-- Lógico. -- Allison foi confiante. 

 

-- Tudo bem. Tome o seu café e se arrume, temos alguns planos para hoje. -- Alice finalmente sorriu, parecia empolgada. 

 

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Na casa de Emily, Anne se encontrava aflita após receber uma ligação. 

 

-- O que houve? -- A amiga não hesitou em perguntar.

 

-- Eu tenho que ir! Onde é que eu estava com a cabeça? Me esqueci completamente dos meus planos para hoje. -- Anne pegou o scarpin azul turquesa na beira da cama e o calçou ligeiramente.

 

Emily deixou que a amiga partisse sem obstáculos. Ela se levantou e tomou seu café da manhã. Recebeu a ligação de alguns amigos com quem havia se reencontrado na noite anterior e junto com a ligação um convite que logo foi aceito. Terminando o café da manhã Emily pegou o carro e foi até o local de encontro, eles iriam assistir a um jogo do porto alegre pumpkins.

 

Para a surpresa de Emily, assim que chegou aos portões do clube ela deu de cara com as irmãs, Alice e Allison. Elas estavam com o mesmo grupo de amigos que havia convidado-a. Emily se sentiu estranha por encontrar Allison no dia seguinte ao beijo, não sabia o que dizer ou como reagir, principalmente porque Alice estava junto.

 

-- Oi. -- Emily disse sem jeito ao perceber o olhar de Alice sobre ela. 

 

-- Emily, que bom que está aqui! -- Alice sorriu, ignorando a cena da noite passada. Nem parecia a mesma mulher que havia interrogado a irmã horas antes.

 

Allison apenas sorriu e sem pronunciar som algum disse “oi” para a jovem.

 

-- Então, quem está com os ingressos? -- Jason, um dos nossos amigos, se pronunciou. Seu rosto estava todo pintado com as cores laranja e preto, as cores do time da casa. Ele era um ex-jogador fanático pelo time, um rapaz alto e forte, cabelos loiros e espetados. Os olhos eram de tom tão azul quanto o céu em um dia limpo. -- Ops. Sou eu. -- Ele riu após se gabar que havia conseguido todas as nossas entradas de graça, pois era sócio do clube. -- Emily, você poderia comprar os cachorros quentes? 

 

-- Claro. Quais são os nossos assentos? -- recebeu sua reposta e afirmou que os encontraria lá em seguida.

 

-- Eu te acompanho. -- Alice se aproximou seguindo os passos da jovem. 

 

-- Tudo bem, vamos lá. -- Emily aguardou que a amiga se aproximasse o suficiente para que pudessem conversar.

 

-- O que foi aquele beijo ontem? 

 

Emily parou no meio do pátio e olhou-a.

 

-- Sério que vamos ter essa conversa?

 

-- É óbvio Emily! Allison é minha irmã, o que deu em você? -- Alice fechou a cara para a amiga, ela esperava por uma explicação sensata.

 

Emily fitava a amiga e buscava por palavras que explicassem o que havia acontecido na noite anterior, mas antes que pudesse dirigir-lhe a palavra notou a expressão de Alice mudar repentinamente, o que antes parecia-lhe com uma pessoa brava e curiosa agora transmitia uma angustia sem fim. Ela virou-se acompanhando o olhar da amiga e surpreendeu-se com o que viu. Ou melhor, com quem viu.

 

Uma mulher magra e alta que estava na fila da lanchonete chamou-a atenção. Ela usava uma blusa social jeans em tom cinza claro contrastando com a calça jeans em tom azul Prússia e com a echarpe cor de vinho. O salto alto era robusto e de tom madeira e os cabelos estilo ombré estavam presos em um coque parcialmente solto. Um homem também alto e pouco forte cercava sua cintura com um dos braços. Emily pensou que seus olhos e sua mente podiam estar enganando-a, mas assim que a mulher se virou para beijar o rapaz ela não teve dúvida, era Lívia, a ex-namorada de Alice. Seu coração apertou ao retornar o olhar para a amiga que já chorava. Aquelas lágrimas eram sofridas, Alice ainda era louca pela Lívia, mesmo depois de toda situação com o primo e por nunca mais ter falado com a jovem. Elas tiveram um namoro de um ano e meio, mas nesse tempo elas estiveram tão conectadas que mal parecia ser tão pouco tempo assim. O principal problema de Lívia era com mentiras, e não se contentando a mentir apenas para a namorada a mulher insistia em ser falsa com todos ao seu redor. Talvez por sua classe social altíssima ou quem sabe por ser tão mimada e metida. A verdade é que não havia explicações para o caráter vergonhoso de Lívia. Como Alice podia ter se apaixonado por uma mulher tão fútil?! 

 

Emily se aproximou de Alice, cobrindo sua visão do casal.

 

-- Alice... -- Ela não sabia o que dizer para consolar a amiga. Só tinha ouvido falar de Lívia pelo telefone e só a tinha visto por fotos. -- Não vale a pena ver isso. Vamos embora daqui.

 

Lágrimas mornas insistiam em cair dos olhos de Alice, ela estava machucada por ver que a ex-namorada, mesmo depois de tudo, ainda continuava namorando o seu primo.

 

-- Ela é muito cara de pau. -- Alice esbravejou. -- Continua com ele mesmo depois de saber que é meu primo! E ela nem sequer... -- A voz fraquejou durante um soluço de choro.

 

 Naquele instante Emily a tomou nos braços, foi um abraço forte e bastou o abraço para que Alice desmoronasse em lágrimas. Se encontrar com uma ex-namorada daquela forma machucaria qualquer um, até mesmo Alice, que nunca havia mostrado tanto interesse por alguém. 

 

-- Vem, vamos sair daqui. -- Ainda no abraço Emily acariciou a nuca da amiga e deslizou a mão pelo teu ombro e braço até alcançar a mão, tirando-a de perto do casal.

 

Já afastadas, Alice retornou para os braços da amiga que a consolavam tanto. Sua respiração estava desorganizada, mas ia se ajeitando com o passar do tempo. Emily tinha visto a amiga chorar dessa forma poucas vezes no tempo de amizade, agora ela entendia as reclamações constantes que Alice fazia da namorada por telefone. 

 

-- Está melhor para falar sobre isso agora? -- Emily olhou-a atenta a cada sinal de fraqueza da amiga, não queria vê-la chorar novamente, pois lhe doía o coração.

 

-- Não! Eu vou voltar lá e vou acabar com ela! -- Alice ameaçou ir na direção do pátio mas Emily segurou-a pela cintura. 

 

-- Está maluca? Você não vai lá. Não vou deixar você ficar se machucando por causa dela. -- Emily segurava sua cintura com força, pois a amiga tentava se soltar a qualquer custo, estava furiosa.

 

-- Ela merece ouvir o que eu tenho para dizer. -- Alice esbravejava.

 

-- ALICE! -- Emily gritou com a jovem. -- Essa mulher não merece você. Muito menos as tuas palavras. 

 

-- Mas... -- Alice diminuiu a frequência com que tentava se soltar dos braços de Emily até o momento em que parou de tentar por completo. -- Tudo bem. 

 

-- Alice? -- Uma voz soou longe.

 

Emily foi a primeira a olhar e estremeceu ao perceber que era a maluca da Lívia. Emily sabia que a presença daquela mulher desencadearia uma série de estresse e mágoa em Alice e não podia deixar que isso acontecesse.

 

-- Não olha, por favor. -- Emily praticamente implorou. 

 

-- É ela? -- Os olhos de Alice mudaram completamente e lágrimas ameaçavam cair, ela estava disposta a tirar satisfações com a ex-namorada, mas com o seu estado de fúria boa coisa não aconteceria.

 

Alice se curvava para ver Lívia quando as mãos de Emily tomaram seu rosto e o seguraram firmemente. Emily beijou-a sem pensar duas vezes e durante o beijo ela pôde sentir o rosto molhado pelas lágrimas de Alice e embora soubesse que beijá-la não fosse a melhor opção, esse foi o modo que ela havia encontrado para evitar uma briga feia. 

 

Foi em vão.

 

Seus lábios se tocavam e o beijo corria com intensidade quando Emily sentiu uma mão tocar o seu ombro e afastá-la de Alice de forma brusca.

 

-- Solta ela. -- Lívia foi imponente ao gritar com Emily.

 

-- Garota, você está louca? -- Emily se aproximou de Lívia querendo peitá-la. 

 

-- Cala a boca. Você sabe com quem está falando por acaso?! -- Mais uma vez Lívia queria por o seu dinheiro e seu sobrenome a frente de tudo. 

 

-- Não, e não me interessa. -- Foi direta.

 

-- Será que dá para parar vocês duas? -- Alice ficou no pequeno espaço que havia entre Emily e Lívia, colocando as mãos no busto da duas, tentando segurá-las longe uma da outra. 

 

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-- Melanie, que confusão é aquela ali? -- Anne apontou para o trio. Observou com mais prudência e percebeu que conhecia as pessoas envolvidas. -- É a Emily! -- Anne não se conteve e correu em direção a briga.

 

Anne tocou a cintura de Emily e a puxou para trás. 

 

-- Emily, o que deu em você? -- Anne segurava a amiga com cautela, não queria machucá-la. 

 

-- Até que enfim alguém para segurar essa maluca. -- Lívia sorriu, provocando-a.

 

-- Lívia, para! -- Alice implorava. 

 

-- Parar? Essa garota beija a minha namorada e eu que tenho que parar? 

 

-- Como é que é? -- Anne e Alice falaram juntas, porém com objetivos diferentes. Alice estava pasma por Lívia achar que ela ainda era a sua namorada e Anne estava surpresa por saber que Alice e Emily estavam se beijando. 

 

-- Emily, você tentou me beijar essa manhã e agora isso? -- Anne não conseguia acreditar, como ela podia ser tão galinha a esse ponto?

 

-- Ela tentou te beijar? -- Lívia foi deixada de lado quando Alice se dirigiu a Anne. 

 

As três olhavam fixadamente para Emily, ela estava em maus lençóis. 

 

-- Emily, sua cachorra, você beijou a minha irmã ontem! 

 

-- Sua irmã? -- Lívia estava confusa, não sabia que Alice tinha uma irmã.

 

-- Cala a boca! -- Alice e Anne gritaram com Lívia.

 

-- E ainda tem isso. Três mulheres em menos de vinte e quatro horas Emily? -- Anne olhava-a desapontada. 

 

Emily não conseguia se defender, sabia que havia agido errado ao beijar Alice, mas ela não espera por uma confusão deste tamanho. Não esperava pela presença de Anne e principalmente por esse questionamento todo. Anne iria se casar em breve, o que importava para ela o fato de Emily beijar outras garotas?! As atitudes de Anne deixavam-na sempre confusa.

 

-- Não é assim. Me deixa explicar. -- Emily falava baixo.

 

-- Explicar o quê? Que você é uma galinha? Que pegou as duas irmãs e ainda tentou ficar com uma mulher que está prestes a se casar? -- Anne estava inconformada e estava claro até mesmo para Lívia que nem da história toda sabia. 

 

-- Se você está tão feliz assim por se casar, porque fica me questionando sobre quem eu beijo ou deixo de beijar? -- Emily olhou-a nos olhos, ignorando qualquer outra pessoa presente no local. 

 

Ouvir aquelas palavras fez o coração de Anne acelerar. Ela também não sabia por que se preocupava tanto com o fato de Emily beijar outras mulheres, mas pensar na possibilidade de ser apenas outra mulher qualquer a machucava de tal forma que ela não sabia explicar. 

 

Anne engoliu seco e nesse momento permaneceu calada, ela não tinha o que responder.

 

-- Silêncio, essa é sempre a sua resposta não é?! -- Os olhos de Emily marejaram, mas as lágrimas não ousaram cair. Ela não podia e não queria sofrer por essa paixão antiga.

 

-- É isso que acontece quando se beija a mulher dos outros. -- Lívia pronunciou-se e todas a olharam, furiosas. 

 

-- E o que te faz pensar que ainda é a minha mulher? -- Alice quase espumava pela boca de tanta raiva. 

 

-- Nós não terminamos, terminamos? -- Lívia olhava-a. 

 

-- O que você acha que eu sou Lívia? Acha que eu vou me meter nesse maldito triangulo amoroso entre eu, você e meu primo?

 

-- E qual o problema?

 

Lívia era inacreditável. Para ela não havia problema algum em viver um relacionamento a três. Provavelmente ela tinha se esquecido da Alice com quem havia namorado. Da Alice que sempre lhe tratava como uma mulher de verdade, que lhe dava carinho e fazia de tudo para ver um sorriso que fosse. 

 

-- Eu quero que você suma da minha vida Lívia. Você morreu no momento em que entrou naquela sala e foi apresentada como namorada do meu primo. -- Alice não pôde conter as lágrimas. Ela finalmente estava encerrando essa fase da sua vida, e embora houvesse passado meses sem falar com Lívia, encerrar esse relacionamento de forma verbal era de extrema importância para que ela pudesse seguir em frente com a vida.

 

Anne estava completamente abstraída da briga entre Alice e Lívia. Seus olhos insistiam em Emily, que a ignorava desde o momento em que Anne se restringiu a respondê-la.

 

-- Alice, vamos sair daqui. -- Emily pegou na mão da amiga e juntas deixaram Anne e Lívia para trás.

Fim do capítulo