Capítulo 48
Os Anjos Vestem Branco - Último Capítulo
Bruna e Victória estavam no aeroporto se preparando para embarcarem para Fernando de Noronha.
-- Pronto amor, já fiz o check-in - Bruna sacudia o bilhete na mão.
-- Então vem amor, vamos sentar lá na sala de embarque.
Assim que se viraram para caminhar, deram de cara com Sabrina e Priscilla.
-- O que vocês fazem aqui? - Bruna estranhou o fato das duas estarem no aeroporto no mesmo horário que elas.
-- O que se faz em um aeroporto? - Sabrina fazia check-in do seu voo - Estamos indo para a nossa lua de mel.
Victória e Priscilla entreolharam-se desconfiadas.
-- Há tá. Boa viagem então - Bruna acenou um tchauzinho e saiu puxando Victória pela mão.
-- A gente podia ficar com elas até a hora do embarque - Victória virou a cabeça olhando em direção para onde estavam as amigas.
-- Não amor, eu ainda quero tomar um daqueles sorvetes gigantes que tem ali naquela sorveteria - apontou para o lugar que tinha uma fila quilométrica
-- Eu mereço - Victória revirou os olhos.
No avião.
-- Olha lá amor quem estão também nesse avião - Bruna acenou com a mão - Oi.
-- Oi - Sabrina acenou de volta.
-- Bruna, fala a verdade - Victória a intimou.
-- Que verdade, Vic? É só uma coincidência - mandou um beijinho para a irmã, que olhava desconfiada.
No Aeroporto de Fernando de Noronha, em Vila dos Remédios.
-- Não vi mais a Prí e a Brina - Victória procurava pelas duas na sala de desembarque.
-- Devem ter tomado outro destino. Vem, vamos pegar as nossas bagagens e ir para o hotel - Bruna caminhou na frente enquanto Victória ainda procurava com os olhos.
No hotel.
-- Nós temos reservas em nome de Bruna Sontag - a loira falou sorridente para a recepcionista.
-- Nós também... - Sabrina falou ao lado de Bruna no balcão - Em nome de Sabrina Pimentel.
-- Oi, que surpresa!!! - Bruna E Sabrina se abraçaram "saudosas".
Victória olhou para Priscilla e revirou os olhos bufando.
-- Coincidência! - Falaram juntas e sorriram.
As quatro, passaram uma semana na ilha. Fizeram passeios maravilhosos: Alugaram um buggy para se locomover com mais liberdade. Conheceram as principais praias, os imperdíveis passeios de barco, a famosa trilha do Atalaia e ainda os vários pontos perfeitos para mergulho. Fizeram caminhadas e trilhas.
Tiveram um jantar maravilhoso na pousada Teju-Açu. O caminho era todo iluminado por tochas, criando um clima de romantismo.
Assistiram juntas o pôr do sol no Mirante do Boldró. Simplesmente lindo!
-- Esse lugar me inspira - Bruna respirou fundo e abraçou Victória.
-- Só não conta piada, Bruninha, porque senão eu perco todo o tesão - Sabrina abraçou Priscilla e a beijou.
-- Fala Brú, não liga para a Brina - Victória a incentivou sorrindo.
-- Foi a melhor lua de mel que eu tive - risos - Quero dizer que... - olhou para a irmã e para a amiga - A coincidência (tossiu), de estarmos aqui juntas foi maravilhosa. Independentemente do que aconteça estaremos juntas para sempre, onde for, o que acontecer, o que houver ... eu amo vocês.
As amigas se abraçaram e deixaram algumas lagrimas correrem.
Um mês depois...
-- Hú, hú...
Bruna e Sabrina choravam, riam, pulavam.
31 residentes se despediram do Hospital da Barra. A formatura de Residência Médica e Estágios do HB lotou o auditório da Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Pediatria, emocionou médicos, familiares e amigos.
Os formandos concluíram cursos nas especialidades de Pediatria, Cirurgia Pediátrica, Ortopedia e Traumatologia, Neurologia, Gastrenterologia, Medicina Intensiva, Cardiologia, Urologia, Anestesiologia e Neurocirurgia.
Sandra aproximou-se das duas formandas e as abraçou.
-- Que falta vocês farão ao hospital, doutoras - as olhou num misto de alegria e tristeza - Aquele hospital nunca mais será o mesmo.
-- Tenho projetos que me ocuparão um bom tempo, doutora Sandra, mas não deixarei de fazer alguns plantões no ambulatório de pediatria. Não deixarei minhas criancinhas do SUS sem a continuidade do tratamento.
-- Que bom, doutora Sontag - abraçou a querida pupila - E você doutora Sabrina, que grata satisfação. Começou insegura e terminou como uma veterana - sorriu e a abraçou - Desejo do fundo do meu coração orgulhoso, que sejam felizes em suas vidas.
Doutora Sandra as deixou naquele momento, mas ainda iriam se encontrar muitas vezes. O mundo é pequeno e o círculo de profissionais da saúde menor ainda. Certamente se esbarrariam por aí.
Bruna foi premiada pelo melhor trabalho científico da turma dos formandos, da área de pediatria.
Sabrina pegou na mão de Bruna levou até os lábios e beijou.
-- Obrigada minha irmã - lágrimas rolaram dos seus olhos - Você me acompanhou em tantas emergências, tantas cirurgias... Só a sua presença me tranquilizava, me dava força, confiança.
Bruna olhou carinhosamente para a amiga.
-- Brina, Brina...minha irmã de alma - passou a mão pelo rosto da garota - Em todas as cirurgias, todas as emergências, o seu anjo da guarda, amparador e protetor espiritual, estava lá, segurando a sua mão e iluminando o seu trabalho. Eu somente orava por você. Por isso Brina, nunca esqueça: Ore, ore sempre, para que a sua luz espiritual nunca se apague.
A abraçou forte.
-- Agora vamos comemorar com a nossa família e amigos. A participação deles foi essencial para a nossa conquista.
Alguns dias depois...
Bruna, Sabrina, Ricardo e Adriana, estavam parados diante do prédio de aparência boa, estilo colonial, pintura nova, com seis andares e estacionamento enorme.
-- O que vocês acham? - Bruna abriu os braços mostrando o imóvel.
-- Magnifico! - Falaram juntos.
-- Teremos muito trabalho até ajeitarmos tudo, mas será prazeroso demais! - Adriana falou sorrindo.
-- É a realização de um sonho - Ricardo secou uma lágrima que caia.
-- Mais um de nossos sonhos né, Ric - Sabrina abraçou o rapaz - Deus tem sido muito bom com a gente.
-- Isso mesmo, só temos a agradecer ao nosso bom Deus - a loira levantou as mãos ao céu - As obras começam amanhã, vamos ficar atentos aos prazos, a inauguração não pode passar do mês que vem.
Mais tarde na casa de Sabrina e Priscilla.
-- Daqui a pouco sai o resultado do exame de gravidez, amor - Priscilla sentou ao lado de Sabrina no sofá.
As duas já haviam tentado a inseminação por outras duas vezes, sem sucesso. Já haviam decidido que essa seria a última tentativa.
-- Fica tranquila amor, vamos deixar na mão de Deus. Ele sabe o que faz - falava para tranquilizar a esposa, mas estava chorando por dentro.
-- Fica comigo hoje, amor. Vamos olhar o exame juntas - pediu chorosa.
-- Fico sim, amor. Deita aqui no meu colo - Priscilla deitou a cabeça no colo da garota.
Sabrina passava a mão pelos cabelos de Priscilla que acabou dormindo. Ela queria tanto ser mãe, doía vê-la assim. Orava muito, mas sabia que as vezes Deus reserva outros caminhos para nós. Ele sempre sabe o que é o melhor.
No presidio.
-- Doutor Nestor tem uma visita para o senhor - o guarda parou na porta do consultório.
-- Visita? Hoje? - Perguntou admirado.
-- O diretor permitiu, ele disse que é uma visita especial.
Nestor olhou para o guarda por algum tempo depois falou sorrindo:
-- Se ele disse isso, quem sou eu para recusar.
O guarda saiu e retornou com uma bela mulher.
-- Bom dia doutor - a enfermeira sorriu simpática - desculpe incomoda-lo, sei que tem muito trabalho por aqui.
-- Você não incomoda Sofia, por favor sente-se - indicou uma cadeira ao lado da mesa - E quanto ao trabalho, você tem razão, tenho muito o que fazer nesse lugar. Tudo é tão precário - falou desanimado - Já solicitei que contratassem uma enfermeira, mas ninguém quer trabalhar aqui com esse salário baixo.
-- É por isso que estou aqui.
Nestor a olhou sem entender.
-- Como assim?
-- Me candidatei a vaga - levantou e caminhou pela sala - Como sou a única candidata acho que estou contratada - deu uma risada gostosa.
-- Você é louca? Uma mulher tão linda em um lugar como esse, não sei se será uma boa ideia - levantou e foi até Sofia.
-- Não se preocupe, eu me garanto -- falou confiante -- Quando começo?
Nestor viu que não tinha jeito, a mulher era durona.
-- Que tal começar hoje.
-- Mas hoje? Não trouxe roupa apropriada para o trabalho -- Sofia olhou para si mesma.
-- Você vai para casa, troca de roupa e me espera. Te pego as oito para jantar.
-- Sou uma moça de família doutor -- fez cara de zangada.
-- Por favor, não me leve a mal. Jantar de negócios -- falou rápido.
-- Sendo assim, estarei pronta as oito -- caminhou até a porta e antes de sair falou: -- Não se atrase, odeio esperar -- virou e saiu caminhando decidida.
Nestor continuava no presidio por opção própria. Era livre para ir e vir. Preferiu ficar pois tinha muito trabalho a realizar ainda, sentia-se útil e feliz -- sorriu pensativo -- Pelo jeito de agora em diante, teria um motivo a mais para querer ficar. Esfregou as mãos empolgado.
No Leblon, Priscilla e Sabrina estavam sentadas em frente ao computador.
-- Vai lá amor, provavelmente o resultado já está no site do laboratório -- Sabrina tentava agir com naturalidade, mas estava a ponto de ter uma convulsão.
-- Está certo -- olhou com uma carinha que fez Sabrina quase morrer de dó.
Acessou o site, digitou a senha e aguardou. Sabrina pegou em sua mão e apertou forte.
-- Amor, seja qual for o resultado, quero que saiba que estaremos juntas sempre, e tentaremos uma outra maneira. Te garanto que sem o nosso bebe não ficaremos.
Priscilla sorriu, e com mais confiança clicou no: "Resultado de Exame".
Olharam juntas e quando leram: "Parabéns, positivo". Foi difícil de segurar a emoção. Abraçadas choraram muito.
-- Obrigada meu Deus, obrigada Senhor... -- Sabrina agradeceu abraçada a Priscilla.
-- Eu sabia Brina que ele não iria nos negar essa bênção.
Sabrina segurou o rosto da esposa com as duas mãos e distribui beijos por toda a sua bochecha, queixo e deu um selinho em seus lábios.
Priscilla fechou os olhos e deixou-se levar por aquele momento de tanta magia.
Bruna estava na sala conversando com Victória.
-- O esposo regressa da missa, entra em casa a correr e dirige-se à esposa com invulgar alegria.
Abraça-a, levanta-a ternamente nos braços e vai dançando com ela suspensa no ar, à volta de cada móvel de casa.
Pergunta a esposa bastante admirada com o gesto:
-- O que foi que disse o padre, hoje, no sermão? Será que disse que os maridos devem ser mais carinhosos com as suas esposas?
Responde o marido, radiante:
-- Não amor, o padre disse que temos que carregar a nossa cruz com alegria redobrada.
-- As suas piadas nunca foram lá essas coisas amor, mas ultimamente estão bem piores.
-- É que eu cresci amor, agora sou uma adulta cheia de responsabilidades -- foi até a janela olhar as crianças que brincavam no jardim.
-- Você nunca vai deixar de ser essa criançona Brú.
Bruna piscou várias vezes antes de ter certeza do que estava vendo. Vinicius estava sentado no banco do jardim observando as crianças brincar. Não pensou duas vezes e saiu correndo feito louca para o jardim.
Quando chegou lá ele não estava mais.
-- Havia um homem aqui, para aonde ele foi? -- perguntou para a babá.
-- Não havia mais ninguém aqui doutora, somente eu e as crianças.
Bruna olhou ao redor, deu uma volta pela propriedade e nada.
-- O que aconteceu Brú? Você me assustou -- Victória foi ao seu encontro, estava muito preocupada.
-- O Vinicius, amor, ele estava aqui...eu tenho certeza que o vi.
O mês passou voando, quase não conseguiram acompanhar. A galera não teve tempo para mais nada que não fosse a inauguração da clínica.
Na data prevista a empresa entregou o prédio completamente reformado e em poucos dias foram feitas as instalações dos aparelhos e os últimos detalhes acertados.
-- Amanhã será o grande dia pessoal -- Adriana sorriu feliz -- Acho que não vou conseguir dormir essa noite.
-- Acho melhor você dormir, se não, vai estar aqui amanhã com olheiras enormes -- Ricardo brincou.
-- Sabrina, ligou novamente para a empresa responsável pelo coquetel? -- Bruna sacudiu a cabeça sorrindo. Sabrina estava novamente pendurada no celular.
.
Sabrina de meia em meia hora ligava para Priscilla querendo saber como estavam os seus dois amores. Enchia Priscilla de mimos e não a deixava sozinha por nada nesse mundo. Ela era a maior mãe coruja de todos os tempos.
A inauguração da clínica foi um evento que contou com a presença de figuras renomadas na área da medicina, pessoas ligadas à saúde, amigos e parentes.
Os amigos sócios, eram só sorrisos, esbanjavam contentamento e orgulho.
-- Caramba, Bruninha, eu não acredito que vou ter uma plaquinha com o meu nome na porta do consultório. É muito chique.
-- Não é banhado a ouro como no Sontag, mas é nosso, é fruto do nosso trabalho.
-- Doutores, vamos descerrar a fita de inauguração -- alguém chamou lá do meio de um amontoado de pessoas.
-- Vamo decelá, mãe Buna -- Rubinho puxou a loira pela mão.
E entre aplausos e muitos hú, hú, Bruna realizava o sonho de ter a sua própria clínica.
Um mês depois na clínica.
-- Brú... desculpa, doutora Bruna - Victória corrigiu sorrindo.
-- Pois não, enfermeira Victória - brincou.
-- Hoje temos cinco crianças para o atendimento gratuito. A maioria são lá da favela do Vidigal.
-- Tudo bem, vou atendendo conforme eles vão chegando.
-- Já estão todos lá fora desde as cinco horas da manhã - falou com pesar - Eles não estão acostumados com hora marcada, amor. A vida deles sempre foi filas e mais filas.
-- Conheço bem essa realidade, amor. Vou atender uma criança que está aguardando aí fora já a algum tempo, depois atendo essas.
-- Já sei quem é - sorriu - Vou pedir que a mãe entre.
-- Obrigada, amor.
Assim que Victória saiu, Juliana entrou com Jessica no colo. Bruna foi recebe-la na porta.
-- Olá mamãe - beijou o rosto da bela mulata - Deixa eu pegar essa garotinha linda no colo - Bruna beijou a face da criança com carinho.
-- Acho que nem preciso falar o que vim fazer aqui, não é mesmo? - Falou retirando a manta que envolvia a menina.
-- Algumas coisas sim. Você trouxe os exames?
-- Sim, estão aqui - entregou uma pilha de papeis para a médica.
Bruna analisou um por um e depois dirigiu-se a Juliana com o semblante sereno.
-- Ela está tendo convulsões não é mesmo?
Juliana confirmou com um triste balançar de cabeça.
-- As convulsões podem ter diversas causas, é fundamental a investigação diagnóstica para determinar a causa - passou a mão carinhosamente pelo rosto da amiga - Não se preocupe, tenha fé e confiança. A sua filha vai ficar bem.
-- Eu confio em você.
-- Não. Confie naquele que me guia com sua luz que ficará tudo bem - foi até a mesa e pegou um bloco - Vamos começar a fazer os exames?
Meses depois...
Sabrina estava tão nervosa que suas mãos suavam, seu coração batia acelerado e feliz. Andava de um lado para o outro, sentava, levantava, sentava de novo.
-- Calma Brina, desse jeito daqui a pouco os pisos vão começar a saltar de tanto que você anda para lá e para cá.
Silêncio
-- Brina, você tem açúcar?
-- Não.
-- Brina, você tem açúcar?
-- Eu já disse que não!
-- Brina, você tem açúcar?
-- Não! E se perguntar mais uma vez Bruna, te dou um tiro!
-- Brina, você tem uma arma?
-- Não!
-- E açúcar?
-- Sua pentelha... - Sabrina partiu para cima da garota.
-- NASCEU - Victória berrou da porta.
-- NASCEU, NASCEU, MEU FILHO NASCEU! - Sabrina saiu pulando.
-- Hô, Sabrina, se quer avisar a família lá de Goiás usa o celular.
-- Você não entende Bruna? O meu garoto nasceu... o meu garoto nasceu...
Sabrina era o retrato da felicidade. Claro que Bruna entendia, afinal, havia acompanhado de perto toda a batalha das duas para que esse dia chegasse.
Quando a garota entrou no quarto e segurou pela primeira vez o filho no colo, chorou como uma criança. Chorou abraçada a Priscilla, Chorou de felicidade.
-- Sabrina o teu filho tem a cabeça grande igual a você... - Bruna levou um cascudo da amiga - Aiiiiii, sua grossa.
Um ano depois...
-- O que você trouxe para o churrasco Thiaguinho? - Bruna pegou o prato da mão do rapaz.
-- Trouxe uma salada especialíssima - falou todo exibido.
-- Ir no churrasco e levar salada é o mesmo que ir no swing e levar a Preta Gil. Você vai comer o que levaram, mas ninguém vai comer o que você levou.
-- Bruna, meu Deus - Victória chamou a atenção da garota - Desculpa meu querido, a Brú está terrível hoje.
-- Nem vou falar o que estou pensando - bufou - Parabéns gaúcha - beijou a morena no rosto.
-- Obrigada, vai se misturando aos demais convidados, depois a gente conversa com mais calma.
-- A sua mãe e o seu irmão estão chegando, amor - correu ao encontro dos dois - Sogra linda, que alegria - beijou a mulher carinhosamente -- Mulher cheirosa é igual churrasco: só de sentir o cheiro já dá vontade de comer. Com todo respeito é lógico.
Victória abraçou a mãe e o irmão.
-- Meus parabéns, minha filha.
-- Obrigada mãe - beijou também o irmão.
-- Seja feliz mana.
-- Já sou mano, já sou.
-- Sabrina, mana - Bruna recepcionou as duas com um abraço a três.
-- Já está bêbada a essa hora da manhã loira?
-- Não bebo bebida alcoólica, Brina - falou olhando para o copo de Fanta que estava em sua mão.
-- Se bebesse então, estava fazendo strip-tease em cima da mesa do churrasco.
-- Estou alegre, somente isso. Hoje é o aniversário da minha morena maravilhosa. Quero mais é comemorar. Aonde está o Sebastian?
-- Está lá com os teus meninos - apontou para aonde estavam os garotos brincando.
-- Eles estão lindos, né mana - Priscilla sorriu com a cena.
-- Estão. Lindos, inteligentes e educados - Bruna falou orgulhosa.
-- Fiquei sabendo que o doutor Nestor e a Sofia vão casar.
-- Mês que vem. A enfermeira linha dura, colocou o coroa na linha. Agora ele só sai com a autorização dela, trabalham juntos no presidio e vivem uma vidinha tranquila - olhou para o casal que comiam churrasco e bebiam cerveja à beira da piscina - Eles se amam e estou muito feliz com isso.
Pedro e Débora dançavam próximos a churrasqueira.
-- E aqueles dois... só querem curtir a vida - Priscilla apontou para os dois que estavam agarradinhos - Viagens, festas...mamãe parece uma menina.
-- A garota que está com a Juliana é a esposa dela? - Sabrina achou a mulher muito mais velha que a mulata.
-- É sim. Uma pessoa maravilhosa que aprendi a respeitar. Ela com sua fé, foi fundamental na cura da Jessica.
O churrasco estendeu-se até o final do dia, com muitas brincadeiras, danças gaúchas, churrasco e cerveja.
Victória e Bruna chamaram Sabrina e Priscilla para uma roda de chimarrão.
-- Brina, por que gaúcho gosta de tomar chimarrão?
-- Não sei Bruninha.
-- Porque ch*pa no comprido e toma no redondo.
-- Você consegue transformar um ato tão lindo em uma coisa tão feia, né meu amor - Victória puxou a orelha da loirinha -- A roda de chimarrão é um ato de confraternização, com a participação de amigos.
As quatro saíram juntas caminhando pela areia da praia. O sol estava quase se pondo, sentaram ali mesmo, em cima de umas rochas.
-- Deus foi muito bom com a gente não é mesmo meninas? - Bruna falou olhando para o mar.
-- Ele nos deu praticamente tudo o que precisávamos para sermos feliz - Sabrina colocou o braço sobre os ombros de Priscilla.
-- Ele me deu o seu amor Brina, o resto foi consequência - Priscilla colocou um braço sobre o ombro de Sabrina e outro sobre o ombro de Victória.
-- Ele me deu você Bruna, que trouxe consigo todas as pessoas que hoje são a minha família - Victória colocou um braço sobre o ombro de Priscilla e outro sobre o ombro de Bruna.
-- Deus foi generoso comigo, deu-me o brilho das estrelas, o canto dos pássaros, a luz do Sol, a poesia da Lua, deu-me de presente vocês, razão que me mantém viva! - Bruna colocou o braço sobre o ombro de Victória e apertou.
Ficaram ali, abraçadas, curtindo a despedida do sol.
-- Que silêncio gostoso!!!
-- Mãe Buna, mãe Bic...
-- Tita Brina...
-- Tita Prí...
-- Mama, mama...
As crianças chegaram a praia na maior algazarra.
-- Que barulho maravilhoso!!! - Falaram em coro.
Naquela noite Bruna escreveu a primeira de muitas cartas que psicografou.
Meus filhos, meus eternamente amados filhos:
Sou teu pai. Posso sentir a angústia que às vezes toma conta do teu peito quando os olhos da tua alma se voltam para o passado. Não se iludam, meus filhos.
Nada poderia ter sido de outro modo. Acreditem em mim, na privilegiada visão que todo morto tem do Tempo: não há razão para culpa ou arrependimento.
Minha vida foi muito dura, meus filhos. Eu e sua mãe fomos o melhor que pudemos ser. E há mais mérito nisso do que podem imaginar os vivos. Mas, saibam: se a alguém coubesse dizer "desculpe" e "obrigado", seria a mim.
Morri por desgosto, cansei de viver, cansei de chorar a falta da mãe de vocês.
Não há mérito em morrer. A morte não nos torna melhores. Tampouco a vida nos torna melhores. Só o amor, meus filhos, nos torna melhores.
Perdoem, meus filhos, aquele menino de 40 anos que não pôde fazer outra coisa senão trabalhar, diligente e resignado. O menino tímido e solitário que, à noite, exausto, ainda arranjava tempo para chorar a saudade de sua esposa querida.
Sei que não conseguirão ler esta carta sem chorar, esta carta psicografada por si mesma, chora. Será a última vez que chorarão de tristeza. Doravante, estarão livres. Livres para continuarem juntos sua busca.
Confiem em mim. Confiem no amor que nos une. Confiem no amor de sua nova família.
O menino que sentia saudade da vastidão dos campos e do colo da esposa. O menino que se aventurou e no fim, apesar de tudo e por tudo, pôde dizer para si mesmo: "Fui feliz" e deixou esse mundo num jato de luz.
Fiquem então, meus filhos, com o beijo e o abraço comovido desta alma aventureira.
Do teu pai, eternamente, Vinicius.
FIM
Quero agradecer do fundo do coração a vocês, queridas leitoras. Primeiramente aquelas, que nunca cansaram de comentar, de incentivar, de elogiar, de criticar. Não preciso citar nomes, são tantas, que não quero cometer o pecado de esquecer de alguma. E finalmente a todas vocês que mesmo não comentando me deram a honra de lerem o meu humilde romance. Foi escrito com carinho e é isso que importa. Amo todas vocês. Fiquem com Deus e até a próxima.
Vandinha
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Vanderly
Em: 15/11/2021
Olá! Boa tarde Vandinha!
Olha, terminei de ler essa história a poucos minutos e amei.
A autora está de parabéns viu!
Desde que li a entrevista na revista Léssica que comecei a maratonar as tuas histórias. São incríveis e faz a gente se emocionar.
Não comentei as outras, mas nessa resolvi me manifestar.
Beijos e vou correndo para a próxima.
Vanderly
rhina
Em: 15/05/2018
Parabéns a vc Autora maravilhosa
Amei sua história todinha
Suas personagens são um luxo.
Parabéns
Rhina
Resposta do autor:
Obrigada minha querida.
Acompanhei cada comentário. Percebi que gostou da história. Isso é muito gratificante. Na verdade é a minha motivação e a razão de continuar a escrever.
Continue comigo, pois sem vocês, não tem graça. Paz e Luz.
Beijos .
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Jp Barbosa
Em: 25/11/2017
Uma estória maravilhosa. Nunca me canso de re-ler.
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Celia Porto
Em: 03/07/2017
Tuas histórias são lindas e comoventes.
Isso que me atrai.
Parabéns e mais inspirações.
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Celia Porto
Em: 03/07/2017
Tuas histórias são lindas e comoventes.
Isso que me atrai.
Parabéns e mais inspirações.
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vitoriosa
Em: 27/04/2017
Bom, o que dizer dessa linda historia? Sou suspeita pra falar, me apaixonei pela sua escrita em constuindo o amor, os anjos vestem branco só confirma o que eu ja sabia, que seria uma historia linda como tudo que vc escreve. Amei passear pelo meu rio de janeiro com, e fiquei surpresa e feliz em ler meu vidigal citado em uma historia. obrigada por me presentar com suas lindas e profundas palavras. VitoriaT
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brunafinzicontini
Em: 28/10/2016
Olá, Vandinha!
Quero cumprimentá-la por seu belo romance, tão repleto de aventuras que prendem totalmente a atenção do leitor.
Ao mesmo tempo em que a história tem momentos hilários – situações bem engraçadas, piadinhas infames... – você consegue imprimir a ela um lado muito sério, chegando a ser quase didática e instrutiva, com esclarecimentos, explicações, citações, sempre indicando fontes e referências. Parabéns! Muito rico esse aspecto de sua escrita, tanto neste trabalho como no “A Última Noite de Amor”.
Fica bem evidente que você é seguidora da doutrina espírita e, apesar de deixar claro um aspecto no romance, reforço uma pergunta: o espiritismo não condena mesmo o homossexualismo? Como isso é encarado exatamente?
Li a “Última Noite de Amor” antes de “Os Anjos Vestem Branco” – mas só no final é que “caiu a ficha” e notei que a Bruninha era a “doutora mediúnica” atormentada pela Alexandra. Muito interessante o cruzamento das histórias! Aliás, as duas têm mesmo muito em comum – dei boas risadas com ambas.
No final, quando li a carta de Vinicius psicografada por Bruna, senti um arrepio fino e intenso tomando conta de todo meu corpo. Isso tem alguma explicação ou é apenas uma sensação normal que se irradiou à flor da pele?
Parabéns, novamente! Vou continuar lendo suas histórias.
Grande abraço,
Bruna
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SSB
Em: 13/11/2015
Caraca!!!
Que história sensacional. Sentirei falta da Bruna e da Vic, já tinha me acostumado com elas. Também não esquecerei do casal bem humorado Pri e Brina (saudades, já).
Obrigada por nos proporcionar uma leitura gostosa e leve. Continue escrevendo e eu estarei aqui te acompanhando (ansiosa)
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jake
Em: 28/10/2015
sensacional....nao li simplesmente devorei um dos melhorrs romances que jah li....amei mto a Bruna mesmo com suas piadas sem graça rsrsr sem palavras nao conseguir parar de ler se ti contar que passei a noite acordada lendo vai acreditar ,pois eh amo a forma de vc tratar esse tema tao lindo que eh a fe, que eh a vida pos a morte enfim amo a alegria de suas personagens....pena que sempre a mais alegre sempre apnaha rsrs aqui foi a bruna
no amor constroi eh a Duda...mais enfim o amor eh sempre vencedor,,,mto obrigada ...vou ler agora os outros....bjobjo
jake
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mickah
Em: 26/10/2015
ESSE CONTO FOI UNS DOS MELHORES QUE JAMAIS ESQUECEREI... PARABÉNS VANDINHA QUE VENHA VARIOS OUTROS CONTOS COMO ESSE CHEIO DE AMOR FÉ E CARINHO BJS ESPERO OS PROXIMOS
Resposta do autor:
Olá meu anjo querido, que me acompanhou por todos esses capítulos. Minha felicidade em escrever está em saber que minhas leitoras gostaram do que escrevi. Vocês são a razão de minha inspiração, sempre. Beijos, beijos, beijos... continue comigo em:
Construindo o Amor
As Cores do Paraíso
Última Noite de Amor
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gleice
Em: 26/10/2015
own Vandinha...nos que agradecemos pelo sua paciência e dedicação...por nos presentear com suas histórias tão belas, que pelo menos pra mim, me transmitiam alegria, acordava todos os dias e já esperava pela atualização das suas hitórias...adorei tudo, suas personagens sempre são carregadas de uma alegria que não tem tamanho...minha vai varias vezes pergutava o que eu tanto achava graça lendo...kkkkkkkkkkkkkkkk mal sabe ela em kkkkkkkkkkkkkk
sentirei falta de Bruna, Vic, Sabrina, Pricilla e toda sua turma...só não sentirei falta de vc pq lhe acompanho em todas as suas histórias...kkkkkkkkkkkk
um bjão Vandinha....e obrigada por nos presentiar com seu dom de levar alegria!!!
Resposta do autor:
Olá querida. São pessoas lindas como você que nos inspiram a nunca parar. Colocarei você e sua companheira em minhas conversas com Deus. Para que ele ilumine o seu caminho e continue sendo essa pessoa de coração aberto e juvenil. Um beijo minha irmã fraterna. Até.
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