Mais um.
Babá
Aos poucos você me quer, você me pede, me deseja, afasto contemplando teus olhos, teu corpo, meu corpo, por que agora finalmente somos uma, meus dedos contornam tua face e dela brota um sorriso, sorriso esse que me chama, minha língua segue o contorno de teus lábios, eles se abrem em um pedido pela minha, e eu me entrego.
Suas mãos deslizam por meu corpo em direção ao desejo, você me preenche, eu gemo, muda nossas posições sem parar os movimentos, toma meus seios, arranha minha costa, eu fico louca, aumenta o ritmo, a vontade cresce, junto ao vai e vem dos seus dedos, tento me controlar, falta pouco, vou ceder, você para.
Te olho em desaprovação, eu preciso de você dentro de mim, sorri de canto, já sei o que quer, mais não vou te dar, você me provoca, mordidas e arranhões pelo meu corpo, tua saliva me molha, sua língua desliza sobre minha virilha, penso em ceder, sorri divertida com a tortura, volta às carícias, minha lógica? Ela se perdeu entre o gosto da sua boca e o caminho até meu prazer.
A ponta da sua língua me toca, é o fim, eu cedo, você espera e volta a me tocar quando imploro "-Por favor..." e isso é tudo que digo antes de esquecer quem sou...
****************** voltando a 5 anos ************
Nunca tinha reparado nesse teto, há quanto tempo será que mamãe mandou pintá-lo? Por mais que me esforce, eu não me lembro, acho que ultimamente tenho estado muito avoada, mais que o normal, mas como não estaria? Como posso estar desse jeito por alguém como ela? Embora agora a garota dos meus sonhos exista, embora já possa ver seu rosto, já conheça o seu sorriso, ela continua sendo irreal, agora percebo que eu também o sou, que vivo em uma mentira e nela meu eu verdadeiro deixou de existir, talvez por isso, tapei meus olhos para o mundo, com medo do que possa ver, talvez por isso me refugie na minha imaginação, a realidade às vezes é dura demais.
Quem sabe um dia a coragem não me brinde com a sua presença e eu diga a ela o que está acontecendo, quem sabe faça isso hoje quando olhar em seus olhos mais uma vez...
Agora estou aqui, rabiscando mais uma vez em meu caderno, enquanto reparo no teto novo, ou será que ainda é o velho? Não me importo, não tem sentido, muitas vezes uma coisa que parece nova não é, como o que sinto por você, estranho parar para pensar desse jeito e perceber que alguns sentimentos estão com a gente há tanto tempo que nem mesmo o próprio tempo é capaz de definir com precisão, estranho pensar que talvez ela seja o meu destino, ou que ela sempre foi, no meu passado ou futuro, estranho pensar que ela tem uma parte tão grande de mim sem ao menos se dar conta.
Desisto de viajar para o nada, atiro o caderno para o lado frustrada com esse enorme diálogo interno que nunca me leva a lugar algum, nesse instante a campainha toca, olho para o relógio 20:45h, abro a porta, Antonela me olha tímida, meus olhos são atraídos pelos seus, sinto meu rosto corar, desvio o meu olhar encarando o chão, uma sensação ruim me abala.
–Não vai nos deixar entrar? -por trás da perfeição Giordana me pergunta, aquele desconforto ainda presente em mim.
–Claro. -digo sem escolha, dando passagem a elas.
A ruiva toma a frente passando por Antonela, seus lábios tocam meu rosto, seus olhos mergulham nos meus, recuo desviando novamente o olhar, minha prima então me puxa para seu encontro me tomando em seus braços.
–A Tia Deli já foi? - perguntou Antonela indo em direção ao sofá.
–Faz algum tempo.
Me sento na poltrona fechando a cara, por que minha mãe pediu para elas cuidarem de mim, afinal ela e papai só ficariam fora uma noite e eu não sou tão criança a ponto de não poder passar uma noite só.
–Eu queria ter falado com ela, mas Giordana me atrasou. -explicou-se ela, as duas trocaram um olhar cúmplice.
–Você bem que gostou... -meu rosto cora ao entender do que se trata, essa sensação ruim que não me abandona.
–Você já comeu Karolzinha?
–Não.
–Vamos pedir uma pizza. -a ruiva tirou o celular do bolso. -Qual o número?
–Não tenho a menor ideia. -respondo.
–Amor pega o carro e vai comprar pra gente? -Antonela fez biquinho e por um momento me lembrou seu irmão, pelo jeito o truque era de família.
–Ta bom, eu já volto. -a ruiva pega as chaves e sai apressada sorrindo para perfeição.
Um silêncio constrangedor fica no ar, ligo a televisão e deixo meus olhos vagarem sem rumo, sem realmente ver nada, apenas esperando que o tempo não demore a passar, ao longe a risada de Antonela me desperta, a olho confusa.
–Você está assistindo mesmo isso Karolina? -pergunta ainda mantendo um riso nos lábios.
Olho para TV, jornal, uma reportagem sobre os benefícios do estrume nas plantações, sinto meu rosto se contrair em uma careta, Antonela volta a rir.
–Cala boca Antonela.
–Olha como fala pirra...
Dou-lhe uma travesseirada antes de terminar a frase, ela revida, ficamos algum tempo nessa brincadeira.
–Para Nela cansei!
Antonela solta o travesseiro, é tudo que preciso, aproveito o momento para acerta-la em cheio, a mais velha cai no sofá com a mão no rosto choramingando de dor.
–Desculpa Nela foi sem querer.
Vou até ela preocupada, com cuidado tiro sua mão da frente, ela me puxa para o sofá ficando por cima.
–E agora pequena? -um sorriso, meu corpo congela embaixo do seu. -Acha bonito trapacear é?
Ela me enche de cócegas, sinto dores na barriga de tanto rir, me vejo presa nos seus olhos, Antonela também me olha, as cócegas param, aos poucos o riso morre em nossos lábios, deslizo minha mão até sua cintura e a puxo para mim, apenas um roçar de lábios e já me sinto dominada, nossas línguas se chocam em uma disputa por domínio, um arrepio percorre meu corpo, enquanto aperto o corpo dela ao meu, tudo o que eu queria era continuar ali, entre os lábios dela, Antonela se afasta ofegante, em sua face vejo um olhar assustado que logo se transforma.
–Isso nunca mais vai acontecer Karolina. -sua voz é dura, o que me deixa completamente desarmada.
–Por quê?
–Eu sou mais velha, você é quase uma criança sabia?
–Não me importo.
–Para com isso Karol você é minha prima.
–De segundo grau, nem conta. -argumento.
–Karolina, por favor.
–Você também sentiu não é? -ela fica muda. -Você sabe do que estou falando, vai fingir que não aconteceu?
–Vou! Isso pára aqui Karol.
–Mas...
–Chega!
A campainha toca, abro a porta já sabendo quem é, a ruiva sorri pra mim, reviro os olhos indo em direção ao meu quarto, não aguentaria ver a cena, por que a hipocrisia tem que estar sempre tão presente? Fecho a porta antes de deitar, novamente encarando o teto, agora ela já sabe o que sinto, já sabe o que quero, a próxima escolha é dela.
As horas passam rápidas enquanto leio um livro qualquer, sinto um vazio no estômago, a fome chama, entreabro a porta decidida a buscar algo na cozinha, de repente escuto um gemido, eles vêm da sala acompanhados por palavras sussurradas e mais gemidos eu sei o que elas fazem, os barulhos param e aquela voz rouca soa.
–Antonela eu sei que ainda é cedo, mais eu gosto de você... Então por que não me dá uma chance...
Um silêncio incomodo, borboletas no meu estômago.
–Eu vou ser sua namorada Giordana...
Uma única lágrima me escorre, volto a fechar a porta e me reconforto nos braços da tão conhecida solidão.
Fim do capítulo
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Luh kelly
Em: 24/11/2015
Oiiii Ams e aí linda como vai?
Karolina é a única nessa familia que não é hipocrita, o resto tem seus defeitos, mas como ela mesma disse precisam uns dos outros, logo nos primeiros dias depois da chegada de Antonella já se sentem atraidas uma pela outra mesmo que Nella negue. Achei bem interessante e diferente abordar a idade de 12 anos da Karol, uma garota dessa idade e já esta apaixonada, tadinha tão nova e já se magoar com o primeiro amor, acho que Antonella sabia que ela estava na cozinha por isso disse aquilo.
beijosss autorinha e nos vemos na próxima :)
Resposta do autor:
Familia é um trem complicado viu....
Luh vc é o tipo de leitora que me faz ter vontade de escrever sabia? sempre comentando acompanhando isto me faz muito feliz *-*
Am´s
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