Decisões
São Paulo, 13 de dezembro de 2015. 15h30min
"Não adianta eu te dizer, a felicidade não precisa ser grande e vem de dentro. Chegar aqui e ver essas borboletas na parede me faz feliz, sabe? Hoje eu acordei querendo vestir marrom e abri o guarda-roupa e tinha essa blusa marrom: isso foi uma felicidade! Betina, eu já tomei remédios muitos anos... Tomava quatro fluoxetinas por dia. O indicado é dois. É por isso que eu não te julgo. Não julgo ninguém que sofre... Estou aqui trabalhando espiritualmente para você melhorar, é isso que eu posso fazer. Quero te ver feliz... Te ver feliz e botar seu ombro no lugar, lógico!"
Adriana soltou aquela risada gostosa dela e puxou meu braço. O ombro não voltou, é claro, e vamos continuar o tratamento na semana que vem.
Rebeca não foi embora.
Depois de alguns dias me ignorando, fizemos sex* e as coisas voltaram ao normal. Ela está arrependida, eu acho, mas não sou eu quem vai dizer pra ela sair.
De tanto falarem pra gente, a gente acaba pensando que é louca mesmo.
É que as pessoas usam da nossa loucura quando convém.
"Não dá pra esperar outra coisa de você mesmo, você é maluca!" e dali dois, três dias é "para de bancar a louca, você é absolutamente normal".
Estou chegando à conclusão de que não contarei absolutamente nada sobre essa minha condição para as pessoas que eu vier a conhecer.
Decidi que vou dar a esses transtornos somente a atenção que eles demandam, nenhum pouquinho a mais que seja! Vou retomar a minha vida, vou cuidar da minha espiritualidade e ser normal dentro do que me é possível.
Ah, fiquei estressada agora. Fiquei muito, muito estressada.
Não vou conseguir escrever mais nada. Amanhã eu continuo.
Fim do capítulo
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