As pessoas costumam dizer que o tempo passa muito rápido, eu percebi que isso não é uma verdade suprema, depende do momento ele praticamente não anda apenas se arrasta vagarosamente como uma tarde modorrenta, ou então voa como os ponteiros do segundo. Nesse relógio louco da vida eu tive minha cota dessas duas experiências durante esse ultimo ano. Logo depois da minha conversa com Clara eu e a minha amiga solidão nos rastejamos sem rumo por um longo período, nada mais tendo valor ou sentido. Apenas deixando a vida passar como areia escorrendo dos dedos. Mas como dizem por aí, a gente se acostuma com a falta, a tristeza, a separação, e seguimos em frente. Conforme fui aceitando a minha situação os dias passaram a correr como em uma maratona, e volitaram como o bater das asas de uma borboleta, quando dei por mim muitas coisas haviam se transformado.

 

Eu fiz trinta e oito anos, com uma festa surpresa das pessoas que me amam, mesmo sentindo falta de Clara foi bom demais contar com todos aqueles rostos queridos ao meu lado, me amparando e transmitindo a força de que precisava naquele momento.

 

Meu pais completaram 40 anos de casados e para comemorar resolveram ter uma nova lua de mel, viajaram para o Caribe onde ficaram 15 dias, minha mãe voltou super bronzeada, com um milhão de fotos na bagagem, e ainda mais apaixonada por meu pai, se é que isso seja possível. Meu pai, bom, não precisa nem falar o quanto estava feliz, louco que sempre foi por ela. Sentir a alegria magna que irradia dos dois sempre me trouxe alento para a alma. Me faz crêr que amor verdadeiro pode dar certo sim.Não há no mundo um casal mais perfeito e completo. Eles são cúmplices na vida e acredito que o serão além dela, quando isso acontecer.

 

A visita de Lucas ao Brasil mostrou a Aldo quanta falta sentia dele. Por este motivo resolveu assumir de vez para a família o seu amor, e pouco tempo depois trouxe o namorado para viver com ele. Montaram um apartamento e depois se casaram. Nossa amizade só cresceu durante esse período. São lindos juntos muito felizes e apaixonados, e têm muitos planos para concretizarem. Nos encontramos semanalmente para um bom papo.

 

Jaqueline foi indiciada por falsidade ideológica, o processo estava em andamento. Suas maquinações foram descobertas e se espalharam no seu meio de trabalho fazendo com que ela fosse muito mal vista, por este motivo não encontrara mais emprego na sua área de atuação.

 

De Alicia ninguém sabe nada, apenas que sumiu no mundo, o que foi uma sorte, pois se eu a tivesse encontrado de novo, jamais me impediriam de dar a ela o que realmente merecia.

 

Mari voltou ao Brasil um mês depois do meu rompimento com Clara e após uma longa conversa, entre lágrimas, decidimos que apesar de nossas afinidades e de todo sentimento de carinho que eu sempre nutri, ela merecia ser feliz junto de alguém que a amasse realmente, coisa que infelizmente eu não teria para dar a ela. Mariana sempre será a lembrança mais linda da minha vida. Nossa amizade continua firme e forte e sei que há de ser eterna. Essa mulher linda, única e perfeita resolveu dar uma chance para a Adéle que está verdadeiramente apaixonada, e já faz nove meses que estão juntas, inclusive tive a oportunidade de conhecê-la e devo dizer que é uma pessoa super inteligente e simpática. E o mais importante de tudo, esta conseguindo fazer a minha Ruiva sorrir. Com o tempo tenho certeza que conquistará seu coração.

 

A maior mudança, entretanto ocorreu na vida da minha melhor amiga, Sisse tomou coragem e disse sim ao pedido de casamento que Suzana vinha propondo há tempos, e o melhor de tudo realizou seu sonho de ser mãe, dois meses após a realização do matrimonio consegui na justiça que recebesse o direito de guarda de uma menina chamada Luci. Essa menininha é meu novo amor, uma mestiça de olhos puxadinhos, risonha, amável e fofa. Em plena erupção vulcânica, própria de seus dois aninhos. E o mais lindo disso tudo é que fui escolhida para ser sua madrinha assim que a adoção for legalizada.

 

Já Clara, bem minha mãe ficou sabendo através de minha tia que eles tinham se mudado em definitivo pra os Estados Unidos. Como eu havia prometido nunca mais procurei por ela. Por mais que meu coração implorasse por isso.

 

Quanto a mim... Bem além de mais um ano de vida eu posso dizer que as únicas mudanças que ocorreram durante esse tempo foram um carro novo e um corte de cabelo mais curto e estiloso feito por Su, e que segundo ela combina mais comigo. De resto consegui por as coisas de volta em seus lugares, como eram antes da volta de Clara. A única diferença nesse sentido é que, decidi que preciso de um tempo para cuidar de mim, não quero viver uma farsa, e como ainda penso demais em minha ex-namorada, não me sinto confortável em estar com outra pessoa, por este motivo a única mulher que tem frequentado a minha cama tem mais ou menos 85 cm de altura e me dá uma amor que nenhuma outra dará, puro e ingênuo. Bem que Sisse tentou me atirar nos braços de outras mulheres, mas eu preferi ficar sozinha e não me arrependo disso de jeito nenhum. Eu tivera um ano muito atribulado e o que necessitava era paz e sossego.

 

Ah, quase me esqueci, meu amado e querido peludinho Bóris ganhou uma linda companheira a Diná, uma gatinha branca que encontrei num dia de chuva toda encolhida quando fui visitar Clarice, foi paixão a primeira vista, minha e de meu gato é claro, que agora anda muito menos rabugento. Realmente o amor adoça a vida, inclusive dos bichanos como pude perceber.

 

E assim seguimos nossa vida cotidiana eu e minha tropa tentando encontrar alegria e tranquilidade a cada dia.

 

Cheguei já passava das oito horas, o dia no escritório tinha sido bem puxado, daqueles que dá vontade de jogar um pela janela. Por isso agradeci fervorosamente a Deus quando cheguei em casa, na porta mesmo tirei os sapatos que estavam me matando, o que eu precisava no momento eram duas aspirinas e um copo d´água gelado. Já imaginava um banho bem relaxante e depois me jogar na cama com as pernas para o alto. Segurava a pasta e os sapatos em uma mão, enquanto abria a porta com a outra, assim que coloquei os pés pra dentro eu parei, pois pressenti que alguma coisa estava muito errada. A luz da sala estava acessa, e eu só deixava o abajur para os gatos, além disso, um cheiro delicioso de comida invadiu minhas narinas, e assustada pensei comigo “Meu Deus será que entrei no apartamento errado?”. Mas não podia ser, pois tinha aberto a porta com a minha chave, o sofá que eu estava vendo era o meu, com o meu gato e sua namorada aninhados na almofada, alias ele havia levantado a cabeça e estava olhando pra minha cara como quem diz “esta atrapalhando nosso sono entra logo e fecha a porta” então não podia ser outro de jeito nenhum, olhei para a mesa de jantar e espantada percebi estava posta para dois, tinha até um arranjo de flores no centro e velas nos castiçais. O que estava acontecendo ali? Minha mãe não estava em São Paulo já que tinha falado com ela à tarde. Sisse também não era, apesar de agora ter uma chave extra, se fosse ela Luci já teria vindo correndo me encontrar. Um ladrão não seria tão bonzinho a ponto de me preparar um jantar comum, imagine um à luz de velas. Quem diabos teria feito aquilo?

 

Quando estava terminando de me fazer essas perguntas ela saiu da cozinha e parou no corredor sorrindo pra mim, por um átimo de segundo achei que tinha enlouquecido a ponto de enxergar miragens por conta da saudade intensa que sentia. Congelada como uma estátua de mármore apenas fiquei observando sua figura linda e esbelta caminhando em minha direção. Eu não conseguia desgrudar meus olhos dos dela, a respiração presa em meus pulmões, a boca seca. Ela parou bem na minha frente, praticamente encostando seu corpo maravilhoso no meu.

 

- Você vai mesmo ficar ai parada ou vai me ajudar a abrir o vinho? – Disse sem despregar os olhos dos meus.

 

Só então reparei que ela trazia uma garrafa e um saca rolha nas mãos. Eu queria responder, mas a voz recusava-se a sair. Ainda não  acreditava no que estava acontecendo então permaneci ali, sem me mover, com medo de que se fosse apenas um sonho e tudo se desvanecesse a um mínimo movimento meu. Sorrindo da minha imobilidade, colocou o vinho e o abridor na mesa de canto depois calmamente tirou os sapatos da minha mão e os jogou no chão, pegou a pasta e as chaves e colocou na mesinha junto com o vinho, então se aproximou ainda mais senti seu halito doce em meu rosto e o perfume que exalava dela tonteou ainda mais minha cabeça. Nesse momento eu consegui levar minha mão tremula até sua face tocando suavemente com as pontas para ter a certeza de que era verdade, de que ela estava mesmo ali. Ao sentir a delicadeza de sua pele, deslizei os dedos pelo perfil daquele rosto amado até chegar aos seus lábios que contornei como se os desenhasse. Seus olhos se fecharam e sua respiração acelerou, minhas mãos então se emaranharam em seus cabelos e puxei vagarosamente seu rosto de encontro ao meu enquanto minha boca descia para se juntar a dela, primeiro tateando, sentindo, provando, roçando seus lábios, então a beijei e minha língua invadiu sua boca, buscou, tocou, dançou com a dela como se fosse um tango sensual, e já não havia mais só o meu fôlego ou só minha saliva, era uma mistura de nós, uma mistura de tudo, um gosto único, uma única respiração. Um desejo latente e sôfrego tomou conta de mim. Eu queria devorá-la naquele beijo.

 

Quando por fim nossos lábios se separaram, eu a apertei em meus braços, como se quisesse fundi-la a mim, para que nunca mais ela pudesse fugir, suas mãos afundaram em meus cabelos, acariciando minha nuca, me deixando completamente tremula em seus braços. Por um instante imaginei que havia morrido e ido para o céu. Desesperada comecei a cobrir aquele rosto amado de beijos. Quando por fim me acalmei afastei-me o suficiente para olha-la fixamente, como se conseguisse gravar aquela imagem perfeita em minha retina pelo resto da minha vida. Ao encontrar seus olhos mergulhei na imensidão daquele azul.

 

- Clara...Meu Deus...eu não consigo acreditar...Minha Clara – Meus olhos não contiveram uma lágrima.

 

- Sim meu amor... sempre sua. – Respondeu recolhendo a lágrima com a ponta dos dedos.

 

- Por um momento eu achei que estava...- Sussurei

 

- Eu sei. – E acariciou meu rosto – Vem vamos sentar, eu preciso explicar algumas coisas pra você.

 

E me levou até o sofá, de onde Boris saiu balançando preguiçosamente o rabo e Diná o acompanhou. Sentamos-nos uma de frente para a outra, ela segurando minhas mãos, e olhando diretamente em meus olhos.

 

- Analu, sei que se passou um bom tempo desde a nossa última conversa, sei também que isso deve tê-la magoado muito, mas eu precisava ficar longe de você. Não há como te explicar o quanto foi difícil não poder estar ao seu lado. Eu desejava como louca o seu beijo o seu toque. Mas eu não podia me aproximar. Custou-me a alma a sua ausência, você jamais saberá o esforço que tive que fazer. Porém não havia outro jeito.

 

- Clara, não precisa me explicar nada. Eu entendo que tenha ficado chateada com o que aconteceu. Não me interessa, a única coisa que me importa é que você esta aqui agora. Isso é tudo o que eu quero, é tudo o que eu preciso. É o que eu sempre desejei. Sonhei tanto e tantas vezes com isso. O resto é passado, não tem mais valor.

 

- Mas eu preciso explicar, eu quero que de hoje em diante nada mais possa nos separar ou por em xeque nosso sentimento.

 

- Nunca mais eu vou deixar isso acontecer, eu te prometo. Você é a mulher da minha vida, a primeira e a única, nunca houve e nem haverá outra.

 

- Eu posso dizer o mesmo pra você meu amor, saiba que sempre te carreguei perto de mim.

 

Dizendo isso ela tirou a correntinha onde tinha o anel como pingente de dentro da camisa.

 

- Um dia você me entregou esse anel e eu jurei que nunca me separaria dele, e durante todo esse tempo, ele esteve em contato com a minha pele, como se fizesse parte de mim, e mesmo nos momentos mais difíceis, nas horas de maior dor, mesmo quando a minha raiva explodiu, a mágoa me dominou, mesmo quando achei que você tinha me trocado por outra, ainda assim não consegui me separar dele. Pode parecer loucura para muitos, mas estar com ele era como ter com um pedacinho de você só pra mim, um pedaço que ninguém nunca conseguiria tirar.

 

- Às vezes no correr desses anos eu me perguntava se você ainda o teria e se lembraria da sua promessa. Quando vi pela televisão que você o carregava no pescoço, fiquei tão emocionada. Durante o período que estive na Europa sempre me pegava pensando que havia alguma coisa errada naquilo tudo que estava acontecendo, mas minha mágoa me impedia de ver o que era. Só depois que tudo terminou consegui enxergar direito e foi exatamente isso que vi em minha mente, o anel que você trazia no pescoço. Ninguém carregaria algo que não achasse valioso para si por tanto tempo. Perdoa-me, minha vida, por minha falta de visão.

 

- E eu também não fui cega Ana? Também me perguntei muitas e muitas vezes como pude deixar de enxergar em seu olhar toda a verdade. O amor que sentia por mim, seu desespero, sua dor e mesmo no dia que foi até minha casa o que trazia nos olhos era mágoa, tristeza e não ódio e desprezo, como eu imaginei, e eu não consegui ver. Alicia nos envenenou. Ela usou o nosso ponto fraco, que por incrível que pareça era a justamente a cegueira que o amor causa.

 

- Não fica assim Clara. Ela é uma pessoa extremamente doente. Maléfica em todos os sentidos.

 

- Todos esses problemas que aconteceram conosco poderiam com certeza ter destruído nosso amor, mas por incrível que pareça não foi o que aconteceu. Ele permaneceu forte e inteiro. E sabe por quê? Porque é verdadeiro. Quando você foi até a casa dos meus pais atrás de mim, eu não queria te ver nunca mais. Mas ao ouvir sua voz meu coração reconheceu a sua dona. Era uma batalha perdida. Eu tinha que ir até você. E depois de tudo o que você me contou ele gritava dentro de mim exultante de alegria. Mesmo quando você me disse que tinha trans*do com ela, mesmo assim, a felicidade de saber que você me amava era intensa.

 

 - Eu não podia mentir pra você, mesmo correndo o risco de te perder, sempre fui sincera, e vou continuar a ser.

 

- Exatamente por isso eu estou aqui. Eu pude refletir, e percebi que por mais doloroso que tenha sido saber a verdade isso me fez confiar em você. Depois ficar sem você é como não ter o chão para caminhar, ou a água para matar a minha sede. A verdade é que eu sou louca por você, sempre fui desde a primeira vez que te vi sentada, lendo, sem nem perceber a minha existência. As pessoas não acreditam quando eu falo, mas é a mais pura verdade. Como se diz por ai “eu sou de você”.

 

- Porque demorou tanto par vim pra mim? Eu não passo de uma sombra sem você.

 

- No momento em que você saiu da minha casa eu percebi a loucura que tinha feito falando aquilo de precisar de um tempo e sai correndo atrás de você. Porém seu carro já não estava mais lá. Não tinha mais o numero do seu celular, então resolvi que viria pra São Paulo atrás de você. Briguei seriamente com os meus pais naquela noite, mas estava decidida.

 

- E porque não veio meu amor? Teria feito de mim a pessoa mais feliz do mundo.

 

- Por que tive a madrugada inteira pra pensar em tudo o que havia me contado. E uma coisa me deixou bastante preocupada. O sumiço de Alicia. Ninguém faria tudo o que ela fez pra deixar tudo pra lá tão fácil. Aí me lembrei de que tinha o numero do telefone da sua mãe e decidi que ligaria logo cedo para ela, queria falar com o delegado que estava cuidando do caso e talvez ela tivesse o telefone dele.

 

- Por que você queria falar com o Aldo?

 

- Fiquei preocupada. Aquele desaparecimento não me cheirava bem. Estava ao telefone no dia seguinte com dona Vânia quando a campainha tocou, era um entregador da floricultura com uma coroa funerária. Junto com as flores veio um envelope com fotos suas, aqui na porta da minha casa e na fita tinha seu nome.

 

- O que? Mas como? Eu fui seguida. Meu Deus!

 

- É. Aí tive a certeza do que eu temia, Alicia não iria aceitar nossa reaproximação de jeito nenhum.

 

- Se eu descobrir onde essa víbora esta se escondendo eu a mato. Juro!

 

- Calma amor, escuta tudo primeiro. Desse dia em diante, estive em contato o tempo todo com sua mãe e com Aldo.

 

- Sério? E a minha mãe não me falou nada?

 

- Ela não podia. Tínhamos um plano para pegar minha prima e o “tal” detetive que estava no seu encalço. Alicia não tinha voltado para sua antiga residência na Suíça, mas tínhamos a certeza de que ainda estaria a espreita e recebendo as informações. Para que ninguém desconfiasse de nada eu me mudei para os Estados Unidos com meus pais. Lá contratei uma pessoa pra tentar localizar minha prima. Enquanto isso Aldo e Antonio começaram a procurar por seu informante.

 

- Que loucura! Parece seriado de TV.

 

- Parece mesmo, só que não é tão interessante quando somos os personagens principais. Dá muito medo. Enfim há dois meses conseguimos uma pista da pessoa que estava te seguindo. E ficamos chocados.

 

- Nossa Clara! Quem é essa pessoa? Eu conheço?

 

- Ele chama-se Glauco.

 

- Não é verdade. Não pode ser. O Glauco sempre foi um advogado brilhante.

 

- Hum hum. Ele já trabalha com vocês há uns dez anos não é mesmo?

 

- Sim. Mas ele é uma pessoa de confiança.

 

- Infelizmente é verdade. Ele colocou escutas no seu escritório, e até no telefone do seu apartamento. Estava sempre a par de tudo o que fazia. Tinha até uma câmera instalada na sua sala, escondida em um bibelô da sua estante.

 

- Na minha sala? Ele pôs uma câmera na minha sala? Meu Deus! Fala que isso não é verdade!

 

- Mas é.

 

- Clara ele tem vídeos meus que ... Jesus!

 

- Calma Ana. Tudo já foi confiscado. Os vídeos íntimos apagados.

 

- E como vocês descobriram isso?

 

- O Aldo e o Antonio começaram a investigar como já te falei. Descobriram algumas pistas que levavam a crer que a pessoa que te seguia tinha que manter um contato bem próximo com você. Aí começaram a levantar a ficha de todo mundo. Inclusive ex-amantes.

 

- Você esta brincando!

 

- Não. Mas acabaram chegando à conclusão que teria que ser uma pessoa que ainda tivesse a chance de te acompanhar de perto. Resolveram fazer uma busca no escritório e encontraram as escutas e a câmera, e começaram a desconfiar dos funcionários. Aí foi a vez deles monitorarem o pessoal e encontraram o que queriam. Mas precisavam saber onde estava Alicia, e arranjar um jeito de fazer com que viesse para o Brasil. Então montaram um plano. 

 

- Eles conseguiram?

 

- Sim. Usamos o mesmo jogo sujo que ela. Eu escrevi uma carta e te enviei, dizendo que estava voltando pra você. O Glauco sempre conseguia interceptar as correspondências que chegavam ao escritório antes de serem entregues para você. Era o primeiro a chegar todos os dias antes do horário. Ele abriu a carta e passou a informação para a sua cliente.

 

- Mas essa carta nunca chegou às minhas mãos.

 

- Não. Seu pai já havia ligado para a Fátima e pedido a ela que não a entregasse para você. Ao mesmo tempo forjamos uma carta sua de resposta. E deixamos com a Fátima para que fosse enviada para mim. Antes de sair àquela noite ela deixou em cima da mesa e só mandou postar na manhã seguinte. Nessa carta nós combinávamos um encontro escondido, e falávamos claramente que Alicia jamais descobriria. Provocando mesmo, para que ela se sentisse tentada a nos mostrar que estávamos erradas. Inclusive você desmentia que tinha trans*do com ela, que ela havia roubado a sua calcinha do seu apartamento. Nós acreditávamos que além da sua lingerie ela tinha alguma coisa a mais em mãos para o caso de precisar te chantagear. Para que não houvesse nenhuma desconfiança, nós também escrevemos na carta que só usaríamos celular, porque você estava desconfiada. Lembra que recebeu uma carta de Sisse onde ela pedia que respondesse à mão?

 

- Sim. Achei estranho, mas como Sisse é doida, achei que era verdade. Que ela queria mesmo uma recordação para Luci. Nunca imaginei... A Clarice também sabia de tudo?

 

- Não só essa última semana. Por conta do plano. Precisávamos que o Glauco visse você lendo e escrevendo uma carta. Ele tinha que acreditar. A carta que escreveu também está com a Fátima, que nos ajudou muito.

 

- Vocês planejaram tudo direitinho. E eu nem desconfiei.

 

- Foi necessário amor. Enfim eu cheguei ontem à tarde. Deixei minhas coisas no hotel e me encaminhei para o local onde você tinha um encontro marcado para uma reunião.

 

- Até isso? Mas o cliente nem apareceu.

 

- Ele não ia aparecer mesmo amor.

 

- Mas ... eu falei com ele.

 

- Falou com um amigo do Aldo.

 

- Chega a ser inacreditável. E como conseguiram pegá-los?

 

- Bom o Glauco foi pego assim que tentava sair do escritório para te seguir. Ele está preso e será indiciado por invasão de privacidade entre outras coisas.

 

- E ela?

 

- Alicia estava em uma mesa, disfarçada e quando eu cheguei antes de você ela veio sentar-se ao meu lado. Estava exultante e disse que queria me mostrar uma gravação que segundo ela eu adoraria ouvir.

 

- Não acredito nisso. Ela é repugnante. Quer dizer que ela gravou a nossa...

 

- Nem me dei ao trabalho de ouvir Ana. Já desconfiava do que tinha ali. Também não daria tempo, porque assim que ela sentou-se a policia entrou em ação. Agora está detida para interrogatório. Mas você terá que ir até a delegacia para prestar queixa contra ela e contra Glauco, pois você é a parte interessada. Por enquanto eles acham que você já fez a denúncia. Alicia é tão doente que contou tudo na maior tranquilidade, rindo da nossa cara e se gabando por sua esperteza. O Aldo esta abismado, disse que nunca encontrou ninguém assim antes. O pior é que eles estão desconfiados que ela matou o marido para ficar com a fortuna. Vão entrar em contato com a polícia da Suíça para maiores detalhes.

 

- Meu Deus!

 

- Bom o mais importante é que tudo isso acabou. Estamos livres finalmente. E poderemos enfim ficar juntas pra sempre. 

 

É tudo o que eu mais quero na vida. Com você ao meu lado nada mais importa. Eu amo você Clara.

 

- Eu amo você Analu.

 

- Às vezes acho que nós ainda somos aquelas duas adolescentes, porque é exatamente assim que me sinto do seu lado. Quando estou com você não tenho vontade de fazer nada a não ser te beijar e te amar sem ter hora pra parar.

 

- Sério? – Disse mordendo o canto da boca

 

- Sério. – Respondi piscando

 

- Então o que você esta esperando pra começar?- Sorriu maliciosa

 

- Não sei, me diz você se tem alguma coisa que nos impede.

 

- Quando você chegou eu desliguei o forno, não sei porque...

 

Enquanto ela dizia isso, sentou em meu colo, e começou a dar pequenas mordidas em minha boca, o que em pouco tempo me deixou louca de tesão. Enquanto a beijava, minhas mãos apressadas a despiam, tocando seu corpo com urgência. Em pouco tempo estávamos nuas deitadas no chão, ela de costas a minha inteira disposição e eu entre suas pernas beijando sua barriga, seus seios, sua cintura, enquanto a penetrava brincando com seu ponto G, saía de dentro dela para massagear seu clit*ris, depois voltava a possuir, num movimento cada vez mais frenético e forte, minha mão livre passeava por seus quadris, apertando, subiam por seu corpo, encontrando sua boca, onde enfiav* os dedos que ela ch*pava com volúpia, descendo para seus seios que beliscava, em pouco tempo ela teve seu primeiro orgasmo, me molhando com seu prazer. Mas não deu tempo de sequer de eu descansar, pois ela estava com tanto fogo que praticamente após o êxtase, já estava em cima de mim, sobre meu rosto, de joelhos, me oferecendo seu sex* que comecei a saborear, minha língua percorrendo cada pedacinho dela, cada dobra, mergulhando dentro dela num vai e vem gostoso, lambendo, sugando seu clit*ris, colocando inteiro na minha boca, dando pequenas e suaves mordidinhas, de repente ela mudou de posição, deitando sobre meu corpo, se oferecendo pra mim ao mesmo tempo em que afundava seu rosto entre minhas pernas, sua língua me devorando, me enlouquecendo, sua boca quente sugando , ch*pando, me matando de prazer, goz*mos intensamente uma na boca da outra.

 

 E assim seguimos noite adentro nossos corpos matando as saudades que sentiam, nossas almas se refazendo da separação, nosso amor se perpetuando entre beijos e orgasmos. Rimos como duas adolescentes tresloucadas e choramos de emoção como duas amantes apaixonadas.

 

Quando o sol nasceu nos encontrou ainda acordadas, uma nos braços da outra, entre carinhos e juras de um amor eterno e raro como quase ninguém tem, que superou cada diversidade, suportou toda a dor e venceu cada batalha travada. Aquele amor verdadeiro que permaneceu por décadas e que nunca foi esquecido, nem nunca será.

 

 

 

 

Fim do capítulo