3 - Apresentando para as amigas
- Eu sei que elas são suas amigas há alguns anos e você confia nelas, mas será que elas vão entender algo assim? – Luíza perguntou sentada ao meu lado no carro
- Lu, eu conheço a Luciana e a Julia desde o ensino médio, e a Alice praticamente desde o berçário, acho que não há quase nada que não saibam sobre mim, mas nunca me julgaram, e olha que motivos não faltaram, já aprontei cada uma bêbada
- Eu sei, mas seja lá o que vc tenha aprontado bêbada com elas, não é nada comparado a começar a namorar a irmã
- Paola discordaria disso – falei com um sorriso de lado
- Quem é Paola? – perguntou com uma sobrancelha erguida
- Chegamos – cortei o assunto enquanto estacionava o carro no restaurante
Havia descoberto esse restaurante há alguns meses, quando usei um caminho diferente para voltar do trabalho, tentando evitar congestionamento. O lugar era pequeno e tinha um ar rústico, com mesas e cadeiras de madeira, mas super aconchegante e a comida era simplesmente maravilhosa. Não demoramos a avistar minhas amigas e seguimos até elas, eu na frente e Luíza encolhida atrás de mim.
- Falaaaa vadia – disse Julia, sem dúvidas a mais doida e desbocada do grupo
- E aí quenga – respondi no mesmo nível
Luciana e Alice foram as próximas a me cumprimentar, Luiza havia se esforçado tanto para sumir atrás de mim que as meninas quase não a notaram. Puxei-a para o meu lado segurando sua mão e iniciei as apresentações
- Acho que vocês já devem conhecer minha irmã
- Oi Luiza – disse Alice, por ser a que mais frequentava a minha casa já conhecia Luiza relativamente bem
- Oi, acho que só nos esbarramos uma vez, no dia que carreguei o corpo inerte e alcoolizado da Marcela pra casa de vocês – disse Julia
- Quando foi isso? – perguntei distraída
- Uns 2 anos atrás – Luíza respondeu
- Ah tah... Não lembro, mas a noite deve ter sido boa
- Pra cacete – foi a resposta curta de Julia
- Acho que sou a única que ainda não te conhecia – disse Luciana - Prazer em conhece-la
- Igualmente
- Bem, já que já estão todas devidamente apresentadas, vamos comer – disse finalmente me sentando à mesa com Luíza
- Opa, peraí, e a namorada misteriosa, cadê? – Julia protestou
- Isso mesmo, viemos aqui para conhecer a namorada misteriosa que vc tá escondendo da gente há meses, e é melhor essa mulher aparecer – foi a vez de Alice falar
Luciana que era a mais calada do grupo apenas concordou com a cabeça
- Ah sim, já tinha até esquecido – me fingi de desentendida
- Então meninas, vocês já conhecem a Luíza? – disse apontado para o lado
Todas reviraram os olhos impacientes
- Sim, já conhecemos a sua irmã
- Sim, sim, mas agora estou apresentando a vocês a Luíza, minha namorada – disse apontada mais uma vez para ela
Alice, Julia e Luciana passaram alguns segundos com cara de paisagem, até Alice de manifestar
- Peraí, o nome da sua namorada é igual o da sua irmã?
- A minha namorada É a minha irmã
Todas ficaram em silêncio novamente, até que Julia caiu na risada
- Essa foi boa – disse secando os olhos – mas não adianta tirar brincadeira, não vamos desistir de conhecer sua namorada
Alice também sorriu, parecia concordar com a teoria de Julia de que eu estava brincando, mas Luciana já havia se convencido de que eu falava a verdade, pois quando eu disse que estava namorando a irmã ao invés de me encarar ela olhou imediatamente para Luiza, que enterrou o rosto nas mãos
- Ela não tá brincando gente – Luciana se manifestou – Se minha irmã fizesse uma piada desse tipo minha primeira reação seria xinga-la, não ficar envergonhada
Só então as outras duas pararam para olhar a reação de Luíza
- Ai... Meu... Deus – foi a reação de Alice
- Mas... Mas... Não pode – Julia gaguejou
- E eu achava que a Paola seria seu relacionamento mais estranho, parece que temos outro disputando o 1º lugar no rank
Luiza levantou o rosto imediatamente
- Essa é a segunda vez que esse nome é citado hj, vc se importaria de me dizer quem é essa mulher? – perguntou para mim irritada
- Tá com ciúme amor? – cutuquei-a implicando
- Será que as pombinhas podem deixar a cena de ciúmes pra depois e explicar o que tá rolando? – Alice interrompeu
- Calma bicha, eu já vou explicar. Lembram da festa na casa do Mateus?
- A que vc encheu a cara de vodca e sumiu, deixando nós três mortas de preocupadas até a noite do dia seguinte quando vc decidiu ligar pra dizer que tava viva? – Luciana perguntou irritada
- Essa mesmo – respondi ignorando sua irritação – eu esbarrei com a Luíza e passei o resto da festa com ela, e acabamos ficando, e estamos juntas desde lá
- Como assim? Do nada vcs ficaram e começaram a namorar? Não faz nenhum sentido, vocês são irmãs
- Não foi bem do nada, já rolava clima entre nós há muito tempo, mas justamente por sermos irmãs, apesar de não sermos irmãs de sangue, nada tinha acontecido até então – Luíza explicou, enfatizando a parte de que não somos irmãs de sangue como que querendo amenizar a situação
- Eu tenho tentando resistir ao charme dessa ruivinha há 6 anos, mas meu estado alcoólico naquela noite fez com que eu parasse de me importar com o que os outros pensariam. E ainda tem gente que diz que o álcool só traz coisa ruim – brinquei
- Uau, isso é surreal, ainda não tô conseguindo acreditar – disse Alice com ar pensativo – eu vi as duas crescerem juntas como irmãs, e agora são namoradas... Uau
Mais uma vez ficamos em silêncio, sem saber bem o que dizer, até que o silêncio foi quebrado pelo ronco da barriga de Julia
- Desculpa interromper o momento de reflexão gente, mas já podemos comer?
- Também tô com fome – apoiei imediatamente, procurando um motivo para mudar de assunto
- Vamos comer – Alice concordou
Chamamos um garçom e cada uma fez seu pedido, enquanto esperávamos pela comida mudamos completamente de assunto, falando sobre coisa aleatórias como algum seriado novo ou coisas relacionadas a trabalho, quando nossos pedidos chegaram, antes de começarem a comer, resolvi trazer o assunto do namoro à tona novamente
- Gente, desculpa por fazer esperarem mais, mas antes de comerem eu só queria saber se tá tudo bem entre a gente
- E por que não estaria? Confesso que é um pouco estranho pra mim que vi as duas crescendo juntas, mas com o tempo eu me acostumo, contanto que vc esteja feliz eu sempre vou te apoiar
- Concordo com a Alice – Julia disse sem sequer olhar para mim, salivando com o prato de picanha à sua frente, aparentemente foi a primeira a superar o “choque” da notícia.
E mais uma vez Luciana apenas concordou com a cabeça. Respirei aliviada pela primeira vez naquela noite e aproveitei meu jantar com minhas melhores amigas e minha namorada
Após o jantar me despedi de cada uma com um abraço e seguimos para o estacionamento, Luiza que passou o jantar inteiro conversando e sorrindo ficou séria repentinamente quando ficamos sozinhas
- O que foi? – perguntei enquanto procurava o carro
- Nada – respondeu seca
- Tem certeza? – perguntei quando estávamos chegando no meu corsinha prateado
- Anham...
- Então tá – desisti de insistir enquanto abria a porta do carro
Assim que dei a partida no carro Luíza virou para mim com cara de poucos amigos
- Quem é Paola? – perguntou com um olhar assassino
Calmamente eu desliguei o carro novamente e comecei a rir que nem uma retardada
- Não tem graça, eu quero saber que é ela e pq vc nunca mencionou nada sobre ela antes?
Comecei a rir alto
- PARA DE RIR
E entre muitas risadas finalmente expliquei a ela quem era a tal da Paola.
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A SAGA DE PAOLA
Aqui vai minha história com Paola, acredito que nessas poucas linhas vocês se convencerão de que eu, definitivamente, não sou uma pessoa normal
Tudo começou uma semana depois que me mudei para o apartamento, era a minha primeira vez morando sozinha, a primeira semana foi ótima, andei pelada na casa, deixei minhas roupas largadas sem ter que me importar com os gritos da minha mãe, comi todas as porcarias que queria, passei horas e horas no computador sem ninguém me chamar de viciada, enfim, me diverti, mas logo comecei a sentir falta da companhia, ninguém para me receber quando eu chegava do trabalho, ninguém para conversar sobre coisas banais do dia a dia, ninguém...
Conversei com minhas amigas sobre isso, Luciana sugeriu que eu adotasse um bicho de estimação, mas não achei boa ideia pq com o tempo que passo fora de casa o pobre bicho ficaria deprimido, Alice sugeriu que eu saísse mais, mas do jeito que eu andava ocupada me sentia cansada só de pensar em balada, e por fim veio a Julia, que não deu nenhum conselho útil, mas 2 dias depois me entregou uma caixa misteriosa, disse que estava me dando algo com que eu pudesse contar em minhas noites solitárias, e foi embora em seguida tentando segurar o riso. Não entendi bem o que ela queria dizer e quando abri a caixa fiquei confusa com o conteúdo, parecia algum tipo de plástico, tirei o plástico da caixa e o estiquei para ter uma visão melhor, foi aí que entendi o que aquilo era
- Filha da puta, me deu uma boneca inflável
Na hora só ri da brincadeira e guardei a boneca na caixa de novo, mas alguns dias depois cheguei em casa bêbada depois de uma confraternização do trabalho e sem nada melhor pra fazer resolvi inflar a boneca. Não sei o que aconteceu depois disso pq eu realmente estava muito bêbada, mas no dia seguinte acordei seminua na cama e agarrada com a boneca, que estava com uma foto da Paola Bracho grudada no rosto
Só não morri de rir na hora pq já etava morrendo de ressaca, pensei em desinflar a boneca e jogar fora, mas como qualquer bom preguiçoso deixei aquilo pra depois, e ela foi ficando, ficando, e cada dia eu encontrava uma nova forma de rir com as besteiras que fazia com ela (nada sexu*l*, só pra deixar claro) até que no fim de semana seguinte, quando minhas amigas foram me visitar, se depararam com a boneca Paola vestida com uma blusa e um shortinho meus e um cigarro na boca, de pé ao lado janela
Por alguns minutos as meninas acharam que eu havia pirado de vez, mas logo começaram a se divertir também, tirando fotos com ela em roupas e posições diferentes. Paola logo se tornou parte da turma, e permaneceu nela por quase um mês, porém em um dia fatídico, Paola sofreu um acidente fatal: ela estava fumando seu cigarrinho pacificamente ao lado da janela, como sempre fazia ao entardecer, até que bateu um vento muito forte que a fez perder o equilíbrio e cair pela janela, levando-a de forma brusca e dolorosa de nossas vidas.
Seu corpo nunca foi encontrado, mas existem relatos de pessoas que viram uma boneca boiando em um lago próximo ao prédio por alguns segundos, antes de ser destruída por uma família de gansos.
Adeus Paola, você viverá para sempre em nossos corações...
Fim do capítulo
Aqui mais um capítulo dessa minha história sem pé nem cabeça.
Muito obrigada pelos comentários, fico feliz que estejam gostando.
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MariaTK
Em: 10/12/2015
Como assim essa história é sem pé nem cabeça!?
Ela fez todo o sentido para mim...Principalmente na parte da Paola!
Então vamos...Eu já tive uma Paola na vida, o nome dela era Jussara, não só Jussara...Mas sim, "Jussara a Bonita!"
Bem...Eu não ganhei ela de uma amiga...Mas sim de um carinha na rua, nem me lembro quando...
Ela não é uma boneca inflável ou qualquer objeto, e também não é um animal...Mas sim, um Mini Cacto.
Resposta do autor em 10/12/2015:
Jussara parece gente fina, se Paola ainda vivesse tenho certeza que as duas seriam amigas.
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Cassilia
Em: 09/12/2015
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
To adorando essas situacoes inusitadas das duas.
Amei a historia bem leve e romantica, parabens.
Ansiosa para mais.
Bjs.
Resposta do autor em 09/12/2015:
Obrigada pelo comentário, que bom que gostou. Essas duas tem talento para se meter em situações inusitadas, ainda bem que as coisas dão certo no fim rsrs
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