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The Gift por Nadine Helgenberger

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Palavras: 8803
Acessos: 25231   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 18 - Muitas emoções e uma luz no fim do túnel…

 

Cheguei ao aeroporto movida por uma força que nem eu sabia que tinha. Não era guiada pelas pernas e sim por uma necessidade quase sufocante de entender coisas que tinha negligenciado ao longo da vida, talvez por medo das respostas, ou ainda por desconhecer se elas tinham uma razão logica. De repente tudo fervia na minha cabeça, meu corpo reagia de forma estranha diante dos meus anseios...sentia-me inerte e ao mesmo tempo pulsante. Precisava daquela viagem...muito. Provavelmente não descobriria nada que me fizesse ver as coisas sob outro prisma...teria a capacidade de sofrer? Teria a capacidade de questionar? Nunca obtive resposta...será que alguma vez questionei com veemência? Será que algum dia quis saber, ou o medo da verdade simplesmente me tolhera?

 

Andei pelo aeroporto por alguns longos minutos sem saber para onde ir. Eu não era muito dada a rompantes, sempre tudo era pensado nos mínimos detalhes mas naquele momento se pensasse muito desistiria e eu não queria desistir.

 

Portland, era esse o meu destino no cartão de embarque, senti frio na barriga, cabeça às voltas...há tanto tempo não colocava os meus pés naquela cidade...faltava algum tempo ainda...

 

Entrei na área de partida, tanta gente...gente sorrindo, feliz, outros apressados, e eu sentindo-me estranha, aérea, vaga, quase doida...e o som ambiente do gare tocava Crazy de Seal...tive vontade de rir da ironia...sentia-me doida, e era uma loucura que me empurrava para a descoberta de mim mesma...

No avião sentei-me sozinha. Ia para casa...casa? Que confusão...o voo partiu e minhas incertezas aumentaram.


********************


Skya saiu do ensaio e correu para o apartamento de Catherine. Não conseguia falar com ela pelo telefone e queria compartilhar seus anseios, receios...

Rebeka dizia que era tudo sem fundamento porque ela estava muito bem na performance, os restantes músicos partilhavam da mesma opinião mas ela sentia alguma insegurança e ainda bem que assim era, pois permitia-lhe sempre aprimorar.

As responsabilidades acresciam, o próximo concerto seria coisa grande, se tudo desse certo faria uma turné pelos Estados Unidos com o Metropolitan...ansiedade.

No caminho para o apartamento de Catherine não conseguia parar de sorrir. Os últimos dias tinham sido tão intensos, maravilhosamente intensos. Ainda não sabia onde aquela nova fase a levaria mas estava disposta a correr todos os riscos. A leveza de estar ao lado daquela mulher, a sensação de pertença que sentia cada vez que estavam juntas, transformava medo em esperança. Os olhos de Catherine eram claros e ela podia mergulhar neles e permanecer...

Ela não estava em casa e o porteiro não soubera dizer se saíra cedo ou se voltaria. A sensação que Skya teve foi que ele sabia sim de alguma coisa mas não dissera. Ponto para ele, porteiros devem sempre ser discretos em relação à vida dos moradores.

Mais uma tentativa de ligar para o celular, em vão. Desligado.

Andou sem destino pelas ruas do bairro onde Catherine morava até que pensou em Rebeka, claro. Elas trabalhavam juntas e com certeza saberia da chefe...

Com o coração agitado no peito, ligou para a amiga para certificar-se de que ela estava em casa. Poderia estar no trabalho já que Catherine era workaholic ou então com Karen e a bebé. Não tinham ensaiado juntas porque estavam ainda nas cordas, faltava algum tempo até entrar sopro e demais instrumentos.

Rebeka tinha acabado de chegar em casa e a aguardava.


********************



--Que fome é essa dona Rebeka?

Risos.

--Estou faminta mesmo, era capaz de comer um boi...deve ser TPM...

--Doida...mas tens razão, a comida da tua mãe é uma delícia.

--E ela ainda teve o desplante de dizer que não ficou muito bom porque fez às pressas para poder cuidar de Esperanza...agora tudo é essa menina.

Gargalhadas.

--Ciúme de um bebé de dias? Nem parece teu, senhorita magnânima...- Risos.

--Que ciúme? Adoro a minha prima, viste como ela é linda? A cara da Karen, que o tio Juan não me ouça. Eles estão tão felizes, graças a Deus. A Karen está forte de novo e cheia de energia para cuidar da filha.

--Ainda bem que tudo não passou de um susto...e tu ficas como secretária até quando?

--Ela tem direito a 3 meses de licença maternidade mas é tão doida pelo trabalho que já está a pensar na melhor forma de voltar antes...

--Então ainda ficas? Mas e o nosso concerto monumental, esse que vai exigir muito de nós nos próximos dias?

--Sem problema de foco, agora que a Cathe viajou vou poder dedicar-me exclusivamente à minha arte.

Skya acreditou não ter ouvido direito mas ainda assim sentiu um leve desconforto que a obrigou a sentar-se.

Rebeka percebeu a alteração no semblante.

--Tudo bem? Ah, já entendi...saudades da musa não é mesmo? A senhorita não me contou nada mas percebi que as coisas evoluíram...

--A Catherine viajou? - Skya interrompeu a amiga já sentindo um trago amargo na boca.

Rebeka olhou-a sem entender muito bem a pergunta...

--Sim...não sabias?

Skya não respondeu. Andou até à varanda e sentiu um peso estanho no corpo, ou na alma...

--Skya...

--Não...

--Mas...pensei que...

--Também pensei a mesma coisa e ao que tudo indica estava errada...mais uma vez...

--Calma Skya...deve haver uma explicação.

--Que é bastante óbvia, ou não?

Rebeka não respondeu. Não sabia o que dizer...

Algum tempo depois de um silêncio cortante.

--Qual foi o destino dela?

--Não sei...

--Ah...

--Sério. Ela apenas chegou na empresa decidida a viajar, falou com os chefes e logo autorizaram...mas acho que mesmo que não autorizassem ela iria embora. Despediu-se de mim, agradeceu pela ajuda e foi embora. Parecia ter pressa...

Skya suspirou e olhou para a amiga com olhos suplicantes. Queria entender mas Rebeka não tinha como ajudar.

--Ela não te disse nada?

--Nem uma palavra...a última vez que estivemos juntas foi tão bom...não entendo, será que me enganei mais uma vez?

--Calma Skya...ela deve ter tido algum problema...

--A ponto de sair quase fugida daqui? Eu não merecia uma palavra? Quem é essa mulher afinal que num momento é um doce, humana, alguém que me dá vontade de estar junto sempre, alguém que me ensina e que se permite aprender comigo ainda que eu seja muito mais jovem...alguém tão encantador, cativante, envolvente...e agora isso? A mim parece descaso...não sei o que pensar Rebeka...não sei...

--Gostas tanto assim dela?

--Mais do que pretendia ou do que seria razoável...não aprendo com os meus erros...

--Não digas isso Skya...

--Tudo bem, vamos focar no trabalho. Eu preciso estar perfeita nas minhas cordas dentro de dias...é isso que importa. Vou ensaiar até não ter mais forças mas o concerto será um sucesso retumbante.

Ela sorriu enquanto era abraçada pela amiga que pôde sentir o coração batendo loucamente no seu peito.


********************


Passei apenas algumas horas em Portland e logo peguei a estrada que me levaria a Lubec. Vivia uma espécie de dilema, por um lado queria chegar logo às minhas raízes e tentar entender alguma coisa, por outro, queria ficar onde estava, tinha medo de verdades...medo.

Entretanto, como sempre tentava pautar-me pela coragem, aluguei um carro e segui viagem a principio pelo litoral e de seguida pelo interior do Maine.

A viagem pelo litoral permitiu-me devanear pelos cenários quase idílicos, praias lindas, rochedos, penhascos, enseadas...lindo e quase sempre desertos. O lugar era perfeito para encontros com a própria alma e era disso que precisava. Parei para respirar, sentir a brisa fria na pele, perder a vista no horizonte longínquo...queria ganhar tempo e sentia-me na posse de todo o tempo do mundo...estranho.

Com mais força e com certeza muito mais coragem, segui pelo interior. Como essa terra é linda e quase virgem...uma bênção.

Não tardou para que Alces de todos os tamanhos passassem a fazer parte do cenário e até certo ponto a minha única companhia. Eles corriam velozes, livres e felizes...lembrei-me de alguns extratos da minha infância...lembranças vagas, desconexas, fio sem meada...

Segui viagem. Quase chegando em Lubec, parei no farol Quoddy Head e aí sim tive fortes lembranças da minha infância e sorri. Não sabia se de felicidade ou nostalgia, mas aquele farol representava muita coisa para mim...

Minha terra era linda e surpreendentemente me sentia bem...ou quase isso. Há tanto anos que não aparecia por lá e a sensação era de reencontro, regaste...passei algumas horas no farol e pude deliciar-me com um por do sol magistral. As forças para enfrentar a minha história aumentavam, assim como a ansiedade...

Pensei em ir para um hotel e aparecer em casa do meu pai apenas na manhã seguinte mas a ansiedade não permitiu...

O carro levou-me à casa do meu pai e nem sei como dei as coordenadas. Ele vivia numa casa perto do lago de um lado e do mar do outro. Não era a mesma casa pequena de quando eu vivia ali. Essa era linda e parecia muito bem cuidada, pelo menos do lado de fora que era onde me encontrava quase escondida dentro do carro.

Minhas mãos estavam geladas, minha boca seca e o coração em disparada...quase voltei para o hotel. Pensei em ligar à Susan suplicando por luzes mas desisti...a vida era minha, a história teria de ser conduzida por mim...

Sufoco na alma. Liguei a rádio do carro enquanto esfregava as mãos de ansiedade. Tocava uma música perfeita...Sopro do coração dos Clã...viajei na melodia...turbilhão de emoções.

Ao fim de meia hora desci do carro e caminhei para a entrada lateral. Minhas pernas estavam pesadas e meu corpo parecia em formigamento...anos sem ver o meu pai...anos sem me interessar...anos vivendo como se tivesse brotado de uma flor qualquer...anos sem entender minha vida e sem ânimo para maiores questionamentos...era feliz? Talvez, mas agora não bastava mais...queria explicações, queria saber se alguém me amava, ou se já tinha amado...queria saber...ser melhor, por mim, pelos que me rodeavam...pela Esperanza...minha esperança num mundo melhor...Skya...Skya não me saía da cabeça...Skya...queria ser merecedora do carinho daquela menina, queria ser merecedora do afeto que via nos seus olhos, nos atos...merecedora do desejo que ela sentia por mim e que quase era possível palpar...estava confusa mas a hora era aquela.

Atravessava o jardim quando dei de cara com Bill...era o meu pai. Não o via há seculos, mas era ele. Mais velho mas com muito bom aspeto, parecia estar feliz, tranquilo pelo menos...

Fiquei especada e ele também. Passou a mão nos olhos como que a certificar-se que a imagem era minha e não apenas ilusão. Ele carregava uma cesta de peixes...sempre a paixão pela pesca, aliás ele vivia disso, pelo menos era essa a informação que tinha...mas tinha passado tanto tempo...ele tinha uma empresa de transformação de pescado, frutos do mar...ou não tinha mais?

--Catherine? És tu minha filha? Tanto tempo...dizem que pareces comigo então...eu me vejo aí com 25 anos, mas és mais bonita minha filha...Catherine...

Tive vontade de rir, não entendi muito bem essa súbita vontade de rir, mas ele estava certo...nós nos parecíamos...meu pai...

--Bill...--Finalmente consegui balbuciar uma palavra.

Ele pousou o cesto de peixe na grama e me abraçou sem colocar as mãos na minha pele por estarem fedendo a peixe, palavras dele.

Não sei definir o que senti, mas a sensação era boa. Acolhimento.

--Vamos entrar minha filha. Tem mala ou ao menos uma bolsa com roupas?

--Sim...

Ele andou depressa em direção ao carro e pegou meu carry on, sempre sorrindo.

Dentro da casa, bastante acolhedora, ele falava sem parar e eu não sabia o que fazer. Se sentava, ficava de pé, se dizia alguma coisa ou apenas ouvia...

--Não me avisaste que vinhas, eu teria preparado uma lagosta à moda do Bill para ti minha filha...há tanto tempo...estás tão bonita...

--É...vim sem avisar...- "Nem eu mesma sabia que queria ou precisava muito vir".

--Mas não interessa, vou preparar um peixe maravilhoso para nós e tem torta de blueberry também, mas claro que não fui eu o mestre dessa obra...

Ele riu e eu sorri.

--Ganhei de presente das filhas do velho Bern, elas vieram da Califórnia e ele está todo feliz, mas agora eu também tenho assunto para discutir no bar ao final da noite...minha Cathe está de volta. Lembras do Bern e das filhas? A mulher morreu vocês ainda eram meninas...

Ele falava pelos cotovelos e às vezes eu não conseguia acompanhar.

--Não...

--Ele lembra de ti. A Sam é da tua idade e a Charlie um pouco mais nova...elas não devem lembrar de ti, foi há tanto tempo...

--Pois...

--A Sam não tem filhos mas a Charlie tem um casal. O Bern está doido por esses dias, casa cheia...

Ele falava e ia fazendo as coisas. O peixe já estava limpo e temperado e ele cortava legumes, temperos...pensei em ajudar mas eu não entendia nada de cozinha.

-- Filha, que cabeça a minha...vem, vou mostrar-te o quarto.

Limitava-me a segui-lo casa adentro. O quarto era simples e muito limpo, tinha janelas enormes com uma vista para a floresta que de dia deveria ser soberba. Ele mostrou-me tudo e saiu em direção à cozinha para terminar o nosso jantar.

Sentei-me na cama enorme olhei tudo à volta com interesse. Era notório que um homem vivia ali, não tinha os detalhes femininos mas tudo estava bem organizado, havia harmonia.

Tirei algumas coisas da mala e dirigi-me ao banheiro que ficava ao lado do meu quarto. Também muito limpo e organizado. Tomei um banho de alguns minutos, precisava organizar a mente. No jantar teria de conversar e não apenas ouvir o meu pai falar sem parar...meu pai, estranho...

Mais uma vez pensei em Susan...ela sempre tinha a coisa certa para me dizer, mas agora estava sozinha e tinha que seguir em frente.

Permaneci no quarto por algum tempo, primeiro arrumei minhas poucas roupas na comoda, olhei tudo ao redor...era bom estar ali. Quem adoraria correr por aquela casa com certeza seria Scoutie. Sorri ao lembrar dele, até pensara em trazê-lo mas diante das incertezas da minha viagem, preferi deixá-lo mais uma vez aos cuidados de Susan e Ciara. Agora sabia que ele era bem-vindo já que a namorada da minha amiga fizera questão de me dizer pela própria boca...Ciara, de inimiga número 1 passara a salvadora da pátria ao doar sangue a Karen. As coisas mudam numa velocidade que às vezes nos deixam tontas...Ciara era mais do que a aparente antipatia por mim, ela era humana, que bom para Susan e Scoutie...que bom para Karen e Esperanza...que bom para mim...

O cheiro bom de peixe assado aguçou minha vontade de estar à mesa com o meu pai. Ainda era estranho referir-se a ele assim, mas tinha-me acolhido tão bem...

O jantar estava perfeito, do prato principal à sobremesa. Que torta maravilhosa e que me remetia a coisas boas, pelo menos no paladar...

--A torta está muito boa, já exagerei...

--Sim, três pedaços...não é muito?

--Queres saber se tenho diabetes, pressão alta e essas coisas todas sempre companheiras dos velhos?

Ele riu alto e eu sorri batendo a cabeça.

--Minha saúde é de ferro, sou um velho lobo-do-mar e nada me derruba...já deixei para trás tudo o que não me fazia bem...

Por momentos ele pareceu ficar mais emocionado mas imediatamente continuou a falar sem parar.

O jantar seguiu no mesmo clima ameno, conversas leves. Ele contou experiências no mar, experiências com os poucos amigos que assim como ele resistiam nas terras solitárias do Maine...falou sem parar e eu ouvi.

Não sei se ele falava para não me ouvir ou se estava emocionado e de certa forma elétrico, eu não o conhecia...mas para mim, naquele primeiro impacto, era bom que assim fosse. Eu precisava sentir-me mais confiante para poder aprofundar-me nas questões e de certa forma aquela conversa sem muitas pretensões deixava-me mais tranquila. Sabia que a qualquer momento minhas inquietações aflorariam e talvez a conversa deixasse de ser fluida, amena...mas por ora era bom ouvir as histórias do velho Bill...meu pai.


********************


O ensaio já tinha sido interrompido inúmeras vezes e quase sempre por erros de Skya. Ela não conseguia manter a concentração e muito menos a destreza necessária nos dedos. O grupo era tranquilo, muitos jovens como ela, mas o maestro já não estava com a mesma paciência.

Rebeka pediu um tempo para descanso e carregou Skya para longe da pressão.

--Eu sei que não posso deixar problemas pessoais interferir na minha performance, ainda mais que não se trata de um solo e logo tenho que respeitar os meus colegas, músicos dedicados, mas às vezes eu perco-me Rebeka...o silêncio ou o descaso de Catherine minam as minhas esperanças de que o ser humano vale a pena. Custa ela dizer que cansou de mim, que a aventura de poucos dias acabou? Custa?

--E se não for isso Skya?

--Ah não? É o quê então? Sadismo? Prazer em ver os outros sofrer?

--Nós não podemos concluir assim...a Cathe deve ter os seus motivos para agir assim...

--Sim, mas ela não estava sozinha...tudo bem que posso não significar nada de especial para ela, mas fiquei dias ao lado dela...eu gosto dela Bekie...gosto demais de alguém que sequer se dá ao trabalho de me enviar um sms a dizer olá idiota...

--Para Skya, tu não és idiota e haverá uma explicação para essa viagem dela...o que precisas agora é de concentração, temos um concerto e quiçá uma turné nacional.

Rebeka sorriu tentando encorajar a amiga.

--Estás certa. Tenho uma satisfação a dar ao meu maestro, temos um show para dar e vai ser majestoso.

--É assim que eu gosto.

Voltaram ao ensaio e Skya não errou mais. Tocou em conjunto, sozinha, tocou até doerem-lhe os dedos, costas...tocou para expurgar a dor...


********************


Terceiro dia. Acordei e como tinha acontecido no dia anterior Bill não estava em casa. Ele saia cedo para pescar, não mais por obrigação como profissão já que tinha gente que fazia isso por ele, mas por prazer...velho lobo-do-mar.

Entrei na cozinha e a mesa estava bem composta para o meu café como na manhã anterior. Sorri e sentei tomada por um apetite quase voraz. Depois de comer tudo o que havia na mesa, lavei a louça e deixei a cozinha em perfeita ordem.

Fui à varanda da entrada da casa beber mais uma chávena de café enquanto pensava no que faria até o regresso de Bill.

Tudo ali me encantava, a paz, o brilho do sol apesar de algum frio, bom, não podia falar de frio pois 12 graus no Maine naquela época do ano era quase verão escaldante.

Agasalhei-me, peguei uma bicicleta e decidi desbravar floresta adentro atrás de experiências, momentos...

Andei por horas, parei em pontos já velhos conhecidos na tentativa de recuperar alguma lembrança, andei mais ainda. O cheiro fresco de pinheiros era um balsamo para os meus sentidos...sorria sempre.

Vi poucas pessoas por onde andei, isso não tinha mudado muito. Lembro-me que quando criança, não havia quase nunca meninas da minha idade para brincar, já estudei numa classe com 8 alunos. Bill mora um pouco afastado do centro da cidade, mas em geral aqueles lados não atraiam muita gente. Hoje diria que só bravos resistiam...

Fui ao farol e para o meu espanto dessa vez tinha um casal de turistas e o cão. O cãozinho mal me viu, começou a ladrar e depois correu para brincar comigo. Tive saudades do meu Scoutie...aliás, estava com saudade de Susan, do doido do Yourgos que quase se ofereceu para vir comigo, saudades da minha afilhada que mal acabara de nascer, da mãe que a par de Susan era das poucas amigas que tinha, da família dela que era quase perfeita e uma saudade quase insuportável de Skya.

Já perdera a conta das vezes que pegara o telefone com a intenção de telefonar ou ao menos enviar uma mensagem, mas perdia sempre a coragem. A Skya era intensa, inteira, uma menina em certa medida mas uma mulher na maior parte do tempo e isso assustava uma criatura como eu que mal entendia quem era, que mal sabia identificar alguns sentimentos e que muitas vezes via-se perdida no emaranhado de emoções mais exigentes...

Precisava entender a minha vida para depois saber se havia espaço para alguém maravilhoso como aquela menina, não sabia se era capaz de sentir na mesma intensidade...Susan diria que isso não existe, mas eu queria ao menos poder sentir e saber do que se tratava e não me sentir perdida, baralhada e quase sufocada por sentimentos até pouco tempo inimagináveis na minha vida.

O tempo passou e não me dei conta. Voltei para casa a tarde já caía e o cenário era mais uma vez deslumbrante. O nascer do sol em Lubec era estonteante, mas o por do sol não lhe devia quase nada...voltei cantarolando enquanto sentia o ar fresco na minha cara.

Mal entrei na varanda da frente minhas narinas foram agraciadas por um cheiro soberbo. Pude ouvir Bill assobiando dentro da cozinha enquanto preparava nosso manjar como já tinha dito na noite anterior.

--Olá. - Disse ainda meio sem saber como agir.

--Olá Cathe. O dia correu muito bem? Vejo que sim, tens as faces rosadas e o olhar mais tranquilo.

Ele reparava no meu olhar?

--Sim, andei por aí e acabei perdendo a noção do tempo...

--Aqui essa palavra tem outro significado...temos muito tempo, quase todo o tempo do mundo...lá estou eu a dizer coisas de velhos, não é mesmo?

Ele sorriu e continuou a mexer na panela que estava ao fogo.

--Não...tens razão, a noção de tempo aqui é outra...mas é boa. O que temos hoje para o jantar? O cheiro está uma coisa...

Risos.

--Lagosta à moda do Bill com batata-doce assada e creme de cenoura e gengibre, um bom vinho para acompanhar e para sobremesa torta de maçã que eu mesmo fiz. Agrada ao seu paladar mademoiselle?

Ele fez uma vénia e ri com gosto.

--Ooh lala, mademoiselle vai tomar um banho e em seguida devorar essas iguarias.

--Vou fazer o mesmo, não posso sentar-me à mesa com cheiro de mar ao lado da minha filha linda e como sempre cheirosa.

Aquela frase deixou-me com uma sensação de quase felicidade.

 


********************


--Sue, cada vez que vejo a Esperanza fico com vontade de ter essa casa cheia de bebés.

Susan soltou uma gargalhada.

--O que foi? Não sirvo para ser a outra mãe dos teus filhos?

--Oh meu Deus esse ar de indignada cai-te tão bem.

Risos.

--Susan, estou a falar a sério...não sirvo?

--Claro que sim sua dramática mas nós nunca pensamos nisso, sempre demos prioridade à carreira...

--Juras que é só por isso...

--Claro e temos nossos filhotes que já demandam tanto...

--Meu Deus ela não quer mesmo ter filhos comigo...

--Oh meu amor, para com isso...apenas acho que é algo muito sério...temos que pensar muito bem e se queres saber a verdade eu sempre achei que essa hipótese sequer passava pela tua cabeça...

--E não passava mesmo até conhecer a pessoa certa...até conhecer-te e ter a certeza a cada dia que passa que quero ficar contigo até o dia em que me mandares para o Alasca.

Gargalhadas recheadas de beijos...muitos beijos.

--Então queres ter um filho comigo?

--Não...

--Não?

--Não, um só não, quero ter pelo menos dois.

--Cruzes.

Gargalhadas.

--Mas tens que diminuir o ritmo de trabalho, ajudar a cuidar, acordar no meio da noite, levar ao hospital na madrugada por causa de febre sem causa aparente, trocar fraldas, ensinar, aturar choros...

--Sim, ainda quero.

--E como vai ser isso dona Ciara? - Susan sorria com as mãos na cintura.

--Como assim? Tem segredo?

--Ahhh doida...quem vai ter nossos filhos?

--Eu vou ter um e tu o outro, mas pelo amor de Deus o primeiro virá da tua barriga linda, eu preciso de estimulo, coragem...

Risos com beijos.

--E eu não? Só de pensar no que a Karen passou...

--Mas foi uma complicação extraordinária, não uma regra...e a Esperanza é tão linda.

--Vamos amadurecer a ideia...

--Mas queres, não queres?

--Agora? Muito...e eu que pensava que essas coisas estavam completamente fora dos teus planos.

--Agora são meus planos e contigo ao meu lado...vamos encher essa casa ou outra maior ainda de filhos.

--Calma, dois, ok?

--Ok. E o que senhorita tanto falava com a Karen enquanto eu e o Juan babávamos na bebé?

--O que é isso agora, ciúme?

Risos.

--Tenho algum, mas nada exagerado...morria de ciúme da tua idolatrada amiga Catherine, mas passou...podes contar ou é segredo?

--Nenhum segredo senhorita curiosa...falávamos da Cathe, a Karen está preocupada, ela gosta muito da Catherine.

--Eu sei...e ao menos a ela disseste o paradeiro da vossa amiga?

--Não...a Cathe vai dizer, acho que não disse a ela por falta de tempo, mas se não disse não serei eu a fazê-lo.

--Fiel até...

--Até sempre, as verdadeiras amizades são assim...

--Eu sei meu amor e te admiro tanto por ser assim...não me disseste para onde a Catherine foi e respeito a tua atitude, mas respeito mais ainda a atitude dela. A essa altura da vida, já com verdades cicatrizadas, caminhos traçados, ter a coragem de correr atrás de quem realmente somos...isso é para poucos...

--A Cathe é especial...

--Sempre o pregaste a viva voz.

Risos.

--Ela é maravilhosa, nem sabe o quão encantadora é...aquele seu jeito de mulher poderosa e o olhar de menina perdida...charme absoluto.

--Ei...

Gargalhadas.

--A Cathe é maravilhosa, mas eu amo a Ciara...chata, às vezes excessiva nas palavras, irónica, que trabalha demais, inteligente, bem-humorada na maior parte do tempo, linda, que beija como ninguém, que me leva aos píncaros da lua quando fazemos amor e que faz-me sentir a mulher mais sexy do mundo quando me olha e os olhos dizem tudo o que quero saber...

--Casa comigo?

--Hã?

--Casa comigo Susan...queres que eu peça de joelhos?

--Não doida...mas nós já fizemos aquele ato simbólico no Hawai...

--Sim, mas quero de novo e mais uma vez...quero festa, quero bolo, quero alianças, quero uma orquestra tocando, quero um poema para ti, quero filhos, casa comigo? - Ajoelhou-se.

Susan sorriu com a boca, com os olhos. Riu às gargalhadas, ajoelhou-se também e disse:
--Sim...sim...sim...

Selaram o momento com um beijo apaixonado.


********************


Bill estava certo, o jantar mais uma vez tinha sido um manjar dos Deuses. Comemos metade da torta de maçã e já estávamos no digestivo na saleta. Mais uma vez conversando amenidades, mas eu queria mais, naquela noite eu queria saber coisas que provavelmente me deixariam triste mas o objetivo daquela ida ao Maine precisava ser cumprido.

Ele acabou ajudando ainda que provavelmente sem intenção...

--As filhas do Bern vêm todo o ano, e ele vai duas vezes ao ano à Califórnia, divide a visita pelas duas filhas, embora fique mais com a Charlie por causa dos netos...

--Lembro-me vagamente deles...sempre foram muito unidos...

--Sim, fomos vizinhos até mais ou menos os teus 10 anos, depois mudámos e depois...e vieste tão poucas vezes para cá e elas nunca estavam...

Olhei para ele, nos olhos, diretamente e não pisquei. Ele parecia emocionado...perdido nas lembranças talvez...

--Bill...-Faltaram-me palavras...minhas mãos tremiam...

--Cathe...vieste tão pouco...

--Sim e tu nunca mostraste o menor interesse por mim...lembro-me de estar sozinha a maior parte do tempo, de ir à escola sozinha, de me vestir sozinha, de não ter ninguém para brincar, jogar à bola, de nunca ter tido uma festa de aniversário, amigos brincando no meu quintal, eu não tinha brinquedos, presentes de Natal...só íamos ao bar do teu amigo, eu ficava no balcão sentada enquanto bebiam e riam...- Falei de rompante, sem respirar e senti lágrimas queimando meus olhos.

Ele olhou-me com uma confusão estampada na face, no olhar, parecia ter a mesma dor que me afligia.

Continuei a despejar minhas mágoas, dores antigas e que dilaceravam minha alma. Nem sabia mais que doíam tanto, durante muito tempo blindei-me contra sofrimentos, bloqueei memórias, mas ali à frente do homem que me dera vida eu não tinha mais forças para ser forte, para ter máscaras.

Chorei sem ressalvas, as dores eram tantas...solucei, queria amparo...ele veio para o meu lado, sem jeito, mas veio. Pegou as minhas mãos e chorou comigo...

Algum tempo depois já mais calma mas com os olhos ardendo de tanto chorar...

--Porque nunca me quis Bill? Porquê?

--Cathe, minha Catherine...não digas isso minha filha. Eu nunca contei-te a história que envolve o teu nascimento mas acho que chegou a hora...

--Quero saber...tudo, todos os detalhes.

Ele segurou-me a mão com a delicadeza que lhe era possível. Olhou-me nos olhos, vi carinho, dor, confusão, uma mistura de emoções...os olhos dele eram iguais aos meus, senti conforto.

--Sempre fui solitário e não me prendia a ninguém...vivia pelo mar, pela minha faina, minhas noites com meus amigos no bar...vivia pela minha floresta, nunca quis amarras. Fui criado solto na vida, não tive muito afeto e nunca pensei que precisasse disso para viver. Sempre gostei de mulheres mas dessas que não querem nada sério...da vida mesmo...sem compromisso, uma ou poucas noites de diversão e cada um para o seu lado...no início dos anos oitenta, a fábrica de papel do norte estava no auge e trazia muita gente para cá, homens na sua maioria mas mulheres também. Vivia-se uma autêntica algazarra...eu tinha muitas mulheres na época, eu e todos os homens livres da terra. Conheci uma mulher do sul, doida, competia com os homens quem bebia mais...aquilo me desafiava, bebemos muito...fizemos sex* algumas vezes...

Ele respirou profundamente e apertou mais ainda a minha mão. Eu tinha um nó na garganta...

--Num dia que não me esqueço mais, voltava da faina no mar e dei de cara com essa mulher à porta da minha casa. Estava frio, ela usava um casaco até ao pé e trazia uma mala pequena. A principio não a reconheci, tinham passado alguns meses...ela disse-me quem era....

--Como era o nome dela?

--Bárbara. Ela entrou porque estava muito frio, depois de um chá disse-me que estava gravida. Não acreditei até ela tirar o casaco e ficar evidente uma barriga de pelo menos 5 meses de gravidez. Entrei em choque e a primeira coisa que perguntei foi se o filho era meu. Ela foi categórica...apesar de livre, eu tinha algum senso de responsabilidade e se ela esperava um filho meu, era minha obrigação prover pelo menos um teto.

--E?

--Ela veio morar comigo, mas não eramos um casal feliz à espera de um bebé...não gostava dela e muito menos ela de mim. Continuamos nossas vidas como dantes, eu saindo todas as noites para beber com amigos e ela saindo nunca soube para onde, mas saía e muitas vezes voltava depois de mim...

Ele parecia perdido em lembranças. Apertei-lhe a mão para encorajá-lo a prosseguir.

--Nasceste no início do inverno que naquele ano foi muito rigoroso. Tinhas força minha filha, outro bebé não sobreviveria às adversidades...ela não sabia ou não queria cuidar de ti, eu não sabia e não gostava dela e não estava preparado para aquela situação. Convivemos naquela loucura por quase um ano até que um dia cheguei em casa e ela tinha ido embora e te levado junto. Naquele momento senti algo estranho, não queria muito saber de filhos mas pensar que podias sofrer aos cuidados daquela mulher causava-me uma aflição muito grande. Procurei-vos pelos arredores, pelas cidades vizinhas, mas tinham simplesmente evaporado. Não sabia nada dela, apenas que era do sul do país...conversava ao telefone com parentes mas eu nunca interessei-me em saber onde estavam, quem eram, ela não tinha amigos que eu conhecia...não tinha como te encontrar...

Mais uma pausa.

--Mais uma vez numa noite fria...mais de dois anos depois, alguém bateu à minha porta...era um rapaz com uma criança de uns três anos ao colo...a menina tremia de frio apesar de estar bem vestida, mas o frio naquele ano tinha sido glacial...eu demorei algum tempo a entender a situação, mas olhei nos teus olhos e vi a pequena Catherine...teus olhos são idênticos aos do meu pai...

--Aos teus também...

--Sim, aos meus...tua mãe...aquela mulher deixou-te na estação e pediu que alguém te entregasse a mim. Ela enviou uma carta onde dizia que tentara mas que não nascera para ser mãe e que comigo a filha estaria a salvo. Apenas essas palavras...filha tive vontade de sair no meio da noite gelada à caça daquela mulher, o que eu faria com uma menina de 3 anos?

--E o que fizeste?

--Muito pouco, eu não fazia a menor ideia de como se cuidava de uma menina...não tinha amigas mulheres para ajudar, não tinha família...

--Poderias ter-me dado para a adoção...- Aquilo me feria de morte.

--Nunca Catherine...sou bronco, solitário mas jamais renegaria um filho...jamais. Mas minha filha o que fiz foi quase isso, não te deixei fisicamente mas emocionalmente não tinha as mínimas condições de te suprir...ainda bem que nasceste forte, determinada a vencer...

--Bill...- Eu não era forte, ou não era em criança, sofri muito...

--Eu sei Catherine, sofreste muito quando criança...

--Não, quando criança eu não entendia nada, comecei a sofrer a partir dos meus 12 anos quando começaram os questionamentos. Tu nunca estavas, tu nunca conversavas, nunca me abraçavas...nossas conversas eram mínimas e no entanto rias no bar, eras feliz no bar...eu só queria que gostasses de mim...

--Cathe...eu sempre gostei muito de ti minha filha, até quando não sabia o que era amor...mas filha não se pode dar o que não se tem...eu não conhecia o afeto ideal para se dar a uma menina...na minha cabeça, não permitir que passasses fome, dar-te uma casa para morar...sei que muitas vezes moramos em casebres, mas jamais permiti que algo de mal te acontecesse, para mim isso era amor...quando viraste mocinha e isso para mim pareceu um autentico filme, num dia eras a menininha correndo atrás de borboletas na floresta e no outro já tinhas seios, voz mais grossa e muitas espinhas...aí sim eu me perdi e tu também foste para longe de mim...

--Nunca te senti perto de mim...

--Eu sei...eu sei...mas é como disse, eu não sabia como agir, não tinha um manual de como ser um bom pai..

Ele sorriu ainda que de forma triste e eu apertei-lhe a mão.

--Eu sofria...mas o meio não ajudava, ainda bem que durante os primeiros anos pude contar com a ajuda do Bern e da esposa, quando ela morreu...

--Eu lembro-me dela e das tortas de blueberry...

--Graças a Deus que pude contar com eles minha Cathe...graças a Deus...mas depois cresceste e as coisas tornaram-se mais difíceis...eu que já não sabia como agir com uma criança, tornei-me um idiota diante de uma adolescente forte e arredia...foste embora...fiquei triste e ao mesmo tempo orgulhoso, minha única filha, filha de um bronco e de uma...minha filha tinha conseguido uma bolsa para o Canadá...estudos nunca foram meu forte mas minha filha seria alguém e viveria uma vida melhor do que a minha...

--Porque nunca foste atrás de mim?

--Para dizer o quê minha filha? Para veres um fracassado...

--Pai...tu não és fracassado, tens a tua vida, tua empresa, todos gostam de ti...pai...

Ele olhou-me parecendo querer absorver as palavras...eu o chamara de pai e parecera natural...

--Só comecei a prosperar há uns dozes anos...e minha cabeça só entrou nos eixos há pouco tempo...

--Bill...pai...

--Perdoa-me minha filha, perdoa-me por tudo...perdoa-me por não ter feito mais por ti...

--Perdoar o quê pai? Perdoar por teres ficado comigo e me criado como sabias? A minha vida poderia ter sido pior...pai, obrigada...as coisas fazem sentido para mim agora...

--Fazem?

--Sim...mas tenho uma pergunta...porque nunca foste atrás de mim?

--Porque achava que não tinha nada para oferecer, e das poucas vezes que vinhas parecias sempre ter tanto desprezo por mim...

--Não...apenas não entendia e acreditava que não gostavas de mim...

--Mas eu sempre soube tudo de ti, ou quase tudo... - Seu semblante iluminou-se.

--Como?

--Quando foste para o Canadá eu fiquei perdido e durante algum tempo não quis saber de ti e nem de nada que me lembrasse que tinha uma filha...teu pai é ignorante e metido a vilão...

Rimos juntos.

--Mas as saudades começaram a apertar, por mais que nossa relação não fosse perfeita, era bom saber que tinha alguém que fazia parte de mim, alguém que carregava meu sangue, meu nome...depois da raiva, fui atrás de notícias. Fiquei orgulhoso ao saber que minha menina tinha conseguido a bolsa e com mérito, deram-me até uma espécie de certificado...depois, mais tarde, já estavas aqui e a carreira começava a ganhar força, eu seguia tudo pelas revistas, jornais e exibia aqui entre os amigos...depois entrei no mundo dos computadores e aí sim ficou tudo muito fácil...tenho fotos...

Ele levantou-se e pegou uma espécie de dossier num armário. Abriu com cuidado e a pasta estava perfeitamente organizada...fotos minhas em revistas, entrevistas sobre o meu trabalho, reportagens, minha vida profissional documentada em detalhes. Olhei tudo com cuidado, li, reli, parei nas fotos...olhava para ele que acariciava cada pedaço de papel com orgulho...meu pai tinha orgulho de mim...

--Eu tenho muito orgulho e ti minha filha, sei que não sou o pai que merecias ter...

--Para William, tu és o meu pai, o único que tenho...as coisas não correram muito bem lá atrás e não soubemos contornar os problemas mas nós somos família, tu és minha família...sinto-me tão feliz pai...tudo parece-me tão ridiculamente simples agora que não entendo porque passei tanto tempo para ter essa conversa contigo, entender minhas raízes, entender-te e entender minhas atitudes perante a vida...

--As coisas acontecem quando têm de acontecer Cathe...deves ter tido uma razão forte para querer entender tua história...estás a pensar em ter filhos?

--Não entendi...não...

--Pensei que quisesses ter filhos e por isso a necessidade de entender o teu pai, a tua infância...

--Não, mas digamos que algo muito forte despoletou essa necessidade dentro de mim...não tenho filhos mas tenho um gato lindo que virá para cá um dia desses e uma afilhada que parece um anjo...

Passamos a noite toda conversando e entendendo que o elo que nos unia era muito forte.


********************

--Eu conheço esse olhar...estás triste minha filha? Não entendo, vais estrear no Metropolitan em Nova York, é a gloria Skya.

Skya riu e fez uma careta para o pai. Conversavam pelo Skype como era habitual.

--Sim pai, estou muito feliz por mais esse sonho prestes a realizar...muito feliz.

--E onde escondeste a minha Skya então?

Risos.

--Estou aqui...sim tu me conheces como ninguém...coração burro...

Mais uma careta.

--Mais uma paixão?

--Sim...e mais uma vez pela pessoa errada...ou a errada sou eu, sei lá...

--Nunca minha princesa, tu dás amor, tu és amor, o que isso pode ter de errado? Creio que te aproximas de pessoas cegas, isso sim...hmm, vejo que é serio, estás triste Skya...

--Muito pai, eu gosto de uma mulher que não tem sensibilidade, que não consegue ser frontal e dizer na minha cara que fui uma aventura...mais uma...

--Talvez porque não sejas...não conheço a história mas vou saber em breve...

--Como assim? Vens para cá?

Skya pulou da cadeira ficando em pé.

--Sim, era para ser surpresa mas diante do desânimo do meu tesouro...

--Oh pai...fico tão feliz.

--Acreditavas mesmo que ias estrear no Metropolitan e eu assistiria pela internet?

Gargalhadas.

--E minha mãe?

--Vou sozinho, ela precisa estar na Tailândia no dia da tua estreia...

--Alguma coisa com mues parentes?

--Não, é um concerto beneficente. Ela ficou doida por não viajar para os Estados Unidos...

--Adoro a minha mãe mas ela gosta de interferir nas minhas coisas e isso eu não tolero muito bem...

--Claro que não, és adulta e tu deves resolver os teus problemas, por isso é bom que ela só esteja contigo quando a mulher cega e bonita acordar e perceber que Skya só há uma.

Gargalhadas.

--E como sabes que ela é bonita?

--Se te encantou só pode ser linda...

--E é mesmo...lindíssima.

--Vai dar tudo certo meu céu estrelado...chego na véspera do show para te encher de beijos e muitos abraços.

--Obrigada pai, nem sabes o bem que acabaste de me fazer...

--Sei sim...

Riram juntos.

********************


Acordei com a sensação de felicidade que há muito tempo não experimentava. Estava frio mas a sensação de sol no meu peito era quase evidente. Pulei da cama e corri para a janela, abri-a e aspirei o ar puro que vinha da floresta. Sorri.

Tomei um banho rápido e corri para a cozinha, estava ávida por comida, ávida pelas coisas que meu pai preparava. Meu pai, sorri.

A mesa estava linda como sempre repleta de coisas boas. Comi devagar, saboreando tudo com paixão...encontrei um bilhete na porta da geladeira com a simples frase " Bom dia minha Cathe, volto mais tarde para passearmos pela vila. Bill", quase pulei de alegria.

Arrumei a coisas com alguma pressa para poder sentar na varanda e degustar o meu café com a melhor vista. Estava feliz.

Peguei no telefone mas desisti de liga-lo...queria aquela paz por mais tempo. Do tablet enviei uma mensagem breve à Susan, sabia que ela estava muito preocupada comigo, ainda mais que não dava notícias há dias...

"Tudo faz sentido Sue...estou no céu...feliz."

A resposta veio em segundos:

"I love you".

Ri alto. Tudo estava tão leve...mas queria mais tempo com o meu pai.

Passei grande parte da manhã refastelada na varanda pensando, rindo, sorrindo e ouvindo música, uma em particular, Kaminho de Kady...vezes sem conta...tudo a ver com o momento, meu momento...meu caminho parecia mais claro agora, muitas pedras tinham sido afastadas...seguiria feliz...seguiria inteira...

A tarde com Bill foi perfeita. Almoçamos juntos num restaurante onde ele fez questão de me apresentar a todos como a filha linda. Alguns conheciam-me da infância, ou da adolescência mas não acreditavam que era a mesma pessoa até que Bill dizia olhem-nos com olhos de ver, somos a mesma cara. Claro que essa declaração era quase sempre seguida de gargalhadas, mas eu achava mesmo que era a cara dele...

Queria cortar o cabelo e ele levou-me no único salão da vila e que era do mesmo dono desde sempre. Cortei tudo, não gostava do meu cabelo sem vida. Não levei muita fé no senhor velhinho que atendia mas ele era um mestre, meu cabelo ficou lindo. Bill disse que fiquei mais parecida ainda com ele...não sei, mas gostei do meu reflexo no espelho, mais jovem, mais feliz e com os olhos mais expressivos.

A minha alegria atingiu o ápice quando Bill disse que tinha uma surpresa para mim. Todo misterioso levou-me para um lugar no meio da mata mas perto de casa. Fui vendada e minha ansiedade atingia limites quase insuportáveis. Abri os olhos e estava à frente de uma cabana...não entendi mas meu coração batia apressado...

--O que é isso Bill?

--Não lembras? A cabana do velho Silas que vocês adoravam brincar, escondiam-se por aqui...

--Claro...eu adorava esse lugar e o velho Silas nos dava bolachas e chocolate quente...

--O velho Silas não está mais entre nós mas a cabana é do velho Bill...e agora é tua minha Cathe.

Olhei para ele sem saber o que dizer. Pulei de alegria como uma criança. Entrei na minha cabana que simplesmente era rústica por fora e muito bem organizada por dentro, simples mas funcional. Olhava tudo com olhos de criança e a alegria essa sim era quase infantil.

--Gostaste?

--Eu adorei...adorei.

--Comprei há muitos anos, e muitas vezes passo aqui alguns dias no verão...ela é tua, sempre que vieres para cá podes ficar aqui, no verão melhor ainda...depois podes trazer teus filhos...

--Obrigada pai...Bill, estou tão feliz que não sei expressar...obrigada.

Ele abraçou-me e mais uma vez tudo fez sentido.

 

*********************

--Susan eu não acredito que apoiaste uma loucura dessa?

--Apoiei sim, aliás eu fui a mentora de tudo.

--Sue, o concerto é dentro de quatro dias como foste dar o endereço da Catherine à Skya? Tiveste esses dias todos para fazê-lo e deixas para agir quando não há mais tempo?

-- O tempo é agora...a Cathe agora está em condições de conversar com a Skya.

--E ela ao menos sabe que fizeste essa loucura?

--Não...será que devo avisar?

--Susan, onde anda a mulher sensata por quem me apaixonei?

--Bem aqui...é melhor a Skya encontrar-se com a Cathe e resolverem as coisas, aí sim ela dará um show...e essa preocupação? O concerto nem é teu?

--Mas minha editora é parceira do Metropolitan e temos muitos projetos em carteira...posso confiar em ti?

--Sempre.

--Em ti eu confio, mas na Catherine...e se ela desestabiliza essa menina?

--Ela não fará isso...a Catherine gosta da Skya e ela está muito feliz...

--O que a Karen achou dessa loucura?

--Ela concordou e me ajudou a convencer a Skya a ir ao Maine...ela e a Rebeka...

--É uma quadrilha...a máfia.

Gargalhadas altas.

--Ainda queres casar comigo?

--Hmmmm...

--Tudo bem, tem outras...

--Outras o quê?

Risos.

--Eu te amo sua doida corruptora de meninas indefesas.

--E eu mais ainda sua exagerada protetora de musicistas lindas e indefesas.


**********************


Skya seguia pela estrada quase deserta que a levaria a Catherine, ainda sem saber se tomara a decisão mais acertada. Não esperava que Susan lhe desse o endereço, aliás já nem acreditava que ela soubesse o paradeiro de Catherine.

Agora sozinha naquela estrada a sensação era de quase pânico. Medo de ser mal recebida, medo de encontrar Catherine com outra pessoa, medo de ser ridícula...mas maior que o medo era a necessidade de entender, ainda que fosse para esquecer, mas precisava entender. Não estava doida, talvez apaixonada e boba, mas doida não, Catherine gostava de estar com ela...talvez não fosse o suficiente para querer aprofundar...talvez não, mas precisava saber. Até para ter concentração para executar a obra no concerto precisava resolver as pendencias do coração.

Acelerou o carro e o coração seguiu na mesma toada.


********************

Bill tinha uma festa no bar e como não estava com muita vontade de ir, depois do jantar, vesti mais um casaco, protegi a garganta e fui para a minha cabana.

Ele estava muito feliz com a festa, tinha feito pratos para levar e tudo mas eu queria ficar sozinha, estava a chegar o momento de voltar para a minha outra vida e precisava organizar as ideias.

Adorava a minha cabana, era um terreno de lembranças felizes e ao mesmo tempo eu tinha a sensação que ainda poderia ser mais feliz ali...quem sabe com meus filhos como sugerira Bill. Ri da ideia...filhos...quem sabe a Esperanza poderia correr feliz entre os penhascos, colher blueberries no pé...

Com a lareira acesa eu poderia perfeitamente dormir ali e era o que estava disposta a fazer. Bill garantira que era seguro e era mesmo, quase nada tinha mudado por aqueles lados, e o silêncio sempre reinara por ali, isso claro, quando as crianças e eu estava sempre no meio, não minavam a paciência do velho Silas. Sorri com aquelas lembranças...aos poucos conseguia ver a beleza em muitas vivências da minha infância.

Acendi a lareira e fiquei algum tempo observando o crispar das chamas, em pouco tempo a temperatura no interior ficou muito mais agradável.

Deitei-me na cama, peguei um livro mas meu pensamento voou para longe dali...

Era bom estar ali, mas faltava algumas coisas...naquele momento faltava...sorri mais uma vez...sim eu gostava de Skya, e agora estava pronta para viver o que ela quisesse. Claro que ainda tinha minhas incongruências, eu não era exatamente uma pessoa fácil, mas agora entendia melhor meus comportamentos, sabia o porquê de muitos medos e muitos deles já não tinham força para me atormentar...

Ouvia Stay de Sara Bareilles quando decidi que era o momento para falar com Skya. Meus dedos tiveram alguma dificuldade para percorrer a lista telefónica do telefone, a ansiedade de dias de repente manifestava-se com força total. O telefone caiu-me das mãos no momento em que me pareceu ter ouvido alguém bater à porta. Claro que era ilusão...ou poderia ser Bill. Olhei para o relógio na parede e não acreditei que pudesse ser Bill. Mais uma batida e dessa vez com mais força.

Olhei de um lado para o outro como que à procura de resposta se devia ou não abrir a porta, mas quem me responderia?

Mais uma batida e eu já estava atrás da porta e com um pedaço de madeira que era usada para lenha nas mãos. Olhei para o meu reflexo no espelho e tive vontade de rir apesar da preocupação. O que eu faria com aquele pedaço de pau nas mãos?

Tentei olhar pela janela mas não vi quem batia e sim um carro estacionado embaixo de duas frondosas árvores que me serviam de sombra natural.

Pensei rápido e enviei uma mensagem à Susan...carregada no drama. " Tem alguém à minha porta, na cabana do meu pai. Já é relativamente tarde, não sei quem é, mas vou abrir...a matrícula do carro é...caso eu suma, acione a polícia. Beijo"

Aguardei alguns segundos pela resposta de Susan mas nada, ela quase sempre respondia de imediato. Meu coração acelerou mas estava decidida a abrir e abri, a porta e a boca.

--Queres que eu morra congelada nesse frio?

Skya? O pau caiu-me das mãos, minhas pernas ficaram bambas, meu coração parecia um Alce correndo pela floresta...

--Catherine? Posso entrar? Está frio...

Puxei-a para dentro e fechei a porta com o pé.

Olhei para Skya e tive vontade de rir, mas rir alto, rir a plenos pulmões, entretanto o que consegui foi uma invasão de lágrimas inconvenientes pela minha face. Tudo o que queria estava à minha frente e eu não sabia como agir...mas precisava fazer alguma coisa.

--Estás gelada, vem cá. - Carreguei-a para junto da lareira e ela imediatamente esfregou as mãos.

Peguei um bule de chá que tinha tomado há pouco e servi duas chávenas. Minhas mãos tremiam, se de frio ou ansiedade não sabia...

Depois do chá acompanhado de silêncio...

--É bonito aqui...

--Umhum...presente do meu pai...

--Então tens um pai...

--Sim, mas até outro dia não nos relacionávamos...longa história...

--Estás feliz?

--Muito. - Sorri e ela fez a mesma coisa olhando dentro dos meus olhos.

Mais um momento de silêncio...

--Skya...desculpa por ter vindo para cá quase fugida, mas eu precisava desse momento...

--Depois falamos sobre isso...não tenho muito tempo agora...

Não entendi...ela atravessara a floresta para me encontrar e só ficaria um minuto?

Ela levantou-se da cadeira onde estava pousou a chávena de chá e posicionou-se à minha frente.

--Estás linda com esse cabelo...mais linda ainda.

Ela passou a mão pelo meu cabelo e mais uma vez tive vontade de chorar...

--Linda...

--Eu não gostava dele como estava antes...

--Eu sei...- Ela sorriu e eu senti meu coração pulsar...

Ela ajudou-me a ficar de pé e mais uma vez olhou-me profundamente nos olhos, senti conforto, vi esperança, brilho, felicidade...

--Não tenho muito tempo para estar cá, mas precisava vir...não sei se fiz bem, mas eu não penso muito quando está em jogo alguma coisa relacionada a ti...

Sorri feliz, ah como era perfeita a intempestividade daquela menina...ela era perfeita para mim...perfeita.

Abracei-a e meu corpo todo pulsou, ali era o lugar, o meu lugar.

Ela apertou-me tanto, mas tanto que senti-me uma peça rara, a mais valiosa de todas.

--Tu ainda me matas Catherine...de saudade...eu fiquei doida, não entendi nada, mas a teimosia não me permitiu simplesmente deixar para lá...

--Desculpa...por favor, desculpa minhas atitudes egoístas...

--Esquece...por agora esquece...só quero matar as saudades...sentir tua presença...abraçar...abraçar muito...

Eu adorava aquela mulher...definitivamente.

--Vem cá...- Puxei-a para a cama onde caímos rindo.

--Saudade de estar assim...aqui ou noutra cama qualquer...Catherine...Cathe...

Ajudei-a a tirar o casaco pesado que usava, as luvas, o gorro, o cachecol...queria senti-la...queria tanto.

Ela sorriu ao ficar apenas com as últimas roupas que usava, uma camisa branca e as calças de algodão.

--Melhor assim...

--Muito melhor.

Risos.

--Essa cama é maravilhosa.

--Umhum...muito boa.

--É grande...cabe nós duas...posso dormir aqui? Prometo que não incomodo e nem roubo o teu espaço...

Meti-me quase por baixo dela, grudei meu corpo ao dela...não queria que restassem dúvidas...

--E se eu quiser que roubes espaços? E se eu não quiser que haja espaços entre nós?

Ela sorriu e de repente estava sentada nas minhas pernas...a mulher perfeita tinha uma agilidade desconcertante...

Olhou-me com os olhos brilhantes...meu coração batia tanto que jurava que ouvia o ruído nos meus ouvidos...ela pegou uma das minhas mãos e beijou com carinho...simples, mas eu senti coisas...

Deitou-se sobre mim...com delicadeza...minha respiração estava cada vez mais descompassada...ah o cheiro dessa menina...me embriaga, me atiça, me atira para lá de mim...

Ela disse-me coisas ao ouvido, não consegui assimilar uma única palavra, meu corpo estava entregue...minha pele arrepiada e a cabeça não raciocinava mais...

Senti beijos quentes no pescoço, no colo, nos braços, na barriga...e o ar... ah o ar faltava-me...beijos e mordidas no lóbulo da orelha...mais palavras que eu não assimilava e meu peito arfava...arfava...

Apertei-a contra mim...precisava dela.

Ela olhou-me mais uma vez e vi coisas naquele olhar que jamais vira em outro...ela acariciou cada pequena parte da minha face...beijava seu próprio dedo e depositava em mim...nos olhos, na bochecha, no nariz...não aguentava mais...precisava do meu ar...

Segurei-lhe a face quase em desespero e supliquei por um beijo na boca, o melhor beijo...

Ela beijou-me, a princípio com voracidade, um desejo que gritava e o eco era saudade...desfaleci...gemi na boca dela...ela sorriu, eu amava aquele sorriso dentro da minha boca...provavelmente amava mais do que aquele sorriso mas teria tempo para descobrir...tempo...

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Demorou mas chegou...

Quero colocar fotos da minha inspiração para Skya e Catherine mas nao sei como fazer rsrsrsrs, para variar não é mesmo?

Vou tentar um copy paste aqui, mas se nao der certo e alguem souber e quiser me ajudar, fcarei feliz.

 

Abraço a todas e obrigada pela paciência...

 

Nadine Helgenberger

 


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Comentários para 18 - Capítulo 18 - Muitas emoções e uma luz no fim do túnel…:
rhina
rhina

Em: 18/04/2020

 

Oi

Bom dia.

O passado a tona.

E libertando o presente.

Rhina

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Simone
Simone

Em: 19/12/2015

Wow! Moça, você se superou!!!

Valeu cada dia, cada hora de espera (primeiro pela postagem do capítulo e depois pela minha impossibilidade de ler) rsrsrs.

O que dizer desse capítulo? Fantástico! As relações nele desenhadas são ricas de cor, emoção, sentimentos. Esse encontro da Cathe com o passado e com o pai que ainda a assombrava foi lindo. Nada como a maturidade para nos proporcionar a capacidade de compreensão. Sempre digo que quando ficamos adultos, nos igualamos em condição de percepção de vida, o que nos facilita compreender os erros, as ausências e até mesmo algumas omissões daqueles que por algum motivo deixaram a desejar ou até mesmo falharam conosco na infância.

Cathe precisava se sentir inteira para assumir uma relação mais séria com a Skya, compreensível, mas precisava deixar a menina no escuro??? Coitadinha! Entendi cada sentimento de tristeza e raiva alimentados pela Skya, assim como também entendo esse imenso amor que ela sente. Acredito que quando realmente amamos alguém, de verdade... Esse amor independe do que o outro sente. Vi isso na Skya.

Susan... Que dizer dessa relação de amizade? Perfeita! Linda! E o melhor de tudo, isso existe! É real!!! Como entendo esse desejo da Cathe de querer a Sue por perto. Como é bom saber que existe alguém ali, a distância de um telefonema, de um pedido de ajuda. E aquela resposta da Sue? "I love you!" Só que tem uma amiga de verdade consegue mensurar o tamanho do conforto que isso representa.

Nadine, você é brilhante! Primorosa para descrever relações tão intensas. Você não escreve romances, você desenha vidas! Relações intensas, reais, possíveis, paupáveis... Poderia ser a sua, a minha, a vida de qualquer pessoa.

Parabéns, linda!

Você sempre se supera e o melhor, sempre me surpreende!!

Ah, bem que no final do conto poderia colocar a playlist que você nos apresenta ao longo da história. Seria fantástico! Eu não me canso de ouvir Melissa Nkonda, "nouveaux horizons" é linda!!

Beijos!

Simone

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Suu
Suu

Em: 18/12/2015

Uma palavra pra definir esse capitulo "_INCRÍVEL" ...

me emocionei tanto na parte dos desabafos de cathe com seu pai. Você como sempre perfeita na escrita e nas emoções que passa através dela . adorei mesmo o cap ... Hahaha bom final de semana 

PS: ansiosa pro próximo hahaha 

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LavinneBella
LavinneBella

Em: 18/12/2015

Apaixonada por essas duas !!!

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Maria Lua
Maria Lua

Em: 18/12/2015

Autora adorei o capítulo e podemos entender mais da Cath... esperando uma boa conversa entre as duas lindas protagonistas RS... já na expectativa do próximo... bjs

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Carmen
Carmen

Em: 17/12/2015

Esse capítulo é uma pintura. Lindo, sensível! Aliás, falar de sensibilidade quando se trata de voce e de suas histórias é quase lugar comum, mas é a realidade. 


Verdade que as vezes amo e odeio a autora na mesma intensidade. Odeio por sempre parar nas melhores partes, por ter que segurar a ansiedade para chegar ao clímax, que voce maravilhosamente as vezes nos presenteia com alguns no decorrer da história até o maior de todos ao fim. E na mesma proporçao amo porque voce constroi, conduz, seduz e nos trasnporta para dentro dessas histórias. Nos mostra quase que a alma de cada uma dessas personagens que se tornam tao reais que inspiram e encantam. E acho que deixa um pouquinho de voce em cada uma dessas histórias. 


Divagaçoes a parte, fiquei um pouco preocupada com esse fim e essa palavrinha repetida por duas vezes: "tempo..." (medo!)


Parabéns, sempre! Teu trabalho é maravilhoso! 

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JessNessa
JessNessa

Em: 17/12/2015

Ai Nadine. Sempre me encantando com essa sensibilidade. .faz.com que a gente seja transportada p dentro do conto..Simplesmente lindo.. 

E por favor.Gostaria mto de ver sua Skya. Gostava qnfo postava imagens do conto No encanto da ilha..

 

mais uma vez. Cap lindo, sensivel,adorei..continue.

Abraços

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 17/12/2015

Fiquei emocionada agora..... Já estou fazendo a trilha sonora de The Gift também. Sabe o que é melhor nisso tudo? É que acabo conhecendo outras músicas dos cantores que você sugere e isso só me deixa mais conhecedora da boa música. Isso é maravilhoso.

Que bom que você escreveu e se sentiu feliz.

Eu não tenho dúvidas que você tem DOM para escrever e mais ainda para ser uma escritora de sucesso, ou melhor, de muito sucesso. Você encanta suas leitoras sempre. Ficamos ávidas por mais e mais de suas personagens.

Hoje estava ouvindo a trilha sonora de No Encanto e começou a tocar a sky full of stars do Coldplay e fui ao romance relembrar o momento delas. Sempre me emociono lendo. Parece tão real, tão palpável. Só para esclarecer: Sempre escuto essa trilha sonora. Faz um bem enorme a minha alma. Cada música parece que foi escolhida a dedo e filhinha continua ouvindo também.

Um beijo grande de uma fã que fica muito feliz em poder ler e reler sua obra.

Obrigada por cada momento.

Beijos e abraços quentinhos

 

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preguicella
preguicella

Em: 17/12/2015

Tu és de uma sensibilidade ao escrever moça que me emociona! Suas histórias são lindas, pois apesar de serem histórias de amor, são principalmente histórias de pessoas, não é só romance, é sobre amizade, família, crescimento, evolução, amor de todas as formas! Enfim, eu gosto, aprendo, cresço! 

Bjão 


Resposta do autor em 17/12/2015:

Muitissimo obrigada :)

Bjs

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Pryscylla
Pryscylla

Em: 17/12/2015

Simplesmente lindo,agora sim ela esta pronta para viver e ser feliz de verdade.

Bjus :)


Resposta do autor em 17/12/2015:

Muito obrigada.

Bjs

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Jean Grey
Jean Grey

Em: 17/12/2015

Simplesmente lindo... Encantada com a complexidade e doçura desta história... Mais uma vez Parabéns Nadine... 

Grande beijo 😘 


Resposta do autor em 17/12/2015:

Muito obrigada.

Bjs

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Cabrita de Paulo
Cabrita de Paulo

Em: 17/12/2015

 Nadine,

    Vim para ler 5 capitulos e já nos encontramos em 18. Grata surpresa, mais uma vez tu consegues nos envolver numa estória maravilhosa.

    Este como tantos outros de tua autoria já se encontra no meu grupo de favoritos...

    Parabéns e q siga sempre iluminada autora mais q querida.

 

   P.s. Q cap foi esse, MARAVILHOSO... valeu cada clic q dei procurando a atualização do romance.

 


Resposta do autor em 17/12/2015:

Pois...eu e essa minha falta de foco, ou excesso de empolgação. Nem eu acredito que já vamos em 18 capitulos...rsrsrs

Obrigada. Bjs

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Silvia Moura
Silvia Moura

Em: 17/12/2015

Autora; falta de ar aqui, essa parte da estória para com o pai da Catherine: desfaleci, morri de chorar, a estoria do pai com ela, pouca coisa tira da minha com meu pai, então imagina o drama aqui... me ative tanto a essa parte, mas que bom que as coisas estão entrando no eixo... e minha doce, pequena e encantadora skya, essa eu quereria de presente....'perfeita'... você e sua escrita esplendorosa... beijinhos doces e fica com Deus....


Resposta do autor em 17/12/2015:

As emoçoes vividas pelos personagens podem ser histórias de vida de qualquer um de nós...gostei de escrever esse capitulo em particular e acho que ele também gostou de ganhar vida pelas minhas mãos, mas isso já é loucura da minha cabeça rsrsrs

A Skya é tudo mesmo...e ela e a Catherine juntas então rsrsrs

Muito obrigada. Bjs

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vickviegas
vickviegas

Em: 17/12/2015

At.te. Drika. (Não assinei). Rsrsrs.

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Ana_Clara
Ana_Clara

Em: 17/12/2015

Gente, que lindo! Essas duas se superaram, fiquei emocionada com a entrega da Cathe. Fofa demais! Olha, quando começou o capítulo eu confesso que quase entrei na história para simplesmente dar uns tabefes na Catherine, mas depois eu somente quis abraçá-la. Que lindo ela se abrindo e descobrindo seu passado. Amei o Bill tbém, um velho super fofo e ainda sabe cozinhar. Que essas duas agora aproveitem as descobertas e sejam muito felizes, elas merecem. #Cathe&Skya kkkk


Resposta do autor em 17/12/2015:

Oh meus Deus, quiseste bater na pobre da Catherine? Eu não deixo rsrsrsrs...ela é um prazer para mim, escrever sobre essa mulher é instigante.

O Bill é top mesmo...eu gosto de gente assim.

Vamos ver o que nos reserva os capitulos finais...

Muito obrigada. Bj

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vickviegas
vickviegas

Em: 17/12/2015

Susan perfeita, soube" ler" o momento em que Cathe verdadeiramente se encontrou.

Não vejo a hora de um diálogo  entre a Cathe e Ciara.

Admirável Cathe...

Que bom que voltastes. 

Sabe... tuas histórias nos enfeitiçam, nos tornamos dependentes.

Há muito não leio histórias sem serem estas, terminadas, mas, as tuas... simplesmente não consigo. Sei q normalmente tens demorado entre uma postagem e outra, mas és tão viciante que.. 

A primeira alegria é.: ver a atualização...

Depois passada a euforia, leio em elevo... sem pressa. Como que não desejasse o fim.

Daí este chega, sei ser necessário, mas, mesmo tendo essa ciência, me sinto sem meu "êxtase". 

És divina, parabéns e...

Obrigada NH.


Resposta do autor em 17/12/2015:

Obrigada eu pelas palavras...às vezes eu fico completamente sem saber o que dizer...OBRIGADA!

Abraço

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 17/12/2015

Naná!

Chorei! Muito! Lindo cada momento de Cathe com seu pai e sua história. Como esse pai deve ter sofrido por não saber dar amor a sua filha. Fantástico!

Skya! Ah Skya! Ela é surpreendente, mas acabou na melhor parte.

Um beijo, Linda!


Resposta do autor em 17/12/2015:

Rsrsrs, acabou na melhor parte, deve significar que o proximo vai começar na melhor parte...ou não rsrsrs

A história desse capitulo é no minimo curiosa...a moça aqui está de baixa médica por causa de stress, excesso de trabalho, coisas tipicas de gente perfeccinista rsrsrs. Nos ultimos dias nao tinha a menor inspiraçao e muito menos paciencia para escrita, personagens, emoções, nada...ontem só consegui dormir às 2 da manhã quando o ideal seria apagar às 10 (remedios para relaxar, anti alergico dopante e etç) e hoje acordei às 8...das 8:30 às 11:30 eu escrevi 50 paginas...isso fez-me pensar tanta coisa...se calhar tenho talento mesmo, ou dom, sei lá...ao final eu já era uma mulher alegre, feliz, cheia de força para encarar qualquer problema...a escrita liberta-me e preciso dela para sentir-me viva...enfim.

Ah, curiosidade, sempre que coloco alguma musica nos capitulos, adivinha em quem penso? rsrsrs, em ti, claro...a que sempre manifesta o gosto pelas minhas trilhas sonoras...lembro-me da filhinha sendo apresentada a Tori Amos...

Bjs linda porque ja falei demais rsrsrs

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patty-321
patty-321

Em: 17/12/2015

Lindo nadi. Emocionante a conversa c o pai. Chorei muito. Explicou muita coisa sobre a Catherine. E a skya e demais. Foi em busca de Catherine e vc termina no melhor. Bua. Esperamos né? Valeu maravilhosa.
Resposta do autor em 17/12/2015:

Oi linda,

Que bom que gostou. Terminar na melhor parte é quase regra rsrs

Bjs e muito obrigada.

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