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2121 por Cristiane Schwinden

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Palavras: 3526
Acessos: 8320   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 14 - Limerância

– Acho que ficaremos seguras aqui, espero que as pessoas ainda respeitem esse lugar. – Sam falou, enquanto manobrava o carro para dentro de uma imponente construção antiga, a noite.

Levavam as coisas para a parte mais alta, quando Theo perguntou.

– O que é aqui?

– Uma igreja. É uma bela igreja com estilo gótico. Era.

– Será que tem…

– Não, não tem órgão nem nada parecido. – Sam se antecipou.

– Ah… – Theo carregava o colchão para cima do altar.

– Siga em frente, e coloque à sua direita. Cuidado com os degraus, são cinco. E ainda tem bancos espalhados, então caminhe com cautela por aqui.

– Tem vitrais?

– Sim, alguns ainda estão inteiros, são largos, não tem cenas, apenas símbolos cristãos. O altar está quase vazio, por isso dormiremos aí em cima, só ficou um armário e uma grande cruz marrom ao fundo. Aqui na nave lateral tem um confessionário de algo imitando madeira escura, e tem dois púlpitos próximo ao altar, eles tem um entalhe bonito, deve ter dado trabalho fazer isso. – Sam reparava no grande púlpito à sua frente.

Theo tropeçou nos degraus que davam acesso ao altar, caindo por cima do colchão.

– Tá bom aí, deixe que eu ajeito o resto. – Sam orientou.

Algum tempo depois, conversavam enquanto faziam sua pequena ceia noturna.

– Continua enxergando apenas a claridade? – Sam perguntou, com curiosidade, ao ver Theo tateando a caixa que servia de mesa à sua frente.

– Apenas as luzes.

– Não percebe minha mão à sua frente? – Sam balançava a mão próximo ao seu rosto.

– Assim próximo eu percebo o deslocamento do ar, sei que tem algo se movendo perto do meu rosto. – Theo tateou e pegou um copo que estava a sua frente.

– Você precisa memorizar onde as coisas estão, para poder pegar depois, não é? Como fez agora como o copo. – Sam cortava seu pão.

– Não só memorizar, tenho que fazer as coisas devagar, senão derrubo ou machuco os dedos. Derrubei alguns copos até aprender isso.

– Você ficou duas semanas lá naquela casa, desde que te cegaram, não é?

– Sim, mais ou menos isso. – Theo devolveu o copo lentamente.

– Trabalhou?

– Não.

– Menos mal. – Sam respondeu, pensativa.

– Mas eu estava prestes a voltar ao trabalho, diziam que eu voltaria para cima depois do ano novo.

– Te aterrorizavam.

– É.

– Agora sou eu que te aterrorizo, não é?  – Sam riu, Theo acabou sorrindo também.

– A diferença é que você não me aterroriza por mal.

– Não, nunca. Ok, talvez eu tenha exagerado naquela brincadeira do tiro. E não foi legal falar que te colocaria num abrigo, sendo que eu não queria fazer isso. – Falou, após dar uma mordida em seu pão.

– Você nunca teve contato com outros cegos, nunca conheceu nenhum?

– Havia um homem cego, que frequentou nossa igreja por alguns anos, sempre o via com sua esposa e o filho, mas nunca conversei com ele.

– E eu só conheço sobre o assunto dos filmes que vi, ou de conhecidos de conhecidos, também nunca tive contato. – Theo disse.

Sam ficou um tempo fitando o chão, reflexiva.

– Será que cegos se apaixonam? Será que aquele homem da igreja era apaixonado pela esposa? Sem nunca a ter visto?

– Sam, posso te contar um segredo?

– Claro.

– Cegos são seres humanos. – Falou em confidência.

Ambas sorriram de leve.

– Eu sei, mas como será que funciona na cabeça deles? Será que eles criam uma imagem qualquer, e acreditam que a pessoa é daquele jeito?

– Eles?

– Vocês.

– Temos todos os outros sentidos, e inclusive acabam se aguçando. – Theo respondeu.

– Como você cria a imagem de quem não conhece?

– O visual acaba ficando em segundo plano, a imagem que crio é mais direcionada às sensações, o sensorial acaba se sobressaindo.

– Que fator pesa mais na criação da imagem?

– A voz, sem sombra de dúvida.

– Sério? – Sam perguntou, intrigada.

– A voz diz tanto sobre a pessoa, você não faz ideia. E não é simplesmente a voz, os tons que a pessoa usa em determinadas situações, é o que mais conta na hora de visualizá-la.

– O que mais? – Sam se animava com a conversa e esquecia completamente dos conflitos internos.

– A personalidade, até mesmo o jeito como anda, pisa no chão ao andar. O cheiro, isso também é importante, meu olfato nunca foi tão apurado como agora. O toque, quando há contato físico. E descrição visual também, se alguém me fala como é, ou como tal pessoa é, eu acrescento essas informações ao perfil dela.

– Então é bem mais sensorial que visual, você monta uma espécie de vulto borrado mas com cheiro e voz. – Sam riu.

– Por aí. Ah, faltou o visual pelos dedos, pelo tato, isso ajuda bastante na montagem do visual. Eu agora tenho uma visão melhor do seu pescoço, da sua perna mecânica, da sua cicatriz no peito, e das suas costas. São os lugares que vi com minhas mãos.

– E minha mão também, você já está cansada de vê-la. – Sam completou.

– E sua mão. Eu gosto da sua mão, e o jeito como segura a minha.

Sam moveu a cabeça, sem jeito.

– Como é a imagem que você tem de mim? – Sam perguntou, com timidez.

– É uma boa imagem.

– Não, diga o que realmente acha. – Sam insistia.

– Você quer a resposta com sinceridade?

– Por gentileza, com toda a sinceridade possível.

– Bom. Talvez você agrade os padrões europeus de beleza, mas acho você bem mais ou menos.

– Algo entre ‘nossa, que monstrinho’ e ‘nasça de novo’?

– Não, não é para tanto. Acho que você tem uma beleza interior, talvez sem muitos atributos físicos, mas com um bom coração.

– Hum, obrigada pela sinceridade.

Theo sorriu de forma aberta, antes de voltar a falar.

– Como eu queria estar vendo sua reação.

– Ãhn?

– Eu estou brincando, meu anjo. Eu sei que você é uma mulher linda. Daquelas que qualquer pessoa se apaixona à primeira vista.

– Você está falando sério agora?

– Agora sim. Você é uma garota bonita, mas eu prefiro a sua beleza que não se enxerga. Eu adoro sua voz, você consegue ser incrivelmente doce às vezes, eu sei quando você está sorrindo, eu escuto seu sorriso. E eu gosto do seu cheiro, é realmente bom. Fiquei feliz quando você parou de me arrastar pelo braço, porque você segura minha mão de forma firme, mas também com cuidado, com carinho.

Sam baixou sua cabeça, com um sorrisinho tímido nos lábios.

– Você realmente gosta da minha mão. – Sam falou, ainda sorrindo.

– Nessas condições, é bem reconfortante tem uma mão para segurar. Ok, agora que terminei de inflar seu ego, me passe o biscoito.

Sam atirou o pacote de biscoitos nela.

– Hey!

– Vá se deitar, vou mudar o carro de lugar, ali está visível da rua.

***

 

Theo não conseguia dormir, talvez fosse o excesso de claridade que entrava pelos janelões de vitrais naquela noite de lua cheia.

– Sam?

– Ãhn? – Sam despertou do quase sono.

– Você está virada para cá?

– Eu não ronco.

– Eu sei, mas você está virada para cá?

– Não, para fora.

Theo ergueu sua mão direita e pousou no braço de Sam, com delicadeza. Corria de forma curiosa e lenta com sua mão e dedos, subindo pelo braço. Sam usava uma camiseta branca de mangas curtas.

Sam despertou de verdade, arregalando os olhos, apreensiva.

Chegou ao ombro e continuou os movimentos exploratórios, não tinha pressa, parecia querer decorar cada pedaço percorrido, gravava as informações com seus dedos.

Deslizou pelo pescoço, arrancando arrepios de sua explorada, que estava paralisada e quase apavorada.

Subiu pela nuca, e quando seus dedos contemplavam as curvas de sua orelha, Sam virou-se. Theo, no susto, tirou sua mão, a deixando erguida. Sam buscou a mão ainda no ar, e a pousou em seu rosto, em sua bochecha, cobrindo parcialmente sua boca. Então tirou sua mão de cima da dela. Theo entendeu, e começou a ver o rosto de Sam.

Cada toque, cada movimento, acelerava o coração de Sam, como um bálsamo adormecendo seu cérebro, as batidas de seu coração artificial sobressaiam-se, anulando qualquer pensamento.

Os dedos conheceram seus olhos, que fecharam-se ao contato. Sobrancelhas, testa, e descia agora. Nariz, aquele sinal ao lado, bochecha, as linhas de seu rosto quase quadrado e o queixo. Sam mantinha os olhos fechados, sua respiração era forte e audível, não estava mais no mundo real. Theo subiu os dedos: boca, lábios. Sam abriu os olhos, fitou o azul curioso e astuto à sua frente, entreabriu seus lábios, colocou sua mão em cima da mão de Theo, a tirando. Inclinou subitamente para frente, e a beijou.

Theo assustou-se com aquela presença inesperada em seus lábios, mas alguns segundos depois, já correspondia às intenções de Sam, que a beijava como se aquilo fosse mais importante que colocar ar em seus pulmões, e segurava firmemente sua nuca.

Nenhum pensamento racional ousava atrapalhar aquela desordem de sensações em Sam, que queria mais, ela queria Theo. Num rápido movimento, projetou-se por cima dela, Theo a abraçou firmemente, sem abandonar o beijo que flertava com o intenso, um beijo febril.

Mas a consciência surgiu, e Sam interrompeu o beijo, a fitando com semblante transtornado.

– Meu Deus, o que estou fazendo?? – As palavras saíram entrecortadas por sua respiração forte e rápida.

Theo estava sem ação, com as mãos ainda paralisadas no ar.

– Isso está errado. – Sam continuou, e a fitava. – Isso é loucura.

E saiu de cima de Theo, deitando ao seu lado, com um olhar perturbado e a respiração voltando ao normal.

Foram segundos silenciosos e infinitos.

– Me desculpe… – Theo irrompeu o silêncio.

– Não, eu peço desculpas. – Sam respondeu, firme.

– Eu não deve…

– Theo, a culpa é minha. – Sam a interrompeu. – Eu preciso assumir meus atos. Eu errei, e peço desculpas.

– Ok. – Theo praticamente assoprou.

Sam estava confusa demais para qualquer tipo de conversa.

– Vou ao banheiro.

Levantou-se rapidamente e foi até o banheiro da sacristia, que ela havia adaptado ao uso. Do volume de água ao lado da pia, molhava lentamente suas mãos e esfregava pelo rosto, como se tentando recuperar sua sanidade e racionalidade. Mas o gosto de Theo permanecia em seus lábios, deixando sua batalha interna ainda mais cruel.

– Que merd* você pensa que está fazendo? – Perguntava a si mesma, em voz baixa. Nunca imaginou que dois sentimentos tão controversos pudessem manifestar-se ao mesmo tempo: prazer e culpa.

Voltou ao colchão, Theo continuava acordada, com os olhos correndo o nada no teto e as mãos segurando o cobertor acima do seu peito.

Deitou-se silenciosamente ao seu lado, a acompanhando na observação do nada no teto.

– Não pense nisso… – Theo falou, encabulada.

– Conversamos amanhã. – Sam respondeu, e virou-se para o outro lado.

Ambas levaram algumas boas horas para finalmente adormecer. Quando Sam acordou com seu comunicador bipando, olhou para o lado e desejou esquecer o que acontecera naquela noite, não sabia como lidar com Theo e aquele rompante de desejo que fugiu de algum lugar de dentro do seu eu visceral.

Ela não sabia se havia algo quebrado ou consertado dentro dela. Doía olhar para Theo.

Levantou mas não foi ao banheiro, nem falar com sua irmã, muito menos preparar o café. Deu alguns passos inseguros nos degraus de mármore branco e caminhou até o final do conglomerado de bancos negros compridos, sentou-se e uniu suas mãos em seu colo, fitando a cruz marrom à sua frente.

– Senhor… – Sam orava numa prece quase silenciosa. – Me afaste das tentações, me guie para o caminho de luz, para a retidão, longe do pecado da carne, salva meu coração.

Sam olhava a cruz de forma sofrida, sentia como se aquela pesada cruz de madeira estivesse agora em seus ombros.

– Se estás me testando, me oriente, me deixe mais forte, me ajude a tomar as decisões certas. Minha fé é grande, mas preciso que me fortaleças. Não permitas que eu sucumba no meio do caminho… Por favor, tire isso de dentro de mim. – Esfregou seu rosto com ambas as mãos, inclinando-se para frente.

– Isso é loucura… Está tão errado. Eu não posso estragar minha vida e meu futuro com esses impulsos juvenis, me ajude, Senhor, me ajude…

Apertou as mãos unidas, suspirando pesadamente, e finalizou sua prece.

– E me perdoe pelo que fiz.

Terminava uma Ave Maria quando viu Theo acordando. A garota virou-se e correu a mão pelo colchão ao seu lado, procurando por ela. Ergueu-se num cotovelo, corria os olhos ao redor, compenetrada, parecia tentar ouvir algo.

– Sam?

Sam continuava apenas assistindo, ouviu Theo a chamando novamente, sem resposta.

Theo levantou-se, caminhou atentamente pelos degraus, devagar. Já na nave central, esbarrava nos bancos compridos de madeira, caminhando na direção do carro, na posição onde Sam havia colocado antes de mudar de lugar, e não o encontrou.

– Sam? Manifeste-se.

Ficou por alguns instantes ali parada de pé, tentando ouvir qualquer coisa ao seu redor, mas havia apenas a observação silenciosa de Sam mais ao fundo.

– Por favor, me diga que não foi embora. Sam?

Voltava para os degraus do altar quando topou com seu pé descalço em um dos bancos, curvando-se imediatamente, com um semblante dolorido.

– Merda! – Segurava o pé erguido, percebeu que estava sangrando. – Ótimo, era o que me faltava…

– Acho que você vai perder a unha.

– Onde você estava?? – Theo indagou, assustada.

– Ocupada. Vem, estou indo para o banheiro, te dou uma carona. – Sam tomou sua mão.

Sam não falava num tom hostil, mas sua voz parecia debilitada, cinza.

 

– Aqui, enxugue-se. – Sam entregou-lhe uma toalha, havia terminado suas funções no banheiro.

– Vai ter café hoje?

Sam sacou o comunicador do bolso, que tocava. Era sua irmã. Fechou os olhos incomodada, esfregando os dedos neles.

– Pensarei no seu caso. Eu já volto, junte tudo que encontrar aqui e leve para o carro.

– Onde está o carro? – Theo perguntou, enquanto enxugava seu rosto.

– Do lado oposto de onde estava, descendo os degraus, logo a esquerda. Aproveite e guarde as outras coisas no carro também. – Deu uma olhada no pé dela. – Não suje o carro com sangue, ok?

Sam subiu uma escadaria curva, que dava ao mezanino na parte traseira da igreja.

– Hum, um órgão. – Percebeu com surpresa.

Sentou-se no banco do velho órgão de tubos e atendeu sua irmã.

– Samantha, como eu queria que você estivesse aqui.

– Por que?

– Nosso pai, para variar. Não quer mais ir na fisioterapia, Sally já gastou todo seu latim tentando convencê-lo, pediu minha ajuda, mas é tudo comigo, jogam todos os problemas nas minhas costas.

– Mas ele piorou?

– Tá na mesma, mas vai piorar parando desse jeito, ele sequer se exercita, está com a pressão alta. Se você estivesse aqui pelo menos dividiria esses fardos comigo, mas todo mundo só me traz problemas.

– Lynn, eu beijei Theo.

– Perfeito, e você vem com piadinhas quando eu estou falando sério.

– Não é piada.

– Não? Mas você a impediu, não impediu?

– Eu que tomei a iniciativa.

– Você enlouqueceu de vez?? Essa garota está te drogando? Coloque no viva voz, vou conversar com ela.

– Não, você não vai, ela não tem nada a ver com a situação.

– Nada a ver?? – Respondeu jocosamente. – Ela está te seduzindo, te cercando de todos os lados, e não tem nada a ver? Onde você arranjou essa garota?

– Ela… Ela apareceu na rua, pedindo socorro.

– Viu? Você nem sabe de onde ela veio, não sabe suas intenções, ela já poderia estar com algum plano armado, para roubar a primeira pessoa que fosse idiota o suficiente para acolhê-la. E você caiu.

– Ela não vai me roubar.

– Por que ainda não o fez? Ela pode estar esperando o momento certo de se livrar de você, e que Deus me perdoe, talvez até matar você e ficar com suas coisas. Ela pode ter comparsas, uma quadrilha, pode ser uma profissional nesses golpes.

– Quanta maluquice, Lynn, ela nem enxerga, e eu sei de onde ela veio, ela estava fugindo de um bordel, estava presa lá.

– Bordel?

– É. – Sam se dava conta que não deveria ter dado essa informação.

– Ela saiu de um prostíbulo? É uma prostituta? Você está acolhendo e fazendo sabe-se lá o quê com uma prostituta?? – Lindsay vociferava.

– Eu não estou fazendo nada, e ela era mantida lá contra a vontade. – Sam moveu a mão com impaciência. – Mas não importa, ela está bem longe daquele lugar agora, ela nunca mais vai fazer esse tipo de coisa.

– Mas ainda é uma mulher da vida, sempre será. Jesus Cristo! Como você fala isso com naturalidade? Que nojo!

Sam respirou fundo antes de falar.

– Irmã, eu não vou pedir que se coloque no meu lugar e entenda, porque nem eu estou conseguindo lidar com tudo que estou enfrentando, mas tente não a julgar tão ferozmente, ela é apenas uma garota tentando sobreviver, não é muito diferente de mim.

– Ah, ela é bem diferente de você. Mas que se dane essa menina, só não faça mais nenhuma asneira desse tipo, ok? Não encoste nessa garota, não encoste sequer em suas roupas.

– Eu sei, não farei, eu vou conversar com ela hoje e deixar isso bem claro, que foi um deslize meu e não vai se repetir.

– Ótimo, é a primeira coisa sensata que ouço hoje. Você não é mais criança, coloque Deus no coração e se comporte como uma mulher cristã e de valores. Meu Deus, Mike! Ele não pode saber disso, ele te largaria, não conte à ele.

– Não saberá.

– Mike é seu norte, seu protetor, e em breve será o provedor da sua família. Cultive a relação de vocês para que não acabe o perdendo. Você deve saber como é difícil encontrar um homem cristão e honrado como ele hoje em dia, ainda mais que você tem essa… essa deficiência física, isso afugenta as pessoas.

Sam sentiu a garganta se fechando.

– Não vou perder Mike, fique tranquila. Tenho que desligar e pegar a estrada.

 

Sam desceu do coro com passadas lentas e desanimadas, caminhou pelo centro da nave, cabisbaixa. Chegou ao carro, onde Theo estava sentada com as pernas para fora, cuidado do dedo do pé, a caixa metálica de primeiros socorros estava no chão, ao seu lado.

Abaixou-se, olhando de perto.

– Acho que você vai perder a unha.

– Estou justamente tentando impedir que isto aconteça.

– Ok, só não suje a caixa médica. Quando terminar venha comigo.

– Onde?

– Terminou?

– Não.

– Então termine.

Sam ajeitava as coisas guardadas por Theo dentro do carro, ao terminar voltou a ficar à frente dela.

– O curativo está no lugar certo? – Theo perguntou.

– Mais ou menos, espera, vou ajeitar isso.

Depois de mexer alguns segundos, Sam levantou-se.

– Pronto, você já pode calçar suas botas, tome. – As entregou.

Ela calçou devagar, e Sam a conduziu pela mão, até o coro.

– Onde estamos indo? – A seguia mancando.

– Preciso de um pouco de música, e você vai providenciar. – Disse já subindo as escadas.

A acomodou no banquinho de madeira branco, e mostrou às teclas à sua frente.

– Você achou um órgão!

– Deve estar desafinado, mas depois eu contrato alguém para afinar para você.

– Um luthier.

– Isso aí.

Theo começou a tocar, com animação, Sam recostou na mureta do mezanino, ouvia de braços cruzados. Na metade da música, Sam reclamou.

– O que é?

– Vivaldi, o inverno. – Theo interrompeu a música.

– Não tem nada mais animado?

– Hum… A primavera?

– Vá em frente.

Theo voltou para a dança dos dedos pelas teclas acinzentadas do velho órgão, arrancando um sorriso torto de Sam.

– Mais uma? – Theo perguntou, ao final.

– Ok, mais uma.

Theo pensou por um momento, com as mãos no teclado, e começou o dedilhar, parecia dedicar-se compenetrada e ao mesmo tempo de forma prazerosa, tocava com os olhos fechados.

– Vivaldi também? – Sam interrompeu logo no início, mas sem que ela parasse de tocar.

– Não, Metallica.

– Metallica? – Sam perguntou, com estranheza.

– Conhece? É da época do Bowie. Nothing Else Matters.

– Já ouvi falar, prossiga, eu gostei. – Sam logo também fechou seus olhos.

E assim ambas se transformaram em música. Apenas de olhos fechados era possível ver a linha que as unia.

 

Limerância: Estado cognitivo e emocional involuntário, no qual uma pessoa sente um intenso desejo romântico para com outra pessoa.

Fim do capítulo


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Comentários para 14 - Capítulo 14 - Limerância:
Ana_Clara
Ana_Clara

Em: 09/12/2015

Algumas vezes a Lin tem razão nas coisas que diz, porém vai explicar para o coração. É muito complicada a situação da Sam, mas ela apenas deve ouvir seu coração e correr pro abraço. kkkkk Foi delicioso o bejio que elas trocaram, com certeza a próxima ação será fazer um amor delicioso no abrigo.

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viiihellen
viiihellen

Em: 11/11/2015

To adorando demaiss!!! Essas duas ainda vão brigar muito pra se entenderem.

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jake
jake

Em: 11/11/2015

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