Marcella

Acordei com a cabeça estourando de dor. Mas já sabia que seria assim. Afinal não era a primeira vez que tinha feito àquela besteira. E não aprendia. Tinha mais é que me ferrar mesmo, quem sabe assim tomava vergonha na cara e parava com aquela palhaçada. Que inferno! E pra melhorar ainda mais a minha situação aquele seria o dia da primeira visita do Bernardo. O que mais eu poderia querer? Lentamente me sentei na cama, e fiquei recostada nos travesseiros, de toda aquela noite, ou melhor, madrugada caótica, havia apenas uma coisa que eu ainda precisava assimilar melhor, a declaração de Bianca ao sair do quarto. Será que eu havia entendido direito? Fora a dúvida que me impedira de ir atrás dela e também o fato de estar ainda um pouco embriagada, devo confessar.

Será que ela quisera dizer que também tinha vontade de me beijar? Mas ela era hetero, e nunca havia estado com alguém antes então porque estaria sentindo isso? Aquela pergunta ficaria martelando em minha cabeça enquanto eu não tomasse uma providencia. Precisava conversar com ela o quanto antes, se fosse verdade... E se fosse verdade o que eu faria? Realizaria o seu desejo e consequentemente o meu também? Teria a coragem de colocá-la em minha vida que era um labirinto de problemas? Iria arriscar fazê-la sofrer? Mas será que conseguiria me manter afastada? O que estava sentindo era tão forte, tão poderoso.

Levantei-me e caminhei até o banheiro, onde escovei os dentes e lavei o rosto, fiquei me encarando em frente ao espelho de cenho franzido, ”Marcella, pense bem antes de fazer qualquer besteira da qual se arrependa depois”, falei mentalmente pra mim mesma. Mas o meu coração já estava totalmente tomado pela loucura de ter Bianca. Como minha avó havia dito existem coisas que simplesmente acontecem, e paixão era uma dessas coisas incontroláveis.

Depois de me arrumar desci para tomar café, a mente ainda tumultuada por aqueles pensamentos, sem duvida alguma isso me dominaria até tomar uma decisão. Depois de me alimentar fui até o escritório cuidar dos assuntos relacionados à empresa, estava tão concentrada que não vi a hora passar até que Roxanne entrou batendo a porta ao passar, pela expressão em seu rosto vi que a coisa não seria bonita e preparei meu espírito. Nossa relação tinha melhorado muito, mas ainda havia os arroubos de juventude que não conseguia controlar.

- Oi Zanne. Já chegou da escola? Não vi que era tão tarde. Como foi seu dia de aula? – Questionei tentando ganhar tempo.

- Sem papo furado ok? Fiquei sabendo que aquele ser que diz ser meu pai vem aqui hoje! Isso é verdade? – Perguntou me encarando com as mãos na cintura.

- Infelizmente sim. – Respondi suspirando

- Você vai me impor a ver a cara dele mesmo? – Disse levantando a sobrancelha.

- Não posso te obrigar a nada, afinal você já é uma “quase” adulta. Porém sou forçada a deixá-lo vir. – Falei cruzando as mãos sob o queixo e a encarando.

- Pois saiba que não quero vê-lo. E ninguém vai me fazer ficar na mesma sala que ele! – Retorquiu batendo o pé.

- É um direito seu, mas infelizmente terá que dizer isso a ele pessoalmente para que seu pai não pense que eu estou coagindo você a se afastar. – Expliquei.

- Que ele pense, não estou nem aí. – Deu de ombros.

- Entendo como se sente. Mas procure entender meu lado também. – Tentei argumentar.

- Eu não suporto nem pensar em olhar pra cara dele. Quanto mais falar. Se eu pudesse o mandaria para os quintos do inferno que é o lugar certo pra pessoas da laia dele. – Disse com a voz dura.

- Nada te impede de fazer isso. Aliás, seria muito bom que ele soubesse o quanto ele é bem quisto por você. – Falei.

- E quanto a Duda? Ela vai ter que ficar com ele? – Estava emburrada.

- No caso de Maria Eduarda nada posso fazer. Ela ainda é um bebê, não tem como se recusar a nada, mas fique tranquila eu já orientei Bianca a não se afastar dele em nenhum momento.

- Não me conformo com isso! Ele nunca se importou conosco, por que agora vem dando uma de santo! Nem conhece a bebê! Não veio vê-la quando nasceu! – Estava até vermelha de indignação.

- Pergunte pra ele. Veremos se tem alguma resposta que não sejam as mentiras de sempre.

- Vou perguntar porr..

- Ei menina! Nada de palavrão! – Esbravejei.

- Como se você não falasse esse tipo de coisa! – Retrucou me mostrando a língua.

- Eu sou eu. Você é você. E não quero ficar ouvindo esse tipo de coisa da sua boca. – Mas no fundo eu sorri com o gesto, ela era realmente parecida demais comigo.

- Sempre assim né? Que saco! – Disse e saiu batendo a porta de novo.

Ai Senhor, me dê mais paciência. Essas visitas me causariam muito mais dor de cabeça do que eu podia desejar. Por mim aquele crápula jamais se aproximaria das crianças, mas estava de pés e mãos atadas. A justiça nem sempre é tão justa assim.

Eram umas três horas quando ele chegou, e mandei que viesse primeiro a minha sala. Queria deixar claro algumas coisas antes de liberar a tal da visita. Ele entrou com aquele sorriso cínico no canto dos lábios.

- Boa tarde querida cunhada. Tudo bem? – Disse debochado.

- Posso dizer que a tarde até que não estava ruim, mas sua presença acabou de estragá-la. E quanto a ser sua querida qualquer coisa, isso nunca vai acontecer pode ter certeza.  – A ira já estava me dominando. - É bom que fique muito claro pra você o quanto me desagrada a sua presença em minha casa, só esta aqui por conta do conselho de minha advogada.

- Ela parece ser uma pessoa bem sensata. – Continuava a ser sarcástico.

- Mas eu não sou Bernardo. Lembre-se disso. – Avisei olhando fixamente pra ele.

- Pode ficar tranquila. Não tenho a mínima intenção de fazer qualquer mal para minhas filhas. São sangue do meu sangue e eu as amo. – Falou calmamente.

- Sério? Como alguém pode ser tão hipócrita? Eu tenho nojo de você. – As palavras praticamente foram cuspidas da minha boca.

- Terminamos? Posso ver as meninas? – Ele me ignorou.

- Roxanne não quer te ver. Vou mandar chamar Bianca para que ela leve Eduarda para o jardim e você possa vê-la.

- Como assim Roxanne não quer me ver? Eu tenho direito de estar com ela! – Estava irritado.

- Direito você até tem, agora quero ver você conseguir obrigá-la! Ela não é mais uma menininha que pode ser manipulada por você. – Foi minha vez de ser insolente.

- Pois quero escutar isso dela. Como vou saber que não está mentindo?

- Vou pedir para alguém avisá-la para que ela mesma diga o que pensa de você.

- Você fez a cabeça da minha filha contra mim, mas vou reconquistá-la. – Ele estava realmente nervoso.

- Eu? Calhorda! Quer dizer que o fato de você ter fugido com uma piranha, deixando a mãe dela grávida e nunca mais ter vindo para vê-la não conta? – Perguntei com nojo.

- Eu estava apaixonado. Isso pode acontecer com qualquer um.

- Apaixonado o cacete! Vai contar essa historinha pra boi dormir pra outra pessoa! Você desfalcou a empresa, e só fugiu com essa idiota pra não ficar sem mulher. Mas com certeza deve ter dado o pé na bunda dela pouco depois!

- Você supõe muita coisa Marcella. Mas nem sempre está certa.

- Enfim não tenho nada a ver com sua vida. Por mim poderia ter até morrido, o que seria um ganho pra a humanidade e teria me feito muito feliz.

- Cuidado com suas palavras, posso achar que isso é uma ameaça. – Ele retrucou.

- Até poderia ser. Mas ainda não é, só espero que não faça nada para que a sentença não se torne uma realidade.

- Não farei.

- Muito bem. Pode ir para o jardim. Não tenho mais nada pra te falar. – Encerrei o assunto e voltei a olhar para os papeis em cima da mesa.

Assim que ele deixou a sala suspirei aliviada, olhar para aquele ser esdrúxulo me deixava mal. Chamei a governanta e pedi que avisasse Roxanne e pedisse para Bianca vir até mim. Logo depois ouvi uma batida na porta.

- Entre.

E ela entrou com Duda nos braços, imediatamente o ar ficou carregado de estática. Estar no mesmo espaço que Bianca provocava em mim tentações que eu não queria sentir. Minha boca secou de desejo da dela. A vontade que eu tinha era esquecer tudo, e tomá-la nos braços, apertar seu corpo de encontro ao meu e roubar o beijo que tanto queria.

- Mandou me chamar dona Marcella? – Sua voz era baixa.

- Ei não tínhamos combinado que não haveria mais essa coisa de dona? – Olhei para ela demonstrando todo o carinho que sentia.

- Desculpe. Eu ainda estou me acostumando. – Ela enrubesceu.

- Tia Cella, Duda quer colo e beijo. – A menininha esticou os bracinhos.

- Minha princesinha. Vou te encher de beijinhos! – Sorri.

Eu caminhei e tomei Dudinha do seu colo e quando nossas mãos se tocaram, senti um tremor percorrer o corpo de Bi. Naquele instante tive certeza de que não tinha entendido errado o fato dela também estar se sentindo atraída por mim. Deixei meus olhos dizerem para ela o quanto aquele toque estava mexendo comigo também. E então seu olhar se voltou para o chão.

Afastei-me um pouco, pois estar tão próxima a ela me deixava muito vulnerável ao meu próprio sentimento e no momento eu não me sentia segura se conseguiria manter minhas mãos longe dela. Brinquei um pouco com Duda que se agarrou ao meu pescoço. Como eu amava aquela menina! Tão parecida com Mariana. Uma saudade veio e se instalou em meu peito. Balancei a cabeça para afastar o pensamento e me virei novamente para falar com Bianca.

- Infelizmente hoje começam as visitas de Bernardo. Ele já está à espera no jardim. Por favor, não se esqueça do que te pedi, fique de olho nele. Não confio nem na sombra daquele mau caráter. – Pedi.

- Pode ficar sossegada Marcella.

- Sei que posso.

- Então vou levar a Eduarda. Qualquer coisa eu te informo. – Caminhou em minha direção.

Assim que ela pegou a criança eu segurei seu braço com delicadeza.

- Bianca, eu gostaria de falar com você assim que o pai das meninas for embora. É possível? – Questionei olhando em seus olhos.

Ela ficou um tempo me encarando sem falar nada, como se estivesse estudando as consequências daquela conversa e se gostaria de tê-la.

- Será mesmo necessário? – Por fim respondeu.

- Sim. É mais do que necessário e você sabe tão bem quanto eu. Temos assuntos pendentes pra resolver. – Falei com calma.

- Marcella, eu...

- Nós vamos fugir disso até quando? Não é melhor resolver logo de uma vez? – Fui firme sem ser rude.

- Não sei se estou preparada...

- Nem saberá se não tentar, concorda?

- Você tem razão. Ok. Assim que ele sair eu deixo a Duda com a Zanne. – Disse com um suspiro.

- Ótimo. Vou estar a sua espera.

Ela saiu da sala e eu fui para a janela. O energúmeno estava parado de cabeça baixa em frente a uma Roxanne que pelos gestos estava acabando com a raça dele. Gostaria de ser um mosquito naquele instante para ouvir cada palavra. E então ele fez uma coisa que me deixou de boca aberta, se ajoelhou em frente a ela com as mãos no rosto. Mas era um crápula mesmo, falso e ordinário! Ia tentar amolecer o coração da filha com suplicas e lágrimas! O meu estômago se revirou.

Porém para minha alegria a menina apenas virou as costas e o deixou ali plantado. Essa era minha sobrinha! Meu peito se encheu de orgulho. Então ele se levantou e pude perceber que suas mãos estavam crispadas ao lado do corpo. Com certeza achou que sua encenação convenceria a filha. Mas não conhecia o gênio da garota, aliás, nada sabia sobre ela, pois mesmo enquanto era casado, nunca tivera tempo pra algo que não fosse ele mesmo.

Assim que Bianca entrou em meu campo de visão eu dei meia volta e voltei a me sentar na cadeira que antes estava ocupando, tentando manter minha mente ativa, mas não consegui. Só pensava em como seria a conversa que teríamos.

Umas duas horas depois, ouvi novamente uma batida na porta e meu coração começou a dançar como um louco em meu peito. O momento havia chegado. Respirei fundo, me levantei e caminhei até a frente da mesa encostando-me a ela.

- Pode entrar. – Disse um pouco agitada.

Ela abriu a porta e ficou parada na soleira como se não conseguisse caminhar para dentro da biblioteca, seus olhos arregalados de medo e expectativa as mãos entrelaçadas na frente do corpo.

- Por favor, Bianca, entre e feche a porta. – Eu a encorajei.

Sem dizer nada, ela deu dois passos para frente e fez o que eu pedi. Fui em sua direção e segurei suas mãos que imediatamente começaram a tremer, estavam suadas e geladas.

- Fique calma. Nós vamos apenas conversar. Não precisa ficar tão agitada. – Tentei acalmá-la.

- Hum hum. – Não conseguia olhar pra mim.

- Venha, sente-se ao meu lado no sofá. - Tentava deixar Bianca o mais confortável possível.

Eu a levei junto comigo, e sentamos uma ao lado da outra. Sua cabeça estava abaixada e suas mãos cruzadas sobre seu colo, ela as estava apertando tanto que as juntas estavam brancas. Eu queria aquela conversa, mas nem sabia por onde começar. Estava tão nervosa quanto ela, porém não podia demonstrar isso.

- Olhe para mim. O que temos pra falar deve ser dito de frente, sem meias palavras, olho no olho. – Levantei a ponta do seu queixo com os dedos.

- Dona Marcella, eu sei que disse uma coisa ontem, mas não sei ... – Começou a falar encabulada.

- Não sabe o que? Não era verdade o que me disse? Não sente vontade de me beijar? – Perguntei sem desviar meus olhos dos dela.

Imediatamente seu rosto de pálido e branco como cera ficou vermelho e quente. Seus lábios começaram a tremer.

- Nossa, a senhora é direta. – Praticamente sussurrou.

- Nada de senhora Bi. E sim, eu costumo ser direta porque acho que assim as coisas se resolvem rapidamente. Sempre que ficamos enrolando sobre algo, a tendência é que se estagne. E eu quero esse assunto terminado quando sairmos desta sala. Mas você não me respondeu, sente algo por mim? Já se imaginou beijando a minha boca? – Indaguei.

- É tudo tão complicado pra mim. Eu não sei como explicar o que sinto. É Tudo novo e confuso. Eu ainda estou tentando entender. – O desespero estava presente em sua voz.

- Imagino que seja, até mesmo por conta da sua criação e tudo o que deve ter aprendido em sua infância. Tudo isso deve ser muito inaudito e estranho pra você. E além de tudo isso o fato de ser virgem e nunca ter ficado com ninguém deve estar mesmo balançando a sua cabeça. – Comentei.

- Não é só por conta da minha criação e ... nem por eu... ser virgem. Mas porque eu nunca havia sentido nada disso antes, por ninguém entende? Nunca experimentei esse sentimento, e nem esse... desejo. – Sua voz foi sumindo a te ficar quase inaudível.

- Entendo. Nunca se sentiu atraída de forma nenhuma por outra pessoa? Nem um menino na época de escola ou algo assim? Uma daquelas paixonites infantis sabe? – Interroguei um pouco abismada.

- Não. Na verdade eu nunca imaginei que sentiria algo assim. Sempre fui uma pessoa solitária. Diferente das demais meninas, nunca me interessei em conhecer o amor. E aí, de repente, eu me vi ...- Parou abruptamente.

- Se viu...

- É difícil de explicar. Não sei o que falar. – Ela balançou a cabeça.

- Tente. – Eu a incentivei.

- Eu tenho sentido coisas estranhas desde a primeira vez que te vi. No momento em que meus olhos cruzaram os seus, eu fiquei sem fôlego me perdi dentro deles. Isso me deixou alterada e desnorteada. – Era notória a sua dificuldade em falar sobre aquilo.

- Sei que deve ter ficado. Principalmente por eu ser mulher não é mesmo? Afinal, isso não é considerado “normal” pela sociedade.

- Sim. Esse foi um dos motivos.

- Nunca conheceu ninguém homossexual antes?

- Já. Mas não tínhamos contato. Não por preconceito, mas eu nunca me aproximei verdadeiramente de ninguém na minha vida. Não tive amigos. Sempre preferi me manter distante. Acho que tive medo de me aproximar das pessoas e elas acabarem me magoando como o meu pai fez.

- Ok. De certa forma está correta. O ser humano adora magoar. E o que você acha de tudo isso que esta acontecendo com você?

- Que é uma loucura! Uma insanidade! Não sei, cheguei a pensar que estava pecando. Não sei o que é normal ou não? Isso que estou sentindo é errado?

- Não Bianca. O desejo é uma coisa comum. Não se julgue louca por se sentir atraída por outra mulher.

- Quando você descobriu, sabe, que era “diferente”, você encarou tudo com naturalidade? – Ela perguntou mordendo os lábios.

- Eu era muito menina quando percebi que me sentia atraída pelo mesmo sex*. Não vou dizer pra você que não me fiz questionamentos, e me senti um pouco intimidada, mas eu tive muita sorte. Minha mãe sempre foi muito amiga e éramos confidentes, então quando contei pra ela o que estava se passando só escutei palavras de carinho e apoio. Ela me fez ver que o amor é uma coisa linda, e não um sentimento para ser entendido, apenas sentido. Então me aceitei sem muitos problemas.

- Teve sorte mesmo, não creio que haja tantas mães assim.

- Infelizmente você esta certa. A maioria não aceita. Muitos pais espancam seus filhos e os expulsam de casa. Eles sofrem muito. O preconceito de dentro do seio familiar machuca muito mais do que o que vem dos de fora. Afinal a família é o nosso suporte, e quando o perdemos ficamos desestabilizados.

- Que crueldade! Como pode? Afinal os pais deviam amar incondicionalmente.

- O mundo é cruel principalmente quando não nos encaixamos nas regras pré definidas por ele. Mas voltando a nós, eu estava com certeza bem “alta” essa madrugada, mas tudo o que eu disse a você realmente é o que eu sinto. Eu estou muito atraída por você. – Disse sem deixar margens para dúvidas.

- Por que eu? Com certeza você pode ter a mulher que quiser. Você é linda, sofisticada, incrível.  Eu sou tão desinteressante, feia, sem jeito.

- Sério mesmo que pensa assim? Bom não é como eu te vejo. Eu te acho bela, encantadora e especial. Pra mim você é perfeita. Bianca há muito tempo que não sentia nada por ninguém. E você acordou meu coração. Despertou em minha alma um carinho e uma vontade imensa de ter novamente alguém para amar. Eu tentei de todas as formas me enganar, e fingir que nada estava acontecendo, porém foi inútil. Eu estou apaixonada por você. Jamais pensei que diria essas palavras novamente, mas acredite elas são reais. Eu quero você pra mim. – Meus olhos mergulharam nos seus.

- Eu acho que... eu... não sei o que eu sinto pois nunca... eu penso que também estou sentindo a mesma coisa. – Titubeou.

- Esta apaixonada por mim? – Perguntei mais uma vez.

- Parece que sim. – dessa vez ela foi mais direta.

- Sendo assim você sabe o que eu quero fazer agora não sabe? – Disse fazendo um carinho em seu rosto.

Ela passou a língua pelos lábios ressequidos e nada mais precisou ser dito. Delicadamente aproximei meu rosto do dela, enquanto tocava seus lábios com a ponta dos dedos, ela fechou os olhos que beijei ternamente, depois desci para a ponta do seu nariz, em seguida deslizei minha boca pelo seu rosto até chegar ao canto de sua boca e por fim meus lábios pousaram suavemente sobre os seus. Comecei a espalhar pequenos beijos sentindo a maciez e suavidade daqueles lábios doces. Então deixei minha língua passear por eles, provando, instigando. Sua respiração ficou pesada e um pequeno suspiro escapou de sua boca. Minhas mãos envolviam sua face, e Bianca pousou a mão em meus ombros. Seu toque trêmulo me instigou a prosseguir e então entreabri seus lábios com a ponta da minha língua...

A porta se abriu de repente e uma Roxanne muito assustada entrou a toda. Imediatamente me levantei, pois pressenti que algo de errado havia acontecido e não queria que ela presenciasse aquela cena entre mim e Bianca. Porém não fui rápida o suficiente e percebi que ela havia notado que algo diferente estava acontecendo ali pela expressão de seu rosto.

- O que houve pra você entrar assim Zanne? Alguma coisa com Maria Eduarda? –  Tentei despistar.

- Não ela esta bem. O que estava acontecendo aqui? – Seu rosto franziu.

- Nada. Eu estava apenas conversando com Bi. Agora diga o que veio fazer aqui e porque entrou como um furacão, sem bater antes. – Estava irritada.

- Ah! Ta bom. É o telefone. Tem uma mulher dizendo que se chama irmã Cecilia e que precisa falar urgentemente com Bianca. Esta desesperada, não entendi direito, mas parece que houve um acidente com alguém chamado Emilia. Ela ficou pedindo desculpas por ter ligado, mas disse que era muito importante, e... Meu Deus, Bianca. – Seus olhos se arregalaram.

Quando olhei pra trás percebi que Bi estava desmaiando, só tive tempo de ampará-la nos braços. Seja o que for que Zanne havia dito, deveria ser muito ruim a ponto de deixá-la naquele estado. Quem será que era Emilia? Deitei a moça no sofá e a deixei sob os cuidados de Roxanne. Sai da sala para atender a mulher ao telefone. Depois de cinco minutos de conversa eu tive a certeza de que estava certa quanto a coisa ser péssima. Aquela seria uma noite longa.

Fim do capítulo