Mais um
Perfeita a Ponto de Enjoar
Sua cabeça ainda repousava em meu colo, ela ainda é a mulher mais linda aos meus olhos, agora finalmente posso dizer que ela é o meu amor, agora é o meu futuro, depois de tanto tempo eu entendi, a fiz entender, sempre seria assim, e agora eu vejo que tudo precisava acontecer, só agora eu entendo o que é paixão, o que é o amor...
Te olho nos meus braços e tenho a certeza de que nem mesmo o maior oceano é tão profundo quanto seus beijos, de que nem mesmo o infinito é maior que o meu amor, te olho e tenho a certeza de que somente o seu sorriso traz a minha felicidade.
*********** 5 anos atrás ***********
Eu só posso estar ficando louca, ficando não eu já estou louca, quero dizer... ai já nem sei o quero dizer, esse negócio de amor é tão confuso... como não o confundir com paixão? E por que a bendita paixão machuca tanto? Não, eu não estou apaixonada, mas esse é um assunto que constantemente tem invadido a minha cabeça "amor" o que é o amor? Pra que ele serve afinal? como você sabe que o está sentindo? dizem que as mãos suam, o coração dispara, o corpo estremece, que tudo perde a lógica, e que seu mundo deixa de ser seu, sinceramente eu não quero isso, o meu problema é que estou ficando louca. Droga! Não sei como explicar tudo tem parecido tão confuso na minha cabeça que estou considerando seriamente a hipótese de estar louca. Não é amor, não é paixão, mais o que é? Por que essa certeza tão grande de que só ela me fará feliz, porque ultimamente está tudo ficando tão sem graça e o mais estranho, por que eu não a conheço? Isso mesmo, não a conheço, definitivamente estou louca.
Eu não a conheço, nunca a vi, não sei seu nome, nunca ouvi sua voz nem senti seu gosto, mas sei lá, fico imaginando alguém que seja perfeita pra mim, sonhando, fantasiando... O que me assusta não é saber que ela também é uma garota, o que me assusta é essa necessidade de alguém que não existe, me assusta sentir todos os dias que eu a conheço como nenhuma outra, me assusta desejar alguém imaginário, ficar sonhando acordada com uma imagem distorcida que vem a minha cabeça sempre que eu penso no amor, às vezes eu tenho a sensação de que talvez ela seja real e então eu percebo que ninguém pode ser tão perfeita assim pra alguém, e, estou até mesmo deixando de fazer sentindo, melhor esquecer essas minhas loucuras e voltar pra vida real.
–Karolina... Karolina... KAROLINA!!!
Fui acordada de meus profundos devaneios que provavelmente não iriam me levar a lugar nenhum, olhei para o lado e vi minha mãe a me encarar com um semblante sério e curioso.
–De novo no mundo da lua Karol? –eu sorri de canto enquanto ela suspirava, era normal pra ela me ver deixar a realidade e ir devagar pro meu próprio planeta. –Se troca, sua Tia Ceci já ligou pra lembrar de não atrasarmos para o almoço.
–Eu tenho mesmo que ir mãe?
Era sempre a mesma coisa, eu acabava entediada antes de colocarem a mesa ou esquecida por não ter idade para participar das "conversas de adultos" como se fosse assim tão complicado e interessante o que está acontecendo na novela ou o novo corte de cabelo da fulana do clube.
–Não vou nem te responder, quero você pronta em vinte minutos.
–Mas mã...
–Sem mais, dezenove agora.
Aquela já era uma guerra perdida então tratei de ir correndo para o banheiro, tranquei a porta antes que minha mãe resolvesse me dar banho, não sei por que ela é tão apressada...
Liguei o chuveiro e o deixei esquentar enquanto tirava a roupa, meus pelos se eriçaram ao sentir o vapor tomar conta do ambiente, respirei aquela fumaça uma última vez antes de entrar na água, os jatos d’água, o vapor, aquele sorriso, deslizei as mãos por meu corpo acariciando os lugares que me excitavam, a alguns meses eu havia começado a descobrir coisas novas em meu corpo, não sei como isso aconteceu, mas.... Mordi meus lábios tentando abafar os primeiros gemidos, um sorriso misterioso tomou conta dos meus pensamentos, os sonhados gemidos pareciam estar invadindo minha mente, aumentei o ritmo dos meus dedos, imaginando o calor da água como o da pele, senti meu corpo tremer, ao desejar o seu, me entreguei a essa sensação, como eu me entregaria a você, como te faria minha, beijando seu corpo, sentindo sua respiração aumentar, meu corpo se contrai, minha língua sendo sua, espasmos me tomam, te ouvindo me pedir, me rendo, nos fazendo uma só, eu gozo, sinto aquele líquido escorrer por meus dedos, por minhas pernas, jorrando de mim, levei os dedos aos lábios sentindo meu gosto e apenas imaginando o seu...
E então a compreensão do que acabo de fazer me toma, um rubor sobe a meu rosto e me sinto furiosa com essa estranha imaginaria, por que ela faz isso comigo, por que essa fantasia sempre me distrai tanto, eu simplesmente penso nela e esqueço do mundo, ela se torna meu mundo, alguém misterioso, sem rosto, sem voz, alguém que só existe pra mim, alguém que é minha, amor perdido me deixa te achar...
–Karolina você morreu ai dentro menina? Desliga esse chuveiro que seu pai não é o dono da SABESP* não!
–Tô saindo mãe.
Ensaboei meu corpo deixando que a água levar meus últimos desejos...
Tia Ceci já nos esperava no portão, nem descemos do carro e as duas já engataram uma conversa que durou o almoço todo me deixando de lado, ótimo era tudo o que eu queria, fui para sala na esperança de ser deixada em paz, meu meio primo Júlio de seis anos me seguiu, ele é neto da Tia Ceci, o xodó da família.
–A Antonela ta morando aqui agora. –falou.
–Aqui? Na casa da Tia Ceci ou na sua casa?
–Não. Na casa dela. –respondeu atirando o controle da televisão para o lado. –Você podia me levar lá né? Ela comprou um videogame novo...
Ir na casa da Antonela, não sem chance de ver a senhorita perfeição, faz quase dois anos que não a vejo, a última vez que ouvi falar dela foi quando ela foi fazer o tal intercâmbio, ela nem me considera da família, se é que ela considera ter família, pelo que me lembro ela não aparece em uma festa familiar, nunca vai a nenhum almoço de domingo e nunca me disse nada além de um oi nas raras vezes que nos vimos, Antonela tinha a mania de chamar a atenção e eu sempre odiei pessoas assim, acho que por isso nunca me esforcei em saber sobre ela.
–Karol.... KAROLINA! Acorda pô. –Júlio me cutucava insistente.
–Oi, o que? Claro!
–OH VÓ. –o pequeno gritou. –A KAROL PODE ME LEVAR NA CASA DA MANA? –Como assim, eu levar? O anão surtou.
–Júlio você sabe que sua irmã mudou ontem a casa dela está uma bagunça ainda. –respondeu minha Tia Ceci aparecendo na sala.
–Mas ela tinha deixado eu ir jogar um pouquinho. –seus olhinhos encheram de lágrimas, ele fez beicinho e tremeu um pouco o queixo ameaçando choro, garoto esperto, sabe direitinho como amolecer a velha.
–Você cuida dele Karol?
–Eu? Eu não... –ele me olhou do mesmo jeitinho e seus olhinhos brilharam. –Ta bom, ta bom, você joga sujo.
Júlio ia na frente todo feliz e eu era obrigada a correr para acompanhá-lo, paramos em frente a uma casinha de grades vermelhas.
–OH MANA!!!
–Tô indo. –aquela voz me soou estranha, não era a voz da Perfeição. –Pequeno príncipe que saudade sua!
Aquela realmente não era a metida da Antonela, que sorriso, que boca, a garota jogou seus grandes cabelos vermelhos para trás fazendo charme, me vi olhando-a boquiaberta, branquinha com sardas nas bochechas, de pele delicada e olhar acusador, senti meu coração apertar e uma sensação estranha me invadiu, quem era ela, e que sensação era essa.
–Quem é você? –a pergunta fugiu de meus lábios antes que pudesse pará-la.
–Karol vamos logo. –Júlio pegou na minha mão e me arrastou para dentro da casa.
–Mas o que está acontecendo aqui?
Minha atenção foi roubada pela dona da voz, com seus cabelos compridos e negros com grandes cachos até a cintura, os olhos em um tom de avelã brilhavam, seus lábios carnudos e rosados se destacavam na pele bronzeada, as coxas grossas expostas pelo short curto, assim como os seios fartos que eu podia ver pela blusa regata, Antonela estava toda suada e suja. Mas quando ela sorriu pra mim senti meu estômago se revirar e uma ânsia me subiu, perfeita a ponto de enjoar era assim que eu a definiria...
–Karolzinha? Menina tu cresceu.
–E-eu...
–MANA! –Júlio se atirou sobre ela em um abraço de urso.
–Veio jogar seu gordo? –perguntou ela fazendo cócegas na barriga do irmão.
–Ele, ele m-me fez trazê-lo, não t-tem problema né? –que sensação estranha é essa de estar sendo vigiada, automaticamente virei meu rosto dando de cara com certa ruiva que me analisava desde a cabeça a ponta dos pés.
–Claro que não, eu acabei de arrumar a TV. –ela nos levou para sala e ligou os fios. –Anjo você vai se atrasar pro serviço.
–Já tinha me esquecido. –a ruiva pegou uma bolsa em cima do sofá e beijou a boca de Antonela, desviei meu olhar na mesma hora, e quando tornei a fitá-las ela me olhava de um jeito tão estranho, como se me desafia-se a alguma coisa. –Te ligo assim que eu sair amor.
–Anda Karol joga comigo.
Júlio me passou um dos controles, Antonela saiu da sala me deixando sozinha com ele, respirei fundo e senti como se fosse a primeira vez que o fazia desde que havia entrado naquela casa.
Jogamos por algum tempo até eu me irritar, deixei o controle de lado porém o pequeno continuava entretido no jogo, então resolvi ir atrás da minha querida meia prima, a encontrei no quarto toda atrapalhada montando a cama.
–Posso te ajudar? –me ofereci.
–Claro. –ela me deu aquele sorriso e o enjoo voltou, para minha felicidade ela se calou, e trabalhamos em silêncio por algum tempo, mais logo ela voltou a falar. –Quantas ele ganhou?
–Como assim?
–Quantas partidas o gordo ganhou de você?
–Todas. –senti meu rosto corar, perder já é ruim, agora perder de um pivete de seis anos...
–Meu deus você é péssima então, segura aqui. –me jogou uma chave de fenda. –Aperta os parafusos da cabeceira.
Voltamos a trabalhar em silêncio, mas minha cabeça não parava, o que a ruiva tinha com a Antonela, o que a Antonela tinha... meu deus quem era essa ruiva, eu entendo ela, quem em sã consciência não olharia para a perfeição? Me peguei admirando-a, o que diabos eu estava fazendo?
–Você está bem Karolzinha? –perguntou ela parando o que estava fazendo para me olhar, o enjoo voltou.
–T-to só estava pensando.
–Namoradinho é?
–N-não, eu não tenho...
–Pois é anda difícil se apaixonar não é? –ela voltou a apertar os parafusos. –Mais você é novinha ainda, ta na idade das descobertas, quantos anos você tem mesmo?
–Quatorze.
–Ih... Ta na fralda ainda... –e começou a rir como se aquela fosse uma piada muito engraçada, piada a qual eu não havia entendido, me senti ofendida, desde quando sentimento tem idade?
–Não sou tão novinha assim, e você nem é tão velha!
–Tenho vinte já, mais não é por isso que estou falando, você ainda nem sabe o que é desejo, paixão, amor.
Ela parou de novo e ficou de frente para mim, com aquele sorriso estupido de quem sabe das coisas.
–Talvez eu saiba melhor que você dona perfeição.
–Karol não fica assim não, logo, logo você cresce e se torna um mulherão, vou ficar até com vergonha de sair do seu lado na rua, mais por enquanto você ainda é pequena.
–Não sou, não sou e não sou!
–Pirralha.
Quando dei por mim já a encostava na parede, Antonela era mais alta e mais forte, mais isso não importou naquele momento, a respiração dela bateu no meu rosto roubando meu ar, o que eu estava fazendo? Ela sorriu em deboche pra mim e aquele riso arrogante me roubou a consciência outra vez.
–Vou te mostrar a pirralha...
A prensei ainda mais, vi ela arregalar os olhos, aquela proximidade com sua pele me arrepiou e uma certa ruiva invadiu minha cabeça me deixando meio perturbada.
–Quero ir embora! –Júlio apareceu na porta do quarto terminando de quebrar o pouco contato que havíamos tido, nos fazendo se afastar.
–Leva, leva ele Karol.
Sem dizer mais nada peguei na mão dele e voltamos para casa da Tia Ceci. No caminho todo para minha casa voltei a sonhar com a garota sem rosto, a garota dos meus sonhos, mais o seu sorriso já não era mais o mesmo...
–Karolina. –minha mãe me chamou.
–Oi.
–Esse domingo vai ter almoço em família para comemorar a volta da Antonela.
Estranhamente um sorriso se formou em meu rosto, e a sensação de ser intimidada voltou junto com uma imagem...
Fim do capítulo
amanha volto com outro
bjs
By: Am´s
Comentar este capítulo:
Luh kelly
Em: 23/11/2015
Oiiii novamente mal acabo de comentar e já tem outro conto novo.
Adorei esse também assim como o anterior, Karol só tem 12 anos e aquela parte do chuveiro ela gozou, fiquei meio como assim, mas enfim vou esperar por mais capítulos. Só fiquei meio confusa ela sonha com uma garota que nunca viu, Karol tem sonhado com ela? e essa garota por acaso é Antonela ? mas se sendo assim ela a viu mesmo que poucas vezes, mas viu.
Beijão AMS e até o próximo capítulo :)
Resposta do autor:
Você ficaria surpresa com o que garotas de 12 anos fazem nos dias de hoje....
Em questão ao sonho, você já chegou a ter sonhos onde a pessoa simplesmente não tinha rosto? digo você sabia que era alguem, porem não conseguia enxergar, Karol tem tido sonhos assim, ela sonha com uma pessoa, porem ela não consegue ver quem é, e nesses sonhos ela faz suas fantasias de amor el cria cenas, é como se apaixonar por um personagem você sabe que não é real, porem se sente encantado mesmo assim, e inconcientemente procura alguem para ocupar aquele lugar...
não sei se expliquei bem, mas é algo tipo isso.
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