. 

 

Daniela não disse nada,  pois também tinha esse pensamento. Tudo que ela mais queria era poder não sentir nada.  A vida seria tão mais fácil. Era melhor não pensar naquilo. Não queria lembrar da ruiva. A morena não entendia o porquê de não conseguir aceitar seus sentimentos por Rebecca, seria até mais fácil.  Mas não pretendia ceder. Não naquele momento. 

 

***************

 

Luiza estava lendo um livro de forma tranquila. Seus pensamentos muitas vezes se perdiam em uma certa ruiva de olhos de mel. A garota não conseguia segurar o sorriso, estava boba demais. Apesar de saber dos riscos, estava completamente envolvida por Rebecca.  Carol flagrou um dos vários sorrisos bobos da irmã, quando entrou no quarto da mesma sem bater. 

 

-- Que cara de tonta é essa? - perguntou se sentando na ponta da cama. 

 

-- Carol você não sabe bater antes? 

 

-- E pra que? 

 

-- Oras eu poderia estar nua. 

 

-- Como se eu nunca tivesse visto antes - disse dando de ombros. 

 

-- É uma questão de privacidade e educação, Ana Carolina. 

 

-- Ahh quem liga...  Tu vai estar vendo pornô ou fazendo algo indevido? 

 

-- Claro que não! 

 

-- Então não tem porque eu bater, oras...  Que isso que tu tá lendo -  pegou o livro das mãos de Luiza e leu o título - Cálculo avançando, um jeito fácil de aprender matemática - Carol fez uma cara de nojo -  Que horror! - jogou o livro em cima da cama. 

 

-- Carol não faz isso e você deveria estar estudando também. 

 

-- Estudar pra que se o futuro é a morte. 

 

-- Mas seu presente será a sandália da mamãe no seu traseiro. 

 

-- Credo Luh - disse horrorizada. 

 

-- Credo nada.  Quando a mamãe ver o teu boletim quero nem está na tua pele... Ela vai arrancar cada fio desse seu cabelo. 

 

-- Para de me jogar praga.

 

-- É a verdade,  Carol. 

 

-- Ai Luh, não é minha culpa se eu não entendo pacas do que aqueles professores explicam. Uma vez até tentei entender, mas a professora de química é pior que a química. Sério...  Que mulher chata...  Só vive falando de cargas e sei lá o que...  Eu dormir de tanto tédio. Aposto que ninguém entendeu. Química é muito eca! 

 

-- Carol eu te conheço muito bem. A professora Francisnalda é uma excelente educadora, você que é preguiçosa demais. 

 

-- Cara...  Coitada dela com esse nome...  Só batendo nesses pais mesmo. Onde já se viu Francisnalda. Pobre mulher... Por isso escolheu química, decepção com o nome... -  Carol disse pensativa.

 

-- Algumas pessoas são apaixonadas por químicas. 

 

-- Vô até me calar... 

 

Luiza riu da cara da irmã. 

 

-- O que você tá querendo? 

 

-- Nada, só vim te encher mesmo e perguntar da ruivis - sorriu maliciosa - Finalmente hein, maninha. 

 

-- Carol nada a ver, a gente é apenas amigas. 

 

-- Mas sei que rola bem mais que isso entre vocês. Dá pra perceber. 

 

-- Você tá louca. A Rebecca tem alguma coisa com a Dani, eu já te falei isso. 

 

-- Que mal gosto essa ruiva tem hein...  Daniela é a menina mais podre que se pode imaginar, não consigo acreditar que essa ruiva tão doce, possa estar envolvida com esse tipo de serpente sério. Daniela parece a semente do Diabo. Ela fica com a ruiva, mas cansou de ficar te enchendo no colégio quando tu se assumiu. Ela é uma bela de uma vaca isso sim. Nunca fui com a cara dela e depois daquela brincadeira idiota que ela fez com tu...  Aff! - bufou - Dá vontade de bater. Aquilo é um vaso ruim que não dá flores. Cara de santinha... Móh pau pra ela. Rum! - disse brava, fazendo biquinho. 

 

Luiza gargalhou. 

 

-- Carol você nem tem isso - disse em meio ao riso. 

 

-- Eu sei...  Saiu na hora da raiva - disse também rindo. 

 

-- Mas você tem razão, Daniela é  exatamente o que você disse. Rebecca é tão diferente.

 

-- Dani é  do tipo que se faz de sonsa quando é preciso. Ela não mostra quem é de verdade. Só quando isso lhe convém.  Uma verdadeira cachorra falsa... Não suporto ela. 

 

-- Nem eu... E tenho vários motivos pra isso...  Uma pena a Rebecca está envolvida com ela - disse triste. 

 

-- Luh eu tive reparando vocês duas durante esses dias. A Rebecca gosta de você e não é somente amizade. Eu percebo isso. 

 

-- Carol não fica plantando ilusões em meu coração. Melhor esperar pra ver né. 

 

-- Só te digo uma coisa...  Se essa ruiva preferir ficar com aquela coisa que parece uma galinha depenada ao invés de ficar com você... Vou chamá-la de louca e cega. Porque trocar você Luh que é linda e tem um coração maravilhoso por aquela lambisgoia sem alma... Só resta pensar que é doida mesmo. Além disso, vou sempre estar do seu lado em qualquer momento...  -  Carol abraçou a irmã. 

 

-- Obrigada por existir Carol. Você é linda. 

 

Carol levantou e passou as mãos no cabelo. 

 

-- Disso eu sei. Adoro elogios - disse se achando - Estou indo porque tenho coisas pra fazer... - caminhou em direção a porta. 

 

-- Tipo estudar? 

 

-- Credo, Luiza é férias! Não fale mais isso. 

 

-- Você deveria fazer isso,  suas notas tão péssimas.

 

-- Pra isso eu tenho minhas preciosas colas. Agora eu vou tomar meu sorvetinho de morango e assistir algum filme de terror. Só pra animar antes de dormir.

 

-- Você tem problemas, Carol. 

 

-- Você que é medrosa demais, Luh - disse mandando beijo - Preparada pra sábado? 

 

-- Contando os segundos pra ver a Rebecca. 

 

-- Putz,  mulher apaixonada é  terrível mesmo. Boa noite, mana. 

 

-- Boa noite, tampinha. 

 

Luiza ficou um tempo acordada pensando em tudo que estava acontecendo. Conhecia Daniela há muito tempo, sempre soube do gênio da garota. Logo que se assumiu, Daniela tentou a humilhar para todo o colégio, mas Luiza sabia muito bem como se defender. Não precisou usar as mãos, mas acabou com toda aquela pose de rainha da morena, apenas com o peso de suas palavras. Não houve ninguém que quisesse argumentar contra e Daniela ficou sem palavras. Desde Então as duas viviam se estranhando, mas a morena nunca mais ousou falar qualquer coisa sobre a orientação de Luiza. Para Luiza nada foi fácil, muitas pessoas se afastaram, nenhuma menina queria ser amiga da esquisita. Falava apenas com Carol na escola,  as outras meninas a ignoravam, pois não queriam ficar com fama. Luiza sorria por dentro, bando de hipócritas, quantas vezes aquelas mesma meninas não escreveram bilhetes para ela ou a encaravam de forma significativa. A menina ignorava todas, assim como elas faziam com ela.  Até Daniela que sempre foi a mais preconceituosa de todas, agora também estava do mesmo lado dela.

 

“Como esse mundo dá voltas” 

 

Luiza não pode deixar de pensar. 

 

“Vamos ver como será daqui por diante. Rebecca... Rebecca... Rebecca...  Não consigo te esquecer...  Acho que eu tô amando...  Meu Deus! Amor não! Por favor....” 

 

Luiza ficou tensa com esses pensamentos. Não queria assumir que amava a ruiva, mas negar estava ficando difícil. Custou a dormir, pois estava angustiada. Mas acabou relaxando e apagou. Deixou que o destino resolvesse esse impasse em sua vida. 

 

 

 

Fim do capítulo